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Teoria dos fatos jurídicos O Código Civil trata dos fatos jurídicos no Livro III da Parte Geral. Fatos jurídicos em sentido amplo são todos os acontecimentos da vida que o ordenamento jurídico considera relevante no campo do direito. Assim, os fatos jurídicos podem ser tanto os fatos naturais (como o nascimento e a morte) como os fatos humanos (como um contrato de compra e venda, espécie de negócio jurídico). Os fatos humanos (atos jurídicos em sentido amplo) são ações humanas que criam, modificam ou extinguem direitos. Os fatos humanos dividem-se em lícitos e ilícitos. Em síntese, podemos esquematizar da seguinte forma: Fatos jurídicos (sentido amplo) Fatos naturais (Fatos jurídicos em sentido estrito) Ordinários Extraordinários Fatos humanos (atos jurídicos em sentido amplo) Lícitos Ato jurídico (sentido estrito) Ato-fato jurídico Negócio Jurídico Ilícitos Arts. 186/187 e 927 do Cód. Civil. Os fatos naturais (fatos jurídicos em sentido estrito) são todo acontecimento natural determinante de efeitos na órbita jurídica. Mas nem todos os acontecimentos alheios à atuação humana merecem esse qualificativo. Uma chuva em alto-mar, por exemplo, é fato da natureza estranho para o Direito. Todavia, se a precipitação ocorre em zona urbana, causando graves prejuízos a determinada construção, objeto de um contrato de seguro, deixa de ser um simples fato natural e passa a ser um fato jurídico, qualificado pelo Direito. Isso porque determinará a ocorrência de importantes efeitos obrigacionais entre o proprietário e a companhia seguradora, que passou a ser devedora da indenização estipulada simplesmente pelo advento de um fato da natureza. Subdividem-se em: ordinários; extraordinários. Os fatos naturais ordinários são fatos da natureza de ocorrência comum, costumeira, cotidiana: o nascimento, a morte, o decurso do tempo. Os fatos naturais extraordinários se enquadram, em geral, na categoria do fortuito e força maior: terremoto, raio, tempestade etc. Devemos entender que a característica básica da força maior é a sua absoluta inevitabilidade, enquanto o caso fortuito tem como nota essencial a imprevisibilidade para os parâmetros do homem médio, motivos pelos quais ambos são causas excludentes de responsabilidade. Exemplos de fatos naturais (fatos jurídicos em sentido estrito), ou seja, fatos que geram consequências jurídicas independentemente da vontade humana: o evento morte, nascimento, decurso do prazo etc. Os fatos humanos (atos jurídicos em sentido amplo), são ações humanas que criam, modificam, transferem ou extinguem direitos e dividem-se em: lícitos (ato jurídico em sentido estrito, negócio jurídico e o ato-fato jurídico) e ilícitos. O ato ilícito é o praticado em desacordo com o ordenamento jurídico. Fonte de obrigações. Arts. 186/187 e 927 do Cód. Civil. No ato jurídico em sentido estrito, o efeito da manifestação da vontade será predeterminado na lei, como ocorre com a notificação que constitui em mora o devedor, o reconhecimento do filho, a tradição, a percepção dos frutos, a ocupação, etc. A ação humana se baseia não numa vontade qualificada, mas em simples intenção. No ato-fato jurídico a ideia que deve presidir a compreensão dos atos- fatos jurídicos é a de que, para a sua caracterização, a vontade humana é irrelevante, pois é o fato humano, por si só, que goza de importância jurídica e eficácia social. Como exemplo podemos citar um negócio realizado por um louco ou por um menor de idade. Excelente exemplo de ato-fato jurídico encontramos na compra e venda feita por crianças. Ninguém discute que a criança, ao comprar o doce no boteco da esquina, não tem a vontade direcionada à celebração do contrato de consumo. Melhor do que considerar, ainda que apenas formalmente, esse ato como negócio jurídico portador de intrínseca nulidade por força da incapacidade absoluta do agente) é enquadrá-lo na noção de ato-fato jurídico, dotado de ampla aceitação social (GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, v.1, parte geral. 13ª ed. Ed. Saraiva, p. 339). No negócio jurídico a ação humana visa diretamente alcançar um fim prático permitido na lei, dentre a multiplicidade de efeitos possíveis, como num contrato de compra e venda, por exemplo. Por essa razão, é necessária uma vontade qualificada, sem vícios. São requisitos de existência do negócio jurídico: declaração de vontade; finalidade negocial; idoneidade do objeto. São requisitos de validade, nos termos do Cód. Civil: Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei. A eficácia do negócio jurídico está relacionada a sua existência e validade e a presença ou não de cláusulas acidentais (condição, termo e encargo). Classificação dos direitos: - Direito objetivo e direito subjetivo. O direito objetivo é o conjunto de normas impostas pelo Estado, cuja observância os indivíduos podem ser compelidos mediante coerção. Direito subjetivo é uma faculdade de agir que encontra proteção no direito objetivo. Em outras palavras, é o direito objetivo que confere às pessoas direitos subjetivos, faculdades de agir, de exigir de outrem determinado comportamento. Os direitos subjetivos podem referir-se aos direitos de cunho pessoal (relativo aos direitos obrigacionais do Livro I da Parte Especial do Cód. Civil) ou de cunho real (relativo aos direitos reais do art. 1225 do Cód. Civil). - Direitos patrimoniais e não patrimoniais. Ramos do direito Direitos não patrimoniais (direitos da personalidade) Direitos patrimoniais Reais (Pode ser definido como um poder jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com exclusividade e contra todos) Obrigacionais / pessoais / de crédito (Consiste no vínculo jurídico pelo qual o sujeito ativo pode exigir do sujeito passivo determinada prestação. Constitui uma relação de pessoa a pessoa e tem como elementos o sujeito ativo, o sujeito passivo e a prestação) - Dever jurídico versus ônus jurídico. Segundo Francisco Amaral, ao direito subjetivo contrapõe-se o dever jurídico, situação passiva que se caracteriza pela necessidade de o devedor observar certo comportamento (positivo ou negativo) compatível com o interesse do titular subjetivo. Consiste o ônus jurídico na necessidade de se observar determinada conduta para satisfação de um interesse. Esclarece Francisco Amaral que a diferença entre o dever e o ônus reside no fato de que no primeiro (dever), o comportamento do agente é necessário para satisfazer interesse do titular do direito subjetivo, enquanto no caso do ônus o interesse é do próprio agente. - Direito potestativo e estado de sujeição. Direito potestativo é o poder que a pessoa tem de influir na esfera jurídica de outrem, sem que este possa fazer algo que não se sujeitar. - Direito público e privado. O direito público é o direito do Estado e o direito privado disciplina os interesses particulares. - Expectativa de direitos, direito eventual, direito condicional e direito atual. Expectativa de direitos Direito eventual Direito condicional Direito atual - Existe apenas uma expectativa legítima na aquisição de um direito ainda não constituído. - Ex.: aquisição da propriedade dos bens que serão herdados quando do falecimento dos pais. O filho tem direito à herança, mas ainda não tem direito a propriedade sobre os bens que serão herdados, mas apenas a expectativa de aquisição. - Nasce de um ato ou fato, em que já se encontra um de seus elementos, mas que não possuía o elemento principal para a sua formação. - Ex.: Expectativa do nascituro adquirir a personalidade jurídica e titularizar direitos. Como o nascituro ainda não adquiriu personalidade, e só a adquirirá se nascercom vida, ele é titular de um "direito eventual", de um direito que somente lhe será concedido pela ordem jurídica quando implementada a condição essencial do nascimento com vida. Direito que encontra-se constituído mas sua eficácia depende da implementação de uma condição. - O art. 130 do Cód. Civil inclui o direito condicional na categoria genérica de direito eventual. É o direito subjetivo já formado e incorporado ao patrimônio do titular Modos de aquisição de direitos: - Originária e derivada. Originária é quando se dá sem qualquer interferência do anterior título. Ocorre por exemplo na usucapião, na avulsão. Derivada quando decorre de transferência feita por outra pessoa. A aquisição se funda numa relação existente entre o sucessor e o sucedido. - Gratuita e onerosa. Gratuita quando só o adquirente aufere vantagem, como acontece na sucessão hereditária. Onerosa quando se exige do adquirente uma contraprestação, possibilitando a ambos os contratantes a obtenção de benefícios, como ocorre na compra e venda e na locação. Conservação dos direitos: - Medidas de caráter preventivo: - Medidas de caráter repressivo: Modificação dos direitos: - Objetiva qualitativa e quantitativa: - Subjetiva: Causas de extinção dos direitos: - Subjetivas: - Objetivas: - Concernentes ao vínculo jurídico: JURISPRUDÊNCIAS SOBRE A TEORIA DOS FATOS JURÍDICOS PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. PENSÃO POR MORTE. MILITAR. DIVISÃO DO BENEFÍCIO ENTRE A COMPANHEIRA E A EX-ESPOSA. UNIÃO ESTÁVEL COMPROVADA. 1. Na hipótese dos autos, o Tribunal de origem, ao decidir a vexata quaestio, consignou: "Destarte, acertada a sentença ao condenar a União a inscrever a autora como beneficiária da pensão postulada na inicial, em meação com a 2ª ré, ex-esposa do de cujus, uma vez que restou provada à exaustão a relação de companheirismo, bem como a dependência econômica, a qual é presumida entre cônjuges e companheiros, conforme precedentes jurisprudenciais. Ademais, não há óbice para que a viúva e a esposa, economicamente dependentes do segurado, repartam a pensão pela sua morte". 2. Portanto, com base nas provas carreadas aos autos, o Tribunal a quo decidiu que a pensão por morte fosse dividida entre as postulantes Vera Lúcia e Margareth, uma vez que: 1) ficou configurada a união estável entre o de cujus e a companheira Vera Lúcia; 2) embora tenha a recorrente Margareth, por ocasião do divórcio, formalmente dispensado o recebimento da pensão alimentícia, o acervo probatório demonstra que, de fato, ela vivia com a ajuda financeira do militar, de quem dependia economicamente. 3. Infirmar tal posicionamento implicaria, necessariamente, o revolvimento do acervo fático-probatório, o que é inviável em Recurso Especial, em face do óbice da Súmula 7 do STJ. 4. Recursos Especiais não conhecidos. (REsp 1705524/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/12/2017, DJe 19/12/2017) A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica superveniente. (Súmula 336, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/04/2007, DJ 07/05/2007, p. 456) AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. INEXISTÊNCIA. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA N. 7/STJ. PRESCRIÇÃO. RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL. ART. 206, § 3º, V, DO CÓDIGO CIVIL. DANO MORAL. VALOR. ARBITRAMENTO. RAZOABILIDADE. DESPROVIMENTO. 1. Não há que se falar em negativa ou vício de prestação jurisdicional se o Tribunal de origem se pronuncia suficientemente ao deslinde da causa, notadamente em face da situação dos autos, em que os embargos de declaração opostos contra o acórdão recorrido buscavam o prequestionamento numérico e o rejulgamento da causa à luz dos argumentos da parte, pretensões para as quais não se presta a via integrativa eleita. 2. Tratando-se de pedido de indenização por ato ilícito extracontratual, o prazo aplicável é o do art. 206, § 3º, V, do Código Civil, de modo que a ação ajuizada em 13.4.2007 (e-STJ fl. 3), ou seja, pouco menos de dois anos após o fato considerado indenizável, não está prescrita. 3. Não cabe, em recurso especial, reexaminar matéria fático-probatória (Súmula n. 7/STJ). 4. Admite a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, excepcionalmente, em recurso especial, reexaminar o valor fixado a título de indenização por danos morais, quando ínfimo ou exagerado. Hipótese, todavia, em que o valor foi estabelecido na instância ordinária, atendendo às circunstâncias de fato da causa, de forma condizente com os princípios da proporcionalidade e razoabilidade. 5. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no REsp 1350603/PR, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 13/12/2018, DJe 18/12/2018) HABEAS CORPUS. AÇÃO DE DESTITUIÇÃO DE PODER FAMILIAR E DE AFASTAMENTO DOS PAIS REGISTRAIS. SUSPEITA DE OCORRÊNCIA DA CHAMADA "ADOÇÃO À BRASILEIRA". HABEAS CORPUS CONTRA DECISÃO DE RELATOR. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 691 DO STF. IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO. DETERMINAÇÃO JUDICIAL DE ABRIGAMENTO DE CRIANÇA. INEXISTÊNCIA DE CONFIGURAÇÃO DE SUFICIENTE RELAÇÃO AFETIVA ENTRE PRETENSA GUARDIÃ E A INFANTE. DESABRIGAMENTO DO MENOR E COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA PREVIAMENTE INSCRITA NO CADASTRO NACIONAL DE ADOÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE NOVO ROMPIMENTO DE CONVIVÊNCIA FAMILIAR. NÃO OCORRÊNCIA DE DECISÃO FLAGRANTEMENTE ILEGAL OU TERATOLÓGICA. HABEAS CORPUS DENEGADO. 1. A teor da Súmula nº 691 do STF, não se conhece de habeas corpus impetrado contra decisão liminar de relator proferida em outro writ, exceto na hipótese de decisão teratológica ou manifestamente ilegal, o que não se verificou no caso. 2. A jurisprudência desta eg. Corte Superior tem decidido que não é do melhor interesse da criança o acolhimento temporário em abrigo, quando não há evidente risco à sua integridade física e psíquica, com a preservação dos laços afetivos eventualmente configurados entre a família substituta e o adotado ilegalmente. Precedentes. 3. Todavia, em hipóteses excepcionais, nas quais não se chegou a formar laços afetivos suficientes entre o infante e a família que o registrou e adotou ilegalmente, em razão do pouquíssimo tempo de convivência entre eles (dois meses), bem como diante do desabrigamento e do acolhimento da criança por nova família que seguiu os trâmites legais da adoção, aguardou a vez no cadastro nacional de adoção e vem cuidando do bem estar físico e psicológico da criança e proporcionando um desenvolvimento sadio, não é recomendável nova ruptura da convivência familiar do paciente. Observância dos princípios do melhor interesse e da proteção integral da criança. 4. Também em situações excepcionais, a jurisprudência desta eg. Corte Superior, em observância aos princípios do melhor interesse e da proteção integral da criança, opta pelo acolhimento institucional de criança em hipóteses de indícios ou prática de "adoção a brasileira" em detrimento da sua colocação na família que a acolhe. Precedentes. 5. Ordem denegada. (HC 454.161/TO, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/08/2018, DJe 23/08/2018) AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.204.798 - SP (2017/0276456-8) (...) Por sua vez, o adimplemento, ou seja, o cumprimento de uma obrigação é um ato-fato jurídico, isto é, a vontade dos agentes é irrelevante para o resultado jurídico programado. (...). JURISPRUDÊNCIAS SOBRE A AQUISIÇÃO DE DIREITOS EMENTA Recurso extraordinário. Repercussão geral. Usucapião especial urbana. Interessados que preenchem todos os requisitos exigidos pelo art. 183 da Constituição Federal. Pedido indeferido com fundamento em exigência supostamente imposta pelo plano diretor do município em que localizado o imóvel. Impossibilidade. A usucapião especial urbana tem raizconstitucional e seu implemento não pode ser obstado com fundamento em norma hierarquicamente inferior ou em interpretação que afaste a eficácia do direito constitucionalmente assegurado. Recurso provido. 1. Módulo mínimo do lote urbano municipal fixado como área de 360 m2. Pretensão da parte autora de usucapir porção de 225 m2, destacada de um todo maior, dividida em composse. 2. Não é o caso de declaração de inconstitucionalidade de norma municipal. 3. Tese aprovada: preenchidos os requisitos do art. 183 da Constituição Federal, o reconhecimento do direito à usucapião especial urbana não pode ser obstado por legislação infraconstitucional que estabeleça módulos urbanos na respectiva área em que situado o imóvel (dimensão do lote). 4. Recurso extraordinário provido. (RE 422349, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 29/04/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-153 DIVULG 04-08-2015 PUBLIC 05-08-2015) ADMINISTRATIVO. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO. IMÓVEL OBJETO PENHORA EM FAVOR DA UNIÃO. ATENDIDO O REQUISITO DO JUSTO TÍTULO. INDUZ A BOA-FÉ DO ADQUIRENTE. SÚMULA n. 308 DESTA CORTE. AUSÊNCIA DE OPOSIÇÃO JUDICIAL À POSSE DA AUTORA USUCAPIENTE. I - Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em 09.03.2016, o regime recursal será determinado pela data da publicação do provimento jurisdicional impugnado. Assim sendo, in casu, aplica-se o Código de Processo Civil de 1973. II - A usucapião tem assento constitucional (art. 183 da Constituição da República) e se afirma como instrumento de realização da função social da propriedade, de modo a prestigiar aquele que confere uma destinação socialmente adequada ao bem. III - Se o título de propriedade anterior se extingue, tudo o que gravava o imóvel - e lhe era acessório - também extinguir-se-á. IV - A usucapião é forma de aquisição originária da propriedade, de modo que não permanecem os ônus que gravavam o imóvel antes da sua declaração. V - Recurso Especial improvido. (REsp 1545457/SC, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 27/02/2018, DJe 09/05/2018) APELAÇÃO CÍVEL. DESAPROPRIAÇÃO DIRETA. AVALIAÇÃO DO IMÓVEL. DEPÓSITOS DE AREIA PROVENIENTES DE ALUVIÃO EXPLORADOS ECONOMICAMENTE PELOS PROPRIETÁRIOS. EMPREENDIMENTO SEM LICENÇA AMBIENTAL. LUCROS CESSANTES NÃO INDENIZÁVEIS. ASPECTO QUE DEVE SER LEVADO EM CONSIDERAÇÃO NA AVALIAÇÃO DO IMÓVEL. NECESSIDADE DE NOVA PERÍCIA. CPC, ART. 437 E SEGUINTES. SENTENÇA CASSADA. RECURSO E REMESSA PREJUDICADOS. O Supremo Tribunal Federal já decidiu que "jazidas de minerais, areia, pedras e cascalho não são indenizáveis, salvo existência de concessão de lavra" (Min. Carlos Velloso, RE n. 315135). "Nada impede, todavia, que a simples existência de [...] areia explorável economicamente dentro da área desapropriada possa influir na apuração do preço justo para o hectare, de modo a refletir o verdadeiro valor de mercado". (Min. Denise Arruda, REsp n. 857768) Indenização justa é a que se consubstancia em importância que habilita o proprietário a adquirir outro bem perfeitamente equivalente e o exime de qualquer detrimento. (Celso Antônio Bandeira de Mello). Como destinatário da prova, ao juiz é facultado anular o processo para determinar a realização de segunda perícia caso a primeira seja destituída de fundamentação e imprestável para determinar o valor da indenização postulada. (Des. Newton Trisotto, AC n. 1999.017688-6). (TJSC, Apelação Cível n. 2006.032404-9, de Campos Novos, rel. Des. Paulo Henrique Moritz Martins da Silva, Primeira Câmara de Direito Público, j. 24-11-2009). AÇÃO DECLARATÓRIA - AQUISIÇÃO POR ALUVIÃO - ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DO MUNICÍPIO - INTERESSE DO ESTADO. Como regra, os rios são de propriedade da União e dos Estados-membros, de modo que a ação interposta visando aquisição de área pertencente à região ribeirinha não pode ser dirigida tão-somente contra o Município, parte passiva ilegítima ad causam. (TJSC, Apelação Cível n. 1996.007460-0, de Pinhalzinho, rel. Des. Volnei Carlin, Primeira Câmara de Direito Público, j. 20-09-2001). USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO. CONDOMÍNIO E AQUISIÇÃO AD CORPUS. IMÓVEL RURAL ADQUIRIDO POR ACESSÃO. Proprietário de terreno marginal que possui como sua, durante mais de vinte anos, área acrescida por aluvião, tem direito a ver declarado o respectivo domínio. Tratando-se de imóvel adquirido em condomínio (pro indiviso), impossível considerar a área adquirida na modalidade ad corpus e profligar a improcedência de ação, quer possessória, quer reivindicatória, quer de usucapião. A comprovação de acréscimo de área a imóvel em decorrência de desvio natural de leito de rio proporciona aos proprietários marginais das águas correntes comuns a obtenção de sentença declaratória de propriedade inclusive em jurisdição voluntária. Admissível a localização de área adquirida por cota-parte, visando a posse para edificação e/ou cultivo do terreno, sempre com anuência dos condôminos, continuando, para fins de alienação, a situação jurídica pro indiviso da propriedade comum. (TJSC, Apelação Cível n. 1988.041707-4, de Urussanga, rel. Des. Amaral e Silva). DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO. COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. EXISTÊNCIA DE USUCAPIÃO EM FAVOR DO ADQUIRENTE. OCORRÊNCIA DE ERRO ESSENCIAL. INDUZIMENTO MALICIOSO. DOLO CONFIGURADO. ANULAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO. 1. O erro é vício do consentimento no qual há uma falsa percepção da realidade pelo agente, seja no tocante à pessoa, ao objeto ou ao próprio negócio jurídico, sendo que para render ensejo à desconstituição de um ato haverá de ser substancial e real. 2. É essencial o erro que, dada sua magnitude, tem o condão de impedir a celebração da avença, se dele tivesse conhecimento um dos contratantes, desde que relacionado à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração de vontade, a qualidades essenciais do objeto ou pessoa. 3. A usucapião é modo originário de aquisição da propriedade em razão da posse prolongada da coisa, preenchidos os demais requisitos legais, sendo que aqui, como visto, não se discute mais sobre o preenchimento desses requisitos para fins de prescrição aquisitiva, sendo matéria preclusa. De fato, preenchidos os requisitos da usucapião, há, de forma automática, o direito à transferência do domínio, não sendo a sentença requisito formal à aquisição da propriedade. 4. No caso dos autos, não parece crível que uma pessoa faria negócio jurídico para fins de adquirir a propriedade de coisa que já é de seu domínio, porquanto o comprador já preenchia os requisitos da usucapião quando, induzido por corretores da imobiliária, ora recorrente e também proprietária, assinou contrato de promessa de compra e venda do imóvel que estava em sua posse ad usucapionem. Portanto, incide o brocardo nemo plus iuris, isto é, ninguém pode dispor de mais direitos do que possui. 5. Ademais, verifica-se do cotejo dos autos uma linha tênue entre o dolo e o erro. Isso porque parece ter havido, também, um induzimento malicioso à prática de ato prejudicial ao autor com o propósito de obter uma declaração de vontade que não seria emitida se o declarante não tivesse sido ludibriado - dolo (CC/1916, art. 92). 6. Portanto, ao que se depreende, seja pelo dolo comissivo de efetuar manobras para fins de obtenção de uma declaração de vontade, seja pelo dolo omissivo na ocultação de fato relevante - ocorrência da usucapião -, também por esse motivo, há de se anular o negócio jurídico em comento. 7. Rercuso especial não provido. (REsp 1163118/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 20/05/2014, REPDJe 05/08/2014, DJe 13/06/2014) QUESTÕES DE CONCURSOS Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Instituto Rio Branco Prova: CESPE - 2018 - Instituto Rio Branco - Diplomata - Prova 1 Com relação à classificação da Constituição, à competênciados entes federativos, ao ato jurídico e à personalidade jurídica, julgue (C ou E) o item que se segue. O ato jurídico em sentido estrito é ato voluntário que produz os efeitos já previamente estabelecidos pela norma jurídica, como, por exemplo, quando alguém transfere a residência com a intenção de se mudar, decorrendo da lei a consequente mudança do domicílio. ( X ) Certo ( ) Errado Comentários: art. 74 do Código Civil. Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: DPE-AL Prova: CESPE - 2017 - DPE-AL - Defensor Público Se, após uma tempestade, uma árvore cair sobre um veículo e causar danos a alguém, esse evento será classificado como A) ato fato jurídico. B) ato unilateral. C) negócio jurídico. D) fato jurídico em sentido estrito. E) ato jurídico em sentido estrito. Ano: 2017 Banca: IBFC Órgão: TJ-PE Prova: IBFC - 2017 - TJ-PE - Oficial de Justiça Fato jurídico é o elemento que dá origem aos direitos subjetivos, impulsionando a criação da relação jurídica, concretizando as normas jurídicas. A respeito dos fatos jurídicos, assinale a alternativa incorreta. A) Fato natural advém de um fenômeno que produz efeitos jurídicos e em que não se observa qualquer tipo de intervenção humana B) O fato humano pode ser classificado como voluntário quando produzir efeitos jurídicos queridos pelo agente C) A aquisição de direitos pressupõe a conjunção do direito com o seu titular D) A modificação de direitos se dá de forma quantitativa quando atingir a qualidade do objeto ou do conteúdo do direito E) Extingue-se os direitos quando verificada, dentre outros motivos, a prescrição e a decadência Comentários: Modificação de direitos pode ser: - objetiva qualitativa. O conteúdo do direito se converte em outra espécie. Ex.: dação em pagamento (art. 356 CC). - objetiva quantitativa. O objeto aumenta ou diminui no volume ou extensão. Ex.: aluvião (art. 1250 CC). - subjetiva. Alteração do sujeito. Cessão de crédito (art. 286 CC). Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: Prefeitura de Fortaleza - CE Prova: CESPE - 2017 - Prefeitura de Fortaleza - CE - Procurador do Município Acerca de ato e negócio jurídicos e de obrigações e contratos, julgue o item que se segue. O ato jurídico em sentido estrito tem consectários previstos em lei e afasta, em regra, a autonomia de vontade. ( X ) Certo ( ) Errado Comentários: a ação se baseia não numa vontade qualificada, mas em uma simples intenção. XXVII EXAME DE ORDEM UNIFICADO QUESTÃO 4 Marcos, por negligência, colidiu seu carro com o automóvel de Paulo, que é taxista e estava trabalhando no momento. Em razão do acidente, Paulo teve que passar por uma cirurgia para a reconstrução de parte de seu braço, arcando com os custos correlatos. A cirurgia foi bem-sucedida, embora Paulo tenha ficado com algumas cicatrizes. Após ficar de repouso em casa por quatro meses, por recomendação médica, no período pós-operatório, Paulo resolveu ajuizar ação contra Marcos, com o objetivo de obter indenização por perdas e danos sofridos em razão do acidente. No curso da ação, Marcos, que tinha contratado seguro contra terceiros para seu veículo, requereu a denunciação da lide da Seguradora X, tendo o juiz, no entanto, indeferido o pedido. Nessa situação hipotética, responda aos itens a seguir. A) Especifique os danos sofridos por Paulo e indique os fundamentos que justificam sua pretensão. (Valor: 0,60) B) Qual a medida processual cabível para Marcos impugnar a decisão que indeferiu o pedido de denunciação da lide? Esclareça se Marcos poderá exercer futuramente o direito de regresso contra a Seguradora X, caso seja mantida a decisão que indeferiu o pedido de denunciação da lide. (Valor: 0,65) Gabarito comentado A) Paulo sofreu danos estéticos, em razão da cicatriz que a cirurgia deixou em seu braço, e danos materiais emergentes, em razão da colisão ocorrida com seu automóvel e dos custos incorridos com a cirurgia. Além disso, Paulo também amargou lucros cessantes, em virtude de ter ficado impossibilitado de trabalhar como taxista por quatro meses. Ademais, Paulo também sofreu danos morais. Como fundamento de sua pretensão, Paulo poderá alegar que Marcos cometeu um ato ilícito e que, portanto, fica responsável por reparar o dano sofrido, na forma do Art. 186 e do Art. 927, ambos do CC. Poderá argumentar, ademais, que o dever de indenizar abrange não só a reparação do dano estético e do dano material emergente, mas também o pagamento dos lucros cessantes, na forma do Art. 402 do Código Civil. Poderíamos citar aqui o Art. 5º, X da CF. B) Marcos poderá impugnar a decisão que indeferiu o pedido de denunciação da lide através de recurso de agravo de instrumento. Com efeito, o Art. 1.015, inciso IX, do CPC estabelece que o agravo de instrumento é cabível contra decisões interlocutórias que versem sobre a admissão ou inadmissão de intervenções de terceiros. Por outro lado, mesmo que seja mantido o indeferimento da denunciação da lide, Marcos poderá exercer futuramente o direito de regresso em face da Seguradora X. Isso porque o Art. 125, § 1º, do CPC permite que o direito regressivo seja exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida. Assim, caso Marcos venha a ser condenado na ação movida por Paulo, poderá ajuizar demanda autônoma contra a Seguradora X para obter o ressarcimento do que pagou. E se fosse para ajuizar uma demanda? Devem estar presentes as condições da ação: legitimidade das partes e o interesse processual (possibilidade jurídica). Lembrem-se de observar os requisitos do art. 319 do CPC Verificar o foro competente: art. 53, V do CPC. Lembre-se: Em sentido geral, o foro indica a base territorial sobre a qual determinado órgão judiciário exerce a sua competência. Em primeira instância, perante a Justiça Estadual, foro é designação utilizada como sinônimo de comarca. Com foro não se confundem os juízos, unidades judiciárias, integradas pelo juiz e seus auxiliares. Na justiça comum estadual, o conceito de juízo coincide com o das varas. XXVII EXAME DE ORDEM UNIFICADO. Questão 39 Perpétua e Joaquim resolveram mover ação de indenização por danos morais contra um jornal de grande circulação. Eles argumentam que o jornal, ao noticiar que o filho dos autores da ação fora morto em confronto com policiais militares, em 21/01/2015, publicou o nome completo do menor e sua foto sem a tarja preta nos olhos, o que caracteriza afronta aos artigos 17, 18, 143 e 247 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Esses artigos do ECA proíbem a divulgação da imagem e da identidade de menor envolvido em ato infracional. Diante dos fatos narrados, assinale a afirmativa correta. A) O jornal agiu com abuso no direito de informar e deve indenizar pelos danos causados. B) O jornal não incorreu em ilícito, pois pode divulgar a imagem de pessoa suspeita da prática de crime. C) Restou caracterizado o ilícito, mas, tratando-se de estado de emergência, não há indenização de danos. D) Não houve abuso do direito ante a absoluta liberdade de expressão do jornal noticiante. Comentário: trata-se de ato ilícito denominado abuso de direito, nos termos do artigo 187 do Cód. Civil. XXVII EXAME DE ORDEM UNIFICADO. Questão 43 Joaquim, adolescente com 15 anos de idade, sofre repetidas agressões verbais por parte de seu pai, José, pessoa rude que nunca se conformou com o fato de Joaquim não se identificar com seu sexo biológico. Os atentados verbais chegaram ao ponto de lançar Joaquim em estado de depressão profunda, inclusive sendo essa clinicamente diagnosticada. Constatada a realidade dos fatos acima narrados, assinale a afirmativa correta. A) Os fatos descritos revelam circunstância de mero desajuste de convívio familiar, não despertando relevância criminal ou de tutela de direitos individuais do adolescente, refugindo do alcance da Lei nº 8.069/90 (ECA). B) O juízo competente poderá determinar o afastamentode José da residência em que vive com Joaquim, como medida cautelar para evitar o agravamento do dano psicológico do adolescente, podendo, inclusive, fixar pensão alimentícia provisória para o suporte de Joaquim. C) O juiz poderá afastar cautelarmente José da moradia comum com Joaquim, sem que isso implique juízo definitivo de valor sobre os fatos – razão pela qual não é viável a estipulação de alimentos ao adolescente, eis que irreversíveis. D) A situação descrita não revela motivação legalmente reconhecida como suficiente a determinar o afastamento de José da moradia comum, recomendando somente o aconselhamento educacional do pai. Comentários: trata-se de ato ilícito sancionado nos termos do artigo 130, par. único do ECA. No caso, ainda podemos considerar que houve abuso no exercício do poder familiar estabelecido no artigo 1630 e seguintes do Cód. Civil.
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