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Síndrome do coração partido e estresse pós-traumático
Vera Lembruger et al.
Vertigem posicional paroxística benigna
Rodrigo Leme de Souza et al.
Neuroeconomia dos custos decisionais 
Álvaro Machado Dias
Transtorno da compulsão alimentar periódica e obesidade 
Fernanda Felippelli Cecchini et al.
Dislexia e hipótese magnocelular
Raquel Tonioli Arantes do Nascimento et al.
Musicoterapia e reabilitação neuropsicológica
Greta Marigo Fragata, Cléo Monteiro França Correia
Síndrome do homem do barril
Marco Orsini et al.
www.atlanticaeditora.com.br
ABRIL • JUNHO de 2010 • Ano 6 • Nº 2
PSIQUIATRIA | PSICOSSOMÁTICA | PSICOPEDAGOGIA | NEUROPSICOLOGIA | PSICOTERAPIA
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ISSN 1807-1058
ciênciasneuro psicologiaY
Sumário
Volume 6 número 2 - abril/junho de 2010
EDITORIAL
Neurociência no Brasil, Luiz Carlos de Lima Silveira ......................................................................... 83
PERSPECTIVA
Artrose de joelho e sensibilização central: encontrando o melhor 
alvo terapêutico, Marta Imamura .................................................................................................... 86
LIVROS
Todo paciente tem uma história para contar, Lisa Sanders, Editora Jorge Zahar, 2010
Ouvidos atentos, por Daniel Martins de Barros ................................................................................. 91
ARTIGOS ORIGINAIS
Síndrome do coração partido e transtorno de estresse pós-traumático, 
Vera Lemgruber, Patrícia Tasca, Luiz Augusto Candau, Sandra Oliveira, 
Isabella Fallavena, Vera Lúcia Silva, Fabiana Levi ............................................................................. 93
Reabilitação vestibular e seu efeito no equilíbrio, na marcha e na qualidade 
de vida, de pacientes com vertigem posicional paroxística benigna, 
Rodrigo Leme de Souza, Fernanda Torraca de Oliveira, Denise P. Costa Vieira, 
Cristiane Soncino Silva, Arnaldo José Godoy, Antonio M. Claret M. Aquino, 
Luciane Ap. Pascucci Sande de Souza ........................................................................................... 101
REVISÕES
Neuroeconomia dos custos decisionais, Álvaro Machado Dias ........................................................ 108
A terapia cognitivo-comportamental como co-intervenção no tratamento 
do transtorno da compulsão alimentar periódica na obesidade, 
Fernanda Felippelli Cecchini, Edna Bertini, Maria Benedicta Martins, 
Frederico Mazzoca Lopes Rodrigues, Carlos Alberto Monson ............................................................ 113
Dislexia e hipótese magnocelular, Raquel Tonioli Arantes do Nascimento, 
Anna Carolina Cassiano Barbosa, Marcelo Fernandes da Costa ....................................................... 122
RELATOS DE CASO
Musicoterapia e reabilitação neuropsicológica: estudo de caso de paciente 
com demência vascular, Greta Marigo Fragata, Cléo Monteiro França Correia ................................... 127
Síndrome do homem do barril, Marco Orsini, Victor Hugo Bastos, 
Dionis Machado, Julio Guilherme Silva ........................................................................................... 133
NORMAS DE PUBLICAÇÃO ..................................................................................................... 137
EVENTOS .................................................................................................................................. 139
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Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 201082
© ATMC - Atlântica Multimídia e Comunicações Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, 
arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do 
proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a 
pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material 
publicado. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua 
inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu 
fabricante.
Atlântica Editora edita as revistas Fisioterapia Brasil, Fisiologia do Exercício, Enfermagem Brasil e Nutrição Brasil
I.P. (Informação publicitária): As informações são de responsabilidade dos anunciantes.
Revista Multidisciplinar das Ciências do Cérebro
Editor: Luiz Carlos de Lima Silveira, UFPA
Editor associado: Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, Fiocruz 
Editor-assistente: Daniel Martins de Barros, HC-USP
Presidente do conselho editorial: Roberto Paes de Carvalho, UFF
Conselho editorial
Aniela Improta França, UFRJ (Neurolingüística)
Carlos Alexandre Netto, UFRGS (Farmacologia)
Cecília Hedin-Pereira, UFRJ (Desenvolvimento)
Daniela Uziel, UFRJ (Desenvolvimento)
Dora Fix Ventura, USP (Neuropsicologia)
Eliane Volchan, UFRJ (Cognição)
João Santos Pereira, UERJ (Neurologia)
Koichi Sameshima, USP (Neurociência computacional)
Leonor Scliar-Cabral, UFSC (Lingüística)
Lucia Marques Vianna, UniRio (Nutrição)
Marcelo Fernandes Costa, USP (Psicologia Experimental)
Marco Antônio Guimarães da Silva, UFRRJ/UCB (Fisioterapia e Reabilitação)
Marco Callegaro, Instituto Catarinense de Terapia Cognitiva (Psicoterapia)
Marco Antônio Prado, UFMG (Neuroquímica)
Rafael Linden, UFRJ (Neurogenética)
Rubem C. Araujo Guedes, UFPE (Neurofisiologia)
Stevens Kastrup Rehen, UFRJ (Neurobiologia Celular)
Vera Lemgruber, Santa Casa do Rio de Janeiro (Neuropsiquiatria)
Wilson Savino, FIOCRUZ (Neuroimunologia)
Neurociências é publicado com o apoio de:
SBNeC (Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento)
Presidente: Marcus Vinícius C. Baldo
www.sbnec.org.br
ISSN 1807-1058
Todo o material a ser publicado deve ser enviado para o seguinte endereço de e-mail:
artigos@atlanticaeditora.com.br
Diretor
Antonio Carlos Mello
mello@atlanticaeditora.com.br
E-mail: atlantica@atlanticaeditora.com.br
www.atlanticaeditora.com.br
Atlântica Editora 
e Shalon Representações
Praça Ramos de Azevedo, 206/1910
Centro 01037-010 São Paulo SP
Atendimento
(11) 3361 5595 /3361 9932
E-mail: assinaturas@atlanticaeditora.com.br
Assinatura
1 ano (4 edições ao ano): R$ 160,00
Editor executivo
Dr. Jean-Louis Peytavin
jeanlouis@atlanticaeditora.com.br
Editor assistente
Guillermina Arias
guillermina@atlanticaeditora.com.br
Direção de arte
Cristiana Ribas
cristiana@atlanticaeditora.com.br
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Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 2010 83
Neurociência em destaque nos Congressos Anuais da BRAVO, 
SBNeC e FeSBE
A Associação Brasileira para Pesquisa em Visão e Oftalmologia 
(Brazilian Association for Research in Vision and Ophthalmology, BRAVO) 
foi criada em 2004 para congregar docentes, pesquisadores, médicos, 
optometristas e outros profissionais, assim como de estudantes de 
pós-graduação e graduação interessados em problemas científicos 
e acadêmicos ligados à grande área de Ciência Visual (Oftalmologia, 
Neuro-oftalmologia, Óptica Fisiológica, Fisiologia Visual e Neurociência 
Visual). Ela tornou-se um capítulo da Association for Research in Vision 
and Ophthalmology (ARVO) em 2006 e, desde sua criação, faz parte da 
Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE). Este ano a 
BRAVO realizará o seu VII Congresso mais uma vez durante a Reunião 
Anual da FeSBE, em Águas de Lindóia (São Paulo), juntamente com 
várias outras sociedades de biologia experimental. Essas sociedades 
promovem os seus congressos na Reunião Anual da FeSBE, sendo que 
este ano a comunidade científica brasileira orgulhosamente participará 
da XXV Reunião Anual da Federação no período de 25 a 28 de agosto. 
O atual Presidente da FeSBE é o neurocientista Luiz Eugênio Araújo de 
Moraes Mello, docente-pesquisador da UNIFESP, pesquisador do CNPq 
e recentementeeleito membro da Academia Brasileira de Ciências. Uma 
programação extensa e interessante contempla a reunião da BRAVO, 
boa parte dela dedicada à Neurociência Visual.
Outras sociedades de biologia experimental fazem anualmente sua 
reunião dentro da FeSBE, entre elas a Sociedade Brasileira de Fisiologia 
(SBFiS), a Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapia Experimental 
(SBFTE) e a Sociedade Brasileira de Biofísica (SBBf). Muitos temas apre-
sentados por essas sociedades sob a forma de painéis, conferências e 
cursos, contemplam trabalhos importantes realizados por fisiologistas, 
farmacologistas e biofísicos em diversos aspectos da Neurociência. 
Assim, apesar da SBNeC neste ano estar realizando o seu Congresso 
Anual separadamente (ver abaixo), os neurocientistas brasileiros que 
irão à FeSBE encontrarão uma farta programação do seu interesse nas 
atividades promovidas pela BRAVO, SBFiS, SBFTE e SBBf [1]. 
A Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SB-
NeC) realiza o seu XXIV Congresso Anual de 8 a 11 de setembro em 
Neurociência no Brasil
Luiz Carlos de Lima Silveira, editor
Médico, Doutor em Ciências Bi-
ológicas (Biofísica), Pesquisador do 
CNPq. Professor Associado de Neuro-
ciência, Núcleo de Medicina Tropical 
/ Instituto de Ciências Biológicas, 
Universidade Federal do Pará
Correspondência: luiz@ufpa.br
Editorial
Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 201084
Caxambu (Minas Gerais) [2]. Este ano o congresso 
ocorrerá fora da FeSBE pela segunda vez, a primeira 
tendo sido em 2008 por ocasião do I Congresso 
IBRO / LARC de Neurociências da América Latina, 
Caribe e Península Ibérica, realizado em Búzios (Rio 
de Janeiro). A SBNeC planeja realizar seus próximos 
congressos intercaladamente, um ano dentro da 
Reunião Anual da FeSBE, outro ano separadamente. 
A SBNeC congrega cerca de 1500 cientistas de todo 
o país que desenvolvem pesquisa sobre o sistema 
nervoso e é filiada à FeSBE, à Sociedade Brasileira 
para o Progresso da Ciência (SBPC) e à International 
Brain Research Association (IBRO); esta última, por 
sua vez, congrega sociedades de neurociências de 
todo o mundo e, através dela, a SBNeC integra uma 
malha do conhecimento de proporções significativas. 
A principal missão da SBNeC é promover a dissemi-
nação do conhecimento relativo aos vários aspectos 
do funcionamento do sistema nervoso, interdiscipli-
nares por excelência: dos processos moleculares e 
subcelulares aos comportamentos integrativos; da 
função normal aos distúrbios e os seus tratamentos; 
das técnicas de estudo e das abordagens empíricas 
à construção de modelos teóricos, matemáticos ou 
computacionais; da ciência básica às aplicações em 
diferentes áreas do conhecimento, além de possí-
veis desdobramentos pedagógicos, éticos, sociais 
e filosóficos.
“Escola de Altos Estudos sobre Visão e 
Disfunções Visuais” realizada na Universidade 
Federal do Pará (Belém)
A “Escola de Altos Estudos sobre Visão e Disfun-
ções Visuais” será realizada de 13 de setembro a 1 
de outubro na Universidade Federal do Pará, Belém 
(Pará). Ela é uma escola internacional composta por 
curso em quatro módulos e um ciclo de vinte e duas 
conferências ministrados pelos mais renomados 
especialistas brasileiros e do exterior, representan-
do um grande sobre Ciência Visual que ocorrerá em 
nosso país neste ano [3].
A Escola está sendo organizada pelo Programa 
de Pós-graduação em Neurociências e Biologia Ce-
lular, Instituto de Ciências Biológicas, UFPA). Outros 
programas de pós-graduação estão associados à 
Escola: Doenças Tropicais (Núcleo de Medicina Tro-
pical, UFPA), Teoria e Pesquisa do Comportamento 
(Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento, 
UFPA), Genética e Biologia Molecular (Instituto de 
Ciências Biológicas, UFPA), Neurociências e Com-
portamento (Instituto de Psicologia, USP), Psicologia 
Experimental (Instituto de Psicologia, USP). A Escola 
está sendo apoiada pela SBNeC e BRAVO e realizada 
com recursos financeiros concedidos pela CAPES, 
CNPq, FAPESPA, UFPA-PROPESP / FADESP e BRAVO. 
A Coordenação da Escola está a cargo do Editor desta 
coluna, o neurocientista Luiz Carlos de Lima Silveira. 
A “Escola de Altos Estudos Visão e Disfunções 
Visuais” apresentará as mais recentes descobertas 
dessa área do conhecimento e discutirá as atuais 
teorias e hipóteses sobre o funcionamento da visão, 
assim como os mecanismos, procedimentos diag-
nósticos e tratamentos das disfunções visuais. Nos 
quatro cursos e no ciclo de conferências que compo-
rão a Escola será promovida a atualização teórica e 
prática das diversas vertentes do conhecimento que 
constituem a Ciência Visual, incluindo os aspectos 
morfológicos e funcionais do sistema visual, os méto-
dos eletrofisiológicos e psicofísicos que são usados 
para analisar o processamento de informação visual 
e os novos procedimentos de avaliar a ocorrência e 
o progresso das disfunções visuais.
A “Escola de Altos Estudos Visão e Disfunções 
Visuais” compreenderá três semanas de atividades 
distribuídas da seguinte maneira:
1) “Curso Morfologia, Função, Psicofísica e Eletro-
fisiologia do Sistema Visual” ministrado por um 
grupo de docentes-pesquisadores da Universidade 
Federal do Pará, 13-15 de setembro de 2010, 24 
horas de aulas teóricas e práticas.
2) “Curso Tópicos Especiais em Processamento 
Espacial e Temporal na Visão Humana Adulta e 
em Desenvolvimento”, ministrado por Russell D. 
Hamer (Universidade de São Paulo), 16-18 de 
setembro, 24 horas de aulas teóricas e práticas.
3) “Curso Efeito do Meio Ambiente Iluminado no De-
sempenho Visual”, ministrado por Elisa Margarita 
Colombo (Universidade Nacional de Tucumán), 
20-22 de setembro, 24 horas de aulas teóricas 
e práticas.
4) “Simpósio Internacional sobre Visão e Disfunção 
Visual”, 23-26 de setembro, com 22 conferências 
distribuídas por um total de 24 horas de ativida-
des. As conferências serão ministradas por 15 
docentes-pesquisadores do exterior e 7 docentes-
pesquisadores brasileiros: Jay Neitz e Maureen 
Neitz, Universidade de Washington; Barry Bucha-
nan Lee e Qasim Zaidi, Universidade Estadual de 
New York; Barbara Leverne Finlay, Universidade de 
Cornell; Joel Pokorny e Ding Cao, Universidade de 
Chicago; Elisa Margarita Colombo, Universidade 
Nacional de Tucumán; Arne Valberg, Universidade 
Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 2010 85
Norueguesa de Ciência e Tecnologia; Hao Sun, 
Colégio Universitário Buskerud; Jan Kremers, Uni-
versidade de Erlangen-Nürnberg; Valerio Carelli, 
Universidade de Bologna; Paul Ronald Martin e 
Ulrike Grünert, Universidade de Sydney; Trichur 
Vidyasagar, Universidade de Melbourne; Dora 
Fix Ventura e Russell D. Hamer, Universidade de 
São Paulo; Adriana Berezovsky e Solange Rios 
Salomão, Universidade Federal de São Paulo; 
José Luiz Martins do Nascimento, Luiz Carlos de 
Lima Silveira e Manoel da Silva Filho, Universi-
dade Federal do Pará. O Symposium celebrará a 
carreira de dois docentes-pesquisadores que têm 
colaborado com a comunidade de Ciência Visual 
de Belém por muitos anos: Barry Buchanan Lee 
(State University of New York, School of Optome-
try) e Dora Selma Fix Ventura (Universidade de 
São Paulo, Instituto de Psicologia).
5) “Curso Avaliação Funcional da Retina e das Vias 
Visuais Subcorticais”, ministrado por Jan Kre-
mers (Universidade de Erlangen-Nürnberg), 27 
de setembro a 1 de outubro, 40 horas de aulas 
teóricas e práticas.
A escolha da realização da “Escola de Altos Estu-
dos Visão e Disfunções Visuais” em Belém traduz-se 
em grande alegria para sua comunidade universitária, 
uma vez que tanto a Universidade Federal do Pará 
(UFPA) quanto a Universidade do Estado do Pará 
(UEPA) estão engajadas no apoio aos grupos de do-
cência e pesquisa em Oftalmologia e Visão. Assim, 
a realização da Escola em setembro de certa forma 
dá continuidade e coroa esse trabalho que vem sen-
do realizado na UFPA e UEPA, com a presença dos 
maiores cientistas mundiais dedicados à pesquisa, 
ao ensino e àaplicação dos conhecimentos sobre 
visão e disfunções visuais.
Na Escola serão discutidos tópicos fundamen-
tais e tradicionais como fotorrecepção, circuitos 
retinianos, vias visuais, circuitos corticais, psicofísica 
e eletrofisiologia da visão de cores e da visão de con-
trastes. Também serão apresentados trabalhos sobre 
a visão de primatas platirrínios (primatas neotropicais 
ou primatas do Novo Mundo), a maior parte dos quais 
vive na Amazônia, os quais diferem significativamente 
dos primatas catarrínios (primatas do Velho Mundo) 
por apresentarem uma grande variedade de tipos 
de visão. Entre os platirrínios existem espécies que 
diurnas ou noturnas, espécies que são naturalmente 
tricromatas, dicromatas ou monocromatas, além 
de várias que exibem polimorfismo nos genes que 
codificam os fotopigmentos, enquanto que todos 
os catarríneos são naturalmente tricromatas, sem 
polimorfismo. Tal variedade tornou esses primatas 
um dos focos da pesquisa sobre a visão e eles estão 
agora sendo usados para testar terapias gênicas 
que visam a cura da cegueira hereditária ao verde-
vermelho ou daltonismo. Haverá também palestras 
dedicadas às deficiências adquiridas da visão de 
cores de fundo retiniano, por comprometimento das 
vias visuais e originadas por distúrbios localizados 
nas áreas corticais visuais. Por tudo isso, a Escola 
será um grande evento da Ciência Visual este ano!
Referências
1. http://www.fesbe.org.br/v5/index.php
2. http://www.sbnec.org.br/site/
3. http://www.eaevdv.ufpa.br/eaevdv/indexBR.php
Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 201086
A osteoartrose (OA) é a doença articular mais prevalente e é a prin-
cipal causa de incapacidade funcional [1,2] no idoso [3]. A osteoartrose 
do joelho é a quarta causa mais freqüente de problemas da saúde da 
mulher idosa [4]. O risco de incapacidade decorrente da osteoartrose 
isoladamente é maior do que a de qualquer outra condição médica [3]. 
No momento não há cura conhecida para a osteoartrose e o objetivo 
do tratamento é a melhora da dor, da função e da qualidade de vida 
relacionada à saúde, minimizando, sempre que possível, a toxicidade 
terapêutica [3].
As principais modalidades terapêuticas instituídas nestes pacien-
tes são os analgésicos simples como o acetaminofeno, os antiinfla-
matórios não hormonais via oral ou tópico, os analgésicos opiáceos, 
a amitriptilina, os suplementos nutricionais como a glucosamina e a 
condroitina sulfato, a injeção intra-articular de substâncias como o 
ácido hialurônico. O tratamento não farmacológico inclui os programas 
educacionais, a perda de peso corporal, as atividades de conservação 
de energia, o enfaixamento patelar, uso de calçados apropriados, órte-
ses e os aparelhos auxiliares para a deambulação. A orientação para 
a realização de exercícios é em geral genérica e incluem a instrução 
para a realização de exercícios de alongamento, fortalecimento mus-
cular e treinamento aeróbio. Quando a dor é incapacitante, intensa e 
refratária geralmente recomenda-se os procedimentos operatórios de 
substituição da articulação. 
Em estudo prévio, evidenciamos que a hiperalgesia de origem 
central é responsável por um percentual relevante da dor relatada por 
estes pacientes [5]. Isto sugere que, tanto o sistema nervoso central 
como o periférico, devam estar envolvidos na manutenção do estado 
de dor crônica nestes pacientes (Figura 1). Parece que inicialmente a 
hipersensibilidade é observada apenas no local afetado. Entretanto, 
quando a dor torna-se refratária, mecanismos de sensibilização central 
e periférica passam a contribuir para a manutenção dos quadros dolo-
rosos, independentes do processo periférico que a originou. 
Diferente da dor aguda, cuja fisiopatologia é relativamente bem 
conhecida e os resultados terapêuticos mais animadores, a dor crônica 
não traduz a magnitude da lesão tecidual e os tratamentos ainda não 
são satisfatórios. Recentemente, o desenvolvimento de novos méto-
dos diagnósticos para a investigação clínica da sensibilização central, 
forneceu novos conhecimentos para o melhor entendimento da fisio-
*Médica Chefe de Sessão Técnica, 
Divisão de Medicina Física do Institu-
to de Ortopedia e Traumatologia do 
Hospital das Clínicas da Faculdade 
de Medicina da Universidade de 
São Paulo, Coordenadora do Centro 
de Pesquisa Clínica do Instituto de 
Medicina Física e de Reabilitação do 
Hospital das Clínicas da Faculdade 
de Medicina da Universidade de São 
Paulo, Professora Colaboradora da 
Faculdade de Medicina da Universi-
dade de São Paulo, pelo Departa-
mento de Ortopedia e Traumatologia, 
Presidente da Associação Brasileira 
de Medicina Física e Reabilitação, 
Vice-Presidente da International So-
ciety of Physical and Rehabilitation 
Medicine (ISPRM), Presidente do 
Comitê Educacional da ISPRM
Artrose de joelho e sensibilização central: 
encontrando o melhor alvo terapêutico
Marta Imamura*
Perspectiva
Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 2010 87
Figura 1 - Representação esquemática das vias nervosas aferentes e eferentes relacionadas à inervação do 
joelho com artrose.
Tendão patelar
Subcutâneo S2 Músculo adutor longo
Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 201088
patologia da dor crônica. Estas novas informações 
demonstram que alterações funcionais no sistema 
nervoso central e periférico podem desempenhar 
um papel importante na manutenção da dor crônica. 
A melhor compreensão dos complexos meca-
nismos envolvidos na geração, modulação, ampli-
ficação e perpetuação da dor desempenha papel 
importante na determinação do melhor esquema 
terapêutico a ser utilizado no tratamento de doentes 
com artrose de joelho. O tratamento contemporâneo 
da dor, por exemplo, fundamenta-se não mais no 
alívio sintomático apenas, como, porém no seu con-
trole embasado nos mecanismos fisiopatológicos 
envolvidos [6].
Recentemente, constatou-se que estímulos 
nociceptivos intensos e persistentes oriundos de 
tecidos periféricos podem desencadear alterações 
neuroplásticas no sistema nervoso central [7,8]. 
Estas alterações incluem o aumento da excitabilidade 
dos neurônios no corno posterior da medula espinal, 
produzindo hiperalgesia, somação temporal da dor e 
regulação ascendente. 
Tais alterações neuroquímicas sugerem que a 
dor induz e é parcialmente mantida por um estado 
de sensibilização central [9] no qual o aumento da 
transmissão da informação nociceptiva permite que 
neurônios que normalmente não estão envolvidos 
na transmissão da informação dolorosa passam 
a fazê-lo. Deste modo, estímulos como dos de 
pressão sobre determinadas partes do corpo que 
em voluntários sadios não são interpretados como 
dolorosos, passam a ser percebidos como tal [5]. 
Vale a pena ressaltar que estímulos nociceptivos 
periféricos podem iniciar e manter o estado da 
sensibilização central, como já descrito para a 
fibromialgia [7,10-12].
Apesar de ser subjetiva por natureza, sintomas 
dolorosos crônicos podem correlacionar-se com evi-
dências de neuroimagem que revelam o aumento das 
respostas de ativação cerebral [13-15]. 
Vários autores já demonstraram o possível 
envolvimento da sensibilização central na gênese, 
manutenção, amplificação e exacerbação dos sin-
tomas dolorosos em doentes com artrose de vários 
segmentos corporais [15-19]. Assim como em nosso 
estudo [5], a hiperalgesia tegumentar e profunda já 
foi observada no antebraço de doentes com rizartro-
se [17] e no músculo tibial anterior de doentes com 
artrose de joelho [19].
Interessante notar que pontos dolorosos e 
de menor tolerância à pressão apresentam níveis 
elevados de substância P, calcitonina, bradicicina, 
fator de necrose tumoral, interleucina-1, serotonina 
e norepinefrina quando comparados aos indivíduos 
saudáveis sem dor espontânea ou sujeitos assinto-
máticos [20]. Nestes mesmos indivíduos com dor 
espontânea, áreas distantes do local da dor também 
demonstram aumento significante destes mediado-
res químicos [21].
Sabe-se que taisalterações não ocorrem somen-
te na medula espinhal [22], mas também em outras 
estruturas do sistema nervoso central. Um estudo pi-
loto, por exemplo, já revelou o envolvimento de áreas 
cerebrais no processamento da dor em um grupo de 
doze pacientes com OA do joelho [23]. Os resultados 
mostraram que a dor da artrite estava associada 
ao aumento de atividade no córtex cíngulo, tálamo 
e amídala; áreas envolvidas com o processamento 
dos aspectos emocionais da dor [23].
A presença da sensibilização periférica e central 
em doentes com dor crônica induz alterações neu-
roplásticas adicionais no corno posterior da medula 
espinal (Figura 2) e em áreas corticais que então 
mantêm e amplificam o quadro doloroso, formando 
um ciclo vicioso e sintomas refratários. Neste está-
gio, mesmo a remoção do agente etiológico pode 
não mais ser suficiente para o alívio dos sintomas 
dolorosos. Faz-se necessário então considerar que 
outros fatores, distantes da própria articulação aco-
metida podem ser os responsáveis pelos sintomas 
dolorosos e incapacitantes nestes pacientes [5,24], 
não apenas do ponto genético [24], mas também da 
sensibilização central [5].
Neste contexto, o diagnóstico da sensibilização 
periférica e central é muito importante [25,26], pois 
quando presente, faz com que neurônios do corno 
posterior da medula espinal que só seriam ativados 
por estímulos nociceptivos, passam agora a ser 
ativados por outros estímulos, incluindo os não no-
ciceptivos, fenômeno amplamente conhecido como 
alodínea [27]. Isto explica porque nos casos onde 
a sensibilização central está estabelecida, mínimos 
estímulos periféricos já são suficientes para manter 
condição dolorosa incapacitante [8]. 
Diante destas evidências emergentes sugerindo 
o papel do sistema nervoso central na fisiopatologia 
da dor em doentes com artrose de joelho, os alvos 
terapêuticos devem contemplar as estruturas do sis-
tema nervoso central, ao invés do tratamento apenas 
local com analgésicos comuns, antiinflamatórios e 
medidas não farmacológicas. 
Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 2010 89
Figura 2 - Representação esquemática da sensibilização central no corno posterior da medula espinal em 
artrose de joelho: alterações neuroplásticas com brotamento neuronal anômalo tanto no gânglio sensitivo 
quanto no corno posterior da medula espinal. 
Vista anterior
Neurônio de 
segunda ordem
Inter neurônio 
gabaérgico
Aumento da aferência 
excitatória
Brotamento axonal 
Vista posterior
Brotamento axonal 
Gânglio da raiz dorsal
Neurônios nociceptivos
(alteração da expressão de canais 
iônicos de Na+, K+, Ca++)
Alguns estudos revelam que o uso de antide-
pressivos está associado à melhora dos sintomas 
clínicos na artrose de joelho, incluindo o alívio da dor 
e a melhora funcional. De fato, há evidência científica 
sugerindo que a duloxetina, um analgésico de ação 
central, na dosagem de 60 ou 120 mg/dia durante 
13 semanas reduz a dor e melhora o estado funcional 
de pacientes com artrose de joelho [28]. Há relato de 
náusea (24,8% no grupo duloxetina e 6,3% no grupo 
placebo) e fatiga [28]. Parece não haver diferença 
quanto à dosagem de 60 ou 120 mg/dia com relação 
aos efeitos adversos [28]. 
Deste modo, a vista do melhor conhecimento 
fisiopatológico envolvido na dor decorrente da ar-
trose refratária de joelho associada a alterações 
significantes em áreas corticais associadas com o 
processamento afetivo e emocional, é fundamental 
reduzir ou até mesmo impedir a amplificação dos sin-
tomas causados pela contínua ativação destas áreas.
Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 201090
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Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 2010 91
É pouco provável, a esta altura dos acontecimentos, que haja al-
gum profissional da saúde que não conheça o médico Gregory House. 
É aquele médico brilhante, cujo raciocínio clínico só é menos aguçado 
do que sua verve sarcástica. Relação médico-paciente ou empatia são 
conceitos ausentes em sua prática, e como o ex-presidente do clube 
Vasco da Gama, parece considerar a ética “coisa de filósofo”[1].
O que talvez poucas pessoas saibam é que a verdadeira pessoa 
por trás desse homem sem coração é uma médica que tenta ser justa-
mente o contrário do personagem que inspirou. Lisa Sanders iniciou sua 
carreira profissional como repórter, cobrindo a área da saúde, antes de 
decidir estudar medicina. Após sua especialização em clínica geral teve 
a oportunidade, graças à sua habilidade de transitar com desenvoltura 
entre o universo médico e jornalístico, de escrever uma coluna no The 
New York Times Magazine, a qual batizou de Diagnosis. Passou, com 
isso, a colecionar casos que eram verdadeiros mistérios, com históricos 
confusos, daqueles que fazem profissionais da saúde se confundirem 
com detetives. O sucesso foi tanto que inspirou produtores de televisão 
americanos a criar o seriado House.
Em seu livro recente, Todo paciente tem uma história para contar 
(Jorge Zahar, 2010) a Sanders resolveu investigar o processo diagnósti-
co, desde o contato inicial entre médico e paciente – momento revestido 
de grandes significados e emoções contraditórias – até a última palavra 
– literalmente – dos patologistas. 
Após escrever sobre tantos casos complexos, ela deu um passo 
atrás, tentando entender como se chega àquele momento final, no qual 
um nome é estabelecido para a condição clínica do paciente. Para per-
correr esse caminho teve que investigar como se obtém a história clínica 
de um doente; como se realiza o seu exame (e como ele deveria ser 
realizado, duas realidades muito distintas); de que maneira os exames 
complementares, fetiches da medicina moderna tanto para médicos 
como para pacientes, ajudam e atrapalham o diagnóstico; o paradoxo 
de, apesar de confiarmos tanto na tecnologia, os médicos termos tanta 
resistência em usar as novas ferramentas da tecnologia da informação; 
até chegar ao ponto culminante da relação médico-paciente, quando 
um diagnóstico tem que ser formulado em termos técnicos na cabeça 
do médico e transmitido de forma compreensível para o paciente leigo. 
Esse é um momento delicado na comunicação, e especialmente quan-
do há más notícias a serem transmitidas, o níveis de estresse sobe a 
ponto de ser detectado em alterações dos batimentos cárdiacos, quer 
os profissionais seja novatos, quer experientes [2].
Lisa Sanders, Todo paciente tem uma história para 
contar, Editora Jorge Zahar, 2010, 328 p.
Daniel Martins de Barros é médico 
psiquiatra formado pela Univer-
sidade de São Paulo (USP), editor-
assistente da Neurociências, e 
trabalha desde 2002 no Instituto de 
Psiquiatria do Hospital das Clínicas 
da Faculdade de Medicina da USP, 
onde também é membro do Núcleo 
de Psiquiatria Forense e Psicologia 
Jurídica
Correspondência: dan_barros@
yahoo.com.br
por Daniel Martins de Barros
Ouvidos atentos
Livros
Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 201092
Talvez seja para se proteger desse desgaste, 
tão bem descrito pela Dra. Sander, que o Dr. House 
se negue a ter qualquer compaixão pelas pessoas. 
O grande mérito do seriado, no entanto, está na 
pergunta que ele propõe: o que é melhor, um mé-
dico ético ou que resolva o problema? Num estudo 
recente, após avaliar o conteúdo de 46 episódios 
de séries médicas (House e Grey´s Anatomy), foram 
detectadas 179 problemas éticos, como não obter o 
consentimento para transplante de órgãos e sonegar 
de informações para o paciente [3].
A resposta não é simples, porque, como mostra 
o livro de Lisa Sanders, mesmo os médicos mais 
competentes têm limitações na hora de resolver 
os problemas. Mas, mais do que isso, a questão é 
pertinente porque muitos médicos vêm trocando a 
comunicação pela tecnologia – assim como faz House 
– mas isso, ainda como comprovam os dados do livro, 
muitas vezes mais atrapalha do que ajuda na busca 
pelo diagnóstico, não tendo sido inventado ainda 
um aparato tecnológico à altura da boa e velha con-
versa. Sanders tem coragem de ir adiante, contudo, 
e sem se manter numa nostalgia dos bons tempos 
do estetoscópio, mostra que existem aspectos do 
velho exame físico aprendido nas escolas médicas 
que são absolutamente inúteis diante das novas 
evidências científicas. Sua proposta conciliadora é 
não desprezar a Medicina clássica em favor de uma 
corrida tecnológica nem ignorar que a ciência avança, 
e algumas coisas ficam superadas com o tempo.
Todo paciente tem uma história para contar é 
um livro que, nos lembrando da verdade simples de 
seu título, nos leva a prestar mais atenção no que 
dizem aqueles que nos procuram em busca de ajuda.
Referências 
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página E3.
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Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 2010 93
Artigo original
Síndrome do coração partido e transtorno 
de estresse pós-traumático
Broken heart syndrome and post-traumatic stress disorder
Vera Lemgruber*, Patrícia Tasca**, Luiz Augusto Candau***, Sandra Oliveira****, 
Isabella Fallavena****, Vera Lúcia Silva****, Fabiana Levi*****
*Médica psiquiatra e psicóloga, 
Chefe do Setor de Psicoterapia do 
Serviço de Psiquiatria da Santa 
Casa de Misericórdia do Rio de 
Janeiro - SCMRJ, **Psicóloga, 
Coordenadora Administrativa da 
Formação em Psicoterapia Focal no 
Setor de Psicoterapia do Serviço de 
Psiquiatria da SCMRJ e psicóloga 
voluntária do Programa de Avaliação 
Pós Trauma - PAPT, ***Médico 
Cardiologista, Voluntário do PAPT, 
****Psicólogas Voluntárias do 
PAPT, *****Estudante de Psicolo-
gia, Voluntária do PAPT
Correspondência: Vera Lemgruber, 
Av. Visconde de Pirajá, 547, conj. 
1016 Ipanema 22410-003 Rio de 
Janeiro RJ, E-mail: veralemgruber@
psicoterapiafocal.com.br
Resumo
Introdução: Este estudo tem como objetivo investigar a incidência de Transtorno de 
Estresse Pós-Traumático (TEPT) e sua correlação com o aumento de distúrbios cardiovas-
culares crônicos em mães que perderam seus filhos por morte violenta ou por desapare-
cimento. Material & Métodos: O estudo compara um Grupo Experimental integrado por 11 
mulheres que tiveram filhos mortos de forma violenta ou desaparecidos com um Grupo 
Controle composto de 10 mulheres que não sofreram esse tipo de problema, através 
da aplicação do questionário CAPS (Clinician Administered Postraumatic Stress Disorder 
Scale), eletrocardiograma e medidas de pulso e pressão. Os dados do estudo referem-se 
à frequência de casos em diferentes categorias, sendo então necessáriaa utilização de 
escalas de medidas de tipo nominal: testes não-paramétricos Qui-Quadrado e o U-teste 
de Mann-Whitney. Resultados: Houve maior incidência de TEPT no Grupo Experimental 
em relação ao Grupo Controle e uma diferença de magnitude dos valores encontrados na 
escala CAPS entre o dois grupos, ambas altamente significantes. Foi também verificada 
maior incidência de alterações cardíacas no Grupo Experimental do que no Controle. 
Conclusão: A presença de TEPT e de problemas cardíacos sugere que o luto materno 
extremo pela perda de filho por morte violenta ou desaparecimento, como uma metáfora, 
poderia ser considerado uma “Síndrome do Coração Partido”.
Palavras-chave: transtorno de estresse pós-traumático, morte violenta, desaparecimento, 
doenças cardíacas.
Em memória da psicóloga, também vítima oculta da violência, 
Cleyde Prado Maia Ribeiro, falecida subitamente em 2008, mãe da 
adolescente Gabriela, morta no Metrô da cidade do Rio de Janeiro em 
2003, que trocou seu luto pela luta.
Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 201094
Introdução
Violência urbana em todos os seus aspectos 
representa evi dente ameaça à integridade física e à 
sensação de segurança da população. A crescente 
incidência desses eventos nas grandes metrópoles 
transformou a questão em um problema de Saúde 
Pública [1]. Em um levantamento de comorbidades, 
realizado nos EUA em 1995, evidenciou-se que víti-
mas de violência, tanto as diretas como as indiretas 
(familiares, testemunhas, etc), correm risco de 60% 
de desenvolver algum transtorno emocional, enquan-
to que na população geral essa porcentagem reduz-se 
a 20%. Também foi estimada uma prevalência de 
aproximadamente 1 a 4% de Transtorno de Estresse 
Pós-Traumático (TEPT) na população geral [2]. Estudo 
epidemiológico realizado em 2001, também nos EUA, 
constatou que apesar de a maioria das vítimas de 
violência não chegar a desenvolver TEPT, observa-
se um crescimento na ocorrência desta reação em 
pessoas que são expostas a esse tipo de evento 
embora não tenha havido um aumento proporcional 
dos recursos de intervenção precoce nessa área [3]. 
Com objetivo de oferecer atendimento à popu-
lação sócio-economicamente menos favorecida do 
Rio de Janeiro, o Serviço de Psiquiatria da SCMRJ 
criou em abril de 2007 o Programa de Atendimento 
Pós-Trauma (PAPT), para promoção e realização de 
assistência psicológica, psiquiátrica e jurídica às 
vítimas, dire tas e indiretas, de traumas e violência 
urbana. Visando um melhor atendimento à população 
de mães que perderam seus filhos por morte violenta 
ou por desaparecimento, que foram encaminhadas ao 
PAPT– através das parcerias com o Centro de Estudos 
de Segurança e Cidadania, da Universidade Cândido 
Mendes (CESeC), com a Fundação para Infância e 
Adolescência – SOS Crianças Desaparecidas (FIA) 
e com a Defensoria Pública do Estado do RJ - foi 
elaborado projeto de pesquisa com o objetivo de 
investigar a incidência de TEPT neste tipo de perda 
traumática e também o aumento de distúrbios car-
diovasculares crônicos.
Os números da violência vêm crescendo vertigi-
nosamente no Rio de Janeiro na última década. No 
ano 2000 foram mortas 3.306 pessoas em todo o 
Estado. As estatísticas apontam que a violência é 
maior principalmente nas regiões mais pobres da 
cidade. Moradores da Zona Norte ou Oeste da cidade 
têm 18 vezes mais chances de serem assassinados 
do que moradores da Zona Sul. Nos bairros do Leme 
e Copacabana foram mortas 17 pessoas no ano de 
2004; já na região de Rocha Miranda e Acari, foram 
617 pessoas assassinadas [4]. Segundo Relatório do 
Estado e do Município do Rio de Janeiro, realizado entre 
os anos de 1991 e 2006 sobre pessoas desaparecidas 
e homicídios dolosos, houve um aumento vertiginoso 
no número de casos de desaparecimento, tendo sido 
registrados 2.616 desaparecimentos em 1991 e, em 
2006, os desaparecimentos chegaram a 4.562 [5]. 
De acordo com pesquisa realizada em 2005, 
intitulada As vítimas ocultas da violência no município 
do Rio de Janeiro, a hipótese de as mulheres serem 
mais suscetíveis ao TEPT foi testada utilizando-se 
dados qualitativos e quantitativos na comparação 
entre sintomas do trauma e percepções sobre o sig-
nificado da perda de entes queridos. A amostra foi 
Abstract
Introduction: The aim of this study was to investigate the post-traumatic stress disorder 
(PTSD) incidence in mothers who experienced the loss of a child by violent death or 
disappearance and to correlate it with the possibility of an increase of cardiac disease. 
Material & Methods: Analyzing the results of CAPS Scale Questionnaire (Clinician Ad-
ministered Post-traumatic Stress Disorder Scale), ECG and measurements of pulse and 
blood pressure, an experimental group of 11 mothers who lost their child by violent death 
or disappearance was compared to a control group composed of 10 women that did not 
experience this type of event. The data obtained referred to the frequency of cases in 
different categories, therefore, being nominal scales of measurement, the non-parametric 
tests Chi Square and Mann-Whitney U-test were used. Results: Was observed a higher 
incidence of PTSD in the experimental group compared to the control group and a differ-
ence between the magnitudes of the values obtained by these two groups on the CAPS 
scale. Both results are highly significant. There was also a higher incidence of cardiac 
diseases in the experimental group compared to the control group. Conclusion: The 
presence of PTSD and cardiac disease suggests that the extreme suffering of a mother 
who loses a child by violent death or disappearance, as a metaphor, could be called a 
“Broken-Heart Syndrome”.
Key-words: post-traumatic stress disorder, violent death, disappearance, cardiac disease.
Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 2010 95
as doenças cardiovasculares são a principal causa de 
morte no mundo, especialmente entre as mulheres, 
constando como responsáveis por 32% da causa do 
total de mortes das mulheres e por 27% do total das 
mortes dos homens em 2004 [11]. De acordo com 
a escala de gravidade dos estressores da American 
Psychiatric Association (APA), morte de cônjuge é 
classificada como sendo um estressor agudo de nível 
extremo enquanto morte de filho corresponderia a um 
nível considerado catastrófico [12]. O sentimento de 
luto pela perda de vínculos afetivos importantes tem 
sido reconhecido há algum tempo, de forma intuitiva, 
porém a potencial ação letal desse tipo de perda foi 
demonstrada em 1959, quando foi feito um dos pri-
meiros estudos empíricos sobre o aumento de taxas 
de mortalidade de viúvos [13]. O efeito das emoções 
humanas no desenvolvimento das doenças cardíacas 
passou a ser mais especificamente pesquisado na 
década de 60, a partir dos estudos de Framingham 
[14] e, hoje, já é de domínio público o conhecimento 
de que a saúde física do ser humano depende de uma 
série de fatores, inclusive os emocionais e sociais. 
Estudos neurocientíficos vêm demonstrando 
que o sistema central de estresse está alterado no 
TEPT, provocando hipersecreção de CRH (hormônio 
liberador da corticotrofina), desregulando o Sistema 
Nervoso Autônomo e o Eixo HHS (Hipotálamo/Hipófi-
se/Supra-Renal) [15]. Pela exacerbação mantida de 
catecolaminas, a ativação do sistema de estresse 
interfere nas funções neurovegetativas, aumen-
tando a atividade cardiovascular e metabólica. Por 
consequên cia, os principais parâmetros fisiológicos 
de hiper-estimulação do Sistema Nervoso Autônomo 
(SNA), frequência cardíaca, pressão arterial e respos-
ta de sudorese, são também exacerbados [16]. As 
alterações fisiológicas produzidas pelo estresse po-
dem ter repercussões negativas de forma crônica no 
sistema cardiovascular, em especial sobre a função 
miocárdica, o que indica a possibilidade de o TEPT 
influir de forma crônica no Sistema Cardiovascular. 
Portanto, o TEPT soma-se aos demais fatores de 
risco que podem gerar hipertensão arterial e todo 
um cortejo dedoenças afins, aumentando assim o 
risco de doenças cardíacas crônicas.
Material & métodos
O estudo avalia a diferença entre um Grupo Ex-
perimental (integrado por mulheres que tiveram filhos 
mortos de forma violenta ou desaparecidos) e um 
Grupo de Controle (composto de mulheres que não 
sofreram esse tipo de problema) todas residentes 
retirada de uma lista dos parentes de pessoas que 
sofreram morte violenta do Instituto Médico Legal 
da cidade do Rio de Janeiro e era composta por 425 
mulheres (62%) e 265 homens (38%). Os resultados 
revelaram que 54% das mulheres e 41% dos homens 
tiveram o cotidiano alterado depois da morte de pa-
rente/amigo. Verificou-se que as mulheres sempre 
se mostraram mais afetadas do que os homens nas 
diversas modalidades da variável considerada nesse 
levantamento como intimamente correlacionada com 
a ocorrência de sintomas de TEPT - o contato que o 
entrevistado teve com o cadáver (se fez o reconheci-
mento do cadáver; se viu, mas não reconheceu; ou 
se nem viu nem reconheceu) [6]. 
Estudo recente realizado pela Escola de Saúde 
Pública de Harvard, com quase dois mil homens que 
serviram como militares e moravam em Boston e 
estavam inscritos no Programa de Estudo do Envelhe-
cimento de Veteranos, mostrou que indivíduos com 
altos níveis de TEPT têm alto risco de desenvolver 
doenças cardiovasculares [7]. Pesquisa realizada na 
Universidade John Hopkins (EUA) em 2005 compro-
vou que as pessoas podem responder ao estresse 
emocional repentino liberando adrenalina e outras 
substâncias químicas na corrente sanguínea [8]. A 
chamada Síndrome do Coração Partido (Broken Heart 
Syndrome), apesar de bastante rara, atinge mais 
frequentemente as mulheres e está relacionada à 
história de estresse grave recente, físico ou mental, 
e é precipitada pela descarga excessiva de cateco-
laminas. Também chamada de “balonamento apical 
transitório do ventrículo esquerdo”, essa patologia foi 
descrita originalmente no Japão no início dos anos 90 
como cardiopatia “Takotsubo” (Armadilha de Polvo) 
porque suas imagens no cateterismo cardíaco asse-
melham-se às armadilhas usadas pelos pescadores 
para apanhar polvos [9]. A explicação para o fato 
estaria no excesso de liberação de catecolaminas 
que impediria a contração da inervação da ponta do 
coração. Os sintomas simulam os de infarto agudo 
do miocárdio, com dor torácica típica e alterações 
eletrocardiográficas, sendo necessária uma avaliação 
por cineangiocoronariografia para distinguir entre 
essas duas condições na fase aguda, que também 
se diferenciam pelo fato de a Síndrome do Coração 
Partido não apresentar elevação substancial das 
enzimas cardía cas e seus níveis de catecolaminas 
séricas serem marcadamente superiores (2 a 3 vezes 
maiores) aos dos pacientes com infarto do miocárdio 
clássico [10].
Segundo o amplo estudo realizado pela OMS 
sobre o impacto mundial das doenças, verifica-se que 
Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 201096
Tabela I - Grupo experimental.
Idade Est. Civil Encami-
nhado por
N. de 
filhos 
vivos
N. de 
filhos 
mortos
Resultado 
CAPS
ECG PA 
Deit.
PA 
em 
pé
Pulso
1. 44 Casada FIA 2. masc. 1. fem.
Desapare-
cida
71 Bloq. Divisional 
Antero Superior 
Esq. do feixe 
de HIS (HBAE), 
ausência de 
outras
alterações
150/
110
160/
110
72 bpm
Evento traumático: No dia 21 de novembro de 2002, filha caçula, de 4 anos, saiu de casa na companhia de seu irmão 
de 14 anos, para ir ao mercado. No caminho de volta, a menina foi abordada por um homem que a pediu que o acom-
panhasse, pois ele lhe daria uma cesta básica. Desde este dia, nenhuma denúncia apresentou pistas concretas sobre 
seu paradeiro.
Sintomas: 1 - Ansiedade, 2 - Depressão, 3 - Isolamento, 4 - Obesidade.
2. 54 Casada CESeC 1.
masc.
1.
masc.
83 Alteração da 
repolarização 
ventricular em 
parede inferior, 
sobrecarga arte-
rial esquerda.
150/
90
150/
90
53
bpm
Evento traumático: Em abril de 2003, filho de 19 anos saiu para ir à casa de um amigo que morava perto de sua 
residência. No trajeto foi baleado por policiais.
Sintomas: 1 - Falta de concentração, 2 - Déficit de memória, 3 - Depressão, 4 - Apatia, 5 - Hipertiroidismo, 6 - Hip-
ertensão-lesão coronariana (internação de 6 dias no CTI).
na cidade do Rio de Janeiro. O objetivo do estudo foi 
averiguar a incidência de TEPT relacionado a esse 
tipo de trauma e também correlacioná-lo a uma maior 
incidência de problemas cardíacos crônicos.
O Comitê de Ética para Pesquisa da SCMRJ apro-
vou o projeto de estudo em 08/10/2007. Todas as 
participantes do referido estudo foram informadas e 
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclareci-
do sobre o estudo ao qual estavam sendo submetidas.
Instrumentos
A primeira etapa do estudo constou de aplicação 
da escala CAPS (Clinician Administered Postraumatic 
Stress Disorder Scale). Trata-se de uma entrevista 
semi-estruturada especificamente direcionada para 
avaliação do TEPT, desenvolvida nos EUA e traduzida 
e adaptada ao Brasil pela Escola Paulista de Medicina-
UNIFESP [17]. A escala CAPS foi aplicada por psicólogo 
do PAPT/SCMRJ em cada sujeito de ambos os grupos 
da amostra. O paciente que apresenta pontuação igual 
ou superior a 60 pontos, de acordo com as normas da 
escala CAPS, é considerado como portador de TEPT. 
Na segunda etapa foram realizados eletrocardiogra-
mas e aferidas medidas de pulso e pressão arterial de 
cada sujeito da amostra, sendo os dados analisados 
e avaliados pelo cardiologista voluntário do PAPT. 
Amostragem
A amostra constou de 21 mulheres de baixa 
renda, de faixa etária entre 20 a 55 anos, residentes 
no Rio de Janeiro. Todas foram matriculadas no Hos-
pital Geral da SCMRJ, passaram por uma entrevista 
psiquiátrica de rotina no Serviço de Psiquiatria antes 
de participarem do estudo em pauta e foram informa-
das sobre o estudo que iriam participar, assinando o 
respectivo termo de consentimento informado. 
As onze mulheres que formaram o grupo ex-
perimental eram mães de filhos assassinados em 
chacinas ou mortos de forma violenta (encaminhadas 
pela Defensoria Pública do Estado ou participantes 
do Projeto de Apoio a Familiares de Vítimas de Cha-
cinas do CESeC), ou desaparecidos (cadastradas 
no Programa SOS Crianças Desaparecidas da FIA). 
As demais dez mulheres do grupo de controle não 
haviam passado por nenhum trauma equivalente. Os 
dados referentes a cada participante do estudo são 
listados na Tabela I.
Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 2010 97
Idade Est. Civil Encami-
nhado por
N. de 
filhos 
vivos
N. de 
filhos 
mortos
Resultado 
CAPS
ECG PA 
Deit.
PA 
em 
pé
Pulso
3. 42 Solteira CESeC 1. fem. 1. masc. 110 Normal 110/
80
100/
80
86
bpm
Evento traumático: No dia 6 de janeiro de 2000, filho de 16 anos, estudante, foi atropelado quando andava de bicicleta 
próximo de sua residência, atingido por um carro conduzido por um Juiz que não prestou socorro, abandonando o local 
do acidente.
Sintomas: 1 - Estado de choque (“fora do ar”) por 3 anos, 2 - Agressividade.
4. 50 Solteira CESeC 1. masc. 
1. fem.
1. masc. 70 Depressão dis-
creta da 
onda T. em 
parede antero-
lateral (SVE?)
120/
80
110/
70
72
bpm
Evento traumático: Em agosto de 2007, filho mais novo de 16 anos, estudante e jogador de futebol, foi atingido e 
morto dentro de casa por uma bala perdida.
Sintomas: 1 - Ansiedade, 2 - Tristeza. 
5. 33 Separada FIA 1. masc. 1. fem.
Desaparec.
99 Normal 110/
70
120/
80
76
bpm
Evento traumático: Desaparecimento da filha em Angra dos Reis, em 20/06/2005. Estava residindo com o pai, quando 
um homem a abordou ao sair de casa e a levou à força.
Sintomas: 1 - Angustia, 2 - Desespero, 3 - Sentimento de fracasso, 4 - Culpa, 5 - Agressividade. 
6. 45 Casada Defensoria
Pública
1. masc.
1. fem.
2. masc. 80 Sobrecarga 
leve ventrículo 
esquerdo.
140/
100
130/
90
68 bpm
Evento traumático: Dois filhos assassinados, 18 e 20 anos, em 07/01/2004, quando estavam na boca de fumo da 
comunidade onde moravam.
Sintomas: 1 - Obesidade, 2 -Angustia, 3 - Irritabilidade, 4 – Depressão, 5 - Dor nos pés, 6 - Hipertensão, 7 - Ansie-
dade, 8 - Isolamento, 9 - Evitação.
7. 49 Separada Defensoria 
Pública
2.masc. 1. masc. 88 Normal 120/
70
120/
65
72
bpm
Evento traumático: Assassinato do filho em março de 2008, quando se dirigia a uma festa rave da sua comunidade.
Sintomas: 1 - Ansiedade, 2 - Depressão, 3 - Dificuldade de relacionamento com o marido.
8. 45 Casada CESeC 1. fem. 2. masc. 88 Normal 120/80 110/75 72
bpm
Evento traumático: No final de 2006, seus filhos de 13, 18 anos, o sobrinho e um amigo foram assassinados e jogados 
dentro de um poço após a saída de um evento numa casa de show na zona norte do Rio.
Sintomas: 1 - Ao receber a notícia, “ficou em estado de choque”. 2 - Entrava em desespero quando alguém da família 
saia de casa.
9. 46 Casada CESeC 1.fem. 1. masc. 111 Bloqueio 
completo no 
ramo direito 
do feixe de 
HISS
150/
90
150/90 64 bpm
Evento traumático: Assassinato do filho, 16 anos, em 21/11/2002. O adolescente foi abordado por 9 policiais ao voltar 
da casa de um amigo, onde estudava depois da aula. Levou um tiro no peito à queima roupa e foi deixado no mato na 
própria comunidade onde reside.
Sintomas: 1 - Relata ter “obstrução numa veia do coração”(sic) prévia ao incidente e posteriormente ter “angina e 
hipertensão”(sic), 2 - Memória ruim, 3 - Choro fácil, 4 - Medo da solidão, 5 - Ansiedade, 6 - Angustia, 7 - Raiva.
Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 201098
Idade Est. Civil Encami-
nhado por
N. de 
filhos 
vivos
N. de 
filhos 
mortos
Resultado 
CAPS
ECG PA 
Deit.
PA 
em 
pé
Pulso
10 47 Casada Defensoria 
Pública
2. masc. 1. masc. 84 Alteração 
difusa discre-
ta da onda T
120/
90
120/
95
68 bpm
Evento traumático: Filho foi assassinado no dia 2 de julho de 2007, perto da comunidade onde mora. Já havia sido 
indiciado por comercialização de drogas.
Sintomas: 1 - Ansiedade, 2 - Hipertensão, 3 - Falha de memória, 4 - Isolamento social.
11 42 Casada CESeC 1. fem. 1. masc. 45 Normal 110/80 120/
80
64
bpm
Evento traumático: Relata que policiais teriam escolhido aleatoriamente pessoas para matar como represália a mem-
bros do trafico. O filho foi morto voltando para casa de bicicleta. Soube primeiro da morte de outras crianças e achou 
que seu filho estava dormindo na casa do amigo. Mas depois teria visto sua foto no jornal como manchete da chacina 
de 30 pessoas.
Sintomas: Sente-se muito triste e com saudade do filho, mas não interrompeu suas atividades anteriores. Sem alter-
ação de apetite e sono.
Tabela II - Grupo de controle.
Idade Estado 
Civil
N. de 
filhos 
vivos 
N. de 
filhos 
mortos
Resultado 
CAPS
ECG PA de-
itado
PA em 
pé 
Pulso
1. 50 solteira 1 0 29 Normal 130/90 140/90 84bpm
2. 47 Casada 5 0 05 Normal 120/70 120/80 68bpm
3. 37 Solteira 3 0 47 Normal 130/90 140/90 61bpm
4. 34 Casada 4 0 31 Normal 110/70 120/80 64bpm
5. 48 Casada 1 0 51 Normal 140/90 140/90 76bpm
6. 42 Casada 3 0 53 Normal 120/85 120/80 76bpm
7. 47 Casada 2 0 63 Bloqueio divisional 
antero-superior de 
feixe de HISS(HBAE)
130/80 120/80 75bpm
8. 52 Casada 1 0 63 Depressão discreta 
da onda T em parede 
lateral
130/86 140/90 76bpm
9. 34 Solteira 0 0 51 Normal 120/80 110/75 70bpm
10. 45 Casada 1 0 20 Normal 110/70 100/70 68bpm
Os dados do estudo referem-se à frequência de 
casos em diferentes categorias (número de casos 
em que TEPT está presente ou ausente e número de 
casos com ou sem alteração no exame cardiológico). 
A escala de medida utilizada é, pois, do tipo nominal.
Em função de a patologia TEPT apresentar baixa 
prevalência na população geral, a hipótese de trabalho 
é que as mães do Grupo Experimental, que passaram 
pelo trauma da perda de filho por morte violenta ou de-
saparecimento, teriam alta probabilidade de apresentar 
sintomatologia de TEPT, enquanto as do Grupo Controle, 
que não teriam passado por esse tipo de trauma, teriam 
baixa probabilidade de apresentar TEPT. 
Como as doenças cardíacas apresentam alta 
prevalência na população mundial, especialmente na 
feminina, e devido à possibilidade de as alterações 
fisiológicas produzidas pelo TEPT poderem aumentar 
o risco de problemas cardíacos, a hipótese desse 
trabalho é que a presença desse tipo de problemas 
seja maior nas mulheres do Grupo Experimental do 
que nas do Grupo Controle.
Para testar as hipóteses nulas: A - “Não existe 
diferença em incidência de TEPT entre o grupo expe-
rimental e o de controle” e, B - “Não existe diferença 
em exame cardiológico com ou sem alteração entre 
o grupo experimental e o de controle”, foi utilizado 
o teste estatístico não-paramétrico Qui-quadrado.
Na verificação da diferença de magnitude dos va-
lores obtidos no Grupo Experimental e no de Controle, 
em relação aos resultados de cada paciente dos dois 
grupos na pontuação obtida na escala CAPS, utilizou-
se o teste não-paramétrico U de Mann-Whitney.
Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 2010 99
Resultados e discussão
Os dados obtidos estão apresentados nas Ta-
belas III e IV.
Tabela III - Diferença entre a magnitude dos valores 
obtidos no CAPS para o Grupo Controle e Grupo 
Experimental.
Resultados do CAPS
Grupo Controle Grupo Experimental
1. 29 1. 71
2. 05 2. 83
3. 47 3. 110
4. 31 4. 70
5. 51 5. 99
6. 53 6. 80
7. 63 7. 88
8. 63 8. 88
9. 51 9. 111
10. 20 10. 84
11. 45
Teste U de Mann-Whitney = 104,0. p < 0,001. Alta-
mente significante.
Tabela IV - Frequência de ocorrência de TEPT e de 
alterações cardiológicas.
Grupos TEPT Presente TEPT Ausente Total
Experim. 10 1 11
Controle 2 8 10
Ambos 12 9 21
Qui-quadrado = 10,75. Hipótese Nula rejeitada p < 
0,001. Altamente significante bilateralmente. 
 Grupos Com alteração Sem Alteração Total
Experim. 6 5 11
Controle 2 8 10
Ambos 9 12 21
Qui-quadrado = 2,65. Hipótese Nula rejeitada. p = 0,05. 
Significante unilateralmente. 
A análise estatística dos dados mostra uma 
alta significância (p < 0,001) bilateral entre os dois 
grupos na diferença de incidência de TEPT. Das onze 
participantes do Grupo Experimental, dez apresentam 
resultado acima da linha de corte diagnóstico de 60 
pontos na escala CAPS. Na escala de gravidade dos 
estressores da APA a morte de filho foi classificada 
no nível considerado catastrófico. A alta presença 
de sintomas de TEPT através da escala CAPS pare-
ce indicar que, quando o trauma da perda de filho 
ocorre devido à morte violenta ou desaparecimento, 
a probabilidade de uma mãe apresentar esse tipo de 
patologia é muito alta – 90,9 % das mães do Grupo 
Experimental tiveram resultados no CAPS acima do 
nível de corte indicativo de TEPT (60 pontos).
O Grupo Experimental, de fato, além de apre-
sentar uma incidência muito maior de TEPT do que 
o Grupo de Controle, teve uma média muito mais 
elevada na pontuação da escala CAPS (Grupo Ex-
perimental = 84,45 pontos e Grupo de Controle = 
41,3 pontos). A diferença entre o dois grupos, em 
termos de magnitude dos valores encontrados na 
escala CAPS foi testada pelo teste não-paramétrico 
U de Mann-Whitney, sendo 104,0 o valor de U, com 
nível de p < 0,001, altamente significante. Esse dado 
corrobora a presença marcante de TEPT nas mães 
que passaram pelo estresse da perda de filho por 
morte violenta ou desaparecimento. 
Em relação à patologia cardiológica, a análise 
dos dados cardiológicos indica uma maior tendência 
no Grupo Experimental de apresentar sintomas de 
problemas cardíacos, em relação ao Grupo de Con-
trole, com nível de significância estatística p = 0,05. 
No grupo de controle, apenas 20% das mulheres 
tiveram resultados alterados na avaliação cardioló-
gica, sendo exatamente essas duas as que também 
apresentaram resultados no CAPS que ultrapassavam 
os 60 pontos estabelecidos como nível de corte indi-
cativo de TEPT (ambas com escore 63). Importante 
ressaltar que, apesar de as mulheres do Grupo de 
Controle não terem sido submetidas ao mesmo tipo 
de estressor traumático avaliado nesse estudo, há 
possibilidade de que elas, por serem moradorasdas 
mesmas comunidades que as do Grupo Experimental 
– comunidades que, além de carentes, apresentam 
alto nível de violência - tenham passado por outro 
tipo de estressor violento em suas vidas.
A “Síndrome do Coração Partido” no âmbito da 
medicina não é uma expressão simbólica e sim uma 
patologia específica, embora bastante rara. Por outro 
lado, a expressão “coração partido” remete à idéia 
de término de relacionamento amoroso, à “dor de 
cotovelo” ou à perda de algum tipo de vínculo afetivo 
importante, por isso, a tristeza pela perda de alguém 
amado é muitas vezes representada metaforicamen-
te pela expressão “Coração Partido”. A análise dos 
dados encontrados nesse estudo de correlação entre 
perda de filho de forma violenta ou desaparecimento 
e presença de TEPT e problemas cardíacos sugere 
que esse luto materno extremo poderia, como uma 
metáfora, ser chamada de “Síndrome do Coração 
Partido”, como representação simbólica dessa 
enorme dor.
Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 2010100
Conclusão
No livro The Broken Heart, escrito na década de 
70, é feita uma analogia pertinente àquela época, 
quando estava sendo iniciada a cirurgia de transplan-
te de coração. Disse o autor do livro: “O processo 
de reparação de um “coração partido” pela perda 
de alguém amado pode apresentar mais desafios 
terapêuticos do que as necessárias para se realizar 
uma cirurgia de transplante cardíaco” [18]. Mesmo 
sabendo desse desafio, foi criado no PAPT um tra-
balho de Grupo Terapêutico Focal direcionado para 
tratamento de vítimas de TEPT e todas as integrantes 
do Grupo Experimental foram convidadas a participar 
com atendimento gratuito. Esse trabalho de grupo 
ainda se encontra em andamento e as pacientes 
participantes têm apresentado bom aproveitamen-
to. É importante ressaltar também que, embora a 
maioria das pacientes tenha preferido seguir com o 
acompanhamento cardiológico prévio ao estudo, para 
todas as pacientes que apresentaram alterações 
nos exames, foi oferecido atendimento gratuito na 
Enfermaria de Cardiologia do Dr. Cantídio Drumond 
Neto, Chefe da Comissão de Ética do Hospital Geral 
da SCMRJ.
Agradecimentos
Agradecemos ao Professor-Doutor da Universida-
de Estadual da Califórnia em Fresno, EUA, Professor 
Aroldo Rodrigues, pela pronta, eficiente e competente 
colaboração com a análise estatística dos dados do 
estudo. Também à Técnica de Enfermagem, Sta. 
Judith Pacífico Valadares, agradecemos pela dispo-
nibilidade e cuidado no atendimento das pacientes 
referidas para avaliação cardiológica. E, especial-
mente, agradecemos ao Pesquisador, Membro da 
Academia Brasileira de Ciências e da Academia 
Nacional de Medicina, Doutor Marcello A. Barcinski, 
pela orientação na elaboração desse estudo.
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Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 2010 101
Artigo original
Reabilitação vestibular e seu efeito 
no equilíbrio, na marcha e na qualidade 
de vida, de pacientes com vertigem posicional 
paroxística benigna
Effect of vestibular rehabilitation in the balance, 
gait and quality of life in patients with benign paroxysmal 
positional vertigo
Rodrigo Leme de Souza*, Fernanda Torraca de Oliveira*, Denise P. Costa Vieira*, 
Cristiane Soncino Silva, D.Sc.**, Arnaldo José Godoy, D.Sc.***, 
Antonio M. Claret M. Aquino, D.Sc****, Luciane Ap. Pascucci Sande de Souza, D.Sc.*****
*Fisioterapeuta, Especialista em 
Fisioterapia Neuromuscular pela 
Universidade de Ribeirão Preto/
SP – UNAERP, **Fisioterapeuta, 
Docente convidada do Curso de 
Especialização em Fisioterapia da 
Universidade de Ribeirão Preto – 
UNAERP, ***Médico neurologista, 
Docente da Universidade da Cidade 
de São Paulo – UNICID, ****Médi-
co Otorrinolaringologista, Docente 
do Curso de Medicina da Universi-
dade de Ribeirão Preto – UNAERP, 
*****Fisioterapeuta, Docente da 
Graduação do Curso de Fisioterapia 
da Universidade Federal do Triângu-
lo Mineiro – UFTM
Correspondência: Rodrigo Leme de 
Souza, Rua Profa. Joaquina Alves 
Furtado, 181 Santa Marta 38061-
200 Uberaba MG, Tel: (34) 3075-
2424/9943-5222, E-mail: roleme@
gmail.com
Resumo
A Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) se caracteriza por vertigem, desequilí-
brio, desorientação, nistagmo, zumbidos, reações parassimpáticas, tensão muscular, 
risco aumentado de quedas e desvios na marcha. O objetivo deste estudo foi avaliar a 
eficácia de um programa de reabilitação vestibular (RV) utilizando o protocolo de Cawthorne 
e Cooksey simplificado, sobre o equilíbrio, a marcha e a qualidade de vida de portado-
res de VPPB. 5 sujeitos portadores de VPPB foram submetidos a avaliações pré e pós 
RV, com a escala de equilíbrio de Berg (EEB), escala de marcha adaptada de Herdman, 
questionário de qualidade de vida (DHI). A RV foi aplicada durante 1 mês, 3 vezes por 
semana e duração de 1 hora. As atividades foram baseadas no protocolo de Cawthorne 
e Cooksey. A RV foi efetiva na melhora do quadro clínico, fato comprovado em todas as 
medidas utilizadas. Os resultados mostram que a EEB aumentou em média de 49,9 ± 
3,8 para 54,4 ± 2,6, considerando a escala de marcha, 78%das questões avaliadas 
mostraram evolução e o DHI melhorou de 53,4 ± 23 para 4,8 ± 5,8. Conclusão: O proto-
colo de Cawthorne e Cooksey proporcionou melhora satisfatória da marcha e qualidade 
de vida dos portadores de VPPB estudados.
Palavras-chave: vertigem, reabilitação vestibular, qualidade de vida, marcha.
Abstract 
Benign Paroxysmal Positional Vertigo (BPPVs) is a common cause of vertigo, imbalance, 
dizziness, incoordination, nystagmus, tinnitus, parasympathic responses, muscular ten-
sions, high risk of falls, and gait unsteadiness. The purpose of this study was to evaluate 
the efficacy of the vestibular rehabilitation program (VRP) using the simplified Cawthorne 
e Cooksey protocol on balance, gait and the quality of life in patients with BPPVs. Five 
subjects with BPPVs participated in this study and were assessed before and after the 
Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 2010102
Introdução
A estimulação excessiva ou o mau funciona-
mento do sistema vestibular podem ocasionar uma 
diversidade de sintomas como vertigem ou tontura, 
desequilíbrio, desorientação espacial, nistagmo, 
zumbidos, reações parassimpáticas (náuseas, 
êmeses, aceleração do ritmo cardíaco e respiratório, 
sudorese, etc). Outros sintomas secundários podem 
surgir, como: estado tensional na cervical, desvios 
da cabeça e olhos e diminuição do tônus muscular 
homolateral. Como consequências, podem ocorrer 
quedas e desvios da marcha. Estes sintomas causam 
ainda desconforto, fadiga, cefaléia, dificuldade de 
concentração e até mesmo distúrbios de memória 
[1-3]. 
Este quadro clínico emerge de déficits funcionais 
nos sistemas vestíbulo-ocular e vestíbulo-espinhal e 
dos resultados da combinação sensorial incorreta. 
O sinal vestibular anormal entra em conflito com os 
sinais normais, fornecidos pelos sistemas visual e 
somatossensorial. Tal conflito sensorial produz os 
sintomas relacionados à percepção incorreta do 
movimento [2]. Dentre as doenças que podem aco-
meter o sistema vestibular, existem as disfunções 
vestibulares periféricas (DVPs), que atingem estru-
turas localizadas na porção petrosa do osso cortical 
temporal (canais semicirculares, sáculo, utrículo, 
células ciliadas). Sua etiologia é muito variada e 
inclui: infecções, traumatismos e envelhecimento, 
entre outros. E dentre estes tipos de DVPs, a forma 
mais prevalente é conhecida como vertigem posicio-
nal paroxística benigna (VPPB) [4,5].
Vários métodos de avaliação têm sido propos-
tos para auxiliar na investigação das VPPBs. Dentre 
eles, destaca-se a análise detalhada do equilíbrio 
e da marcha e também o impacto das VPPBs na 
qualidade de vida (QV) dos portadores [4]. A escala 
de equilíbrio de Berg (EEB) tem sido mundialmente 
utilizada e já foi testada quanto à sua validade e 
confiabilidade [6]. De acordo com Ribeiro e Pereira 
[7], a EEB é uma escala de desempenho que examina 
as habilidades funcionais do equilíbrio. Outros testes 
como os passos de Fukuda e a manobra Dix Hallpi-
ke se tornaram referência na avaliação dos sinais/
sintomas que acompanham as vestibulopatias [1,2]. 
As análises quantitativa e qualitativa da marcha não 
têm sido muito exploradas nas vestibulopatias [1].
As manifestações clínicas que acompanham 
as vestibulopatias a execução plena das atividades 
cotidianas, incluindo habilidade de cuidado pessoal 
e tarefas instrumentais, podendo afetar o relaciona-
mento familiar, social e profissional. A insegurança 
física gerada pelas vestibulopatias pode conduzir 
a insegurança psíquica, irritabilidade, ansiedade, 
depressão e frustração, causando um declínio na 
qualidade de vida [8-10]. A possibilidade de se dispor 
de um instrumento capaz de estabelecer um perfil 
detalhado do paciente vertiginoso sobre o quanto sua 
qualidade de vida encontra-se alterada, levou muitos 
pesquisadores a elaborar questionários e a testá-los, 
para tentar criar parâmetros de avaliação da QV. Em 
1990, Jacobson e Newman [11] elaboraram e valida-
ram um questionário específico para a tontura que foi 
posteriormente adaptado culturalmente: o Diziness 
Handicap Inventory (DHI), que avalia a autopercepção 
dos efeitos incapacitantes impostos pela tontura. 
Após uma avaliação cuidadosa do paciente com 
VPPB, inicia-se o estabelecimento de objetivos e a 
seleção de abordagens de tratamento. Existem di-
versas opções de tratamento, sendo as principais a 
medicamentosa, a cirúrgica e a reabilitação vestibular 
(RV) [1]. A RV é um programa de exercícios físicos 
utilizado nas pessoas que apresentam distúrbios do 
sistema vestibular, de origem periférica ou central, 
independente de sua etiologia. Os exercícios de RV 
estimulam o sistema vestibular e visam potenciali-
zar a neuroplasticidade do sistema nervoso central 
VRP, using the Berg´s Balance Scale (BBS), the Herdman´s gait scale, audiometry, 
and the Diziness Handcap Inventory (DHI). The subjects underwent the program for a 
month with three weekly sessions lasting one hour each. The program was based on the 
Cawthorne and Cooksey protocol. The program was effective for the studied subjects, 
improving their general condition, which was confirmed by all assessment scales. Average 
results showed that BBS scores increased from 49.9 ± 3.8 to 54.4 ± 2.6. Considering 
Herdman`s Scale, seventy eight percent of the responses showed improvement, and the 
DHI scores decreased from 53.4 ± 23 to 4.8 ± 5.8; Therefore, the Cawthorne-Cooksey 
protocol satisfactorily improved BPPVs patients´s gait and quality of life.
Key-words: vertigo, vestibular rehabilitation program, quality of life, gait.
Neurociências • Volume 6 • Nº 2 • abril/junho de 2010 103
tratamento, assinando um termo de consentimento 
formal e esclarecido, obedecendo às normas do Co-
mitê de Ética em Pesquisa da Instituição - (Processo 
n. 044/2005). Destes 11, apenas 5 participaram de 
todo o estudo. A Tabela I apresenta as informações 
destes sujeitos que concluíram o estudo. 
Tabela I - Distribuição dos sujeitos de acordo com 
idade e sexo.
Pacientes Idade (anos) Sexo
1 80 M
2 67 F
3 64 F
4 72 M
5 64 F
A avaliação audiométrica foi utilizada como 
auxiliar na avaliação diagnóstica da amostra. É uma 
análise quantitativa da audição e detecta alterações 
no ouvido externo e/ou médio (perdas auditivas con-
dutivas), do ouvido interno, do VIII nervo e das vias 
auditivas (perdas neurossensoriais) e mistas [4]. A 
avaliação audiométrica tonal e timpanometria em 
cabine acústica foi realizada por uma fonoaudióloga, 
com audiômetro AD28 Interacoustics e os resultados 
obtidos pelos sujeitos podem ser vistos na Tabela II.
Os sujeitos foram avaliados antes e após um 
programa de RV utilizando: escala de equilíbrio de 
Berg (EEB) [6,7], teste específico para equilíbrio 
(manobra Dix Hallpike, prova dos passos de Fukuda) 
[1], escala de marcha adaptada de Herdman [19], e 
questionário de qualidade de vida (Dizziness Handi-
cap Inventory - DHI) [11]. A RV foi realizada no período 
de 12 sessões, frequência de 3 vezes por semana, 
com duração de 1 hora. 
(SNC), com o intuito de promover a recuperação 
fisiológica do equilíbrio corporal [8,12-15].
Existem vários protocolos já explorados na literatu-
ra, dentre eles o de Cawthorne e Cooksey, que aplicado 
por 2 meses resultou na cura de 17% dos pacientes 
estudados, melhora considerável em 67%, manutenção 
do quadro em 12% e regressão em apenas 4% [16]. 
Outros estudos com protocolos distintos observaram 
resultados ainda mais motivadores, com melhora de até 
80% dos pacientes [17-19]. O protocolo de Cawthorne 
e Cooksey busca a recuperação do equilíbrio estático 
e dinâmico restaurando também a orientação espacial 
através de movimentos cefálicos, tarefas que exigem 
a coordenação óculo-cefálica e movimentos globais, 
possibilitando que o indivíduo restabeleça sua rotina de 
vida saudável, controlando seus sintomas [7,20,21]. 
Partindo dessas considerações o objetivo do pre-
sente estudo foi avaliar a eficácia da aplicação de um 
programa de RV utilizando o protocolo

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