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Condutividade hidráulica dos solos A água no solo O estudo da percolação da água nos solos é muito importante por que ela intervém num grande número de problemas práticos: a) Cálculo de vazões – Ex: estimativa da quantidade de água que se infiltra numa escavação/barragem b) Análise de recalques – pois o recalque frequentemente está relacionado com a diminuição do índice de vazios, que ocorre pela expulsão de água destes vazios c) Estudos de estabilidade – pois a tensão efetiva (que comanda a resistência do solo), depende da poro pressão, que depende das tensões provocadas pela percolação de água Condutividade hidráulica É a facilidade com que a água flui através de um meio poroso, como o solo. A condutividade hidráulica de um solo é quantificada pelo coeficiente de condutividade hidráulica Fluxo da água através do solo: PERCOLAÇÃO Lei de Darcy Experimentalmente, Darcy verificou os fatores que influenciam o fluxo de um fluido em um meio poroso e estabeleceu que a vazão (Q) numa seção de área (A) é proporcional ao gradiente hidráulico (i): A constante K é chamada de coeficiente de condutividade hidráulica, uma medida da propriedade do solo que representa a facilidade do solo em permitir a percolação de água pelos seus intestícios. Velocidade (v): razão entre a vazão e a área da seção de fluxo AiKQ .. iK A Q v . Lei de Darcy Velocidade de percolação (vp): velocidade com que a água escoa nos vazios do solo, considerando a área efetiva de escoamento – área de vazios (Av) Onde = porosidade v A Q A Q v v p . Lei de Darcy VALIDADE: Fluxo laminar: número de Reynolds (R) ≤ 2000 Onde: v= velocidade D= diâmetro da seção de escoamento = peso específico do fluido = viscosidade do fluido g= aceleração da gravidade g Dv R . .. Condutividade hidráulica Fatores que influenciam: Devido ao líquido permeante: Peso específico do fluido Viscosidade do fluido Temperatura – influencia na viscosidade e no peso específico do fluido Devido ao solo: Granulometria Compacidade Composição – ex: caulinitas têm K 100 x maiores que montmorilonitas Estrutura – solos argilosos, residuais, compactados Anisotropia: solos não são isotrópicos quanto à K Grau de saturação Valores típicos de K Solos K (cm/s) Pedregulho > 10-1 Areias grossas 10-1 Areias médias 10-2 Areias finas 10-3 Areias siltosas 10-4 Areias argilosas 10-5 Siltes 10-4 a10-7 Argilas siltosas 10-5 a10-7 argilas < 10-7 Ensaios de laboratório para determinação de K Diretamente: Permeâmetros – carga constante e variável Ensaio triaxial Indiretamente: Ensaio de adensamento Ensaios de laboratório para determinação de K Permeâmetro de carga constante: A carga hidráulica é mantida constante durante todo o ensaio É usado principalmente para solos granulares Procedimento: após garantida a constância de vazão, mede- se o volume de água (V) que percola pela amostra de comprimento (L) em intervalos de tempo (t) Ensaios de laboratório para determinação de K Permeâmetro de carga constante: Pela lei de Darcy: A L h KAiKQ .... t V Q thA LV K .. . Exercício 1) Calcular o coeficiente de condutividade hidráulica (k) e o gradiente hidráulico (i), sabendo que o volume de 0,1 m³ foi medido em um intervalo de 8h. A área da seção transversal da amostra é de 0,1 m². Ensaios de laboratório para determinação de K Permeâmetro de carga variável: A carga hidráulica varia durante o ensaio Usado para solos de baixa permeabilidade As vazões durante o ensaio são pequenas Procedimento: após garantida a constância de vazão, faz-se leituras das alturas inicial e final na bureta e o tempo decorrente. Ensaios de laboratório para determinação de K Permeâmetro de carga variável: Na bureta: dt dh adQ . Na amostra: A L h KdQ .. Pela equação da continuidade: h dh dt aL AK dt dha A L h K . . .. .. Ensaios de laboratório para determinação de K Permeâmetro de carga variável: Onde: a = área do tubo A= área da seção transversal da amostra L = largura da amostra Integrando entre hi e hf e entre ti e tf: hf hi hfhititf aL AK h dh dt aL AK hf hi tf ti lnlnln . . . . . hf hi titfA aL K ln. )( . Exercício 2) Calcular o coeficiente de condutividade hidráulica do solo do sistema, sabendo que a área da seção transversal da amostra é de 0,1 m² e que a área do tubo é de 1 cm². Ponto 1: h1= 4,5 m t1 = 12h30min Ponto 2: h2= 4 m t2= 18h30min Ensaios de campo para determinação de K Se, no decorrer de uma sondagem de simples reconhecimento, a operação de perfuração for interrompida e se encher o tubo de revestimento de água, mantendo-se o seu nível e medindo-se a vazão para isto, pode-se calcular o coeficiente de condutividade hidráulica do solo. Parâmetros que devem ser conhecidos: Altura livre da perfuração (não envolta pelo tubo de revestimento Posição do nível d’água Espessura das camadas, etc. OBS: Os ensaios de campo são menos precisos que os de laboratório – Mas são realizados em solos em situação real Exercício 3) Através de uma seção de solo de 100 cm2, conforme mostra a figura, o volume de água que atravessa essa seção é de 588 cm3 em um dia. Calcular o gradiente hidráulico e a condutividade hidráulica do solo, em cm/s. Resposta: i = 1,2 K= 5,67.10-5 cm/s Exercício 4) A coluna de solo apresentada na figura tem coeficiente de condutividade hidráulica de 12.10-6 m/s e área da seção transversal de 0,01 m2. Quanto tempo é necessário para que 15.10-6 m3 de água flua através dela? Resposta: t = 694,44 s Cargas hidráulicas Para estudar as forças que controlam o escoamento de água através de um solo, é necessário avaliar as variações de energia do sistema Expressar as componentes de energia pelas cargas ou alturas (energia por unidade de massa) EQUAÇÃO DE BERNOULLI – válida para escoamentos em regime permanente, de fluidos incompressíveis. A carga total é dada pela soma de três parcelas: Carga total (H) = Carga de altura (ha) + Carga piezométrica (hp) + Carga de velocidade (hv) Cargas hidráulicas Carga de altura (ha) – diferença de cota entre o ponto considerado e qualquer cota definida como referência Carga piezométrica (hp) – poro pressão no ponto, expressa em altura de coluna de água Carga de velocidade (hv) – nos problemas de percolação de água nos solos, a carga de velocidade (ou cinética) é desprezível – velocidades muito baixas zha w u hp g v hv 2 2 Cargas hidráulicas Para que haja fluxo de A para B: Onde H = perda de carga hidráulica HHH BA Cargas hidráulicas Sempre que houver diferença de carga total entre dois pontos haverá fluxo, na direção do ponto de maior carga ao ponto de menor carga total Hz u z u B w B A w A Análise dos casos: Força de percolação (Fp) A perda de carga (H) é dissipada através de uma amostra de solo, de seção (A) ao longo de uma distância (L), na forma de atrito viscoso. Este atrito provoca um esforço de arraste das partículas na direção do movimento. Esta força de percolação por unidade de volume (j) é: AHFp w.. w ww i L H LA AH j .. . .. Tensões no solo submetido à percolação Sem fluxo: Tensões no solo submetido à percolação Com fluxo ascendente: Tensões no solo submetido à percolação Com fluxo descendente: Exercício 5) Área do permeâmetro: A= 530 cm² = 18 kN/m³ Continuação Exercício 5 a) Determine o esforço que a areia está exercendo sobre a peneira. b) Considere um ponto P no interior do solo, localizado 12,5 cm acima da peneira. Para este ponto, determine: A carga de altura A carga piezométrica A carga total A tensão total A poro pressão A tensão efetiva Gradiente hidráulico crítico Na condiçãode fluxo ascendente, a tensão efetiva reduz com o aumento do gradiente hidráulico Para um dado valor de gradiente hidráulico, a tensão efetiva pode ser anulada – gradiente hidráulico crítico (icrít) Como a tensão efetiva (tensão de contato grão a grão) é responsável pela resistência ao cisalhamento das areias – perda total da resistência – comporta-se como fluido – estado de areia movediça = 0 Gradiente hidráulico crítico Para fluxo ascendente, na condição crítica: Gradiente hidráulico crítico Areia movediça: É um fenômeno típico de areias finas e tem rara ocorrência natural. Porém certas obras geotécnicas podem gerar esta situação. Arranjo estrutural é facilmente perturbado Perda de resistência Gradiente hidráulico crítico Areia movediça: a) fluxo ascendente junto ao pé de jusante de barragens sobre areia fina Gradiente hidráulico crítico Areia movediça: b) fluxo ascendente de fundo em escavações escoradas por cortinas de estacas pranchas envolvendo areias finas
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