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Acao_Inibitoria_no_Direito_Ambiental

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FACULDADE SENAI DE TECNOLOGIA AMBIENTAL – MÁRIO AMATO
ARIOSTO SAMPAIO ARAÚJO
CLAUDIO DEBERALDINE
EDSON CAPITANIO
AÇÃO INIBITÓRIA
SÃO BERNARDO DO CAMPO
2010
1
FACULDADE SENAI DE TECNOLOGIA AMBIENTAL – MÁRIO AMATO
ARIOSTO SAMPAIO ARAÚJO
CLAUDIO DEBERALDINE
EDSON CAPITANIO
AÇÃO INIBITÓRIA
Trabalho de conclusão de módulo referente a 
disciplina de Direito Processual Civil Ambiental, 
oferecida pelo curso de pós-graduação em 
Direito Ambiental, Faculdade SENAI de 
Tecnologia Ambiental - Mário Amato. Docente 
Prof. Ms. Karla Cristina França Castro.
SÃO BERNARDO DO CAMPO
2010
2
SUMÁRIO
Pág.
INTRODUÇÃO 04
2 AÇÃO INIBITÓRIA E TUTELA INIBITÓRIA 07
2.1 A tutela inibitória em outros sistemas jurídicos 10
2.2 Os princípios que norteiam a Ação Inibitória 11
2.3 Fundamentos Legais 14
2.4 Os tipos de Ação Inibitória e sua extensão 15
2.5 Elementos Identificadores da Ação: Partes, Causa de pedir, e o Pedido 16
2.6 Sentença e coisa julgada 19
2.7 Aspectos recursais da ação inibitória 21
3 JURISPRUDÊNCIA 22
4 CONCLUSÕES 31
REFERÊNCIAS 32
3
INTRODUÇÃO
[...] o perigo pode já ser atual, presente e concreto, ou potencial, abstrato, 
mas, em todas as hipóteses, não há dano ou sequer ilícito; há apenas e 
simplesmente perigo, um estado de risco, que por si só, já autoriza a 
instauração de processos de proteção. (MORATO LEITE, José Rubens; 
AYALA, Patryck de Araújo, 2002, p. 158).
Nas palavras dos doutrinadores José Rubens Morato Leite e Patryck 
de Araújo Ayala pode ser identificada a Teoria do Risco e surge a inovação com a 
proposta de discussão de “proteção jurídica de um direito futuro e do próprio futuro” 
(AYALA, 2003 apud MORATO LEITE, 2008, p. 135).
A necessidade de mudança de paradigma no direito se faz presente, a 
partir do surgimento de institutos que permitam a instauração de processos para a 
proteção dos direitos fundamentais quando apenas existe o perigo da violação 
desses.
O doutrinador Luis Guilherme Marinoni (apud FRAGA, 2006, p. 91) 
vincula e justifica, constitucionalmente, o direito ao meio ambiente aos direitos 
fundamentais, concatenando fatores que o associam ao direito à vida. A Mestre em 
Direito Simone de Oliveira Fraga cita a argumentação apresentada no trecho:
[...] o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado pode ser 
considerado como um Direito Fundamental, eis a questão que se pretende 
responder. É considerado Direito Fundamental porque é corolário do direito 
à vida do artigo 5o, da Constituição Federal, uma vez que, no Brasil, os 
direitos do homem se encontram positivados e, principalmente, 
institucionalizados, portanto, garantida está a sua aplicação e justicialização 
ante a força vinculativa destes direitos. E, no parágrafo segundo deste 
mesmo artigo, o constituinte optou pelo modelo constitucional aberto à 
fundamentalidade material. “Portanto, se a Constituição enumera direitos 
fundamentais no seu Título II, isso não impede que direitos fundamentais – 
como o direito ao meio ambiente – estejam inseridos em outros dos seus 
Títulos, ou mesmo fora dela.”. [...] Marinoni enfrentou o problema da 
fundamentabilidade do Direito Ambiental, afirmando ser este materialmente 
fundamental, mas os problemas referentes ao meio ambiente não estão 
relacionados à necessidade de prestações fáticas por parte do Estado, mas 
sim de medidas para a sua conservação e, principalmente de medidas 
normativas para a sua proteção, tendentes a participação na organização 
através de “procedimentos adequados” (FRAGA, 2006, p. 91).
O risco da atividade humana traz para o direito a consideração da 
incerteza, surgindo um novo paradigma, exigindo a discussão de novos direitos, 
apoiado no princípio da precaução, como aponta Simone de Oliveira Fraga, citando 
o Promotor Dr. Patryck de Araújo Ayala, na citação:
4
O princípio da precaução inaugura um novo paradigma para o direito, pois 
tem como ponto de partida a decisão cujo padrão cognitivo é a incerteza, 
uma vez que o risco faz parte do processo decisório em que está 
envolvido o conhecimento tecnológico e científico, novos modelos de 
regulação jurídica devem ser observados, segundo Ayala. Completando 
ainda que esta realidade dos novos direitos, por ser mais complexa, exige 
mais do que a aplicação das regras por subsunção, implicando considerar 
relações e interações de processos a partir de princípios, que não podem 
ser aplicados diretamente como a regra jurídica, pois são critérios de 
valoração que tem como característica um excessivo conteúdo 
deontologico, por isso deve ser medido estabelecendo, mediante um juízo 
de ponderação, uma relação com outros princípios. (FRAGA, 2006, p. 99-
100).
Os princípios, como o princípio da precaução, não devem ser 
considerados como “mandamentos absolutos de verdade e justiça” e sim como 
“regras de realização reflexiva” para escolher a melhor maneira de se tratar o risco, 
acrescentando sempre correlação com outros princípios como do poluidor pagador, 
da responsabilização e da equidade intergeracional, como afirma Simone de Oliveira 
Fraga:
Ante as características dos princípios como mandamentos de otimização, 
seu elevado grau de abstração e textura aberta devem ser considerados 
não como mandamentos absolutos de verdade e justiça a definir 
materialmente o conteúdo a que vai se adequar, mas como regras de 
realização reflexiva em cuja aplicação se requer sejam consideradas as 
respostas mais aptas a lidar com o risco, o que se busca através do 
mandado de proporcionalidade, considerando tanto a possibilidade da 
ocorrência de danos de resultados catastróficos, bem como, a possibilidade 
de a má avaliação dos danos resultar em despesas desnecessárias para a 
sua prevenção, assim problematiza-se a questão da aplicação dos princípios 
estruturantes do Direito Ambiental, cumprindo frisar que muito embora o 
objeto do presente estudo sejam os princípios da prevenção e precaução, 
são reputados como de fundamental importância para as questões relativas 
à gestão dos recursos do meio ambiente: os princípios do poluidor pagador 
e da responsabilização e, o princípio da equidade intergeracional. (FRAGA, 
2006, p. 102).
FRAGA apresenta o risco como inerente à atividade humana e essa 
atividade por vezes se materializará na degradação e no dano ao meio ambiente, 
como efeitos, nas diversas escalas de abrangência. Cabe à normatização se 
considerar o risco instituindo o princípio da precaução e da prevenção na 
implantação de um sistema de segurança jurisdicional que permita a inclusão dos 
princípios citados considerando a Teoria do Risco:
5
O risco está relacionado à atividade humana que provoca, com seus 
resultados, a degradação do meio ambiente e do seu entorno com a 
destruição dos ecossistemas, gerando desequilíbrio tanto nas ocorrências 
naturais, como furacões e ciclones fora de época, o efeito estufa, como, 
também, as chuvas ácidas e as contaminações de vastas extensões de terra 
pelo contato com substâncias tóxicas levadas pelo vento. [...] Na distinção 
de Leite e Ayala, o risco se distingue do perigo porque o primeiro está 
associado ao atual período da evolução civilizacional, onde a interpretação 
destas ameaças não está mais relacionada à vontade divina, estando, isto 
sim, relacionada com a atividade humana, ou seja, são resultantes da 
inovação tecnológica e do desenvolvimento econômico decorrente da 
industrialização. [...] Como os acidentes passaram a ter proporções tanto 
quantitativas, quanto qualitativas de macroperigos ou megaperigos, o que 
antes era perigo, pois relacionado aos fenômenos naturais, portanto fatos 
comuns nas vidas de todas as sociedades, hoje são fenômenos da natureza 
que, somados aos efeitos nocivos das atividades de risco, acima descritas, 
passama representar, também, um risco ante a modificação de suas formas 
de ocorrência e a incerteza de seu controle. Os referenciais de segurança, 
que antes legitimavam publicamente as decisões quanto ao grau de 
exposição a riscos tolerados pelo homem, ruíram ante a invisibilidade dos 
novos riscos, “é o momento em que as instituições não apenas produzem, 
como também legitimam os perigos que não podem controlar” [...] Esta 
incerteza, nas situações do risco, se reflete nas questões jurisdicionais do 
direito ambiental ante a necessidade de decisões de natureza preventiva, 
as quais estão umbilicalmente ligadas aos princípios - prevenção e 
precaução – e, a correta compreensão desses princípios é fundamental 
para a implantação das políticas de gerenciamento do risco na sociedade 
contemporânea, seja através da ação da sociedade civil, ou através das 
tutelas jurisdicionais adequadas a essas necessidades. (FRAGA, 2006, p. 
107-112).
A Ação Inibitória surge de maneira ainda discreta, pela doutrina, como 
apresenta o Prof. Joaquim Felipe Spadoni:
Embora pouco tratada, existe ainda outra forma de tutela jurisdicional 
preventiva, que impede de forma direta e definitiva, a violação do direito 
material daquele que se socorre ao Poder Judiciário. [...] Viabilizou-se a 
tutela específica das obrigações de conduta, positiva ou omissiva, 
viabilizando não só uma atuação jurisdicional com o fim repressivo, 
buscando a reintegração na forma específica do direito já violado, mas 
também uma tutela preventiva e definitiva de um direito de conduta 
ameaçado de violação. (SPADONI, 2007, p. 13-14).
Este trabalho pretende discutir a Ação Inibitória, sua definição pela 
doutrina, os princípios que a norteiam, seus fundamentos, os elementos que a 
compõem, as partes, a causa de pedir, o pedido, sua sentença e a coisa julgada, em 
seguida apresentará exemplos de aplicação citando a jurisprudência selecionada, 
para daí concluir com aspectos de sua aplicação no sistema jurídico brasileiro.
6
2 AÇÃO INIBITÓRIA E TUTELA INIBITÓRIA
Destinada a impedir, de forma imediata e definitiva, a violação de um 
direito, a ação inibitória, positiva ou negativa, é preventiva e tem natureza 
mandamental, sendo que já alcançou status de medida autônoma dentro 
do direito processual civil. O resultado da concessão da medida inibitória 
prescinde de posterior e seqüencial processo de execução lato sensu. 
(NERY JUNIOR, 2007, p. 11).
A Ação Inibitória é uma ação de conhecimento preventiva e surge da 
necessidade de se agir contra situações de direito substancial que protegem bens 
fundamentais, invioláveis como o direito ao meio ambiente ou o direito a vida. O 
professor Luiz Guilherme Marinoni apresenta os fundamentos da ação inibitória no 
seguinte trecho:
A ação inibitória se funda no próprio direito material. Se várias situações de 
direito substancial, diante de sua natureza, são absolutamente invioláveis, é 
evidente a necessidade de admitir uma ação de conhecimento 
preventiva. Do contrário, as normas que proclamam direitos, ou objetivam 
proteger bens fundamentais, não teriam qualquer significação prática, pois 
poderiam ser violadas a qualquer momento, restando somente o 
ressarcimento do dano.
Como o direito material depende – quando pensado na perspectiva da 
efetividade – do processo, é fácil concluir que a ação preventiva é 
conseqüência lógica das necessidades do direito material. Basta 
pensar, por exemplo, na norma que proíbe algum ato com o objetivo de 
proteger determinado direito, ou em direito que possui natureza 
absolutamente inviolável, como o direito à honra ou o direito ao meio 
ambiente. [...](MARINONI, 2009, p. 3).
A apreciação do Poder Judiciário perante ameaça aos bens e direitos 
fundamentais está apontada na Constituição Federal, art. 5º, XXXV e exige um 
instituto “capaz de impedir a violação do direito”, como aponta Marinoni:
[…] a Constituição Federal de 1988 fez questão de deixar claro que 
“nenhuma lei excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a 
direito” (art. 5.º, XXXV, CF). Ora, se a própria Constituição afirma a 
inviolabilidade de determinados direitos e, ao mesmo tempo, diz que 
nenhuma lei poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário “ameaça a 
direito”, não pode restar qualquer dúvida de que o direito de acesso à 
justiça (art. 5.º, XXXV, CF) tem como corolário o direito à tutela efetivamente 
capaz de impedir a violação do direito. (MARINONI, 2009, p. 3)
Ameaça de ocorrer, se repetir ou continuar um ilícito é a questão a ser 
tratada pela Ação Inibitória. O que denota a preocupação exclusiva com o futuro em 
detrimento do passado, não cabendo a atribuição de ressarcimento de dano e de 
imputação ressarcitória dos elementos subjetivos como culpa ou dolo:
7
A ação inibitória se volta contra a probabilidade do ilícito, ainda que se 
trate de repetição ou continuação. Assim, é voltada para o futuro, e não 
para o passado. De modo que nada tem a ver com o ressarcimento do 
dano e, por conseqüência, com os elementos para a imputação 
ressarcitória – os chamados elementos subjetivos, culpa ou dolo.
Além disso, essa ação não requer nem mesmo a probabilidade do dano, 
contentando-se com a simples probabilidade de ilícito (ato contrário ao 
direito). Isso por uma razão simples: imaginar que a ação inibitória se 
destina a inibir o dano implica na suposição de que nada existe antes dele 
que possa ser qualificado de ilícito civil. Acontece que o dano é uma 
conseqüência eventual do ato contrário ao direito, os quais (o dano e o 
ato contrário ao direito), assim, podem e devem ser destacados para que os 
direitos sejam adequadamente tutelados. Assim, por exemplo, se há um 
direito que exclui um fazer, ou uma norma definindo que algo não pode ser 
feito, a mera probabilidade de ato contrário ao direito – e não de dano – é 
suficiente para a tutela jurisdicional inibitória. [...] (MARINONI, 2009, p. 4).
É fundamental ressaltar a restrição de análise da matéria, apenas ao 
objeto apresentado na figura do ilícito, não cabendo a nenhuma das partes a 
alegação do dano. A exceção dos casos de “identidade cronológica entre o ato 
contrário ao direito e o dano”, dando ao juiz o entendimento do ilícito pelo dano 
gerado e cabendo ao autor da ação fazer referência e ao réu argumentar, como 
ressalta Marinoni:
[...] quando se percebe que a matéria da ação inibitória se restringe ao 
ilícito, verifica-se que o autor não precisa alegar dano e que o réu está 
impedido de discuti-lo. Bem por isso, o juiz, em tal caso, não pode 
cogitar sobre o dano e, dessa forma, determinar a produção de prova 
em relação a ele. [...] em alguns casos há uma identidade cronológica 
entre o ato contrário ao direito e o dano, pois ambos podem acontecer no 
mesmo instante. Nessas hipóteses, a probabilidade do dano constituirá o 
objeto da cognição do juiz e, assim, o autor deverá aludir a ele e o réu 
poderá obviamente discuti-lo. Por isso mesmo, a prova não poderá ignorá-
lo. Entretanto, fora daí vale a restrição da cognição ao ato contrário ao 
direito, não apenas pela razão de que essa é a única forma de realizar o 
desejo da norma, que estabelece uma proibição exatamente para evitar o 
dano, como também porque, em determinados casos, são proibidas ações 
contrárias ao direito independentemente de provocarem efeitos danosos. 
(MARINONI, 2009, p. 4-5).
Ainda em Spadoni (2007, p. 57), está a definição da necessidade de 
preocupação exclusiva com a antijuridicidade do ato pela tutela inibitória:
A tutela inibitória preocupa-se, apenas, com a antijuridicidade do ato, 
entendida como a reprovação da conduta do agente no plano geral e 
abstrato em que a lei se coloca, numa primeira aproximaçãoda realidade. 
Reporta-se ao fato do agente, à sua atuação, não ao efeito que dele 
promana, ou ainda às razões subjetivas da conduta praticada.
8
Luiz Guilherme Marinoni apresenta a ação efetiva e as obrigações 
imputáveis pelo art. 461 e 461-A do Código de Processo Civil:
[...] utilizável na proteção preventiva de todo e qualquer direito 
relacionado a uma obrigação de fazer ou não fazer, posteriormente 
estendida também às obrigações de entrega da coisa, pela Lei 10.444, 
de 07.05.2002, que criou o art. 461-A no Código de Processo Civil. 
(MARINONI, 2009, p. 5).
José Rubens Morato Leite apresenta, ainda, o entendimento claro de 
que nem sempre a prática do ilícito produza danos imediatos e ressalta que a tutela 
inibitória se presta a efetivação bastando apenas a prova do ilícito, sem a discussão 
do dano e consequentemente da culpa e do dolo, sendo a “tutela contra o ilícito é 
absolutamente independente da tutela contra o dano”, como citado:
Importante é perceber que, apesar de muitos casos o ato de violação da 
norma produzir imediatamente um dano, há casos em que a prática do ilícito 
antecede a configuração do dano. Para estes casos é que a tutela inibitória 
basta a prova do ilícito, o que é muito mais fácil de demonstrar que a prova 
do dano e da culpa. Ademais, nos casos em que se caracterizou o ato ilícito 
e não ocorreu o dano, há que se considerar que o ordenamento também 
merece ser protegido. Não haveria sentido o legislador criar uma norma 
e não permitir mecanismos de se tentar evitar sua violação. Veja-se, por 
exemplo, determinada construção em área de proteção ambiental, na qual 
se veda aquele tipo de obra. A norma que se estabeleceu a área de 
preservação presumiu que eventual construção no local traria um risco de 
dano não tolerável para a sociedade, razão pela qual se optou por proibi-la. 
Se, de fato, tal obra possui a probabilidade de causar dano, isto não 
interessa para o objeto de prova da ação inibitória. Para a obtenção da 
tutela inibitória, basta restar comprovada a existência de uma norma 
vedando a construção naquele local e existir indícios de que tal norma será 
violada. Isto porque a ação inibitória destina-se ao ilícito, visa proteger a 
inviolabilidade da norma. A ação inibitória prescinde da análise do dano, 
da culpa e do dolo. A tutela contra o ilícito é absolutamente 
independente da tutela contra o dano. Para prevenir-se o ilícito não é 
necessário verificar o evento danoso. Como a culpa e o dolo consistem em 
categorias próprias da tutela repressiva do dano, sua investigação também 
se torna desnecessária. Aliás, como bem anota RAPISARDA: “A culpa, de 
fato, não possui qualquer relevância na disciplina da tutela inibitória, 
enquanto esta assumir a forma de tutela voltada aao futuro, excluem-se as 
possibilidades objetivas de se valorar preventivamente os elementos 
subjetivos do futuro comportamento ilícito”. A inibitória pode ser antecedente 
a qualquer ilícito, caso em que o ilícito ainda não ocorreu, ou pode ter por 
fim evitar sua continuação ou repetição. (MORATO LEITE,2004, p.133).
Como o objeto da tutela inibitória é a prevenção do ilícito ela não pune 
quem pode praticá-lo, apenas impede que o ilícito ocorra (LUDWIG, 2007, p. 2).
9
2.1 A tutela inibitória em outros sistemas jurídicos
Em países europeus como a Itália e a Alemanha, assim como nos 
Estados Unidos da América, existem institutos que prevém a “tutela inibitória anterior 
ao ilícito”, como cita MARINONI:
[...] a modalidade mais pura de ação inibitória, que é aquela que interfere na 
esfera jurídica do réu antes da prática de qualquer ilícito, vem sendo aceita 
em vários países preocupados com a efetividade da tutela dos direitos. 
Assim, por exemplo, no direito alemão, não obstante o teor da letra do 
§1.004 do BGB, que se refere expressamente a “prejuízos ulteriores”, e no 
direito anglo-americano, em que é admitida a chamada quia timet injunction, 
que nada mais é do que espécie de tutela inibitória anterior ao ilícito. Na 
Itália, a Lei sobre Direito do Autor admite expressamente o uso da ação 
inibitória em suas três modalidades, pois, ao lado de prever a tutela 
destinada a impedir “la continuazione o la ripetizione di una violazione già 
avvenuta”, frisa que “chi ha ragione di temere la violazione di un diritto (...) 
può agire in giudizio per ottenere che il suo diritto sia accertato e sia 
interdetta la violazione” (art. 156 da Lei sobre Direito do Autor – Lei 633/41). 
A doutrina italiana mais moderna não só sustenta que a melhor definição 
legislativa de ação inibitória está presente na norma que acaba de ser 
referida, como também admite que essa ação, diante de sua evidente 
necessidade para a efetividade da tutela dos direitos, é garantida pelo art. 
24 da Constituição, que funda o princípio da efetividade, garantindo a todos 
uma tutela jurisdicional adequada, efetiva e tempestiva. Com isso, como é 
óbvio, a doutrina italiana reconhece a imprescindibilidade da ação inibitória 
anterior a qualquer ilícito. (MARINONI, 2009, p. 6).
LORENZETTI (apud FRAGA) apresenta a “ação de dano temido”, 
espécie de tutela inibitória descrita no Código Civil Argentino, como apresenta 
Simone de Oliveira Fraga:
Na Argentina, Lorenzetti descreve a tutela inibitória em matéria ambiental 
descrita no artigo 2.499 e 2.500 do Código Civil argentino, chamada ‘ação 
de dano temido’, regulamentada no artigo 623 bis do Código Processual 
argentino, o que é chamado ‘denúncia de dano temido’. [...] Deve-se 
reconhecer-se a procedência de uma ação preventiva de toda manifestação 
que ao produzir danos, por exemplo, ao meio ambiente ou à ecologia 
precise a neutralização, enérgica e peremptória, de seus efeitos negativos” 
(FRAGA, 2006, p. 112).
10
2.2 Os princípios que norteiam a Ação Inibitória
2.2.1 Princípios da Precaução e da Prevenção
O princípio da precaução consta do artigo 15 da Declaração da 
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, ECO-92 
ou, também chamada, Rio-92, também apareceu antes na Carta Magna Brasileira, 
em seu artigo 225. Nesse princípio, tem-se por premissa o desconhecimento pleno 
de eventuais perigos que uma determinada atividade pode conter e assim, todos os 
esforços para poder prevê-los devem ser considerados, assim, os potenciais 
degradadores possuem o ônus de comprovar a inofensividade de sua atividade 
(BENJAMIN, 1998, p.14).
Adoção do principio da precaução no artigo 15 da Declaração das Nações 
Unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento – Declaração do Rio-92, 
deveu-se à constatação de que as agressões ao meio ambiente são de 
difícil ou quase impossível reparação. Conforme o texto explicita e Ayala 
chama a atenção para alguns aspectos desta disposição, tendo em vista 
que a mesma condiciona a aplicação do principio da precaução à 
capacidade dos Estados nacionais, ao mesmo tempo em que determina que 
a ausência da certeza científica não pode ser desculpa para a não aplicação 
do principio da precaução quando houver séria ameaça de degradação 
ambiental irreversível. Assim, evidencia-se a clara opção para que sejam 
adotadas todas as medidas para a preservação ambiental, inclusive nos 
casos de lesão potencial ao meio ambiente, flexibilizada pela capacidade de 
implementação de cada Estado nacional. (FRAGA, 2006, p. 93).
[..]A filosofia da precaução tem como fundamento a consciência do quanto é 
ambíguo o desenvolvimento tecnológico, e qual o limite do saber cientifico, 
uma vez que ao mesmo tempo em que cumpre as promessas da 
modernidade, apresenta ameaças ou um perigo potencial, é nesta 
ambigüidade que se apresenta o principio da precaução para direcionar as 
decisões no sentido de possibilitar a proteção e a preservaçãoambiental. 
[...] O principio da precaução se encontra implicitamente consagrado no 
artigo 225 da Constituição Federal, e se distingue da filosofia da precaução, 
que é a conduta que não tende a ser um obstáculo ao desenvolvimento, 
mas se fundamenta no reconhecimento de que o saber cientifico é 
relativo,constituindo-se numa forma de objetivar o conhecimento de maneira 
que seja implementado com o profundo conhecimento do que já se sabe e 
desvendando o que não se sabe. É uma conduta dirigida àqueles que têm 
poder sobre o risco, Poder Público, empreendedores e pesquisadores, que 
devem integrar nas suas práticas a abordagem da precaução. O principio da 
precaução é, portanto, a vontade estatal que se materializa na adoção de 
determinadas políticas de gestão de recursos ambientais e contenção dos 
riscos. Este modelo denominado de antecipação não exige a certeza da 
ocorrência do resultado danoso, mas a pressuposição, a possibilidade de 
sua ocorrência, o que implica num modelo de gestão dos riscos que supere 
a noção de espaço e tempo, uma vez que o dever de manutenção do meio 
ambiente equilibrado é o compromisso da geração atual com as futuras 
gerações. (FRAGA, 2006, p. 94-95).
11
A respeito do princípio da prevenção o perigo concreto deve ser 
prevenido, como apresenta Anellise Steigeder, complementando a observação com 
a citação posterior de Simone de Oliveira Fraga:
O princípio da prevenção se dá em relação ao perigo concreto, enquanto, 
em se tratando do princípio da precaução, a prevenção é dirigida ao perigo 
abstrato (...). Na prevenção a configuração do risco e os objetivos das 
opções cautelares são profundamente diferenciados, na medida em que 
não se atua para inibir o risco de perigo pretensamente imputado ao 
comportamento, ou o risco de que determinado comportamento ou 
atividade sejam um daqueles que podem ser perigosos (abstratamente) e, 
por isso, possam produzir, eventualmente, resultados proibidos e 
prejudiciais ao ambiente, mas, ao contrário, para inibir o resultado lesivo 
que se sabe possa ser produzido pela atividade. Atua-se, então, no sentido 
de inibir o risco do dano, ou seja, o risco de que a atividade perigosa (e não 
apenas potencialmente ou pretensamente perigosa) possa vir a produzir, 
com seus efeitos, danos ambientais. (STEIGLEDER, 2004, p. 188).
O perigo está diretamente relacionado aos fenômenos da natureza, ou 
acontecimentos voluntários, portanto, previsíveis e controláveis, 
caracterizado pela possibilidade de terem seus efeitos monitorados pelo 
homem. 
O risco está relacionado aos efeitos da atividade humana decorrente da 
evolução tecnológica, que provoca com os resíduos decorrentes da 
utilização dos recursos naturais nos meios de produção e a própria 
utilização, indiscriminada, desses mesmos recursos, renováveis e não 
renováveis, a degradação do meio ambiente e do seu entorno com a 
destruição dos ecossistemas, gerando desequilíbrio tanto nas ocorrências 
naturais, como furacões e ciclones fora de época, o efeito estufa, como 
também as chuvas ácidas, e as contaminações de vastas extensões de terra 
pelo contato com substâncias tóxicas levadas pelo vento. (FRAGA, 2006, p. 
95-96).
Nas palavras do Procurador do Estado de Santa Catarina Patryck de 
Araújo Ayala (2003 apud MORATO LEITE, 2008, p. 135) remetendo às dificuldades 
de regulamentação jurídica pelo caráter muitas vezes incerto e impreciso dos riscos:
[…] a possibilidade de um futuro não é promessa, mas compromisso, que só 
pode ser realizado mediante uma tríade de condições estruturadas em torno 
da participação da informação e da repartição de responsabilidades 
(solidariedade). O possível deixa, desta forma, de ser socialmente 
reproduzido como expressão que identifica condições de imobilismo ou de 
impotência perante um futuro inacessível, desconhecido, e incompreensível, 
para assumir a qualidade de objetivo de compromisso jurídico tendente à 
concretização, tarefa que depende de severos compromissos de 
solidariedade […] a proteção jurídica de um direito futuro, e do próprio 
futuro, podem ser expressos em síntese, a partir da proteção jurídica da 
vida no contexto das sociedades de risco, cuja concretização depende 
especialmente da gestão solidária e responsável da informação e do 
compromisso de produção do conhecimento indisponível.
12
Pedro Miranda de Oliveira apresenta a importância dos princípios da 
precaução e da prevenção enquanto pilares de um novo paradigma para o sistema 
constitucional de tutela do meio ambiente, citando a obrigação do Poder Judiciário a 
apreciação de lesão ou ameaça ao direito incluída no inciso XXXV, do art. 5º, da 
Carta Magna.
O desenvolvimento dogmático dos princípios da precaução e prevenção, 
posicionados agora na qualidade de elementos de estruturação e 
informação de todo o sistema constitucional de proteção do ambiente, 
evidencia a atualidade do tratamento do tema da efetividade do acesso à 
justiça em matéria ambiental, com destaque especial para a formulação de 
uma nova espécie de decisão, urgente, especializada e adequada ao 
atendimento dos objetivos concretos e particularidades que integram o 
objetivo de defesa do meio ambiente: a decisão preventiva. O 
posicionamento preventivo tem por fundamento a responsabilidade no 
causar perigo ao meio ambiente. Dessa responsabilidade jurídica de 
prevenir é que decorrem obrigações de fazer e não fazer. Sua 
fundamentação constitucional está presente no art. 5º, XXXV, o qual 
assegura que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou 
ameaça a direito”. (OLIVEIRA, 2006, p. 205)
13
2.3 Fundamentos Legais
CF, art 5º, XXXV:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou 
ameaça a direito;
CF , art. 5º, LXXVIII:
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a 
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua 
tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
CF, art 225:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
CPC, art. 461 e 461-A,
Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer 
ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se 
procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado 
prático equivalente ao do adimplemento. (Redação dada pela Lei nº 
8.952, de 13.12.1994)
§ 1o A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o 
requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado 
prático correspondente. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 2o A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 
287). (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado 
receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela 
liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar 
poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão 
fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor 
multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente 
ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o 
cumprimento do preceito. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou para a obtenção do resultado 
prático equivalente, poderáo juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as 
medidas necessárias, tais como a busca e apreensão, remoção de pessoas 
e coisas, desfazimento de obras, impedimento de atividade nociva, além de 
requisição de força policial. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado 
prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as 
medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, 
busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e 
impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força 
policial. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
§ 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, 
caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva. (Incluído pela Lei 
nº 10.444, de 7.5.2002)
14
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10444.htm#art461%C2%A75
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10444.htm#art461%C2%A75
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10444.htm#art461%C2%A75
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8952.htm#art461
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8952.htm#art461
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8952.htm#art461
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8952.htm#art461
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8952.htm#art461
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8952.htm#art461
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8952.htm#art461
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1
Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao 
conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da 
obrigação. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
§ 1o Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e 
quantidade, o credor a individualizará na petição inicial, se lhe couber a 
escolha; cabendo ao devedor escolher, este a entregará individualizada, no 
prazo fixado pelo juiz. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
§ 2o Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em 
favor do credor mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, 
conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel. (Incluído pela Lei nº 10.444, 
de 7.5.2002)
§ 3o Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1o a 6o do art. 
461.(Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
CDC, art. 84,
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer 
ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou 
determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao 
do adimplemento.
§ 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível 
se por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção 
do resultado prático correspondente.
§ 2° A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa (art. 
287, do Código de Processo Civil).
§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado 
receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela 
liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.
§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa diária 
ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou 
compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do 
preceito.
§ 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático 
equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias, tais como 
busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento de obra, 
impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial.
2.4 Quais os tipos de Ação Inibitória e a sua extensão?
As três modalidades da Ação Inibitória:
• Impedir a prática de ilícito ainda que nenhum ilícito anterior 
tenha sido produzido pelo réu;
Em primeiro lugar, para impedir a prática de ilícito, ainda que nenhum ilícito 
anterior tenha sido produzido pelo réu. [...] por atuar antes de qualquer ilícito 
ter sido praticado pelo réu, torna mais árdua a tarefa do juiz, uma vez que é 
muito mais difícil constatar a probabilidade do ilícito sem poder considerar 
qualquer ato anterior do que verificar a probabilidade da sua repetição ou da 
continuação da ação ilícita. (MARINONI, 2009, p. 5).
15
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10444.htm#art461a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10444.htm#art461a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10444.htm#art461a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10444.htm#art461a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10444.htm#art461a
• Impedir a repetição da prática de ilícito; e,
• Impedir a continuação da prática de ilícito.
2.4.1 Competência
A competência para julgar a Ação Inibitória segue o disposto nos 
artigos 94, 95 e 100 do Código de Processo Civil, como consta:
Para a verificação do foro competente para julgar a lide, deve-se observar o 
disposto nos Arts. 94, 95 e 100 – CPC.
A Jurisdição do juiz é ilimitada em decorrência da Soberania Nacional, 
porém é delimitada pela especialidade do juiz 
Nos casos de conflito de competência, caso o conflito ocorre entre 
integrantes do mesmo ramo da Justiça, por exemplo, Comum e Estadual, o 
conflito irá ser resolvido pelo tribunal imediatamente superior, nesse caso o 
TJ. Porém caso o conflito ocorre entre ramos distintos da Justiça, por 
exemplo Justiça Especial Militar, e a Justiça Comum Estadual, o tribunal 
responsável será o STJ. 
Regra: Sempre que ocorrer conflito de competencia entre ramos da Justiça 
distintas, o STJ será o tribunal responsável para resolver o conflito. Nos 
casos onde o conflito de competencia ocorrer no mesmo ramo da Justiça, o 
tribunal imadiatamente superir irá ter a competencia de dirimir o conflito de 
competencia. (FGV, 2010).
16
2.5 Elementos Identificadores da Ação: Partes, Causa de pedir, e o Pedido
Contantes do art. 301, §2º do Código de Processo Civil Brasileiro, os 
critérios identificadores da ação estão baseados na individualização das partes, com 
seus pólos ativo e passivo, da causa de pedir e do pedido.
2.5.1 Partes
As partes devem possuir a devida legitimidade, pois esta “representa a 
pertinência subjetiva de direito material que decorre o litígio”, como comenta 
SPADONI:
Para que o pedido formulado pelo autor da demanda receba julgamento de 
mérito, é necessário que ambas as partes possuam legitimidade “ad 
causam” (condição da ação) – que representa a pertinência subjetiva da 
relação jurídica de direito material da qual decorre o litígio – e que o autor 
demonstre sua legitimidade processual (pressuposto processual de 
validade) – que pode ser ordinária, extraordinária ou autônoma – 
representativa do direito de agir em juízo para a tutela do afirmado interesse, 
próprio ou alheio. (SPADONI, 2007, p. 97).
2.5.1.1 Pólo Ativo
As partes legítimas para propor a ação inibitória consistem naquele 
que se afirma o titular do direito ameaçado. No caso de ação inibitória coletiva, cujo 
direito tutelado refere-se a direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos, os 
legitimados para ajuizá-la estão indicados no Código de Defesa do Consumidor em 
seu artigo 82:
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados 
concorrentemente: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)
I - o Ministério Público,
II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda 
que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa 
dos interesses e direitos protegidos por este código;
IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que 
incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitosprotegidos por este código, dispensada a autorização assemblear.
§ 1° O requisito da pré-constituição pode ser dispensado pelo juiz, nas 
ações previstas nos arts. 91 e seguintes, quando haja manifesto interesse 
social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela 
relevância do bem jurídico a ser protegido. (CDC, Lei 8.078, 1990).
2.5.1.2 Pólo Passivo
No pólo passivo está aquele de que se pede a tutela inibitória, a 
princípio, pode-se dizer que trata-se daquele que ameaça a prática de atos lesivos 
ao direito do pólo ativo.
17
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9008.htm#art82
2.5.2 Causa de Pedir
A causa de pedir é a razão pela qual o legitimado no pólo ativo vem a 
juízo requerer a tutela inibitória a ser especificada no seu pedido. É necessário 
clareza a respeito do porquê de o autor vir a juízo requerer providências.
Deve seguir Teoria da Substanciação do pedido, apresentando os 
fundamentos do fato e os fundamentos de Direito (CPC, art. 282,III).
Exige-se, neste dispositivo, que o autor narre, em sua petição inicial, os 
fatos e os fundamentos jurídicos que ensejam a sua pretensão, sob pena de 
indeferimento da inicial (CPC, art. 284). (SPADONI, 2007, p. 99).
2.5.2.1 Causa de pedir próxima.
A causa de pedir próxima na ação inibitória representa a 
demonstração da ameaça da prática do ato violador do direito.
Na ação inibitória, o que interessa fundamentalmente para a integração da 
sua causa de pedir próxima é a demonstração da ameaça da prática de ato 
violador de direito. [...] É a situação fática atual da qual exsurge o receio de 
que um ato será praticado em violação do interesse juridicamente protegido 
da parte. (SPADONI, 2007, p. 100).
2.5.2.2 Causa de pedir remota.
A causa de pedir remota apresenta os fundamentos invocados pelo 
autor para obter a procedência do seu pedido.
[...] a causa de pedir remota consiste nos fundamentos jurídicos invocados 
pelo autor para obter a procedência de seu pedido. Estes fundamentos 
representam a afirmada conseqüência jurídica gerada pelos fatos 
demonstrados na causa de pedir próxima, e que se ligam estes ao pedido. 
(SPADONI, 2007, p. 99).
2.5.3 Pedido
A partir do CPC, art. 301, §2º, o objeto da ação é identificado no 
Pedido.
O pedido representa o requerimento de tutela jurisdicional. Representa o 
que a parte pretende obter da atividade do Estado, cujo início está 
provocando com o exercício do direito da ação. (SPADONI, 2007, p. 101).
2.5.3.1 Objeto imediato
18
O objeto imediato do pedido, ou o pedido imediato, é a espécie de 
providência jurisdicional solicitada pelo autor. Representa aquilo que 
diretamente se deseja do Poder Judiciário, e que é a emanação do 
provimento jurisdicional especificamente solicitado. (SPADONI, 2007, p. 
102).
2.5.3.2 Objeto mediato
O objeto mediato do pedido, ou o pedido mediato, representa, por sua vez o 
bem da vida, o bem jurídico material, cuja tutela é pretendida pelo autor, em 
detrimento do interesse do réu. Seu alcance é conseqüência do atendimento 
do pedido imediato. (SPADONI, 2007, p. 103).
2.6 Sentença e coisa julgada.
2.6.1 Sentença
As sentenças na Ação Inibitória são de natureza mandamental e 
executiva, da importância desse fato discorre Simone Fraga, citando Marinoni:
No caso do direito ambiental, a sentença de conteúdo mandamental é de 
fundamental importância para sua efetividade, considerando que a quase 
totalidade das ações de natureza coletiva ou que envolve interesses 
metaindividuais não se conciliam com a sistemática do processo civil 
clássico que exige uma nova demanda judicial, agora para executar o 
conteúdo da sentença. Preocupado com esse aspecto do processo civil 
brasileiro, inúmeros doutrinadores desenvolveram estudos a respeito de 
tutelas verdadeiramente eficientes para cuidar de direitos e interesses 
metaindividuais, e mais especificamente o direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado.
Em estudo a respeito da tutela específica, Marinoni afirma ser um equívoco 
pensar que o único problema referente à tutela dos direitos difusos e 
coletivos se circunscreve às questões relativas as condições da ação e dos 
“limites subjetivos da coisa julgada material”. E, isso porque não se pode 
mais pensar em termos de titularidade da ação e titularidade do direito 
material quando, em demandas que envolvem interesses ou direitos difusos 
ou coletivos como as de direito ambiental, os direitos não podem ser 
atribuídos a uma única pessoa. Ainda sobre o direito coletivo, Marinoni ainda 
chama a atenção para o fato de que a tutela de direitos difusos ou coletivos 
não pode ser tutelado de forma efetiva pela via ressarcitória, e, nesse caso, 
o exemplo, por excelência, é o direito ao meio ambiente equilibrado, “é 
absolutamente imprescindível, para se tutelar com efetividade os novos 
direitos, a tomada de consciência de que a tutela jurisdicional, em muitos 
casos, deve deixar de lado a segurança jurídica, envolta na relação coisa 
julgada material-execução forçada, para permitir a tutela do direito material 
antes da realização plena do direito à ampla defesa”. (FRAGA, 2006, p. 140)
É importante ressaltar que o juiz não encerra a ação após a 
publicação da sentença do mérito de procedência, na Ação Inibitória. O processo 
19
continua “vivo”, mantendo ligados partes e magistrado enquanto não é atingido o 
escopo da ação.
Na ação inibitória o juiz não encerra sua atividade jurisdicional com a 
publicação da sentença do mérito de procedência. [...] a finalidade precípua 
da atividade jurisdicional não é só a declaração do direito do autor, mas a 
sua realização no plano fático; enquanto não atingido o seu escopo o 
processo permanece vivo, mantendo vinculados partes e magistrado. Na 
sentença de procedência, é emitida ordem para cumprimento, podendo ser 
fixada multa cominatória para o caso de não atendimento do comando 
judicial. No entanto, é possível para que a sentença não estabeleça a pena 
pecuniária ou que, inicialmente, a multa não surta os efeitos inibitórios 
desejados (FRAGA, 2006, p. 141).
2.6.2 Coisa julgada
Na sentença inibitória a coisa julgada tem por conteúdo a prevenção 
do ilícito e a imposição do dever de cumprimento da decisão judicial, com citado:
A coisa julgada material pode ser definida como a qualidade de 
imutabilidade e indiscutibilidade que se agrega ao comando da sentença de 
mérito, não mais sujeita a recurso ou à remessa obrigatória. É a qualidade 
adquirida pelo conteúdo da sua parte dispositiva que impede que seja 
modificada no mesmo ou em outro processo, pelo mesmo ou por outro juiz 
ou tribunal. [...] na sentença inibitória, o que se torna imutável e indiscutível 
em decorrência do trânsito em julgado da decisão é o comando que 
disciplina a relação jurídica levada a juízo. Este comando tem por conteúdo 
a afirmação do dever de cumprimento de uma obrigação de fazer ou 
não fazer, a afirmação da obrigação de pôr fim imediatamente a uma 
atividade ilícita ou não colocá-la em prática, e a imposição do dever de 
cumprimento da decisão judicial, bem como a possibilidade de serem 
adotadas as medidas sub-rogatórias necessárias ao alcance dos resultado 
prático equivalente, que previna a violação ameaçada. É este conteúdo 
decisório da sentença inibitória que acolhe ou rejeita a pretensão preventiva, 
que se torna imutável e indiscutível no mesmo e em outros processos, pelo 
mesmo ou por outro juiz ou tribunal. (SPADONI, 2007, p. 131).
Alcance da coisa julgada na tutela jurisdicional dos interesses 
metaindividuais e individuais homogêneos (SPADONI, 2007, p. 236)
20
2.7 Aspectos recursais da ação inibitória
O ato decisórioposterior à sentença e os recursos pertinentes mais 
adequados a Ação Inibitória é o agravo de instrumento, não sendo viável a utilização 
de agravo retido, como cita SPADONI.
Em sendo decisão interlocutória, o recurso cabível é o agravo, em atenção 
ao disposto no art. 522 do CPC. Em princípio, poder-se-ia afirmar que deve 
ser interposto agravo retido, já que este passou a ser o regime geral, pela 
redação dada ao artigo 522 pela Lei 11.187/2005. No entanto, quando nos 
deparamos com processos que tratam de ações mandamentais e executivas 
lato sensu, como é o caso da ação inibitória, a regra não é de todo 
adequada. Como visto, mesmo após a prolação da sentença de 
procedência, exige-se do juiz a tomada de decisões que objetivam efetivar o 
comando judicial. São atos decisórios que podem ser levados a efeito 
mesmo após o trânsito em julgado da sentença. E diante disto, o agravo 
retido mostra-se absolutamente inviável. (SPADONI, 2007, 225).
[...] devemos considerar que o regime adequado do recurso de agravo, no 
caso, é o por instrumento, sendo interposto diretamente no tribunal, na 
forma preconizada pelo art. 524 do CPC. O mesmo pode ser afirmado para 
decisões que determinam a adoção de medidas executivas, em face da 
inadequação ou frustração do provimento mandamental. [...](SPADONI, 
2007, 226).
A apelação tem efeito somente devolutivo e os atos decisórios, 
posteriores à sentença, possuem apenas no agravo de instrumento a eficácia e 
utilidade pretendida pelo autor:
Devemos cogitar da possibilidade de possuir apelação da sentença inibitória 
apenas pelo efeito devolutivo, o que entendemos ser constitucionalmente 
correto [...] Apenas o agravo de instrumento é recurso que pode atender 
com adequação e utilidade a pretensão do autor, mormente se 
considerarmos a possibilidade de concessão de efeito suspensivo ao 
recurso da parte, na forma autorizada pelo art. 527, III, CPC. [...] pode 
ocorrer que até que seja dado o efeito suspensivo à apelação, a medida 
determinada pelo juiz possa causar dano imediato à parte, caso em que 
ainda assim deverá interpor agravo de instrumento, e não retido nos autos, 
para que obtenha a pronta suspensão de sua eficácia. (SPADONI, 2007, 
227).
21
3 JURISPRUDÊNCIA
AG_16422_RO_07.05.2007 ADMINISTRATIVO. IBAMA. AÇÃO INIBITÓRIA. TUTELA 
ANTECIPADA. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
AC-3251052-PR-0325105-2-TJPR. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INIBITÓRIA. OBRIGAÇÃO DE 
NÃO FAZER. NÃO IMPEDIR A ENTRADA DA AUTORA (PROPRIETÁRIA AMBIENTAL PARANÁ 
FLORESTAS S/A) NO LOCAL EM QUE A RÉ (ROYALPINUS COMÉRCIO DE FLORESTAS S/A) 
TEM DIREITO APENAS DE EXTRAÇÃO DE FLORESTA. NÃO EXTRAIR CASCALHO DA ÁREA E 
NEM DANIFICAR ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. 
22
AG_16422_RO_07.05.2007 
ADMINISTRATIVO. IBAMA. AÇÃO INIBITÓRIA. TUTELA ANTECIPADA. AGRAVO DE 
INSTRUMENTO.
RELATOR(A) : DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA PRUDENTE
AGRAVANTE : INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZACAO E REFORMA AGRARIA - 
INCRA 
PROCURADOR : CLAYTON COUGO ZANOTI 
AGRAVADO : MINISTERIO PUBLICO FEDERAL 
PROCURADOR : SILVIO ROBERTO OLIVEIRA DE AMORIM JUNIOR 
AGRAVADO : MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE RONDONIA 
PROCURADOR : MIGUEL MONICO NETO 
Nos autos da ação Civil Pública em epigrafe, o Instituto Nacional de 
Colonização e Reforma Agrária - INCRA, com a contestação apresentou a 
presente IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA, dizendo que os autores 
fixaram à causa um valor exorbitante de vinte milhões de reais sem 
qualquer critério alegando simplesmente "trata-se de Ação Civil Pública de 
proteção ao meio ambiente .... " e arremata afirmando que a fixação do valor 
tão alto deve-se ao fato de a lei não prevê condenação em verba de 
sucumbência na hipótese de improcedência do pedido. 
Instruiu o pedido com cópia da petição inicial da ação principal. 
Os impugnados manifestaram ás fls. 29/31, sustentando o valor atribuído na 
inicial, ao argumento de que se levado em conta o valor do dano ambiental 
que se busca proteger, o valor fixado à causa é até irrisório.
Ao exame dos autos, verifica-se que a ação civil pública foi proposta em 
desfavor do INCRA, do IBAMA, do Estado de Rondônia, do Município de 
Candeias do Jamari e da Cooperativa Agro-Florestal de Candeias, tendo em 
vista o desmatamento ilegal e ocupação desordenada de cerca de 
2.3884,8865 ha, em área destinada ao projeto fundiário de desenvolvimento 
sustentável denominado "Projeto Jequitibá", no município de Candeias do 
Jamari. 
A área, segundo informações trazidas na ACP, é ocupada 
predominantemente por floresta primária e é destinada à conservação de 
recursos naturais considerados nobres. As imagens produzidas por satélite 
(fls. 25/29 - numeração da Justiça Federal de Rondônia) retratam a 
extensão do dano já ocorrido pelo desmatamento (verdadeiras clareiras) 
realizado por madeireiras, além da existência de atividade agropecuária em 
grande escala, sem obediência a qualquer plano de zoneamento. 
O dano ao meio ambiente e os prejuízos alcançados pelo desmatamento 
restam comprovados e são incalculáveis. Para dimensionar o valor atribuído 
à causa é necessário considerar que a destruição de florestas de caráter 
primário, de ecossistemas e de recursos naturais nobres, afetam 
sobremaneira toda uma região e a qualidade de vida dos que nela habitam, 
bem como das gerações futuras - "todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial' à 
sadia qualidade de vida ... " (art. 225, caput, CF/88). 
O meio ambiente está incluído no rol dos bens fundamentais 
constitucionalmente protegidos (art. 170 e 225 da CF/88) e a sua destruição 
atinge um número incalculável de indivíduos. Sem falar, muitas vezes, na 
impossibilidade de reparação do dano. O valor dado à causa, diante de 
tamanha devassa, corresponde aos prejuízos (especialmente os 
ambientais/ecológicos) apontados na ação civil pública. De todo modo, a 
impugnação apresentada pela agravante não merece acolhida, pois não traz 
nenhum elemento concreto capaz de demonstrar necessidade de 
23
modificação do valor indicado pelos autores da ação. Sobre a matéria já se 
posicionou o STJ, verbis: 
"AGRAVO REGIMENTAL. IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA. ÔNUS. 
FORNECIMENTO. DADOS. 
1 - É ônus do impugnante fornecer dados concretos que demonstrem a 
necessidade de alteração do valor da causa, tendo em vista a disparidade 
entre esse e o valor da condenação estabelecida na sentença de liquidação. 
2 - Agravo regimerttal desprovido". 
(STJ - AGP 1696 - Rel. Min. Fernando Gonçalves - DJ 17.03.2003). 
Ante o exposto, o Ministério Público Federal opina pelo não provimento do 
recurso. “ (fls. 79/81)
Com estas considerações, nego provimento ao presente agravo de 
instrumento.
Este é meu voto.
24
AC-3251052-PR-0325105-2-TJPR. 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INIBITÓRIA. OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER. NÃO IMPEDIR A ENTRADA 
DA AUTORA (PROPRIETÁRIA AMBIENTAL PARANÁ FLORESTAS S/A) NO LOCAL EM QUE A RÉ 
(ROYALPINUS COMÉRCIO DE FLORESTAS S/A) TEM DIREITO APENAS DE EXTRAÇÃO DE 
FLORESTA. NÃO EXTRAIR CASCALHO DA ÁREA E NEM DANIFICAR ÁREA DE PRESERVAÇÃO 
PERMANENTE. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. 
AGRAVO RETIDO. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. MATÉRIA QUE NÃO 
COMPORTA INSTRUÇÃO. DECISÃO CORRETA. AGRAVO DESPROVIDO. 
PRELIMINAR. LITISPENDÊNCIA OU COISA JULGADA. DESCABIMENTO, FALTA DE IDENTIDADE 
ENTRE A PRESENTE AÇÃO E A MENCIONADA COMO PARADIGMA. PRELIMINAR REJEITADA. 
MÉRITO. SENTENÇA CORRETA. MERO DIREITO DA RÉ EM EXTRAIR MADEIRA, QUE NÃO TEM 
O CONDÃO DE RETIRAR DA AUTORA OS ATRIBUTOS DA PROPRIEDADE E DA POSSE 
EXERCIDAS SOBRE O IMÓVEL. PROVA EFETIVA DE CONSTRANGIMENTO INDEVIDO EM FACE 
DA PROPRIETÁRIA. INIBIÇÃO ACERTADA NESSE SENTIDO. IMPOSIÇÃO DE NÃO RETIRADA 
DE CASCALHO, BEM COMO DE NÃO AGRESSÃO À ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE.POSSIBILIDADE MESMO EM FACE DE MEROS INDÍCIOS DOS FATOS ALEGADOS. HIGIDEZ DO 
MEIO AMBIENTE. DIREITO TRANSINDIVIDUAL. MITIGAÇÃO DOS PRECEITOS CLÁSSICOS DO 
PROCESSO CIVIL INDIVIDUAL. PRINCÍPIO DO INTERESSE JURISDICIONAL NO 
CONHECIMENTO DO MÉRITO, A AFASTAR A ASSERTIVA DE AUSÊNCIA DE INTERESSE DE 
AGIR DA PARTE DEMANDANTE. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO. TUTELA INIBITÓRIA DE TODO 
ESCORREITA. COMINAÇÃO (ASTREINTE) APROPRIADA. MULTA POR EMBARGOS 
PROTELATÓRIOS. DESCABIMENTO. VIGÊNCIA DA LIMINAR EM FAVOR DA AUTORA, QUE 
AFASTA QUALQUER POSSIBILIDADE DE PROTELAÇÃO EM BENEFÍCIO DA RÉ-EMBARGANTE. 
SENTENÇA REFORMADA APENAS NESSA PARTE. MANUTENÇAO QUANTO AO MAIS. 
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
APELAÇÃO CÍVEL Nº 325.105-2 - DA COMARCA DE SENGÉS - VARA ÚNICA 
APELANTE: ROYALPINUS COMÉRCIO DE FLORESTAS LTDA. 
APELADO: AMBIENTAL PARANÁ FLORESTAS S/A. 
RELATOR: Juiz ROGÉRIO RIBAS, Subst. de 2º Grau.(1) 
Trata-se de AÇÃO ORDINÁRIA DE OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER 
(TUTELA INIBITÓRIA) COM PRECEITO COMINATÓRIO sob nº 252/2004 
movida por AMBIENTAL PARANÁ FLORESTAS S/A (sociedade de 
economia mista - antiga Banestado S/A Reflorestadora) contra 
ROYALPINUS COMÉRCIO DE FLORESTAS LTDA. 
Visa a autora AMBIENTAL seja a ré ROYALPINUS obrigada a não impedir o 
acesso de representantes e funcionários seus à área parte de sua 
propriedade especificada na inicial (Matrícula 516, do Cartório de Imóveis de 
Sengés, área conhecida como Fazenda Pinhalzinho), da qual a ré 
ROYALPINUS tem posse provisória para fins unicamente de extração de 
árvores. 
Objetiva ainda a ação que seja a ré ROYALPINUS impedida de extrair 
cascalho do local, bem como de extrair as árvores localizadas em Área de 
Preservação Permanente (APP). 
Esclarece, a autora, que a área em questão (em sua totalidade) vem sendo 
explorada por terceiras empresas, mesmo sendo de propriedade da autora, 
em razão do Projeto Banestado 6, de reflorestamento, em que a então 
Banestado S/A Reflorestadora, transferiu a exploração das florestas 
reflorestadas à tais empresas, por comodato2. Posteriormente, uma dessas 
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empresas (VALOREM COMÉRCIO DE MADEIRAS) veio a sucumbir em 
demanda judicial da qual a parte vencedora (DAVID DEUTSCHER 
ADVOGADOS ASSOCIADOS) acabou arrematando número considerável 
de arvores (pinus), vindo posteriormente a transferi-las para a ora ré 
ROYALPINUS, a qual, portanto, tem direito de retirar tais árvores do local, 
não tendo, evidentemente, se sub-rogado no comodato anterior. 
Foi deferida liminar nos termos do pedido, impondo-se multa diária de R$ 
10.000,00 para o descumprimento (fls. 84-86). 
Indeferindo a produção de provas em instrução, sentenciou a MM juíza "a 
quo" pela procedência da demanda, entendendo que a ré ROYALPINUS 
não tem direito de impedir o acesso de funcionários e representantes ou 
prepostas da autora AMBIENTAL FLORESTAS ao local, posto que esta 
exerce plenamente a propriedade e a posse das terras, havendo apenas 
direito da ré em extrair a madeira. 
E mais, que a proibição da extração do cascalho no local e da agressão à 
área de preservação permanente decorre da própria lei, sendo cabível a 
imposição da tutela inibitória nesse ponto. 
Confirmou a liminar, inclusive quanto à multa em R$ 10.000,00 para o 
descumprimento (fls. 413-417). 
Houve embargos de declaração, rejeitados, com imposição de multa dado o 
caráter protelatório (fls. 413-414). 
Apela a ré ROYALPINUS, refazendo os argumentos veiculados no Agravo 
Retido, de cerceamento de defesa no indeferimento da produção de provas. 
No mérito, aduz que a colocação de cercas e a listagem de pessoas 
autorizadas a entrar no local, não configura impedimento da entrada dos 
representantes da autora. Na verdade, a medida visa a segurança do local 
contra o furto de árvores. 
Acresce, mais, que haveria outra demanda julgada com o mesmo objeto da 
presente, do que decorreria a carência de ação. 
Assevera também pela inexistência de provas de que tenha a apelante 
extraído cascalho, ou ainda interferido em área de preservação permanente. 
No que se refere à multa dos embargos declaratórios, argumenta ser ela 
indevida, pois não haveria o que ser protelado já que vigente a liminar em 
favor da autora. 
Requer seja reformada a sentença em sua totalidade para julgar-se 
improcedente a demanda (fls. 427-434). 
O recuso foi devidamente contra-arrazoado (fls. 738-743). 
Subiram os autos e nesta instância a douta Procuradoria Geral de Justiça 
opinou pelo desprovimento do apelo (fls. 455-460). 
À fl. 469 a autora constituiu novos advogados, aos quais deu-se vista dos 
autos, requerendo-se após o prosseguimento do julgamento (fl. 479). 
Os autos vieram conclusos a este magistrado - em substituição ao 
Desembargador MARCOS MOURA - por força de designação determinada 
pelo despacho proferido no Protocolo n. 207.890/2009 da d. presidência 
deste Tribunal de Justiça (cf. fl. 494). 
É o relatório. 
26
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91972/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
II - FUNDAMENTAÇÃO E VOTO: 
Conheço do recurso porque presentes os pressupostos de admissibilidade. 
AGRAVO RETIDO: 
Não há falar em cerceamento de defesa, posto que a demanda visa bem da 
vida para cuja solução já há provas suficientes nos autos, sendo 
desnecessária a produção de maiores provas em instrução. 
Aliás, isto ficará claro com o deslinde, de mérito, a ser apreciado em 
seguida. 
Daí porque nego provimento ao Agravo Retido. 
PRELIMINAR - LITISPENDÊNCIA OU COISA JULGADA: 
Não há carência de ação neste ponto, pois a demanda paradigma (autos nº 
192/2004, da mesma Comarca) tem outro autor e a causa de pedir também 
é outra (a"próxima"ao menos, uma vez adotada a teoria 
da"substanciação"do artigo 282, III, do CPC), já que diz com o direito da 
empresa VALOREM INDUSTRIA E COMÉRCIO DE MADEIRAS e não com 
o direito da autora da presente demanda. 
Logo, é evidente a não identidade entre as ações, pois cada uma perquire 
direito próprio, razão pela qual a preliminar é rejeitada. 
MÉRITO: 
No mérito, o apelo está a merecer desprovimento. 
Primeiro, no que se refere à suposta não-ingerência da ré na propriedade da 
autora, a argumentação não se sustenta; posto que, o tão-só fato de 
pretender listar as pessoas que entram no local, e de tê-lo cercado, 
demonstra que a ré ROYALPINUS está a tentar exercer mais do que o mero 
direito de extração da madeira no local. 
É dizer: Está a se comportar como verdadeira posseira da propriedade, algo 
que, sem dúvida, não é. 
A sociedade de economia mista autora (AMBIENTAL PARANÁ 
FLORESTAS S/A), frise-se, mesmo com a existência dos projetos de 
reflorestamento no local, conserva de pleno direito os caracteres de 
proprietária, não podendo ser impedida de exercer seus atributos, sob pena 
de se estar até mesmo a incidir a ré em situação de esbulho possessório 
(garantindo-se à proprietária o direito de desforço). 
Cabe frisar que no instrumento de comodato ---- (o qual sequer foi travado 
com a ré ROYALPINUS, a qual, frise-se, não tem comodato da área, mas 
apenas direito de extração da madeira) ---- , não consta que a autora 
AMBIENTAL PARANÁ perderia qualquer direito de entrar no local com seus 
prepostos ou funcionários, de forma que, nem por ilação seria possível 
imaginar que a ré ROYALPINUS poderia ficar listando quem entra ou deixa 
de entrar no local. Isto é direito da autora AMBIENTAL PARANÁ3. 
Destarte, não há dúvida no acerto da Sentença quanto a este ponto. 
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http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73Igual sorte ocorre em relação aos demais pontos da sentença (a qual 
determinou a imposição de obrigação de não fazer), consistentes em não 
agredir APP e não extrair cascalho do local. 
À primeira vista, poder-se-ia pensar que estas vedações em verdade 
decorreriam da própria lei expressa, e, portanto, seria desnecessário o 
Judiciário dizê-lo. 
Aliás, o próprio juízo "a quo" reconheceu não haver provas cabais de que 
tenha ocorrido efetivamente agressão à APP ou retirada de cascalho (fl. 
416); donde em primeiro aviso poder-se-ia pensar em ausência de interesse 
processual no pedido de inibição. 
Sucede, contudo, que está correta sim a sentença ao prover o pedido 
mandamental negativo (inibição), mesmo diante dos fatos pouco 
esclarecidos. 
É que se está a tratar na presente demanda de Direito Ambiental, disciplina 
que tem merecido tratamento processual diferenciado, mormente por se 
tratar de direito difuso por excelência. 
Isto quer dizer que, não se pode ter por absolutas determinadas regras 
processuais clássicas (como as atinentes às condições da ação), 
principalmente porque essas regras foram criadas para a tutela dos direitos 
individuais. 
Ora! É evidente que os direitos de caráter transindividual por vezes não 
estarão enquadrados na previsão reguladora do processo civil brasileiro (ao 
menos até que se aprove um Código de Processo Coletivo); sendo, 
portanto, necessária a busca dos princípios específicos a adequar as regras 
processuais à efetiva tutela dos direitos coletivos em sentido lato. 
Em resumo, cumpre dizer que os princípios específicos do Direito 
Ambiental, impõem, no caso, um maior cuidado a ponto de se aferir o 
interesse de agir não somente sob a ótica individual, da parte que pede, 
mas sim do ponto de vista do interesse jurisdicional no conhecimento da 
demanda. 
É que, quando se trata especificamente das lides coletivas ---- aqui é uma 
demanda individual, mas que adquire conotação coletiva à vista do 
interesse difuso da proteção ao meio ambiente ----, deve ser ainda maior o 
viés instrumentalista do processo, dada a presumida relevância dos 
interesses em jogo. 
Explica esse postulado o em. jurista GREGÓRIO ASSAGRA DE ALMEIDA4: 
"princípio do interesse jurisdicional no conhecimento do mérito no processo 
coletivo", de acordo com o qual "o Poder Judiciário, em vez de ficar 
procurando questão processual para extinguir, sem enfrentamento do 
mérito, o processo coletivo, deverá flexibilizar os requisitos de 
admissibilidade processual, a fim de que, na resolução do conflito coletivo, 
efetive o comando jurídico esperado socialmente.". 
Na mesma linha, o próprio princípio da precaução, no que tange à absoluta 
higidez do Meio Ambiente, está a impor duas facetas jurisdicionais que não 
podem ser olvidadas pelo julgador. Quais sejam: a inversão do ônus da 
prova em caso de mero indício de agressão ao Meio Ambiente, sendo este 
suficiente para gerar medidas estatais, sobretudo preventivas; bem assim a 
chamada prognose negativa na analise dos fatos a impor um cuidado impar 
no sentido de que, na dúvida, não se permita a mácula ao bem ambiental. 
28
Nesse sentido: "O princípio da precaução requer igualmente um novo 
padrão de prova, quer a nível procedimental, quer a nível processual. 
Assim, tendo em conta as naturais limitações do conhecimento humano e a 
incapacidade de prognosticar os efeitos a longo prazo, deve ser dada 
prevalência ao princípio da prognose negativa sobre a prognose positiva". 5 
Em suma, em se tratando de Meio Ambiente, a tutela jurisdicional, mais do 
que se preocupar com o direito individual de qualquer das partes, deve ater-
se ao bem macro ambiental, e nesse sentido buscar a tutela capaz de evitar 
o risco antes que ocorra o dano.6 
É nessa linha de raciocínio que ---- mesmo em face de meros indícios de 
atos agressivos ao Meio Ambiente ---- é possível sim a determinação de 
medida cominatória (multa com caráter de astreinte), a fim de impedir que a 
empresa demandada retire cascalho da propriedade em questão, bem como 
venha a agredir qualquer área considerada de preservação permanente 
(APP). 
Nessa esteira, correta a sentença que julgou procedente a demanda, 
inclusive mantendo-se a medida liminar nos termos em que foi posta 
(cominando-se multa diária de R$ 10.000,00, no caso de recalcitrância). 
Por fim, na questão referente à multa por embargos protelatórios, deve 
mesmo ser excluída, pois o apelante demonstrou que não havia o que ser 
protelado na via dos embargos, na medida em que existia liminar vigente 
em favor da parte autora (fls. 84-86). Isto é, qualquer protelação que 
houvesse, viria por evidente em desfavor da própria ré, pois poderia ser 
multada nesse caso. 
Isto posto, VOTO no sentido de: 
1) NEGAR PROVIMENTO AO AGRAVO RETIDO; 
2) REJEITAR A PRELIMINAR DE LITISPENDÊNCIA OU COISA JULGADA 
(pois não há identidade com a demanda paradigmática invocada); 
3) DAR PROVIMENTO PARCIAL AO APELO CÍVEL, apenas para afastar a 
multa por Embargos protelatórios; mantida, contudo, a sentença por seus 
demais termos, inclusive quanto à multa cominatória diária no valor em que 
fixada (R$ 10.000,00). 
É COMO VOTO. 
III - O DISPOSITIVO: 
ACORDAM os Senhores Desembargadores integrantes da 5ª Câmara Cível 
do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em 
NEGAR PROVIMENTO AO AGRAVO RETIDO; REJEITAR A PRELIMINAR 
DE LITISPENDÊNCIA OU COISA JULGADA; e DAR PROVIMENTO 
PARCIAL AO APELO. Tudo nos termos da fundamentação. 
Presidiu o julgamento o Senhor Desembargador ROSENE ARÃO DE 
CRISTO PEREIRA (com voto). Votaram com o relator o Senhor 
Desembargador Presidente e o Senhor Desembargador ADALBERTO 
JORGE XISTO PEREIRA. 
Curitiba, 13 de outubro de 2009. 
29
ROGÉRIO RIBAS - Relator 
Juiz de Direito Substituto de 2º Grau 
30
4 CONCLUSÕES
A tutela inibitória brasileira considera a proteção com relação a atos 
típicos para a prevenção do ilícito, porém Marinoni (apud FRAGA, 2006, p. 107-112) 
considera a necessidade de se considerar também o estudo doutrinário a respeito 
da tutela preventiva sobre atos atípicos, sendo esse incipiente no Brasil, assim como 
na Itália, como citado no trecho que segue:
[...] Marinoni [...] afirma que não há no direito brasileiro doutrina preocupada 
em estabelecer uma tutela preventiva atípica para a prevenção do ilícito, 
considerando que no caso do meio ambiente, a verdadeira tutela preventiva 
seria aquela que adequadamente inibisse o dano antes de sua 
ocorrência, tendo como fundamento o princípio da precaução. Marinoni 
propõe a elaboração de uma tutela adequada à inibição do ilícito que 
poderia ser chamada de inibitória, frisa ainda que tanto no direito brasileiro 
quanto no direito italiano já existem hipóteses de tutelas inibitórias 
típicas, mas os estudos a respeito de uma modalidade atípica ainda são 
incipientes tanto na Itália quanto no Brasil. (FRAGA, 2006, p. 107-112).
Para a tutela do meio ambiente existe a necessidade de institutos que 
previnam a ocorrência do ato ambiental ilícito, porém a importância da Ação Civil 
Pública e da Ação Popular é essencial para a reparação de danos e lesões 
causadas ao patrimônio ambiental.
[..] institutos tais como a já referida Ação Civil Pública, Ação Popular 
previstos nas Constituição Federal, são instrumentos indispensáveis para a 
tutela do meio ambiente, conjugados com mecanismos cujo provimento 
liminar de urgência, constantes no código de processo civil e na legislação 
especial, tende a dar mais celeridade e efetividade à defesa do meio 
ambiente equilibrado tais como: a providência do parágrafo terceirodo artigo 
273 do CPC,modificado pela Lei n. 10.444/02, o artigo 11 da lei da Ação 
Civil Pública, bem como a liminar nas ações cautelares. Não obstante isso, 
deve-se evoluir na busca de uma ação que iniba o ilícito com base no 
principio da prevenção do processo civil, conforme leciona Marinoni, a tutela 
inibitória do ilícito muito embora se localize mais freqüentemente no domínio 
dos direitos absolutos, nada impede que seja utilizada em outros direitos 
onde a tutela de remoção ou de ressarcimento não demonstrar ser eficiente, 
o caso do meio ambiente é evidente. No mesmo sentido, Leite e Ayala, ao 
definirem os princípios da prevenção e precaução que regem o meio 
ambiente, propugnam pela adoção de tutela diferenciada. (FRAGA, 2006, p. 
141).
31
REFERÊNCIAS
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Disponível em <a href=http://www.apriori.com.br>. Acesso em .16 de Ago 2010.
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Acesso em: 20 AGO. 2010.
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32
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33

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