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Sensoriamento Remoto por Microondas CENTRO TÉCNICO AEROESPACIAL INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS SENSORIAMENTO REMOTO POR MICROONDAS DARCTON POLICARPO DAMIÃO – TCEL.-AV. ORLANDO ALVES MÁXIMO – MAJ.-AV. RICARDO DE QUEIROZ VEIGA – MAJ.-AV. SIDNEI JOÃO S. SANT´ANA São José dos Campos, junho de 2003 Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto I SUMÁRIO Sumário ................................................................................................................. I Lista de Figuras................................................................................................... III Lista de Tabelas ..................................................................................................VI 1 Introdução ..................................................................................................... 1 1.1 Histórico ................................................................................................. 3 1.2 Aplicações.............................................................................................. 6 1.2.1 Verificação de Tratados Internacionais.......................................... 7 1.2.2 Interferometria (SAR 3-D) .............................................................. 7 1.2.3 Penetração no Solo e Dossel......................................................... 7 1.2.4 Indicação de Alvos Móveis (MTI) ................................................... 8 1.2.5 Vigilância Ambiental ....................................................................... 8 1.2.6 Defesa Civil..................................................................................... 9 1.3 Considerações Finais ............................................................................ 9 2 Conceitos Básicos de Radar.......................................................................11 2.1 Ondas Eletromagnéticas .....................................................................11 2.1.1 Equações de Maxwell...................................................................11 2.2 Polarização ..........................................................................................13 2.3 Antena..................................................................................................15 2.3.1 Diagrama de Irradiação................................................................15 2.3.2 Ganho de Potência.......................................................................16 2.3.3 Largura de Feixe ..........................................................................16 2.3.4 Redes Lineares Uniformes...........................................................17 3 Características da Radiação Eletromagnética na Faixa das Microondas..20 3.1 Interação com o Meio ..........................................................................20 3.1.1 Constante Dielétrica .....................................................................20 3.1.2 Penetração ...................................................................................22 3.1.3 Tipos de Reflexão.........................................................................28 4 Radar Imageador ........................................................................................30 4.1 Equação Radar ....................................................................................31 4.2 Resolução Espacial do Radar .............................................................33 4.3 Radar de abertura real (RAR) .............................................................35 4.4 Radar de Abertura Sintética (SAR) .....................................................38 4.4.1 Abertura Sintética .........................................................................39 4.4.2 Modulação do Pulso .....................................................................41 4.4.3 Gravação dos Dados....................................................................42 4.4.4 Modelo do Alvo Pontual ...............................................................44 4.4.5 Histórico de Fase..........................................................................47 4.4.6 Compressão do Sinal ...................................................................48 4.4.7 "Strip"............................................................................................49 4.4.8 "Spot"............................................................................................50 4.4.9 Interferometria ..............................................................................51 5 Padrões de Resposta Espectral para Alvos de Radar ...............................56 5.1 Coeficiente de Retroespalhamento .....................................................56 5.1.1 Influência da Rugosidade.............................................................59 5.1.2 Influência da Permissividade........................................................60 6 Propriedades da Imagem Radar.................................................................61 Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto II 6.1 Azimute e Alcance ...............................................................................61 6.2 Linha de Visada ...................................................................................62 6.3 Sombreamento ("Shadowing") ............................................................63 6.4 Encurtamento ("Foreshortening") ........................................................64 6.5 Inversão ("Layover") ............................................................................64 6.6 "Speckle"..............................................................................................66 6.7 Alvos Móveis........................................................................................67 7 Características das Imagens SAR..............................................................69 7.1 Distorções Geométricas ......................................................................69 7.2 Escala Dinâmica ..................................................................................70 7.3 Resolução Espacial .............................................................................72 7.4 Relações entre os Lóbulos Principal e Secundário.............................72 7.5 Resolução Radiométrica......................................................................73 7.6 Ruído ...................................................................................................73 7.7 Modelagem dos Dados SAR ...............................................................76 7.7.1 Histograma ...................................................................................76 7.7.2 Modelagem Estatística de dados SAR.........................................78 8 Sistemas Sensores de Abertura Sintética ..................................................84 8.1 Radar de Abertura Sintética do EMB145 RS ......................................84 8.1.1 Características Gerais ..................................................................84 8.1.2 Interação do Sistema SAR com o Ambiente de Operação..........85 8.1.3 Missão Típica ..............................................................................86 8.1.4 Modos de Operação do SAR do SIVAM ......................................86 8.2 Satélite Canadense de Observação da Terra – RADARSAT .............87 8.2.1 A Antena SAR ..............................................................................89 8.2.2 O Sistema de Manuseio de Dados do RADARSAT.....................89 9 Referências Bibliográficas ..........................................................................92 Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto III LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 – Imagens da Guiana Francesa. À esquerda, uma imagem radardo RADARSAT de 19/06/1996. À direita, uma imagem TM- LANDSAT, de 30/12/1986. ............................................................. 2 Figura 1.2 – Linha reta visualizada em "B-Scan" e PPI, com o radar localizado na origem....................................................................... 4 Figura 1.3 – RADARSAT..................................................................................... 6 Figura 1.4 – Derramamento de óleo na costa da Califórnia – EUA. .................. 8 Figura 2.1 – Exemplos de polarizações de uma onda EM: (a) horizontal e (b) vertical. .................................................................................... 13 Figura 2.2 – Uso da polarimetria para determinação de áreas florestais alagadas........................................................................................ 15 Figura 2.3 – Comparação entre diagramas de irradiação em coordenadas retangulares e coordenadas polares. ........................................... 16 Figura 2.4 – Largura de feixe de uma antena................................................... 17 Figura 2.5 – Rede Linear de antenas. .............................................................. 18 Figura 2.6 – Antena com 18 elementos irradiadores que operam na faixa de 1,5 GHz. ........................................................................................ 18 Figura 2.7 – Influência do número de elementos na rede de antenas. ............ 19 Figura 3.1 – Representação esquemática de uma fração do espectro de microondas. .................................................................................. 20 Figura 3.2 – Constante dielétrica como função do conteúdo gravimétrico de água em folha de milho para a banda C a 22ºC. ......................... 22 Figura 3.3 – Efeito de nuvens na transmissão das microondas do espaço para a superfície. .......................................................................... 23 Figura 3.4 – Efeito da chuva na transmissão das microondas do espaço para a superfície. .......................................................................... 24 Figura 3.5 – Penetração dos sinais radar na vegetação, em função da umidade e do ângulo de incidência. ............................................. 25 Figura 3.6 – Penetração dos sinais radar no solo, em função do conteúdo volumétrico de água, da freqüência e do tipo de solo.................. 26 Figura 3.7 – Medida do coeficiente de retroespalhamento de uma cultura de milho como uma função da umidade do solo e do ângulo de incidência. ..................................................................................... 26 Figura 3.8 – Efeito do ângulo de incidência e rugosidade superficial no padrão de retroespalhamento de um alvo: (a) superfície perfeitamente plana, toda energia incidente é especularmente refletida, (b) superfície intermediária (moderado Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto IV retroespalhamento), a energia incidente é refletida especularmente e difusamente, (c) superfície rugosa (forte retroespalhamento) a energia incidente é difusamente refletida em todas as direções possíveis.................................................... 28 Figura 3.9 – Contribuições do retroespalhamento de um dossel: (1) direto do dossel, (2) direto dos troncos, (3) direto da superfície, (4a) interação tronco-solo, (4b) interação solo-tronco, (5a) interação dossel-solo, (5b) interação solo-dossel. ....................................... 29 Figura 4.1 – Classificação dos sensores de microondas. ................................ 30 Figura 4.2 – Elementos básicos de um sistema de radar................................. 31 Figura 4.3 – Ambigüidade no imageamento por radar com visada vertical. .... 34 Figura 4.4 – O imageamento com visada lateral e suas dimensões básicas. . 34 Figura 4.5 – Parâmetros de resolução da imagem do radar. ........................... 35 Figura 4.6 – Diagrama esquemático de um imageamento com radar. ............ 36 Figura 4.7 – Exemplo de resolução RAR com os seguintes parâmetros: h = 7,5 km, τ= 100 ns e βh = 3 mrad (0,17º). ............................... 38 Figura 4.8 – Imagem SAR do campo de provas da Ford, Detroit – MA. .......... 39 Figura 4.9 – Síntese de uma rede de antenas através do deslocamento do radar.............................................................................................. 40 Figura 4.10 – Sinal com modulação linear de freqüência................................. 42 Figura 4.11 – Ilustração da relação entre o tamanho da área amostrada e a área efetiva-mente imageada ....................................................... 43 Figura 4.12 – Vista superior da geometria de aquisição. ................................. 45 Figura 4.13 – Variação da distância de diversos alvos pelo deslocamento do radar......................................................................................... 47 Figura 4.14 – Distribuição das amostra de um alvo pontual no banco de dados. ........................................................................................... 47 Figura 4.15 – Sinal com modulação linear de freqüência e o seu espectro..... 49 Figura 4.16 – Representação gráfica da geometria de aquisição do modo “strip”. ............................................................................................ 50 Figura 4.17 – Representação gráfica da geometria de aquisição do modo “spot”. ............................................................................................ 51 Figura 4.18 – Geometria típica para interferometria SAR. ............................... 52 Figura 5.1 – Valores de σº para várias classes de alvos a 9,375 GHz. ........... 58 Figura 5.2 – Ilustração de superfícies lisa (a) e rugosa (b). ............................. 59 Figura 6.1 – Geometria típica de um sistema SLAR. ....................................... 61 Figura 6.2 – Distorções causadas pela transformação de coordenadas no solo para coordenadas de visada................................................. 62 Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto V Figura 6.3 – Efeito da linha de visada no sombreamento do radar.................. 63 Figura 6.4 – Sombreamento ("shadowing") ...................................................... 63 Figura 6.5 – Encurtamento (“foreshortening”)................................................... 64 Figura 6.6 – Inversão ("layover")....................................................................... 65 Figura 6.7 – Imagem do RADARSAT afetada pelos efeitos de sombreamento, encurta-mento e inversão................................... 65 Figura 6.8 – Exemplos de filtragem de uma área rural: (a) imagem original, (b) filtragem adaptativa, (c) filtro de Frost e (d) filtro de Frost modificado..................................................................................... 67 Figura 6.9 – Detecção de veículos em movimento........................................... 68 Figura 7.1 – Distorções causadas pelo movimento da plataforma................... 70 Figura 7.2 – Exemplo de sinal eco radar e a sua escala dinâmica. ................. 71 Figura 7.3 – Resposta impulsiva de um SAR. .................................................. 72 Figura 7.4 – Imagem de Aparecida do Norte obtida na banda X com o SAR do SIVAM: (a) um "look" e (b) quatro "looks". .............................. 76 Figura 7.5 – Histograma de freqüências (a) e histograma de probabilidades (b).................................................................................................. 77 Figura 7.6 – Exemplo de uma imagem na banda X, do radar do SIVAM, de Aparecida do Norte (São Paulo), nos formatos, complexo, (a) parte real e (b) parte imaginária; e (c) amplitude. ........................ 79 Figura 7.7 – Representação das distribuições gaussiana, Rayleigh e exponencial. ..................................................................................80 Figura 7.8 – Imagem ESAR/DLR...................................................................... 81 Figura 7.9 – Separação entre alvos construídos e não construídos. ............... 82 Figura 7.10 – Discriminação da pista de pouso................................................ 82 Figura 7.11 – Discriminação de áreas naturais. ............................................... 83 Figura 8.1 – EMB 145 com o SAR instalado. ................................................... 84 Figura 8.2 – Ilustração do RADARSAT............................................................. 88 Figura 8.3 – Órbita do RADARSAT................................................................... 88 Figura 8.4 – Modos de operação do SAR......................................................... 89 Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto VI LISTA DE TABELAS Tabela 1.1 – Missões Orbitais SAR. ................................................................... 6 Tabela 3.1 – Designação de Bandas e Freqüências........................................ 20 Tabela 3.2 – Percentual de dados satisfatórios................................................ 24 Tabela 7.1 – Escala dinâmica. .......................................................................... 71 Tabela 7.2 – Parâmetros das diversas classes da imagem ............................. 81 Tabela 8.1 – Modos de Operação do SAR ....................................................... 86 Tabela 8.2 – Participação no RADARSAT........................................................ 87 Tabela 8.3 – Características da Órbita do RADARSAT ................................... 88 Tabela 8.4 – Características de desempenho dos sistemas de imageamento do RADARSAT ...................................................... 90 Tabela 8.5 – Modos de operação do SAR........................................................ 91 Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 1 1 Introdução O sensoriamento remoto é definido por Lillesand & Kiefer(1987) como “... a ciência e arte de obter informações sobre um objeto, uma área ou fenômeno pela análise de dados obtidos de uma maneira tal que não haja contato direto com este objeto, esta área ou este fenômeno”. Para se obter estas informações, usa-se um meio que, neste caso, é a radiação eletromagnética, supondo que esta possa chegar diretamente ao sensor. Isto, no entanto, não é possível em todas as partes do espectro eletromagnético porque a transmissividade atmosférica é variável para os diversos comprimentos de onda. O sensoriamento tem evoluído de uma maneira peculiar, como ferramenta a serviço da ciência, a cada vez que um novo sistema sensor ou uma nova técnica, ou ambos, são introduzidos na comunidade científica. Tal evolução tem ocorrido, com especial vigor, desde os primeiros sensores orbitais, começando pelo lançamento do primeiro “Earth Resource Technology Sensor (ERTS), em 1972, mais tarde rebatizado como o primeiro da série LANDSAT. Desde então, estudos envolvendo os recursos terrestres, renováveis ou não, experimentaram grandes avanços com o advento de sensores como: o “Thematic Mapper” (TM), dos satélites da série LANDSAT; “Haute Resolution Visible” (HRV), dos satélites da série SPOT (“Systéme Probatoire pour l’Observation de la Terre”); e “Synthetic Aperture Radar”(SAR), utilizado no satélite Seasat e nas missões SIR (“Shuttle Imaging Radar”) A e B do ônibus espacial americano. As missões envolvendo o emprego de radares imageadores tiveram curtíssima duração mas, não obstante a relativa escassez de dados obtidos comparativamente àqueles coletados por sensores ópticos, vêm provando a grande utilidade desse tipo de sensor para o sensoriamento remoto. O principal ganho foi, certamente, a eliminação de um fator altamente limitante no estudo de recursos renováveis e de áreas cultivadas. Este fator é a disponibilidade de dados apenas na ausência, total ou parcial, de cobertura de nuvens. Tal limitação foi em parte minimizada com o advento da visada "off-nadir" na série SPOT. No entanto, foram os sistemas imageadores por radar os responsáveis pela obtenção de dados de extensas regiões tropicais que apresentam uma pronunciada falta de informações. Nessas regiões, as imagens radar mostraram ser de grande valia, graças a algumas vantagens irrefutáveis em relação às imagens óticas. Devido ao comprimento de onda utilizado, de ordem centimétrica, a atmosfera terrestre torna-se transparente às microondas, não importando, desta maneira, as condições meteorológicas vigentes por ocasião do imageamento. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 2 As imagens apresentadas na Figura 1.1 mostram a mesma região da Guiana Francesa. A radar, esquerda, não é afetada pela cobertura de nuvens que prejudica a imagem ótica, à direita. Por se tratar de um sistema ativo, a imagem radar independe da iluminação solar, podendo ser empregada indiscriminadamente tanto no período diurno quanto no noturno. As duas características mencionadas acima tornam os radares imageadores ferramentas atrativas, principalmente para o sensoriamento remoto de áreas onde a cobertura perene de nuvens é fator impeditivo à utilização de sistemas sensores ópticos. Figura 1.1 – Imagens da Guiana Francesa. À esquerda, uma imagem radar do RADARSAT de 19/06/1996. À direita, uma imagem TM-LANDSAT, de 30/12/1986. As duas características mencionadas acima tornam os radares imageadores ferramentas atrativas, principalmente para o sensoriamento remoto de áreas onde a cobertura perene de nuvens é fator impeditivo à utilização de sistemas sensores ópticos. Atualmente, com o lançamento de satélites equipados com sensores de microondas de vida útil prevista para vários anos, há uma grande expectativa sobre o que pode ser feito e aperfeiçoado com técnicas de sensoriamento remoto, usando-se os dados obtidos por esses sistemas sensores. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 3 1.1 Histórico Em 1886, o físico alemão Heinrich Hertz conduziu o primeiro experimento envolvendo freqüências de microondas, testando experimentalmente a teoria eletromagnética de Maxwell. Nesses testes, Hertz demonstrou que vários objetos, metálicos e não metálicos, podiam refletir radiação numa freqüência de aproximadamente 200 MHz. A primeira demonstração de um radar como um detector de navios, entretanto, foi feita por Hülsmeyer em 1903. Ainda que Hülsmeyer tivesse obtido, já em 1904, a patente por sua idéia, foi somente a partir de 1922 que ela veio a ser desenvolvida como uma ferramenta apropriada para a detecção de navios e aeronaves, por A. H. Taylor e outros pesquisadores no “Naval Reasearch Laboratory” (NRL), nos Estados Unidos da América. Com o início da 2ª Grande Guerra, os radares tiveram um impulso definitivo. Nesta época, radares aerotransportados já estavam sendo desenvolvidos com o principal objetivo de detecção de outras aeronaves e navios. Entretanto, após estudos realizados no Laboratório de Radiação do MIT (“Massachusetts Institute of Technology”), imagens do solo já podiam ser obtidas através deles. O acrônimo RADAR origina-se das palavras "RAdio Detection And Ranging". Este nome reflete a ênfase colocada nos primeiros experimentos realizados com um dispositivo que pudesse detectar a presença de um alvo e medir sua distância. Inicialmente, foi concebido para detectar incursões de aeronaves hostis e direcionar as defesas antiaéreas. Muito embora os radares modernos possam extrair mais informações do alvo, a medição de distância é, ainda, uma de suas funções mais importantes. Skolnik (1980) cita que o termo radar foi a palavra-código oficialmente adotada pela Marinha norte-americana em novembro de 1940, após designações do tipo ´equipamento de eco rádio´ ("Radio Echo Equipment"). Porém, o Exército, que realizou trabalhos pioneiros no desenvolvimentodo radar, denominou-o ´procura de posição por rádio´ ("Radio Position Finding"), até adotar o termo radar em 1942. O mesmo ocorreu no ano seguinte com os ingleses que trocaram a sigla RDF (“Radio Detection Finding”) por radar. Na França e na Alemanha, o termo era anteriormente conhecido por DEM ("détection életromagnétique") e "Funkmessgeraet", respectivamente. Hoje em dia, o termo radar é quase mundialmente aceito. As primeiras imagens radar foram apresentadas utilizando-se um mostrador do tipo "B-scan". Este sistema apresentava uma imagem em formato retangular com grandes distorções, devido às relações não lineares do sistema de coordenadas adotado: distância do alvo para a aeronave num eixo e ângulo entre o alvo e a direção de vôo da aeronave Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 4 no outro. Essas distorções foram parcialmente corrigidas com o desenvolvimento do mostrador PPI ("Plan Position Indicator"), que consiste de um setor circular com varredura rotativa, que representa o movimento da antena. A expressão posição plana ou planificada significa que alvos separados verticalmente são apresentados em um mesmo plano horizontal, sem que a separação vertical seja representada. Na Figura 1.2 podemos perceber que a linha reta apresentada corretamente em um mostrador PPI aparece distorcida em um "B-Scan". Na década de 50, foi desenvolvido o radar aerotransportado de visada lateral (SLAR- “Side Looking Airborne Radar”) para reconhecimento militar. A resolução espacial desse sistema era melhor porque as antenas utilizadas eram muito maiores que as tradicionais por serem fixas à lateral da aeronave. Para os radares convencionais, que varrem uma certa região do espaço, o tamanho da antena fica limitado pelo volume do radome e pela necessidade de rotação da mesma. A área de cobertura é determinada pelo setor angular de varredura da antena. Já para o SLAR, a área de cobertura é determinada pelo deslocamento da aeronave, dispensando a varredura angular. Isso possibilitou a utilização de antenas com dimensões muito maiores para reduzir a sua abertura angular e obter uma resolução espacial melhor que em sistemas que utilizam mostradores do tipo “B-scan” e PPI. Figura 1.2 – Linha reta visualizada em "B-Scan" e PPI, com o radar localizado na origem. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 5 A imagem do SLAR era gravada em uma longa faixa de filme porque não havia, naquela época, outro meio físico capaz de armazenar a enorme quantidade de dados produzidos. Seu processamento era todo analógico e pouco flexível. Segundo Ulaby et al. (1981), o primeiro sistema, que hoje é conhecido como radar de abertura sintética (SAR – "Synthetic Aperture Radar"), foi desenvolvido por Wiley em 1952. Era chamado de sistema "Doppler Beam Sharpening" (DBS). Ele buscava melhorar a resolução espacial das imagens combinando a rotação da antena com o deslocamento da aeronave. Durante o final da década de 50 e o início da década de 60, desenvolvimentos sigilosos, envolvendo sistemas de radar de abertura sintética, foram conduzidos na Universidade de Michigan e em várias companhias dos EUA. Somente em 1961 surgiram trabalhos ostensivos descrevendo esse novo tipo de radar, também utilizado como um radar de visada lateral. A capacidade de obter uma resolução em azimute independente da distância do radar e bem menor que aquela alcançável com um SLAR, com antena tão pequena quanto aquela utilizada pelo SAR, fez com que este último tornasse viável o conceito de radares imageadores orbitais com boa resolução espacial. De acordo com Leberl (1990), as imagens de radares orbitais proporcionaram uma motivação considerável para as pesquisas com imageamento ativo em microondas visando aplicações em Geociências, especialmente em função dos resultados obtidos pelas missões radar da NASA. Os primeiros dentre esses projetos foram o Experimento de Sondagem Lunar Apollo (ALSE) na missão Apollo-17, em 1972, e o satélite Seasat em 1978. Outros projetos SAR incluíram os lançamentos de ônibus espaciais ("Shuttle") com cargas úteis de radar. Dentre eles o SIR-A, em 1981, o SIR-B em 1984, e o SIR-C, em 1994. Atualmente, há vários sistemas SAR a bordo de satélites em missões consideradas de longa duração. Dentre eles, podem ser citados: o ERS-1 (Satélite Europeu de Sensoriamento Remoto), o JERS-1 (“Japanese Earth Resources Satellite”) e o RADARSAT, lançado no final de 1995, mostrado na Figura 1.3. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 6 Figura 1.3 – RADARSAT. A Tabela 1.1 mostra algumas características de sensores SAR lançados em missões orbitais. A missão Seasat, realizada em 1978, teve a duração de apenas 100 dias, por ter apresentado, segundo a NASA, problemas de funcionamento que levaram à sua desativação. Apesar da vida útil limitada por projeto a apenas poucos anos, na prática, as plataformas orbitais costumam permanecer em operação por períodos bem maiores. Tabela 1.1 – Missões Orbitais SAR. SISTEMAS Seasat ALMAZ ERS-1 e 2 JERS-1 LACROSSE RADARSAT País EUA Rússia Europa Japão EUA Canadá Início 16/06/78 31/03/91 jul/91 e abr/95 11/02/92 13/12/88 1996 Vida útil 3 meses 1,5 ano 2-3 anos 2 anos - 5 anos Freqüência L (1,2 GHz) S (3 GHz) C (5,3 GHz) L (1,2 GHz) X (9,5 GHz) C (5,3 GHz) Polarização HH HH VV HH HH HH Âng. Incid. 23° 30° – 60° 23° 39° Variável 10° – 60° Comp. Onda 23 cm 10 cm 5,6 cm 23 cm 3 cm 5,6 cm Resolução (y) 25 m 15 m 26 m 18 m > 1 m 9-100 m Resolução (x) 25 m 15 m 28 m 18 m > 1 m 10-100 m Altura de Vôo 800 km 300 km 785 km 568 km 275 km 800 km Larg. de Faixa 100 km 20-45 km 100 km 75 km Variável Variável Antena 10 m 15 m 10 m 12 m 8 x 2 m 15 m 1.2 Aplicações O número de aplicações para as imagens SAR aumenta constantemente, à medida que novas tecnologias de processamento e análise são desenvolvidas. Nessa seção são apresentadas apenas algumas delas. Muitas vezes as imagens SAR são utilizadas para o reconhecimento, vigilância ou designação de alvos de interesse militar. A identificação de alvos baseia-se em atributos Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 7 geométricos dos alvos e, para que ela seja possível, a resolução espacial deve ser suficientemente pequena para distingui-los. 1.2.1 Verificação de Tratados Internacionais A capacidade de monitoramento, através de sensores orbitais, permite realizar inspeções no território de outras nações, sem a necessidade de autorização para sobrevôo. Sítios de lançamento de mísseis, plantas de produção de combustível nuclear e instalações militares são facilmente detectáveis por meio de imagens SAR de alta resolução. Assim, a utilização de satélites de imageamento para vigiar continuamente outras nações aumenta a segurança na manutenção de acordos de não proliferação, reduzindo o número de inspeções necessárias e cobrindo áreas de acesso difícil. Imagens SAR ampliam os meios de vigilância e não estão limitadas por cobertura de nuvens ou pela ausência de luz solar, dificultando a ocultação de atividades ilícitas. 1.2.2 Interferometria (SAR 3-D) A interferometria SAR permite a determinação de Modelos Numéricos de Elevação do terreno a partir de dados orbitais ou aeroembarcados. Essa é uma área que ainda gera inúmeros trabalhos científicos, visando aprimorar a confiabilidade e precisão dos modelos. A informação de altimetria fornecida pela interferometria permite, dentre outras aplicações, correção radiométrica e orto-retificação de imagens e levantamento topográfico de áreas de difícil acesso. 1.2.3 Penetração no Solo e Dossel A onda eletromagnética (EM) transmitida pelo radar pode penetrar materiais que são opacos aos sensores ópticos. Tal penetração depende do comprimento de onda e das condições dielétricas do meio. Penetrações maiores são obtidas para freqüências mais baixas, sendoque a umidade interfere nesse processo por aumentar a constante dielétrica do meio, tornando-o mais opaco à radiação EM. As bandas L e C são capazes de penetrar o dossel de uma floresta e serem refletidas pelos troncos e galhos das árvores. Essa propriedade de penetração é útil para a avaliação da biomassa de áreas muito extensas como a região amazônica. Como a umidade do alvo prejudica a penetração da radiação eletromagnética, a utilização do SAR para investigação de artefatos subterrâneos é mais comum em regiões áridas como os desertos. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 8 Radares de baixa freqüência, operando na faixa de VHF ou UHF, são utilizados com maior eficiência para penetração do solo, mas apresentam diversas dificuldades tecnológicas para a geração de imagens de alta resolução. 1.2.4 Indicação de Alvos Móveis (MTI) A característica de coerência do sinal recebido pelo SAR permite distinguir alvos móveis de estáticos. Essa capacidade facilita a identificação de veículos terrestres com pouco contraste em relação ao cenário. Ao contrário das imagens óticas, é possível identificar deslocamentos de poucos centímetros, mesmo que o alvo seja aparentemente invisível a olho nu. 1.2.5 Vigilância Ambiental O radar de abertura sintética é usado para uma grande variedade de aplicações ambientais, tais como acompanhamento de plantações, desmatamentos e vazamentos de óleo. Vazamentos de óleo são detectados nas imagens SAR porque eles reduzem a rugosidade da superfície aquática, aparecendo como uma mancha mais escura na imagem. A Figura 1.4 ilustra a detecção de óleo por meio de imagens radar. Figura 1.4 – Derramamento de óleo na costa da Califórnia – EUA. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 9 Áreas de desmatamento podem ser detectadas por mudança temporal. Duas ou mais imagens da mesma área e coletadas em datas diferentes são subtraídas umas das outras para evidenciar as mudanças. Vários modelos de classificação e segmentação foram desenvolvidos para automatizar esse processo com uma taxa de erro reduzida. 1.2.6 Defesa Civil As imagens radar são muito úteis para a defesa civil na determinação das áreas alagadas durante enchentes. Devido à presença de chuvas e nuvens, comum nessa situação, não é possível utilizar qualquer sensor ótico. O radar, além de sofrer pouca influência das nuvens e chuvas, é capaz de penetrar na vegetação e delimitar a área efetivamente inundada. A combinação de imagens da banda X com imagens da banda L permite, inclusive, determinar as áreas de vegetação atingidas pela enchente. 1.3 Considerações Finais O radar é basicamente um sistema eletrônico para a detecção e localização de alvos utilizando a faixa do espectro de radiofreqüências. Seu princípio de funcionamento baseia-se na medição do tempo de propagação que uma radiação eletromagnética1, emitida pelo próprio radar, leva para atingir um alvo e retornar. A posição do alvo é determinada convertendo-se o tempo de propagação em distância radial e assumindo sua direção como a de apontamento da antena. Enquanto os sistemas de imageamento civis concentram-se na precisão radiométrica e análise de alvos naturais, a prioridade para sistemas militares é a detecção e reconhecimento de alvos construídos pelo homem misturados a vários outros alvos (“clutter”). Requisitos de flexibilidade e disponibilidade para um reconhecimento rápido favorecem sistemas aeroembarcados, que possibilitam sua utilização sob demanda. Por sua natureza, a tarefa de reconhecimento militar geralmente requer, por razões de sobrevivência, resolução menor que 1 metro e visada de longo alcance. Esses dois requisitos exigem uma abertura sintética muito grande, o que forçou o desenvolvimento de um sofisticado processo de compensação de trajetória. Enquanto uma enorme quantidade de esforço foi gasto em sistemas SAR para aquisição de dados, comparativamente pouco foi gasto para se fazer o melhor uso deles. Duas abordagens são necessárias para isso. Uma é a pesquisa do conteúdo físico dos dados por meio de experiências, observação e modelagem. A outra é examinar as 1 – Para observação terrestre, os comprimentos de onda (λ) utilizados situam-se entre 3 mm e 30 cm. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 10 propriedades dos dados sob a luz da física e das aplicações de interesse, para identificar e extrair estimativas otimizadas dos componentes dos dados. Sistemas radar são capazes de produzir imagens de altíssima qualidade da Terra. Entretanto, o processo de extração de informação das mesmas é extremamente demorado, especialmente quando áreas muito grandes devem ser investigadas. Além disso, não há garantias de que os resultados obtidos por analistas de imagem sejam consistentes entre si. Essas limitações motivaram a busca de algoritmos automáticos para extração de informações relevantes com maior rapidez e repetibilidade, ou, em alguns casos, com maior sensibilidade. A necessidade de métodos automáticos ou semi-automáticos torna-se mais forte com a disponibilidade de imagens multitemporais, multipolarimétricas e multi-espectrais. Para tais imagens multidimensionais, o analista deve, inicialmente, definir quais parâmetros são significativos e contêm informação. Quando há mais informações independentes a cada pixel do que podem ser representadas, por exemplo, por superposição de cores, como os dados devem ser organizados e apresentados? A interpretação visual requer que todas as informações relevantes apareçam na mesma imagem. Quando isso não é possível, é melhor deixar que algumas decisões sejam tomadas automaticamente. Isso é particularmente importante quando há um volume de dados muito grande para ser processado e o tempo alocado para essa tarefa é curto. As imagens radar possuem propriedades distintas daquelas encontradas em fotografias. Todos aqueles que desejam utilizar eficientemente as imagens SAR devem compreender tais propriedades básicas: • função de espalhamento; • resolução espacial; e • resolução radiométrica. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 11 2 CONCEITOS BÁSICOS DE RADAR 2.1 Ondas Eletromagnéticas Uma onda eletromagnética (EM) é, por natureza, um vetor composto pelos campos elétrico E e magnético H, que são capazes de se propagar. Perceber-se-á mais adiante que, um campo E, variável no tempo, é a fonte para a indução de um campo H e vice- versa. Portanto, uma onda EM é capaz de propagar-se por conta própria tanto no espaço livre, como no interior de um meio material. Todas as ondas EM decaem em magnitude quando se afastam da sua fonte emissora devido ao espalhamento esférico, a não ser que uma propagação anômala ocorra, como, por exemplo, a canalização da propagação. 2.1.1 Equações de Maxwell As equações de Maxwell possibilitaram um grande avanço na compreensão dos fenômenos eletromagnéticos ao estabelecerem as relações entre o vetor campo elétrico er , o campo magnético b r , a densidade de carga elétrica ρ e a densidade de corrente j r . t be ∂ ∂ −=×∇ r r ( 2.1 ) t ejb ∂ ∂ +=×∇ rrr ( 2.2 ) 0b =⋅∇ r ( 2.3 ) ε ρ =⋅∇ er ( 2.4 ) Quando as correntes e cargas de uma fonte eletromagnética são osciladores harmônicos, as equações de Maxwell assumem a forma clássica de uma equação de onda, onde ω é a freqüência angular, µ, ε e σ são, respectivamente, a permeabilidade magnética, permissividade elétrica e a condutividade do meio em que a onda se propaga. O valor i é a raiz quadrada de –1. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 12 0E i 1E 22 = ωε σ +µεω+∇ rr ( 2.5 ) 0H i 1H 22 = ωε σ +µεω+∇ rr ( 2.6 ) Estas são equações diferenciais de segunda ordem, cuja solução para o espaço livre depende das condiçõesde contorno na fonte. Por exemplo, a distribuição de correntes na superfície de uma antena determina o seu diagrama de irradiação e a orientação dos campos. O mesmo se aplica para a reflexão em objetos, onde as correntes induzidas em suas superfícies são responsáveis pelo retroespalhamento da energia incidente. Ondas que se propagam no espaço livre apresentam as seguintes propriedades: • variações magnéticas devem ser acompanhadas de variações elétricas e vice- versa; • os campos magnéticos e elétricos possuem a mesma fase; e • os vetores campo elétrico, campo magnético e deslocamento formam um sistema ortogonal. Os três parâmetros fundamentais de uma onda EM harmônica estão relacionados entre si conforme a Equação (2.7). Estes parâmetros são: o comprimento de onda λ (variação espacial), a freqüência f (variação temporal) e a velocidade de propagação v. vf =λ ( 2.7 ) O comprimento de onda λ representa a distância sobre a qual as quantidades dos campos realizam um ciclo completo. A direção de propagação de uma onda EM é definida pelo vetor k, cuja magnitude é inversamente proporcional ao comprimento de onda. λ π = 2k r ( 2.8 ) A freqüência f representa o número de ciclos por segundo da oscilação dos campos, medidos em hertz. No entanto, como o equacionamento matemático envolve a variação angular da fase da onda, a grandeza velocidade angular ω é mais útil e costuma ser expressa em radianos por segundo e relaciona-se com a freqüência através da Equação (2.9). f.2 ⋅π=ω ( 2.9 ) Alternativamente, o inverso da freqüência representa o intervalo de tempo τ necessário para que uma onda realize um ciclo completo. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 13 f 1 =τ ( 2.10 ) A velocidade máxima de uma onda EM ocorre no vácuo e é a velocidade da luz, com valor aproximado de 3 × 108 m/s. Comprimentos de onda podem ser muito grandes, como os 5.000 km para uma radiação de 60 Hz, ou muito pequenos, como 600 nm para a radiação no espectro visível (luz verde). 2.2 Polarização A direção de propagação de uma onda eletromagnética, definida pelo vetor k, é sempre perpendicular ao plano definido pelos vetores campo elétrico e magnético que, por sua vez, também são sempre perpendiculares entre si. Assim, conhecer apenas a direção k de propagação não é suficiente para caracterizar uma onda EM, como mostra a Figura 2.1. Note que, para a mesma direção de propagação k, o campo elétrico E está paralelo ao plano horizontal, na figura superior e é paralelo ao plano vertical, na figura inferior. Figura 2.1 – Exemplos de polarizações de uma onda EM: (a) horizontal e (b) vertical. A direção do vetor campo elétrico define a polarização elétrica de uma onda eletromagnética. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 14 É possível decompor o vetor campo elétrico em componentes verticais e horizontais. Se a diferença de fase entre elas for nula, diz-se que a onda está linearmente polarizada. Diferenças de fase não nulas caracterizam ondas com polarização elíptica, cujo caso especial é a polarização circular, onde a diferença de fase é de 90o e as amplitudes são iguais. A polarização horizontal (Figura 2.1-a) ocorre quando o vetor campo elétrico é paralelo à superfície terrestre. A polarização vertical (Figura 2.1-b) ocorre quando ele está contido no plano definido pela vertical da superfície terrestre e o vetor k (direção de deslocamento) da onda. Geralmente, os radares são projetados para trabalhar apenas com uma polarização, cuja orientação depende da aplicação a que se destina. Em sensoriamento remoto, a tendência é o emprego de radares multipolarimétricos, capazes de coletar dados de qualquer uma das quatro combinações possíveis: HH, HV, VH e VV. A primeira letra indica a polarização de transmissão e a segunda indica a de recepção. Portanto, HV indica transmissão horizontal e recepção vertical. Características eletromagnéticas dos alvos e a sua geometria podem alterar o estado de polarização do campo elétrico de uma onda incidente. Esse fenômeno vem sendo utilizado para classificação de alvos através da assinatura polarimétrica. Um exemplo da importância da assinatura polarimétrica na classificação é apresentado na Figura 2.2. Nesta figura, um mapa, de áreas florestais alagadas próximas a Manaus, é obtido a partir das informações extraídas das imagens SIR-C nas polarizações HH, HV e VV. A polarização elétrica linear é caracterizada por uma diferença de fase nula entre as componentes horizontal e vertical do vetor campo elétrico. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 15 Figura 2.2 – Uso da polarimetria para determinação de áreas florestais alagadas. 2.3 Antena Uma antena pode ser definida como um dispositivo capaz de transmitir ou receber ondas de radiofreqüência. Existe uma ampla variedade de tipos de antenas, para os mais variados usos, tais como as filamentares, as de abertura, as refletoras e as de microfitas, dentre outras. Alguns parâmetros contidos neste conjunto são a impedância de entrada, a área de recepção, a diretividade e a eficiência. Tal conjunto é de interesse para os projetistas do radar, mas uma vez definidos, não são utilizados no processamento das imagens. A antena afeta uma imagem radar através de seu diagrama de radiação, de seu ganho de potência e da sua largura de feixe. 2.3.1 Diagrama de Irradiação Para uma antena colocada na origem de um sistema de coordenadas esféricas, a função de irradiação U(Θ,Φ) define uma superfície tridimensional chamada diagrama de irradiação da antena. Este diagrama é determinado medindo-se a intensidade de irradiação sobre a superfície de uma esfera a uma distância fixa r. Na prática, são apresentadas as projeções horizontal e vertical destes diagramas em coordenadas polares ou retangulares. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 16 Figura 2.3 – Comparação entre diagramas de irradiação em coordenadas retangulares e coordenadas polares. 2.3.2 Ganho de Potência Um parâmetro de grande importância em antenas é o ganho de potência, que inclui as perdas na antena. Por definição, o ganho de potência G é a razão entre o valor máximo da intensidade de irradiação Imax da antena e o valor da intensidade de irradiação de uma antena omnidirecional I0. 0 max I I G = ( 2.11 ) 2.3.3 Largura de Feixe Se a maior parte da potência irradiada por uma antena é concentrada em um lóbulo principal, a largura angular entre os pontos de meia potência é a largura do feixe (Figura 2.4). -100 0 100 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 Diagrama Retangular -1 -0,5 0 0,5 1 1 -0.5 0,5 1 Diagrama Polar 0-100 0 100 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 Diagrama Retangular -1 -0,5 0 0,5 1 1 -0.5 0,5 1 Diagrama Polar 0 Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 17 -3 dB 0 dB -3 dB Largura do feixe θ-3dB Figura 2.4 – Largura de feixe de uma antena. Uma regra prática para a determinação da largura de feixe de uma antena relaciona o comprimento de onda médio, transmitido ou recebido, com a dimensão L da antena no plano de interesse. LdB3 λ ≈θ ( 2.12 ) Algumas antenas apresentam diagramas de irradiação consistindo de vários lóbulos, por exemplo, todos eles comparáveis em sua densidade máxima de potência, mas não necessariamente apresentando todos a mesma largura angular. Neste caso, não se pode falar em largura de feixe, sendo esse termo reservado apenas para antenas que apresentam lóbulo principal único. Esse é um parâmetro importante para o radar, pois ele, “grosso modo”, determina a área da superfície terrestre que pode ser imageada. Também é um fator relevante no processamento SAR ao limitar a resolução espacial, conforme será visto na seção 4. 2.3.4 Redes Lineares Uniformes Uma rede linear uniforme é composta por um número finito deantenas idênticas, dispostas como mostra a Figura 2.5, e excitadas de tal modo que a forma da distribuição de corrente é a mesma em cada antena, podendo diferir, no entanto, em amplitude e fase de um elemento para o outro. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 18 Figura 2.5 – Rede Linear de antenas. A importância fundamental de uma rede de antenas reside na possibilidade de obtenção de determinados diagramas de irradiação pelo ajuste das amplitudes, fases e espaçamento das antenas individuais que constituem a rede. Os radares modernos fazem uso de antenas que, na verdade, são uma coleção de pequenos irradiadores que seguem esses princípios para controlar o diagrama de irradiação e recepção. A Figura 2.6 ilustra uma antena de 18 elementos utilizada no radar SAR aeroembarcado do SIVAM. Figura 2.6 – Antena com 18 elementos irradiadores que operam na faixa de 1,5 GHz. Uma rede linear é caracterizada pelo espaçamento constante entre os elementos adjacentes e dispostos em uma linha reta. Para ser uniforme, a rede deve ser alimentada por correntes de mesma amplitude, mas com fase variando progressivamente ao longo da rede. De particular interesse é a rede linear uniforme coerente, onde a fase de todos os elementos é a mesma. Esse tipo de rede com m elementos, possui um diagrama bem definido pela equação: ( ) ( )( )2senm 2msenA θ⋅ θ =θ ( 2.13 ) onde A é o ganho da rede de antenas com m elementos na direção θ. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 19 Essa é uma propriedade muito importante e será vista mais adiante, na seção 4, quando será abordado o radar de abertura sintética. Conforme pode ser visto na Figura 2.7, quanto maior o número de elementos, menor será a largura do lóbulo principal da antena. Figura 2.7 – Influência do número de elementos na rede de antenas. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 20 3 Características da Radiação Eletromagnética na Faixa das Microondas Não existe uma definição precisa para o espectro de microondas, mas há uma razoável concordância de que ele cubra aproximadamente o intervalo que vai de 0,3 até 300 GHz, definindo, assim, comprimentos de onda que vão de 1 mm até 1 m. Esse intervalo engloba as bandas conhecidas internacionalmente como “Ultra High Frequency” (UHF – 300 a 3000 MHz) e “Extremely High Frequency” (EHF – 30 a 300 GHz). A Figura 3.1 apresenta uma fração desse intervalo. BANDA FREQ. (GHz) 0,3 1 3,0 10 30 100 0,3 1,0 10,0 30,0 100,0 3 λ (cm) P 2 L 4 S 8 C X 12,5 Ku Ka K 18 26 40 Figura 3.1 – Representação esquemática de uma fração do espectro de microondas. Fonte: Adaptada de Dallemand et al. (1993), p. 4. Como pode ser notado na Figura 3.1, é comum a designação de faixas do espectro de microondas através de letras. Esta designação teve sua origem no meio militar e, quando o uso da tecnologia de radar tornou-se disponível ao público civil, ela se manteve, provavelmente por hábito e pela necessidade de uma nomenclatura mais curta e descomplicada (Skolnik, 1980). Uma revisão das letras mais freqüentemente adotadas hoje em dia para a designação das diversas bandas de microondas é apresentada na Tabela 3.1. Tabela 3.1 – Designação de Bandas e Freqüências BANDA FREQ. (GHz) COMP. DE ONDA (cm) BANDA FREQ. (GHz) COMP. DE ONDA (cm) BANDA FREQ. (GHz) COMP. DE ONDA (cm) P 0,3 a 1,0 100 a 30 C 4,0 a 8,0 7,5 a 3,75 K 18,0 a 26,5 1,67 a 1,1 L 1,0 a 2,0 30 a 15 X 8,0 a 12,5 3,75 a 2,4 Ka 26,5 a 40,0 1,1 a 0,75 S 2,0 a 4,0 15 a 7,5 Ku 12,5 a 18,0 2,4 a 1,67 mm 40,0 a 100,0 0,75 a 0,3 3.1 Interação com o Meio 3.1.1 Constante Dielétrica Os processos que regem a interação das microondas com alvos são: transmissão, reflexão e absorção. A transmissão e a reflexão podem ocorrer na superfície de Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 21 separação (interface) de dois meios adjacentes, enquanto a absorção ocorre em um meio específico. A perfeita transmissão só ocorre entre meios de idênticas propriedades elétricas. A perfeita reflexão ocorre somente se as propriedades elétricas do meio são iguais a de um condutor perfeito. Nas interfaces entre floresta e solo, ou entre diferentes tipos de vegetação, por exemplo, transmissão ou reflexão perfeita não ocorrem. Normalmente, a onda incidente é parcialmente transmitida e refletida. A onda transmitida em um ponto pode ser refletida quando encontrar outra borda. Este processo é repetitivo, mas é finito, pois há uma perda de potência devido ao espalhamento e à absorção. Esta perda de potência é conhecida como atenuação da microonda. A quantidade de energia que é transmitida, refletida ou absorvida é fortemente influenciada pelas propriedades elétricas do meio. O parâmetro que quantifica essa propriedade é a constante dielétrica relativa εr. A constante dielétrica relativa é complexa e pode ser escrita como: ''' rr o c r jεε ε ε ε −== ( 3.1 ) onde εc é a constante dielétrica do material e εo é a constante dielétrica do vácuo. A constante dielétrica relativa é a constante dielétrica do meio, normalizada pela constante dielétrica do vácuo. O vácuo é um meio onde ocorre apenas transmissão, sem reflexão nem absorção. Na prática, a parte real ε’r rege a energia transmitida e refletida. A parte imaginária, ε”r, determina a quantidade de energia absorvida. O valor para εr’ e εr” depende das características intrínsecas do meio, isto é, tipo e proporção dos seus componentes e dos fatores externos, tais como, a freqüência e a temperatura. Os meios como solo e vegetação têm a constante dielétrica fortemente influenciada pelo seu conteúdo de água. A constante dielétrica está relacionada à capacidade de um material absorver menor ou maior quantidade de energia eletromagnética, atuando assim nos valores de σ°, uma vez que muita energia absorvida significa pouca energia refletida e vice-versa. Na Figura 3.2 é mostrada a relação do conteúdo de água e a constante dielétrica para folhas de milho na banda C a 22ºC. Para a vegetação com o peso seco por volume diferente da folha de milho (0,33 g cm-3), o resultado será diferente. Entretanto, a tendência deverá ser a mesma, isto é, um aumento em εr’ e εr” com o aumento do conteúdo de água. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 22 Figura 3.2 – Constante dielétrica como função do conteúdo gravimétrico de água em folha de milho para a banda C a 22ºC. 3.1.2 Penetração A capacidade de penetração de uma onda EM depende de diversos fatores, tais como: comprimento de onda da radiação, rugosidade do alvo, umidade do alvo, densidade do alvo, ângulo de incidência, etc. Na faixa das microondas, essa característica, entre outras, tornou o uso do radar muito atraente, especialmente pela penetração de nuvens ou até mesmo de chuva. A transparência atmosférica é certamente o maior atributo da radiação EM na faixa das microondas. A Figura 3.3 ilustra bem esta propriedade, ao mostrar o efeito de nuvens na transmissão da radiação EM entre o espaço e o solo. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 23 r a n s m i s s i v i d d a e (%) 1 100 10 10 90 80 70 60 50 40 30 30 20 T 0 2 3 4 5 5 6 7 8 9 Comprimento de onda (cm) Freqüência (GHz) 3 Nuvens de água Nuvens de gelo Figura 3.3 – Efeito de nuvens na transmissão das microondas do espaço para a superfície. Fonte: Adaptada de Ulaby et al. (1981), p. 2. Nuvens de gelo, suficientemente densas para obscurecer o solo, impossibilitando o uso de fotografias aéreas, quase não afetam as microondas. As nuvens de chuva, por sua vez, têm um efeito significativo somente a partir de λ inferiores a 2 cm, sendo esse efeito realmente forte com λ inferior a 1 cm. A chuva possui um efeito maior que aquele provocado pelasnuvens mas, como mostra a Figura 3.4, esse efeito é desprezível para λ superiores a 4 cm, tornando-se considerável apenas para λ menores que 2 cm. A Tabela 3.2 fornece subsídios para avaliação da importância da utilização de sensores que operam na faixa das microondas para regiões tropicais. Esta tabela traz as percentagens de imagens consideradas satisfatórias para fins de sensoriamento remoto (aquelas que possuem um máximo de 30% da área coberta por nuvens) para o Brasil, no período de 1973 a 1985. Os dados são relativos a imagens do satélite LANDSAT. Os valores esperados são o resultado de uma simulação do efeito da cobertura de nuvens em missões de sensoriamento remoto feitas pela NASA. Pode-se perceber, principalmente durante os meses que correspondem à estação chuvosa no Brasil (novembro a março), os baixos percentuais de imagens consideradas satisfatórias, ficando bem aquém dos valores esperados. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 24 r a n s m i s s i v i d d a e (%) 1 100 10 10 90 80 70 60 50 40 30 30 20 T 0 2 3 4 5 5 6 7 8 9 Comprimento de onda (cm) Freqüência (GHz) 3 Figura 3.4 – Efeito da chuva na transmissão das microondas do espaço para a superfície. Fonte: Adaptada de Ulaby et al. (1981), p. 3. Tabela 3.2 – Percentual de dados satisfatórios MÊS VALOR OBSERVADO (%) VALOR ESPERADO (%) JAN 0,23 12,5 FEV 0,94 13,1 MAR 0,70 11,5 ABR 1,40 13,8 MAI 7,89 12,1 JUN 17,37 17,1 JUL 25,82 31,3 AGO 30,51 23,7 SET 5,63 16,9 OUT 1,87 15,0 NOV 0,00 14,5 DEZ 0,00 11,7 MÉDIA 7,70 16,1 Além da transparência atmosférica, há outros motivos que tornam o sensoriamento remoto na faixa das microondas interessante. Um deles é que, também na vegetação, a penetração das microondas é mais profunda que a da radiação ótica. Como se pode observar na Figura 3.5, os λ maiores penetram bem mais que os λ menores. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 25 Sinais de retorno das folhas Sinais de retorno das folhas, troncos e solo Sinais de retorno das folhas e troncos ALVOS ÚMIDOS ALVOS SECOS Sinais de retorno do trigo e do solo Sinais de retorno do trigo Sinais de retorno Sinais de retorno do solo e do subsolo do trigo e do solo = 1 cm = 1 cm = 1 m = 1 mλλ λ λ Figura 3.5 – Penetração dos sinais radar na vegetação, em função da umidade e do ângulo de incidência. Fonte: Adaptada de Ulaby et al. (1981), p. 4. Desta forma, os λ menores propiciam informações acerca das camadas superiores da vegetação, enquanto os λ maiores nos dão informações das camadas inferiores e do solo. Neste caso porém, não é somente o λ que influencia, mas também o grau de umidade existente, a densidade da vegetação e o ângulo de incidência da radiação EM. Estas relações também são mantidas quando se trata de solo, sendo o grau de umidade, neste caso, de extrema importância, como mostra o gráfico da Figura 3.6. Desta figura pode-se observar que a profundidade de penetração diminui com o aumento da umidade, independentemente do tipo de solo e da freqüência. A penetração da onda incidente num dossel pode ser constatada pela mudança relativa na magnitude do σdos o em resposta a uma mudança no conteúdo de umidade do solo. A Figura 3.7 mostra como o σdos o varia com a umidade do solo para diferentes ângulos de incidência. Para cada ângulo, desenhou-se uma linha de regressão. A inclinação de cada reta, denominada sensibilidade (S), indica a variação do σdos o relativa a 1% de umidade. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 26 100.0 50.0 10.0 5.0 1.0 0.5 0.1 0.05 0.01 0.005 0.001 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 P r o f u n d d d i a e (m) Umidade (g/cm )3 areia calcário argila 10.0 GHz 4.0 GHz 1.3 GHz Figura 3.6 – Penetração dos sinais radar no solo, em função do conteúdo volumétrico de água, da freqüência e do tipo de solo. Fonte: Adaptada de Ulaby et al. (1981), p. 4. Umidade Gravimétrica do Solo (%) 0 10 20 30 40 50 -12 -8 -4 0 4 8 Cultura: Milho Freqüência: 9,0 GHz Polarização: HH S = Sensitividade dB/1% mg S=0,001 S=0,050 S=0,075 S=0,210 S=0,240 0° 10° 30° 20° 50° C oe fic ie nt e de R et ro es pa lh am en to σ ° (d B ) Figura 3.7 – Medida do coeficiente de retroespalhamento de uma cultura de milho como uma função da umidade do solo e do ângulo de incidência. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 27 Como pôde ser visto nas figuras anteriores, o ângulo de incidência modifica a interação entre a onda EM e a floresta, devido à sua influência no poder de penetração da onda no dossel. O ângulo de incidência determina a extensão, no interior do alvo, com a qual a energia EM irá interagir. A profundidade vertical de penetração da microonda em um alvo diminui com o aumento do ângulo de incidência. Um aumento no ângulo de incidência causa uma redução na capacidade de comprimentos de onda longos interagirem com sua principal fonte de retroespalhamento. O sistema de radar que opera com comprimento de onda longo apresentará alto nível de retorno para pequenos ângulos de incidência. Outro fator a ser considerado é a rugosidade relativa do alvo. Neste caso, para a definição da rugosidade relativa de um alvo, deve-se levar em consideração o comprimento da onda incidente e o ângulo de incidência. Uma superfície pode ser considerada lisa, pelo critério de Rayleigh, se θ λ < 8cos h ou f ch 1 8cosθ < ( 3.2 ) onde h é a altura média das variações da superfície, λ é o comprimento de onda, c é a velocidade da luz, ƒ é a freqüência, e θ é o ângulo de incidência. Como pode ser notado nesta fórmula, um dos efeitos do ângulo de incidência é o poder de modificar a característica de rugosidade da superfície do alvo. Um aumento do ângulo de incidência resulta em uma grande alteração na rugosidade. Na Figura 3.8, o retroespalhamento pode ser visto em função do ângulo de incidência. Pode-se também ver o retroespalhamento em função da rugosidade da superfície e como isto afeta o padrão do retroespalhamento do alvo observado. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 28 Figura 3.8 – Efeito do ângulo de incidência e rugosidade superficial no padrão de retroespalhamento de um alvo: (a) superfície perfeitamente plana, toda energia incidente é especularmente refletida, (b) superfície intermediária (moderado retroespalhamento), a energia incidente é refletida especularmente e difusamente, (c) superfície rugosa (forte retroespalhamento) a energia incidente é difusamente refletida em todas as direções possíveis. A penetração da onda num alvo também é influenciada por sua polarização. Numa vegetação com estrutura predominantemente vertical, como as gramíneas, a atenuação e a reflexão podem ser mais significativas para a polarização VV do que para a polarização HH. Entretanto, um estudo realizado com uma cultura de milho, encontrou maiores valores de retorno para a polarização HH. Isto pode ser explicado pela diferença entre a estrutura desta cultura e a de outras gramíneas, porque talvez, a porção foliar do dossel de milho, que é mais horizontal que vertical, afete o sinal de retorno mais que a porção de hastes que é verticalmente orientada. Esta resposta também é influenciada pelo ângulo de incidência. 3.1.3 Tipos de Reflexão Vamos utilizar como exemplo de alvo um dossel vegetal para identificar os diversos tipos de reflexão que podem ocorrer. Na região de microondas, um dossel, representado por uma cultura, pode ser caracterizado por um conjunto de elementos difusores, ocupando um certo volume no espaço, colocados sobre uma superfície difusora constituída pelo solo. O coeficiente de Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 29 retroespalhamento deste dossel, odosσ , é representado pela soma das contribuiçõesdo próprio dossel, do retroespalhamento direto do solo e de múltiplos espalhamentos entre os elementos difusores do dossel e os da superfície do solo. A Figura 3.9 mostra esquematicamente as contribuições do retroespalhamento de um dossel. Figura 3.9 – Contribuições do retroespalhamento de um dossel: (1) direto do dossel, (2) direto dos troncos, (3) direto da superfície, (4a) interação tronco-solo, (4b) interação solo-tronco, (5a) interação dossel-solo, (5b) interação solo-dossel. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 30 4 RADAR IMAGEADOR Os sensores de microondas aerotransportados são classificados em dois grandes grupos: os sensores ativos (conhecidos como radares) e os passivos (conhecidos como radiômetros de microondas) – Figura 4.1. Embora a maioria das aplicações em sensoriamento remoto esteja voltada aos radares imageadores, há três categorias distintas de sistemas ativos: imageadores, escaterômetros e altímetros (os dois últimos, não imageadores). Ao contrário de radares de vigilância ou diretores de tiro, para o radar imageador a energia retroespalhada pelo solo não é descartada e consiste no alvo de interesse do sistema. Sensores de Microondas Aerotransportados Ativos (radares) Passivos Imageadores (SLAR) Não- Imageadores Imageadores Imageadores Não- SAR RAR Escaterômetros Altímetros (radiômetros) Figura 4.1 – Classificação dos sensores de microondas. Como dito anteriormente, o radar é basicamente um sistema eletrônico para a detecção e localização de alvos. Seu princípio de funcionamento baseia-se na comparação entre um sinal conhecido, que é por ele enviado, e o eco dele decorrente. Assim sendo, o radar é utilizado como uma forma de se estender os sentidos humanos, em especial a visão. Entretanto, o valor dele não reside na substituição dos nossos olhos, mas em sua complementação, executando tarefas que estes não podem cumprir. Se os olhos podem detalhar melhor os objetos, inclusive reconhecendo-lhes cores de maneira sofisticada, o radar pode vê-los sob determinadas condições que seriam Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 31 impraticáveis para a visão humana. Contudo, seu maior atributo é a capacidade de medição precisa da distância do objeto. Sendo um sistema de sensoriamento remoto ativo, o radar possui sua própria fonte de energia para obter uma imagem. De acordo com Ulaby et al. (1981), o termo radar é aplicável a qualquer sistema ativo de rádio com um transmissor capaz de iluminar uma superfície ou objeto que, ao refletir ou espalhar o sinal de volta ao sistema, terá algumas de suas propriedades medidas por um receptor. Um radar clássico se baseia na transmissão e recepção de pulsos situados na faixa centimétrica do espectro eletromagnético, sendo os sinais de retorno analisados a fim de se medir sua intensidade, intervalo de tempo e fase. O princípio básico é simples: emissão, recepção e correlação entre os sinais transmitido e recebido (normalmente utiliza-se uma mesma antena para transmissão e recepção). A Figura 4.2 apresenta os elementos essenciais de um sistema de radar. T R Chave T-R Antena Antena Antena de de de transmissão transmissão e recepção recepção Indicador/processador Figura 4.2 – Elementos básicos de um sistema de radar. Fonte: Adaptada de Ulaby et al. (1981), p. 34. 4.1 Equação Radar A equação radar fornece uma relação matemática muito importante para o processo de geração de imagens de radar. Ela permite inferir a seção reta radar de cada um dos pixels da imagem através de: • parâmetros do sistema radar; • parâmetros do alvo; • ruído; • efeitos de propagação e • meio de propagação. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 32 Considerando-se a potência média transmitida pelo radar como sendo Pt e utilizando- se uma antena omnidirecional (isotrópica), a potência média por unidade de área a uma distância R do radar é igual à potência transmitida dividida pela área da superfície de uma esfera imaginária de raio R. Assim sendo, tem-se: D P Ri t= 4 2π , ( 4.1 ) onde Di é a densidade de potência para uma antena isotrópica. Radares, porém, usualmente se utilizam de antenas anisotrópicas (diretivas) para canalizar o máximo da potência transmitida Pt em alguma direção particular. Neste caso, ganho de transmissão Gt de uma antena é uma medida da potência que é aumentada na direção do alvo, se comparada com a potência que seria irradiada por uma antena isotrópica. O ganho pode ser definido como a razão da máxima intensidade irradiada da antena em questão, pela intensidade irradiada por uma antena isotrópica, sem perda, com a mesma potência de entrada. Desta forma, a densidade de potência no alvo a partir de uma antena direcional com ganho de transmissão Gt é: D PG Rni t t= 4 2π , ( 4.2 ) onde Dni é a densidade de potência para uma antena diretiva. Quando um alvo é iluminado pelo radar, parte da potência incidente retorna na direção do radar. Tal fenômeno é definido como retroespalhamento e é uma função complexa de parâmetros físicos do alvo. A forma, o tamanho e o material do alvo são fatores determinantes para o retroespalhamento da onda EM. Para simplificar o equacionamento, todos esses fatores são aglutinados em um único parâmetro σ, denominado “Seção Transversal Radar” do alvo. Tal parâmetro é uma característica intrínseca ao alvo e representa o tamanho como ele é visto pelo radar. Assim sendo, para uma dada área, tem-se, agora, a potência P irradiada na direção do radar, a qual pode ser definida da seguinte forma: 2 tt R4 GP P π σ = ( 4.3 ) Como o sinal retorna ao radar, a densidade de potência do eco no radar fica sendo: Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 33 ( )224 R GP D tte π σ = ( 4.4 ) onde De é a densidade de potência do eco no radar. A antena do radar, porém, detecta apenas parte da potência deste eco. Se a área efetiva de coleta da antena de recepção é A, a potência Pr do eco que chega ao radar é: ( )22 tt r R..4 .A.G.PP π σ = ( 4.5 ) Esta é a forma fundamental da equação do radar. Note-se que, dois parâmetros importantes da antena são o ganho de transmissão e a área de recepção. A teoria das antenas fornece a seguinte relação entre o ganho da antena e a área efetiva: 2 A..4G λ π = ( 4.6 ) Ora, admitindo-se que a antena de transmissão é a mesma que a de recepção (normalmente é o caso), temos Gt = Gr = G e At = Ar = Ae. Substituindo estas relações na equação ( 4.5 ), obtém-se: P P A Rr t e= 2 2 44 σ πλ ou P PG Rr t= 2 2 3 44 σλ π( ) , ( 4.7 ) onde duas formas são apresentadas, uma em termos de ganho da antena e outra em termos de área da antena. Neste caso, o radar é dito monostático, pois a antena de transmissão é a mesma de recepção. Caso o radar fosse bistático (antenas distintas para transmissão e recepção), a equação seria: P PG A R Rr t t r t r = σ π( ) . 4 2 2 2 ( 4.8 ) 4.2 Resolução Espacial do Radar A geometria de aquisição utilizada constitui um fator preponderante no cálculo das resoluções dos sistemas de radar. Enquanto sensores ópticos gravam uma faixa de terreno fotograficamente – seja quadro a quadro, seja linha a linha – os radares Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 34 imageadores processam seus dados em função do tempo decorrido entre o sinal de ida e o eco dele decorrente. Esta condição, como ilustra a Figura 4.3, gera, para os radares imageadores, um problema insolúvel de ambigüidade de distâncias e intervalos de tempo. Os pares de alvos A1/A5 e A2/A4 aparecem agrupados por estarem à mesma distância do sensor. O efeito seria semelhante ao de se projetar uma imagem ótica superposta a uma outra. Figura 4.3 – Ambigüidade no imageamento por radar com visada vertical. Destaforma, a visada lateral – utilizada por alguns sistemas sensores ópticos, mas por outros motivos que não ambigüidade – é empregada por radares imageadores para a solução de tal problema (Figura 4.4). Assim, ecos provenientes de diferentes alvos na superfície não têm suas posições confundidas em função da recepção simultânea dos mesmos pelo sistema sensor. Neste tipo de geometria são definidas duas dimensões básicas e dois ângulos: linha de visada ("slant range"), distância no solo ("ground range"), ângulo de depressão (ϕ) e ângulo de incidência (θ). t tt 0 1 2 nadir linha de visada distância no solo θ ϕ . Figura 4.4 – O imageamento com visada lateral e suas dimensões básicas. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 35 A determinação da distância no solo depende apenas do conhecimento prévio da geometria do sistema, como se pode notar na Figura 4.4. A determinação da linha de visada (LV), entretanto, é feita a partir da diferença de tempo entre a emissão e a recepção do pulso radar (∆t), considerada a velocidade da luz (c), como se segue: LV t= c∆ 2 . ( 4.9 ) Um radar de visada lateral proporciona três tipos distintos de resolução: resolução na linha de visada rLV ("slant range resolution"), resolução transversal rt ("cross-track" ou "ground range resolution") e resolução em azimute ra ("along-track" ou "azimuth resolution"). A Figura 4.5 mostra a geometria detalhada para a determinação dessas resoluções para o radar de abertura real, que será estudado a seguir. l R r = c 2 τ β θ τ β β θ sen faixa de varredura r r c 2 h h ha LV t = = R v Figura 4.5 – Parâmetros de resolução da imagem do radar. Fonte: Adaptada de Ulaby et al. (1981), p. 46. 4.3 Radar de abertura real (RAR) Este sistema é o mais simples e sua resolução em azimute é uma função da distância entre o radar e o alvo (linha de visada) e do diagrama de irradiação horizontal da antena. O termo abertura real deve-se, justamente, a essa dependência da antena. Nos radares aerotransportados de visada lateral, a antena é disposta de forma a direcionar seus pulsos perpendicularmente à linha de vôo, sendo possível produzir um feixe largo verticalmente e estreito horizontalmente. Geralmente, são utilizadas grandes antenas fixadas à lateral da aeronave. A imagem é produzida com o movimento da aeronave em relação à área a ser imageada. Um pulso curto é transmitido do radar e, quando incide sobre um alvo, uma Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 36 parte do sinal retorna para o radar. O eco recebido a cada pulso é amostrado e corresponde a uma linha da imagem radar. A seqüência de pulsos é ajustada para estar em sincronismo com o movimento da aeronave. Assim, quando a aeronave se deslocar o equivalente a uma largura de feixe, o sinal de retorno será proveniente de uma faixa de solo diferente e adjacente. A seqüência de sinais, que é formada com o deslocamento da aeronave, forma a imagem de radar. A Figura 4.6 ilustra o diagrama esquemático de como é feita uma coleta de imageamento por radar. Vegetação rasteira, solo exposto, etc. início da varredura caminhão árvores sombra água barranco fim da varredura feixe de varredura antena árvores caminhão barranco sombra água transmissor/receptor gravador monitor tempo (distância) amplitude de vídeo Figura 4.6 – Diagrama esquemático de um imageamento com radar. Fonte: Adaptada de Ulaby et al. (1981), p. 43. A resolução desse tipo de sistema é limitada pela dependência entre a distância do alvo e a abertura da antena e está vinculada a dois parâmetros principais: largura horizontal do feixe βh e duração do pulso τ (veja a Figura 4.5). A largura horizontal do feixe é dada em radianos e é aproximadamente o valor da razão entre o comprimento de onda λ e o comprimento da antena l utilizados, como se segue: l λ ≅βh (rad) ( 4.10 ) A resolução em azimute ar é igual ao arco correspondente a βh, em função da distância da linha de visada R, dada por: Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 37 ha Rr β= ( 4.11 ) Como R = h/cos(θ ) (onde h é a altura de vôo), tem-se: ( )θ β cos hr ha = ( 4.12 ) Observa-se que, quanto mais distante o sensor, maior será o arco correspondente e, conseqüentemente, pior a resolução em azimute. Para um pulso de duração τ, a resolução na linha de visada é dada por: 2 τcrLV = ( 4.13 ) A resolução transversal tr nada mais é que a projeção da resolução na linha de visada LVr no solo, dada por: ( )θ τ sen2 crt = ( 4.14 ) Assim sendo, quanto mais curta for a duração do pulso, melhor será a resolução transversal. A restrição na obtenção deste pulso, porém, está no fato de que, quanto mais curto ele for, maior será a potência de pico exigida do sistema, para manter-se a mesma potência média. Por causa dos parâmetros sen(θ ) e cos(θ), as resoluções de um RAR em azimute e transversal são função do ângulo de incidência θ e, conseqüentemente, da linha de visada. Desta forma, tr é degradada nas distâncias menores, enquanto ar é degradada nas distâncias maiores. Isto faz com que a forma do pixel seja alongada na direção transversal ("cross-track") para pequenas distâncias e na direção longitudinal ("along- track") para longas distâncias. Portanto, ao se especificar a resolução de um radar, pode- se utilizar a largura de feixe e a resolução na linha de visada para descrever o desempenho do sistema, ao invés de determiná-la como sendo de alguns metros. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 38 ângulo de incidência ( ) Distância no solo (Km) 80 70 60 50 40 30 25 20 2015 10 105 0 0 R e s o o l u ç ã ou (m) (graus) θ θ a t r r resolução em azimute ( ) resolução transversal ( ) Figura 4.7 – Exemplo de resolução RAR com os seguintes parâmetros: h = 7,5 km, τ = 100 ns e βh = 3 mrad (0,17º). Fonte: Adaptada de Ulaby et al. (1982), p. 572. 4.4 Radar de Abertura Sintética (SAR) O Radar de Abertura Sintética é um sistema que, através do processamento dos sinais recebidos pelo radar e armazenados na memória, cria uma antena virtual centenas de vezes maior que seu tamanho físico, permitindo obter resoluções em azimute muito melhores e independentes da distância do alvo. O conceito de abertura sintética foi desenvolvido para solucionar o problema de resolução espacial apenas na direção paralela à trajetória do sensor radar, denominada de “azimute”. Entretanto, os sistemas SAR são concebidos para fornecer resoluções equivalentes, tanto em azimute, como em alcance. O refinamento da resolução em alcance é possibilitado pelo alargamento da largura de banda do pulso transmitido pelo radar. Uma imagem SAR é um mapeamento bidimensional do sinal recebido pelo radar. A intensidade de cada pixel deriva da energia do sinal recebido da área correspondente a ele na imagem. A Figura 4.8 apresenta um exemplo de uma imagem SAR. A imagem original possui 1000x1000 pixels, com distância entre pixels de 5m, correspondendo a uma área de 5x5 km, com resolução de 6 m nos dois eixos. A plataforma estava do lado esquerdo, deslocando-se de cima para baixo. O ponto mais brilhante próximo ao centro da imagem corresponde a um alvo com refletividade muito elevada, causando saturação ao seu redor. Sensoriamento Remoto por Microondas Divisão de Sensoriamento Remoto 39 Figura 4.8 – Imagem SAR do campo de provas da Ford, Detroit – MA. A seguir são apresentados os principais parâmetros que definem a geometria de aquisição e a abertura sintética. 4.4.1 Abertura Sintética A abertura sintética é a essência do processamento SAR. Assim como no radar de abertura real, vários pulsos são transmitidos para gerar uma imagem. A diferença ocorre na forma como o sinal eco é processado. Para criar uma rede de antenas virtual, o radar deve emitir
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