Buscar

Parte Geral

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 70 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 70 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 70 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2020 
 
Delegado de Polícia Federal 
 
Direito Penal: parte geral 
Guilherme Martins 
PROFESSOR: ALEXANDRE SANCHES 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
2 
 
Tema 
Princípios do Direito Penal 
 
 
 
Princípio da intervenção mínima do Direito Penal 
 
Origem: 
Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão. 
 
Função principal do Direito Penal: 
Proteger bens jurídicos (teoria funcionalista de Claus Roxin) 
 
Direito Civil 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
3 
 
Direito Administrativo 
 
 
 
 
Direito Previdenciário 
 
 
 
 
Direito Penal 
 
 
 
Conceito: 
O DP só deve ser aplicado quando estritamente necessário, de modo que sua intervenção fica condicionada ao 
fracasso das demais esferas de controle (caráter subsidiário), observando somente os casos de relevante lesão 
ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado (caráter fragmentário). 
 
Código Penal 
 Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de 
formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: (Incluído pela Lei 
nº 12.653, de 2012). 
 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 
Caráter subsidiário: 
O Direto Penal aguarda o fracasso das demais esferas de controle. 
 
Caráter fragmentário: 
O Direito Penal somente atua em casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12653.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12653.htm
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
4 
 
Questão: O que vem a ser a fragmentariedade às avessas? 
 
Em respeito ao subprincípio fragmentariedade, uma série de condutas humanas, tipificadas como infrações penais 
há alguns anos, foram gradativamente descriminalizadas, pois sua repercussão se restringia ao campo da 
moralidade, sem afrontar qualquer bem jurídico de relevância. 
 
No ordenamento jurídico brasileiro, o exemplo clássico desse processo, também chamado de fragmentariedade 
às avessas, é o caso do adultério, que estava previsto no art. 240 do Código Penal, e foi revogado em 2005. 
 
Código Penal 
Art. 240. Cometer adultério: 
Pena: detenção, de quinze dias a seis meses. (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) 
 
Aprofundando o tema: 
Princípio da intervenção mínima do Direito Penal 
x 
Mandados constitucionais de criminalização 
 
Conceito de mandados constitucionais de criminalização: 
Sem desconsiderar o caráter subsidiário e fragmentário do Direito Penal, nosso constituinte estabeleceu, em 
relação a determinados bens jurídicos, algumas obrigações de tutela penal, impondo ao legislador ordinário um 
dever de criminalizar certas condutas. Eis os mandados constitucionais de criminalização ou de penalização. 
Esses mandados constitucionais de criminalização dividem-se em algumas espécies. 
 
1) Mandados explícitos de criminalização 
 
Constituição Federal 
 Art. 5º (...) 
 XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos 
da lei; 
 
Lei 7.716/89: Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. 
 
Constituição Federal 
 Art. 5º (...) 
 XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico 
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo 
os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. 
 (...) 
 XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem 
constitucional e o Estado Democrático; 
 
Lei 7.170/83 - Define os crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social, estabelece seu processo e 
julgamento e dá outras providências. 
 
Constituição Federal 
 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição 
social: 
 (...) 
 X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; 
 
Cuidado! O legislador ainda não cumpriu com esse MCC. 
 
Constituição Federal 
 Art. 227 (...) 
 § 4º, CF. A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente. 
 
Lei 8.068/90 – Crimes do Estatuto da Criança e do Adolescente 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11106.htm
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
5 
 
Constituição Federal 
 Art. 225 (...) 
 § 3º. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas 
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 
 
Lei 9.605/98 – Crimes ambientais 
 
Atenção! 
Diante desses comandos constitucionais de penalização, percebe-se que o legislador está em mora constitucional 
por não tipificar de maneira suficiente a conduta do empregador que retém, de maneira dolosa, o salário dos 
trabalhadores (art. 7º, X). Diante disso, como proceder? 
 
Caso concreto: ADO 26 e MI 4733 (LGBTfobia) 
 Art. 5º (...) 
 XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; 
 XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos 
da lei. 
 
O que estava em discussão? 
I. saber se havia mora inconstitucional do Congresso Nacional na criminalização específica da homofobia e da 
transfobia (a homofobia e a transfobia seriam espécies do gênero racismo?); 
II. se era possível a aplicação subsidiária da Lei 7.716/89 
 
Crime de racismo 
 
Lei 7.716/89 
 Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência 
nacional. 
 
Julgamento 13/06/19: 
O STF, majoritariamente (8x3), votou a favor da aplicação da Lei do Racismo até a edição de lei específica pelo 
Congresso. 
 
Fundamento: 
As práticas homotransfóbicas qualificam-se como espécies do gênero racismo, na dimensão de racismo social. 
 
Consequência: 
A LGBTfobia passa a ser considerada uma conduta inafiançável e imprescritível. 
 
Código Penal 
Injúria 
 Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: 
 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 (...) 
 § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição 
de pessoa idosa ou portadora de deficiência: 
 Pena - reclusão de um a três anos e multa. 
 
Lei 9.455/97 
 Art. 1º Constitui crime de tortura: 
 I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
 (...) 
 c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
 Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
Crítica doutrinária: 
E o princípio da legalidade? 
Analogia “in malam partem”. 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
6 
 
Ativismo judicial 
 
De acordo com a doutrina majoritária, ante à inércia do legislador em relação a mandados de criminalização, há 
de se reconhecer que, na prática, inexistem meios concretos para se exigir do Poder Legislativo o cumprimento de 
sua obrigação jurídico-constitucional no sentido de criminalizar determinados comportamentos indesejados pela 
sociedade. 
 
2) Mandados implícitos de criminalização 
Compulsando o plexo de bens e valores plasmados na CF, infere-se que alguns são dotados de especial 
relevância, e no âmago de uma sociedade centrada na dignidade da pessoa humana, gozam de primazia em 
relação aos demais. Haveria, nesse caso, um im- perativo constitucional implícito de tutela penal. 
Direito à vida (art. 5º, caput): 
Direito à moralidade pública (art. 37): 
 
Cuidado! 
O reconhecimento dos mandados implícitos não implica desrespeito ao princípio da intervenção mínima. Isso 
porque, o que se pressupõe é que a atuação do Direito Penal deva ocorrer apenas quando outras formas de 
controle não tutelem de forma adequada os bens jurídicos em questão.Assim, o direito penal mínimo não pode ser confundido com um direito penal aquém das expectativas de um 
Estado Democrático de Direito. 
 
3) Mandados internacionais de criminalização 
a) Convenção de Palermo (Decreto 5015/04): 
Traz comandos para criminalização das ORCRIM e também da lavagem de capitais. 
Atendido pela Lei 12.850/13 (Organização Criminosa) e Lei 9.613/98 (Lavagem de Capitais) 
 
b) Convenção de Mérida (Decreto 5.687/06): a corrupção é um atentado contra os Direitos Humanos 
fundamentais. 
Prescreve o art. 15 da Convenção de Mérida que “Cada Estado Parte adotará as medidas legislativas e de outras 
índoles que sejam necessárias para qualificar como delito, quando cometidos intencionalmente”, por exemplo, “a 
promessa, o oferecimento ou a concessão a um funcionário público, de forma direta ou indireta, de um benefício 
indevido que redunde em seu próprio proveito ou no de outra pes- soa ou entidade com o fim de que tal 
funcionário atue ou se abstenha de atuar no cumprimento de suas funções oficiais”. 
 
Aprofundando o tema: O que seria o efeito “cliquet” no direito penal? 
Também conhecido como princípio do não retrocesso, o efeito “cliquet” dos direitos fundamentais não admite o 
recuo na salvaguarda desses direitos, a menos que sejam criados outros mecanismos mais eficazes para alcançar 
o mesmo desiderato do constituinte. 
 
Tema 
Princípio da proporcionalidade 
 
1) Origem 
Trata-se de princípio que deita suas raízes no Direito Alemão. 
É considerado um princípio constitucional implícito. 
Deve ser analisado em duas vertentes. 
 
1) Proibição do excesso: 
O legislador não pode criar figuras típicas penais que não protejam qualquer bem jurídico. 
Ex. 
Além disso, ao criar uma infração penal, a pena cominada deve ser compatível com o bem jurídico tutelado. 
Ex. AI no HC 239.363/PR (26.02.2015) 
 
Código Penal 
 Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: 
 Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
7 
 
 § 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os 
insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico. 
 
Obs. Essa vertente do princípio da proporcionalidade também é conhecida como garantismo negativo. 
 
2) Proibição de uma proteção deficiente ou insuficiente do Estado e da coletividade: 
O legislador deve proteger de maneira adequada o Estado e a coletividade. 
Ex. mandados constitucionais de criminalização. 
Obs. Essa vertente do princípio da proporcionalidade também é conhecida como garantismo positivo. 
 
Aprofundando o tema: 
Garantismo penal 
 
Direito Penal Máximo 
 
Expressões sinônimas: 
- Maximalismo Penal 
- Panpenalismo e 
- Movimento da Lei e da Ordem 
 
Obs. Para essa teoria, todas as infrações devem ser punidas com rigor, desde as mais simples às mais perversas, 
não havendo espaço para princípios oriundos de política criminal. 
 
Abolicionismo penal 
 
Sustenta o afastamento do direito penal para resolução dos conflitos sociais, porque a prisão (e o sistema penal 
como um todo) é: 
(a) anômica (alheia aos valores sociais), 
(b) irracional, 
(c) estigmatizante, 
(d) seletiva, 
(e) marginalizadora e 
(f) formadora de delinquentes. 
 
Em resumo: 
Enquanto o Direito Penal máximo pugna pela ampliação do controle estatal (hiperpunitivismo), o abolicionismo 
penal sustenta a sua eliminação. A meta do abolicionismo é o desaparecimento do sistema penal. Para esse 
modelo de sistema criminal, os conflitos devem ser solucionados por meios não penais, como, por exemplo, a 
reparação civil, o acordo, a arbitragem, o perdão etc. 
 
É possível aplicar a tese do abolicionismo penal no Brasil? 
 
Atenção! 
Os mandados constitucionais de criminalização impedem que a tese abolicionista do direito penal seja adotada. 
 
Garantismo Penal 
 
Expressões sinônimas: 
- Direito Penal Mínimo 
- Minimalismo Penal ou 
- Direito Penal do Equilíbrio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
8 
 
Idealizador do Garantismo Penal: 
 
 
 
O Garantismo Penal pugna pela mínima intervenção penal e máxima intervenção social. 
Em oposição ao movimento da lei e ordem e também ao abolicionismo penal, propõe a aplicação do Direito Penal 
apenas e exclusivamente como ultima ratio, ou seja, somente quando for imprescindível ante o fracasso dos 
demais ramos do Direito e das instituições sociais na solução dos conflitos. 
 
➢ Direito penal máximo: 
➢ Abolicionismo penal: 
➢ Direito penal mínimo (Garantismo Penal): 
 
Relembrando: 
 
Garantismo penal e princípio da proporcionalidade 
➢ Garantismo negativo: 
➢ Garantismo positivo: 
 
Questão: Qual o garantismo ideal? 
 
Questão: O que vem a ser o garantismo hiperbólico monocular? 
Ex. Oitiva por escrito do Presidente da República (STF - INQ 4483). 
 
Tema: 
Princípio da exclusiva proteção do bem jurídico 
 
Conceito material de crime: 
Crime é a ação ou omissão humana que lesa ou expõe a perigo de lesão um bem jurídico penalmente tutelado. 
 
Destinatário do conceito: 
O legislador, pois o orienta na elaboração das políticas criminais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
9 
 
Função do Direito Penal 
O funcionalismo penal é um movimento posterior ao finalismo que surge na Alemanha a partir de 1970 para 
questionar o conceito de conduta apresentado pelos sistemas causal e finalista. 
 
Claus Roxin: 
 
Günther Jakobs: 
 
Consequência prática 
 
Roxin: é possível controlar a atividade do legislador. 
 
Jakobs: não se pode fazer qualquer controle de legitimidade, pois todas as normas são legítimas. 
 
Critério adotado: A função moderna do Direito Penal é proteger os bens jurídicos mais importantes da sociedade 
(Claus Roxin). 
 
Conceito de bem jurídico: 
São os valores ou interesses indispensáveis para a manutenção e o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade 
e, por essa razão, merecedores da tutela penal. 
 
Consequência: 
Não é qualquer valor ou interesse que é merecedor da tutela penal. 
Obs. 
 
Conclusão: 
O Direito Penal é fragmentário, pois nem todos os bens jurídicos merecem a tutela penal. 
 
Tema: 
Princípio da insignificância 
 
1. Origem do princípio: 
 
2. Responsável pela introdução no Direito Penal: 
 
3. Campo de atuação do princípio: 
 
4. Previsão legal? 
 
5. Momento de sua aplicação: 
 
6. Legitimidade para aplicá-lo: 
 
Infelizmente, em pleno século XXI, ainda nos deparamos com decisões vetustas, que enxergam a figura do 
Delegado de Polícia como mero fazedor de “BO”, olvidando-se que, em verdade, integra as carreiras jurídicas do 
Estado e que atua como primeiro garantidor da legalidade e da justiça. 
 
É a Autoridade Policial que, desde o início da investigação, deve zelar pela observância irrestrita de direitos e 
garantias do cidadão, o qual, na hodierna dogmática jurídico-penal não é mais visto como objeto da investigação, 
mas sim como sujeito de direitos (trecho da obra Temas Avançados de Polícia Judiciária). 
 
“A prisão em flagrante de Izabel é fruto de um equívoco. Demonstra de outro lado que o ensino jurídico no nosso 
país (e particularmente o ensino do Direito penal) precisa avançar. O homem já chegou à lua, o mundo se 
globalizou, o planeta se integrou inteiramente pela Internet e nosso Direito Penal continua o mesmo da Segunda 
Guerra Mundial. O delegado agiu da forma como agiu porque aprendeu na faculdade ser um legalista positivista e 
napoleônico convicto. Esse modelo de ensino jurídico (e de Direito penal) já morreu. Mas se já morreu, porque o 
delegado continua lavrando flagrante no caso do furto de uma cebola? A resposta é simples: morreu mas ainda 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
10 
 
não foi sepultado! O modelo clássico e provecto de Direito penal é como elefante: dar tiros nele é fácil, difícil será 
sepultar o cadáver. 
 
O delegado, o juiz e o promotor que seguem o velho e ultrapassado modelode Direito penal (formalista, legalista), 
no máximo aprenderam o Direito penal do finalismo (que começou a ficar decadente na Europa na década de 60 
exatamente por ser puramente formalista). Apesar disso, ainda é o modelo contemplado (em geral) nos manuais 
brasileiros e é o ensinado nas faculdades de direito.“ (Luiz Flávio Gomes) 
 
 
 
Princípio da insignificância 
(STF e STJ) 
 
Requisitos 
1) Mínima ofensividade da conduta do agente 
2) Ausência de periculosidade social da ação 
3) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento 
4) Inexpressividade da lesão jurídica causada. 
 
Questão: Para saber se incide ou não o princípio da insignificância, principalmente nos crimes contra o patrimônio, 
deve-se analisar a capacidade econômica da vítima? 
 
STJ: “A verificação da lesividade mínima da conduta apta a torna-la atípica, deve levar em consideração a 
importância do objeto material subtraído, a condição econômica do sujeito passivo, assim como as circunstâncias 
e o resultado do crime, a fim de se determinar, subjetivamente, se houve ou não relevante lesão ao bem jurídico 
tutelado” (REsp 1.224.795, Quinta Turma, julgado 13/03/2012). 
 
STF: Não reconheceu como insignificante o furto de “disco de ouro”, tendo em vista que o prêmio artístico, apesar 
de não ser de ouro, era dotado de valor inestimável para a vítima (valor sentimental). Nessa hipótese, o STF levou 
em conta o valor da coisa subtraída para a vítima, a qual recebera o prêmio após muito esforço para se destacar 
no meio artístico (1ª Turma, HC 107615/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 06/09/2011). 
 
Questão: É possível aplicar o princípio da insignificância ao réu reincidente, portador de maus antecedentes ou 
criminoso habitual? 
 
Cuidado! 
O Plenário do STF, ao analisar o tema, afirmou que não é possível fixar uma regra geral (uma tese) sobre o 
assunto. 
 
A decisão sobre a incidência ou não do princípio da insignificância deve ser feita caso a caso (Info 793). 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
11 
 
Atenção! 
Contudo, observa-se que, na maioria dos casos, o STF e o STJ negam a aplicação do princípio da insignificância 
caso o réu seja reincidente ou já responda a outros inquéritos ou ações penais. 
 
Questão: Pode o juiz condenar o réu reincidente a um crime apenado com reclusão e aplicar o princípio da 
insignificância para fixar o regime inicial aberto? 
Detalhe! 
 
De acordo com o art. 33 do CP, o reincidente, independentemente da pena aplicada, deverá iniciar o 
cumprimento da reprimenda em regime fechado. 
 
A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos 
elementos do caso concreto. 
 
No entanto, o juiz pode entender que a absolvição, com base nesse princípio, é penal ou socialmente indesejável. 
Nesta hipótese, o magistrado condena o réu, mas utiliza a circunstância de o bem furtado ser insignificante para 
fins de fixar o regime inicial aberto. 
 
Desse modo, o juiz não absolve o réu, mas utiliza a insignificância para criar uma exceção jurisprudencial à regra 
do art. 33, § 2º, “c”, do CP, com base no princípio da proporcionalidade. 
STF. 1ª Turma. HC 135164/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 
23/4/2019 (Info 938). 
 
Questão: Pode o juiz condenar o réu reincidente a um crime apenado com reclusão e substituir a pena privativa de 
liberdade por restritiva de direito? 
Detalhe! 
 
De acordo com o art. 44, II, do CP, é vedada a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos 
se o réu é reincidente em crime doloso. 
 
Em um caso concreto, o STF reconheceu a insignificância do bem subtraído, mas, como o réu era reincidente em 
crime patrimonial, em vez de absolvê-lo, o Tribunal utilizou esse reconhecimento para conceder a substituição da 
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. 
STF. 1ª Turma. HC 137217/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 
28/8/2018 (Info 913). 
 
Em resumo: Insignificância e réu reincidente 
 
Regra: A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da conduta e 
absolva o réu, à luz dos elementos do caso concreto. 
 
Exceções: Na hipótese de o juiz da causa considerar penal ou socialmente indesejável a aplicação do princípio 
da insignificância para absolver o reú, poderá: 
a) Fixar regime inicial aberto, paralisando-se a incidência do art. 33, § 2º, "c", do CP no caso concreto, com 
base no princípio da proporcionalidade; 
b) Substituir a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, a despeito do disposto no art. 44, II, CP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
2 
 
Tema 
Princípio da insignificância 
 
Princípio da insignificância: 
 
Casuísticas 
1) Posse de droga para consumo pessoal (art. 28, L. 11.343/06) x princípio da insignificância. 
De acordo com a jurisprudência, o crime de posse de drogas para consumo pessoal (art. 28 da Lei nº 11.343/06) é 
de perigo abstrato e a pequena quantidade de droga faz parte da própria essência do delito em questão, não lhe 
sendo aplicável o princípio da insignificância 
(STJ. 6ª Turma. RHC 35920 -DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/5/2014. Info 541). 
 
Cuidado! 
O STF: possui um precedente isolado, da 1ª Turma, aplicando o princípio. 
(HC 110475 , Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/02/2012). 
 
2) Tráfico ilícito de drogas x princípio da insignificância 
Não se aplica ao tráfico de drogas, visto se tratar de crime de perigo abstrato ou presumido, sendo, portanto, 
irrelevante a quantidade de droga apreendida. 
STJ. 5ª Turma. HC 318936/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 27/10/2015. 
 
3) Crimes cometidos em situação de violência doméstica x princípio da insignificância. 
Súmula 589 do STJ: 
É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no 
âmbito das relações domésticas. 
 
4) crimes contra a Administração Pública x princípio da insignificância 
STF: Ex-prefeito condenado pela prática do crime previsto no art. 1º, II, do Decreto-Lei 201/1967, por ter utilizado 
máquinas e caminhões de propriedade da Prefeitura para efetuar terraplanagem no terreno de sua residência. 3. 
Aplicação do princípio da insignificância. Possibilidade. (...) (HC 104286, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda 
Turma, julgado em 03/05/2011) 
 
STF: Delito de peculato-furto. Apropriação, por carcereiro, de farol de milha que guarnecia motocicleta 
apreendida. Coisa estimada em treze reais. Res furtiva de valor insignificante. Periculosidade não considerável do 
agente. Circunstâncias relevantes. Crime de bagatela. Irrelevância no caso. Aplicação do princípio da 
insignificância. Atipicidade reconhecida (STF – HC 112.388/SP, Min. Rel. Ricardo Lewandowski, 21/08/2012). 
 
STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes cometidos contra a Administração Pública, ainda que o 
valor seja irrisório, porquanto a norma penal busca tutelar não somente o patrimônio, mas também a moral 
administrativa. AgRg no AREsp 487715/CE, julgado em 18/08/2015. 
 
STJ: Não é possível a aplicação do princípio da insignificância a prefeito, em razão mesmo da própria condição 
que ostenta, devendo pautar sua conduta, à frente da municipalidade, pela ética e pela moral, não havendo 
espaço para quaisquer desvios de conduta. (...) (HC 148.765/SP, Rel. Min. Maria Thereza De Assis Moura, Sexta 
Turma, julgado em 11/05/2010). 
 
Súmula 599, STJ: 
O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração Pública. 
 
Questão: Essa súmula do STJ aplica-se a todos os crimes contra a Administração Pública? 
 
Não, somente aos crimes praticados por funcionários públicos contra a Administração Pública. 
 
Fundamentos: 
1) É no entorno desses crimes que a moralidade administrativa é mais atingida; 
2) Os Tribunais Superiores admitem a insignificância no crime de descaminho (art. 334, caput, CP).www.cers.com.br 
 
 
3 
 
5) Crimes ambientais x princípio da insignificância. 
Tanto o STF quanto o STJ, dependendo do caso concreto, têm aplicado o princípio da insignificância em relação 
aos delitos ambientais. 
STF, 2ª Turma - Inq. 3788/DF, Rel. Min. Carmem Lúcia, 01/03/2016 (Info 816) 
 
6) Descaminho x Princípio da insignificância 
De acordo com a Lei 10.522/2002 e a Portaria MF nº 75, de 29/03/2012, não se deve ajuizar execução fiscal de 
débitos com a Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais). 
Como o Fisco não tem interesse em executar os débitos inscritos como dívida ativa da União que não atingirem a 
importância de R$ 20mil, não haveria justa causa para a deflagração da ação penal. Se o valor é insignificante 
para o Fisco, não pode ser relevante para o Direito Penal. 
 
“Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário 
verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 
10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda”. 
(STJ, 3ª Seção. Resp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo). 
 
7) Contrabando x Princípio da insignificância 
No contrabando não se cuida tão somente de sopesar o caráter pecuniário do imposto sonegado, como ocorre no 
descaminho, mas de tutelar a saúde pública, a moralidade administrativa e a ordem pública (crime pluriofensivo). 
Diante disso e por não se tratar de delito puramente fiscal, o Supremo Tribunal Federal não admite a aplicação do 
princípio da insignificância para o delito de contrabando. 
 
8) Apropriação indébita previdenciária (art. 168-A, CP) e sonegação de contribuição previdenciária (art. 
337-A, CP): 
Não se admite. 
Fundamentos: Esses tipos penais protegem a própria subsistência da Previdência Social, de modo que é elevado 
o grau de reprovabilidade da conduta do agente que atenta contra este bem jurídico supraindividual. 
 
O bem jurídico tutelado pelo delito de apropriação indébita previdenciária é a subsistência financeira da 
Previdência Social. Logo, não há como afirmar-se que a reprovabilidade da conduta atribuída ao paciente é de 
grau reduzido, considerando que esta conduta causa prejuízo à arrecadação já deficitária da Previdência Social, 
configurando nítida lesão a bem jurídico supraindividual. O reconhecimento da atipicidade material nesses casos 
implicaria ignorar esse preocupante quadro. 
STF. 1ª Turma. HC 102550, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 20/09/2011. 
STF. 2ª Turma. RHC 132706 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/06/2016. 
STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 4.881/RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 22/05/2019. 
 
9) Estelionato previdenciário (art. 171, § 3º, CP) x princípio da insignificância 
STF e STJ não admitem. 
Fundamento: Quando se trata de um órgão de previdência social, com o qual a maior parcela da população é 
obrigada a contribuir no presente para financiar os benefícios futuros, é imprescindível que todos tenham a 
confiança de que os recursos depositados estão sendo bem geridos e que condutas arquitetadas para dilapidá-los 
sejam reprimidas com severidade. 
 
Esse tipo de conduta contribui negativamente com o déficit da Previdência. 
Defende-se que, não obstante ser ínfimo o valor obtido com o estelionato praticado, se a prática de tal crime se 
tornar comum, sem qualquer repressão penal da conduta, certamente se agravará a situação da Previdência, 
responsável pelos pagamentos das aposentadorias e dos demais benefícios dos trabalhadores brasileiros. Daí 
porque se conclui que é elevado o grau de reprovabilidade da conduta praticada. 
Desse modo, o princípio da insignificância não pode ser aplicado para abrigar conduta cuja lesividade transcende 
o âmbito individual e abala a esfera coletiva. 
STF. 1ª Turma. HC 111918, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 29/05/2012. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 
627891/RN, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 17/11/2015. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
4 
 
10) Moeda falsa x Princípio da insignificância 
Não, pois a fé pública é um bem intangível, ligado à confiança que a população deposita em sua moeda. 
Da mesma forma, os Tribunais não aplicam o princípio da bagatela aos crimes contra a fé pública em geral, como 
a falsificação de documentos públicos. 
 
11) Manutenção de rádio comunitária clandestina x princípio da insignificância 
 
 
 
STJ: Não admite. 
O crime é de perigo abstrato e a manutenção clandestina de rádio compromete a segurança, a regularidade e a 
operabilidade do sistema de telecomunicações no país não podendo ser vista como uma lesão inexpressiva ao 
bem jurídico tutelado (STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 740.434/BA, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado 
em 14/02/2017). 
 
STF: Admite, em caráter excepcional, desde que a rádio opere em baixa frequência, em localidades afastadas dos 
grandes centros e em situações nas quais ficou demonstrada a inexistência de lesividade (STF. 2ª Turma. HC 
138134/BA, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 7/2/2017 (Info 853). 
 
12) Transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência x princípio da insignificância. 
Súmula 606, STJ. 
Não se aplica o princípio da insignificância aos casos de transmissão clandestina de sinal de internet via 
radiofrequência que caracterizam o fato típico previsto no art. 183 da Lei nº. 9.472/97. 
STF: Concorda com STJ (1ª Turma. HC 152118 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 07/05/2018). 
 
13) Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (L. 7.492/86) x princípio da insignificância. 
Não se admite. 
 
Fundamento: necessidade de maior proteção à estabilidade e higidez do sistema financeiro nacioal, 
independentemente do prejuízo que possa ter causado. 
Exs. crimes de gestão fraudulenta ou temerária (art. 4º), crimes de obtenção de financiamento mediante fraude 
(art. 16), evasão de divisas (art. 22, parágrafo único). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
5 
 
Tema 
Princípio da ofensividade ou lesividade 
 
Conceito: Não há crime sem lesão efetiva ou ameaça concreta ao bem jurídico tutelado. 
 
Classificação doutrinária de crimes quanto ao resultado jurídico 
 
Crime de dano: 
O dolo do agente é destruir o bem jurídico. 
 
Crime de perigo: 
O dolo do agente é de expor a perigo o bem jurídico. 
 
O crime de perigo classifica-se em: 
1) Perigo abstrato: 
2) Perigo concreto: 
 
Atenção! 
Parcela da doutrina defende que os crimes de perigo abstrato são inconstitucionais, por violarem o princípio da 
ofensividade (lesividade) e também o princípio da ampla defesa. 
 
 
 
Obs1. A doutrina amplamente dominante e também a jurisprudência admitem os crimes de perigo abstrato. 
Obs2. Trata-se de uma técnica que deve ser utilizada pelo legislador para proteger de forma eficiente bens 
jurídicos. 
 
Atenção! 
Essa expansão do Direito Penal, com a previsão de crimes de perigo abstrato e a consequente proteção de bens 
metaindividuais (difusos ou coletivos) é chamado pela doutrina de espiritualização, desmaterialização ou 
liquefação de bens jurídicos no Direito Penal (Roxin). 
 
Aprofundamento 
Princípio da insignificância e o Estatuto do Desarmamento 
 
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido 
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo 
com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu 
local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
6 
 
1º ponto: 
O crime do art. 12 é delito de perigo abstrato, logo, não se aplica o princípio da insignificância. 
 
Tese do STJ – Edição 108, de 24 de agosto de 2018. 
O simples fato de possuir ou portar muniçãocaracteriza os delitos previstos nos arts. 12, 14 e 16 da Lei n. 
10.826/2003, por se tratar de crime de perigo abstrato e de mera conduta, sendo prescindível a demonstração de 
lesão ou de perigo concreto ao bem jurídico tutelado, que é a incolumidade pública. 
 
(...) 1. A análise dos documentos pelos quais se instrui pedido e dos demais argumentos articulados na inicial 
demonstra a presença dos requisitos essenciais à incidência do princípio da insignificância e a excepcionalidade 
do caso a justificar a flexibilização da jurisprudência deste Supremo Tribunal segundo a qual o delito de porte de 
munição de uso restrito, tipificado no art. 16 da Lei n. 10.826/2003, é crime de mera conduta. 
2. A conduta do Paciente não resultou em dano ou perigo concreto relevante para a sociedade, de modo a 
lesionar ou colocar em perigo bem jurídico na intensidade reclamada pelo princípio da ofensividade. (...) 
STF. 2ª Turma. HC 133984, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 17/05/2016. 
 
A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, alinhando-se ao Supremo Tribunal Federal, tem entendido pela 
possibilidade da aplicação do princípio da insignificância aos crimes previstos na Lei 10.826/03, a despeito de 
serem delitos de mera conduta, afastando, assim, a tipicidade material da conduta, quando evidenciada flagrante 
desproporcionalidade da resposta penal. 
Ainda que formalmente típica, a apreensão de 8 munições na gaveta do quarto da ré não é capaz de lesionar ou 
mesmo ameaçar o bem jurídico tutelado, mormente porque ausente qualquer tipo de armamento capaz de 
deflagrar os projéteis encontrados em seu poder. 
STJ, Resp nº 1.735.871 – AM. 
 
Tese do STJ – Edição 108, de 24 de agosto de 2018. 
A apreensão de ínfima quantidade de munição desacompanhada de arma de fogo, excepcionalmente, a 
depender da análise do caso concreto, pode levar ao reconhecimento de atipicidade da conduta, diante da 
ausência de exposição de risco ao bem jurídico tutelado pela norma. 
 
Afinal de contas, os arts. 12, 14 e 16 do Estatuto do Desarmamento são crimes de perigo abstrato ou concreto? 
São crimes de perigo abstrato-concreto. 
 
Conceito: 
O crime de perigo abstrato-concreto ou delito de perigo hipotético é considerado por parte da doutrina como uma 
subclassificação do delito de perigo abstrato. 
Nesses casos, não basta a conduta do agente para caracterizar o delito (perigo abstrato), mas também não se faz 
necessária a comprovação do perigo (perigo concreto). O que importa é que a conduta seja capaz de gerar um 
perigo possível de lesão ao bem jurídico. 
 
Dito de outro modo, enquanto nos crimes de perigo abstrato basta a conduta do agente para o delito estar 
configurado, uma vez que o perigo gerado ao bem jurídico é presumido de forma absoluta pelo legislador, nos 
delitos de perigo abstrato-concreto o legislador não se contenta com a mera conduta do agente. 
O crime exige um plus para a sua configuração, qual seja, a geração de uma situação de perigo possível ao bem 
jurídico. 
 
Note-se que o que se precisa provar é a possibilidade de perigo, diferentemente dos crimes de perigo concreto em 
que se faz necessária a prova do efetivo perigo gerado ao bem jurídico, sob pena de atipicidade da conduta. 
O crime de perigo abstrato-concreto seria um meio termo. Um plus em relação ao crime de perigo abstrato e um 
minus comparando-o com o de perigo concreto. 
 
(...) Penso, por todo o exposto até aqui, ser razoável atribuir ao crime materializado no art. 56, caput, da Lei n. 
9.605⁄1998, a natureza de crime de perigo abstrato, ou, sob a ótica ex ante, crime de perigo abstrato-concreto, 
em que, embora não baste a mera realização de uma conduta, não se exige, a seu turno, a criação de ameaça 
concreta a algum bem jurídico e muito menos lesão a ele. Basta a produção de um ambiente de perigo em 
potencial, em abstrato –in casu, com o transporte dos produtos ou substâncias em desacordo com as exigências 
estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos, de modo que a atividade descrita no tipo penal crie condições 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
7 
 
para afetar os interesses juridicamente relevantes, não condicionados, porém, à efetiva ameaça de um 
determinado bem jurídico. 
STJ – Resp: 1439150/RS, julgado em 05/10/2017. 
 
2º ponto: 
Os Tribunais Superiores, embora não digam expressamente, estão reconhecendo o delito dos arts. 12, 14 e 16 da 
Lei 10.826/03 como de perigo abstrato-concreto. 
 
Fique atento! 
Embora o art. 12 da Lei 10.826/03 seja crime de perigo abstrato, há julgados recentes dos Tribunais Superiores 
reconhecendo a atipicidade material da conduta de possuir munição desacompanhada da arma de fogo. 
A incidência do princípio da insignificância nesses casos transforma o delito até então reconhecido como de 
perigo abstrato em crime de perigo abstrato-concreto. 
 
Questão: Como saber se o crime é de perigo abstrato ou de perigo concreto? 
 
Lei 11.343/06 
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a 
incolumidade de outrem: 
 
Lei 9.503/97 
Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, 
se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano: 
 
Tema 
Princípio da exteriorização ou da materialização do fato 
 
Questão: Nosso direito penal é um direito penal do fato ou um direito penal do autor? 
 
Direito Penal do autor: 
O sujeito é julgado e punido não pelo que fez, mas pelo o que é, pelo seu perfil, pelo seu passado. Criminaliza-se 
a personalidade do agente e não a conduta por ele praticada. 
 
Direito Penal do fato: 
Em oposição ao Direito Penal do Autor, não admite a sanção do caráter ou do modo de ser do indivíduo. O que 
interessa para o Direito Penal é exclusivamente a conduta (fato) praticada no caso concreto e não o perfil do 
agente ou o seu passado criminoso. 
 
Veda-se o chamado Direito Penal do autor. Não se pode punir: 
a) Pensamentos 
b) Estilo de vida 
 
Código Penal 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a 
execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
 
Obs. O nosso ordenamento penal, de forma legítima, adotou o Direito Penal do fato, mas considera circunstâncias 
relacionadas ao autor quando da análise da pena. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
8 
 
Tema 
Princípio da legalidade 
 
1. Origem do princípio 
Magna Carta do Rei João Sem Terra 15/06/1215 
 
2. Previsão em diplomas internacionais 
a) Convênio para a proteção dos direitos humanos e liberdades fundamentais (1950); 
b) Pacto de San José da Costa Rica; 
c) Estatuto de Roma. 
 
3. Previsão constitucional 
Art. 5º, inc. II: ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. 
Art. 5º, inc. XXXIX: não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. 
 
4. Previsão legal 
Código Penal 
Art. 1º. Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 
 
5. Desdobramento: princípio da reserva legal 
Não há crime e não há pena sem lei. 
De acordo com o penalista alemão Edmund Mezger: 
“Somente a lei abre as portas da prisão”. 
 
Princípio da reserva legal e as contravenções penais 
As contravenções penais também se submetem ao princípio da legalidade. 
 
Princípio da reserva legal e as medidas de segurança: 
As medidas de segurança também se submetem ao princípio da legalidade. 
 
O princípio da reserva legal impede sejam criadas infrações penais por meio de: 
✓ Medida provisória: art. 62, § 1º, CF 
✓ Decreto 
✓ Lei Delegada: art. 68, § 1º, CF. 
✓ Resoluções: (CNJ, CNMP, TSE etc.). 
 
Conclusão! 
Somente uma lei em sentido estrito, devidamente aprovada pelo Congresso Nacional, pode criar uma infração 
penal. 
 
Desdobramento: princípio da anterioridade 
Não há crime sem lei anterior, não há pena sem prévia cominação legal. 
 
Ex. Súmula 471 STJ 
Os condenados por crimeshediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 
sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime 
prisional. 
 
Desdobramento: lei escrita 
1. O costume não pode criar infrações penais, somente a lei. 
2. O costume auxilia na interpretação das leis. 
3. O costume interpretativo é chamado de costume “secundum legem”. 
 
Questão: O costume pode revogar uma infração penal? Ex. jogo do bicho, pirataria, etc. 
 
Atenção! 
Somente a lei pode revogar outra lei. Não existe costume abolicionista (STF e STJ) 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
9 
 
Súmula 502, STJ 
Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto no art. 184, § 2º, CP, a 
conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas. 
 
Desdobramento: lei estrita 
1. Veda-se a analogia para criar crimes. 
2. Analogia somente para beneficiar, jamais para prejudicar. 
 
Cuidado! 
No dia 13/06/2019 o STF, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão 26, por maioria de 
votos (8x3) reconheceu a mora do Congresso Nacional para incriminar atos atentatórios a direitos fundamentais 
dos integrantes da comunidade LGBT. 
 
Crítica doutrinária: 
1) A Lei do Racismo (L. 7.716/89) trata somente do preconceito ou discriminação de “raça, cor, etnia e religião”. 
Não há previsão na lei de crime de racismo em virtude de preconceito ligado à “orientação sexual”. A decisão 
da Suprema Corte caracteriza analogia “in malam partem”. 
2) Compete exclusivamente ao Poder Legislativo a criação de infrações penais (princípio da legalidade). Em, 
outras palavras, não se pode criar um tipo penal por meio de decisão judicial. Ao julgador cabe interpretar a lei, 
mas não a reescrever. 
3) Essa invasão de seara pelo Poder Judiciário descamba para o mais puro totalitarismo, uma ativismo judicial 
que assume contornos de Ditadura do Judiciário. 
4) A decisão do STF fere dois princípios: o da legalidade e o da Separação de Poderes. 
5) Não temos mais a garantia da legalidade no Direito Penal. Por isso, Gustavo Badaró assim se manifestou: 
“Descanse em paz ‘nullum crimen, nulla poena, sine lege’”. 
 
Desdobramento: lei certa 
 
Lei 13.869/19 (Abuso de autoridade) 
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente descabida ou sem prévia 
intimação de comparecimento ao juízo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
Desdobramento: lei necessária 
 
Questão: Se somente a lei pode criar crime, quem pode editar essa lei penal? 
 
Constituição Federal 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho. 
 
Exceção: Art. 22, parágrafo único. 
 
Obs1. Lei Complementar da União poderá autorizar os estados a produzirem leis penais, mas apenas para 
questões específicas, ou seja, de interesse daquele estado. 
 
Obs2. Capacidade legislativa dos Estados membros: por meio de lei complementar federal os Estados 
membros (quando concretamente autorizados) podem legislar sobre Direito penal, porém, somente em questões 
específicas de interesse local. 
 
Obs3. Questões "específicas": uma regra penal sobre trânsito em uma determinada localidade, sobre meio 
ambiente em uma delimitada região etc. Nenhum Estado está autorizado a legislar sobre temas fundamentais do 
Direito penal (sobre o princípio da legalidade, sobre as causas de exclusão da antijuridicidade, sobre a 
configuração do delito etc.). 
 
 
 
Anotações do aluno: 
 
1 
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
Anotações do aluno: 
 
2 
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
Anotações do aluno: 
 
3 
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
Anotações do aluno: 
 
4 
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
Anotações do aluno: 
 
5 
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
Anotações do aluno: 
 
6 
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________ 
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
Anotaçõesdo aluno: 
 
7 
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
Anotações do aluno: 
 
8 
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
2 
 
Tema: 
Conduta 
 
 
 
Conduta dolosa 
 
Código Penal 
Art. 18 - Diz-se o crime: 
 
Crime doloso 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; 
 
Conceito de dolo: 
Vontade e consciência de realizar os elementos do tipo penal incriminador. 
 
Teorias do dolo 
 
Código Penal 
Art. 18 - Diz-se o crime: 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. 
 
Teorias do dolo (art. 18, CP) 
✓ Teoria da vontade 
✓ Teoria do consentimento ou assentimento 
 
Espécies de dolo 
 
1. Dolo direto e indireto 
✓ Dolo direto: o sujeito prevê o resultado e busca alcançá-lo. 
 
➢ Dolo indireto: Subdivide-se em: 
 
✓ Alternativo: 
O agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo sua conduta na realização de qualquer um deles. 
 
✓ Eventual: 
O agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo sua conduta na realização de um, mas aceitando outro. 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
3 
 
2. Dolo cumulativo: 
O agente pretende alcançar dois ou mais resultados típicos em sequência. 
 
3. Dolo de dano e dolo de perigo. 
 
✓ Dolode dano: 
A vontade do agente é causar efetiva lesão ao bem jurídico tutelado. 
Ex. Se o bem jurídico é a vida, a minha intenção é. 
 
✓ Dolo de perigo: 
A intenção do agente é expor a risco o bem jurídico tutelado. 
Ex. Se o bem jurídico é a vida, a intenção é 
 
4. Dolo normativo (híbrido) e dolo natural (neutro) 
 
Dolo normativo (híbrido): 
O sujeito tem consciência do que faz e consciência de que o que faz é proibido. 
 
Dolo natural (neutro): 
É aquele que independe da consciência da ilicitude. É constituído apenas de elementos naturais (consciência e 
vontade). 
 
5. Dolo genérico e dolo específico 
 
Dolo genérico: 
O agente atua com vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal sem um fim específico. 
 
Sequestro e cárcere privado 
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado: 
Pena - reclusão, de um a três anos. 
 
Dolo específico: 
O agente atua com vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal, o qual contém uma finalidade específica. 
 
Extorsão mediante sequestro 
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou 
preço do resgate: 
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. 
 
Cuidado! A doutrina moderna não trabalha mais com dolo genérico e dolo específico. 
 
6. Dolo de 1º grau e 2º grau 
 
Dolo de 1º grau: 
É o dolo direto, o objetivo desejado pelo agente com a sua conduta. 
 
Dolo de 2º grau: 
É uma espécie do dolo direto. 
É o dolo de consequência necessária. 
Abrange os efeitos colaterais do crime, de verificação certa e inevitável. 
 
Questão: Qual a diferença entre o dolo eventual e o dolo de segundo grau? 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
4 
 
 
 
7. Dolo geral (erro sucessivo) 
É o erro quanto ao meio de execução do crime. 
O erro recai sobre a forma pela qual o resultado se produz. 
 
Ex. Tício encontra Caio, seu desafeto, em uma ponte. Após conversa enganosa, oferece-lhe uma bebida, 
misturada com veneno. Caio, inocente, ingere o líquido. Em seguida, cai ao solo, e Tício acredita estar ele 
morto. Com o propósito de ocultar o cadáver, Tício coloca o corpo de Caio em um saco plástico e o lança ao mar. 
Dias depois, o cadáver é encontrado em uma praia, e, submetido a exame necroscópico, conclui-se ter a morte 
ocorrido por força de asfixia provocada por afogamento. 
Consequência: 
 
Nesse caso, o autor deve responder por homicídio consumado. Tício queria a morte de Caio e a ela deu causa. 
Há perfeita congruência entre sua vontade e o resultado naturalístico produzido. 
 
Atenção! 
Prevalece o entendimento de que não há o crime de ocultação de cadáver (art. 211, CP), pois quando o corpo foi 
lançado ao mar a vítima ainda estava viva. Assim, não está configurado o delito do art. 211 do CP por ausência de 
objeto material. 
 
Questão: No exemplo citado, em que o agente procura matar a vítima mediante veneno, mas a morte se dá por 
afogamento, incide a qualificadora da asfixia? 
 
Há polêmica no tocante à incidência da qualificadora. 
 
1 C - Deve ser considerado o meio de execução que o agente desejava empregar para a consumação (veneno), e 
não aquele que, acidentalmente, permitiu a eclosão do resultado naturalístico (asfixia provocada pelo 
afogamento). 
 
2 C – É preciso levar em conta o meio que efetivamente levou à consumação do crime (asfixia), e não aquele 
visado pelo agente (veneno). 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
5 
 
Conduta culposa 
 
Código Penal 
Art. 18 - Diz-se o crime: 
(...) 
Crime culposo 
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
 
Conceito: 
O crime culposo consiste numa conduta voluntária que realiza um evento ilícito não querido ou aceito pelo agente, 
mas que lhe era previsível (culpa inconsciente) ou excepcionalmente previsto (culpa consciente) e que poderia ser 
evitado se empregasse a cautela necessária. 
 
Elementos do crime culposo 
1) Conduta humana voluntária 
2) Violação de um dever de cuidado objetivo 
3) Resultado naturalístico involuntário 
4) Nexo entre conduta e resultado 
5) Resultado involuntário previsível 
6) Tipicidade. 
 
1. Conduta humana voluntária 
 
Dolo: vontade dirigida a realização de um resultado ilícito. 
Culpa: vontade dirigida a realização de um resultado lícito, porém diverso daquele que efetivamente se produz. 
 
2. Violação de um dever de cuidado objetivo 
 
Questão: Como apurar se houve ou não infração ao dever de diligência? 
 
Se evitável pelo homem médio: 
Se inevitável pelo homem médio: 
 
2.1. Formas de violação do dever de diligência 
✓ Imprudência: 
✓ Negligência: 
✓ Imperícia: 
 
3. Resultado naturalístico involuntário; 
 
4. Nexo causal entre conduta e resultado; 
 
5. Resultado involuntário previsível 
 
6. Tipicidade 
 
Código Penal 
Art. 18 
(...) 
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, 
senão quando o pratica dolosamente. 
 
Em resumo: Elementos estruturais da culpa 
1. Conduta humana voluntária 
2. Violação do dever objetivo de cuidado 
3. Resultado involuntário 
4. Nexo causal 
5. Previsibilidade objetiva 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
6 
 
Atenção! A previsibilidade subjetiva, entendida como a possibilidade de conhecimento do perigo, analisada sob 
o prisma subjetivo do autor (e não mais do homem médio), levando em consideração seus dotes intelectuais, 
sociais e culturais, não é elemento da culpa, mas será analisada pelo juiz na culpabilidade. 
 
Espécies de culpa 
 
1. Culpa consciente e Culpa inconsciente 
Culpa consciente (“ex lascivia”): com previsão do resultado, 
Culpa inconsciente (“ex ignorantia”): sem previsão do resultado (por parte do agente), 
 
Questão: A culpa consciente é mais grave do que a culpa inconsciente? 
 
Atenção! O Código Penal dispensa igual tratamento à culpa consciente e à culpa inconsciente. A previsão do 
resultado, por si só, não representa maior grau de reprovabilidade na conduta. 
 
Questão: Qual a diferença entre dolo eventual e culpa consciente? 
 
 
 
 
 
2. Culpa própria e Culpa imprópria 
 
Culpa própria: 
É gênero da qual são espécies a culpa consciente e culpa inconsciente. 
 
Culpa imprópria (também chamada de culpa por equiparação, assimilação ou extensão) 
É aquela em que o agente por erro evitável, imagina certa situação de fato que, se presente, excluiria a ilicitude 
(descriminante putativa). 
 
Provoca intencionalmente (dolosa) determinado resultado típico, mas responde por culpa, por razões de política 
criminal (art. 20, § 1º, 2ª parte). 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 
7 
 
3. Culpa “in re ipsa” (culpa presumida) 
 
Não se admite a culpa presumida em nosso ordenamento jurídico. 
A culpa sempre deve ser comprovada. 
 
Conduta preterdolosa 
 
Conceito: 
O agente pratica crime distinto do que havia projetado cometer, advindo da conduta dolosa resultado culposo mais 
grave do que o projetado. 
 
Crimes agravados pelo resultado 
1) Crime doloso agravado/qualificado pelo dolo 
2) Crime culposo agravado/qualificado pela culpa 
3) Crime culposo agravado/qualificado pelo dolo 
4) Crime doloso agravado/qualificado pela culpa 
 
Conclusão! 
Nem todo o crime agravado pelo resultado é preterdoloso. 
As três primeiras hipóteses anunciam crimes também agravados pelo resultado, mas que não caracterizam o 
preterdolo. 
Só há crime preterdoloso se o crime for doloso e o resultado culposo. 
 
Questão: Em comprovado surto epilético, “Tício” desfere violento golpe no ventre de mulher grávida, matando-a. 
Do evento, também resulta a interrupção da gravidez e a morte do feto. Haveria, neste caso, se “Tício” não 
soubesse do estado gravídico da vítima, apenas crime de homicídio. 
 
Causas de exclusão da conduta 
 
1. Movimentos reflexos 
2. Sonambulismo 
3. Hipnose 
4. Caso fortuito ou força maior 
5. Coação física irresistível 
 
Não confunda! 
➢ Coação física irresistível: 
➢ Coação moral irresistível: 
 
Formas de conduta 
 
➢ Comissiva

Outros materiais