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Caso ENRON, Complience e Ética. - Saint Paul

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FOLHA DE RESPOSTAS – AI 
Governança corporativa, compliance e ética
Nome: Samuel Tiago Carmo dos Reis
Com uma trajetória de pouco mais de 16 anos, a empresa do setor de energia Enron chegou a ter 65 Bilhões de Dólares, e demorou 24 dias para ir a falência total. Sua História marcou a história da Bolsa de Valores Americana de modo que seu caso fosse exemplo a não ser seguido, inspirando a criação da lei Sarbanes-Oxley. Ademais, chega a ser extremamente difícil resumir a trajetória de falso sucesso da Enron em poucas linhas, porém podemos dizer que pecados, vontades e erros individuais motivaram o coletivo, o resultado disso foi uma multinacional falida e milhares de pessoas enganadas e desempregadas.
A priori, o documentário Enron – Os Mais Espertos da Sala, nos ajuda a elucidar os fatos e atitudes que fizeram dessa empresa o maior caso de falência corporativa da história dos Estados Unidos, podemos assim apontar os nomes que fizeram da sétima maior corporação do país um nada absoluto. Além disso, características fundamentais e até utópicas existiam dentro daquela empresa, em seu auge era vista como modelo empresarial, inovadora, a empresa que sempre que se arriscava conseguia converter esse risco em lucro, os melhores Traders do país em seu pregão traçaram o rumo(até demais) da indústria de energia dos EUA, principalmente do estado da Califórnia, cada um deles com salários invejáveis, escritórios perfeitos, comandados por líderes convictos, ambiciosos, e corruptos.
Falta de ética e o descumprimento do que chamamos de Deveres Fiduciários parecia ser requisito aos grandes administradores da Enron, conflitos de interesses, enriquecimento pessoal, obstrução de documentos, omissão de informação, tudo de mais repugnante existia, porém era constantemente jogado para debaixo do tapete pela própria Enron juntamente com a Arthur Andersen, empresa de contabilidade. 
Não só isso, e começando a entrar na história da empresa e de seus gestores temos Ken Lay, de origem pobre, ambicioso e ganancioso, PHD em economia, militante da desregulamentação do setor de Gás Natural e ex-CEO da Enron, foi uma figura de suma importância para o colapso dessa organização, se tratando de suas ações no comando, pode se dizer que seus sonhos vinham na frente do diploma de economia  e de qualquer conduta minimamente ética. Eis a primeira denúncia, Ken Lay de certo modo fica chocado, Louis borget e outros Traders da Enron estavam envolvidos em ganhos no mercado petrolífero que não tinha explicação, onde na verdade eram feitos registros bancários falsos e desvio de dinheiro para contas pessoais, manipulação de receitas e operação além dos limites da empresa. Pois bem, a oportunidade faz o ladrão, a resposta de Lay a essas irregularidades foi “continue a fazer milhões”, e estava dada a largada para a corrupção sistêmica que se instalaria na Enron, com várias doses de incentivo, a receita da corrupção.
Se já tínhamos uma receita para o fracasso e para a corrupção, penso que uma famosa frase de autoria desconhecida resume bem a Enron, “Nada é tão ruim que não possa piorar”, e temos a chegada de Jeffrey Skilling e a revolucionária ideia de marcação a mercado, onde era feita contabilidade de valor hipotético, assim que a Enron fechava um negócio havia cálculo de lucros futuros eventuais e grandes margens para manipulação. Foi uma ideia estranhamente bem recebida e responsável por dar os números positivos durante anos a Enron.
Continuando a história, podemos dizer que existem líderes que impulsionam seus funcionários valorizando suas características e motivando eles ao máximo, tornando o ambiente empresarial saudável e mega produtivo, aumentando a inteligência emocional individual e do grupo. Porém não é esse o caso de Skilling, da parte dele havia  exacerbada identificação com a empresa, sua motivação era o risco nos investimentos e alimentar a competição entre funcionários dentro da empresa, o mesmo chegou a dizer que “só o dinheiro motiva as pessoas”. Como se não bastasse houve a criação do PRC, uma espécie de avaliação entre funcionários, onde as pessoas que recebiam “menores notas” eram demitidas por incapacidade. Jeffrey era perverso e incentivava seus traders a serem de mesmo modo, a se sentirem homens, a arriscar, estava instalado na Enron uma cultura que não deu certo em lugar nenhum no mundo, baseado no risco, no machismo, na agressividade, os negócios tinham virado uma ideologia tóxica romantizada.
Outra estranha figura que comandou a Enron foi Lou Pai, o executivo achava que tudo era questão de números e era fascinado por dinheiro e strippers, e segundo ex-funcionários da empresa havia a ousadia de levar as strippers para seu escritório em horário de serviço. Além de toda a ganância e mistura de vida pessoal com a vida profissional, Lou foi dos desonestos o mais esperto, saiu da empresa antes de seu iminente colapso, deixando um rombo de quase 1 bilhão, não só isso ele vendeu todas as suas ações e comprou terras no Estado do Colorado, se tornando um dos maiores proprietários. Esse foi só mais um fato omitido pela Enron.
Não obstante toda enganação, a empresa incentivava seus funcionários a investir seus fundos de aposentadoria nas ações da empresa, e até pagava os salários com ações, basicamente a Enron montou uma propaganda para conquistar acionistas, era um produto que “sempre valorizava”. Os executivos não apresentavam o mínimo de diligência, eram pagos com lucros imaginários  e apostavam em investimentos que eram furadas, como exemplo temos a Usina na Índia e as barcaças nigerianas, super estimadas no mercado, de algum modo os contadores e traders da empresa conseguiam maquiar os erros e o resultado era o mesmo de sempre, o preço das ações só aumentava. 
Mas diante de todas essas evidências Skilling continuava apaixonado pela empresa, a mentira tinha se tornado verdade dentro daquele ambiente, e nada os fazia parar. Os executivos ignoravam todos os sinais, e fazia sentido ora pois advogados, banqueiros, contadores, todos deveriam dizer não às práticas da empresa, mas acontecia era de que todos embolsaram a boa parte que lhes cabia e concordavam, a ganância era sistêmica, podemos dizer que era um delírio coletivo induzido pelos gestores. 
Era impressionante como a Enron tinha criatividade para cometer bizarrices e ilegalidades. De repente a empresa impulsionada pelo mercado crescente da internet resolveu criar o mercado de venda de largura de banda larga, encobria dívidas e perdas em outros fundos fantasmas, um ciclo vicioso que sempre escondia alguma perda com alguma mentira, e disfarçava a primeira por outra, e por outra, etc. Um exemplo era LJM de Festow, que só existia para fazer negócio com a Enron.
A essa altura Skilling começava a se preocupar, o mercado de banda larga vinha mal, se enfurecia em entrevistas, e vinha desleixado para o trabalho, o ambiente e as propostas tóxicas que ele ajudou a estruturar começavam a trazer as consequência. Alguma coisa deveria colocar a empresa no lugar, e a oportunidade veio, e a Enron se certificou que tiraria vantagem da Califórnia e da crise energética que ocorria por lá. 
O único princípio ético na Enron era a arbitragem no ganho de lucros, e levando a ideia da desregulamentação do mercado de eletricidade para a Califórnia que se efetivou em 1996 os Traders tinham tudo que precisavam. Começaram transferir energia para outros estados, e quando faltava no primeiro eles mandavam de volta, havia a criação de falhas artificiais tudo para ocasionar propositalmente o aumento de preços. Assim o mercado de energia se transformava em casa de apostas, os Traders apostavam que a energia subiria, e ela subia, a jogo acabou custando algo em torno de 2 Bilhões de dólares em ganhos para a empresa. O povo da Califórnia não suportava os altos preços de energia, estavam revoltados e ainda eram zombados por Skilling que comparou o Estado com o Titanic e disse que “a diferença é que o Titanic afunda de luzes acesas”, o que mostra o quão desumano e anti-ético uma pessoa poderia ser pelo dinheiroe pelo sucesso.
Haviam suspeitas que existia uma conspiração política na época pois a Enron foi a empresa que fez a maior contribuição para a campanha e eleição de J.W. Bush. Nessa altura o Estado da Califórnia apelou ao Presidente e a FERC(Federal Energy Regulatory Commission) para que resolvessem sua crise energética, porém ambos se recusam a intervir alegando que não era de sua competência o assunto. Assim, com um Senado de maioria Democrata, a FERC foi forçada a definir tetos de preços regionais, o que acabou com a crise e deu a ela teor político, colocando toda a culpa da mesma a Gray Davis, Governador na ocasião. O resultado disso tudo na Califórnia foi a estranhíssima eleição de Arnold Schwarzenegger como Governador.
Enfim, nenhum crime é perfeito, e as dúvidas no mercado começaram a surgir, e as ações começaram a cair, consequentemente Skilling resolve sair da empresa alegando motivações pessoais. O clima de incerteza dominava, Ken Lay assume o posto de CEO e viu vários outros executivos pedir demissão ou renunciar aos seus cargos como fez Cliff Baxter, alguns deles conseguiram até mover seu dinheiro antes que o pior acontecesse.
Na época a SEC(Securities and Exchange Commission) iniciou investigação, consequentemente investidores desconfiavam que lucros marcados no mercado fossem prejuízos. Era a revelação do crime corporativo do século. A contadora Arthur Andersen começava a destruir seus arquivos sobre a Enron. Festow foi demitido após descobrirem que ele ganhava milhões com a LJM. Tudo foi revelado e a Enron ganhou a brilhante piada na sitcom satírica The Simpsons, como a “Roda gigante dos sonhos destruídos”, a empresa declarou falência em 2 de Dezembro de 2001, dois meses após a saída de Skilling. 
A tragédia não para por aí, pessoas e funcionários perderam tudo que investiram, pessoas que tinham aproximadamente 50 mil dólares de fundos conseguiram retorno de apenas 2 mil. Era um escândalo de proporções gigantescas, perdas enormes, as mentiras, orgulho, arrogância e intolerância ganharam espaço por muito tempo, o que só piorou a tragédia. Os executivos ali eram de algum modo doentes, alienados, Baxter era um maníaco depressivo e não suportou toda a pressão da falência da empresa e suicidou-se no dia 25 de fevereiro de 2002. Em uma carta, Baxter disse que “onde antes havia muito orgulho, hoje não havia nenhum”. Era esse o sentimento a vergonha o medo e a tristeza dominaram a todos.
Os únicos que não se desprenderam da mentira era Skilling que não se responsabilizava por nada e dizia que fez de tudo pelo interesse dos acionistas da empresa, e Ken Lay que alegou não ter feito nada de errado. Andy Festow admitiu culpa por cometer fraude e concordou em devolver 23 milhões em ativos e testemunhar contra outros executivos.
Mentes e Vontades, a mentira era a verdade, era esse o compliance e a ética  que estavam enraizados na empresa, chegou a um ponto onde qualquer tentativa de mudança traria consequências, era como tirar uma carta da base de um castelo de cartas como bem disse o documentário, ilegalidade era a cultura da empresa de anos, se algo tinha que ser feito deveria ter acontecido no momento da criação da mesma. 
Por fim, Skilling foi condenado por se aproveitar das informações da empresa e conspiração por enganar investidores. Arthur Andersen caiu em desgraça junto com a Enron por obstrução de Justiça. Ken Lay foi indiciado por conspiração por cometer Fraude. Os prejudicados foram algo em torno de 30 mil funcionários da Enron e da Arthur Andersen, além de vários acionistas que acionaram a Enron e seus bancos na justiça buscando 20 Bilhões de dólares em indenizações. Como bem mostrado em The Simpsons, era realmente uma “roda gigante dos sonhos destruídos”, onde tudo parecia lindo e legal, pois bancos, escritórios de advocacia, contadores, executivos, traders, todos confiavam no que estavam acontecendo e não se preocupavam com as consequências, mas um dia a casa cai, e no dia em que as verdades reinaram sobre as mentiras dentro da Enron, a mesma entrou em falência e finalmente cumpriu com o objetivo que estava fadada a alcançar devido as atitudes de seus executivos, o fracasso.

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