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livro Geografia do Brasil

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Prévia do material em texto

2018
GeoGrafia do Brasil
Regina Luiza Gouvea
Talita Cristina Zechner Lenz
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Regina Luiza Gouvea
Talita Cristina Zechner Lenz
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
918.81
G719g Gouvea, Regina Luiza
 Geografia do Brasil / Regina Luiza Gouvea; Talita 
Cristina Zechner Lenz Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 
 222 p. : il.
 
 ISBN 978-85-515-0148-1
 
 1.Geografia - Brasil. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
III
apresentação
Olá, acadêmico!
Inicia-se a disciplina Geografia do Brasil.
Ao cursar esta disciplina, você compreenderá o processo de 
construção do território brasileiro, território fisiograficamente distinto, cuja 
história também ocorreu de modo igualmente diferenciado. Ao conhecer a 
posição do Brasil no mundo e na América do Sul, você compreenderá porque 
o território apresenta diferentes paisagens naturais, resultado, dentre outros 
fatores, da variação da incidência da luz solar e a importância atribuída ao 
aproveitamento desta luz solar para a economia do país. As diferentes fontes 
de energia geradas e consumidas no país também são um tema explorado 
neste livro de estudos.
Na Unidade 2 deste livro didático, você irá estudar a geografia 
da população brasileira. Inicialmente será explicado porque os estudos 
populacionais compõem uma área de estudo da geografia e quais elementos 
são levados em conta neste tipo de análise. Posteriormente será analisado o 
processo de formação da população brasileira. Neste sentido, serão discutidos 
temas como miscigenação e diversidade cultural. Avançando nos estudos 
sobre o processo de formação do povo brasileiro, vamos estudar alguns 
aspectos relevantes relacionados à dinâmica demográfica da população 
brasileira ao longo das últimas décadas. Na sequência serão analisados 
aspectos recentes da dinâmica populacional no contexto brasileiro. A ênfase 
será destacar quais são os movimentos mais relevantes no tocante à dinâmica 
populacional recente no Brasil e quais fatores são responsáveis por estimular 
a “saída” ou a “retenção” de parcelas significativas da população brasileira. 
Na Unidade 3, o tema central serão as redes geográficas. Para começar 
a unidade, será discutido o conceito de redes no campo da Geografia, e na 
sequência, será analisada a rede urbana brasileira. Ainda, nesta unidade ,você 
vai conhecer o conceito de regiões de influência e sua relevância para os 
estudos geográficos atuais. Ao fim da Unidade 3, a temática a ser estudada é 
a rede de transportes no Brasil, incluindo os distintos modais de transportes 
e seus impactos e entrelaçamentos em diversos setores econômicos e, por 
conseguinte, sua imbricação com outras disciplinas.
Desejamos que sua caminhada de estudos seja profícua e proveitosa!
Prof.ª Regina Luiza Gouvea
Prof.ª Talita Cristina Zechner Lenz
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO MUNDIAL E AS PAISAGENS ................... 1
TÓPICO 1 – O BRASIL E O MUNDO ................................................................................................. 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 A FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL ................................................................................ 3
2.1 A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO ...................................................................... 3
2.2 EVOLUÇÃO ADMINISTRATIVA DO BRASIL .......................................................................... 13
 3 O BRASIL E O MUNDO ................................................................................................................... 17
3.1 POSIÇÃO DO BRASIL NO GLOBO TERRESTRE ..................................................................... 20
3.2 O BRASIL NA AMÉRICA DO SUL .............................................................................................. 22
3.3 FUSOS HORÁRIOS ........................................................................................................................ 26
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 30
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 31
TÓPICO 2 – AS PAISAGENS NATURAIS DO BRASIL ................................................................. 33
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 33
2 OS GRANDES DOMÍNIOS PAISAGÍSTICOS BRASILEIROS ................................................. 33
2.1 DOMÍNIO DAS TERRAS BAIXAS FLORESTADAS DA AMAZÔNIA .................................. 35
2.2 DOMÍNIO DAS DEPRESSÕES INTERPLANÁLTICAS SEMIÁRIDAS DO NORDESTE .... 36
2.3 DOMÍNIO DOS “MARES DE MORROS” FLORESTADOS ..................................................... 37
2.4 DOMÍNIO DOS CHAPADÕES CENTRAIS RECOBERTOS POR CERRADOS, 
CERRADÕES E CAMPESTRES E PENETRADOS POR FLORESTA GALERIA .................... 38
2.5 DOMÍNIO DOS PLANALTOS DE ARAUCÁRIAS .................................................................... 39
2.6 DOMÍNIO DAS PRADARIAS MISTAS DO RIO GRANDE DO SUL ...................................... 40
3 A BASE GEOLÓGICA DO RELEVO BRASILEIRO ..................................................................... 41
4 BIOMAS DO BRASIL .......................................................................................................................... 43
5 CLIMA .................................................................................................................................................... 45
6 HIDROGRAFIA ................................................................................................................................... 52
6.1 BACIAS HIDROGRÁFICAS DO BRASIL ...................................................................................53
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 59
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 60
TÓPICO 3 – FONTES DE ENERGIA ................................................................................................... 63
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 63
2 ENERGIA HIDRÁULICA .................................................................................................................. 64
3 PETRÓLEO E DERIVADOS .............................................................................................................. 66
3.1 GÁS NATURAL .............................................................................................................................. 69
3.2 CARVÃO NATURAL ...................................................................................................................... 70
4 BIOCOMBUSTÍVEL ........................................................................................................................... 71
5 ENERGIA NUCLEAR .......................................................................................................................... 73
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 75
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 76
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 77
sumário
VIII
UNIDADE 2 – GEOGRAFIA E POPULAÇÃO: UM OLHAR SOBRE A FORMAÇÃO 
DA POPULAÇÃO BRASILEIRA E AS DINÂMICAS POPULACIONAIS 
RECENTES..................................................................................................................... 79
TÓPICO 1 – A POPULAÇÃO BRASILEIRA ...................................................................................... 81
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 81
1.1 A RELAÇÃO ENTRE GEOGRAFIA E POPULAÇÃO ............................................................... 81
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 87
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 88
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 89
TÓPICO 2 – FORMAÇÃO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA E DIVERSIDADE CULTURAL ....... 91
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 91
1.1 A FORMAÇÃO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA E O PROCESSO DE MISCIGENAÇÃO ..... 91
1.2 A CONFIGURAÇÃO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA E AS DINÂMICAS 
POPULACIONAIS ........................................................................................................................... 99
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 108
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 109
TÓPICO 3 – DINÂMICAS POPULACIONAIS RECENTES NO CONTEXTO BRASILEIRO ........ 111
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 111
2 APORTES CONCEITUAIS ................................................................................................................. 112
2.1 MIGRAÇÃO ..................................................................................................................................... 112
2.2 TIPOS DE MIGRAÇÃO .................................................................................................................. 113
2.3 MIGRANTE ...................................................................................................................................... 115
2.4 EMIGRANTE .................................................................................................................................... 115
2.5 IMIGRANTE ..................................................................................................................................... 115
2.6 MOVIMENTOS PENDULARES .................................................................................................... 117
2.7 ARRANJOS POPULACIONAIS .................................................................................................... 120
3 O CONTEXTO DAS MIGRAÇÕES NO BRASIL .......................................................................... 127
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 133
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 134
TÓPICO 4 – APONTAMENTOS SOBRE AS IMIGRAÇÕES INTERNACIONAIS 
 RECENTES NO BRASIL ................................................................................................. 135
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 135
2 QUAIS SÃO OS FATOS MARCANTES NA ATUALIDADE NO ÂMBITO DAS 
IMIGRAÇÕES INTERNACIONAIS? ............................................................................................... 135
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 141
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 147
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 148
UNIDADE 3 – ESTUDOS DA REDE URBANA BRASILEIRA, DAS REGIÕES DE 
INFLUÊNCIA E DAS REDES DE TRANSPORTE NO BRASIL ......................... 149
TÓPICO 1 – NOTAS SOBRE O USO DO TERMO “REDE” ........................................................... 151
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 151
2 DISCUTINDO O CONCEITO DE REDES ...................................................................................... 151
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 155
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 156
IX
TÓPICO 2 – A REDE URBANA BRASILEIRA .................................................................................. 157
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 157
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 168
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 169
TÓPICO 3 – O ESTUDO DAS REGIÕES DE INFLUÊNCIA ..........................................................171
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 171
1.1 O QUE SÃO REGIÕES DE INFLUÊNCIA DAS CIDADES - REGIC? ..................................... 171
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 181
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 182
TÓPICO 4 – AS REDES DE TRANSPORTES NO BRASIL ............................................................ 183
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 183
1.1 DEFINIÇÕES CONCEITUAIS ....................................................................................................... 183
1.2 TRANSPORTE FERROVIÁRIO ..................................................................................................... 185
1.3 TRANSPORTE RODOVIÁRIO ...................................................................................................... 189
1.4 TRANSPORTE HIDROVIÁRIO .................................................................................................... 195
1.5 TRANSPORTE AEROVIÁRIO ....................................................................................................... 201
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 207
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 210
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 212
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 213
X
1
UNIDADE 1
BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO 
MUNDIAL E AS PAISAGENS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• compreender o processo de construção do território brasileiro;
• conhecer a posição do Brasil no mundo e na América do Sul;
• compreender a história do surgimento dos fusos horários no Brasil e no 
mundo;
• explicar os fatores que servem de referência para afirmar que o Brasil é um 
país continental;
• conhecer os domínios paisagísticos do país, assim como diferentes classi-
ficações climáticas;
• conhecer as diferentes fontes de energia gerada e consumida no país.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – O BRASIL E O MUNDO
TÓPICO 2 – AS PAISAGENS NATURAIS DO BRASIL
TÓPICO 3 – FONTES DE ENERGIA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
 O BRASIL E O MUNDO
1 INTRODUÇÃO
O Brasil é um país de grandes dimensões territoriais. Possui uma 
superfície de 8.515.759,090 km2 e 5.570 municípios (IBGE, s.d.). Essa grande 
extensão territorial, segundo Santos e Silveira (2003), é uma das características 
mais marcantes do país, mas não é a única.
Outra característica marcante do território brasileiro é seu clima. O Brasil 
é considerado um país tropical e, segundo Sachs (2010), países tropicais possuem 
uma grande biodiversidade e climas propícios à produção de biomassa, com 
exceção dos locais onde as restrições hídricas não criam obstáculo. Porém, apesar 
da riqueza de recursos dos países tropicais, Sachs (2010) ressalta que é importante 
que estes possam remediar a crise social e o déficit de oportunidades de trabalho 
decente. Mas este é um assunto para outro momento.
Vamos estudar agora a formação territorial do Brasil.
2 A FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL 
Acadêmico! Neste tópico, você entenderá, de forma sucinta, o processo 
de formação de território brasileiro, desde a colonização até a configuração atual, 
assim como a evolução administrativa do país. 
É importante que você aprofunde seus conhecimentos, recorrendo à 
literatura empregada na elaboração deste tópico, referenciada no final desta 
unidade, dentre eles, Milton Santos e Antonio Carlos Robert Moraes.
2.1 A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO 
Após a colonização do Brasil, durante os primeiros quatro séculos, 
as áreas de domínio português e brasileiro se ampliaram com a conquista dos 
sertões. A ultrapassagem da linha de Tordesilhas, o avanço na Bacia Amazônica, a 
modificação das fronteiras na Bacia do Prata e a conquista do Acre determinaram 
os lineamentos do mapa do país. Assim, desse ponto de vista, segundo Santos e 
Silveira (2003), o século XX foi marcado por um período de estabilidade.
UNIDADE 1 | BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO MUNDIAL E AS PAISAGENS
4
Para os referidos autores, é desse modo que hoje o Brasil dispõe de um 
território fisiograficamente distinto, com uma grande diversidade de sistemas 
naturais sobre os quais a história foi acontecendo de um modo igualmente 
diferenciado. Santos e Silveira (2003) ainda ressaltam que a conquista de áreas feitas 
por atividades econômicas modernas (ciclos da economia) mostra a escolha, em 
cada período, de áreas diversas de implantação. Inicialmente o litoral é ocupado, 
seguindo-se as diversas frentes pioneiras. Contudo, somente na segunda metade do 
século XX é que o nosso território pôde ser considerado inteiramente apropriado, 
apesar de descontinuidades do território, principalmente na região amazônica. 
Só para recordar, a primeira divisão interna do Brasil foi realizada 
a partir da doação de 14 capitanias hereditárias, entre os anos de 1534 a 1536. 
Os donatários eram, em sua maior parte, originários da baixa nobreza e eram 
responsáveis economicamente pela empresa colonizatória (IBGE, 2011). 
A materialização deste modo de produção no espaço geográfico pode ser 
observada na figura a seguir:
FIGURA 1 – A ECONOMIA E O TERRITÓRIO NO SÉCULO XVI
FONTE: Adaptado de Thèrry e Melo (2005)
Meridiano de Tordesillas
Pau-brasil
Cana-de-açúcar
Pecuária
Limites das capitanias hereditárias
Capitanias reais
Cidades e vilas
Cananéia
Fonte: baseado em Manoel Maurício de 
Albuquerque, Atlhas histórico. © HT-2003 MGM-Libergéo
S
N
O L
São Paulo
Sra. da Conceição de Itanhaém
Santos São Sebastião do Rio de Janeiro
N. Sra. da Vitória
Porto Seguro
Santa Cruz
São Joige dos Ilhéus
Salvador
São Cristóvão
Olinda
Filipéia
Natal
Espírito Santo
0 573 km
TÓPICO 1 | O BRASIL E O MUNDO
5
Segundo Moraes (2001), para entender a formação do território brasileiro 
é necessário entender o que se passava na Europa naquele momento e, por outro 
lado, comparar com a forma como se deu a colonização na América Latina. Para o 
autor, ao realizar um estudo dos países de formação colonial, a dimensão espacial 
ganha um peso muito maior pela seguinte razão: a colonização é uma relação 
sociedade-espaço. 
Então, eis a indagação do autor: na verdade, o que é colonização? Para 
Moraes (2001), colonização é a relação entre uma sociedade que se desenvolve e 
os lugares onde ocorre esse desenvolvimento. Ela é, em si mesma, uma conquista 
territorial. A colonização diz respeito a uma anexação de território ao seu 
patrimônio territorial. A situação colonial apresenta uma relação entre sociedade 
e espaço, com interesse à própria conquista do espaço. Portanto, para o referido 
autor, a colônia pode ser percebida como a efetivação da conquista territorial. É 
a internalização do agente externo, que implica na consolidação desse domínio 
territorial, na apropriação de terras, na submissão das populações defrontadas, 
assim como na exploração dos recursos presentes no território colonial. Segundo 
Moraes (2001),a noção de conquista pode explicar tudo isso, o que traz o traço de 
violência comum em todo período colonial. 
As três dimensões na formação dos territórios destacadas por Moraes 
(2001) são: 
• o território é uma construção bélica/militar; 
• é uma construção jurídica; 
• é uma construção ideológica. 
Esse processo não acontece necessariamente nessa sequência, conforme 
Moraes (2001) destaca. Então, vamos esclarecer melhor os diferentes tipos de 
formação dos territórios. Há casos em que:
• primeiramente vem o pleito ideológico, seguido da conquista militar, depois a 
legalização jurídica;
• primeiramente se faz a legalização política e depois a efetivação da conquista 
militar, como o caso de Israel;
• primeiramente se faz a conquista e depois se impõe um processo ideológico de 
afirmação da nova identidade;
• o ideológico antecede e anima esse processo.
Agora vamos conhecer as bases da formação do território brasileiro, 
descrita por Antônio Robert de Moraes. Moraes é graduado em Geografia e 
Ciências Sociais e possui livre docência em Geografia Humana pela Universidade 
de São Paulo. Trabalhou nas áreas de Metodologia e História da Geografia, 
publicando mais de uma dezena de livros sobre o tema e também atuou no campo 
das políticas territoriais dentro e fora do Brasil. 
UNIDADE 1 | BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO MUNDIAL E AS PAISAGENS
6
Para compreender melhor o tema, leia o texto do referido autor intitulado “Bases 
da formação territorial do Brasil”.
ATENCAO
De acordo com Moraes (2001), a princípio, o Brasil não possuía atrativos. 
Ele foi descoberto para ser esquecido. Portanto, não seria correta a ideia de que o 
colonizador chegou aqui para se apropriar de alguma coisa que estava disponível. 
Isso se justifica pela ausência de um investimento de capitais, inclusive, as 
capitanias que obtiveram êxito foram aquelas que tiveram disponibilidade de 
capital para empreender na colônia. 
E a ocupação do território, como se deu?
Foi por volta de 1570 que começou o período definido pelos historiadores 
como o século do açúcar no Brasil, que ocasionou a primeira ocupação.
FIGURA 2 – BRASIL COLÔNIA – CICLO DA CANA-DE-AÇÚCAR 
FONTE: Disponível em: <http://hstparatodolado.blogspot.com.br/2011/07/
conjuntura-do-ciclo-da-cana-de-acucar.html>. Acesso em: 31 jul. 
2017.
Em 1580, a Coroa portuguesa foi reivindicada pelo rei espanhol e o Brasil 
passou a ser uma colônia da Espanha. Segundo Moraes (2001), isso não é muito 
divulgado na história brasileira. Bem como menciona o referido autor, isso deve 
ter provocado alguma consequência. Mas qual?
Diante deste cenário, o Tratado de Tordesilhas deixou de fazer sentido, 
pois, de um lado havia súditos do rei da Espanha e, do outro, também. Assim, 
TÓPICO 1 | O BRASIL E O MUNDO
7
uma linha que não serve para demarcar nada, não tem sentido. Contudo, se a 
unificação das coroas ibéricas não tivesse ocorrido, dificilmente o mapa brasileiro 
seria o atual. Nos 1960 anos de unificação, houve pessoas que nasceram, viveram 
e morreram num Brasil hispânico. Este foi um período de grande expansão 
territorial e de segmentação da soberania portuguesa sobre o território brasileiro.
E por falar na expansão do território, o autor salienta que, ao norte, a 
expansão ocorreu em função da expulsão dos franceses do Maranhão, quando 
tropas saíram de Pernambuco e foram esquadrinhando o litoral cearense até São 
Luís para expulsá-los. A fundação de Belém ocorreu neste contexto, em 1616, 
originando uma situação típica da geopolítica: quem domina a foz de um rio 
tem condições de dominar a bacia inteira, e foi o que consumou na história da 
Amazônia.
E quanto ao índio que habitava o território brasileiro?
Segundo Moraes (2001), essa foi uma situação interessante, em que a 
Igreja discutia se o índio era gente ou não, até que o Concílio de Trento chegou à 
conclusão de que o índio era gente. Então outra questão foi levantada: eles podiam 
ser escravizados ou não, pois a escravidão era vista como uma espécie de castigo 
àqueles que eram desleais. Mas este não é um assunto que será discutido neste 
item. Vamos prosseguir com os estudos de Moraes voltados para a expansão do 
território brasileiro.
A expansão territorial continua e com isso houve também fracionamento 
da soberania, com a invasão holandesa. O auge do domínio holandês no Brasil 
foi o momento da restauração portuguesa. Os holandeses dominavam desde o 
Maranhão até a barranca do São Francisco, praticamente toda a Zona da Mata.
Na metade do século XVII, Portugal voltou a existir como reino autônomo. 
O Brasil estava fracionado e assim permaneceu naquele momento. Este período 
foi marcado pelo processo de recuperação da soberania portuguesa sobre essas 
terras divididas. Somente ao final do século XVII, a soberania sobre o território 
brasileiro estava definida, quando a soberania portuguesa se recompôs, se 
consolidou e se expandiu. 
Um fenômeno fundamental para o processo da formação territorial 
ocorreu na última década do século XVII: a descoberta do ouro, pois levou a 
uma maior interiorização da colonização. Além de contribuir com a formação 
do território brasileiro, a mineração foi uma atividade urbanizadora, porque em 
qualquer lugar de ocorrência de mineração surgiam cidades, gerando assim a 
primeira rede de cidades do Brasil. 
Em função da demanda da mineração, a pecuária avançou, chegando às 
barrancas do Araguaia e do Tocantins no início do século XVIII. A pecuária nos 
campos de São Pedro, sul do Brasil, também se voltou para o abastecimento da 
zona mineira. A segunda metade deste século, entre 1700 a 1750, é marcada pelo 
UNIDADE 1 | BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO MUNDIAL E AS PAISAGENS
8
ouro pelos tratados internacionais que legitimaram as fronteiras: como o Tratado 
de Madri e o Tratado de Santo Idelfonso, que praticamente definiram as atuais 
fronteiras do Brasil. O auge da crise do sistema colonial inicia-se a partir de 1750. 
As Figuras 3, 4, 5 e 6 são ilustrações do Brasil colônia.
FIGURA 3 – DETALHE DE SANTOS - 1765/1775 - “VILLA E PRAÇA DE 
SANTOS”
FONTE: Reis Filho (2007)
FIGURA 4 – ALBERT DUFOURCQ (DETALHE DA BAÍA DE TODOS OS 
SANTOS, ANTIGA CAPITAL DO BRASIL-1782)
FONTE: Reis Filho (2007)
TÓPICO 1 | O BRASIL E O MUNDO
9
FIGURA 5 - DUCHÉ DE FARNEY (DETALHE DE FLORIANÓPOLIS – 
NOSSA SENHORA DO DESTERRO – 1785 – “VISTA DA ILHA 
DE SANTA CATARINA”)
FONTE: Reis Filho (2007)
FIGURA 6 - FRANCISCO ANTÔNIO MARQUES GIRALDES - DETALHE 
DE FORTALEZA - 1811 - “PERSPECTO DA VILLA DA 
FORTALEZA DE N. SNR. D’ASSUMPÇÃO OU PORTO DO 
SEARÁ”
FONTE: Reis Filho (2007)
UNIDADE 1 | BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO MUNDIAL E AS PAISAGENS
10
Moraes (2001) destaca que é muito importante analisar a própria questão da 
independência. Para o autor, dificilmente se entenderia a independência brasileira 
sem considerar um aspecto central do ponto de vista da formação territorial: 
a existência de grandes fundos territoriais no momento da independência. No 
momento da independência, apenas 1/5 do território ocupado, no Brasil, era 
ocupado pela economia colonial. O restante eram fundos territoriais. 
FIGURA 7 – VICE-REINO DO BRASIL
FONTE: IBGE (2011)
O final do século XVIII foi marcado por revoltas no Brasil visando à 
separação da Metrópole. As conjurações abaixo são exemplos típicos dessas 
revoltas:
• conjuração de Minas Gerais (1789);
• conjuração do Rio de Janeiro (1794); 
• conjuração da Bahia (1798); 
• conjuração de Pernambuco (1801). 
TÓPICO 1 | O BRASIL E O MUNDO
11
Esses movimentos culminaram na independência do Brasil, em 1822, sem 
afetar o território brasileiro. Cabe ressaltar que o grande desafio enfrentado pelo 
Império (1822-1889) foi o de manter e consolidar a unidade territorial, superando 
as forças das inúmeras revoltas locais (IBGE, s.d.). A configuraçãodo território 
brasileiro para a época da independência pode ser observada na Figura 8.
FIGURA 8 – IMPÉRIO DO BRASIL
FONTE: IBGE (2011)
Em 1889, com a proclamação da República, as províncias do Império 
foram transformadas em estados da República Federativa do Brasil, mantendo 
as mesmas fronteiras. O Império do Brasil passou então a denominar-se Estados 
Unidos do Brasil, adotando o modelo americano de governo. O Decreto nº 1, de 
15 de novembro de 1889, previa que as províncias do Brasil estariam reunidas 
pelo laço da federação, constituídas a partir dali em Estados Unidos do Brasil 
(IBGE, 2011). Contudo, a região do Acre somente foi incorporada ao Brasil em 
1903, com a assinatura do Tratado de Petrópolis, negociado pelo Barão do Rio 
Branco (IBGE, s.d.). Observe a configuração do Brasil na época da proclamação 
da República.
UNIDADE 1 | BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO MUNDIAL E AS PAISAGENS
12
FIGURA 9 – BRASIL NA ÉPOCA DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
FONTE: IBGE (2011)
A Figura 10 mostra a atual configuração territorial do Brasil após a 
incorporação do Acre.
TÓPICO 1 | O BRASIL E O MUNDO
13
FIGURA 10 – TERRITÓRIO BRASILEIRO
FONTE: IBGE (2011)
2.2 EVOLUÇÃO ADMINISTRATIVA DO BRASIL 
Agora vamos conhecer um pouco sobre a evolução administrativa do 
Brasil, a partir de um trabalho produzido pelo IBGE, no ano de 2011, intitulado 
“Evolução da divisão territorial do Brasil 1872-2010”.
UNIDADE 1 | BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO MUNDIAL E AS PAISAGENS
14
Antes de iniciarmos o estudo baseado na obra mencionada e referenciada 
neste livro, leia o fragmento de texto extraído do site do IBGE, é importante destacar que 
a partir de 1872, ano de ocorrência do primeiro recenseamento com cobertura de todo o 
território nacional, o país apresentava uma situação consideravelmente estável no que se 
referia às províncias e às Unidades da Federação. Este período foi marcado pela ocorrência 
de algumas mudanças de nomes e de grafias. Algumas unidades foram criadas a partir da 
divisão de outras, principalmente na Região Norte do país. “A única exceção é o atual Estado 
do Acre, cujas terras pertenciam à Bolívia e, em 1903, foi anexado ao Brasil pelo Tratado de 
Petrópolis como Território Federal, tendo, em 1962, sido elevado à condição de Estado do 
Acre” (IBGE, 2011, s.p.).
IMPORTANT
E
Em 1872, como podemos observar, o Estado do Acre ainda não pertencia 
ao território brasileiro (Figura 11).
FIGURA 11 – BRASIL – 1872
FONTE: IBGE (2011)
De acordo com o IBGE (2011), em 13 de setembro de 1943 foram criados, 
pelo Decreto-Lei nº 5.812, cinco Territórios Federais: 
• Guaporé com área dividida dos Estados de Mato Grosso e Amazonas; 
• Rio Branco com área do Amazonas; 
• Amapá, originário do Estado do Pará; 
• Ponta Porã desmembrado do Mato Grosso; 
• Iguassu formado com terras do Paraná. 
TÓPICO 1 | O BRASIL E O MUNDO
15
O objetivo da criação desses territórios era atender à política do governo 
federal na defesa das fronteiras nacionais em regiões que, à época, se mostravam 
vulneráveis a invasões estrangeiras. Vamos conhecer suscintamente cada 
processo:
• o Território Federal de Guaporé teve sua designação alterada para Território 
Federal de Rondônia em 1956 e em 1982 foi elevado à categoria de Estado; 
• o Território Federal de Rio Branco passou a chamar-se Território Federal de 
Roraima em 1962 até 1988, quando a Constituição Federal o elevou a Estado de 
Roraima; 
• o Território Federal do Amapá conserva-se assim até 1988, quando foi 
transformado em estado federado pela Constituição Federal; 
• os territórios de Ponta Porã e Iguassu apresentaram uma duração curta, sendo 
extintos pela Constituição Federal de 1946.
O arquipélago de Fernando de Noronha, de grande beleza, em 1872, 
pertencia ao Império e era utilizado como presídio. Em 1891, o arquipélago 
passou ao domínio do Estado de Pernambuco, que manteve o mesmo uso. Em 
1938 tornou ao âmbito federal conservando a função. No dia 9 de fevereiro 
de 1942 foi elevado a Território Federal pelo Decreto-Lei nº 4.102. A condição 
administrativa de Território Federal foi mantida até 1988, quando a Constituição 
Federal o dirigiu à situação de distrito estadual de Pernambuco.
Durante o Império, a capital do Brasil situava-se na atual cidade do Rio de Janeiro, 
que, naquele período, localizava-se no Município Neutro. Com o surgimento da República, 
em 1889, este município foi transformado em Distrito Federal formado para abrigar a capital 
do País. Em 1960, com a criação da cidade de Brasília, o Distrito Federal foi transferido para 
o Planalto Central e o Distrito Federal foi transformado em Estado da Guanabara, também 
conhecida como Lei San Tiago Dantas, permanecendo até 1975, quando sofreu a fusão com 
o Estado do Rio de Janeiro. A mesma região, que abrigou a capital do País desde a chegada 
da Família Real ao Brasil em 1808, foi transformada no Município do Rio de Janeiro, retirando 
do Município de Niterói as funções políticas e administrativas que exercera durante muitos 
anos como capital estadual (IBGE, 2011).
IMPORTANT
E
Outras mudanças ocorreram na configuração do território nacional, como 
veremos a seguir. Podemos observar nos mapas dos anos de 1911 e 1950 (Figura 
12) que o Estado do Mato Grosso abrangia os atuais Mato Grosso e Mato Grosso 
do Sul. O antigo Estado de Mato Grosso foi dividido pela Lei Complementar nº 31, 
de 11 de outubro de 1977, gerando os Estados de Mato Grosso, que permaneceu 
com a capital Cuiabá, e Mato Grosso do Sul, que passou a ter como capital a 
cidade de Campo Grande. 
UNIDADE 1 | BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO MUNDIAL E AS PAISAGENS
16
FIGURA 12 – BRASIL 1911 (A) E 1950 (B)
FONTE: IBGE (2011)
A mais recente mudança no quadro das Unidades da Federação aconteceu 
com o antigo Estado de Goiás, que, por decisão da Constituição Federal de 1988, 
foi desmembrado, dando lugar aos Estados de Goiás, que permaneceu com a 
capital Goiânia, e do Tocantins, com capital na cidade de Palmas (Figura 13).
FIGURA 13 – BRASIL 1960(A) 1991(B)
FONTE: IBGE (2011)
Duas áreas do território brasileiro constituíram-se em áreas litigiosas: uma 
delas, entre os Estados do Piauí e Ceará, que surgiu na década de 1880, quando, 
por acordo entre as partes, o então Município de Amarração, atual Luís Correia, 
passou a pertencer ao Piauí em troca dos Municípios de Independência e Crateús; 
outra localiza-se entre os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, na serra dos 
TÓPICO 1 | O BRASIL E O MUNDO
17
Aimorés. Esta área apareceu pela primeira vez no mapa de 1940, tendo surgido 
provavelmente a partir da delimitação dos municípios exigida pelo Decreto-Lei 
nº 311, de 2 de março de 1938 (IBGE, 2011).
 3 O BRASIL E O MUNDO 
Como mencionado anteriormente, o Brasil é um país de grande extensão 
territorial. Sua superfície territorial é de 8.515.759,090 km2, ocupando a quinta 
posição entre os maiores países do mundo (Figura 14). Com uma área desta 
grandeza, apresenta uma diversidade de formas de relevo, clima e grande 
diversidade biológica. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o Brasil 
abriga a maior biodiversidade do planeta. Com uma abundante variedade de 
vida – mais de 20% do número total de espécies da Terra –, o Brasil se eleva ao 
posto de principal nação entre os 17 países megadiversos (BRASIL, 2018).
FIGURA 14 – PAÍSES MAIS EXTENSOS DO MUNDO
FONTE: Disponível em: <http://mapas.ibge.gov.br/escolares/publico-infantil/mundo.html>. 
Acesso em: 3 ago. 2017. 
Vamos conhecer as distâncias entre os pontos extremos do Brasil. Já que 
é um país de grandes dimensões, de ponta a ponta, espera-se que as distâncias 
também sejam consideráveis.
UNIDADE 1 | BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO MUNDIAL E AS PAISAGENS
18
Ao traçar-se uma linha reta no sentido norte-sul obtém-se 4.394,7 km, 
e no sentido leste-oeste, 4.319,4km. Mas, como sabemos, a superfície terrestre 
possui inúmeros acidentes geográficos, o que torna estas distâncias maiores. Em 
função destas distâncias, algumas viagens se tornariam exaustivas por terra e 
mais viáveis de avião. Para visualizar melhor, observe a Figura 15.
FIGURA 15 – PONTOS EXTREMOS DO BRASIL
FONTE: Disponível em: http://www.editoradobrasil.com.br/jimboe/galeria/imagens/index.
aspx?d=geografia&a=5&u=2&t=imagem. Acesso em: 6 ago. 2017.
Sobre os pontos extremos do país, uma reportagem da Revista 
Superinteressante, de Guilherme Campos, responde às seguintes questões:
TÓPICO 1 | O BRASIL E O MUNDO
19
1. Quais são eles, ao norte e ao sul?
Diversamente do que muitos pensam, o Brasil não vai do Oiapoque ao Chuí 
– mas do Caburaí, no Estado de Roraima, ao Chuí, no Rio Grande do Sul. O 
extremo norte verdadeiro fica na divisa entre o Brasil e a Guiana, no alto do 
monte Caburaí, que possui 1.456 metros de altitude.
2. Por que o engano?
Até o século XVIII, a fronteira em Roraima não havia sido delimitada. Como 
a cartografia tinha o mar como referência, o Oiapoque (Amapá), ponto mais 
setentrional da costa brasileira, era citado como o ponto extremo do norte do 
país. Assim, a expressão “do Oiapoque ao Chuí” ganhou fama e perdura até 
os dias atuais, ainda que nos mapas oficiais conste o monte Caburaí.
3. Como se determina onde termina um país e começa outro?
Quando há um rio separando os territórios, fica simples. Caso contrário, 
satélites e GPS (Sistema de Posicionamento Global) auxiliam na tarefa. Todavia 
é necessário que uma comitiva com representantes dos dois lados visite o 
local e eles cheguem a um consenso, para que não haja conflitos posteriores. 
Além de serem registradas as coordenadas desses pontos, são erguidos 
monumentos que indicam a localização exata das linhas demarcatórias.
A reportagem da revista Superinteressante está disponível em: <https://super.
abril.com.br/comportamento/extremos-do-brasil/>. Acesso em: 20 ago. 2017.
ATENCAO
Como é possível observar no mapa dos pontos extremos do Brasil, o 
país possui também uma grande extensão de fronteiras terrestres com alguns 
países da América do Sul, além de um litoral bastante extenso: entre 7.000 e 9.000 
quilômetros. 
Os pontos extremos do território do Brasil são:
 ao Norte – o Rio Ailã, em Roraima, na divisa com a Guiana;
 ao Sul – o Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul;
 a Leste – a Ponta do Seixas, na Paraíba;
 a Oeste – Rio Moa, no Acre, na divisa com o Peru.
Algumas informações sobre os estados e municípios brasileiros foram 
pontuadas pelo IBGE (2017). Vamos ver quais são. De acordo com o referido 
instituto:
UNIDADE 1 | BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO MUNDIAL E AS PAISAGENS
20
1. O maior estado brasileiro continua sendo o Amazonas, com 1.559.146,876 
km², superando a soma dos territórios das regiões Sul e Sudeste. O menor 
estado é Sergipe, com 21.918,443 km², e o Distrito Federal apresenta área de 
5.779,997 km².
2. O maior município brasileiro é Altamira, no Pará, com 159.533,328 km², e 
dimensão territorial que supera vários estados brasileiros.
3. O município mineiro de Santa Cruz de Minas, com extensão de 3,565 km², é 
o menor do país, acompanhado de Águas de São Pedro, em São Paulo, com 
área de 3,612 km². Suas áreas são menores que a da Ilha de Fernando de 
Noronha, distrito estadual de Pernambuco, que tem 17,017 km².
4. No Estado do Rio Grande do Sul, a área alusiva à Lagoa Mirim, incorporada 
desde 2002 à área do Estado, de acordo com a Constituição Estadual de 
1988, passou por alteração nos valores territoriais em 2015, em função dos 
ajustes na fronteira com o Uruguai, possuindo 2.832,194 km².
Quanto aos traçados das fronteiras internacionais do Brasil com os países 
vizinhos Uruguai e Argentina, foram atualizados conforme deliberado pela 
Segunda Comissão Brasileira Demarcadora de Limites (SCDL). As informações 
podem ser acessadas em: <http://scdl.itamaraty.gov.br/pt-br/scdl.xml>. Ressalta-
se que a fronteira com o Paraguai foi parcialmente atualizada em 2015, na seção 
limítrofe com o Estado do Paraná.
Para conhecer um pouco mais sobre o ponto mais ao norte do Brasil, assista 
ao vídeo intitulado “IBGE explica – Extremo norte do Brasil”, disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=EyPzFjoIJGg>. Acesso em: 20 ago. 2017.
IMPORTANT
E
3.1 POSIÇÃO DO BRASIL NO GLOBO TERRESTRE 
Observando a posição do Brasil no globo, podemos deduzir porque ele é 
conhecido como um país tropical. Como nosso país, em sua maior parte, localiza-
se entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio, encontra-se na zona intertropical, 
sendo então considerado um país tropical. Esta posição no globo terrestre é 
relevante para entendermos porque o nosso país apresenta um clima e vegetação 
diversificados de norte a sul.
Como podemos observar na Figura 16, o território brasileiro está situado 
em duas zonas térmicas: a Zona Tropical, pois é cortado pelo Equador e pelo 
Trópico de Capricórnio; e a Zona Térmica Temperada do Sul. Localizam-se na 
zona temperada parte dos estados do Mato Grosso e de São Paulo e todos os 
estados da Região Sul.
TÓPICO 1 | O BRASIL E O MUNDO
21
FIGURA 16 – ZONAS TÉRMICAS DA TERRA
FONTE: Ísola e Caldini (2007)
À medida que nos afastamos do Equador, as estações do ano tornam-se 
mais acentuadas e a diferenciação entre elas torna-se máxima nos polos (Figura 
17). 
Essa variação na incidência de raios solares influencia não somente no 
clima, como também na distribuição da vegetação, consequência da diversidade 
climática; na formação do solo, em função dos processos de intemperismo; na 
morfologia, devido ao processo de erosão ao longo dos anos; dentre outros, como 
veremos no Tópico 2, “As paisagens naturais do Brasil”. 
FIGURA 17 – INCLINAÇÃO DO EIXO TERRESTRE
FONTE: Disponível em: <http://astro.if.ufrgs.br/tempo/mas.htm>. Acesso em: 6 de ago. 2017.
Os gráficos climatológicos de diferentes capitais brasileiras (Figura 18) 
exemplificam esta diferenciação. 
UNIDADE 1 | BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO MUNDIAL E AS PAISAGENS
22
FIGURA 18 – GRÁFICOS CLIMATOLÓGICOS DE BELÉM, SALVADOR, SÃO PAULO, PORTO 
ALEGRE.
FONTE: <http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=clima/graficosClimaticos>. Acesso em: 6 
ago. 2017.
3.2 O BRASIL NA AMÉRICA DO SUL 
Vamos entender um pouco mais sobre a posição do Brasil na América do 
Sul, importância, relevância política e estratégica.
Como é possível observar na Figura 19, o Brasil ocupa uma área 
considerável da América do Sul. Os países que fazem fronteira com o Brasil são: 
Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela e Colômbia, ao norte; Uruguai e 
Argentina, ao sul; e Paraguai, Bolívia e Peru, a oeste. Os dois únicos países sul-
americanos que não têm divisas com o Brasil são o Equador e o Chile. Por se tratar 
de um país com grandes dimensões territoriais, as fronteiras e zonas especiais são 
objeto de vigilância do Exército brasileiro, da Polícia Federal, da Receita Federal 
e da Vigilância Sanitária. Nas zonas especiais encontram-se os portos secos e as 
áreas de livre comércio.
Veja a localização do Brasil na América do Sul.
TÓPICO 1 | O BRASIL E O MUNDO
23
FIGURA 19 – O BRASIL NA AMÉRICA DO SUL
FONTE: Disponível em: <ftp://geoftp.ibge.gov.br/produtos_educacionais/
mapas_tematicos/mapas_do_mundo/politico/america_sul_pol.pdf>. 
Acesso em: 3 ago. 2017. 
Antes de entendermos sobre os limites do território brasileiro, leia o 
fragmento de texto de Machado (2001):
[...] se é certo que a determinação e defesa dos limites de uma possessão 
ou de um Estado se encontram no domínio da alta política ou da alta 
diplomacia, as fronteiras pertencem ao domínio dos povos. Enquanto o 
limite jurídico do território é uma abstração, gerada e sustentada pela 
ação institucional no sentido de controle efetivo do Estado territorial, 
portanto, uminstrumento de separação entre unidades políticas 
soberanas, a fronteira é lugar de comunicação e troca. Os povos podem 
se expandir para além do limite jurídico do Estado, desafiar a lei 
territorial de cada Estado limítrofe e às vezes criar uma situação de 
facto, potencialmente conflituosa, obrigando a revisão dos acordos 
diplomáticos [...] (MACHADO, 2000, s.p.). 
 
De acordo com o referido autor, na segunda metade do século XVIII, o 
perímetro das fortalezas e casas-fortes estava concentrado ao longo da linha de 
costa, mas foi se expandindo e incorporando as margens das terras do Estado 
do Brasil e do Estado do Grão-Pará. A linha de fortificações pombalinas foi 
formalizada pela primeira vez no Tratado de Madri (1750), mas só foi concretizada 
após a revogação do tratado.
UNIDADE 1 | BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO MUNDIAL E AS PAISAGENS
24
O Período Pombalino corresponde aos anos em que o Marquês de Pombal 
exerceu o cargo de primeiro-ministro em Portugal, durante o reinado de Dom José I, entre 
1750 e 1777.
IMPORTANT
E
De acordo com Machado (2000), apesar de o Tratado de Madri ter sido 
anulado em 1761, constitui uma referência válida para o estudo do processo 
histórico de legitimação dos limites das terras brasileiras, tendo em vista:
 as inovações introduzidas devido às negociações diplomáticas; 
 os lugares de povoamento, especialmente as terras sob domínio das missões 
religiosas jesuíticas, fundamentais para traçados de limites;
 os acidentes físicos, ou seja, a fronteira natural, principalmente as fronteiras 
fluviais, pois não havia reconhecimento do direito indígena ao território.
Nesta época, estava sendo desenvolvida na Europa uma relação entre 
limite e fronteira territorial. Cabendo lembrar que, até o século XVIII, os limites 
das possessões eram, com frequência, imprecisos. Este também foi o século em 
que se propagou na Europa a noção de “murofronteira” (MACHADO, 2000). Em 
meados do século XVIII, segundo o autor, o interesse das Coroas Ibéricas pela 
definição de limites e, especialmente, a Coroa Portuguesa em investir na ocupação 
das fronteiras, tinha motivos concretos e imediatos: a economia do ouro. Ouro foi 
responsável pela propagação dos caminhos de contrabando no interior da colônia 
e aumento geral do comércio para a colônia e para a metrópole.
Observe as rotas do contrabando e fortificações setecentistas na colônia 
(Figura 20) e os circuitos ilegais e lugares de comunicação em 1998 (Figura 21).
TÓPICO 1 | O BRASIL E O MUNDO
25
FIGURA 20 – ROTAS DO CONTRABANDO E FORTIFICAÇÕES SETECENTISTAS
FONTE: Machado (2000)
FONTE: Machado (2000)
FIGURA 21 – CIRCUITOS ILEGAIS E LUGARES DE COMUNICAÇÃO EM 1998
UNIDADE 1 | BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO MUNDIAL E AS PAISAGENS
26
Alguns acordos feitos por ocasião do Tratado de Madri foram quebrados, 
como a negação de Portugal em ceder a Nova Colônia de Sacramento à Espanha 
em troca da proposição lusitana das fronteiras fluviais como princípio da 
demarcação; a aliança entre Portugal e Inglaterra durante a Guerra dos Sete 
Anos (1758-63); e a manutenção da rede de contrabando do Rio da Prata foram 
importantes para a revogação do Tratado de Madri. Como lembra Machado 
(2000), tanto naquela época, como agora, as ramificações do contrabando são 
questões delicadas. Neste sentido, o autor destaca que o papel das fortificações 
na configuração dos limites do Brasil foi primordial pelas funções simbólica e 
estratégica, garantindo o controle dos passos de comunicação na fronteira oeste.
Consolidadas as fronteiras, hoje, o que se pretende alcançar é a integração 
entre países através de blocos. Com a América do Sul não é diferente. Vamos 
conhecer a visão de Costa (2009) sobre as articulações que abrangem este 
subcontinente.
De acordo com Costa (2009, s.p.), do ponto de vista político (ou geopolítico), 
é relevante o conjunto de iniciativas e articulações que envolvem o continente sul-
americano e que estão promovendo-o rapidamente para a posição de uma região 
geopolítica, ou seja, ressalta o autor, “uma entidade política transnacional dotada 
de unidade mínima e arcabouço institucional baseados em princípios e macro-
objetivos comuns nas relações internacionais”. Para Costa (2009), considerando 
sua formatação inicial e do seu desenvolvimento atual, o modelo de arranjo 
regional constitui-se um projeto que procura reproduzir em seus aspectos 
gerais a experiência europeia “de conjugar o máximo de integração econômica 
a uma macroconformidade político-institucional de natureza transnacional”. 
Dessa forma, a análise feita pelo autor revela o distanciamento pronunciado 
do modelo convencional adotado pela maioria dos blocos regionais, em que 
os limites da conformidade entre os seus estados-membros estão previamente 
definidos e os objetivos estão circunscritos aos assuntos econômico-comerciais. 
Neste caso, a integração sul-americana tende a reproduzir o percurso seguido 
pela União Europeia com a constituição e a consolidação de um sistema regional-
transnacional de governança.
3.3 FUSOS HORÁRIOS 
Segundo Montalvão (2005), desde os primórdios da humanidade, a posição 
e o movimento aparentes do Sol foram referências para a contagem do tempo. O 
que era feito antigamente através do uso do relógio solar, ajustado em função da 
observação do movimento diário e anual do Sol. Com os avanços na tecnologia e 
a construção de relógios mecânicos, houve uma maior precisão na contagem das 
horas, mas não houve a redução da multiplicidade de horários locais. Chegou a 
haver, no século XIX, 27 horários locais diferentes na Europa e 74 horários locais 
diferentes na América do Norte, de acordo com o referido autor. Para citar um 
exemplo, no Brasil, até 1913, quando, no Rio de Janeiro, eram 12 horas, em Recife 
eram 12h33min, e em Porto Alegre eram 11h28min. Nos EUA, os relógios locais 
TÓPICO 1 | O BRASIL E O MUNDO
27
se referiam à hora solar do meridiano do Observatório Naval em Washington; na 
França, a do meridiano do Observatório de Paris; e, no Brasil, a do meridiano do 
Observatório Nacional, no Rio de Janeiro (MONTALVÃO, 2005).
De acordo com o referido autor, essa pluralidade de horários não 
apresentava problemas, pois os deslocamentos eram lentos e distâncias das 
viagens dificilmente eram superiores a algumas centenas de quilômetros, até 
que, com os avanços tecnológicos no final do século XIX, especialmente com o 
advento da ferrovia e do telégrafo, aumentaram as velocidades de deslocamento 
e de comunicação entre cidades e países, e, consequentemente, as diferenças de 
horários passaram a complicar a adaptação dos usuários à hora local e apresentar 
transtornos na logística e segurança requeridas pelas indústrias nascentes. Um 
exemplo citado pelo autor é dos Estados Unidos, onde cada ferrovia tinha o 
seu horário, prevalecendo o horário da cidade terminal. Dessa forma, a solução 
recomendada foi padronizar os horários, primeiramente, em alguns países e, 
posteriormente, em todo o mundo. Foi com esse objetivo que decidiu-se adotar o 
sistema de fusos horários, em conferência realizada em 1883, na cidade de Roma. 
Em 1884, 27 países reunidos em uma conferência realizada em Washington, 
incluindo o Brasil, adotaram o meridiano que passa pelo Observatório de 
Greenwich 6 (Inglaterra) como sendo o meridiano zero grau, e sua hora solar 
como sendo a referência da hora oficial mundial, também denominada “hora 
universal”. Além do meridiano zero, era necessário criar também o fuso zero, 
que foi formado pela área entre 7,5° a leste (ou meia hora adiantada) e 7,5° a oeste 
(meia hora atrasada) do meridiano de 0° (meridiano de Greenwich). No Brasil, o 
sistema de fusos horários só foi adotado em 1913 (MONTALVÃO, 2005).
Observe a Figura 22, que mostra o sistema de fusos adotado no Brasil. O 
nosso país fica a oeste do meridiano de Greenwich e, em função de suagrande 
extensão territorial, compreende quatro fusos horários, variando entre duas e 
cinco horas a menos que a hora do meridiano de Greenwich:
 o primeiro fuso que compreende o território brasileiro – as ilhas oceânicas 
(Trindade, Atol das Rocas, Abrolhos, São Pedro, São Paulo, Fernando de 
Noronha) – tem duas horas a menos que o fuso zero (fuso -2); 
 o segundo fuso (fuso -3) é o horário oficial de Brasília e está três horas atrasado 
em relação ao fuso zero;
 o terceiro fuso (fuso -4) tem quatro horas a menos que o fuso zero.
UNIDADE 1 | BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO MUNDIAL E AS PAISAGENS
28
FIGURA 22 – FUSOS HORÁRIOS DO BRASIL
FONTE: Disponível em: http://www.horadebrasilia.com/fuso-horario.php
 Acesso em: 22 out. 2017.
Com o intuito de aproveitar ao máximo essa maior insolação proporcionada 
por dias mais longos, adota-se o Horário de Verão, que consiste em adiantar os 
relógios em uma hora, em relação ao horário oficial dos fusos horários do país 
adotante. A ideia do Horário de Verão surgiu com Benjamin Franklin, em 1784, 
até que foi adotado pela primeira vez na Alemanha, em 1916. Logo outros países 
seguiram o exemplo alemão. Ele é adotado durante a primavera e o verão, período 
em que os dias são mais longos do que as noites (MONTALVÃO, 2005).
Como esse consumo de energia é reduzido com o Horário de Verão?
Segundo Montalvão (2005), com essa medida, o nascer do Sol passa a 
ocorrer antes das sete horas da manhã e o pôr-do-sol ocorre após as 19 horas. 
Geralmente, a população brasileira começa a chegar em casa perto das 18 horas. 
Quando não há Horário de Verão, as pessoas chegam em casa, ligam a luz, tomam 
banho, normalmente com chuveiro elétrico. Isso acontece ao mesmo tempo em que 
a iluminação pública é acionada. Esse consumo, somado ao consumo industrial, 
provoca um pico de consumo no Sistema Elétrico Interligado, mantendo-se, de 
modo geral, até às 19 horas, quando o consumo industrial começa a se reduzir e 
a maioria dos chuveiros elétricos já estão deligados. Com a adoção do Horário de 
Verão, a iluminação pública e parte do consumo de energia residencial se alteram 
para após as 19 horas, reduzindo a intensidade do pico de consumo de energia. 
Essa alteração no horário oficial, em inglês, denomina-se daylight saving time, 
expressão que retrata adequadamente aquela redução (to save = economizar).
O texto abaixo apresenta fragmentos do artigo de Montalvão (2005), sobre 
a adoção do Horário de Verão no Brasil.
TÓPICO 1 | O BRASIL E O MUNDO
29
Horário de Verão no Brasil
O Horário de Verão foi adotado no Brasil, pela primeira vez, no verão 
de 1931/1932. Ele é implantado por decreto do Presidente da República, 
sempre respaldado legalmente pelo Decreto-Lei nº 4.295, de 13 de maio 
de 1942, e fundamentado em informações encaminhadas pelo Ministério 
de Minas e Energia, que toma por base os estudos técnicos realizados pelo 
Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS, que indicam quais unidades da 
Federação deverão ser abrangidas e o período de duração da medida. [...] entre 
1931 e 1985, ele foi implantado apenas 11 vezes, e com abrangência em todo o 
território nacional. Nesse período, o verão de 1967/1968 foi o último em que 
foi adotado. A partir de 1986, esse instituto passou a ser utilizado anualmente, 
mas com variações em sua abrangência. No verão de 1985/1986, e nos dois 
verões seguintes, todo o território nacional ainda foi abrangido. A retomada 
dessa prática, na década de 1980, foi parte de um elenco de medidas tomadas 
pelo governo devido ao racionamento ocorrido na época por falta d’água nos 
reservatórios das hidrelétricas. Em 1988/1989 e 1989/1990, os decretos já não 
incluíram os estados do Norte do Brasil. Na década de 1990, com fugazes 
exceções, também ficaram de fora os estados do Nordeste. Entretanto, no verão 
de 1999/2000, os estados do Nordeste foram novamente incluídos no Decreto 
do Horário de Verão. [...] o Governo Federal já sabia do risco de uma crise de 
energia no Sistema Elétrico Interligado, e incluiu o Nordeste no esforço pela 
economia de energia. [...] O Norte ficou de fora, porque não faz parte do Sistema 
Interligado Nacional. A inclusão do Nordeste foi efetivada com fortes reações 
contrárias. No verão de 2000/2001, que antecedeu a crise de energia de 2001, 
o Governo tentou, mais uma vez, incluir o Nordeste no Decreto do Horário 
de Verão. Mas, diante de reiteradas reações, lastreadas em decisões judiciais 
liminares, decidiu retirar a Região. Por outro lado, o Decreto para o verão 
de 2001/2002, em plena crise de energia, incluiu o Nordeste, dessa vez sem 
grande resistência dos formadores de opinião, que se submeteram à decisão 
do Supremo Tribunal Federal sobre a constitucionalidade das resoluções da 
Câmara de Gestão da Crise de Energia. Nos verões seguintes, já superada a 
crise de energia, o Nordeste voltou a ficar de fora do Horário de Verão.
30
Neste tópico, você aprendeu que:
• O Brasil é um país de dimensões continentais e seu território foi construído ao 
longo de 500 anos, através de disputas e conquistas.
• Por possuir uma ampla extensão territorial, o território brasileiro abrange 
quatro fusos horários e, por se encontrar no hemisfério ocidental, possui o 
seu horário atrasado em relação ao meridiano de Greenwich, cuja demarcação 
oficial (a hora legal) é estabelecida de acordo com mapa estudado.
• A posição geográfica do Brasil no globo terrestre, localizado quase em sua 
totalidade no Hemisfério Sul, esclarece a expressão “país tropical”.
• O Brasil é o país mais extenso da América do Sul, apresentando vastas áreas 
transfronteiriças com quase todos os países do continente.
RESUMO DO TÓPICO 1
31
1 (NerdProfessor-Adaptado) Disponível em: <htt p://nerdprofessor.com.br/
exercicios-sobre-a-formacao-do-territorio-brasileiro/>. Acesso em: 21 ago. 
2017.
Leia as afi rmações a seguir:
I- No ano de 1904, a confi guração do território brasileiro já apresentava os 
limites conhecidos na atualidade.
II- Em 1750, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Madri, acertando as 
fronteiras entre as terras portuguesas e espanholas na América do Sul. 
III- No fi nal do século XIX e início do XX, os governos brasileiros resolveram 
pendências de fronteiras que ainda existiam, através de tratados e conversas 
diplomáticas.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Apenas a alternativa I está correta.
b) ( ) Apenas a alternativa II está correta.
c) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.
d) ( ) As alternativas I, II e III estão corretas. 
2 (UFV) Suponha que sejam 9 horas em Viçosa (MG) e que você, estando nessa 
cidade, precisa planejar uma ligação interurbana para uma pessoa em Boa 
Vista (RR), que poderá ser encontrada, nessa cidade, às 11 horas, hora local 
desse estado.
Com base no mapa abaixo, o procedimento CORRETO para efetuar essa ligação é:
AUTOATIVIDADE
32
a) ( ) Aguardar duas horas para fazer sua ligação, porque no Brasil, embora 
sejam reconhecidos os limites teóricos dos fusos horários de 15° de longitude, 
consideram-se apenas os limites práticos definidos pelas fronteiras estaduais.
b) ( ) Aguardar uma hora para fazer sua ligação, porque no Brasil, embora 
sejam reconhecidos os limites teóricos dos fusos horários de 15° de longitude, 
consideram-se apenas os limites práticos definidos pelas fronteiras estaduais.
c) ( ) Fazer sua ligação imediatamente, porque o horário do fuso em que se 
encontra o Estado de Minas Gerais é o mesmo em que se encontra o Estado 
de Roraima.
d) ( ) Aguardar três horas para fazer sua ligação, porque no Brasil, embora 
sejam reconhecidos os limites teóricos dos fusos horários de 15° de longitude, 
consideram-se apenas os limites práticos definidos pelas fronteiras estaduais.
3 O Brasil é um país tropical. Discorra sobre esta afirmativa a partir dos 
conhecimentos obtidossobre a posição do Brasil no globo terrestre. 
33
TÓPICO 2
AS PAISAGENS NATURAIS DO BRASIL
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico!
Neste tópico vocês conhecerão os domínios paisagísticos brasileiros 
abordados por Aziz Ab’Saber em seu livro “Os domínios de natureza do Brasil: 
potencialidades paisagísticas”. Neste tópico, vocês conhecerão ainda: a base 
geológica do relevo brasileiro, os biomas do brasil, sistemas de classificação 
climática e climas do Brasil, hidrografia; e bacias hidrográficas do brasil. 
Se quiser se aprofundar mais sobre os espaços herdados da natureza, 
assim denominados pelo autor, consulte a obra de Aziz Ab’Saber, referenciada 
no final desta unidade, e bom estudo!
2 OS GRANDES DOMÍNIOS PAISAGÍSTICOS BRASILEIROS
Segundo Ab’Saber (2003), devido à magnitude espacial do Brasil, seu 
território comporta um mostruário completo das principais paisagens e ecologias 
da região tropical. Para o autor, apesar de a maior parte das paisagens do nosso 
país estar sob a situação de duas organizações opostas e interferentes (homens 
e natureza), ainda há possibilidade de caracterizar os espaços naturais, numa 
tentativa de reconstrução da estruturação espacial original dessas paisagens. 
No trabalho de Ab’Saber (2003), os domínios morfoclimáticos e 
fitogeográficos formam um conjunto espacial de certa ordem de grandeza 
territorial, com um traçado coerente de feições de relevo, tipos de solos, formas 
de vegetação e condições climático-hidrológicas. O autor esclarece que esses 
domínios espaciais ocorrem em uma espécie de área principal onde as condições 
fisiográficas e biogeográficas formam um complexo relativamente homogêneo e 
extensivo. Mas ainda há espaços de transição entre um domínio e outro.
 Leia o texto na caixa a seguir para uma melhor compreensão destas áreas.
UNIDADE 1 | BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO MUNDIAL E AS PAISAGENS
34
Entre o corpo espacial nuclear de um domínio paisagístico e ecológico 
e as áreas nucleares de outros domínios vizinhos – totalmente diversos – existe 
sempre um interespaço de transição e de contato, que afeta de modo mais sensível 
os componentes da vegetação, os tipos de solos e sua forma de distribuição e, 
até certo ponto, as próprias feições de detalhe do relevo regional. Cada setor das 
alongadas faixas de transição e contato apresenta uma combinação diferente de 
vegetação, solos e formas de relevo. Num mapa em que sejam delimitadas as áreas 
core, os interespaços transacionais – restantes entre os mesmos – aparecem como 
se fossem um sistema anastomosado de corredores, dotados de larguras variáveis. 
Na verdade, cada setor dessas alongadas faixas representa um combinação sub-
regional distinta de fatos fisiográficos e ecológicos, que podem se repetir ou não 
em áreas vizinhas e que, na maioria das vezes, não se repetem em quadrantes 
mais distantes. 
Ab’Saber (2003)
Foram reconhecidos seis grandes domínios paisagísticos e macroecológicos 
no Brasil: quatro intertropicais, que ocupam uma área superior a sete milhões de 
quilômetros quadrados; e dois subtropicais, ocupando cerca de quinhentos mil 
quilômetros quadrados em território brasileiro. As faixas de transição e contato 
equivalem a cerca de um milhão de quilômetros quadrados. Os domínios são:
1- domínio das terras baixas florestadas da Amazônia;
2- domínio das depressões interplanálticas semiáridas do Nordeste;
3- domínio dos “mares de morros” florestados; 
4- domínio dos chapadões centrais recoberto por cerrados, cerradões e campestres;
5- domínio dos planaltos de araucárias;
6- domínio das pradarias mistas do Rio Grande do Sul.
TÓPICO 2 | AS PAISAGENS NATURAIS DO BRASIL
35
FIGURA 23 – DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS DO BRASIL
FONTE: Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/provas-e-gabaritos3>. Acesso em: 15 ago. 2017
2.1 DOMÍNIO DAS TERRAS BAIXAS FLORESTADAS DA 
AMAZÔNIA
 
Esta é uma região carregada de umidade e, geralmente, encoberta por 
nuvens baixas. Nela encontra-se a mata de “igapós”. Compõem esta paisagem, 
algumas exceções às terras baixas, as encostas florestadas de blocos montanhosos. 
AMAZÔNICO
OCEANO 
ATLÂNTICO
Trópico de 
capricórnio
BRASIL
Domínios Morfoclimáticos
CERRADO
CAATINGAS
ARAUCÁRIAS
PRADARIAS
FAIXAS DE TRANSIÇÃO
MARES DE MORROS
D
O
M
ÍN
IO
S
Linha do Equador
OCEANO 
PACÍFICO
0 547km
N
Terra baixas e florestas 
equatoriais
Áreas mamelonares 
tropicais - atlânticas 
florestadas
Depressões intermontanas 
e interplanálticas semi-
áridas
(Não diferenciadas)
Planaltos subtropicais 
com araucárias
Coxilhas subtropicais 
com pradarias mistas
Chapadões tropicais 
Interiores com cerrados 
e florestais - galerias
UNIDADE 1 | BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO MUNDIAL E AS PAISAGENS
36
FIGURA 24 – DOMÍNIO DAS TERRAS BAIXAS FLORESTADAS DA 
AMAZÔNIA
FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br/biomas>. Acesso 
em: 8 ago. 2017.
2.2 DOMÍNIO DAS DEPRESSÕES INTERPLANÁLTICAS 
SEMIÁRIDAS DO NORDESTE
Segundo Ab’Saber (2003), esta é a região semiárida subequatorial e 
tropical de posição azonal. É uma região de depressões interplanálticas reduzidas 
a planícies de erosões. Possui fraca decomposição de rochas, com mantos de 
alteração que variam, geralmente, de 0 a 3m. Mares de pedras costumam aflorar 
em meio às caatingas mais rústicas. Há presença de vertissolos e eventuais 
aridissolos ao longo das planícies sertanejas. As drenagens intermitentes sazonais 
são marcantes na região. Isto ocorre devido ao ritmo desigual e pouco frequente 
das precipitações, que variam de 300 a 600mm anuais. As irregularidades no 
volume anual das precipitações podem ocasionar anos secos, como também anos 
em que as precipitações são capazes de provocar inundações. São encontradas: 
 estreitas matas ciliares ao longo dos diques marginais dos rios intermitentes;
 largas galerias ao longo das várzeas dos baixos cursos d’água do Rio Grande 
do Norte e do Ceará;
 casos raros de manchas de solos salinos nos aluviões dos baixos cursos d’água 
do Rio Grande do Norte;
 enclaves de brejos na forma de microrregiões úmidas e florestadas, com solos 
de boa fertilidade natural, contudo frágeis, dependendo da posição topográfica 
e tipo de uso do solo.
De acordo com Ab’Saber (2003), o semiárido nordestino é a área que 
apresenta as mais bizarras e rústicas paisagens morfológicas e fitogeográficas do 
país. Destaque para os campos de inselbergs, que figuram como atrativo turístico: 
Milagres (Bahia), Quixadá (Ceará), Patos (Paraíba), Caicó-Pau dos Ferros (Rio 
Grande do Norte).
O semiárido, destaca Ab’Saber (2003), é uma região de velha ocupação 
baseada no pastoreio extensivo. Foi sujeita a forte degradação da vegetação e 
dos solos nas regiões de brejos de encostas e de cimeiras onduladas, além de 
apresentar eventuais casos de desertificação antropogênica nas colinas sertanejas. 
TÓPICO 2 | AS PAISAGENS NATURAIS DO BRASIL
37
FIGURA 25 – SEMIÁRIDO NORDESTINO
FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br/biomas>. Acesso em: 
8 ago. 2017.
2.3 DOMÍNIO DOS “MARES DE MORROS” FLORESTADOS 
Este domínio possui cerca de 650 mil quilômetros quadrados de área ao 
longo do Brasil Tropical Atlântico, com distribuição geográfica azonal. Possui 
relevo de colinas em todos os níveis topográficos no sudeste do Brasil. Esta é uma 
região com presença de forte decomposição de rochas cristalinas e de processos 
de convexização em níveis intermontanos. Também são encontradas planícies 
meândricas e predomínio de depósitos finos nas calhas aluviais. É comum a 
presença de solos superpostos e precipitações que variam de 1100 a 1500mm 
e de 3000 a 4000mm na Serra do Mar, em São Paulo. Observa-se, segundo o 
autor, florestas tropicais recobrindo os morros costeiros, escarpas tipo “Serra 
do Mar” e setores serranos mamelonizados dos planaltos compartimentadose 
acidentados do Sudeste do Brasil; florestas biodiversas, com diferentes biotas, que 
originalmente recobriam 85% do espaço total; enclaves de bosques de araucárias 
em áreas mais altas, como Campos do Jordão e campos de Bocaina; cerrados em 
diversos compartimentos dos planaltos interiores de São Paulo e norte do Paraná 
(AB’SABER, 2003). 
Com exceção de Campos do Jordão e campos de Bocaina, são encontrados 
mares de morros alternados com “pães de açúcar”, nas regiões costeiras do Rio 
de Janeiro ou nas áreas interiores do Espírito Santo e nordeste de Minas Gerais. 
No subdomínio dos chapadões interiores florestados, Ab’Saber (2003) 
destaca a presença de padrões de paisagens e ecossistemas na frente e reverso 
das altas cuestas basálticas ou arenítico-basálitcas; agrupamentos de morros-
testemunho, pro parte florestados; eventuais topografias ruiniformes na frente de 
escarpas areníticas; setores de vales, com esporões sucessivos ou escalonados.
UNIDADE 1 | BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO MUNDIAL E AS PAISAGENS
38
FIGURA 26 – MATA ATLÂNTICA
FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br/biomas>. Acesso 
em: 8 ago. 2017.
2.4 DOMÍNIO DOS CHAPADÕES CENTRAIS RECOBERTOS 
POR CERRADOS, CERRADÕES E CAMPESTRES E 
PENETRADOS POR FLORESTA GALERIA
Essa região ocupa entre 1,7 e 1,9 milhão de quilômetros quadrados. 
Quanto à sua posição pode ser considerada zonal, assemelhando-se ao domínio 
das savanas na África. Contudo, o caráter latitudinal e o grau de interiorização 
das matas atlânticas quebram a possibilidade de uma distribuição leste-oeste 
marcada pelo domínio dos cerrados. É uma região de maciços planaltos de 
estrutura complexa e planaltos sedimentares ligeiramente compartimentados, 
como destaca Ab’Saber (2003), entre 300 e 1700m de altitude; cerradões, cerrados 
e campestres nos interflúvios e florestas galerias sucessivas, no fundo e nas 
encostas baixas de vales; predomínio de latossolos; drenagens perenes para 
os cursos d’água principais e secundários; interflúvios muito largos e vales 
simétricos, geralmente espaçados entre si; área de menor densidade de drenagem 
e densidade hidrográfica do país; enclaves de matas em regiões de solos ricos ou 
áreas de nascente, formando “capões” de diferentes tamanhos. 
Ab’saber (2003) descreve esta paisagem como monótona, especialmente 
no que se refere às suas feições geomórficas e fitogeográficas comuns. Contudo, 
apresenta algumas peculiaridades, como:
 canyons de diferentes amplitudes com sítios de águas termais;
 topografias ruiniformes, nas torres do Rio Bonito, no Planalto dos Acantilados 
e nos “altos” da Chapada dos Guimarães;
 paisagens cársticas, na Serra da Bodoquena;
 montanhas em blocos, ilhadas na planície do Alto Paraguai, na zona de fronteira 
com a Bolívia.
O autor ainda destaca que, em geral, os solos são pobres, mas em algumas 
condições topográficas e climáticas são favoráveis. No caso dos capões de matas 
ou “matos grossos”, o uso irracional levou à eliminação desta cobertura vegetal 
e danificou os solos de modo quase irreversível em algumas regiões, como os 
situados ao norte de Anápolis e na região de Ceres, em Goiás. 
TÓPICO 2 | AS PAISAGENS NATURAIS DO BRASIL
39
FIGURA 27 – CERRADO
FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br/biomas>. Acesso em: 8 
de ago. 2017.
2.5 DOMÍNIO DOS PLANALTOS DE ARAUCÁRIAS
Possui aproximadamente 400 mil quilômetros quadrados, sob o domínio 
de climas subtropicais úmidos de planaltos com invernos relativamente amenos. 
Segundo Ab’Saber (2003), coincide, em sua acepção mais ampla, ao setor do 
Planalto Meridional brasileiro. São planaltos de altitude média, que variam 
de 800 a 1300m, revestidos de bosques de araucárias e mosaicos de pradarias 
mistas e bosquetes de pinhais que aparecem nas galerias ou nas encostas e, ainda 
eventualmente, nas cabeceiras de drenagens. As rochas sedimentares e basálticas 
possuem manto de alteração de profundidades variadas. As vertentes dos 
chapadões tendem para um modelo convexo suave, não muito regular. Observa-
se uma mamelonização nos terrenos cristalinos gnáissicos que envolvem a bacia 
de Curitiba, onde o domínio vegetal inclui o “pinhão-bravo”. Ocorrências de 
stone lines são observadas em algumas regiões deste domínio. Estes locais de solos 
superpostos, segundo o autor, devem corresponder a um período mais seco que 
afetou a paisagem regional, como a área que se estende do sul de Lages, em Santa 
Catarina, ao norte do Planalto de Vacaria, no Rio Grande do Sul. 
As matas de araucárias são mais densas nos planaltos basálticos de médio 
grau de movimentação do relevo. Manchas de campos são encontradas nas áreas 
de afloramentos eventuais de arenitos. Quanto aos cerrados legítimos, ocorrem 
em enclaves, no norte do Planalto de Purunã, nos chamados “gerais” do Paraná, 
região fronteiriça a São Paulo. 
Para Ab’Saber (2003) este domínio é marcado por diferenças pedológicas 
e climáticas em relação aos demais planaltos similares no centro-sul do Brasil. As 
precipitações são relativamente bem distribuídas o ano inteiro, garantindo um 
caráter perene à sua rede de drenagem regional. A atuação de massas polares 
é responsável por temperaturas mais baixas no sul do Brasil e, nas regiões mais 
altas, como São Joaquim, Curitibanos e Lages, ocorrem fortes geadas e eventuais 
precipitações de neve. 
UNIDADE 1 | BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO MUNDIAL E AS PAISAGENS
40
Este domínio possui as paisagens menos tropicais do país. Com a 
devastação das áreas onde as araucárias possuíam maior biomassa, houve uma 
ampliação dos campos subtropicais unidos aos enclaves de pradarias mistas 
existentes na área. No nordeste do Rio Grande do Sul, na região conhecida como 
“aparados” da Serra, as altas cornijas rochosas na beirada oriental da Serra Geral 
e os pequenos canyons que talham as escarpas criam um belo quadro paisagístico, 
como ressalta o autor.
2.6 DOMÍNIO DAS PRADARIAS MISTAS DO RIO GRANDE DO 
SUL
Segundo Ab’Saber (2003), essa região possui algumas designações, como: 
zona das coxilhas, região das campinas meridionais, Campanha Gaúcha e, de 
uma forma equivocada, também é chamada de região dos Pampas. 
Essa área possui cerca de 80 mil quilômetros quadrados e é considerada 
uma área ecológica típica de zona temperada cálida subúmida, sujeita à estiagem 
no final do ano. Trata-se de uma região de colinas pluriconvexizadas, chamada 
de coxilhas. Possui prados mistos e região de drenagem perene, porém menos 
densa e volumosa do que aquela encontrada no planalto basáltico sul-brasileiro. 
Seus rios possuem pouco volume d’água e com uma rede hidrográfica pouco 
densa. A vegetação ciliar, as chamadas “sangas” (córregos), foi muito devastada, 
levando a um forte processo de aceleração da erosão fluvial. Segundo o autor, 
áreas atualmente intermitentes das cabeceiras de drenagem parecem ter sido 
perenes em um passado recente. 
No domínio morfoclimático das pradarias mistas observam-se terrenos 
sedimentares de diferentes idades, terrenos basálticos e pequenas áreas 
metamórficas inseridas no escudo uruguaio-sul-rio-grandense. Ainda segundo 
Ab’Saber (2003), também foram encontrados eventuais enclaves de araucárias 
nas encostas do maciço de Caçapava do Sul e também ocorrência de cactáceas, 
herança aparente de um paleoclima mais seco. 
FIGURA 28 – PAMPAS
FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br/biomas>. Acesso 
em: 8 ago. 2017.
TÓPICO 2 | AS PAISAGENS NATURAIS DO BRASIL
41
3 A BASE GEOLÓGICA DO RELEVO BRASILEIRO 
Segundo Ross (2013), o território brasileiro é formado por estruturas 
geológicas antigas, excetuando algumas bacias de sedimentação recente, como 
a do Pantanal mato-grossense, parte ocidental da bacia amazônica e trechos do 
litoral nordeste e sul, do período Terciário e do Quaternário (Cenozoico). O restante 
do território tem idades geológicas que vão do Paleozoico ao

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