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ENGENHARIA CIVIL 6º Semestre MECANICA DOS SOLOS II TURMAS: “A” e “C” PROF.: Wesley Peres Pereira 2019/2 1.0) COMPACTAÇÃO DOS SOLOS 1.1) INTRODUÇÃO: Muitas vezes na prática da engenharia geotécnica, o solo de um determinado local não apresenta as condições requeridas pela obra. Ele pode ser pouco resistente, muito compressível ou apresentar características que deixam a desejar do ponto de vista econômico. Uma das possibilidades é tentar melhorar as propriedades de engenharia do solo local. A compactação é um método de estabilização e melhoria do solo através de processo manual ou mecânico, visando reduzir o volume de vazios do solo. A compactação tem em vista estes dois aspectos: aumentar a intimidade de contato entre os grãos e tornar o aterro mais homogêneo melhorando as suas características de resistência, deformabilidade e permeabilidade. A compactação de um solo é a sua densificação por meio de equipamento mecânico, geralmente um rolo compactador, embora, em alguns casos, como em pequenas valetas até soquetes manuais podem ser empregados. Um solo, quando transportado e depositado para a construção de um aterro, fica num estado relativamente fofo e heterogêneo e, portanto, além de pouco resistente e muito deformável, apresenta comportamento diferente de local para local. A compactação é empregada em diversas obras de engenharia, como: aterros para diversas utilidades, camadas constitutivas dos pavimentos, construção de barragens de terra, preenchimento com terra do espaço atrás de muros de arrimo e reenchimento das inúmeras valetas que se abrem diariamente nas ruas das cidades. Os tipos de obra e de solos disponíveis vão ditar o processo de compactação a ser empregado, a umidade em que o solo deve se encontrar na ocasião e a densidade a ser atingida. A compactação dos solos tem uma grande importância para as obras geotécnicas, já que através do processo de compactação consegue-se promover no solo um aumento de sua resistência e uma diminuição de sua compressibilidade e permeabilidade. 1.2) PROCESSOS PARA COMPACTAÇÃO DE SOLOS: A) FÍSICOS; Confinamento (solos com atrito), Pré-consolidação (solos finos argilosos), Mistura (solo + solo), Vibro flotação. B) FÍSICO MECÂNICO; Compactação. C) PROCESSOS QUÍMICOS; Sal, Cal, Cimento, Asfalto Etc. Sugestão de leitura para ampliar o conhecimento; http://www.homyquimica.com.br/familia/52/estabilizante-de-solo - (acesso em 07 Jul 2019) 1.3) VARIAÇÃO DA MASSA ESPECIFICA COM A UMIDADE: 1.4) DIFERENÇAS ENTRE COMPACTAÇÃO E ADENSAMENTO: (Importante!) Pelo processo de compactação, a diminuição dos vazios do solo se dá por expulsão do ar contido nos seus vazios, de forma diferente do processo de adensamento, onde ocorre a expulsão de água dos interstícios do solo. As cargas aplicadas quando compactamos o solo são geralmente de natureza dinâmica e o efeito conseguido é imediato, enquanto que o processo de adensamento é deferido no tempo (pode levar muitos anos para que ocorra por completo, a depender do tipo de solo) e as cargas são normalmente estáticas. 1.5) CURVA DE COMPACTAÇÃO TÍPICA - ESTUDOS DE RALPH PROCTOR: O início da técnica de compactação é creditado ao engenheiro Ralph Proctor, que, em 1933, publicou suas observações sobre a compactação de aterros, mostrando ser a compactação função de quatro variáveis: a) Peso específico seco; b) Umidade; c) Energia de compactação e d) Tipo de solo. Observando a figura 1, temos uma curva de compactação, ou seja, é a relação entre o peso específico seco versus o teor de umidade. Segue cinco pontos analisados e listados a seguir; 1) No ponto de inflexão da curva determinamos o teor de umidade ótimo (W ot) que representa que se um solo compactado com a energia do ensaio, nesse teor de umidade ele apresentará o peso específico aparente seco máximo. 2) No ramo seco, a água lubrifica as partículas e facilita o arranjo desta, ocorrendo por essa razão, o acréscimo do peso específico aparente seco. 3) No ramo úmido, a água amortiza a compactação e começa a ter mais água do que sólidos, sendo por essa razão, a diminuição do peso específico aparente seco. 4) Observa-se ainda que para baixos teores de umidade (W < W ot), as forças capilares são elevadas o que gera a formação de grumos e consequentemente baixos valores de (Gama d). 5) Já para elevados teores de umidade (W > W ot) as forças capilares diminuem e existe água em excesso. Como a água é incompressível, parte da energia é dissipada e ocorre uma má compactação do solo. 1.6) CURVA DE SATURAÇÃO: A curva de saturação corresponde ao lugar geométrico dos valores de W e donde o solo está saturado. Podem ser determinadas curvas para diversos graus de saturação, sendo importante ressaltar que a curva de compactação se localiza abaixo da curva de saturação 100%. Para determinar os pontos da curva de saturação utiliza-se a equação abaixo: Onde: Y d = peso específico aparente seco (kN/m3); S = grau de saturação (%); Y w = peso específico da água (aproximadamente 10 kN/m3); Y s= peso específico real dos grãos; w = umidade (%). Para um valor fixo de "S" determina-se pares de valores de W e Gama d e obtém-se curvas como mostradas na Figura 3. Geralmente a curva de saturação 100% é traçada junto com a curva de compactação. Observa-se que os pontos ótimos da curva de compactação se situam em torno de 80% a 90% de saturação. 1.7) DIFERENTES TIPOS DE SOLO COMPACTADOS – CURVAS DISTINTAS: Para uma mesma energia, se consegue maiores ou menores densidades específicas secas devido a propriedades particulares de cada tipo de solo. Três exemplos de diferentes umidades para se obter γdmax; A) Solos argilosos wot = 25 a 30% γdmax = 14 a 15 kN/m³; B) Solos arenosos com pedregulhos wot = 9 a 10% γdmax = 20 a 21 kN/m³; C) Solos arenosos finos com argila laterítica wot = 12 a 14% γdmax = 18 a 20 kN/m³. Veja a seguir o gráfico de compactação para diversos tipos de solo, com diferentes umidades ótimas para se obter densidade específica seca máxima. 1.8) INFLUENCIA DA ENERGIA DE COMPACTAÇÃO: O aumento da energia de compactação melhora as propriedades do solo, gerando uma maior massa específica seca correspondente a uma menor umidade ótima. O aumento da energia de compactação somente é eficiente para solos com umidades abaixo da ótima. A energia de compactação pode ser calculada pela seguinte equação: A tabela abaixo apresenta as energias de compactação para o Ensaio de Proctor Normal, Proctor Intermediário e Proctor Modificado. ENERGIA DE COMPACTAÇÃO: --------→ E = ( P.h.N.n ) / V Onde: E = Energia de compactação por unidade de volume. P = peso do soquete. h = altura de queda do soquete. N = número de golpes por camada. n = número de camadas. V= volume do solo compactado. A massa específica seca máxima e a umidade ótima do solo são índices físicos que dependem da energia de compactação. Com o desenvolvimento de equipamento de compactação com maiores energias, os ensaios de laboratório também foram adaptados. • Ensaio de Proctor Modificado: foi padronizado com a utilização de um cilindro maior (2.085 cm³) aplicando 55 golpes em 5 camadas, gerando, portanto, maior energia de compactação. • Ensaio de Compactação Intermediário: (criado pelo DNER) utiliza as mesmas especificações do Ensaio de Proctor Modificado, porém com a aplicação de 26 golpes por camada. 1.9) ENSAIO DE COMPACTAÇÃO: A norma Brasileira de ensaio de compactação prevê as seguintes alternativas de ensaio: 1.Ensaio sem reuso do material: é utilizada uma amostra virgem para cada ponto da curva; 2.Ensaio sem secagemprevia do material: dificulta a homogeneização da umidade. Para alguns solos a influência da pré-secagem é considerável; 3.Ensaio em solo com pedregulho: quando o solo tiver pedregulho a norma NBR 7.182/86 indica que a compactação seja feita num cilindro maior, com 15,24cm de diâmetro e 11,43 cm de altura, volume de 2.085 cm3. Neste caso o solo é compactado em cinco camadas, aplicando-se 12 golpes por camada, com um soquete mais pesado e com maior altura de queda do que o anterior (massa de 4,536 kg e altura de queda de 47,5 cm). O ensaio Proctor Normal utiliza o cilindro de 10 cm de diâmetro, altura de 12,73cm e volume de 1.000cm3 é submetida a 26 golpes de um soquete com massa de 2,5Kg e caindo de 30,5cm. Corresponde ao efeito de compactação com os equipamentos convencionais de campo. O ensaio Proctor Modificado utiliza o cilindro de 15,24 cm de diâmetro, 11,43 cm de altura, 2.085 cm3 de volume, peso do soquete de 4,536 kg e altura de queda de 45,7 cm aplicando-se 55 golpes por camada. É utilizado nas camadas mais importantes do pavimento, para os quais a melhoria das propriedades do solo, justifica o emprego de uma maior energia de compactação. 1.10) Compactação no Campo O processo de compactação no campo pode ocorrer de quatro maneiras: • Por compressão, onde a força vertical é o peso próprio do equipamento. Corresponde aos compressores de rodas metálicas com elevado peso e pequena superfície de contato. Indicado para solos granulares, macadames e britas graduadas, sendo que para solos com baixa capacidade de suporte inicial a compactação não fica homogênea; • Por amassamento, onde atuam a força vertical (peso) e a força horizontal (efeitos dinâmicos). Consiste nos rolos pneumáticos com rodas oscilantes e nos rolos pé de- carneiro, sendo que o processo gera um adensamento mais rápido do solo; • Por vibração, onde a força vertical é aplicada com frequências maiores que 500 golpes/min. Existem vários tipos de equipamentos com a frequência variando entre 900 e 2000 golpes/min, sendo que a situação ideal ocorre quando a compactação do rolo se combina com a oscilação do material; • Por impacto. Semelhante ao processo por vibração, sendo que a frequência é menor que 500 golpes/min. Consiste em equipamentos do tio sapo mecânico e bate-estacas, utilizados em locais de difícil acesso. A escolha do equipamento que irá ser utilizado no campo depende principalmente do tipo de material que se deseja compactar. Os principais equipamentos utilizados são: • Rolos lisos de rodas de aço Consistem no equipamento mais antigo. Os fatores que interferem na compactação são a carga por unidade de largura das rodas, largura e diâmetro das rodas. São utilizados para compactar pedregulhos, areias bem graduadas, misturas de areia a argila de média plasticidade e para a compactação de acabamento. Não são recomendados para areias uniformes e solos finos com elevada plasticidade, podendo ocorrer má compactação das camadas inferiores. • Rolos pneumáticos: Existem rolos rebocados com um eixo (mais pesados), rebocados com dois eixos (leves; 8 a 13 t) e auto propulsores (8 a 36 t). São aplicados para solos arenosos ou pouco coesivos, devendo-se ter cuidados especiais com a velocidade de operação (5 a 8 km/h). Os principais fatores que interferem na compactação são a pressão de enchimento dos pneus, área de contato entre pneu e superfície e a pressão de contato. Na seleção do tipo de equipamento a ser utilizado deve-se observar o espaçamento entre rodas, peso bruto e número de rodas. • Rolos pé-de-carneiro: Estes rolos são compostos de cilindros metálicos ocos com “patas” adaptadas (15 a 25 cm). Geralmente, as filas com as “patas” são alternadas com 4 “patas” por fila e o diâmetro do tambor varia entre 1,0 e 1,5 m. Este tipo de equipamento gera maior porcentagem de vazios que os rolos pneumáticos e lisos. Os fatores que interferem na compactação são a pressão dos pés-de-carneiro, extensão da camada comprimida pelo rolo, peso total do rolo, área de contato de cada pé, número de pés em contato com a camada num dado tempo e o número total de pés por tambor. • Rolos vibratórios: Podem ser compostos por um ou dois cilindros, rebocados ou não e são eficientes para materiais não coesivos. Os fatores que interferem são a frequência de vibração (1750 vpm a 3000 vpm), amplitude (0,3 mm a 0,7 mm), força dinâmica, força estática, formas e dimensões da área de contato e estabilidade do equipamento. Existem outros tipos de equipamentos como o rolo de grelha, as placas vibratórias, os rolos combinados e os soquetes mecânicos. 1.11) CONTROLE DE COMPACTAÇÃO DE CAMPO: (No local da obra!) O controle de compactação no campo se baseia na verificação do teor de umidade e do peso específico aparente seco. Na obra, é fixada uma faixa de variação da umidade permitida em torno da ótima (geralmente, wot ± 2%). Para determinar a umidade no campo pode-se utilizar três métodos: • coleta de amostras hermeticamente fechadas e determinação da umidade em laboratório; • método da frigideira; • Speedy. O peso específico aparente seco de campo pode ser determinado através do ensaio de frasco de areia (NBR 7185). Com este dado é possível determinar o Grau de Compactação (GC) que para ser considerado aceitável deve variar entre 95% e 100%. onde: gd = peso específico aparente seco máximo de campo (kN/m3); gdmax = peso específico aparente seco máximo determinado em laboratório (kN/m3). Assim, para executar a compactação no campo deve-se seguir as seguintes etapas: 1- Escolha da área de empréstimo Deve-se considerar o critério técnico-econômico, distância de transporte, características geotécnicas e relação da umidade natural com a umidade de compactação. 2- Transporte e espalhamento do solo Durante o espalhamento deve-se observar a relação entre a espessura da camada solta e da camada final. 3- Acerto da umidade Deve-se colocar o solo na umidade especificada por processos de irrigação ou secagem e proceder a melhor homogeneização possível. 4- Compactação Deve-se utilizar os equipamentos especificados de acordo com o tipo de solo e controlar o número de passadas necessário para atingir a energia de compactação desejada. 5- Controle Deve-se controlar a umidade e o peso específico aparente seco no campo.
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