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TRABALHO-DE-FILOSOFIA-SANTO-AGOSTINHO1-1

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Será, pois, Deus o supremo bem o autor do mal?
 
Karen M. Pereira Reis.
Resumo 
Santo Agostinho (354-430), filósofo cristão, tem como ponto de partida a defesa dos dogmas do cristianismo, principalmente na luta contra os pagãos, usando a filosofia neoplatônica, como a de Plotino. Diferente do maniqueísmo, que afirmava que o bem e o mal eram forças opostas e em luta, Agostinho desvincula o mal de Deus e o constata no mundo pelo mau uso que o homem faz do livre-arbítrio que lhe é dado, causando o pecado (mau moral). E é esse mau moral que acarreta todos os outros males, como o mal físico.
Palavras-chave: Bem supremo – Livre-arbítrio – Mal – Deus.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
Abril/2013
Será, pois, Deus o supremo bem o autor do mal?
Em toda sua vida e obra, Agostinho tenta superar o problema da contradição entre o mal e a existência de Deus. Santo Agostinho afirma que: “Deus é o bem supremo, acima do qual não há outro: é o bem imutável e, portanto, verdadeiramente eterno e verdadeiramente imortal. Todos os outros bens provêm d’Ele, mas não são da mesma natureza que ele. [...] qualquer que seja o seu grau na escala das coisas, não pode proceder senão de Deus” [footnoteRef:2], ou seja, toda a natureza é boa por ter sido criada pelo bem supremo. [2: AGOSTINHO, 2006, p. 3.] 
É com o pressuposto de que Deus era o bem supremo do qual procediam todas as coisas e que d’ele não podia proceder nada que fosse ruim ou mal, que Agostinho começa à procura de explicação da existência do mal em seus trabalhos.
Para resolver o dilema de que Deus é bom, mas o mal existe, Agostinho afirma que o mal não é uma substância. Ele é o não-ser, ou seja, é a privação do bem. Sendo Deus o criador de todas as coisas e bom, ele jamais criaria algo que não fosse o bem. Ao declarar: “Pois bem, se sabes ou acreditas que Deus é bom – e não nos é permitido pensar de outro modo -, Deus não pode praticar o mal” [footnoteRef:3], Agostinho abre uma questão: quem é o autor do mal? [3: Idem, 1995, p.25.] 
Ao longo do diálogo de seu livro, O Livre–Arbítrio, Agostinho afirma que Deus não é o autor do mal, pois, de sua natureza boa, só poderia vir o bem, eximindo d’ele toda a culpa da existência do mesmo e reconhecendo o mal como pecado.[footnoteRef:4] [4: O livre-arbítrio e o mal em Santo Agostinho.] 
Segundo Agostinho, todos aqueles que praticam uma má ação são autores do mal, ou seja, não existe um único autor e que, pela justiça de Deus, toda má ação voluntária será punida. 
	
 
 [...} Com efeito, não existe um só e único autor. Pois cada pessoa ao cometê-lo é o autor de sua má ação. Se duvidas, reflete no que já dissemos acima: as más ações são punidas pela justiça de Deus. Ora, elas não seriam punidas com justiça, se'não tivessem sido praticadas de modo voluntário. [footnoteRef:5] [5: Ibid, p. 26-27 ] 
Em outro trecho, Agostinho defende Deus: 
[...]se proclamarmos ser ele justo – e negá-lo seria blasfêmia -, Deus deve distribuir 
recompensas aos bons, assim como castigos aos maus. [footnoteRef:6] [6: AGOSTINHO, op. Cit., p. 25.] 
Sendo assim, a prática do mal vem do mau uso do livre-arbítrio dado por Deus e nunca da instrução, pois, para Agostinho, o ato de instruir é sempre um bem logo, o mal não pode ser ensinado. Caso a instrução fale do mal, será apenas para evitá-lo .
O que, porém, mostra-se evidente é que a instrução sempre é um bem, visto que tal termo deriva do verbo “instruir”. Assim, será impossível o mal ser objeto de instrução. Caso fosse ensinado, estaria contida no ensino e desse modo, a instrução não seria um bem. [...] o mal, não se aprende. [...] se a instrução falar do mal, será para nos ensinar a evitá-lo e não para nos levar a cometê-lo.[footnoteRef:7] [7: Ibid, p. 26-27.] 
Portanto o mal não pode estar em Deus, que é o bem supremo, pois o mal é a privação da vontade que é voltada a sua criação. Essa privação é chamada, por Agostinho, de mal moral ou pecado.
Com a constatação de que o mal não é substância, Agostinho propõe o exame da questão: o que é o mal?
Para resolver essa questão, Agostinho apresenta o problema do mal sobre dois pontos de vista: o ontológico e o moral.
Do ponto de vista ontológico, o mal não existe, é o não-ser. Já do ponto de vista moral, o mal é o pecado e a causa de todos os males (pecado) esta na vontade desmedida da sua criação. É também do ponto de vista moral que a vontade livre do homem deve ser utilizada para fazer o bem e, segundo Agostinho, caso isso não aconteça, ele será o responsável, ou seja, o homem é total responsável pela prática do mal moral ou pecado.
Cada um é responsável pelo que recebeu. [...] posto que ninguém está forçado pecar, nem por sua própria natureza, nem pela natureza dos outros, logo só vem pecar por sua própria vontade.[footnoteRef:8] [8: Ibid, p.26-27 .] 
O mal físico, segundo Agostinho, é conseqüência do pecado original, do mal moral. No livro A Natureza do Bem, Agostinho diz: “... a resistência dos sentidos a um corpo mais poderoso provoca dor no corpo” [footnoteRef:9] e “... Ele (Deus), pela justiça do seu poder, extrairá bens dos males, ordenando retamente com penas os que se desordenaram pelos pecados” [footnoteRef:10]. Mostrando assim, que o mal físico é apenas uma conseqüência do mal moral. [9: Idem, p.202-203] [10: Idem, 2006, p. 27] 
As ações más somente são más por causa da paixão que o homem tem por praticá-las, isto seria o que Agostinho chama de desejo culpável. Assim, o mal moral surge quando o homem movido por paixões, usa-se da vontade para satisfazer seus desejos, no qual, estes estão voltados para uma vida não reta as das coisas que não se pode possuir sem perigo de perdê-las, para conseguir gozar de todas essas coisas o homem se utiliza das ferramentas mais imundas.
Quanto ao afastamento do homem do bem, Agostinho diz que esse movimento está ligado ao pecado.
E esse movimento, isto é, o ato de vontade de afastar-se de Deus, seu Senhor, constitui, sem dúvida, pecado.[footnoteRef:11] [11: Idem, 1995, p. 142] 
Descoberto que a origem do mal está no livre-arbítrio da vontade do homem, Evódio, mesmo admitindo que Deus o deu ao homem, pois o homem não poderia ser julgado retamente se não tivesse a liberdade de escolher como melhor usar o presente dado por Deus, questiona se o livre-arbítrio não é um mal para o homem, já que é por ele que pecamos; se não seria melhor se Deus não o tivesse nos dado e, mesmo indiretamente, se não seria Deus o culpado pelo mal no mundo, vindo do mau uso do seu presente.
Mas quanto a esse mesmo livre-arbítrio, o qual estamos convencidos de ter o poder de nos levar ao pecado, pergunto-me se Aquele que nos criou fez bem de no-lo ter dado. Na verdade, parece-me que não pecaríamos se estivéssemos privados dele, e é para se temer que, nesse caso, Deus mesmo venha a ser considerado o autor de nossas más ações. [footnoteRef:12] [12: Ibid, p. 69. 
] 
No livro II do Livre-arbítrio, Agostinho dá a resposta para o questionamento de Evódio, provando a existência de Deus e mostrando que ele não é o criador do mal, e sim do livre-arbítrio que é um bem, sendo o mal, o fruto do mau uso da sua vontade e mostrando que sem o livre-arbítrio não existiria a justiça, e por ser um bem, a fonte é Deus.
‘’[...] Assim, quando Deus castiga o pecador, o que te parece que ele diz senão estas palavras: "Eu te castigo porque não usaste de tua vontade livre para aquilo a que eu a concedi a ti"? Isto é, para agires com retidão. Por outro lado, se o homem carecesse do livre-arbítrio da vontade, como poderia existir esse bem, que consiste em manifestar a justiça, condenando os pecados e premiando as boas ações? Visto que a conduta desse homem não seria pecado nem boa ação, caso não fosse voluntária. Igualmente o castigo, como a recompensa, seria injusto, se o homem não fosse dotado de vontade livre. Ora, era preciso que a justiça estivesse presente no castigo e na recompensa, porque aí está um dos bens cuja fonte é Deus. Conclusão, eranecessário que Deus desse ao homem vontade livre.’’- Ibid,p.75
Agostinho se propõe a provar a existência de Deus bebendo da fonte da razão e sendo ele o bem supremo que todos os outros bens procedem d’ele pela seguinte conclusão:
Declaro estar suficientemente convicto de que existe um modo – o quanto é possível nesta vida para homens como nós – de tornar evidente estes dois princípios primários: - que Deus existe; - e que todos os bens procedem de Deus.[footnoteRef:13] [13: Ibid, p. 134.] 
Podemos reprovar o uso do livre-arbítrio da vontade que nos foi dada, mas nunca podemos repreender Deus por tê-lo criado, pois, ele (o livre-arbítrio) é um bem. Um bem dado por Deus para que possamos escolher livremente trilhar o caminho do bem, e esse é o seu caminho. É por esse caminho que o homem alcançará a felicidade. A tal felicidade que o mesmo passa a sua vida procurando e buscando, Agostinho afirma que essa felicidade é Deus, e só alcançara a felicidade aquele que viver retamente segundo a lei eterna fazendo uso da sua boa vontade e seguindo a trilha do Pai. 
Referências:
AGOSTINHO, Santo. A Natureza do Bem. Tradução de Carlos Ancêde Nougué. Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2006.
__________. O Livre-Arbítrio. Tradução de Nair de Assis Oliveira. São Paulo: Paulus, 1995.

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