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1 O D E S E J O 2 O D E S E J O O DESEJO O lado oculto de Caroll Crown 3 O D E S E J O Agradecimentos Felipe, Leandro, Jessica, Alan e Renata, quero agradecer por estarem juntos comigo nessa jornada de fazer meu terceiro livro, sendo o primeiro de forma totalmente independente. APOIO 4 O D E S E J O “Eu ando pelo mundo Divertindo gente, Chorando ao telefone. E vendo doer a fome, Nos meninos que têm fome” Adriana Calcanhoto - Esquadros 5 O D E S E J O Capítulo 1 – NO âMAGO 5 SATURNO NA CASA 7 5 ENTRE TAPAS E BEIJOS 6 A ANTILEI DA ATRAÇÃO 8 A LEI DA ATRAÇÃO 11 Capítulo 2: O COMEÇO 12 A LOBA 12 OS CLÁSSICOS 13 A ASTROLOGIA 14 ATUAR TAMBÉM É VIVER 14 OS SONHOS QUE NUNCA TIVE 16 Capítulo 3 – O PREÇO DA VITÓRIA 18 DECIDI PAGAR O PREÇO 18 VÁ À LUTA 18 NÃO EXISTE AMOR EM SP 19 O TEMPO NÃO PARA 20 TEORIA DA EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES 21 SANGUE NOS OLHOS 22 6 O D E S E J O Capítulo 4 – COISAS DO CORAÇÃO 23 A RUSSA 23 O CONTROLE 26 O PEIXE DOURADO 27 RUMO A GOI NIA 27 GRATIDÃO 27 Capítulo 5 – transmutação 30 VAMOS FALAR DE NEGÓCIOS 30 A TRANSCENDÊNCIA - 1000 HZ 32 FAROESTE CABOCLO 32 ESTOY AQUÍ 32 A ADVOGADA 33 JESSICA 34 Capítulo 6 – A Arte da Guerra: a estratégia do ataque surpresa 35 NEM TUDO SÃO FLORES 35 A ARTE DA GUERRA 36 DE VOLTA AO DESERTO DAS RAPOSAS 37 O CÓDIGO CROWN: A Lealdade 42 O ALPHA 43 7 O D E S E J O O QUE É A JUSTIÇA? 46 O MOTIVO 47 A HONRA 48 A MÍDIA 48 Capítulo 7 – OS SEGREDOS DE DEUS 48 CROWNJOIAS 50 IMPÉRIOCROWN 50 CROWNAVIAÇÃO 51 REALIZAÇÃO 52 DEUS NUNCA FALHA 53 MEU MAIOR DESEJO 53 8 O D E S E J O C a p í t u l o 1 – N O â M AG O SATURNO NA CASA 7 “Eu queria ter uma bomba, um flit paralisante qualquer pra poder me livrar do prático efeito das suas frases perfeitas... Das suas noites perfeitas...” Eu tinha 15 anos quando tive meu primeiro namoro e nessa época descobri que eu era a maior corna da cidade. Meus amigos falavam que a minha namorada (signo de libra) me traía e isto acontecia todos os dias. Até o melhor amigo da minha ex-namorada chegou a me falar que eu era muito corna e estava com pena de mim. Pessoas que eu não conhecia chegavam em mim na rua para falar que ela estava me traindo. Eu a perguntava e ela negava, dizendo que as pessoas falavam demais e que era tudo mentira. Eu não tinha provas, mas mesmo assim terminei com ela. E então ela sempre queria voltar e acabei perdoando as traições. Detalhe: ela nunca chegou a confessar que me traía. Esse relacionamento era tão absurdo que uma amiga dela, anos depois, me confessou que escrevia cartas e poemas românticos se passando pela minha ex. O fim da picada foi em uma conversa com minha amiga gaúcha, na qual ela disse que estava namorando. Eu também 9 O D E S E J O disse que estava namorando. Quando ela me mostrou o perfil do Orkut da sua namorada, adivinha! Era a minha namorada. Enfim, foi tenso. Não foi o fim do mundo, ali eu entendi que ela tinha problemas e era uma conquistadora compulsiva que, na minha visão, era por ter baixa autoestima. No fim eu percebi que na verdade eu não gostava tanto dela assim, eu gostava de ter uma pessoa desesperada tentando me agradar o dia inteiro. Anos depois ela continuou com o mesmo comportamento e eu entendi que o problema era ela, não eu. 10 O D E S E J O ENTRE TAPAS E BEIJOS “Perguntaram para mim se eu ainda gosto dela e respondi: tenho ódio e morro de amor por ela.” O tempo passou e uma antiga conhecida buscou se aproximar a mim, queria fazer de tudo para encurtar nossa relação. Eu achei estranho, mas dei esse espaço. O signo dela é escorpião. Ela queria ir para minha casa e de novo achei estranho. Nessa época eu tinha 16 anos e morava só (confesso que eu era bem ingênua). Não vou dar detalhes, mas foi inesquecível. Óbvio que depois dessa eu me apaixonei. Ela era muito sensual, mas tinha uma personalidade muito difícil de lidar. Era obsessiva, queria me dominar. A escorpiana nunca estava presente e sempre tinha outras prioridades. Também não queria assumir um namoro. Era uma relação muito estranha. Eu não sentia intimidade nenhuma, não conseguia conversar com ela direito e isso fez com que eu me afastasse. Ela não sabia se queria ou não ficar comigo e chegou um momento que eu já não tinha mais paciência para aquilo. Aí ela continuava indo atrás e isso começou a me irritar. Eu troquei de número de telefone e ela acabou descobrindo, daí então comecei a trocar de chip toda semana. 11 O D E S E J O Ela ia na minha casa sem avisar e isso só fez aumentar a minha raiva. Era uma mistura de paixão e ódio. Chegou um momento que eu só queria que ela parasse de ir atrás de mim e me deixasse em paz. Ela mudou por um tempo, começou a ser mais presente e eu caí no papo de que a mudança aconteceu. Ela começou a ser mais próxima, mais íntima. (É mais fácil dois raios caírem no mesmo lugar do que uma pessoa mudar.) Infelizmente eu acreditei. Era fim de outubro, início de novembro. Saímos pelo centro da cidade e ela disse tudo que queria como presente. Eu comprei tudo e coloquei em uma caixa gigante. O presente estava pronto, voltamos com tudo felizes e contentes, pelo menos para mim. ILUDIDA. Ela terminava comigo e pedia para voltar 2 ou 3 vezes por semana sem motivos. Dois dias antes do aniversário ela me ligou do nada e terminou comigo. Eu fiquei com ódio e não ia engolir essa situação. Peguei os presentes, taquei fogo em tudo e coloquei dentro da caixa intacta. Eu decidi enviar meu presente mesmo assim. A caixa estava linda por fora e tudo que estava dentro tinha queimado. Ela recebeu o meu presente e quase infartou. Passou o 12 O D E S E J O aniversário no hospital. Por algum motivo, depois disso, ela estava mais apaixonada ainda, mas eu já não queria mais nada. Certo dia dei uma última chance, combinamos de sair e, como sempre, ela desmarcou para sair com uma amiga. Eu havia dado uma data limite, falando que se quisesse falar comigo seria até o dia 15 de dezembro. Resultado: marcou comigo no último dia e cancelou. Mas esse dia acabou sendo especial. Combinei com alguns amigos de sair e encontrei uma pessoa que eu já queria ver há muito tempo. Enfim, ficamos e foi ótimo. Estávamos em uma praça ao lado da minha casa, ao ar livre e tudo corria bem. Adivinha quem aparece? Isso mesmo, a escorpiana. Ela me viu ficando com outra escorpiana, que por sinal era da sala de aula dela. Do outro lado da rua vi ela como uma estátua. Daí então me chamou para conversar e eu não fui, insistiu, falou com um amigo e implorou para conversar comigo. Ela: Por que você fez isso comigo? Eu: Eu não tenho nada com você. Ela: Eu me arrependi, quero começar de novo. Eu: Eu te dei uma data limite, você desmarcou. Você tomou a sua decisão. 13 O D E S E J O Ela: Ainda é dia 15. Ainda estou no seu prazo. Eu: Vá se ferrar! A ANTILEI DA ATRAÇÃO Aprendi sem querer a fórmula mágica de “conseguir tudo que você não quer para sua vida”. Como assim? Vamos por partes. O universo, a nossa mente, o inconsciente, o que você quiser chamar que gera atração para as que as coisas cheguem até você, não entende a palavrinha mágica “NÃO”! Eu errei. Comecei a detestar relacionamentos e o pior: falei para os outros. NUNCA FALE O QUE VOCÊ NÃO QUER, A PALAVRA TEM PODER E O NÃO É NULO. Pronto! Minha vida tinha virado de cabeça para baixo. Parecia que eu estava encantada. Eu dava bom dia e a pessoa se apaixonava, eu andava na rua e as pessoas vinham atrás, me pediam em namoro e casamento. Que situação foi aquela? Meu Deus, foi tenso! Eu recebia várias ligações de pessoas querendo me conquistar. Sentia-me como um banhista na praia olhando de frente para um tsunami sem saber o que fazer. Minha mãe começou a perceber isso, indagando o fato de eu estar sem paciência e me desconectando toda hora. Mãe: Caroline, por que esse telefone está fora 14 O D E S E J O da tomada de novo? Eu: Tem gente me ligando,não quero atender. Mãe: E daí? Pode parar com isso. Todo dia eu tirava o telefone da tomada. Esse diálogo acontecia todo dia. Agora um caso especial que me fez até chorar: na minha turma havia uma garota linda, goiana, geminiana, cabelo longo, branca, inteligente, gente boa e tal. Eu comecei a ficar amiga dela e eu curtia demais nossa amizade. Até que um dia ela veio se declarar. Para quê!? Ela: Carol, quero te falar uma coisa... Eu: Se for coisa de namoro nem vem! Não quero saber. Ela: Por que você é assim? Eu gosto tanto de você. A gente pode dar certo. Deixa eu te fazer feliz? Eu: Sinceramente, não é nada com você. Simplesmente não quero. Você não vai me convencer. Esquece isso. EU NÃO QUERO! NÃO! NÃO! Ela: Eu sei que você é legal, não entendo porque você fica agindo assim. Eu: Olha, não sou legal, sou uma péssima pessoa. Não vai ser bom para você ficar comigo. Tem 7 bilhões de pessoas no mundo, você vai encontrar alguém para você. (Tive que 15 O D E S E J O usar esses argumentos para ver se a garota se tocava.) A geminiana tinha levado uma caixa de bombom. Jogou a caixa no chão e saiu chorando. Eu também fiquei triste. Chorei, mas não cedi. Certo dia eu estava saindo do meu curso extracurricular de auxiliar administrativo e recebi uma mensagem estranha no celular. Número privado: Estou te vendo. Eu: Vá se ferrar psicopata! Número Privado: Sabe quem eu sou? Eu: Nem quero saber. Número privado: Olhe para a esquerda e veja quem é! Ao lado do meu curso tinha uma concessionária de carros e certo dia fui ver um carro esportivo de luxo. Para quê? Descobri que o dono da concessionária era um playboy bonitão, tinha uns 25 anos. Ele salvou meu celular e não satisfeito foi pesquisar sobre minha vida. Ele mesmo confessou que estava há 2 meses me perseguindo. O signo dele é óbvio, escorpião. Depois que se “revelou”, todo dia me oferecia um carro e segundo ele seria dado em troca de nada, só pela amizade e eu só pensando “sei...”. Óbvio que eu não aceitei o carro e nunca saí com ele. Depois de tanta perturbação pensei: quero 16 O D E S E J O amigos gays e amigas heterossexuais, sem exceção. Entre os meus melhores amigos tinha um rapaz que se dizia assexual. Ele era muito inteligente, aqueles com QI bem acima da média, um gênio. Essa era a época em que eu não podia viver em paz, pois sempre aparecia alguém querendo namorar comigo. Ele virou meu único amigo. Um dia estávamos no carro indo a algum lugar e ele soltou a pérola. Gênio: Olha Carol, eu nunca senti atração por ninguém, mas quero transar com você. O que você acha disso? Eu não tinha um dia de paz. Até quem titulava ser meu amigo tinha intenções a mais comigo. Prefiro nem dizer o que respondi. No meio dessa loucura, no transtorno de tudo que estava acontecendo, acabei indo para Portugal morar lá, pensando que teria um pouco de paz. ERRADO! Tinha um rapaz inglês, escorpiano e ruivo, bem cara de escocês que armava “coincidências” para a gente se encontrar. Ele falava das suas qualidades, que ele era lindo e rico e de uma família tradicional e que se ele quisesse compraria um castelo para morar comigo. Tudo isso na tentativa de me convencer a ficar com ele. Eu não falava nada, só observava. E detalhe, as meninas da minha escola queriam ficar com 17 O D E S E J O ele pelo status social que ele causava, enquanto para mim era só um cara chato. Um dia ele descobriu onde eu morava, para quê!? O rapaz todo dia queria me acompanhar da escola até a minha casa, tudo para me agradar. Era um saco! Detalhe, ele morava longe. Parecia pouco, né? Não acabou! Todo dia eu ia tomar banho depois da aula de educação física no mesmo horário que a outra turma, na qual tinha uma garota portuguesa bem bonita. Imagina a cena: nuas, no vestiário, bem coisa de filme, né? Como eu me sentia bem constrangida, dava bom dia para ela para quebrar o gelo, mas nunca chegamos a conversar. Certo dia, recebo uma mensagem na rede social de alguém que me era familiar, mas não estava recordando bem quem era. A garota do vestiário mandou um maior textão dizendo que estava apaixonada por mim, que queria um relacionando sério. Se eu dava bom dia, as pessoas se apaixonavam por mim, imagina me vendo nua. Será que ela se apaixonou pelo meu “Bom dia” ou por alguma fantasia sexual? Ainda na escola, cheguei a fazer uma amizade nova na escola, dentro dos meus padrões. Minha amiga era hétero convicta. Prometeu-me que nunca teve interesse em ficar com mulher e aí eu me senti mais tranquila para seguir a amizade. Por fim, achei que poderia confiar nela, mas acabei me surpreendendo. 18 O D E S E J O Do nada ela veio com uma história de que queria me beijar e que não sabia mais se gostava do namorado. Aff, eu já não tinha mais paciência. Não contei nem 5% das histórias. Se eu fosse contar tudo, o livro seria só sobre isso. A antilei da atração é real, é a mesma coisa que a lei da atração, só que pior. A LEI DA ATRAÇÃO Poucas pessoas entendem como conseguir aquilo que deseja, mas sempre foi fácil conseguir o que quer. O problema não está no que a pessoa deseja e sim como a pessoa deseja. Para conseguir o que deseja é preciso aprofundar-se em seus próprios sentimentos, é preciso buscar o real motivo do desejo. Quando queremos algo com pouca energia a tendência é não conseguir. Só conseguimos aquilo que focamos 100% da nossa energia. Quando você quer muito algo ou o detesta, você acaba por se conectar com toda essa energia. Certa vez, vi uma entrevista do Will Smith e ele comentava o fato que se você estivesse disposto a morrer por aquilo que você quer, aí sim você estaria verdadeiramente disposto a conseguir aquele objetivo. Nasci em uma cidade do interior do Tocantins 19 O D E S E J O e, comparada com a população local, apesar de ter acesso a muitas coisas, tudo era muito limitado. A sensação era de morar longe de tudo. Logo cedo, alimentei um grande desejo de morar fora do país e conhecer outros lugares. Tive a oportunidade de morar fora do Brasil e conhecer muitas coisas que estavam fora do meu mundo até então. Isso foi algo que abriu a minha mente para querer outras coisas, inclusive, em um certo momento da minha vida, decidi que seria uma pessoa muito rica. Ao começar a ter contato com pessoas mais ricas que eu, desejei ter novas experiências. 20 O D E S E J O C a p í t u l o 2 : O C O M E Ç O A LOBA “Quantas vezes a gente sobrevive à hora da verdade? Na falta de algo melhor nunca me faltou coragem” Era inverno, eu tinha 17 anos, sempre amei lugares desertos. O topo da montanha, a praia deserta, lugares paradisíacos... tudo isso me encantava e ainda me encanta. Estava em busca de me isolar um pouco da sociedade e ficar mais tranquila. Era dezembro de inverno em Portugal, -3°C, fui para uma praia deserta e tirei toda a roupa para sentir o frio. Descobri que o frio, na verdade, faz o corpo ficar quente. Acho que fiquei uns 10 minutos lá, nua ou talvez menos, não sei, mas a sensação é de ter ficado uma eternidade. Sempre gostei de situações intensas. Por algum motivo esse choque de temperatura fazia com que eu me sentisse mais viva. Talvez seja isso que as pessoas sintam quando vão escalar o Everest, não sei, ainda não fui. Eu sei que a sensação extrema dá mais foco e clareza mental. Fiz isso o inverno inteiro. Sozinha. Não tinha ninguém na praia. Era só eu e Deus. 21 O D E S E J O Em um desses dias, certa vez, entrei no mar. Percebi que mesmo no frio a água estava quente. OS CLÁSSICOS “Aonde leva essa loucura? Qual é a lógica do sistema? Onde estavam as armas químicas? O que diziam os poemas? ” Eu sabia bem que meu nível intelectual era bem baixo pela média do Brasil. Quando descobri que os franceses liam 21 livros por ano, entrei em pânico, vi que eu precisava correr atrás do prejuízo. Eu tinha lido no máximo 50 livros até meus 17 anos, sendo muitos sobre astrologia. Eu precisavacolocar combustível na minha mente ou minha vida seria um fracasso, isso estava bem claro para mim. Aprendi a ler muitos livros e peguei a prática de lê-los de forma rápida. Comecei lendo os clássicos de filosofia, depois fui para a psicologia, li alguns clássicos de literatura, alguns livros mais técnicos e também estudei matemática e física, mas o que me conectou foi a sessão de ocultismo, óbvio. Metade dos livros que li na época era sobre o mundo sutil. Comecei a estudar magia e me aprofundar nisso, entendendo a energia do universo. Também conheci todos os oráculos. Enfim, foi um ano dedicado a aprender o que os antigos 22 O D E S E J O tinham para me ensinar sobre o mundo. Também cheguei a ler muitas biografias de pessoas que marcaram a humanidade, tais como Einstein, Steve Jobs, Winston Churchill, Hitler... entre muitos outros. Ao todo fechei o ano tendo lido 200 livros. Os escritores se tornaram meus melhores amigos. Meu livro favorito é “Capitães de areia”, pois foi o único livro que eu chorei ao ler; acho que nada me comove mais do que crianças passando fome. A ASTROLOGIA Ao estudar sobre ocultismo, me dediquei muito mais a aprofundar nos conhecimentos milenares da Astrologia. Algumas pessoas não entendem o poder da astrologia. No século XVIII com o boom da mídia impressa, a astrologia começou a ter uma nova roupagem. Houve uma releitura, no sentido popular e uma banalização dos conhecimentos ocultos, trazendo para o público algo ridículo e superficial. Porém, a Astrologia continuou existindo nos meios de poder. Qual é a verdadeira astrologia? A Astrologia foi a primeira ciência, a mãe de todos os conhecimentos. Onde era estudado o tempo, espaço, o comportamento humano, as eras, gerações, estações do ano, plantações, 23 O D E S E J O medidas de tempo, combinações amorosas, ataques de guerras, criação de estados, etc... Sempre foi do conhecimento da elite o poder da astrologia. Dos antigos reis aos atuais presidentes. Ao me aprofundar na astrologia, rapidamente comecei a conhecer pessoas poderosas que vinham me pedir conselhos baseados nos trânsitos astrológicos e mapas astrais. Até hoje, todas as leituras de trânsitos que eu fiz geraram estratégias de sucesso. A astrologia foi o início do meu sucesso profissional, fiz mais de 5 mil mapas astrológicos para todos os tipos de pessoas. Pessoas populares, poderosas, governadores, deputados, juízes, senadores, pessoas famosas, políticos menores, atletas, atores, cantores, empresários de sucesso, pessoas de altos cargos e até um presidente. Saber astrologia é entender o mecanismo das energias, como a vida funciona no seu ciclo natural, é o início do conhecimento da magia. Você pode conhecer um astrólogo que não saiba magia, mas nunca irá conhecer um mago que não sabe astrologia. 24 O D E S E J O ATUAR TAMBÉM É VIVER Aos 18 anos entrei em um curso de teatro em Portugal, eu não imaginava que isso iria mudar todo o destino da minha vida. Eu nunca fui uma pessoa tímida, ou retraída, nada disso. Sempre fui comunicativa e sinceramente subestimei o poder do teatro na minha vida. Nesse período, pensei seriamente em ser atriz e até fiz algumas peças. Apesar do meu desinteresse visível, sempre tive uma boa crítica, elogios e todos viam um certo futuro nas minhas atuações. Então achei que tinha talento e que poderia esse ser o meu grande destino, mas logo percebi que o estilo de vida de viagens com peças de teatro e o trabalho estressante da TV e do cinema não eram bem o que eu queria para a minha vida. Eu não criei expectativas com o teatro, era meu refúgio, aquele momento de paz e de concentração na minha vida. Eu pensava, talvez, em fazer uma série ou filmes, algo bem fora do normal, como um personagem caricaturado parecido com os trabalhos do Jim Carrey ou Johnny Depp. Eu seria perfeita para fazer um personagem de um robô programado para destruir o mundo ou cumprir uma missão impossível. Eu adoraria pular de um helicóptero 25 O D E S E J O para o mar, sem dublê. Era esse tipo de coisa que passava pela minha cabeça na época. Quando eu ia para as aulas de teatro, tinha o hábito de chegar antes e ler revistas internacionais, então comecei a acompanhar a FORBES. Eu lia os artigos dos empresários, sobre suas vidas e seus negócios. Tudo isso sempre me fascinava, mas eu não entendia nada, já que parecia algo muito distante do meu mundo. Nesse período eu já havia trabalhado em uma grande empresa nacional e feito alguns trabalhos no comércio da minha família, que tinha relevância na cidade e chegava a girar 1 milhão de reais em faturamento por mês, mas obviamente isso só respingava em mim. Eu estudava em boas escolas e morava em uma casa boa, mas não vivia uma vida de luxo. Tinha meia dúzia de coisas que eram presentes de natal e aniversário, mas nada além disso. Lembro de uma colega do teatro que falava que o sonho dela era ser famosa, e eu disse “Já eu odiaria”. Então ela me perguntou “Por que você faz teatro? ”. Eu não tive uma resposta, apenas fazia porque gostava, era um hobbie para mim, algo para me distrair, algo que me dava um grande sentimento de liberdade, de sair da sociedade, de poder enlouquecer um pouco sem julgamentos. Aquele mês eu vi um artigo sobre as pessoas famosas mais bem pagas e tive uma ideia: se eu 26 O D E S E J O já fazia teatro, já tinha aquela habilidade, por que não ser famosa? Hoje eu vejo que foi tolice, porque uma pessoa low profile consegue fazer muito mais dinheiro do que uma pessoa famosa, mas era a única coisa que eu via na frente. OS SONHOS QUE NUNCA TIVE Além do teatro eu sempre tive um outro hobbie que mudou a minha a minha vida: as artes marciais. Karatê Shotokan, Karatê Kyokushin, Taekwondo, Capoeira, Judô, Kickboxing, Box e Muay Thai foram as artes maciais que eu mais pratiquei durante várias fases da minha vida. A luta também é outra coisa em que eu me solto e vivo intensamente. Eu sei que se eu tivesse focado, certamente eu estaria hoje no UFC, mas como eu não tinha essa perspectiva na época, não levei a sério como trabalho. Posso estar errada, mas percebo que quem fez alguma arte marcial tem um comportamento mais reservado. Como sempre gostei de arte marcial, pensava em fazer filmes sem dublê como Jackie Chan, só que filmes de ação eram totalmente distantes do meu mundo. Como eu não tive essa perspectiva, nunca cheguei a ir atrás deste desejo. O fato de ser algo tão distante fez com 27 O D E S E J O que isso nem chegasse a ser um sonho, porque eu não acreditei que fosse possível. A primeira coisa que é necessário para conquistar algo é acreditar que é possível. Uma coisa bem louca que eu sempre pensei em fazer foi uma luta de gladiadores. Lutar até o fim, viva quem puder, e claro, eu nunca consegui essa luta. Talvez a grande luta seja a própria vida. Lutamos contra nossas falhas e nossos medos, até a morte. Na arte marcial nunca tive muito interesse em faixas, reconhecimento... nada disso. Queria apenas viver aquela emoção. É o sentimento de saber que você determina o rumo das coisas. Sentimento de “estar no poder, eu quero estar perto do fogo”. Eu amo lutar porque a luta me desperta o instinto de sobrevivência. A cada vez que levo um golpe, vou ficando mais forte até o momento que eu explodo, como se tivesse uma bomba atômica dentro de mim. Quando ligo isso sou capaz de tudo. Quero que você preste muita atenção aqui. Hoje eu sei que eu poderia ter tido muito sucesso no UFC ou com filmes de ação, mas por que eu não fiz isso? Não existia UFC, estava fora do meu radar. E sobre filmes de ação, também estava fora do meu mundo. “O que você pode sonhar, você pode realizar”, mas nunca se realiza aquilo que não se pode 28 O D E S E J O sonhar. Nós só podemos ir até onde nossa visão chega. Hoje o que mais me dói emocionalmente não é o que eu não consegui conquistar, me dói pensar nos sonhosque nunca tive, no que existia, mas estava fora do meu mundo, as oportunidades que não pude ver. Me dói ter jogado meu talento fora por acreditar nos outros, em “amigos”, em familiares que subestimavam aquilo que eu gostava de fazer. Sei que infelizmente acreditar quando falaram que algo não teria futuro, mesmo que eu tivesse muito talento e gostasse, fez com que eu não realizasse esses sonhos que nunca tive. A sensação de que eu sei que seria campeã, percebi que foi por pouco, eu só precisava do sonho. Sinto uma profunda tristeza ao pensar nos sonhos que não tive por não ter tido visão. E se eu puder te falar apenas uma coisa, é: NUNCA DEIXE NINGUÉM FALAR A VOCÊ O QUE VOCÊ PODE OU NÃO FAZER. Ninguém além de você determina sua vida. Você não precisa de apoio, nem financeiro nem emocional. Você só precisa sonhar para realizar. Nunca tenha medo do que os outros vão pensar, nem do que você vai viver e das dificuldades que possa passar, absolutamente NINGUÉM vai viver a sua vida além de você! 29 O D E S E J O C a p í t u l o 3 – O P R E Ç O DA V I T Ó R I A DECIDI PAGAR O PREÇO Eu decidi ser famosa, pensei que iria ganhar milhões por isso. Decisão tomada. Sinceramente eu tomei poucas decisões na minha vida, mas depois que as tomei, dificilmente voltei atrás. Pensei bem: eu iria odiar a fama e talvez quisesse me suicidar só de pensar que pessoas que nunca vi na vida vão me reconhecer na rua. Nesse momento lembrei do Will Smith na minha cabeça me perguntando “Carol, você morreria por isso? ”, minha resposta foi sim. A fama não me assustava, mas me fazia pensar “Quando eu ficar famosa compro uma ilha, uma casa no topo da montanha que só se chega de helicóptero”. Detalhe, as últimas casas que morei foram casas mansões de difícil acesso. Continuo pensando igual. Enquanto eu fazia teatro eu também criava animações em 2D. Após aprender animação, me apaixonei por um programa de DJ chamado Fruit Loops e eu passava o dia inteiro nesse programa criando sons. Sério, é possível passar a vida inteira nesse programa, use com moderação. Depois disso aprendi a editar vídeos. Eu criava animações, músicas, editava 30 O D E S E J O vídeos e fazia teatro. Eu era uma miniprodutora audiovisual e não sabia. VÁ À LUTA “Eu li teu nome num cartaz com letras de neon e tudo, ano passado diriam que eu tava maluco” Comecei a estudar sobre negócios e a criar sites. Eu nunca fui muito boa em design, até porque nunca aprendi a desenhar direito, mas eu arriscava mesmo assim. O ano era 2011 e o mercado digital estava muito imaturo. Por incrível que pareça, meu trabalho de sites era acima da média para aquela época. Certo dia, saí de casa e pedi os cartões de visita de todas as lojas do centro da cidade onde eu morava na época. A cidade era pequena, mas com muito movimento, pois era uma cidade turística. Quando cheguei em casa, liguei para essas lojas e pedi para falar com o gerente, perguntando o porquê de eles não terem site e se tinham interesse em fazer um site profissional. Resultado: acabei fazendo poucas ligações porque metade das lojas queriam fazer o site. Eu cobrei 200 Euros, ou seja, comecei a ganhar muito dinheiro para uma jovem atriz de 18 anos. As pessoas começavam a me recomendar, e como eu era a garota da TI descolada, bem 31 O D E S E J O diferente dos nerds típicos, começou a chover clientes. Eu sempre gostei de coisas caras, de produtos de grife e de objetos de coleção. Assim como eu ganhava dinheiro, eu o gastava. E uma hora a conta não fechou. Eu ainda tinha muito a aprender: precisava aprender a economizar, a gerenciar equipes, a ter produtividade, a ter disciplina. Eu só estava começando, mas achava que estava no topo. Meu pequeno sucesso fez minha autoestima crescer tanto que acreditei que se eu fosse para São Paulo, iria criar um negócio de sites e que iria bombar. Eu não tinha percebido que era sorte de principiante. 32 O D E S E J O NÃO EXISTE AMOR EM SP “ Devolva minha vida e morra afogada em seu próprio mar de fel. Aqui ninguém vai pro céu.” Olha só, eu acreditei nos jornais. Grande erro! Era governo Dilma e o governo mentia descaradamente para os países da Europa. Faziam de tudo para que o Brasil parecesse que estava bombando. Eu acreditei nisso e ainda bem que arrependimento não mata. Como diria o Raul Seixas “Eu não preciso ler jornais/Mentir sozinho eu sou capaz/Não quero ir de encontro ao azar”, mas eu, Carol, fui de encontro ao azar, e põe azar nisso. Decidi vir para o Brasil e só Deus sabe o que eu passei na cidade de São Paulo. Primeiramente cheguei na cidade e descobri que o meu CPF estava cancelado. Eu não tinha conta de banco porque saí do país menor de idade e sem CPF não poderia abrir uma conta bancária aqui. Se isso fosse pouco, ainda tinha a situação econômica e política do Brasil, que estava em colapso. Eu vim de um lugar paradisíaco e com a minha decisão e agora estava no caos de São Paulo. Eu me arrependi por ter me mudado, óbvio, mas mantive a minha decisão. Foi realmente algo muito triste. Nesses dias eu me senti perdida, sofrendo muito e com vontade de suicidar todos os dias. 33 O D E S E J O O TEMPO NÃO PARA “Nas noites de frio é melhor nem nascer, nas de calor se escolhe é matar ou morrer, assim nos tornamos brasileiros” Era agosto de 2013 e o sentimento de voltar para o Brasil se resumia em “que merda que eu fiz da minha vida”. Voltei para o Brasil contra a vontade da minha família e jamais teria a cara de pau de me arrepender e voltar com o rabinho entre as pernas. Seria mais fácil me matar do que passar por essa humilhação. Como eu já estava na merda mesmo, pensei: o que eu poderia fazer no Brasil? Pensei e pensei várias vezes. Enquanto isso, eu morava sozinha em um apartamento no largo do Arouche, pagando uma fortuna em um lugar tenebroso e estranho. O som do minhocão, um viaduto movimentadíssimo, era insuportável. Levei mais de um mês para conseguir dormir direito e me acostumar com aquele barulho infernal. Todo lugar que eu ia em São Paulo era lotado, não existia nada de natureza ali perto e o mais próximo era o parque do Ibirapuera, que é longe. Eu vivia um pesadelo e quando acordava ainda estava lá. Todo dia que eu saía de casa, me roubavam algo, o que aumentou ainda mais minha desesperança. 34 O D E S E J O Era realmente insuportável, mas nesse período eu entrei em cursos na “SP escola de teatro”. Era um lugar super legal e fiz vários cursos lá, como o curso de videomaping, o curso de cenografia, entre outros. Comecei a conhecer pessoas e a ter oportunidades de trabalho. TEORIA DA EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças. ” Eu me inscrevi nos cursos antes de chegar ao Brasil, então assim que cheguei já comecei a fazer esses cursos. Eu sentia medo e angústia em relação ao futuro todos os dias, mas algo começou a acontecer, eu comecei a me acostumar e a me relacionar com as pessoas. Sabe aquela frase “se me jogar aos lobos volto dominando a matilha”? Então, comecei a me acostumar. Percebi que eu era muito ingênua. Roubavam algo meu na rua todo dia. As pessoas me passavam para trás, mas isso durou pouco tempo. Comecei então a observar melhor e tentar perceber antes esse tipo de situação. Não demorou muito para eu ter trabalhos e viajar para o Rio de Janeiro com muita frequência. 35 O D E S E J O O meu trabalho era “qualquer coisa no teatro e audiovisual”. Lembra que eu sabia usar todos os programas de áudio, vídeo, imagem, etc? Consegui um emprego em uma companhia de teatro e fazia vários freelancers, criando sites. Nada foi como eu planejei, até porque eu não planejei. Apenas quis fazer algo e fiz. Nesse momento percebi que precisava aprender estratégia. Meu dinheiro acabou e tive que economizar cada centavo. Virei a pessoa mais “mão de vaca” desse mundo. Eu nãoestava agindo por um sonho, desejo ou ambição, eu estava agindo pela minha própria sobrevivência e essa é a maior arma do ser humano. 36 O D E S E J O SANGUE NOS OLHOS Eu decidi que “a porra ficou séria”! Eu já não tinha paciência para conversa fiada. Decidi focar no meu trabalho e fim. Era final de 2013, estava com 20 anos há 6 meses no Brasil. As coisas estavam até fluindo, mas eu queria avançar a minha vida. Nesse período eu saí do centro de São Paulo e fui morar em uma república na Vila da Pompeia, e sim, fui feliz lá. Minha vida na Pompeia foi muito boa, é minha casa em São Paulo. Morei 3 anos lá e me acostumei com o dia a dia de estar em São Paulo, sem estar em São Paulo. Eu nasci em cidade pequena; acho que nunca me acostumaria com o centro de uma cidade grande ou um lugar muito agitado. Para mim a Pompeia já era agitada, o que nos padrões de São Paulo é uma paz. Seguimos... Com mais calma, foquei nos meus projetos, trabalhando insanamente de 15 a 18 horas por dia e eu estava feliz. Eu tinha um canal no YouTube chamado Papo Astral, no qual eu falava de astrologia, um tema que eu sempre amei e por sorte acabei sendo pioneira em criar conteúdo em vídeo de forma humorada sobre signos e mapa astral. Percebi que o sucesso é uma mistura de conhecimento, ação e sorte (oportunidade). Eu tive sorte! Meu canal bombou e o público me 37 O D E S E J O implorava para fazer consultas. Eu ainda tinha um emprego e bicos, mas quando percebi que estava tendo sucesso, decidi focar 100%. Eu lancei minha primeira oferta de fazer mapas astrais, na qual cobrei 100 reais por mapa. Fiz 74 em um mês e fiquei exausta, mas ganhei o dobro do que eu ganhava. Antes, recebia por volta de 3 mil reais com os freelancers e o meu trabalho fixo. No primeiro mês de consultas, ganhei mais de 10 mil reais juntando tudo. As coisas começaram a melhorar, mas eu continuava gastando tudo. Na verdade, as coisas só melhoravam e cada mês eu ganhava mais. Minha vida ficou ótima. Um ano depois, início de 2015, eu tinha 50 mil reais guardados e já ganhava mais de 20 mil por mês. E detalhe, meu canal só tinha 5 mil inscritos. Eu sabia que tinha youtubers com 1 milhão de seguidores, que ganhavam igual ou menos do que eu. Na comparação, eu estava ótima. Então tomei a decisão de chegar a 100 mil inscritos no canal. O Youtube Space chegou ao Brasil e eu fiz todos os cursos da época, passando mais ou menos 2 meses indo para a sede do YouTube. 38 O D E S E J O C a p í t u l o 4 – C O I S A S D O C O R AÇ ÃO A RUSSA “Eu protegi o teu nome por amor. Em um codinome, Beija- flor. Não responda nunca, meu amor. Pra qualquer um na rua, Beija-flor” Conheci uma carioca Russa. Ela era Top model, viajava o mundo devido à sua carreira. Era ariana com ascendente em Sagitário e Lua em escorpião. A gente se conheceu por causa de um grupo numa rede social na qual fazíamos parte. Eu não falava com ela e nem ela falava comigo. Tinha uma personalidade forte, dominadora e extrovertida. Todo mundo amava ela nesse grupo e ela se denominava “rainha da porra toda”. A russa se expressava bem, falava 4 línguas. Muita gente do grupo vinha falar dela, que ela era incrível, maravilhosa, linda... O grupo todo estava afim dela, menos eu. Parecia que ela não tinha interesse em ninguém. Fiquei na minha, até porque na verdade, eu nem era a fim dela, mas ela começou a me olhar de forma diferente. Começou a se aproximar e arrumou um pretexto para falar comigo. Eu percebi que o motivo do contato era 39 O D E S E J O puramente “se conhecer melhor”, mas o motivo inventado por ela era “moderação do grupo”. Conversamos nesse dia e no outro, e depois não conseguia mais dormir, pois queria falar com ela todo dia e toda noite. A gente se conectou de uma forma que parecia que eu tinha entrado em outra dimensão cósmica. Eu já comecei admirando ela pela garra de fazer as coisas acontecerem e pelo fato dela me apoiar muito nos meus projetos. Ela: Quando você vai admitir? Eu: O quê? Ela: Que você está apaixonada por mim. O que mais seria? Eu: Mês que vem eu te falo. Ela: O que é que você mais quer na vida? Uma coisa que seja grande, não sei... você entendeu. Eu: Quero você! A gente se divertia muito, era como um vício, uma loucura, algo que não dá para explicar com palavras. Eu me apaixonei perdidamente, estava louca por essa mulher, mas tinha um problema: ela tinha um grande descontrole pessoal e isso me deixava insegura com o futuro da nossa relação. Eu sempre gostei de prever o futuro, de ter visão. Naquele momento a minha visão me mostrava que em pouco tempo as coisas não 40 O D E S E J O iriam ser muito boas. Parecia que eu estava em uma roleta russa e eu desisti antes de levar o tiro na cabeça. Eu não queria me envolver emocionalmente, mas já estava envolvida. Hoje eu entendo que não gostava dos pequenos conflitos e de lidar com alguém que sempre buscava criar um problema, mesmo que nada tivesse acontecido. Imagine você gostar de alguém, vocês combinam e concordam em quase tudo, uma sincronia perfeita, vocês gostam das mesmas coisas e se agradam com o jeito do outro. Eu sabia que tinha que me afastar porque existe uma coisa que a inteligência, a paixão, a habilidade e a beleza não compram: a relação. Eu estava apaixonada, sentia-me feliz em sentir essa energia, mas seguia só, pois eu tinha medo de me envolver mais com aquela pessoa. Às vezes ela encontrava um motivo para brigar e isso acabava com meu dia, até mesmo acabava minha semana, meu mês. Eu pensei em ter um relacionamento, mas sabia que isso poderia atrapalhar minha vida e meus planos. Minha vida virou uma montanha russa: em um dia eu estava extremamente feliz, no outro estava em colapso. Eu não conseguia trabalhar todo dia, o meu desempenho foi caindo, a instabilidade emocional começou a me deixar com baixa autoestima e eu comecei a ficar triste todo dia. Não fiz um diagnóstico, mas acho que 41 O D E S E J O eu estava entrando em depressão por causa desse relacionamento. Não compensava mais, me sentia como alguém que tem uma ferida sangrando e que se não tapasse aquilo, iria morrer em pouco tempo. Eu: Sabe, eu te amo, mas eu me amo mais. Desisto. Ela: Você vai ter coragem de me deixar mesmo? Carol, e o nosso amor? Eu: Não existe nosso amor. Você não me ama. Ela: Você está sendo egoísta Carol. Eu: Pode ser, mas eu não vou acabar com minha vida por sua causa. Ela: Eu não esperava isso de você. Eu: Nem eu. Então decidi focar no meu trabalho, ignorar os meus sentimentos e seguir em frente. Ela: O que você quer? Eu não te entendo. Eu sei que você gosta de mim, mas você se afasta. Parece que não quer... Eu: Quero paz! Ela: Isso eu não posso te dar. Você sabe como eu sou, eu posso te dar o mundo. Algumas vezes na vida nos deparamos com situações complexas: fazer o que é melhor para si mesmo ou fazer o que você realmente deseja? 42 O D E S E J O Eu queria ficar com ela, mas eu sei que esse relacionamento iria puxar o meu pior lado. Ela queria que eu mergulhasse de forma passional e eu queria um amor que me ajudasse a ter paz, não instabilidade. Entrei em guerra com meus sentimentos para ter paz na minha cabeça. O CONTROLE Eu sempre faço uma conta na minha cabeça, uma conta subjetiva. O quão bem e mal algo vai me fazer? O que essa decisão vai me gerar no curto e longo prazo? Toda decisão tem vários lados. Só podemos tomar boas decisões tendo o máximo de informações sobre o motivo da decisão. E tudo vai de alguma forma, gerar algo positivo e algo negativo. Não que eu seja uma pessoa extremamente racional, na verdade meu coração é uma bomba atômica pronta para explodir. É por saber o meu nível de intensidade que eu evito situações que vão me gerar sentimentos negativos e profundos. Eu sempre soube que perder o controle poderia me custar muito caro, porque eu sou capaz de tudo! Eu poderia fazer qualquer sacrifíciopor amor, mas o amor não é o suficiente para ter uma boa relação no geral. A relação pode tanto destruir, 43 O D E S E J O como ela pode construir o amor. Do que adianta gostar de alguém, se a personalidade difícil é como lâminas de aço atiradas diariamente em pequenos conflitos? Situações como essa matam os bons sentimentos e alimentam os maus. O PEIXE DOURADO Certo dia, como de costume, dois pescadores foram para o mar, mas algo muito diferente aconteceu. Algo que vinha do fundo do mar começou a brilhar como ouro; um brilho resplandecente vindo das profundezas. Os pescadores pensaram em capturar aquilo. De repente, o brilho veio à tona e deu um salto, era um gigante peixe dourado. Eles ficaram com medo, saíram do mar e fugiram depressa para casa. No dia seguinte tiveram coragem de voltar para o mar e, determinados, decidiram capturar o peixe, só que ele nunca mais apareceu. Todos os dias os pescadores iam para o mar em busca do peixe dourado, mas uma grande oportunidade nunca aparece duas vezes. 44 O D E S E J O RUMO A GOIÂNIA “Uberaba e Uberlândia já deixei pra trás e Itumbiara entrando em Goiás, quase que eu decolo feito um avião. Eiii...Goiânia avisa aqueles olhos lindos que eu já cheguei” Como uma boa tocantinense conheço Goiânia desde sempre. Meu sócio na época me convenceu a mudar de São Paulo para Goiânia para reduzir os custos da empresa. Como São Paulo não era de forma alguma o meu lugar preferido no mundo, foi bem fácil escolher me mudar. GRATIDÃO “O amor é maior que tudo. Do que todos, até a dor se vai quando o olhar é natural”. Final de 2016, Goiânia. Fui convidada para uma festa de faculdade. Era aquela bagunça, bebidas que vocês já sabem. Fui com alguns amigos e comecei a conhecer pessoas novas. Sentamos em uma mesa grande, com várias pessoas na mesa. Todo mundo falava ao mesmo tempo, era aquele caos insuportável. Um detalhe: meu amigo queria me empurrar uma comunista convicta, e eu apenas querendo morrer com aquela situação. A comunista tentava me conquistar com seus discursos e 45 O D E S E J O eu queria enfiar a cabeça em um buraco. Não estava suportando aquela garota até que de repente chegou uma gata, meu Deus do céu, que mulher linda. Ela era morena, com traços finos e parecia ter vindo daqueles filmes de guerreiras amazonas, como uma princesa guerreira. Aquela energia, aquela força, aquela sensualidade natural. Ela veio andando na minha direção, como se fosse me atacar e se sentou bem na minha frente. Frente a frente. Em algum momento, nossos olhares se cruzaram e entraram em sintonia. Meu coração começou a bater muito forte, como se fosse sair pela boca e a realidade ao redor desapareceu. O mundo parou, só existia ela no meu mundo. As vozes das pessoas gritando desapareceram, tudo estava em silêncio. O mundo tinha parado, sem trocar uma palavra, só pelo olhar. O coração a mil, o mundo calado, os olhos brilhando e aquela sensação intensa, extasiante, arrebatadora, incrível, sem explicação. Olhando profundamente nos olhos dela, com meu coração saindo pela boca, perguntei: Eu: Qual seu nome? Ela: Karol e o seu? Eu: Carol. Qual seu signo? Ela: Aquário e o seu? Eu: Gêmeos, sou seu paraíso astral. 46 O D E S E J O Ela: Opa, gostei disso. E aí, a gente daria certo? De repente alguém puxou assunto e cortou nossa breve conversa, mas a conexão estava a mil. Enquanto as pessoas falavam eu começava a imaginar coisas.... Como a mesa era grande, não tinha como roubar um beijo dela, mesmo estando frente a frente. Comecei então a me imaginar subindo na mesa e beijando ela, sem falar nada, sem motivo algum. Que loucura, eu só pensava em beijar ela! Eu olhava nos olhos dela, ela olhava nos meus olhos, meu corpo estava pegando fogo. Tudo era intenso. Cada pequeno movimento dela mexia com todo o meu corpo. Ela mexia no cabelo e eu parava de respirar. Comecei a ficar ofegante e meu coração começou a bater tão forte que era o único som que eu ouvia. Ela me olhava com desejo, mordia os lábios sem querer, a boca dela estava vermelha, mas ela não estava usando batom. Dava para sentir o desejo. Comecei a pensar em transar com ela ali mesmo, no meio do povo, rasgando a roupa e se beijando loucamente com agressividade. Eu queria atacar ela, meu Deus, como eu queria atacar ela. A imaginação começou a tomar conta da minha cabeça e eu já não sabia o que era realidade e o que era imaginação. Foi muito intenso! Um impulso, não sei como isso aconteceu! Quando eu vi, já estava beijando ela. 47 O D E S E J O Depois disso, ela levantou, me puxou pelo braço e me levou para um lugar mais “discreto”. Com o tempo começamos a nos conhecer mais. Ela era realmente uma pessoa sensacional! Indescritível, quanto mais eu conhecia ela mais eu me apaixonava. Ela não morava em Goiânia, no momento estava fazendo um programa de faculdade, onde o aluno passa um semestre em outro estado. Ela morava no Amapá e faltava pouco tempo para ir embora. Foi uma relação leve. Ela era compreensiva e inteligente, tinha muita maturidade, além de ser linda e sensual. Como falar disso? Difícil. Ela tinha uma energia de guerreira. Era uma pessoa correta, boa, amiga, alegre, viva e passava uma energia incrível. Uma pessoa que realmente valeu a pena viver para conhecer. Eu estava realmente amando ela, pois tudo era leve. Eu queria realmente ficar com ela. Fazia perguntas sobre a vida dela para ver se a gente daria certo. Ela respondeu que gostava do curso e estava determinada a concluí-lo. Eu, por outro lado, tinha um escritório e não podia viajar atrás dela. Claro que não comentei isso, simplesmente aceitei o fato dela precisar ir embora, mas no fundo minha vontade era pedir para ela ficar comigo ou eu ir junto. Antes dela ir embora, combinamos de fazer uma tatuagem sobre o sentimento da nossa relação. Tatuamos “gratidão” em tinta roxa, a 48 O D E S E J O cor da espiritualidade, porque nosso encontro não foi só de corpo, foi de alma. Não sei se foi certo deixar ela partir e não ir atrás, mas me sinto como os pescadores do conto que perderam a oportunidade do peixe dourado. Depois desse relacionamento eu segui procurando alguém como ela: inteligente, sensual, compreensiva, madura, ouvinte, forte e delicada. Eu continuei acompanhando a vida dela nos meses seguintes. Ela tinha voltado com a ex- namorada. Fiquei com ciúmes e tranquila ao mesmo tempo, porque pensei que ela estaria bem. Na época eu não tinha percebido, mas hoje eu sei como ter conhecido essa mulher mudou minha vida. Percebi que eu estava errada na minha forma de lidar com as minhas relações. E eu que sempre gostei de mudanças, naquele momento só queria que o tempo parasse e que nada mudasse, para passar o máximo de tempo com ela. 49 O D E S E J O C a p í t u l o 5 – t r a n s m u t a ç ã o VAMOS FALAR DE NEGÓCIOS Em Palmas, a cidade que cresci do Tocantins, usávamos o termo raposa para denominar aquelas pessoas rápidas, sorrateiras que sabem enganar os outros sem que isso gere desconfiança. E eu fui enganada por uma maldita raposa. Em um dia aleatório, no início de 2016, um antigo amigo me mandou mensagem, falando que tinha muitas ideias e que poderia ajudar meu projeto de diversas formas. Como meu foco era o trabalho, dei atenção a ele e viramos sócios. Foi ele quem me fez mudar para Goiânia. Não sabia na época, mas essa decisão trouxe consequências graves para minha vida. Nunca faça o que vou falar a seguir. Eu deixei toda a administração e o financeiro na mão dele. O dinheiro do projeto simplesmente sumia, ele inventava mentiras e desculpas. No início eu não entendia e não percebia o que estava acontecendo. Como estávamos investindo em estruturas eu acreditava nas mentiras dele. O projeto estava bombando e o dinheiro desaparecia, eu trabalhava muito e cada vez recebia menos. Apenas um ano depois eu percebi que ele estava me roubando. Nesse momentotínhamos uma pequena 50 O D E S E J O equipe de 7 pessoas e eu via que nada ia para frente, muito pelo contrário, quanto mais eu trabalhava, pior ficava. Eu entrei em colapso por causa disso. Levei 1 ano para me recuperar financeiramente e emocionalmente. O principal problema de uma situação como essa é que você para totalmente de confiar nos outros e também perde a autoconfiança para fazer novos projetos. Perde a energia vital. Ficar frustrado ou triste é algo que não gera nada de positivo. Um por um. Quem me passa a perna ou ofende minha honra paga na minha lei. Qual lei? O código. Uma pessoa tem todo direito de agir como quer, tem a opção de ser leal ou falso. Mas esta não pode controlar as consequências negativas das suas ações. Quem escolhe as consequências é o traído e não o traidor. O que eu fiz? Vou deixar por conta da sua imaginação. 51 O D E S E J O A TRANSCENDÊNCIA - 1000 HZ Certo dia aconteceu um evento que marcou a minha vida que denominei de transcendência. Eu abri os olhos. Antes eu passava todos os dias buscando abrir o terceiro olho, compreender o mundo espiritual e de repente tudo estava na minha cara. Tive inúmeras conexões e experiências espirituais. Hoje vejo que foi aquele momento onde realmente comecei a minha jornada. Eu não tinha mais medo de nada. Eu me conectei de uma forma com a vida espiritual, que aos poucos comecei a entender tudo ao meu redor. Comecei a entender os fenômenos da vida, a profundidade do espirito e da matéria e a experiência de viver, o que realmente eu sou como ser espiritual. 52 O D E S E J O FAROESTE CABOCLO Em março de 2017 minhas contas foram bloqueadas por conta de uma empresa que minha mãe abriu no meu nome quando eu tinha 12 anos. Sim, eu passei 3 meses sem conta, foi complicado. Nesse período, por alguma intuição, eu sacava todo o meu dinheiro e graças a Deus tinha dinheiro vivo, o que amenizou minha situação. Diante dessa situação, sem contas físicas e com o fim da empresa de Goiânia, não tinha nada que eu pudesse fazer nessa cidade, eu precisava sair de lá. Pensei bem pouco para onde iria; decidi ir para “’Brasiliaaaaaaaa’, nesse país lugar melhor não há...” 53 O D E S E J O ESTOY AQUÍ Depois de chorar um dia inteiro, liguei para o Felipe. O Felipe é meu braço direito, ele é do signo de aquário. Penso que o tempo máximo para sofrer por algo é um único dia. Pesquisas nos dizem que o tempo de luto é 1 mês, mas eu não tinha esse tempo para perder. O Felipe fazia parte da minha equipe, era o melhor. Ele sempre foi genial, dava boas ideias; era discreto e confiável. Um dia um garoto super fofo me enviou um desenho e eu fiquei impressionada com o talento dele. Decidi entrar em contato e disse: “Não sei o que vamos fazer, mas vamos fazer algo”. De lá para cá, fizemos muitas coisas juntos. Nossos pensamentos são complementares, temos uma conexão telepática, eu penso algo e ele fala e faz e vice-versa. Algo impressionante e inexplicável! Na ligação, o Felipe disse que já estava ciente do que tinha acontecido e do rompimento da empresa. Conversamos e decidimos seguir juntos. Então a minha equipe era eu e o Felipe. Brincamos que trabalhávamos por 30 pessoas, rendíamos mais do que a equipe antiga inteira. Logo, eu estava em Brasília, morando em um prédio de alto padrão. Aproveitei esse tempo para fazer contatos com políticos, assessores e pessoas relacionadas a órgãos públicos de relevância. Foi um momento de reconstrução e expansão. 54 O D E S E J O Fizemos aliados e contatos fortes. A ADVOGADA Em 2017, conheci uma mulher linda, imponente, falava firme e tinha uma presença forte. Uma pessoa bem resolvida que sabia o que queria. Libriana. Ela era 5 anos mais velha que eu. Imagina um vendedor que usa PNL, hipnose, gatilhos mentais, persuasão pesada, técnicas mirabolantes de venda... imaginou? Não chega perto do poder de convencimento de uma advogada. Um dia ainda vou descobrir que magia tem nessa retórica. Ela me convenceu a firmar um relacionamento sério. Tínhamos uma coisa em comum muito forte, a ambição. Ela ambicionava ter muito dinheiro e segurança, eu ambicionava a riqueza e posses. Se você ler rápido pode parecer algo próximo, mas é oposto. Dinheiro e Segurança x Riqueza e posses. O dinheiro e a segurança falam sobre a autoproteção, necessidade de se sentir em segurança. Já a riqueza e posses resumem sobre conquista e poder. Conquistar ou preservar? Uma pessoa normal diria que os dois são 55 O D E S E J O importantes obviamente, mas nesse momento, pensávamos profundamente cada uma em uma coisa. Ela queria guardar 100 mil (em investimentos conservadores), já eu queria investir 100 mil (em empresas). Pode parecer algo parecido, mas não é. Eu queria ganhar e gastar, ela queria guardar para ganhar. Parece até um detalhe, uma vírgula na reflexão, mas não. Ela queria controlar o meu dinheiro e isso começou a me incomodar muito. No fim, cada uma teve o que queria: ela saiu com mais dinheiro e eu mais rica. Dinheiro X Riqueza. Qual a diferença entre os dois? O dinheiro é uma face da riqueza e a riqueza financeira é possuir bens materiais. Eu queria investir em uma empresa, ela dizia que eu ia perder dinheiro. Ela queria guardar dinheiro e eu dizia que ela ia perder riqueza. É quase um detalhe, mas que faz toda a diferença. Ela me mostrou o caminho que eu não queria seguir, eu mostrei o caminho que ela não queria e não foi difícil decidir seguir cada uma com o seu próprio caminho. 56 O D E S E J O JESSICA “Eu consigo planejar todo um futuro, do teu lado e parece tão seguro: me envolver, e sentir, e querer.” No final de 2017 conheci a Jessica, estoniana, linda, loira dos olhos azuis. Parecia um anjo, signo: áries. Ela tinha feito uma consulta comigo e teve excelentes resultados. Seguimos conversando como uma amizade e tínhamos muita coisa em comum. Nesse momento ela morava em Berlim na Alemanha. Seguimos sendo amigas e nos aproximamos cada vez mais. Começamos a ter uma grande conexão. Ela me mandava mensagem enquanto eu estava dormindo, devido à diferença de fuso horário, e eu acordava na hora ou sonhava com ela me chamando. Ela viria de visita para o Brasil no fim do ano, me perguntou se eu queria algo da Alemanha, eu falei que sim. Enviei um PDF chamado “lista de produtos.pdf”, mas nele só estava escrito “quero tomar um café com você” em letras bem grandes. Nossa conexão foi tão forte que ela decidiu abandonar sua vida na Alemanha e vir morar comigo no Brasil. Iríamos recomeçar nossas vidas juntas. Ela acabou vindo para o Brasil em dezembro de 2017. 57 O D E S E J O C a p í t u l o 6 – A A r t e da G u e r r a : a e s t r a t é g i a d o a t a q u e s u r p r e s a NEM TUDO SÃO FLORES “Os fãs de hoje são os linchadores de amanhã” Em 2018 eu já tinha pegado raiva do público, dos haters e do YouTube. Acho que 2017 foi o ano mais insuportável da internet, as pessoas eram mal-educadas e sinceramente eu queria encontrá-las na rua e brigar fisicamente. Comecei a odiar ser uma pessoa pública. Percebi que eu não poderia ter apenas uma fonte de renda. Comecei a pesquisar sobre ouro, pedras preciosas e outros itens de alto valor. Aos poucos comecei a colecionar ouro, diamantes, pedras preciosas e isso virou um vício. Eu não sabia, mas foi nesse momento que começou a CrownJoias, que só veio a existir de fato no ano seguinte. Quando a Jessica veio para o Brasil, parei tudo e decidi viver uma vida a dois. Inicialmente foi muito conturbado pela adaptação dela no Brasil (acredite, é um parto voltar para o Brasil). Viver no Brasil não é para iniciantes. 58 O D E S E J O A ARTE DA GUERRA “O conflito, a guerra, tem um único objetivo, a paz” Quando um inimigo invade seu território, por honra você deve cortar a cabeça de todos os soldados em praça pública. Caso contrário, você perde respeito até mesmo dos seus aliados. Alémdisso, novos oponentes começam a aparecer, tendo vista a sua fragilidade territorial. Ao ser atacado, você deve contra-atacar. Para isso é necessário estudar seu oponente, calcular cada passo do opositor. Entender suas estratégias e ferramentas. Caso seu oponente seja mais forte, é necessário se preparar para um ataque surpresa. Quando atacar? O melhor momento para atacar seu inimigo é quando ele acredita que está por cima, quando ele está autoconfiante e satisfeito com seus resultados. Se puder, ajude ele ocultamente a chegar ao topo, usando aliados em comum, até mesmo facilitando recursos materiais. Quanto mais rápido ele achar que está no poder, mais fácil derrotá-lo. “A arrogância precede a queda”, apenas os humildes não ficam arrogantes ao chegar em algum nível de poder. Porém, é raro encontrar um humilde que tenha interesse no poder. Praticamente todos que chegam ao poder se tornam arrogantes e esse é o melhor momento para um ataque surpresa. 59 O D E S E J O O ataque surpresa é uma estratégia muito comum usada em praticamente todas as guerras. Você ataca seu inimigo no auge dele e como você o ajudou a chegar ao “topo”, você sabe todas as fraquezas e suas estratégias. É tão fácil pegar o inimigo no ataque surpresa, como pegar um rato usando uma ratoeira, é só dar a isca certa que ele mesmo vem correndo para a armadilha. DE VOLTA AO DESERTO DAS RAPOSAS “Vejo o futuro no horizonte, do teu povo vem à fonte no coração de quem quer vencer. Te amo, Palmas, e no seio de tuas serras recebeste todos e os fizeste filhos da terra”. Chamávamos Palmas de “o deserto das raposas”, com sua clássica temperatura amena de 40 graus quase todos os dias. No deserto das raposas também tinham cobras, escorpiões, leões e lobos. Sabe, era difícil saber em quem confiar, já que todo mundo parecia ser perigoso de alguma forma. O ano era 2004 e um dia saí do meu mundo encantado dos novos ricos e fui estudar em uma escola pública no fim do plano diretor da cidade. Cheguei na escola com minha bike que custava alguns milhares de reais, roupa nova passada e tênis novo brilhando. Eu era uma anomalia 60 O D E S E J O naquele ambiente e iria sofrer as consequências. Chegando na escola um índio criança me morde, uma mordida desgraçada que sangrou muito e deixou meu braço roxo por vários dias. Depois disso, tomou o meu lanche da minha mão. Com o tempo entendi que a maioria das pessoas daquela escola passavam sérias dificuldades financeiras e esse garoto simplesmente não tinha comida em casa. Eu estava em outro mundo mesmo. Vamos avançar alguns anos. Naquela época o índio tinha uns 8 anos, seu signo era escorpião. Quando cresceu seu apelido virou “Cobra”; ele era calado, se aproximava e atacava de forma imprevisível. A verdade é que ele acabou se tornando uma das pessoas mais perigosas da cidade. Ele ateava fogo no comércio dos outros porque os concorrentes pagavam. O rapaz era um verdadeiro terrorista. Voltando para o tempo da escola, comecei a levar comida da minha casa todo dia para o Índio e para outros colegas que também passavam dificuldades. O Índio era terrível, mas comigo ele virou um amor, sempre que ele me via corria para me abraçar; eu chamava ele de “meu amiguinho”. Ele era engraçado, fingia que não falava português, sempre calado, mas entendia mais que eu. Um dia alguém colocou pó de mico no 61 O D E S E J O ventilador da minha sala e ficamos com coceira durante uma semana. A escola não tinha aulas de história, só se ganhava notas nessa matéria quem capinava o lote atrás da escola. Como sempre, me adaptei. A escola também tinha algumas coisas maravilhosas. Tinha muito foco nos esportes e lá aprendi capoeira. Nessa época era ótimo lutar porque ninguém tinha frescura, diferente das aulinhas que eu tinha nas escolas de rico, onde qualquer coisa os alunos já choravam. Teoricamente o esporte era capoeira, mas na verdade era o antigo “vale tudo”. Na minha sala tinha um aluno repetente, eu tinha 10 anos e ele 15 anos. Certo dia, um outro colega mais velho tomou meu lanche que eu comprei no recreio e eu joguei a minha mesa nele, era assim que as coisas funcionavam por ali. Claro que o “coleguinha” se machucou feio, já o meu colega repetente ficou impressionado. “Puta que pariu, de onde veio isso?”. E a partir daí, começamos uma longa amizade. Vou chamar ele pelo signo, Leão, que virou meu melhor amigo. A história do Leão era complicada. O pai dele tinha sido morto pela polícia, estava em uma situação financeira bem ruim e também tinha vários irmãos. Enfim... você já entendeu. O Leão certamente foi meu primeiro melhor amigo, ajudei ele a passar de ano finalmente, estava a séculos na quinta série. Conversávamos 62 O D E S E J O sobre o mundo e sobre o futuro. Mas algo trágico aconteceu, antes de falar sobre isso, você precisa entender o “terreno”, onde tudo acontecia. O “terreno” é uma lição da Arte da Guerra: você precisa entender o seu terreno, ou seja, o local onde sua batalha acontece. A escola era no fim do plano diretor, se você saísse do plano diretor coisas terríveis aconteciam, como assassinatos e estupros, todo dia alguém levava uma facada na rua. Era crime por tudo, se uma pessoa olhava feio para outra levava uma facada na rua. Nunca vi uma pessoa xingar a outra ali. Todo dia alguém comentava sobre alguém que morreu ou estava no hospital por causa de facada. Na falta do estado a peixeira, um facão grande, era a lei. O Tocantins antigamente era o norte do Goiás, a região mais pobre do estado, que não tinha nada, era só pobreza e miséria. Em 2004, ano da nossa história, Palmas já tinha alguma estrutura, mas essas coisas ainda aconteciam com muita frequência. Detalhe, 90% das crianças dessa escola moravam fora do plano diretor. Era uma área considerada fora da cidade, ou seja, fora da lei, como um faroeste. Certo dia houve um estupro e a menina quase morreu, todo mundo ficou sabendo porque a polícia encontrou a garota quase morta. Essa garota era irmã do meu amigo Leão. 63 O D E S E J O Depois desse dia ele só falava em vingança e matar quem fez isso. Ele foi ficando estranho, cada dia mais estranho e calado. O Leão já tinha 16 e eu 11. Eu saí da escola e continuamos amigos. Anos depois alguns colegas em comum falaram que ele tinha matado um cara e fugido para o Pará ou Maranhão... na verdade ninguém sabia para onde ele tinha ido. Dois anos depois vi o Leão na rua e falei, “Não acredito cara! Que saudade! ”. Ele me chamava de “meu amor” e falou “Meu amor, que bom te ver. Acho que você já sabe o que houve. ” Falei “Não sei, falaram muita coisa, decidi não acreditar em nada.” Então ele me contou. Já fazia um tempo que ele começou a matar os estupradores. Tinham vários naquela época, que ficavam esperando as mulheres passarem fora do plano diretor da cidade. A polícia sabia e gostava disso porque não precisava sujar as mãos. Meu amigo Leão já era matador, mas não profissional. Naquela região é uma profissão comum. Ele queria colocar medo. Um dia um cara sem amor pela vida xingou o meu amigo, falta de juízo. Morreu com 17 facadas no meio de todo mundo, em uma tarde, em dia de semana. Foi um crime de honra. Como era menor de idade não aconteceu muita 64 O D E S E J O coisa. Ele foi para aquelas prisões de menores e depois foi solto, ou seja, os boatos eram falsos e ele não tinha fugido nem viajado para lugar nenhum. Vi meu amigo, fiquei super feliz. Perguntei para ele qual foi a sensação de se vingar. Ele disse que era de boa, mas tinha pesadelos todas as noites. Conversamos por muitas horas, do início da tarde até meia noite, algo assim. Eu fiquei feliz de ver meu amigo e ele se impressionou com o fato de eu não ligar muito para o que ele fez. Anos depois, recebi uma mensagem nas redes sociais, era o advogado do Leão. A conversa: Advogado: Olá, você conhece o Leão? Eu: Sim, porque? Advogado:Ele pediu que você o ajudasse a pagar os honorários advocatícios. Eu: Quanto é? Advogado: R$ 5.000,00 Eu: Me passa a conta. Advogado: Você não quer saber o que houve? Eu: Não, quando ele quiser, ele me conta. Ele acabou saindo da cadeia pela milésima vez poucos meses depois e me ligou. Leão: Oi meu amor! 65 O D E S E J O Eu: Quem é? Leão: Não lembra mais de mim? Eu: Quer me matar de susto seu louco? Leão: Não consigo falar muito, meus créditos vão acabar. Estou ligando para agradecer. Não é bom você ficar falando comigo. Não quero que você saiba muito de mim para não te prejudicar. Só queria saber se você precisa de dinheiro, estou com 100 mil na mão. Eu: Não preciso, obrigada! Fica com Deus! Manda notícias! Certo dia conversei com o amigo do amigo de um amigo. “Você já conheceu esse cara?” Falei que precisava falar com o Leão, por causa de uma situação pessoal que eu precisava resolver. Um detalhe: a maioria dos meus amigos daquela época viraram policiais, bandidos e advogados. Todos continuaram tomando cerveja juntos, como velhos amigos. No ano de 2017 recebi uma visita pedindo para eu encontrar meu velho amigo em Goiânia. Tinha um encontro às 15:00 com o Leão. Era o início da minha estratégia, ataque surpresa. Leão: Carol? Como você está linda! Eu: Quase não te conheci, tá bem, hein! Leão: Tô livre, Carol, um homem livre. Totalmente livre! 66 O D E S E J O Eu: Pode conversar de boa? Leão: Posso, estou livre mesmo. Sem dívidas com a justiça. Eu: Como está a sua vida? Leão: Estou bem, no Pará, sabe como é. Ganhei um garimpo de ouro em troca de um serviço. Eu: Tá rico né, safado!? Você tá indo para a academia? Leão: Que nada, é cadeia, só tem isso para fazer. Eu: Tô com um problema, por isso mandei te chamar. Leão: O que aconteceu? Eu: Um cara da internet fez uns vídeos me ofendendo. Leão: A honra, eu sei. Quer que eu mate ele? Eu: Não sei, na verdade queria saber sua opinião. Leão: Explica isso ai! Eu: Eu sinto muita raiva, o cara sempre ofende os outros e nada acontece com esse filho da puta. Quero fazer com as minhas próprias mãos. Leão: Não precisa se sujar com isso, deixa que eu faço, vai ser um prazer. 67 O D E S E J O Eu: Na verdade, eu quero saber outra coisa. Se sua raiva passou depois que você se vingou. Leão: Sim e não. Sinto que a raiva saiu de mim, mas vem outra coisa no lugar. Eu: Sinceramente eu quero acabar com ele em público, na frente de todo mundo. Leão: Em público? Na rua? Eu: Não, ao vivo, em vídeo. Leão: Por que isso? Não entendi... Eu: Me ofendeu em público, vai pagar em público. Um por um. A falta de juízo mata o homem. Leão: Agora eu entendi, de boa, tá certa. Faria o mesmo. Tocantins, né. Eu: Só tenho medo da lei. Leão: Carol não entendo de lei, só de matar mesmo. Não sei o que dizer. Eu: Sem problemas. Eu vou resolver. Leão: Você não precisa fazer isso. Se você quiser eu mato ele ou coloco um camarada para resolver isso, não se suja com essa merda. Esse filho da puta vai acabar destruindo sua vida. Eu: Quero que todos saibam que fui eu. Leão: Isso é loucura! Vai virar matadora agora? 68 O D E S E J O Eu: Ainda não sei. O CÓDIGO CROWN: A Lealdade Entenda o código e sempre terá aliados. O código da lealdade é a lealdade. Uma vez que as pessoas reconhecem você como leal, sua vida fica bem mais fácil. No fundo, todos querem confiar em alguém, mas a maioria das pessoas são falsas e superficiais. É do nosso instinto animal precisar confiar, ter parceiros, pessoas que nos protegem e que são protegidas por nós. Queremos confiar, isso é natural. Uma vez que você é leal, a pior pessoa do mundo e a melhor pessoa do mundo vão confiar em você. Não é sobre o outro, é sobre você. A lealdade conquista os bons e os maus. De tudo que eu vi na vida, acredito que a lealdade seja uma das poucas coisas que agrada a gregos e troianos. Até uma cobra é amável quando se sente em segurança, o leão é dócil e o escorpião confiável. Todos querem confiar, poucos são confiáveis. The Crown Code 69 O D E S E J O O ALPHA “Nós dois temos os mesmos defeitos. Sabemos tudo a nosso respeito. Somos suspeitos de um crime perfeito, mas crimes perfeitos não deixam suspeitos.” Eu tinha 16 anos. Um amigo me apresentou um rapaz. Vou chamá-lo de Tigre pelas características desse animal. É bonito, inteligente, rápido, predador e principalmente acima de tudo, o tigre é estratégico. Tem até um ótimo livro chamado “A estratégia do olho do Tigre”, vale a pena ler. Eu estava no ponto de encontro onde sempre via meus amigos e chegou o Tigre. Um cara muito bonito, parecia aqueles bad boys de filme americano, um cara alto, forte, loiro dos olhos azuis. Ele começou fazendo mil e uma perguntas, e eu, um pouco desconfiada, só queria saber “Quem é esse intrometido que pergunta mais que a boca?”. Nunca gostei de responder muitas perguntas. Diante daquele bombardeio de perguntas, respondi “Estou em um interrogatório e não fui informada?”. Por algum motivo ele achou isso muito divertido e continuou puxando assunto. Como não dei muita moral, ele começou a querer aparecer para os outros. Comecei a analisar esse cara que nunca tinha visto antes: ele estava com camisa e calça social, cabelo arrumado e tênis de skatista. 70 O D E S E J O Não precisei fazer perguntas, os meus amigos que se interessaram por ele fizeram esse trabalho por mim. Ele começou a falar da vida dele, comentando que estava saindo da aula, era por volta de 20h, ele estudava direito e estava no último ano. Visivelmente um cara extremamente forte fisicamente, alto e inteligente. Ele tinha uma retórica perfeita e amava chamar atenção. Meus amigos ficaram muito impressionados com ele por ser muito bonito. Até hoje nunca mais vi um homem tão bonito quanto o Tigre. Então os dias seguintes ele aparecia no nosso grupo de amigos, todos os dias. Começou a me levar presentes e falava que ia casar comigo, mesmo sem eu ter dado nenhuma moral para ele. Todas as garotas davam em cima dele e os viados também. Ele era o Alpha. Incomodava os outros caras, era visível uma mistura de inveja e admiração dos outros rapazes. O vocabulário dele era impecável, era animado e tinha uma energia bem solar, um aquariano com ascendente em leão. Começamos a ficar amigos, cada vez mais amigos. Ele afirmava com toda certeza que iria casar comigo. Eu não entendi que palhaçada era aquela, já que eu não tinha o menor interesse em ter uma relação com ele. Começamos a estreitar nossa relação, ao 71 O D E S E J O ponto que saíamos juntos, só eu e ele, mas não ficávamos e nem nada. Passou os meses e ele não ficava com ninguém. Eu seguia minha vida normalmente, até que um dia ele insistiu muito para ficar comigo, disse que merecia uma chance, passou horas dando vários argumentos. Se um dia algum advogado quiser te convencer de algo, saia de perto, porque esses malditos sempre conseguem. Certo dia estávamos correndo de carro a quase 200 km por hora e ele começou a falar que se eu ficasse com ele faria tudo que eu quisesse, que iria ser meu escravo e iria fazer tudo que eu mandasse. Enfim, eu caí na conversa. Advogados são piores que vendedores. Começamos a ter uma amizade colorida, mas já no início não estava muito legal para mim. Sinceramente não conseguia ver futuro, pois nunca me imaginei com um cara, casada e dona de casa. Essa proposta realmente era frustrante para mim. Ele falava que queria casar comigo e ter filhos e isso me deixava cada vez mais estranha sobre essa relação. A verdade é que ele era perfeito para mim, o único problema era que eu nunca gostei de homem e por isso, infelizmente, não consegui corresponder o sentimento que ele tinha por mim. Mas nossa amizade ficava cada vez mais forte. Segundo ele éramos ricos amaldiçoados, falava 72 O D E S E J O que éramos iguais, e ele estava certo. Isso virou uma piada interna. O Tigre iria se formar em direito naquele ano eme chamou para começarmos uma vida juntos. Eu morava sozinha e ele também, não suportávamos nossa família. Nossa vida parecia um conto de fadas para quem estava de fora, mas a realidade era diferente. Conversávamos sobre sonhos e sobre o futuro. Ele perguntou qual era meu sonho, eu falei que queria ter uma empresa, mas eu não sabia bem do que. Quando perguntei sobre o sonho dele, ele disse que queria ser juiz. Pouco tempo depois terminamos. Na verdade, eu terminei com ele. Não daria certo aquela relação. Só esperei ele se formar na faculdade porque sabia que isso poderia gerar muita instabilidade emocional, fazendo com que ele desistisse do curso. Ele já estava por um fio da faculdade, então esperei a hora certa. Quando ele se formou, terminamos. Ele não falou nada e se mudou para o Rio de Janeiro, fiquei sabendo disso por um amigo. Os anos passaram e em 2015 se tornou Juiz. Fiquei sabendo por pessoas distantes. Enviei uma mensagem dando os parabéns pela conquista e voltamos a nos falar com conversas breves e a mesma intimidade. Ficamos distantes por anos, e em 2017 pedi a ele um conselho. Ele me convidou para ir ao Rio 73 O D E S E J O de Janeiro passar um fim de semana. Fui, fiquei em Copacabana na casa dele, saímos, tudo era como antes, como se o tempo tivesse parado, nada mudou. Conheci um grupo de amigos dele em um jantar privado, entre promotores e juízes. Todo mundo queria saber do seu mapa astral, todos fizeram consulta astrológica comigo nos dias seguintes. De volta à casa dele, conversamos sobre o tema e falei da minha situação. Obviamente, que para criar a estratégia do ataque surpresa, é preciso ter um planejamento de gestão de riscos, para que ao executar a estratégia, tenhamos o mínimo possível de danos. Eu: Tem um rato me atacando na internet, eu quero em me vingar. À moda Tocantins. Sabe como é né? Tigre: Sei quem é esse cara. Se for fazer, faz “direito”. Não cai na casca de banana. Tá cheio de processos nas costas. Já li alguns contra ele. Esse aí não vale nada. Eu: Como eu consigo fazer em público, ao vivo, sem ter problemas? Tigre: Vai ser algo prejudicial de qualquer forma, mas tem um jeito de resolver, pelo menos dentro da lei. Eu: Como? 74 O D E S E J O Tigre: Faça um contrato, inventa uma historinha, uma luta, rivalidade, qualquer firula e cria um acidente. Por exemplo, um mata-leão, um golpe na cabeça. Segura o golpe mais tempo, ataca um ponto vital, tem várias formas “sem querer”. Eu: Deixa eu ver se entendi. Tipo, fazer ele assinar um contrato para lutar comigo e acabar com ele no “acidente”? Tigre: Isso. Faça ele assinar o contrato. Não faz nada sem o contrato. Se fizer como eu estou falando, pode ficar tranquila, no máximo vai gerar uma polêmica na mídia. “O Cara morreu numa luta, por acidente”. Aí você fala que não era sua intenção, inventa uma desculpinha. Aquela velha conversa fiada. Eu: E na justiça? Isso que me preocupa. Tigre: Ela está do seu lado. Só faça “direito”. Eu: Entendi. E se algo acontecer? E se o juiz entender que eu fiz de propósito? Tigre: Você recorre eternamente. Como juiz, garanto que você pode dormir tranquila. Obrigada meu amor. 75 O D E S E J O O QUE É A JUSTIÇA? Entre meus melhores amigos há um juiz e um justiceiro. Quem é mais certo? Quem é mais errado? Quem pode julgar? É errado fazer justiça com as próprias mãos? A justiça dentro da lei é mesmo justa? E seu eu o processasse, o que eu ganharia com isso? Nada. Quem determina o que é justo? Só quem viveu a injustiça tem o direito de julgar. O MOTIVO No ano de 2018 desacelerei.Durante a minha história na internet eu nunca havia ofendido ninguém ou falado mal de alguém, mas como eu decidi resolver as pendências, ainda tinha algo que me perturbava que deveria ser resolvido. Certa vez o rato, Felipe Neto, atacando e ofendendo os astrólogos, revidei, fiz um vídeo falando algumas verdades sobre “um vagabundo que ganha dinheiro falando mal dos outros”. Ele postou um print do meu vídeo em sua página de rede social borrando o nome do meu canal. Criando uma falsa narrativa de que eu estava atacando ele, quando na verdade ele que mexeu com quem estava quieto. E ainda fez lives atacando diretamente a mim. 76 O D E S E J O Isso aconteceu em 2016, porém no momento, eu não tinha tempo de dar atenção a essa ratazana, mas em 2018 eu tirei “férias”. Então, decidi responder. Minha resposta: A VINGANÇA! Em vídeo, chamei ele para uma briga em um octógono, onde caso ele participasse da luta ganharia o prêmio de R$ 1.000.000,00. Bastava assinar o contrato. Você assinaria? Resultado: Felipe Neto, fugiu da luta, como um rato covarde que ele é! Ficou com medo, com razão, eu teria finalizado o assunto com as minhas próprias mãos. Depois do contra-ataque, a ratazana começou a andar com guardas armados e carros blindados. (Risos)! Quem não deve, não teme. É, 2018 foi um ano intenso. A HONRA O nosso código de conduta deve ser forte o suficiente para se defender de injustiças. Evite fazer o mal aos outros e principalmente que os outros façam o mal a você. Caso a situação tenha saído do controle, só a guerra irá equilibrar. A guerra é um instrumento da paz. Ter honra é respeitar a si mesmo. 77 O D E S E J O A MÍDIA “Eles querem te vender. Eles querem te comprar. Querem te matar (a sede). Eles querem te sedar” Eu não queria viver uma vida sendo atacada pelos ratos da mídia. Onde já se viu um rato querer brigar com um lobo? Percebi que eu estava errada. A mídia é para os ratos, os negócios são para os lobos. A partir desse momento houve um grande rompimento para mim sobre a mídia e a internet. Quando entrei, não esperava que existisse tanta gente mau-caráter que usava essa estratégia suja de atacar os outros como conteúdo do seu canal, coisa que não é exclusiva da internet. A TV sempre fez isso e acredite, muitos famosos e canais no Brasil cresceram fazendo isso e hoje pagam de bons moços. Decidi voltar àquele sonho lá atrás, de quando eu olhava a revista da FORBES e sonhava em ser empresária. 78 O D E S E J O C a p í t u l o 7 – O S S E G R E D O S D E D E U S Se você me perguntar o que eu tenho, diria que não tenho nada. Apenas sou guardiã das coisas de Deus. Tudo o que para os olhos dos homens são meus bens materiais, nada mais é, do que eu cuidando das posses de Deus. Tudo é de Deus, sua vida, minha vida, os animais, a Terra, os mares, o ar, tudo o que se encontra debaixo do sol e acima do sol pertence ao Senhor. Tudo está nas mãos de Deus. Nenhuma folha de uma árvore pode cair sem a Sua permissão. Deus dá sabedoria e riqueza a quem O procura. O Senhor faz de nós, filhos e filhas do Grande Rei, verdadeiros Reis e Rainhas na Terra. Quem nos dá a coroa se não o próprio Senhor? O Rei dos Reis, Rei do universo, Rei da criação. Quem melhor do que o Senhor dos Exércitos para conceder a nós a vitória sobre nossos inimigos? Ele mesmo os destrói com suas próprias mãos. O Senhor é tão bom que nos protege do mal, nos dá força nos momentos difíceis. E nos dá certeza em momentos de dúvida. 79 O D E S E J O Deus é tão justo que dá a cada um aquilo que merece. O Senhor é bom, nos perdoa, mesmo quando somos maus. Deus é bom o tempo todo. “Filho, sem intimidade comigo não há como tu vencer! Sem dobrar os seus joelhos e na madrugada me buscar, sem examinar as escrituras não há como descobrir os segredos que tenho para você (...) Mas sondei seu coração e vi desejo de adorar. Foi pensando então que decidi me revelar. E lhe mostrar alguns segredos para uma vida de vitória e de conquista” -Prioridades, Midian Lima CROWNJOIAS Eu não sabia por onde começar, então comecei comprando 50 mil reais de pedras preciosas. Entrei com a Jessica para um curso de ourivesaria e minha vida começou a mudar de rumo. Tudo voltava a fazer sentido. Trabalhamos todo o restante do ano de 2018 estruturando os detalhes da marca e nossos objetivos.
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