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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula 05 Domínio dos mecanismos de coesão textual. Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e outros elementos de sequenciação textual. Reescritura de frases e parágrafos do texto. Substituição de palavras ou de trechos de texto. Coesão textual Antes de falarmos da coesão textual, devemos entender o que é coerência. A coerência é o resultado de articuladores no texto que transmitem a harmonia de pensamento. Ela é pautada na lógica, com produção de sentido possível. A ruptura desta lógica ocorrerá por desvio do uso desses articuladores. Por exemplo: Se estou em dificuldades financeiras e necessito de um veículo para me locomover ao trabalho, há lógica em comprar um carro de luxo? Certamente, não! Então, se uma agência de carros me oferece um veículo novo, pela lógica financeira em que me encontro, devo recusar, pois não terei como pagar. No texto, a coerência é a utilização de articuladores que mantenham a lógica. A incoerência ocorre quando o produtor do texto, por desconhecimento ou até mesmo intencionalmente, utiliza marcadores linguísticos inconvenientes ao resultado esperado. Por exemplo: Faço faculdade, mas aprendo muito. O enunciado “Faço faculdade” nos transmite a ideia de estudo, o que nos levaria à conclusão de que naturalmente aprenderíamos muito neste ambiente do saber. Não caberia, então, na relação entre esses dois enunciados, a conjunção “mas”, por transmitir valor de oposição, contraste. Tendo em vista manter a coerência nos argumentos, o ideal neste contexto seria a conjunção “portanto”, “logo”, pois transmitiria um resultado esperado. A incoerência pode ter ocorrido porque o autor não prestou atenção no valor do conectivo “mas”. Assim, teríamos um vício na linguagem. Mas essa incoerência poderia ter sido proposital, pois a intenção do autor seria justamente a de criticar o ensino nas faculdades. Diante desse novo contexto, percebemos que a frase passa, agora, a ter coerência. Resumindo, percebemos que a coerência se baseia na lógica, na harmonia dos elementos linguísticos em seu contexto. A incoerência, portanto, será o rompimento dessa lógica. Para que haja coerência no texto, necessitamos da utilização dos elementos de coesão. A coesão é o elemento que faz as ligações entre as palavras do texto para gerar a harmonia entre os argumentos. Português p/ Câmara dos Deputados (Analista Legislativo) (Teoria e questões comentadas) PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 2 Assim, no exemplo anterior, vimos que a conjunção “mas”, numa primeira leitura, traria incoerência. Essa conjunção é o elemento coesivo, e sua utilização gera a coerência ou não nos argumentos, dependendo sempre do contexto. Portanto, a coerência é o resultado da boa utilização dos elementos de coesão. Normalmente, dizemos que a coesão está no plano gramatical (o uso das palavras) e a coerência está no plano dos sentidos (a interpretação dos elementos coesivos no plano do texto, dos argumentos). Vários são os mecanismos de coesão. Eles podem ligar palavras ou orações (coesão sequencial, também chamados de operadores argumentativos), ser elemento de referência a algo expresso anteriormente ou posteriormente (coesão referencial) ou pode repetir o vocábulo por motivo de ênfase ou estilo (coesão recorrencial). Começando com a explicação do último deles, muitas vezes, nós nos deparamos na escrita com a repetição de vocábulos. Essa repetição pode ser intencional ou não. Um dos princípios fundamentais da coerência/coesão de um texto é a necessidade de se repetir, em seu desenvolvimento linear, elementos anteriores. Mas, se por um lado as repetições são inevitáveis, por outro devem ser feitas sob determinadas condições, a fim de não tornar o texto deselegante ou monótono. Em termos gerais, a repetição de palavras só é considerada um problema na composição de um texto sob algumas condições, expostas a seguir. a) Quando há proximidade entre os vocábulos repetidos: Oscar tinha um sítio. Um dia Oscar resolveu viajar. b) Quando os vocábulos são rigorosamente os mesmos, sem qualquer expansão ou redução e mesmo sem variação de gênero ou número: O tráfico de animais silvestres constitui prática ilegal. Para coibir a prática ilegal, as autoridades responsáveis montam barreiras nas estradas, para impedir as tentativas de exportar os animais silvestres. c) Quando ocorre em número excessivo: Sempre gostei das viagens de ônibus, mas atualmente considero as viagens de ônibus uma verdadeira provação, pois o que vem caracterizando as viagens de ônibus é uma profusão de ruídos de toda espécie, o que torna as viagens de ônibus um desafio aos nervos de um pacato passageiro. Ainda assim, em alguns casos especiais (textos publicitários, literários, ditados populares), a repetição não é vista como deficiência, quando há a intenção, por motivo de ênfase ou estilo: Quem bebe cerveja alemã, não bebe outra cerveja; quem bebe cerveja dinamarquesa, bebe qualquer cerveja; quem bebe cerveja inglesa não gosta é de cerveja. PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 3 Também no caso de o termo repetido estar sendo usado em outro sentido, a repetição não é vista como um problema textual: Quem casa quer casa. De acordo com as palavras de Othon M. Garcia, “se a repetição resultante da pobreza de vocabulário ou de falta de imaginação para variar a estrutura da frase pode ser censurável, a repetição intencional representa um dos recursos mais férteis de que dispõe a linguagem para realçar as ideias: Tudo se encadeia, tudo se prolonga, tudo se continua no mundo (O. Bilac)” As repetições intencionais tornam-se mais enfáticas, quando observam o paralelismo. Os sermões de Padre Antônio Vieira abundam em construções deste tipo: Se os olhos veem com amor, o corvo é branco; se com ódio, o cisne é negro; se com amor, o demônio é formoso; se com ódio, o anjo é feio; se com amor, o pigmeu é gigante. (“Sermão da quinta-feira” Padre Antônio Vieira) A repetição da estrutura “Se...com...”→ “o...é...” mostra uma cadência, um ritmo que embala as frases. Assim, há exemplo clássico de repetição intencional. Portanto, sem um tom estilístico, sem intencionalidade, a repetição não é bem vista na língua culta. Assim, o autor do texto tem a possibilidade de escolher vários recursos que evitam esta repetição, os quais serão vistos adiante: 1. Coesão referencial: a referência ao termo anterior ou posterior pode se dar de várias formas. 1.1. sinônimos: O presidente dos Estados Unidos reuniu-se com os assessores imediatos a fim de verificar a melhor estratégia de enxugamento da dívida pública. O presidente dos Estados Unidos sabe que o período é muito crítico. Este parágrafo possui um inconveniente na linguagem. Repetiu vocábulos muito próximos. Isso empobrece o texto. A fim de transmitir uma linguagem culta e adequada à formalidade, deve-se evitar a repetição viciosa. Neste caso, é necessário inserir palavras de mesmo valor semântico, chamadas sinônimas contextuais. Veja: O presidente dos Estados Unidos reuniu-se com os assessores imediatos a fim de verificar a melhor estratégia de enxugamento da dívida pública. O chefe da nação mais poderosa do planeta sabe que o período é muito crítico. Perceba que a palavra “chefe” é sinônima contextual de “presidente” e a expressão “nação mais poderosa do planeta” é sinônima contextual de “Estados Unidos”. Assim, o texto fica mais elegante, seguindo os padrões da norma culta. PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terrorwww.pontodosconcursos.com.br 4 Este tópico atinge diretamente o que está previsto no programa sobre substituição de palavras ou trechos do texto, os quais serão vistos adiante: Questão 1: Assembleia Legislativa ES – 2011 – nível superior Fragmento de texto: Em milênios de filosofia, só dois filósofos quebraram as fronteiras da academia para que seus nomes gerassem adjetivos conhecidos de todos, até de quem não sabe quem eles foram: Platão e Maquiavel. Todos ouvimos falar em amor platônico ou em pessoas maquiavélicas. Não interessa que os especialistas se irritem porque Maquiavel não foi maquiavélico; o fato é que ele, como Platão, deixou uma marca no imaginário social. Empregados no texto, os adjetivos “platônico” (linha 4) e “maquiavélicas” (linha 4) são dois exemplos de “adjetivos conhecidos de todos” (linhas 2 e 3). Comentário: Há uma cadeia coesiva no fragmento deste texto, em que a expressão “dois filósofos” é colocada no início do texto, sem uma especificação ou denominação de quem se está falando, para criar no leitor uma expectativa de buscar essa identificação ao longo do texto. Em seguida, essa expressão é retomada por “seus nomes”, pelo pronome “quem”, até a denominação dos substantivos “Platão e Maquiavel”. A expressão “adjetivos conhecidos de todos” também cria esta expectativa, pois logo na sequência ainda não foram especificados esses adjetivos. Os adjetivos se encontram no outro período: “platônico” e “maquiavélicas”. Assim, a questão está correta. Gabarito: C Questão 2: Instituto Rio Branco - 2011 - Diplomacia Fragmento de texto: Poucos depoimentos eu tenho lido mais emocionantes que o artigo-reportagem de Oscar Niemeyer sobre sua experiência em Brasília. Para quem conhece apenas o arquiteto, o artigo poderá passar por uma defesa em causa própria — o revide normal de um pai que sai de sua mansidão costumeira para ir brigar por um filho em quem querem bater. Mas, para quem conhece o homem, o artigo assume proporções dramáticas. Pois Oscar é não só o avesso do causídico, como um dos seres mais antiautopromocionais que já conheci em minha vida. Na linha 3, o vocábulo “arquiteto” retoma por substituição o nome próprio “Oscar Niemeyer”, empregado na linha 2, mecanismo que corresponde a uma variedade de metonímia e por meio do qual se evita a repetição de vocábulo. Comentário: Nesta questão, foi cobrada a figura de linguagem “metonímia”, a qual não está prevista para a sua prova. Por isso, o que nos interessa é a coesão. Para explicar melhor o que a questão afirmou, vamos inserir um exemplo, que contextualiza tudo o que foi afirmado na questão: “Oscar Niemeyer é um profissional reconhecido mundialmente. O arquiteto ficou famoso por ser o projetista da capital brasileira.” Neste caso, o substantivo “arquiteto” substituiu o nome “Oscar Niemeyer”, pois essa pessoa é conhecida por sua profissão. Isso é a figura de linguagem metonímia. Quando uma palavra expressa a parte pelo todo, isto é, a profissão pela pessoa, o autor pela obra (Li Machado de Assis), o continente pelo conteúdo (Tomei uma xícara de chá) etc, há metonímia. PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 5 Como dissemos, a figura de linguagem não cai na sua prova. O que importa é que o autor evitou a repetição de palavras, por meio da coesão referencial anafórica, pois “arquiteto” substituiu “Oscar Niemeyer”. Mas veja que, no texto original (“Para quem conhece apenas o arquiteto, o artigo poderá passar por uma defesa em causa própria”), a banca quis nos induzir ao erro, como se a palavra “arquiteto” estivesse simplesmente retomando o termo “Oscar Niemeyer”, evitando a repetição de palavras. Na realidade, a palavra “arquiteto” se refere exclusivamente à profissão de Oscar. Tanto assim que poderíamos substituir a expressão “o arquiteto” por “o seu lado profissional”, por exemplo. Veja: “Para quem conhece apenas o seu lado profissional, o artigo poderá passar por uma defesa em causa própria...” Assim, definitivamente, o substantivo “arquiteto” não se encontra no texto com a intenção de retomar o termo “Oscar Niemeyer”, como afirmou a questão. Gabarito: E Questão 3: MPE PI - 2012 - Superior Fragmento do texto: As grandes atividades arquetípicas da sociedade humana são, desde o início, inteiramente marcadas pelo jogo. Como, por exemplo, no caso da linguagem, esse primeiro e supremo instrumento que o homem forjou a fim de poder comunicar, ensinar e comandar. É a linguagem que lhe permite distinguir as coisas, defini-las e constatá-las, em resumo, designá-las e com essa designação elevá-las ao domínio do espírito. Na criação da fala e da linguagem, brincando com essa maravilhosa faculdade de designar, é como se o espírito estivesse constantemente saltando entre a matéria e as coisas pensadas. Por detrás de toda expressão abstrata se oculta uma metáfora, e toda metáfora é jogo de palavras. As expressões “primeiro e supremo instrumento” (linha 3), “maravilhosa faculdade de designar” (linhas 7 e8) e “toda expressão abstrata” (linha 9) referem-se à linguagem. Comentário: A expressão “esse primeiro e supremo instrumento” é o aposto explicativo, o qual retoma o substantivo “linguagem” (linha 3). O pronome demonstrativo “essa” é o conectivo que nos permite inferir a retomada do substantivo “linguagem” (linha 7). O termo “toda expressão abstrata” não tem referência direta com a palavra “linguagem”, por meio de algum conectivo, como ocorreu com as expressões anteriores. Porém, percebemos que o texto se refere à linguagem. O trecho “Por detrás de toda expressão abstrata se oculta uma metáfora, e toda metáfora é jogo de palavras.” Afirma que toda metáfora é um jogo de palavras. Ora, o jogo de palavras é expresso pela linguagem. Como foi afirmado que “Por detrás de toda expressão abstrata se oculta uma metáfora”, obrigatoriamente há referência à linguagem por meio do termo “toda expressão abstrata”. Gabarito: C PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 6 Questão 4: Assembleia Legislativa ES – 2011 – nível médio Fragmento de texto: Além de apresentarem certa precocidade na aquisição do hábito de ingerir álcool, os adolescentes paulistas bebem frequentemente, exageram nas doses e, em muitos casos, agem assim com anuência familiar. O sentido e a correção gramatical do texto seriam mantidos caso se substituísse o vocábulo “frequentemente” (linha 2) por diuturnamente. Comentário: O advérbio de modo “frequentemente” tem o sentido de ação repetida, continuada, habitual. Já o advérbio “diuturnamente” significa longa duração, muito tempo. Assim, a substituição não preserva o mesmo sentido. Gabarito: E Questão 5: Assembleia Legislativa ES – 2011 – nível médio Fragmento de texto: Além disso, como o processo de amadurecimento do cérebro só se completa duas décadas depois do nascimento, o consumo precoce de álcool pode comprometer seriamente o desenvolvimento desse órgão vital, ao aumentar a probabilidade de aparecimento de problemas cognitivos, como falta de concentração, e de alterações de humor, como depressão e ansiedade. O sentido e a correção gramatical do texto seriam mantidos caso se substituísse o termo “como” (linha 1) pela expressão já que. Comentário: Veja que a conjunção “como” é adverbial causal e inicia a oração subordinada adverbial causal “como o processo de amadurecimento do cérebro só se completa duas décadas depois do nascimento”. Por isso, pode ser substituída pela locução conjuntiva adverbial causal “já que”. Gabarito: C Questão 6: Assembleia Legislativa ES – 2011 – nível médio Fragmento de texto: O governo do estado de São Paulo lançou um programa que fechará o cerco ao consumo de álcool por crianças e adolescentes. O sentido e a correção gramatical do texto seriam mantidos caso se substituíssea expressão “fechará o cerco” (linha 2) pela forma verbal coibirá. Comentário: O verbo “coibir” significa a tentativa de impedimento de realização de algo, repressão a algo, refreamento de algo. Este sentido é o mesmo da expressão “fechar o cerco”. Assim, semanticamente, a substituição estaria correta, mas sintaticamente há um problema: o verbo “coibirá” é transitivo direto e não admite a preposição “a”, a qual deve ser retirada: “...coibirá o consumo de álcool...” Gabarito: E Questão 7: Assembleia Legislativa ES – 2011 – nível médio Fragmento de texto: Na verdade, idealiza-se o que fazer (e que dificilmente acontece), esquecendo-se do presente. Geralmente, as expectativas centradas nesse futuro refletem uma insatisfação com a situação presente, tanto no nível pessoal como no profissional. PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 7 Seriam mantidos a correção gramatical do texto e o seu sentido original se o trecho “tanto no nível pessoal como no profissional” (linhas 3 e 4) fosse reescrito como tanto a nível de pessoa como a nível de trabalho. Comentário: A expressão “a nível de” é viciosa. O substantivo “nível” não possui o valor de “relativo a”, “a respeito de”, como vulgarmente é utilizado (Falei a nível de problema social). Os valores corretamente empregados da palavra “nível” são: • Elevação relativa de uma linha ou de um plano horizontal: O nível das águas subiu. • Padrão, qualidade, gabarito: bairro residencial de alto nível. • Altura relativa numa escala de valores (plano): nível econômico; nível de disciplina. No contexto, o substantivo “nível” está sendo usado com o sentido número 3, visto anteriormente. Assim, um substantivo sinônimo que pode ser utilizado é “plano”: “tanto no plano pessoal como no profissional” Gabarito: E 1.2 hipônimos e hiperônimos: A palavra que apresenta um significado mais abrangente é chamada de hiperônimo. O prefixo “hiper” dá a noção de generalização. Já a palavra que especifica o sentido é chamada de hipônimo. O prefixo “hipo” transmite o valor de especificação. Assim: cores (sentido mais geral) é hiperônimo de azul (sentido mais específico). frutas (sentido mais geral) é hiperônimo de abacaxi (sentido mais específico). trânsito (sentido mais geral) é hiperônimo de rodovia (sentido mais específico). Por associação, hipônimos são palavras que se relacionam pelo sentido dentro de um conjunto, ligando-se por afinidade. laranja (sentido mais específico) é hipônimo de fruta (sentido mais geral). preto (sentido mais específico) é hipônimo de cor (sentido mais geral). couve (sentido mais específico) é hipônimo de verdura (sentido mais geral). A relação existente entre hiperônimo e hipônimo é fundamental para a coesão referencial (retomada de palavra). Assim, muitas vezes um pode substituir o outro para se evitar a repetição viciosa. Veja: Dois soldados da Polícia Militar foram baleados na noite de ontem. O comandante da operação informou que os militares já estão fora de perigo. Neste exemplo, a palavra “militares” é um hiperônimo da palavra “soldados” e foi utilizado para evitar a repetição do substantivo anteriormente expresso. Questão 8: Tribunal de Justiça – RJ / 2008 / nível superior Fragmento do texto: A divulgação científica, as informações e os conhecimentos que podemos oferecer à educação são elementos que contribuem para formar a opinião, a capacidade de crítica e de decisão dos diferentes setores da sociedade. PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 8 O termo “elementos” funciona como hiperônimo de “divulgação científica”, “informações” e “conhecimentos”. Comentário: Note que “elementos” é o predicativo do sujeito, isto é, caracteriza esse sujeito composto. Naturalmente o vocábulo “elementos” deve ser abrangente para abarcar as ideias específicas de cada núcleo desse termo enumerado, por isso “elementos” é hiperônimo (sentido geral) de seus hipônimos (sentido específico) “divulgação científica”, “informações” e “conhecimentos”. Gabarito: C Questão 9: Tribunal de Justiça - RJ / 2008 / nível superior Julgue a afirmativa em que as palavras grifadas mantêm, entre si, a relação semântica indicada entre parênteses: A lei caracteriza algumas ações e as define como crimes. Esses delitos são classificados de acordo com o tipo de bem que atingem, material ou imaterial. (hiperonímia/hiponímia) Comentário: Na realidade, “crime” (mais específico) é um termo incluso em “delitos” (mais abrangente), por isso a relação deveria ser contrária: (hiponímia/hiperonímia) Gabarito: E 1.3. Pronomes Os pronomes são elementos de coesão por princípio, pois retomam ou projetam elementos no texto. Veja: Ana Clara realizou uma prova ontem. Ela não havia levado seu material de estudo, então pediu a um amigo que morava perto de sua casa que o trouxesse à faculdade, pois todo o resumo se encontrava nele. Perceba que o pronome pessoal “Ela” retomou “Ana Clara”. O pronome possessivo “seu”, além de fazer subentender a preposição “de”, retoma “Ela” (=material dela). O pronome relativo “que” se refere ao vocábulo “amigo” (amigo morava...). O pronome “sua” novamente retoma “Ela” (casa dela). Os pronomes “o” e “nele” fazem referência à expressão “material de estudo”. Com isso, podemos perceber o papel crucial dos pronomes na retomada de palavras. Essa referência ao que foi dito anteriormente é chamada de recurso anafórico ─ recurso muito utilizado. Mas ele também pode projetar o sentido, isto é, fazer uma abertura para depois inserir o elemento. Veja: Ana já soube de sua nota: cinco. A nota de Ana foi esta: cinco. Preciso de algo: descanso. Chamamos isso de recurso catafórico. Não temos que decorar os nomes, mas saber identificar a quem o nome se refere, quem ele retoma e quem ele projeta. Para tal, basta lermos com calma o texto e confirmarmos os dados nele. PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 9 Verifique essa coesão referencial em um texto da prova de Analista de Finanças e Controle (STN) 2008: O Brasil vive hoje seu primeiro momento plenamente democrático. Todas as experiências anteriores ou foram autoritárias ou tinham algumas características da democracia, mas não a realizavam por completo. Boa parte desse resultado político se deve à Constituição de 1988, num sentido mais amplo que as regras por ela determinadas. Além do arcabouço institucional original, o espírito que norteou a confecção do texto constitucional e o aprendizado posterior têm produzido efeitos democratizantes na vida política brasileira. Ainda há, no plano da cidadania, distância entre o Brasil legal e o Brasil real. As formas de participação extra-eleitoral ainda são subaproveitadas. Grande parte da população não as usa. Questão 10: Assembleia Legislativa ES – 2011 – nível superior Fragmento de texto: Em milênios de filosofia, só dois filósofos quebraram as fronteiras da academia para que seus nomes gerassem adjetivos conhecidos de todos, até de quem não sabe quem eles foram: Platão e Maquiavel. Todos ouvimos falar em amor platônico ou em pessoas maquiavélicas. Não interessa que os especialistas se irritem porque Maquiavel não foi maquiavélico; o fato é que ele, como Platão, deixou uma marca no imaginário social. Na linha 7, o pronome “ele” refere-se a “Platão”, o referente mais próximo. Comentário: O pronome pessoal “ele” também trabalha a coesão referencial anafórica. Assim retoma palavra expressa anteriormente, e não posteriormente, como a questão faz subentender. Assim, o substantivo retomado foi “Maquiavel”, e não “Platão”. Gabarito: E Questão 11: EBC – 2011 – nível superior São Paulo, 18 novembro 1925. Carlos,Dá-se isto: ontem me apareceu um dos redatores da Noite do Rio aqui em casa e além de me pedir uma entrevista pra tal propôs o seguinte: a Noite organiza um Mês Modernista. Durante um mês todos os dias o jornal publicará um artiguete de meia coluna assinado por um modernista qualquer. O artiguete poderá ser crítica, fantasia, versos, o que a gente quiser. Pagam 50$ por artigo. Os escolhidos são: Manuel Bandeira e Prudente de Morais no Rio, eu e Sérgio Milliet em São Paulo, você e o Martins de Almeida em Minas. Me mande com absoluta urgência uma linha sobre isto falando que aceitam, PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 10 pra eu dispor as coisas logo. Estou esperando. Ciao. Mário No texto, a sequência “a Noite organiza um Mês Modernista” não atende à expectativa de leitura criada com “propôs o seguinte:”, pois não informa, com clareza, a proposta de que trata a carta. Comentário: A expressão “propôs o seguinte” transmite ao leitor a expectativa de que em seguida haverá a proposta. A oração “a Noite organiza um Mês Modernista” ambienta o leitor sobre a situação que posteriormente levará à proposta, que é “Durante um mês todos os dias o jornal publicará um artiguete de meia coluna assinado por um modernista qualquer. O artiguete poderá ser crítica, fantasia, versos, o que a gente quiser. Pagam 50$ por artigo. Os escolhidos são: Manuel Bandeira e Prudente de Morais no Rio, eu e Sérgio Milliet em São Paulo, você e o Martins de Almeida em Minas.” Assim, somente aquela primeira oração após os dois-pontos não é clara quanto à proposta, ela apenas ambienta a situação, mas a proposta mesmo ocorre em seguida. Por isso, a questão está certa. Gabarito: C Questão 12: Assembleia Legislativa ES – 2011 – nível superior Fragmento de texto: Em milênios de filosofia, só dois filósofos quebraram as fronteiras da academia para que seus nomes gerassem adjetivos conhecidos de todos, até de quem não sabe quem eles foram: Platão e Maquiavel. Todos ouvimos falar em amor platônico ou em pessoas maquiavélicas. Não interessa que os especialistas se irritem porque Maquiavel não foi maquiavélico; o fato é que ele, como Platão, deixou uma marca no imaginário social. Na linha 3, o pronome “quem”, em ambas as ocorrências, equivale a pessoas que. Comentário: A questão associa o nosso conhecimento de coesão referencial, isto é, qual palavra está sendo retomada, ao conhecimento do sentido das palavras. Como a questão apenas informou que os pronomes equivalem, não significa que devemos substituir uma expressão por outra, o que importa é o valor semântico, o sentido em cada ocorrência. A primeira ocorrência do pronome “quem” realmente faz subentender a expressão “pessoas que” e, sintaticamente, deve haver alguns ajustes. Confronte: “...adjetivos conhecidos de todos, até de quem não sabe...” “...adjetivos conhecidos de todos, até das pessoas que não sabem...” Já a segunda ocorrência deste pronome não envolve as pessoas de maneira geral, mas restringe a “Platão e Maquiavel”. Este recurso é chamado de catafórico, porque projeta o referente para depois do pronome. Veja: “...não sabe quem eles foram: Platão e Maquiavel.” Gabarito: E PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 11 Questão 13: MPE PI - 2012 - Superior Fragmento do texto: Na era das redes sociais, algumas formas de comunicação arcaicas ainda dão resultado. O canadense Harold Hackett que o diga. Morador da Ilha Príncipe Eduardo, uma das dez províncias do Canadá, ele enviou mais de 4.800 mensagens em uma garrafa e recebeu 3.100 respostas de pessoas de várias partes do mundo. De acordo com a BBC, o canadense envia as mensagens desde 1996. O seu método é simples. Harold utiliza garrafas de suco de laranja e se certifica de que as mensagens estão com data. Antes de enviá-las, checa o sentido dos ventos — que devem rumar de preferência para oeste ou sudoeste. Algumas cartas demoraram 13 anos para voltar para ele. A forma pronominal “las”, em “enviá-las” (linha 8), pode fazer referência tanto ao termo “garrafas” (linha 7) quanto ao termo “mensagens” (linha 8). Comentário: A forma pronominal “las" retoma explicitamente o substantivo “mensagens”. Como essas mensagens são enviadas por meio de “garrafas”, contextualmente, “mensagens” e “garrafas” possuem o mesmo sentido na retomada por este pronome. Veja: “Harold utiliza garrafas de suco de laranja e se certifica de que as mensagens estão com data. Antes de enviá-las(as mensagens, as garrafas)...” Gabarito: C Questão 14: Assembleia Legislativa ES – 2011 – nível superior Fragmento de texto: Em milênios de filosofia, só dois filósofos quebraram as fronteiras da academia para que seus nomes gerassem adjetivos conhecidos de todos, até de quem não sabe quem eles foram: Platão e Maquiavel. Todos ouvimos falar em amor platônico ou em pessoas maquiavélicas. Não interessa que os especialistas se irritem porque Maquiavel não foi maquiavélico; o fato é que ele, como Platão, deixou uma marca no imaginário social. Tanto na linha 3 quanto na linha 4, o pronome “todos” remete ao significado de todas as pessoas. Comentário: Na linha 3, realmente o pronome “todos” tem o sentido de “todas as pessoas”, inclusive pode até haver a substituição de tais vocábulos: “só dois filósofos quebraram as fronteiras da academia para que seus nomes gerassem adjetivos conhecidos de todos...” “só dois filósofos quebraram as fronteiras da academia para que seus nomes gerassem adjetivos conhecidos de todas as pessoas...” Já a ocorrência deste pronome na linha 4 recebeu o verbo “ouvimos”, o qual faz subentender o pronome “nós”. Assim, o autor quis especificar esse universo, inserindo ele mesmo e o leitor na situação de ter ouvido falar em amor platônico ou em pessoas maquiavélicas. Assim, houve mudança de sentido. Prova disso é não podermos mais substituir o pronome “todos” pela expressão “todas as pessoas”, como fizemos no pronome anterior. Gabarito: E PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 12 1.3.1. Os pronomes demonstrativos devem ser estudados com especial atenção, pois são divididos em anafórico e catafórico, os quais trabalham a coesão referencial, por retomar palavra ou expressão dita anteriormente e referenciar-se a termo posterior, respectivamente. Os pronomes demonstrativos são este, esta, isto; esse, essa, isso; aquele, aquela, aquilo; tal; semelhante; próprio; mesmo; o; a. Os pronomes isto, isso, aquilo são invariáveis. a. Em uma citação oral ou escrita, usa-se “este, esta, isto” para o que ainda vai ser dito ou escrito (recurso catafórico), e “esse, essa, isso” (recurso anafórico) para o que já foi dito ou escrito. A verdade é esta: o Brasil será campeão. O Brasil será campeão. A verdade é essa. Para estabelecer-se a distinção entre dois elementos anteriormente citados, usa-se “este, esta, isto” em relação ao que foi mencionado por último e “aquele, aquela, aquilo”, em relação ao que foi nomeado em primeiro lugar. (A, B. Este, aquele) Sabemos que a relação entre o Brasil e os Estados Unidos é de domínio destes sobre aquele. Os filmes brasileiros não são tão respeitados quanto as novelas, mas eu prefiro aqueles a estas. b. O, a, os, as são pronomes demonstrativos, quando equivalem a isto, isso, aquilo ou aquele(s), aquela(s). Não concordo com o que ele falou. (aquilo que ele falou) Tudo o que aconteceu foi um equívoco. (aquilo que aconteceu) A que apresentar o melhor texto será aprovada. (aquela que apresentar) c. Tal, tais podem ter sentido próximo ao dos pronomes demonstrativos ou de semelhante, semelhantes: Os dois estão casados há 50 anos. Tal amor não se encontra facilmente.Embora tenha sido o mentor do plano, ele nunca admitiu tal fato. d. Da mesma forma, semelhante, semelhantes são demonstrativos quando equivalem a tal, tais: O Brasil ficou em choque com a tragédia na Região Serrana do Rio de janeiro. Não se veriam semelhantes catástrofes se os projetos urbanísticos municipais fossem eficazes ou, pelo menos, existissem. PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 13 Para o romano, o mundo dos prodígios ficava a Ocidente. Semelhante tradição vinha de longe, através dos escritores gregos, sobretudo de Platão” (Aquilino Ribeiro). e. Mesmo, mesmos, mesma, mesmas; próprio, próprios, própria, próprias são demonstrativos quando têm o sentido de "idêntico", "em pessoa": Não é possível continuar insistindo nos mesmos erros. Ela própria deve fiscalizar a mercadoria que lhe é entregue. Questão 15: Instituto Rio Branco - 2011 - Diplomacia Fragmento de texto: Oscar não acredita em Papai do Céu, nem que estará um dia construindo brasílias angélicas nas verdes pastagens do Paraíso. Põe ele, como um verdadeiro homem, a felicidade do seu semelhante no aproveitamento das pastagens verdes da Terra; no exemplo do trabalho para o bem comum e na criação de condições urbanas e rurais, em estreita intercorrência, que estimulem e desenvolvam este nobre fim: fazer o homem feliz dentro do curto prazo que lhe foi dado para viver. Dada a propriedade que assume o pronome “este” nos mecanismos coesivos empregados no trecho “que estimulem e desenvolvam este nobre fim” (linha 6), não é facultada a seguinte reescrita: que estimulem este nobre fim e o desenvolvam. Comentário: Veja que o pronome demonstrativo “este” é um recurso catafórico, pois projeta o referente à frente no texto. Veja: “...no exemplo do trabalho para o bem comum e na criação de condições urbanas e rurais, em estreita intercorrência, que estimulem e desenvolvam este nobre fim: fazer o homem feliz dentro do curto prazo que lhe foi dado para viver”. A expressão “este nobre fim” é o objeto direto dos verbos “estimulem” e “desenvolvem”. Assim, a questão reformulou o trecho inserindo este objeto direto explicitamente no primeiro verbo (estimulem este nobre fim) e o retomou com o pronome oblíquo “o” no segundo verbo (e o desenvolvam). Confronte o trecho original e o substituto: “...no exemplo do trabalho para o bem comum e na criação de condições urbanas e rurais, em estreita intercorrência, que estimulem e desenvolvam este nobre fim: fazer o homem feliz dentro do curto prazo que lhe foi dado para viver”. “...no exemplo do trabalho para o bem comum e na criação de condições urbanas e rurais, em estreita intercorrência, que estimulem este nobre fim e o desenvolvam: fazer o homem feliz dentro do curto prazo que lhe foi dado para viver”. Assim, a questão está correta. Gabarito: C PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 14 Questão 16: MPE PI - 2012 - Superior Fragmento do texto: Os estudos ainda devem prosseguir para confirmá-la, mas esse trabalho, somado aos que vinham sendo realizados nos últimos anos, não deixa margem para muitas dúvidas. No trecho “somado aos que vinham sendo realizados nos últimos anos” (linha 2), o elemento “aos” poderia ser corretamente substituído por àqueles. Comentário: Veja que o pronome demonstrativo “os” está flexionado no plural e masculino por retomar o substantivo “estudos”. Assim, pode ser substituído pelo pronome demonstrativo “aqueles”. Como a palavra “aos” possui preposição por ser exigida pelo vocábulo “somado” e o pronome “aqueles” é iniciado pela vogal “a”, ocorre a crase: àqueles. Confronte: “Os estudos ainda devem prosseguir para confirmá-la, mas esse trabalho, somado aos que vinham sendo realizados...” “Os estudos ainda devem prosseguir para confirmá-la, mas esse trabalho, somado àqueles que vinham sendo realizados...” Gabarito: C Questão 17: EBC – 2011 – nível médio Fragmento de texto: Quando se fala em sistema público de comunicação, pensa-se justamente em um conjunto de mídias públicas (nos diversos suportes, como rádio, televisão, Internet etc.) que operam de modo integrado e sistêmico, tendo como horizonte o interesse dos cidadãos. Para o professor Laurindo Leal Filho, da Universidade de São Paulo, um dos pioneiros na pesquisa sobre mídia pública no Brasil, esse não é um conceito fechado. O pronome “esse” (linha 6) refere-se ao conceito de sistema público de comunicação explicitado anteriormente. Comentário: O pronome “esse” é o sujeito da última oração, e o predicativo é “um conceito fechado”. Sabendo-se que o predicativo é o termo que caracteriza o sujeito, entendemos que o pronome “esse” tem relação com um conceito anteriormente veiculado no texto: “sistema público de comunicação (...) um conjunto de mídias públicas (nos diversos suportes, como rádio, televisão, Internet etc.) que operam de modo integrado e sistêmico, tendo como horizonte o interesse dos cidadãos”. Assim, a questão está correta. Gabarito: C Questão 18: EBC – 2011 – nível médio Fragmento de texto: Segundo pesquisa realizada no ano de 2006 em sete países (França, Coreia do Sul, Alemanha, Reino Unido, Itália, Estados Unidos da América e Japão) pelo Broadcasting Culture Research Institute — NHK, 4 em cada 5 cidadãos consideram necessário existir um sistema público de comunicação. Em países como Alemanha, Japão e Reino Unido — onde há cobrança de imposto específico que financia mídias públicas —, 60% dos entrevistados consideraram importante pagar esse tipo de tributo para sustentar tais corporações. A expressão “tais corporações” (linha 8) retoma o antecedente “Broadcasting Culture Research Institute — NHK” (linha 3). Comentário: A “Broadcasting Culture Research Institute — NHK” é a empresa PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 15 que realizou a pesquisa no ano de 2006. Note que o termo “tais corporações” possui o pronome demonstrativo “tais”, o qual ajuda na referência a “mídias públicas”. Assim, a questão está errada. Gabarito: E Questão 19: MPE PI - 2012 - Superior Fragmento do texto: Na era das redes sociais, algumas formas de comunicação arcaicas ainda dão resultado. O canadense Harold Hackett que o diga. Morador da Ilha Príncipe Eduardo, uma das dez províncias do Canadá, ele enviou mais de 4.800 mensagens em uma garrafa e recebeu 3.100 respostas de pessoas de várias partes do mundo. De acordo com a BBC, o canadense envia as mensagens desde 1996. Na expressão “que o diga” (linhas 2 e 3), o termo “o” refere-se à ideia expressa no período anterior. Comentário: A experiência do canadense Harold Hackett fez com que ele confirmasse que “algumas formas de comunicação arcaicas ainda dão resultado”. Assim, realmente o pronome demonstrativo “o”, em “que o diga”, retoma a informação do período anterior. Gabarito: C Questão 20: Polícia Civil CE - 2012 - Inspetor Fragmento de texto: Muitos acreditam que chegamos à velhice do Estado nacional. Desde 1945, dizem, sua soberania foi ultrapassada pelas redes transnacionais de poder, especialmente as do capitalismo global e da cultura pós-moderna. Alguns pós-modernistas levam mais longe a argumentação, afirmando que isso põe em risco a certeza e a racionalidade da civilização moderna, entre cujos esteios principais se insere a noção segura e unidimensional de soberania política absoluta, inserida no conceito de Estado nacional. Na linha 5, “isso” refere-se ao fato de alguns dizerem que a soberania dos Estados nacionais, desde 1945, foi suplantada por redes transnacionais de poder. Comentário: Primeiramente, devemos observar que os trechos “velhice do Estado nacional” e “soberania foi ultrapassada”, contextualmente, são sinônimos,pois “velhice do Estado Nacional” tem o sentido de fim dos tempos, aquilo que está ultrapassado. O pronome demonstrativo “isso” é o sujeito na oração “põe em risco a certeza e a racionalidade da civilização moderna”. O que põe em risco não é o fato de alguns afirmarem que a soberania do Estado Nacional tenha sido ultrapassada, mas simplesmente que ela está velha, ultrapassada. Assim, o pronome demonstrativo “isso”, na realidade, retoma a expressão “chegamos à velhice do Estado nacional” ou “sua soberania foi ultrapassada pelas redes transnacionais de poder, especialmente as do capitalismo global e da cultura pós-moderna”. Veja o esquema: “Muitos acreditam que chegamos à velhice do Estado nacional. Desde 1945, dizem, sua soberania foi ultrapassada pelas redes transnacionais de poder, especialmente as do capitalismo global e da cultura pós- PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 16 moderna. Alguns pós-modernistas levam mais longe a argumentação, afirmando que isso põe em risco a certeza e a racionalidade da civilização moderna, entre cujos esteios principais se insere a noção segura e unidimensional de soberania política absoluta, inserida no conceito de Estado nacional.” Gabarito: E Questão 21: EBC – 2011 – nível médio Fragmento de texto: Segundo pesquisa realizada no ano de 2006 em sete países (França, Coreia do Sul, Alemanha, Reino Unido, Itália, Estados Unidos da América e Japão) pelo Broadcasting Culture Research Institute — NHK, 4 em cada 5 cidadãos consideram necessário existir um sistema público de comunicação. Em países como Alemanha, Japão e Reino Unido — onde há cobrança de imposto específico que financia mídias públicas —, 60% dos entrevistados consideraram importante pagar esse tipo de tributo para sustentar tais corporações. A expressão “esse tipo de tributo” (linha 7) refere-se ao antecedente “imposto específico que financia mídias públicas” (linha 6). Comentário: Como “imposto” (palavra de sentido específico) é um tipo de “tributo” (palavra de sentido mais abrangente), fica fácil entender pelo contexto que “esse tipo de tributo” se refere a “imposto específico que financia mídias públicas” Gabarito: C 1.3.2. Coesão referencial com o pronome relativo “que”: Este pronome inicia uma oração subordinada adjetiva e serve para retomar um substantivo anterior. Conversei com o fundador da instituição que cuida de crianças carentes. Perceba que o pronome relativo “que” retoma o substantivo “instituição”. Assim, quando lemos “que”, entendemos “instituição” e então teríamos: “a instituição cuida de crianças carentes”. Veja: Conversei com o fundador da instituição que cuida de crianças carentes. Conversei com o fundador da instituição. A instituição cuida de crianças carentes. É fácil achar o pronome relativo: basta substituí-lo pelos também pronomes relativos “o qual, a qual, os quais, as quais”. Este pronome também inicia uma oração subordinada adjetiva. Algumas leis que estão em vigor no país deverão ser revistas. Algumas leis as quais estão em vigor no país deverão ser revistas. Note que “Algumas leis” é o sujeito da locução verbal “deverão ser revistas” e o pronome relativo “que” (ou “as quais”) é o sujeito do verbo PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 17 “estão”. Quando se lê “que” ou “os quais”, devemos entender o substantivo “leis”: leis estão em vigor no país. Questão 22: MPE PI - 2012 - Superior Fragmento do texto: O mundo em que nos encontramos hoje, no entanto, não se parece muito com o que eles previram. Em “não se parece muito com o que eles previram”, o pronome “que” tem como antecedente o pronome “o”, que se refere a “mundo”. Comentário: Na expressão “o que”, o pronome relativo “que” realmente retoma o pronome demonstrativo “o”, o qual retoma o substantivo “mundo”. Veja o esquema com todos os referentes: “O mundo em que nos encontramos hoje, no entanto, não se parece muito com o que eles previram.” Gabarito: C Questão 23: EBC – 2011 – nível superior Fragmento de texto: Kant inicia a exposição da ética, que ele chama metafísica dos costumes, pela afirmação de que “toda legislação” compreende duas partes: em primeiro lugar, “uma lei que representa como objetivamente necessária a ação que deve ser cumprida, isto é, que faz da ação um dever; e, secundariamente, um motivo que liga subjetivamente à representação da lei o princípio de determinação do livre-arbítrio a essa ação” e acrescenta: “A segunda parte equivale a dizer que a lei faz do dever um motivo”. O vocábulo “que”, em ‘que deve ser cumprida’ (linha 4) e ‘que faz da ação um dever’ (linha 4) tem o mesmo referente no período. Comentário: A questão trabalha a coesão referencial dos dois últimos pronomes relativos do trecho abaixo: “...uma lei que representa como objetivamente necessária a ação que deve ser cumprida, isto é, que faz da ação um dever...” O segundo pronome “que” retoma “ação” e o terceiro retoma o substantivo “lei”, conforme as setas acima. Veja que a expressão “isto é” inicia explicação, uma nova forma de caracterizar a palavra “lei”. Assim, os referentes são diferentes. Gabarito: E 1.4. Coesão referencial com advérbios ou locuções adverbiais: Os advérbios e locuções adverbiais também podem posicionar o lugar ou tempo de um termo no discurso, como recurso anafórico ou catafórico: Fui a Brasília. Lá é um lugar de oportunidades! Venha ao Rio de Janeiro e se encante com as praias daqui!!! Em 1822, o Brasil começava sua caminhada à liberdade política. Desde então, a estratégia pela permanência da soberania é constante, seja política, seja econômica. PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 18 Questão 24: Assembleia Legislativa ES – 2011 – nível superior Fragmento de texto: Sr. Y (sem revisão do orador) — Boa tarde a todos. Primeiramente, dizemos aos presentes que, em todo o mundo, está sendo celebrado o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Em 1948, foi aprovada e proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos como o mais forte grito da humanidade contra a intolerância, a discriminação e o preconceito. De lá para cá, muita coisa avançou. O Brasil tornou-se país signatário de todos os tratados e convenções dos direitos humanos. E, nesse avanço, há quinze anos surgiu o Conselho Estadual de Direitos Humanos do Estado do Espírito Santo, um “adolescente” que teve papel extremamente importante, no Espírito Santo, em todas as lutas, estando sempre ao lado dos humilhados e dos ofendidos. Na expressão “De lá para cá” (linhas 5 e 6), os advérbios “lá” e “cá” fazem referência, respectivamente, ao ano de 1948 e ao momento atual, à época em que o orador está proferindo seu discurso. Comentário: Esta questão trabalha a coesão referencial com base nos advérbios “lá” e “cá”. A preposição “De” transmite o sentido de início, origem. Ela se encontra antes do advérbio “lá”, porque a intenção do autor é delimitar um momento passado, que é o ano de 1948. A preposição “para” transmite o sentido de direção, destino. Ela se encontra no advérbio “cá”, porque a intenção do autor é delimitar o momento atual: o momento em que o orador está proferindo seu discurso. Assim, a questão está certa. Gabarito: C Questão 25: Polícia Civil CE - 2012 - Inspetor Fragmento de texto: No coração histórico da sociedade moderna, a Comunidade Europeia (CE) supranacional parece dar especial crédito à tese de que a soberania político-nacional vem fragmentando-se. Ali, tem-se às vezes anunciado a morte efetiva do Estado nacional, embora, para essa visão, uma aposentadoria oportuna talvez fosse a metáfora mais adequada. Na linha 3, “Ali” tem como referente “sociedade moderna” (linha1). Comentário: Mais uma questão de coesão referencial com advérbio. Note que o advérbio “Ali” retoma, na realidade, a “Comunidade Europeia (CE) supranacional”. Gabarito: E Questão 26: Polícia Civil CE - 2012 - Inspetor Fragmento de texto: É verdade que a CE vem desenvolvendo novas formas políticas, que trazem à memória algumas formas mais antigas, como lembra o latim usado por Schmitter. Estas nos obrigam a rever nossas ideias do que devem ser os Estados contemporâneos e suas inter-relações. De fato, nos últimos 25 anos, assistimos a reversões neoliberais e transnacionais de alguns poderes de Estados nacionais. No entanto, alguns de seus poderes continuam a crescer. Ao longo desse mesmo período recente, os Estados regularam cada vez mais as esferas privadas íntimas do ciclo de vida e da família. (...) PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 19 Michael Mann. Estados nacionais na Europa e noutros continentes: diversificar, desenvolver, não morrer. In: Gopal Balakrishnan. Um mapa da questão nacional. Vera Ribeiro (Trad.). Rio de Janeiro: Contraponto, 2000, p. 311-4 (com adaptações). O trecho “Ao longo desse mesmo período recente” (linha 7) retoma, por coesão, a expressão “nos últimos 25 anos” (linhas 4 e 5), cuja referência temporal exata depende de informações extratextuais, tais como a data de publicação do texto. Comentário: A locução adverbial “nos últimos 25 anos” precisa de um referente temporal da publicação do texto, pois o adjetivo “últimos” necessita de um referente temporal. Os últimos 25 anos para nós que lemos o texto em 2012 é bem diferente daquele ano em que o texto foi publicado (Ano de 2000. Confirme isso nos dados bibliográficos do texto). Veja que realmente a expressão “Ao longo desse mesmo período recente” retoma o tempo referenciado em “nos últimos 25 anos”, o qual faz referência ao período de 1975 a 2000. Assim, a questão está correta. Gabarito: C 2. Elemento de coesão por omissão (elipse): Muitas vezes, para evitar a repetição viciosa, basta omitir o vocábulo que está se repetindo, desde que ele fique facilmente subentendido. Isso é chamado de elipse. Veja: Gustavo foi à casa de sua mãe. Ficou por lá uns oito dias. Antes do verbo “ficou” subentende-se “Gustavo”, então por omissão realizamos a coesão. Questão 27: EBC – 2011 – nível médio Fragmento de texto: Meios de comunicação de massa financiados por dinheiro público e livres do controle privado comercial têm sido um modelo de comunicação bastante explorado e consolidado na maioria das democracias modernas. Trata-se de algo tão antigo quanto o próprio surgimento da TV e do rádio. Diversos países sustentam hoje robustas corporações de mídia pública que concentram substancial fatia da audiência e são reconhecidas pela qualidade no conteúdo que produzem e transmitem. Uma das mais antigas em operação é a BBC do Reino Unido, criada nos anos 20 do século passado. A BBC tem servido como modelo para muitas outras experiências que surgiram durante todo o século passado. No trecho “Uma das mais antigas” (linha 8), a elipse da expressão “corporações de mídia pública” funciona como recurso coesivo. Comentário: A expressão “Uma das mais antigas” está flexionada no feminino e com o substantivo no plural, por fazer referência ao termo plural e feminino “corporações de mídia pública”. Esta expressão foi omitida naquela expressão para evitar repetição de vocábulo desnecessariamente. Veja: “Uma das mais antigas (corporações de mídia pública) em operação é a BBC do Reino Unido, criada nos anos 20 do século passado.” Gabarito: C PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 20 Questão 28: Assembleia Legislativa ES – 2011 – nível médio Fragmento de texto: Na verdade, idealiza-se o que fazer (e que dificilmente acontece), esquecendo-se do presente. Geralmente, as expectativas centradas nesse futuro refletem uma insatisfação com a situação presente, tanto no nível pessoal como no profissional. No final do parágrafo, está implícita a palavra nível antes do termo “profissional”. Comentário: Na expressão “tanto no nível pessoal como no”, o artigo “o”, em contração com a preposição “em” (no), determina o substantivo “nível” na primeira ocorrência (no nível) e faz subentender este substantivo na segunda ocorrência. Veja: “...tanto no nível pessoal como no (nível) profissional”. Assim, a questão está correta. Gabarito: C Questão 29: Instituto Rio Branco - 2011 - Diplomacia 1 5 10 15 No estudo da história, tem-se a impressão de que, quanto mais se recua no tempo, mais dura parece ter sido a vida das crianças do passado — e mais privilegiada parece a da garotada de hoje. Quando se pensa em como era a infância séculos atrás, uma das primeiras imagens que vêm à cabeça é a de meninos dando duro em minas ou limpando chaminés. A ideia de que essa fase da vida era simplesmente ignorada e de que as pessoas passavam de bebês a trabalhadores, do dia para a noite, é reforçada por inúmeras pinturas antigas retratando crianças sérias, tristemente vestidas como miniadultos. As fontes de informações medievais, entretanto, quando analisadas de perto, não oferecem evidência alguma de que as pessoas daquela época tivessem, com relação às crianças, atitudes muito diferentes das de hoje — com exceção, talvez, apenas do uso em excesso de castigos físicos, que, de qualquer modo, também eram aplicados em adultos. Apesar de o estilo de vida da época ser muito diferente do nosso, as crianças medievais cresciam, em muitos aspectos, de maneira semelhante à de seus “primos” modernos. Nicholas Orme e Fernanda M. Bem. Pequenos na Idade Média. In: BBC História, ano 1, ed. n.o 4 (com adaptações). Nas sequências “a da” (linha 3), “a de” (linha 5) e “das de” (linha12), sem núcleo nominal expresso, pode-se depreender que os artigos definidos “a”, “a” e “as”, na ordem das sequências, são portadores de propriedades anafóricas e retomam os seguintes referentes, respectivamente: “vida”, “imagem” e “crianças”. Comentário: Esta é mais uma questão de coesão referencial por meio da elipse, isto é, da omissão de palavra facilmente subentendida; evitando, assim, a repetição desnecessária de palavras. Na linha 3, o artigo “a” faz subentender o substantivo “vida”. Veja: “No estudo da história, tem-se a impressão de que, quanto mais se recua no tempo, mais dura parece ter sido a vida das crianças do passado — e mais privilegiada parece a (vida) da garotada de hoje.” Na linha 5, o artigo “a” faz subentender o substantivo “imagem”. Veja: PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 21 “Quando se pensa em como era a infância séculos atrás, uma das primeiras imagens que vêm à cabeça é a (imagem)de meninos dando duro em minas ou limpando chaminés.” Na linha 12, o artigo “a” faz subentender o substantivo “atitude”, e não o substantivo “crianças”, como havia sido afirmado na questão. Veja: “As fontes de informações medievais, entretanto, quando analisadas de perto, não oferecem evidência alguma de que as pessoas daquela época tivessem, com relação às crianças, atitudes muito diferentes das (atitudes) de hoje...” Por isso, a questão está errada. Gabarito: E Questão 30: EBC – 2011 – nível superior Texto 1 São Paulo, 18 novembro 1925. Carlos, Dá-se isto: ontem me apareceu um dos redatores da Noite do Rio aqui em casa e além de me pedir uma entrevista pra tal propôs o seguinte: a Noite organiza um Mês Modernista. Durante um mês todos os dias o jornal publicará um artiguete de meia coluna assinado por um modernista qualquer. O artiguete poderá ser crítica, fantasia, versos, o que a gente quiser. Pagam 50$ por artigo. Os escolhidos são: Manuel Bandeirae Prudente de Morais no Rio, eu e Sérgio Milliet em São Paulo, você e o Martins de Almeida em Minas. Me mande com absoluta urgência uma linha sobre isto falando que aceitam, pra eu dispor as coisas logo. Estou esperando. Ciao. Mário Texto 2 Belo Horizonte, 20 novembro 1925. Mário, Salve. Recebi hoje tua expressa fazendo o amável — e gostoso — convite para escrever umas besteiras na Noite. Aceito. O Martins de Almeida, avisado, também aceitou. Diga para quando é a joça, que estamos prontos. E desde já te agradeço o reclame e os cobres, pois estou certo que foi você que se lembrou do meu nome. Depois escreverei mais longamente. Um abraço forte do Carlos Lélia Coelho Frota (Org.). Carlos & Mário. Correspondência completa entre Carlos Drummond de Andrade (inédita) e Mário de Andrade. Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi Produções Literárias, 2002, p. 159-61 (com adaptações). Para se recuperar o conteúdo do complemento verbal exigido pela forma verbal “Aceito”, no texto 2, é imprescindível a leitura do texto 1. Comentário: A questão cobra novamente a coesão referencial por elipse, pois o verbo “Aceito” é transitivo direto e o objeto direto está subentendido em dado anterior. PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 22 Veja que a leitura do texto 1 nos ajuda a entender melhor o contexto, mas ele não é imprescindível para entender o complemento do verbo “Aceito”, pois a expressão “tua expressa fazendo o amável — e gostoso — convite para escrever umas besteiras na Noite” já retoma o conteúdo do texto 1. Assim, o complemento do verbo “Aceito” está subentendido no primeiro período do texto 2. Veja: “Recebi hoje tua expressa fazendo o amável — e gostoso — convite para escrever umas besteiras na Noite. Aceito (o convite para escrever umas besteiras na Noite).” Gabarito: E Questão 31: Instituto Rio Branco - 2011 - Diplomacia Fragmento de texto: Oscar não acredita em Papai do Céu, nem que estará um dia construindo brasílias angélicas nas verdes pastagens do Paraíso. Põe ele, como um verdadeiro homem, a felicidade do seu semelhante no aproveitamento das pastagens verdes da Terra; no exemplo do trabalho para o bem comum e na criação de condições urbanas e rurais, em estreita intercorrência, que estimulem e desenvolvam este nobre fim: fazer o homem feliz dentro do curto prazo que lhe foi dado para viver. A elipse em “nem que estará” (linha 1) e o emprego do pronome anafórico “ele” (linha 3) são mecanismos de coesão utilizados para referenciar o substantivo “Oscar” (linha 1). Comentário: Na linha 1, realmente ocorre elipse, pois o verbo “acredita” está subentendido na expressão “nem que estará”: “nem (acredita) que estará”. O sujeito deste verbo elíptico também é elíptico, pois subentende o substantivo “Oscar”. Além deste verbo, “estará” também se refere a “Oscar”. Veja: “Oscar não acredita em Papai do Céu, nem (acredita) que estará um dia construindo brasílias angélicas...” O recurso anafórico é a utilização de uma palavra que retoma outra anterior. Isso realmente ocorreu com o pronome pessoal “ele”. Veja um dado interessante sobre a coesão referencial. O primeiro verbo “acredita” tem como sujeito determinado simples o substantivo “Oscar”. O verbo subentendido “acredita” e o verbo explícito “estará” têm como sujeito determinado elíptico o mesmo referente: “Oscar”. O verbo “Põe” tem o sujeito determinado simples “ele”, o qual faz referência ao substantivo “Oscar”. Concluindo, nesta questão temos os exemplos de coesão referencial anafórica por elipse (por omissão) na expressão “nem que estará” e coesão referencial anafórica por substituição na expressão “Põe ele”. Veja: “Oscar não acredita em Papai do Céu, nem (acredita) que estará um dia construindo brasílias angélicas nas verdes pastagens do Paraíso. Põe ele, como um verdadeiro homem, a felicidade do seu semelhante no aproveitamento das pastagens verdes da Terra...” Gabarito: C PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 23 3. Os elementos sequenciadores ou operadores argumentativos são basicamente as conjunções coordenativas e subordinativas adverbiais, as quais já foram vistas nas aulas de sintaxe do período composto por coordenação e subordinação. Mas, não são apenas as conjunções que são cobradas como operadores argumentativos, outras palavras também fazem a ligação entre orações, frases, parágrafos, com determinado valor semântico. Veja os principais operadores: Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de tudo, antes de mais nada, primeiramente. Tempo: antes, finalmente, enfim, por fim, atualmente, logo após, ao mesmo tempo, enquanto isso, frequentemente, eventualmente. Semelhança/comparação: igualmente, da mesma forma, analogamente, por analogia, de acordo com, sob o mesmo ponto de vista , assim também. Adição, continuação: além disso, outrossim, por outro lado, ainda mais, ademais. Dúvida, hipótese: provavelmente, é provável que, possivelmente, não é certo que, se é que. Certeza/ênfase: decerto, com certeza, sem dúvida, inegavelmente, certamente. Ilustração/esclarecimento: por exemplo, em outras palavras, a saber, quer dizer, isto é, ou seja. Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, com a finalidade de, a fim de, para que, intencionalmente. Resumo, recapitulação: em suma, em síntese, em conclusão, em resumo, enfim, portanto. Lugar: perto de, longe de, mais adiante, junto a, além de, próximo a. Causa e consequência: por isso, por consequência, assim, em virtude de, em razão de, como resultado, de fato, com efeito, por conseguinte. Contraste, oposição: pelo contrário, em contraste com, exceto por, por outro lado. Questão 32: Assembleia Legislativa ES – 2011 – nível superior Fragmento de texto: Nenhuma nação será forte enquanto as mulheres não tiverem respeitados e garantidos todos os seus direitos; nenhuma nação será forte enquanto o povo sofrer qualquer discriminação racial ou de gênero; nenhuma nação será forte se houver intolerância religiosa; nenhuma nação será forte se houver homofobia, em suma, nenhuma forma de preconceito pode existir. Os direitos humanos têm a tarefa de ser a tribo civilizadora. A expressão “em suma” (linha 5), de caráter explicativo, tem a função de retomar, exclusivamente, o trecho imediatamente anterior: “nenhuma nação será forte se houver homofobia” (linhas 4 e 5). Comentário: A expressão “em suma” não tem valor explicativo. Ela é um elemento de coesão sequencial, que inicia um resumo de toda a informação transmitida anteriormente (e não somente o trecho imediatamente anterior, como afirmou a questão). Gabarito: E PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 24 Questão 33: Assembleia Legislativa ES – 2011 – nível médio Fragmento de texto: As pessoas aprenderam que devem ter sempre alguma atividade — primeiro é estudar e depois, trabalhar —; o importante é fazer alguma coisa, nem que para isso se deixe de ver o filho nascer ou crescer. Primeiro vem o trabalho, a produção. Outro aspecto aterrador aparece quando o indivíduo para para ouvir o próprio discurso: boa parte do que se fala está centrado em um futuro almejado, nunca concreto, como: “quando eu entrar em férias...”, “quando eu ganhar na loto...”. Na oração “Outro aspecto aterrador aparece” (linha 4), a palavra “Outro” indica que um aspecto considerado aterrador — o fato de as pessoas acharem que é importante fazer alguma coisa — já foi mencionado anteriormente. Comentário: O primeiro aspecto considerado aterrador pelo autor é a ideia de que “Primeiro vem o trabalho, a produção”. Assim, o pronome indefinido “Outro” liga o período imediatamente anterior ao posterior. Gabarito: E Questão 34: Serpro – 2010 – nívelsuperior Fragmento de texto: Mais: os dados reforçam tendências que vêm causando crescente apreensão às autoridades atentas à evolução do perfil da violência no país. Um deles: aumenta o número de homicídios entre jovens. Em 1980, eram 30 casos para cada 100 mil habitantes. Em 2007, nada menos que 50,1. Outro: homens são vítimas preferenciais - 90% das ocorrências. Mais uma: os negros lideram o ranking dos mortos - incremento de 21% em relação às estatísticas dos períodos anteriores. Os termos “Um deles” (linha 3) e “Outro” (linha 5) referem-se a “os dados” (linha 1). Comentário: Esta questão abordou outro exemplo da coesão sequencial, por meio dos pronomes indefinidos “um” e “outro”. Ambos retomam o substantivo “dados”, da linha 1, transmitindo uma sequência e ampliando o seu sentido. Gabarito: C Questão 35: Assembleia Legislativa ES – 2011 – nível superior Fragmento de texto: O Príncipe, que, em breve, completará 500 anos, tem características notáveis. Primeira: é livro facílimo de ler. Segunda: apesar disso, não há acordo sobre o que quer dizer. Nós o lemos com facilidade e não temos certeza do que ele pretende. Talvez porque, terceira característica, pareça contradizer o resto da vida e obra do autor. Ao enumerar as características da grande obra de Maquiavel, o autor empregou o recurso coesivo da sequenciação numérica. Comentário: Esta questão abordou o exemplo clássico da coesão sequencial, por meio da enumeração ordinal “Primeira”, “Segunda” e “terceira”, a qual enumera e dá sequência às características notáveis do livro “O Príncipe”. Gabarito: C Reescritura de frases e parágrafos do texto A reescritura de um texto sem alteração de sentido tem o nome de paráfrase. Questões de interpretação com frequência se baseiam nesse PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 25 conhecimento, nessa técnica. Vários recursos podem ser utilizados para parafrasear um texto. 1) Emprego de sinônimos. Embora voltasse cedo, deixava os pais preocupados. Conquanto retornasse cedo, deixava os genitores preocupados. 2) Emprego de antônimos, com apoio de uma palavra negativa. Ele era fraco. Ele não era forte. 3) Utilização de termos anafóricos, isto é, que remetem a outros já citados no texto. Paulo e Antônio já saíram. Paulo foi ao colégio; Antônio, ao cinema. Paulo e Antônio já saíram. Aquele foi ao colégio; este, ao cinema. aquele = Paulo; este = Antônio 4) Troca de termo verbal por nominal, e vice-versa. É necessário que todos colaborem. É necessária a colaboração de todos. Quero o respeito do grupo. Quero que o grupo me respeite. 5) Omissão de termos facilmente subentendidos (elipse). Nós desejávamos uma missão mais delicada, mais importante. Desejávamos missão mais delicada e importante. 6) Mudança de ordem dos termos no período. Lendo o jornal, cheguei à conclusão de que tudo aquilo seria esquecido após três ou quatro meses de investigação. Cheguei à conclusão, lendo o jornal, de que tudo aquilo, após três ou quatro meses de pesquisa, seria esquecido. 7) Mudança de voz verbal A mulher plantou uma roseira em seu jardim. (voz ativa) Uma roseira foi plantada pela mulher em seu jardim. (voz passiva analítica) Obs.: Se o sujeito for indeterminado (verbo na 3ª pessoa do plural sem o sujeito expresso na frase), haverá duas mudanças possíveis. Plantaram uma roseira. (voz ativa) Uma roseira foi plantada. (voz passiva analítica) Plantou-se uma roseira. (voz passiva sintética) 8) Troca de discurso Naquela tarde, Pedro dirigiu-se ao pai dizendo: – Cortarei a grama sozinho. Naquela tarde, Pedro dirigiu-se ao pai dizendo que cortaria a grama sozinho. 9) Troca de palavras por expressões perifrásticas e vice-versa (discurso direto) (discurso indireto) PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 26 Castro Alves visitou Paris naquele ano. O poeta dos escravos visitou a cidade luz naquele ano. Obs.: Perífrase é uma figura de linguagem que emprega várias palavras no lugar de poucas ou de uma só. “Se lá no assento etéreo onde subiste...” (Camões) (assento etéreo = céu) Morei na Veneza brasileira. (Veneza brasileira = Recife) Não provoque o rei dos animais. (rei dos animais = leão) 10) Troca de locuções por palavras e vice-versa: O homem da cidade não conhece a linguagem do céu. O homem urbano não conhece a linguagem celeste. Da cidade e do céu são locuções adjetivas e correspondem aos adjetivos urbano e celeste. Na reescrita de um trecho do texto ou do parágrafo, vários desses recursos podem ser utilizados concomitantemente, além de outros que não foram aqui referidos, mas que a prática nos apresenta. O importante é ler com extrema atenção o trecho e suas possíveis paráfrases. Se perceber mudança de sentido, a reescritura não pode ser considerada uma paráfrase. Observações a) Tenha cuidado com a mudança de posição dos termos dentro da frase. Palavras ou expressões podem alterar profundamente o sentido de um texto. Encontrei determinadas pessoas naquela cidade. Encontrei pessoas determinadas naquela cidade. Na primeira frase, determinadas é um pronome indefinido, equivalente a “certas”, “umas”, “algumas”; na segunda, é um adjetivo e significa “decididas”. b) Cuidado também com a pontuação, que costuma passar despercebida. A criança agitada corria pelo quintal. A criança, agitada, corria pelo quintal. Na primeira frase, o adjetivo agitada é um adjunto adnominal e indica uma característica restritiva do núcleo “criança”. Assim, determina algo inerente a ela, isto é, trata-se de uma pessoa sempre agitada. Na segunda, as vírgulas indicam que o adjetivo “agitada” tem valor transitório. É o chamado predicativo do sujeito deslocado e dentro de um predicado verbo-nominal. A construção normal seria: A criança corria agitada pelo quintal. Assim, fica mais fácil perceber que a criança está agitada naquele momento, sem que necessariamente ela o seja no seu dia a dia (característica transitória). As questões de reescritura (paráfrase) já vêm sendo trabalhadas nas nossas aulas desde o início do curso, principalmente nas aulas de sintaxe. Mesmo assim, seguem mais algumas!!! PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 27 Assembleia Legislativa ES – 2011 – Procurador Cada uma das questões abaixo apresenta um trecho de texto, seguido de uma proposta de sua reescritura. Julgue se a reescritura está gramaticalmente correta. Questão 36: Fragmento de texto: Todas essas versões tendem a negligenciar o fato de que a corrupção, em graus variados, existe em todos os países e é, de certa forma, também um fenômeno sociológico. Assim, urge analisarmos a corrupção como fenômeno intrinsecamente político, que se refere, portanto, à maneira como o sistema político brasileiro está organizado. “urge analisarmos a corrupção como fenômeno intrinsecamente político, que se refere, portanto, à maneira como o sistema político brasileiro está organizado” – é urgente que analisemos a corrupção como fenômeno inerentemente político, o qual concerne, por conseguinte, à maneira conforme a qual se organiza o sistema político brasileiro Comentário: Compare os dois fragmentos: urge analisarmos a corrupção como fenômeno intrinsecamente político, que se refere, portanto, à maneira como o sistema político brasileiro está organizado é urgente que analisemos a corrupção como fenômeno inerentemente político, o qual concerne, por conseguinte, à maneira conforme a qual se organiza o sistema político brasileiro O verbo “analisarmos” inicia a oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo. Na reescrita, houve apenas o desenvolvimento da oração com a conjunção integrante “que”e o verbo “analisemos” conjugado no presente do subjuntivo. Veja que os advérbios “intrinsecamente” e “inerentemente” são sinônimos contextuais. O pronome relativo “que” retoma a expressão “fenômeno intrinsecamente político”, por isso pode ser substituído pela expressão pronominal “o qual”. As estruturas verbais “se refere” e “concerne” são sinônimas e possuem a mesma regência: ambas exigem a preposição “a”. As conjunções coordenativas “portanto” e “por conseguinte” são conclusivas e por isso mantêm o mesmo sentido. Note que as estruturas “como” e “conforme a qual” mantêm a mesma circunstância de conformidade. A locução verbal “está organizado” encontra-se na voz passiva analítica. Assim, pode ser substituída pelo verbo transitivo direto “organiza” e o pronome apassivador “se”, os quais fazem parte da voz passiva sintética. Gabarito: C Questão 37: Fragmento de texto: As informações que deveriam ser públicas, como contratos estabelecidos entre o Estado e os agentes privados, são de difícil acesso; a linguagem da administração pública continua hermética aos cidadãos comuns, a começar pelo orçamento; o processo licitatório é flagrantemente burlado pela própria natureza oligopólica da economia brasileira, principalmente nas obras “públicas” que envolvem bilhões de reais; PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 28 não há no país uma “cultura política” de prestação de contas, por mais que avanços sejam observados desde a redemocratização e mesmo pela intensa mobilização da sociedade política organizada no Brasil. “não há no país uma ‘cultura política’ de prestação de contas” (linha 7) – neste país, não observam-se nenhuma “cultura política” de se prestar contas Comentário: Compare os dois fragmentos: “não há no país uma ‘cultura política’ de prestação de contas” neste país, não observam-se nenhuma “cultura política” de se prestar contas O verbo “observam” é transitivo direto, o pronome “se” é o apassivador. Assim, o sujeito paciente “nenhuma ‘cultura política’” leva o verbo ao singular: observa-se. Além disso, o vocábulo “não” é palavra atrativa, a qual força o pronome a se posicionar antes do verbo: não se observa... Veja que o substantivo “prestação” é seguido do complemento nominal “de contas”. Na reescrita, esse substantivo virou verbo transitivo direto “prestar”, por isso o termo “contas” não está preposicionado. O pronome “se” é apassivador e o substantivo “contas” é o sujeito paciente, o qual leva o verbo ao plural: se prestarem contas (contas serem prestadas). Observação: no caso de o verbo transitivo direto ser um infinitivo, há respaldo gramatical de ser entendido como infinitivo impessoal e por isso não se flexionar: se prestar contas. Assim, a questão está errada. Gabarito: E Questão 38: Fragmento de texto: Todas essas versões tendem a negligenciar o fato de que a corrupção, em graus variados, existe em todos os países e é, de certa forma, também um fenômeno sociológico. Assim, urge analisarmos a corrupção como fenômeno intrinsecamente político, que se refere, portanto, à maneira como o sistema político brasileiro está organizado. “Todas essas versões tendem a negligenciar o fato de que a corrupção, em graus variados, existe em todos os países e é, de certa forma, também um fenômeno sociológico” (linhas 1 a 3) – Todas versões supra estão inclinadas a ignorarem o fato da corrupção existir, em diversos niveis, em qualquer país, consistindo, de certa forma, fenômeno igualmente sociológico Comentário: Compare os dois fragmentos: “Todas essas versões tendem a negligenciar o fato de que a corrupção, em graus variados, existe em todos os países e é, de certa forma, também um fenômeno sociológico” Todas versões supra estão inclinadas a ignorarem o fato da corrupção existir, em diversos niveis, em qualquer país, consistindo, de certa forma, fenômeno igualmente sociológico O pronome indefinido “Todas”, no plural, exige o artigo “as” (Todas as versões). O vocábulo “supra” funciona, neste contexto, como advérbio. Ele está de acordo com o contexto, pois se refere à informação anteriormente PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 29 expressa. As estruturas verbais “tendem”, “estão inclinadas” e “negligenciar”, “ignorarem” possuem o mesmo sentido. Por isso, há coerência nas substituições. Porém, como o infinitivo “ignorarem” tem o mesmo sujeito da oração anterior, deve ser flexionado como impessoal: ignorar. A oração “de que a corrupção (...) existe em todos os países” é subordinada substantiva completiva nominal. Na reescrita, houve a redução de infinitivo. Note que, o substantivo “corrupção” é o sujeito do verbo “existir”, por isso não pode ser preposicionado: o fato de a corrupção existir... Os verbos “é” e “consistindo” mantêm o mesmo sentido, por isso há coerência na substituição. Gabarito: E Questão 39: Assembleia Legislativa ES – 2011 – nível médio Julgue se a proposta de resumo não apresenta erros em relação à língua portuguesa padrão nem distorções da ideia original. “Com o advento da aposentadoria, ocorre uma série de mudanças implicadas nesse processo, e o indivíduo adquire novo status econômico, político e social.” / A aposentadoria acarreta em um conjunto de alterações na vida do indivíduo, consequentemente, nas áreas econômica, política e social. Comentário: De maneira geral, a reescrita preserva o mesmo sentido. Mas o problema se encontra no verbo “acarreta”, o qual é transitivo direto e por isso não pode receber a preposição “em” (acarreta um conjunto). Compare: “Com o advento da aposentadoria, ocorre uma série de mudanças implicadas nesse processo, e o indivíduo adquire novo status econômico, político e social.” A aposentadoria acarreta em um conjunto de alterações na vida do indivíduo, consequentemente, nas áreas econômica, política e social. Gabarito: E Questão 40: Assembleia Legislativa ES – 2011 – nível médio Julgue se a proposta de resumo não apresenta erros em relação à língua portuguesa padrão nem distorções da ideia original. “Em síntese, na aposentadoria, verifica-se mudança significativa na vida do indivíduo.” / A aposentadoria afeta sobremaneira a vida das pessoas. Comentário: Se a reescrita é um resumo, não precisa inserir a expressão “Em síntese”, concorda? Por isso, tal expressão foi excluída. A frase de resumo excluiu as expressões “Em síntese” e “verifica-se”, procurando ordenar os elementos essenciais da oração sujeito-verbo- complemento. Por isso, está correta. Compare: “Em síntese, na aposentadoria, verifica-se mudança significativa na vida do indivíduo.” A aposentadoria afeta sobremaneira a vida das pessoas. Gabarito: C PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 30 Questão 41: Assembleia Legislativa ES – 2011 – nível médio Julgue se a proposta de resumo não apresenta erros em relação à língua portuguesa padrão nem distorções da ideia original. “Grande parte de sua identidade e de seu status social depende do papel profissional que a pessoa exerce.” / Do papel profissional que a pessoa desempenha, advém sua identidade e seu status social. Comentário: Os verbos “depende” e “advém” são sinônimos e transitivos indiretos. Assim, a substituição deles está correta. Porém, a oração “que a pessoa desempenha” é subordinada adjetiva restritiva e não pode receber a vírgula. Assim, devemos retirar a vírgula após o verbo “desempenha”. Mesmo que esta oração admitisse receber vírgula, mudando o sentido original para explicativa, não poderia haver apenas uma vírgula fechando esta oração. Deveria haver uma também no início dela (após o adjetivo “profissional”). “Grande parte de sua identidade e de seu status social
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