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Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 2 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO A HISTÓRIA DE UM C R I S T Ã O D I V O R C I A D O 1ª EDIÇÃO Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 3 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO ESTA OBRA ESTA DEVIDAMENTE PROTEGIDA NAS INSTITUIÇÕES QUE REGULAMENTAM OS DIREITOS AUTORAIS SOB PENAIS LEGAIS DAS LEIS QUE REGEM A LEI DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS AUTORIAS TODOS OS DIREITOS RESERVADOS E PROTEGIDOS PELA LEI 9.610 DE 19/02/1998 É EXPRESSAMENTE PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL, POR QUAISQUER MEIOS (ELETRÔNICOS, MECÂNICOS, FOTOGRÁFICOS, GRAVAÇÃO E OUTROS) SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO, POR ESCRITO, DO AUTOR Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 4 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO Clique aqui e participe do nosso Instagram Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 https://www.instagram.com/cristaodivorciado/ https://www.instagram.com/cristaodivorciado/ https://www.instagram.com/cristaodivorciado/ https://www.instagram.com/cristaodivorciado/ https://www.instagram.com/cristaodivorciado/ https://www.instagram.com/cristaodivorciado/ 5 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO Sinopse Durante anos da minha vida, e talvez os mais perversos, sempre pensava comigo o quanto seria bom ter um amigo ou um conhecido, ou talvez nem tudo isso, para ao menos compartilhar a sua história comigo, saber que eu não era o único, que existiam mais pessoas no mesmo barco que eu e que sofria o tanto o quanto eu e que pudesse me dar uma mão, ou talvez apenas o ouvido para entender minhas angustias e realidades que passei a ter após uma série de erros que cometi (e cometeram) comigo e que me levaram à um casamento fracassado desde o começo, mas que fiquei 20 anos por conta dos meus Orgulhos, Co-dependências e Religiosidades Um pastor aqui, um irmão na fé ali, um amigo e as vezes até irmão de sangue, mas todos religiosamente RELIGIOSOS à uma doutrina fadada, pesada e que penalizava a mim e dificultava meu progresso como um ser humano (profissional, espiritual e sentimental) Como eu descobri essa série de erros? Como eu me enxerguei no fundo do poço? Como eu fiz o movimento de sair desse poço? Como eu dei a volta por cima, após ter passado por cima de tantos pensamentos, atitudes, religiosidades e anomalias de um ser humano totalmente moldado pelo sistema religioso arcaico? Te convido a entrar numa viagem, onde o trem passara por lugares obscuros, selvagens, turbulentos e insanos, e as vezes tranquilo, e você terá o privilégio de ir na janelinha desse trem. Abrirei meu coração e partilharei minha experiencia. Serei o seu amigo, ou colega, bom aquele cara que eu pensei em ter um dia quando não havia ninguém comigo, mas que agora me disponho a te dar minha mão Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 6 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO Índice 1. Prefácio – Dan Peter 7 2. Introdução 9 3. Como tudo começou – Infância e adolescência 14 4. Caminhando para um lugar bem longe de mim 24 5. Juntos, mas felizes? 29 6. É a luz da saída do túnel ou um trem que vem vindo? 39 7. Do fundo do poço ao inferno 49 8. Viva, sol nasceu e é amarelo (será mesmo?) 85 9. Sim, o Sol é amarelo! 93 10. Uma ferramenta indispensável no meu caminho 96 11. Inventário – O solo sagrado – Dia “D” 98 12. A Limerência 101 13. Orgulho positivo 105 14. Se perdoe 107 15. Última estação, troque de linha e comece uma nova viagem (a sua) 111 16. Inspirações e indicações 114 17. Bônus: Dinâmica do seu livro que começa aqui 118 18. Teste do Eneagrama 120 Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 7 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO 1. Prefácio – Dan Peter Esse é um livro sobre esperança! Esperança é o que você irá experimentar ao conhecer a história de vida de George. A beleza das histórias de vida é que elas nos mostram que não estamos sozinhos. Começamos a perceber que as dores e angustias que sentimos fazem parte da vida de outras pessoas também. E é um alívio saber disso Mas a coisa mais maravilhosa é vermos que existe uma saída e que mudar de vida é possível. Não precisamos ficar repetindo os mesmos erros do passado. A bíblia ensina que Deus é um especialista em transformar pessoas e a história do George, comprova isso Eu conheci o George no programa celebrando a recuperação que ele menciona no livro. Fizemos juntos o grupo de passos, que consiste de reuniões de partilhas e desabafos que acontecem nas segundas-feiras à noite. Eu era o líder do grupo e durante 14 meses caminhamos juntos em busca da transformação pessoal E tudo começou com o primeiro passo fundamental: Parar com a negação. O primeiro passo é admitirmos nossos problemas, feridas e comportamentos destrutivos e que perdemos o controle sobre eles. A história de vida do George revela como é difícil darmos esse primeiro passo e admitirmos que precisamos da ajuda de Deus e das pessoas Geralmente só damos esse passo quando chegamos ao fundo do poço. E o George relata como ele chegou, não apenas ao fundo do poço, mas um pouco mais além, num sentimento de estar vivendo num verdadeiro inferno O mais incrível porém, é que ele não chegou lá por ser uma homem mau, um louco ou por viver uma vida sem limites. Chegou lá por ser Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 8 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO um codependente emocional e por causa de uma religiosidade desequilibrada. Geralmente os codependentes são pessoas boas e que se preocupam com os outros. Só que essa bondade vai se desequilibrando e a pessoa começa a ter dificuldades para dizer não e por limites. Por causa da “bondade desequilibrada” a pessoa deixa os outros abusarem dela. E isso se torna uma bomba relógio emocional que um dia explode! Assim como ele, eu também sou um codependente emocional e também sofri muito com as questões da religiosidade. Me identifiquei com várias atitudes, comportamentos e crises que ele relata ao longo de sua história e tenho certeza que você também se identificará. Se você sofre porque não consegue dizer não e porque tem uma enorme necessidade de agradar as pessoas, leia esse livro. Se você sofre por que outras pessoas fazem você de “gato e sapato” e você não sabe como se libertar disso, leia esse livro. Se você sofre porque está se sacrificando pelas pessoas, mas elas não valorizam seus esforços, leia esse livro. Se você sofre porque, apesar de seus esforços, você sente que seu cônjuge está cada vez mais distante de você, leia esse livro. Aqui você não encontrará apenas um amigo com o qual você se identificará na dor. Aqui você encontrará a certeza de que é possível sair do fundo do poço e começar uma nova fase de vida onde, como ele diz, “sim, o sol é amarelo”! Deixo com você um texto das escrituras que muito inspirou o George: “Porque há esperança para a árvore que, se for cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos. Se envelhecer na terra a sua raiz, e o seu tronco morrer no pó, ao cheiro das águas brotará, e dará ramos como uma planta”. (Jó 14:7-9) Boa leitura! Dan Peter Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP010161762917319 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO 2. Introdução Antes que você pense que esse livro seja um conselho pra você tomar uma atitude, seja de divorciar ou de continuar seu casamento, já vou avisando que não é. Ou que você pense que estou tentando convencer alguém de manipular ou colocar coisas em sua cabeça para ir contra qualquer princípio, seja ele moral, espiritual, religioso. Também não é Esse livro traz um depoimento emocionante da minha trajetória de vida, e em especial, a história do meu casamento, onde somente eu e talvez poucas pessoas puderam pisar no solo sagrado da minha vida, coração e intimidade, para ajudar, mas que no final, toda e qualquer atitude e movimento tiveram que partir absolutamente de mim Poderiam vir “os dez mil anjos” dizendo o que era pra ser feito de verdade, se eu não estivesse pronto e disposto a fazer, todo conselho seria em vão Então, não pense que esse livro vai te colocar numa situação confortável. A intenção principal desse livro é compartilhar minha história e a partir daí, causar em você leitor, uma reflexão sobre as suas atitudes, o que o faz feliz ou infeliz. Te lembrar que todo o sentimento que você possui, é por inteira responsabilidade sua, sim, você é o único responsável por tudo que acontece em sua vida, e que se você quiser, pode ou não mudar todas as situações, sejam pra melhor ou pra pior, você sempre decidirá isso Falar de relacionamento conjugal, é entrar em um terreno absolutamente sagrado, íntimo e pessoal, onde cada um tem sua experiencia pessoal consigo, com o outro e com o conjunto que forma o casal, além de filhos, família e amigos, que de alguma forma fazem parte, não do relacionamento íntimo, mas das relações próximas e que de alguma forma acabam interferindo Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 10 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO involuntariamente (ou não dependendo da situação), para o bem ou para o mal Cristão Divorciado é um título forte, chamativo, apelativo e talvez pejorativo, se analisarmos a palavra “cristão” a grosso modo de como ela sai da boca de alguém e chega aos nossos ouvidos. Tenho quase certeza que todos aqui um dia já foi criticado e se sentiu mal por pronunciar que era “cristão”, talvez por conta de uma sociedade maldosa, maliciosa, cheia de preconceitos e que de alguma forma quer denegrir a imagem do cristão, como se ele não fosse um ser humano como qualquer outro, que erra, peca e está sujeito à todas as situações que o mundo e cotidiano nos coloca. Mas se analisarmos friamente a palavra “cristão” por vias religiosas, saberemos que nós cristãos, estamos vivendo uma época em que líderes de igrejas e “responsáveis por um rebanho” (lembrando mais uma vez que eu sou responsável por mim e minhas atitudes) estão cada vez mais perdidos em suas falas/atitudes, focando em primeiro lugar aos seus interesses pessoais e das suas instituições e organizações, deixando de lado o que Cristo tanto pregou: “O Amor” Cristão Divorciado, traz uma linda história de vida e superação, traz a minha história, e como ela desenrolou, após uma série de crenças negativas e erradas, atitudes machista e orgulhosa, medos e traumas, co-dependências e carenciais emocionais, baixa autoestima, soberbas, manipulações, indiferenças, atitudes premeditadas e barganhas vergonhosas, inseguranças e ciúmes, falta de assertividade, falta de confiança em mim e em Deus, e talvez uma certa ingenuidade, me colocaram em situações horripilantes, indignas e desumanas Como deixei que todos esses pecados listados acima me fizessem um ser humano muito abaixo do que aquilo que o meu Pai queria de mim? Ele queria que eu fosse o seu filho amado, que me sentisse amado por Ele, que toda e qualquer circunstancias da vida, não me afastasse do Seu Amor, mas que me aproximasse Dele e para Ele deveria ter dado toda Honra e Glória, sim, parecia que era isso que Ele queria pra mim. Mas e eu? O que eu queria de mim? O que eu Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 11 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO estava disposto a fazer por mim? Infelizmente, não tive a sorte em que muitas pessoas tem, logo ao identificar um problema e já descobrir a solução, sim, isso é quase que ganhar na loteria, porque evita muitos sofrimentos e dores Demorou pra eu perceber que precisava de ajuda, mas quando “essa ficha caiu”, mergulhei numa busca quase que insana, pois de alguma forma, precisava me ver livre dessa relação toxica e abusiva. E até ter a consciência de que a responsabilidade era toda minha, demorou alguns anos, mas que foram anos que de alguma forma me trouxeram experiencias positivas e que hoje, ainda com a mesma consciência, me remetem ao pensamento de que devo estar em alerta e saber quais são os gatilhos mentais que me levaram, e ainda podem me levar, a esses comportamentos Existe uma expressão que muita gente fala quando chega em condições desumanas e de indignidade que é: “estou no fundo do poço”. Porem o que vou relatar nesse livro, é que fui além desse fundo, e o único lugar que me vejo abaixo do fundo do poço é nada mais que o “inferno”. Sim, minha vida chegou nesse lugar, mesmo sem muita gente saber, até mesmo eu não sabia que já estava lá, mas quando me dei conta já tinha passado do atoleiro do poço para o inferno Se pedissem para descreverem o inferno, muita gente usaria a figura de uma imagem cheia de fogo, gente gritando de dor, uma agitação de pessoas inquietas e te perturbando. Mas o inferno que visitei foi vazio, frio, solitário, escuro e sem cor, um lugar onde não se vê gente, um lugar onde eu não ouvia som, um silencio que chega a zumbir o ouvido, onde o medo, a insegurança, a indignidade e a falta de paz em meu espirito me faziam pensar que dali eu não sairia, que teria que se acostumar com o vazio e o cheiro de esgoto que corria pelas narinas a ponto de causar dores. Quando você realmente se dá conta de que ninguém virá para te buscar desse inferno, bate aquela angustia e profundo sentimento de querer desistir da vida, porem de alguma forma, encontramos forças para “pensar”, pois nem ao menos gemer você consegue mais, de tantas Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 12 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO lágrimas derramadas, quase que em vão. Essa força que você de alguma forma arruma para pensar em uma oração e pedido de socorro à Deus, chega na hora em que seu corpo, espirito e alma não suportam mais um único passo nesse lugar. Daí numa noite dessas sombrias e em que você já se acostumou com o frio, você sente uma mão em suas costas dizendo: “Olha o sol que tenho pra você nesta manhã” Organizei a sequência desse livro a partir de uma ordem cronológica temporal de acontecimentos, porem em alguns trechos dele, irei voltar ou talvez adiantar (prever) os acontecimentos Os nomes usados aqui serão trocados em respeito à privacidade de todos os envolvidos, inclusive eu mesmo, porem te garanto que todos eles são reais e humanos, passiveis de erros e acertos, que de alguma forma entraram e saíram da minha vida, uns de forma sutil, outros de forma drástica, porem eram o que tinham, não os culpo por nada, apenas oro e emano um desejo de muita paz e que sejam felizes, do fundo do meu coração. Não há nada melhor do que a paz que conquistamos através de nossos esforços e atitudes, aliados ao incrível Poder e Amor Transformador de Deus Nos próximos capítulos, você irá adentrar numa viagem em que fara comigo, lado a lado, e nessa viagem que faremos, não haverá bilhete de volta, é somente de ida, porque a vida não volta, ela segue, sempre seguiu, mesmo que você se sinta parado e estático nas suas atitudes, sua vida segue, ela segue parada, mas segue. Talvez não movimentar sua vida pra algo melhor seja a opção única que você tem nesse momento, mas um dia vocêfara o movimento, a não ser que a morte o impeça, pelo contrário, chegara o dia em que a bonança ira chegar, o dia em que o mar estará calmo. Quando esse dia chegar, você poderá olhar para traz, ver e rever os seus passos, assim como farei com você aqui nessa viagem Peço que se sinta à vontade comigo, seremos dois amigos nessa viagem, se quiser parar algum momento para descansar e refletir naquilo que o motivou a parar a leitura, fique à vontade. E pra Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 13 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO terminar peço a você, que me acompanhara nessa viagem, o mais puro e sincero respeito por minha história de vida, ela é linda e não há nada que me faça achar o contrário. Quero sentir tanto respeito por cada palavra aqui, que possivelmente, você se conseguir manter essa postura, poderá me chamar de amigo, sim o amigo que eu um dia procurei e não tive. Isso te permitirá ser um coadjuvante da minha história, você vai perceber que se tornará meu amigo Aperte o cinto, vamos para o primeiro trecho dessa linda e inesquecível viagem Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 14 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO 3. Como tudo começou – Infância e adolescência Sou o filho mais novo de uma família de onze irmãos, uma família grande e com culturas nordestinas. Sou da Cidade de Bela Cruz, um município que faz parte do litoral do Estado do Ceará (Brasil), onde até os 6 anos fiquei ali, num bairro muito pobre da periferia, onde meus pais tinham um pequeno comercio e lutavam para o sustento da família As lembranças que tenho dessa época são poucas e me esforcei muito para lembrar de fatos que ficaram quase apagados na minha memória Por conta da correria dos meus pais pela manutenção familiar, meu contato com meu pai sempre foi um pouco mais distante nessa época. Já com a minha mãe a relação era mais próxima e afetiva, e como eu era o caçula, tinha os privilégios e olhares dela e minha irmã Ester, que sempre foi uma grande irmã e amiga, cuidadosa e atenciosa, em todos as épocas da minha vida. Talvez essa minha irmã tenha sido mais cuidadosa do que minha própria mãe, me dando atenção e sempre me olhando praticamente como um filho dela (talvez porque ela nunca teve um filho). Ela teve e ainda tem esse olhar por mim, além de ser uma característica dela, de se expressar com atitudes e gestos de amor para todos que se aproximam dela, seja por um dia ou por anos Bom, acabo de me surpreender aqui, percebi o quanto escrevi de minha irmã, e da minha mãe quase nada, isso não significa que ela não me deu carinho. Minha mãe sempre foi muito presente em minha vida, porém com o olhar responsável de ter que me levar a igreja, ser um cristão obediente, cuidar da minha fé em Deus e buscar ser uma pessoa fiel à Ele Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 15 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO Aos seis anos vim morar no Rio de Janeiro, pois meu pai juntamente com a tropa toda, vieram buscar uma vida melhor e digna. Coisa que aconteceu com muita luta e trabalho, pois chegando no Rio, meu pai foi trabalhar como feirante nas feiras de bairros do Rio onde envolveu meus irmãos nessa atividade Eu adorava ir à feira ajudar aos fins de semana e também ir ao Ceasa (lugar onde os feirantes compravam seus produtos para revenderem nas feiras). Sempre gostei de ajudar meu pai e irmãos nos afazeres da feira, pois me sentia útil e feliz em estar com eles Numa dessas idas ao Ceasa, meu irmão Paulo me pediu para esperar ele enquanto ia fazer alguma coisa, e ali fiquei, olhando o movimento frenético dos carregadores, caminhões, gritarias dos vendedores e pessoas correndo pra lá e pra cá, quando de repente, um desses carrinhos de puxar à mão, carregado com caixas de limão exageradamente, não suportou o peso da carga e desprendeu uma de suas das rodas. Todo o carregamento veio abaixo caindo tudo para o lado onde eu estava. O acidente foi tão grave que uma das pontas das caixas de limão pegou a minha boca arrancando 4 dentes imediatamente com o choque Ainda meio sem saber o que tinha acontecido, e com muitas dores, acordei deitado no chão com várias pessoas em cima de mim, procurando saber quem eu era, o que eu fazia ali e quem estava comigo. Me lembro de dizer que estava com meu irmão e logo eles saíram procurando Paulo. Fui levado para o hospital onde fizeram o reimplante dos mesmos dentes que caíram Esse episódio me trouxe traumas, não de dor física, mas de bulling pelos meus colegas de escola e até família, pois além de eu usar óculos por conta do estrabismo que tinha, agora eu tinha os dentes que foram reimplantados de qualquer forma, tortos e que me deixavam com a boca deformada e dicção comprometida Nessa época (1984), não se falava de bulling e praticamente toda e qualquer brincadeira de mal gosto era bem vinda, ou se faziam vista grossa. Tínhamos de suportar os maiorais e sabichões que nos Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 16 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO oprimiam, enquanto uma outra turma ria e concordavam com esses caras que possivelmente, não faziam ideia do mal que causavam. Divertido? Por hora sim, mas sempre por parte do abusador, deixando o abusado sempre abaixo da linha do respeito Além de sofrer no mundo externo, na minha casa, tinha minha irmã caçula Camila que também se aproveitou dos meus defeitos físicos para tirar uma casquinha dessa zoação A falta de atenção dos meus pais e meus irmãos mais velhos quanto à essa questão era praticamente total. Me sentia exposto e o “feio”, pois era tratado como o “vesgo banguelo” durante alguns anos da minha vida Numa ocasião do casamento de um irmão meu, que me pediram para eu tirar os óculos para uma foto (os óculos corrigiam o estrabismo) e ao tirar, todos gritaram e riram: “NOSSA ELE É VESGO!!!” Esse episódio me trouxe tanta revolta e vergonha de mim, que no mesmo dia me vinguei ficando com quase 100% do dinheiro que arrecadaram dos pedaços da gravata do noivo. Após essa foto, eu desapareci de cena, ficando chorando por alguns minutos num canto de um quarto escuro, onde ali não fui visto por ninguém além de Deus. E um detalhe importante mencionar aqui, o dia desse casamento também foi o dia do meu aniversário, foi o único dia em que não recebi os parabéns de ninguém em toda a minha vida, pois todos nesse dia estavam ocupados e concentrados no casamento do meu irmão Foi um dia estranho e que infelizmente carrego comigo como um dia triste e solitário, pois a falta de atenção das pessoas que me amavam foi maior do que talvez qualquer outro dia da minha vida, “até então” Esses episódios e sentimentos que eu tinha, foram fatores importantes para somatizar e trazer para anos mais tarde em minha vida Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 17 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO Minha mãe me levava para o “Grupo de Oração”, onde senhoras ficavam ajoelhadas por 2 a 3 longas horas, e que para mim parecia que estava ajoelhado a anos, pois não podia me levantar e sentar um pouco, tinha que acompanhar as orações de joelhos, enquanto era vigiado pela minha mãe que em vez em quando dizia: “Você não está orando, volte já”. Daí eu voltava a orar, uma oração decorada, que por anos eu repeti e por causa dessa repetição, sei ela até hoje Minha mãe me colocava para ler a bíblia e pedia para eu decorar alguns versículos, dizia que era importante eu ter alguns versículos decorados pois podia precisar recitá-los em algum momento de apuro Todos os dias, fazíamos o “Culto Doméstico” onde liamos a Bíblia, a lição da Escola Dominical, as vezes algum louvor da Harpa Cristã e sempre fechava comuma oração feita pelo meu pai, ou pela minha mãe e raramente por algum dos meus irmãos Via que tudo aquilo era decorado, as orações, a leitura da escola dominical, e que parece que estávamos cumprindo um ritual em que se não fizéssemos, o nosso dia seria de alguma forma amaldiçoado. Pra mim, era essa sensação que eu tinha e mediante essas informações que se implantavam na minha cabeça, achava que Deus estava sempre de olho em mim e que me vigiava 24 horas por dia, então eu precisava andar na linha ou estava enrascado com Ele Um outro episódio que posso falar aqui, é que não podíamos ter televisão na nossa casa, então toda a informação que tínhamos de notícia e entretenimento que a TV trazia era feita pelo rádio. Tudo por conta da religiosidade, pois “ter televisão era pecado”. Então, essa ideia/desculpa foi usada por anos. Passei minha infância sem saber o que era desenho animado, a não ser quando ia na casa de alguém que tinha a TV. Às vezes, queria ir na casa dessas pessoas apenas pra assistir um pouco os desenhos e programas infantis, pelo contrário, tinha que me contentar com o rádio mesmo Havia um programa que eu ouvia escondido dos meus pais chamado “Maré Mansa”. Era o tipo de programa que trazia piadas e Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 18 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO que ia ao ar apenas de segunda feira a noite, e que eu esperava ansioso Meu pai sempre foi muito envolvido com a igreja e sempre fez um papel muito amoroso de aconselhar as pessoas e ajuda-las na sua caminhada de fé e vida pessoal Ele foi convidado para pastorear uma pequena igreja num bairro vizinho ao nosso, e junto com ele foi a nossa família toda, praticamente enchendo o salão da igreja. Quando chegamos nessa igreja, percebemos que era uma igreja que tinha passado por um descuido do último dirigente de lá. O salão era mal cuidado e pingava água na cabeça das pessoas quando chovia, os bancos e espaço físico estavam bem descuidados. Meu pai logo se encarregou de cuidar de tudo isso, e logo a igreja estava parecendo um “brinco de princesa”. Ele chamou naquela época um músico que viria ser um divisor de águas pra mim (sem eu saber). Desde pequeno, meus ouvidos sempre foram muito bem apurados e percebia os sons com muita facilidade. Como meus irmãos tocavam violão, logo eu aprendi por conta própria os acordes, além da flauta doce que aprendi rapidamente a tocar várias melodias Quando criança, eu dizia a todos que queria ser piloto de avião ou músico. O destino se encarregou de confirmar a música em minha vida. O gosto por voar e pelo avião continuam aqui, mas não mais como profissão, e sim como admirador dessas máquinas O Ismael foi um músico que entrou pra amizade da família e que colaborou muito conosco naquela época. Ele já trabalhava em gravadoras e produzia alguns artistas da época, coisa que era raro em nosso meio, um contato assim. Logo eu me dediquei a ficar grudado ao Ismael em todos os cultos, olhando seus dedos e como ele encaixava cada acorde nos teclados Em um domingo a tarde de ensaio do grupo de louvor, pedi pro Ismael deixar eu tocar no seu teclado no intervalo do ensaio e pra surpresa de todos, ele fez uma declaração que se cumpriria futuramente: “Esse menino tem futuro”. Ouvir isso do Ismael pra Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 19 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO mim foi sensacional, primeiro porque ele era autoridade no assunto, segundo que era um sonho meu que estava guardado e que até então, ninguém sabia muito a respeito Passado algum tempo depois, ele me emprestou o teclado para ficar uma semana comigo, e quase pirei, pois não queria ir pra escola, não queria almoçar. Naqueles dias a única coisa que me fazia valer a pena viver era estar na frente do teclado, sem exageros. Quase queimei a fonte do instrumento por excesso do tempo de uso Quando devolvi o teclado, já sabia todos os acordes maiores e menores. Sabia as levadas rítmicas e dedilhados. E estava pronto pra tocar na igreja, mas aí veio a notícia de que meu pai deixaria aquela igreja. Não me entristeci, pelo contrário, passei a me dedicar a estudar mais ainda, ao voltarmos pra igreja que já frequentava antes. La tinha um maestro e uma banda de instrumentos de sopro e que davam aulas de música para os interessados Logo entrei para a classe de alunos iniciantes junto com pelo menos mais uns 30 alunos, membros da igreja, e que no final de um ano, só sobrou eu de aluno. As aulas eram aos sábados das 16h as 18h e logo a galera deixaria seus sábados livres pra fazer o que bem entendiam, ao invés de fazerem música. O Maestro logo se chateou com essas desistências, mas antes de me abandonar, deixou uma tutora responsável por continuar a me dar as aulas. Essa professora me tratou com tanto carinho e respeito que tenho tanto amor por ela que possivelmente ela não faz ideia disso. Como o esforço e colaboração dela me ajudaram e me transformou no profissional que sou hoje Só tenho a agradecer a Deus por essa professora, pois as horas de aulas dedicadas aos sábados à tarde apenas para um garoto tímido e que mal se comunicava (esse era eu) foram muito importantes pra os meus próximos 40... 50.... 60 .... 70.... 80..... 90..... anos de vida (ao escrever esse livro tenho exatos 44) Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 20 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO Essa época eu tinha 11 anos e não pude concluir as últimas lições que a professora tinha proposto me dar por conta de ter que ajudar meu pai aos finais de semana na construção da nossa primeira casa própria no Rio. Lembro-me que íamos e voltávamos a pé para essa construção que ficava à mais de 8km, e quando estávamos muito cansados, pegávamos um ônibus que demorava séculos pra chegar. As vezes com as ferramentas de trabalho de construção em mãos Esses anos foram bem difíceis, porque logo que a casa ficou em ponto de podermos entrar pra dentro (sem terminar os acabamentos) nos mudamos e mais uma vez meu sonho de tocar na banda da igreja foi frustrado. Toquei por um período de 3 meses e todos adoravam, pois a minha dedicação era tamanha que eu era praticamente o Spalla (músico que substitui o maestro em muitas ocasiões e preparos de uma orquestra) da banda marcial. Em um desses ensaios, recebi um elogio do maestro pela minha disciplina e velocidade que tinha aprendido a tocar quase todos os instrumentos de sopro, e que não era comum para a idade de um menino de 11/12 anos. Estava feliz por ver que a música era uma ferramenta poderosa em minhas mãos Quando nos mudamos para essa casa, eu tinha 12 anos e não tinha noção do que essa mudança iria causar em minha vida. Mas antes de falar dessa mudança, quero dizer que logo que chegamos, fomos ao culto da igreja e o louvor era precário, não tinha músicos bons, era tudo muito amador e relaxado. Meu irmão Paulo era um dos músicos que se esforçava e quando me viu sentado no banco, me chamou pra assumir o contrabaixo. Eu que nunca tinha pego um contrabaixo em minha vida, estava com ele nas minhas mãos e em 5 minutos o culto iria começar. Pra minha surpresa e do meu irmão que possivelmente estava ciente do que estava fazendo, esses 5 minutos foram o suficiente para eu saber onde estavam as notas, saber que a afinação era a mesma do violão (já que tinha um em casa e eu tocava ele) e conhecer a escala Desse dia em diante passei a integrar a equipe de louvor dessa nova igreja, e tocava de tudo, guitarra, baixo e violão (acredite, não podia Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 21 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO ter bateria porque na visão do ministério e lideres dessa denominação, a bateria era um “instrumento mundano” – não sei o que é isso até hoje) Minha vida secular era bem ao contráriodo que todos viam, ou que pelo menos eu mostrava ser. Eu era um pouco rebelde e começava a ter amizades na escola que me dava um certo “poder”, pois comecei a ter uma postura de me impor para as coisas. O fato de eu ser tímido me incomodava e me lembro do dia em que tive a coragem de mandar um bilhete para uma menina de outra sala, sem nunca ter conversado com ela, e pra resumir aqui o mico, ela jogou o bilhete na minha cara na saída da escola e na frente de todos os meus amigos Esse episódio, pelo contrário do que a maioria pode imaginar do que senti, me deu empoderamento, pois a partir dali, passei a me impor e saber os potenciais que tinha como garoto (agora já com 14 anos) Todos falavam da Martha, uma aluna linda da nossa classe e que todos os meninos admiravam como a menina mais bela da sala, e talvez até da escola, pois ela era elogiada por todos. Um dia, eu deixei escapar em voz alta na sala, naqueles momentos em que todos se calam e sobra a sua fala: “Eu não acho a Martha tão bonita assim”. Já era, tinha falado, e não iria voltar atrás. Ela me olhou e a minha reação foi levantar os ombros no sinal de: “conforme-se, essa é minha opinião” Inconformada, ela passou a me seguir e forçou uma amizade comigo apenas para no final rolar uns beijos. Pronto, ela estava feliz em saber que o único cara que não a achava bonita já tinha voltado atrás e a beijado. Ela mesmo se encarregou de falar para todos da sala que tinha rolado os tais beijos e logo meus amigos passaram a me admirar questionando-me sobre o que eu tinha feito para ter ficado com Martha. Esse episódio me trouxe muitas informações precoces sobre as meninas/mulheres, além de um certo empoderamento masculino que passou a fazer parte da minha vida Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 22 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO No ano seguinte passei a estudar a noite em outra escola, pois havia arrumado um emprego formal como Office-boy, e lembro de ter voltado um dia na escola que deixei meus amigos no ano anterior e quando todos me viram, logo correram pra vir falar comigo. Todos me olhavam e me ouviam com as mãos no queixo, como se estivem ouvindo um guru. Eu estava ciente que minha postura e jeito de falar eram armas poderosas pra manipular o que eu queria (tendo as informações formatadas em minha cabeça citadas acima). Apenas um olhar as vezes já me davam todos os poderes que precisava para ter o que eu queria. Nesse mesmo dia, a tal menina que jogara o bilhete em minha cara na saída da escola, me convidou para sairmos, e fui enfático em dar o troco engasgado: “Não tenho interesse”. Coisas de adolescente Nessa mesma época, estava já a pleno vapor nas atividades musicais. Tinha recebido um convite para trabalhar como freelancer numa gravadora de uma grande igreja, que me traria mais experiencias musicais. Participei de alguns discos e gravei vários cantores de nomes pequenos e que me trouxeram uma bagagem musical impagável. Não aprenderia em escola de música ou conservatório nenhum aquilo que estava praticando no meu dia-a- dia As compras dos meus primeiros equipamentos foram bem complicado, pois o salário que recebia no emprego como Office-Boy era muito pouco e equipamentos de áudio são muito caros Gravei um disco inteiro apenas usando fitas cassete em um 3 em 1 (som que tinha toca disco, AM/FM e toca fitas duplo-deck). Era precário, mas tudo aquilo teria um valor inimaginável pro meu futuro e eu nem sabia disso, até porque mesmo com a música sendo muito presente em minha vida, eu ainda achava que seria piloto de avião, por isso, não olhava com tanta fé pra musica Lembro-me de sair de um culto muito especial com um final de semana agitado na igreja (quando a igreja/templo fazia aniversário Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 23 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO da sua inauguração, ficávamos um final de semana em festa, com cultos e convidados especiais). E minha irmã Camila juntamente com a minha mãe cochicharam: “ela está de olho nele” (referindo- se a mim), pra me provocar uma reação de curiosidade. Não liguei e fui dormir. Na verdade, nada estava me fazendo tão bem quanto a música e não tinha interesse em gastar minhas energias naquilo que não era atraído pelos meus próprios olhos Porém, os comentários começaram a aumentar e logo percebi de quem era a pessoa que todos estavam falando. Olha como ela olha pra você, ela é uma bela menina, o que você acha? Minha mãe era a principal incentivadora, e que logo se colocou à disposição daquela garota que tinha uma mistura de inocência, ingenuidade e segredos. Bom, segredos pra mim sempre foram uma coisa instigante e logo comecei a despertar um interesse em me aproximar Ela sempre esteve ali, sentada no banco dos adolescentes/jovens, mas somente agora eu à via com outros olhos. Somente agora eu tive um olhar pra essa menina que estava ficando cada vez mais na minha cabeça. Estranho, logo eu que não estava a fim de nada, a não ser a música. Estava com minha cabeça fixada numa pessoa, uma menina, que quando me olhava, devorava meus pensamentos e quase levava meu folego. Comecei a me aproximar aos poucos. Sim, tomei coragem a dar um passo para a pessoa que mudaria o destino da minha vida e história. Seu nome: Cristina. Opa, mas como assim? A Cristina? Você é doido? Terá coragem de enfrentar a fera que vem na frente dela? Como assim? O tempo se encarregou de mostrar pra mim, mesmo eu não querendo olhar, quem eram essas feras que vinham no combo Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 24 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO 4. Caminhando para um lugar bem longe de mim Já se passara 3 meses desde o dia em que tomei a decisão de falar com Cristina, e começar um jogo adolescente de olhares, quando vindo de um culto de uma igreja que fomos visitar a tarde, eu a pedi em namoro. Embora ambos (era nítido) já estavam apaixonados, ela ainda resolveu dizer que ia pensar e que iria me responder em uma semana. Dizia precisar de um tempo pra pensar. “Ok, eu topo” – disse para ela E assim foi, na semana seguinte, eu tinha certeza absoluta que a resposta era sim (sem ego inflado), e fomos para mais um culto, dessa vez com a companhia do pai dela que dirigia a sua Kombi e que de vez em quando, olhava para o espelho retrovisor para “vigiar” a filha. É claro que ele tem razão (pensei eu), sem saber que esse controle era algo que mudaria (possivelmente) a personalidade de Cristina e rumo das coisas. Digo isso com um sentimento de indignação, pois os anos que se passaram foram mostrando o que um pai rígido e religioso era capaz de fazer (Cristina tinha 2 irmãs e um irmão, sendo ela a segunda filha dos 4) Não quero estender essa parte da minha vida, mas preciso pontuar alguns acontecimentos aqui Quando eu e Cristina começamos a namorar, eu tinha 17 anos e ela 14, a diferença de nossas idades eram de 3 anos e meio Nossos pais eram muito amigos. Meu pai ia praticamente quase todos os dias na venda do pai da Cristina para umas prosas (ele possuía uma espécie de mercadinho, daqueles que tem um pouco de tudo). Eles eram muitos amigos, porém com personalidades bem opostas Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 25 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO Nossas mães eram mais parecidas, elas foram líderes do grupo de oração na igreja que frequentava. Mas mantinham menos contato, a não ser o compromisso religioso Quando decidimos namorar e assumir publicamente, não houveram oposições dos pais da Cristina e muito menos da minha família, porém, por conta do controle visível do pai dela, eu mantinha uma certa distância saudável, sempre que possível, pois o medo de Cristina era visível quando ele estavapor perto Isso fez com que logo começassem nossos encontros às escondidas, não por querer fazer algo errado, mas simplesmente para estarmos longe do olhar julgador e controlador dele, e de alguma forma, deixar Cristina menos tensa A falta de contato mais humano e a intimidação dele, fez com que a distância aumentasse e mal pude conhecer Cristina no seu dia-a- dia, pois não haviam contatos mais íntimos. Um almoço em família, um passeio de mãos dadas, nada disso era permitido ou viável pra nós, tudo tinha que ser sobre o olhar dele. As únicas vezes que nos encontrávamos eram nos cultos, saídas com o grupo de jovens nos evangelismos que fazíamos, ensaios ou as escondidas (quando ela faltava na sua escola as escondidas do pai) Ele era o líder da Escola Bíblica Dominical, e tinha um bom discurso, porem a prática em casa era oposta Foram muitas as vezes que soube que Cristina e sua irmã não iriam ao culto, pois ambas estavam “roxas” de surras dadas pelo pai. A violência era constante. Cristina nunca se abriu comigo sobre esse assunto e procurei respeitar, pois deveria ser dolorido pra ela ter que falar isso do próprio pai Terminamos algumas vezes, por conta dessa falta de contato. Eu me sentia um pouco prezo para seguir um namoro tão controlado pelo pai dela. Acabei conhecendo outras garotas que tinham uma liberdade muito maior que Cristina, mas no final, meu coração Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 26 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO apontava para ela, eu não tinha dúvida que um dia estaríamos casados, e o tempo se encarregou de provar Passaram-se 3 anos, eu com 21 anos e Cristina com 18, após muitas idas e vindas minha e de Cristina, mais por conta do pai do que necessariamente por nossa. Pois ele começou a grosseiramente causar desconfortos e constrangimentos que me fizeram ficar afastado de sua casa. Porém, sempre que possível, dávamos um jeito de nos ver. Numa noite de sexta feira, eu e Cristina resolvemos nos encontrar em algum Shopping da cidade (as escondidas mais uma vez) após já estarmos acostumados a driblar com facilidade o controle do pai dela. Já de volta e estacionando o carro na garagem (morávamos próximos) e dali ela iria a pé pra sua casa, sem eu é claro, para não dar a cara a tapa. Quando eu recebi um BIP da minha irmã com a mensagem: “corra pra cá com Cristina que o pai dela já está sabendo que ela está com você e está muito bravo” Não sabia como e nem me interessava saber como ele soube, mas resolvi ligar o carro e leva-la até sua casa, não suportaria mais uma surra que Cristina levaria por seu pai, quando antes mesmo de eu frear o carro na calçada da sua casa, ele abriu a porta do meu carro e arrancou Cristina de dentro. Eu também desci e era nítido o olhar desesperador de Cristina, e dessa vez seria mais humilhante ainda, pois eu estava em sua frente vendo aqueles abusos, ela se sentiu humilhada e exposta Eu o enfrentei dizendo para ele que se ele “encostasse a mão nela” chamaria a polícia. Estava disposto a enfrentar, e ele “pareceu” também estar, não dando ouvidos, começou o espancamento já dentro de sua casa. Não pude entrar na casa para tentar defende-la, pois ele havia trancado o portão, e com isso não pensei 2 vezes, acionei a polícia e gritei alto pra ele ouvir: “chamei a polícia pra você” e corri pra minha casa para pedir um apoio dos meus pais Quando voltei (sem meus pais, pois se sentiram mal com a situação) ele já não estava em casa e saiu para se esconder na casa de um Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 27 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO amigo enquanto a polícia já na porta da casa dele, fazia um interrogatório para mim, Cristina e sua mãe, que se manteve ali também acuada e desesperada por tudo que estava acontecendo Ninguém antes tinha interferido dessa forma. Talvez isso o motivava a manter sua tradição violenta de tratar as pessoas, pois a grosseria não acontecia só com Cristina e sua família. As vezes ele extrapolava com alguém de fora também Enquanto a polícia terminava o interrogatório e se organizava já para ir embora com minha queixa, fiz uma proposta para Cristina que mudaria o rumo das nossas vidas daquele dia em diante: “ou casamos ou nunca mais nos vemos, não quero que você passe por isso nunca mais” E a resposta dela foi imediata: “vamos nos casar” E aí pra resumir a história, 45 dias depois, estávamos na frente do juiz, casando Eu tinha um bom emprego e umas reservas, e pude alugar uma casa (que era da minha irmã Irene) e mobiliar por completo, mesmo que nas pressas Nosso casamento foi simples, apenas no cartório, onde compareceram meus pais, a mãe da Cristina e sua irmã mais nova, duas irmãs minha e seus esposos (como testemunhas), o Juiz e o escrivão Cristina não quis avisar nem ao pai sobre o dia do casamento. Ela não avisaria por dois motivos: estava extremamente magoada e não queria estragar o dia, caso ele resolvesse fazer algo Um detalhe de absoluta importância: Cristina casava-se grávida, e descobriu isso poucos dias antes do casamento Não avisamos ninguém desse fato e infelizmente narrarei agora o fato mais triste da minha vida, pois ela decidiu abortar, não mais pelo medo do seu pai, mas muito possível, para manter a aparência Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 28 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO religiosa que fomos condicionados a nos aparecer, pelo menos eu pensava isso. Falo isso com indignação profunda Infelizmente, financiei o aborto, pois não era barato. E o preço viria, ah sim, ele viria. Não tínhamos ideia que ele viria, mas veio, e com ele um gosto de infelicidade e desamor Lembro-me e estar na recepção da clínica, aguardando o procedimento, quando lá vem Cristina no corredor, sendo amparada pela enfermeira. O aborto é um ato violento não só para o feto, mas para a mulher que o faz, pois é arrancado de si um ser vivo que tem suas ligações desligadas ao corpo da mulher. Um ato tão violento quanto arrancar os membros superiores e inferiores de uma pessoa, tudo ao mesmo tempo. Ou algo ainda mais violento. Dá pra ter uma ideia? Não, não dá Não existem sobreviventes para relatar a ideia da dor, por isso, quero aqui encerrar este capitulo, implorando o perdão de Deus, por financiar tal ato e permitir que meu orgulho e descaso com o próximo (esse ser celestial que apenas queria ser minha filha) chegasse a ser colocado em prática Se existe algo em minha vida que pudesse corrigir seria este fato. Infelizmente não há o que fazer, apenas seguir a vida com essa marca amarga e dolorosa que eu tenho que lembrar e saber que mesmo assim, Deus me ama e que sou um filho amado Dele e que para Ele, esse ser voltou sem nenhuma chance de defesa, não pode ao menos chorar, de mãos atadas, voltou para os céus, onde foi recebida com as maiores honrarias que um ser celestial possa ter Perdão Senhor, perdão aos meus filhos aqui hoje comigo, perdão a minha família, perdão por Cristina, que de alguma forma não pude convence-la a não fazer esse ato ou ter o entendimento necessário para não o fazer. Perdão a esse ser celestial que a mim foi me dado a honra de ser pai, porem eu não tive a capacidade de enfrentar meu orgulho e cegueira religiosa Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 29 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO 5. Juntos, mas felizes? Após o casamento, fomos para nossa “lua de mel” de uma semana, passeando pelo litoral carioca e algumas cidades do interior, sem nada programado, pois não houve tempo para tal. Mas estávamos aliviados e sabíamos que agora poderíamos seguir sem se esconder de ninguém ou ter que prestar contas para alguém Cristina, gravida, passou mal toda a viagem e assim que voltamos fomos praticar o ato relatado no final do últimocapítulo Eu trabalhava em uma empresa que me pagava um bom salário e Cristina estava desempregada. Eu podia manter as despesas apenas com o meu salário, e deixei Cristina a vontade de procurar um emprego no ano seguinte (era novembro e não havia necessidade ao nosso ver de uma correria). Aliás, ela precisava terminar o ensino médio, pra se ter uma ideia de como éramos novos. Pois ela estava em seu último ano escolar Cristina terminou os estudos no mês seguinte e agora estava totalmente livre para nossa vida conjugal (pensava eu) e logo passei a me dedicar a nossas vidas e rotina. Chegava em casa do trabalho, e lá estava Cristina me esperando, assistindo seus filmes prediletos que ela alugava numa locadora do bairro, sentada no sofá e eu aqui em pé na sua frente querendo ser recebido como uma esposa recebe o marido quando chega do trabalho e, para minha surpresa e frustação, Cristina nem tirava os olhos da TV Ok, pensava eu, ela está tão à vontade que está vivendo livre agora para ser ela. “Haverão dias que ela vai cair de queixo por mim” e assim começou sutilmente a minha saga de co- dependência emocional (sem fazer ideia na época o que era isso) Mas os dias foram se passando e Cristina cada vez mais grudada no sofá e em seus interesses. Eu chegava do meu trabalho e nada, havia sim uma janta, mas ela já havia jantado e nem me esperado. Haviam Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 30 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO noites maravilhosas, mas sempre preparadas por mim. Faz isso, faz aquilo, sempre um pedido meu, quase uma solicitação burocrática, e quase nenhum movimento espontâneo dela Meus ombros deram uma pequena abaixada, um sentimento de “será que fiz a coisa certa? Mas vamos lá, afinal, foi eu quem a tirei de sua casa (ou ela foi “expulsa” pelo pai e veio parar aqui na minha casa?)”. De alguma forma, éramos novos e pensava comigo “haverá esse dia, será uma questão de tempo e ela irá se acostumar e me dar o carinho e amor que mereço” Mas os dias se passavam e os movimentos dela eram os mesmos Comecei a entrar numa paranoia de querer ser notado, até ter a patética ideia de começar a provocar umas “faltas de ar” como se estivesse passando mal mesmo. Tenho vergonha de lembrar desses dias, pois nem eu e muito menos Cristina entendera o que foi aquilo. Mesmo assim, Cristina não me via com um olhar de carinho e a demonstração de amor dela não era a que eu pensava que iria receber de uma mulher que se dizia ser minha esposa Ela não me amava? Não era amor? Era carência? Essas perguntas sempre me incomodavam, eu queria uma resposta para tudo aquilo Sempre falei pra ela que aprendemos a nos amar no decorrer dos anos que se passariam, porem começamos um casamento com o “pé esquerdo” (?) e não houveram interferência de ninguém para nos orientar e muito menos fomos procurar ajuda Naquela época (1997/1998), procurar um psicólogo ou uma terapia de casal era quase nula. Primeiro porque não se falava muito disso em nossas casas e segundo que nossos orgulhos e religiosidades em que fomos condicionados não nos permitiram abrir os nossos olhos para tal Hoje penso o quanto teríamos poupados nossas vidas, dores e sofrimentos se tivéssemos ao menos as informações que temos hoje. Estou falando da internet, dos livros e todo o tipo de Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 31 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO informação e material que nos é dado de graça hoje e que naquela época, era caro e raro No ano seguinte, tive a ideia de montarmos um negócio próprio, e fomos procurar algo e logo optamos por assumir uma loja de cosméticos do bairro vizinho que morávamos E já vou confessar o meu pecado aqui: A compra desse negócio não tinham a ver com a preocupação de futuro profissional, e sim, com a minha co-dependência de estar próximo de Cristina Havia algo errado em mim, uma falta de mim mesmo, uma carência afetiva, uma necessidade de aprovação social, mas que eu achava que era o outro que iria suprir Quando não enxergamos isso como problemas nossos, temos a tendência rápida de acharmos um culpado e é claro que eu iria culpar Cristina, era cômodo e fácil, e logo passei a “cobrar” dela as minhas carências Aqui quero fazer uma observação importante e talvez sensata Seria muito fácil julgar minhas carências e emoções negativas, porem quando você se casa ou namora alguém que você realmente gosta, é muito claro que você esperará algo de volta. Um afeto, um cuidado, um carinho e um movimento no mínimo, é esperado do outro quando se dá amor O que não pode haver é uma comparação de quantidade. Eu dou tanto e preciso receber tanto. Não, isso é mesquinho e barganha Falo de você se sentir valorizado pelo aquilo que você representa para o outro, com movimentos voluntários de ambos e sem a tal barganha. Se não for assim, tudo que fizermos virará moeda de troca, cobranças e abusos das partes ou da parte que pensa assim e esse relacionamento estará fadado ao fracasso se eu não identificar e procurar resolver definitivamente Seguindo minha vida nessas condições, comecei a desenvolver, mesmo que sutilmente, uma necessidade leve de ser notado, Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 32 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO esperava uma reciprocidade. Ora, é saudável esperarmos algo bom de quem estamos amando, e extremamente amargo o fato de não haver, os danos podem levar a destinos horríveis e obscuros Logo que assumimos a loja, percebi que o negócio não era tão lucrativo assim como prometeram os antigos sócios e logo vieram algumas dificuldades financeiras. E pra piorar, o bairro onde a loja atendia, era uma periferia e infelizmente fomos assaltados a mão armada algumas vezes Começamos a diminuir nosso ritmo de gastos e não sobrava mais nada a não ser o dinheiro pra se manter e pagar as contas, mas mesmo assim, me sentia feliz e ainda esperançoso de melhores dias A casa onde morávamos era alugada e a proprietária era minha irmã. E com a chegada das dívidas e os negócios indo mal, infelizmente fomos convidados a sair do imóvel após 3 meses de atraso. Orientados pela imobiliária responsável a sair, pois infelizmente minha irmã não quis negociação com os atrasos e pediu a imobiliária que emitisse um aviso de despejo. Penso que isso não seria necessário, mas não quis prolongar o assunto, já que estava bem chateado com a decisão dela, tratei de entregar o imóvel e procurar um outro que coubesse a loja e a nossa moradia, e não foi difícil achar. Nos mudamos em condições bem precárias, pois não havia dinheiro nem pra fazer a mudança, e um vizinho me ajudou na mudança um dia e no outro dia fiz a mudança da loja que ficava na mesma praça do imóvel (loja) anterior Essa época foi a mais profunda em dividas que já passamos, isso gerou uma certa união em mim e na Cristina, onde juntamos nossas forças e concentramos nosso suor e trabalho pra quitar a todos com dignidade e sair dessa situação Nessa época, minha carreira musical estava deixada de lado, apenas tocava em uma banda gospel que não fez muito sucesso, e logo tratei de sair. Estávamos afastados da igreja e senti vontade de voltar e procuramos uma igreja no bairro que me chamava a atenção e ali ficamos por algum tempo Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 33 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO Assim que cheguei na igreja, já assumi o louvor, mas muito tímido, não queria me envolver muito, mas não tinha jeito, o pessoal acabava me levando na conversa e eu permitia e lá ia eu Uma certa vez, um cliente da loja me ouviu tocando o teclado (pois morávamos em cima da loja) e ele era um musico que atuava nas noites sertaneja carioca e logo fizemos amizades. Ele me pediu para dar umas aulas pra ele do instrumento, e para minhasurpresa, comecei a aumentar a turma de alunos, e logo já estava sendo uma forma de melhorar nosso salário, já que a loja não ia tão bem Comecei a me envolver com as bandas e duplas sertanejas da região e a tocar em alguns lugares na cidade (por indicação desse meu aluno) e logo percebi que poderia estar no caminho certo Minha prospecção musical em 1999 tomou outro rumo e nos anos de 2000 estava eu já regendo 5 corais de escolas da região, após muitos estudos com amigos regentes e maestros que conheci Ainda em 1999 descobrimos a gravides do Felipe e ficamos muito empolgados, porem a partir da gravidez dela, resolvemos mudar mais uma vez de ponto e irmos para um ponto melhor e maior, para tentar alavancar a loja Nos mudamos para a casa de meus pais e ficamos ali por um ano. Meu filho Felipe nasceu, me trazendo um acalanto e um respirar momentâneo e diferente no relacionamento naquela época Vendemos a loja com algumas dividas. Cristina não ia muito na loja, e eu estava disposto a me desfazer do negócio e começar do zero, embora eu já estava me dedicando à regência de corais e a cada dia que se passava, ganhava mais experiencias e só crescia como musico profissional Nos mudamos de novo para num bairro extremamente distante de todos, na periferia de Belford Roxo. Agora Cristina já trabalhando como vendedora de loja de vestuário e eu como musico e produtor musical, trabalhando em alguns estúdios que me chamavam para gravar. Estávamos nos recuperando financeiramente. Essa época Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 34 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO foi barra pesada em questão de dificuldades financeiras, pois além das dívidas que ficaram da loja, eu estava começando minha carreira musical e Cristina num novo emprego, além do Felipe que agora com um ano, precisava de nossos cuidados, mas estávamos felizes, mesmo com as dificuldades financeiras, estávamos vendo pela primeira vez um crescimento e com a expectativa mais positiva A loja havia deixado uma marca e trauma em nós. Os assaltos que sofremos foram violentos e por conta disso não queríamos voltar tão cedo pra um negócio próprio Mas e meu coração? Como estava se saindo como marido? Como eu administrava a casa, família e casamento? Na verdade, nada mudara nessa área. Cristina não era acostumada a dar carinhos e atenção como eu esperava, até porque sua criação parecia ter sido assim, e ao perceber isso, comecei a me adaptar e a aceitar as condições quando assumi ser seu marido, mas ainda no fundo do meu coração, esperava uma mudança da parte dela, e sempre que possível, mas sempre mesmo, pontuava pra ela, e isso a deixava muito irritada a ponto de me chamar de “o eterno insatisfeito”. De alguma forma Cristina se esforçava sim para me dar o que eu queria, ela só não se esforçava para saber “exatamente” o que eu queria ou talvez nunca olhou pra isso como um problema. Com isso, meu coração a cada dia que passava se entristecia e eu entrava numa angustia profunda de querer ser visto e aprovado Um dia falei pra ela: “haverá um dia em que eu não te cobrarei mais nada, possivelmente esse dia eu não te amarei mais”. Palavras fortes e que o tempo se encarregou de provar Antes de nos mudar para esse apartamento distante, ainda na casa do meus pais, fui procurar a igreja da mesma denominação que íamos e logo achei, após um amigo me indicar um endereço. Chegando lá, fomos muito bem recebidos, e novamente eu me envolvi como musico, assumindo o louvor instrumental e regendo a banda de louvor. Mas foi apenas por um ano. Logo veio a mudança Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 35 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO pra esse bairro mais longe e não pudemos manter o compromisso de irmos para essa igreja Após estarmos já a seis meses nesse apartamento, as dívidas da loja acabaram por total, e vieram mais convites para reger mais corais e Cristina indo bem nas vendas da loja onde trabalhava A convite do pastor da igreja que tínhamos deixado, voltamos para o bairro onde sempre moramos e daí em diante a coisa só melhorou em termos profissionais. Foram épocas de crescimento e aprendizado Eu estava a todo o vapor regendo os corais, ganhando um salário razoavelmente bom para um musico iniciante e regente como eu. Além de estar bem envolvido com o ministério de louvor da igreja, Deus estava me abençoando e sentia a sua mão comigo, mesmo eu em casa sofrendo as consequências de um marido amargurado e infeliz. Não sentia reciprocidade por parte de Cristina, era algo frio e distante por parte dela e por algumas vezes achava realmente que ela não me amava, chegando a dizer pra ela essas palavras, e que ela rebatia dizendo que amava sim e que eu que não percebia Não procurei ajuda pra resolver isso em mim, na verdade, o meu orgulho era tão grande que não achava que eu tinha problemas, achava que era Cristina que não me dava o amor que eu merecia, e ela sim, era o problema Bom, poderia até ser mesmo que Cristina não fosse a mulher que eu tanto esperei, mas porque eu também não me enxergava? Porque não procurei ajuda? Seja com pais, amigos ou mesmo um profissional A verdade é que nunca percebi que eu tinha problemas profundos e que precisava de ajuda, mas de alguma forma e sutil, negava-os e empurrava-os para debaixo do tapete Cresci ouvindo que para eu conseguir algo, tinha que me dedicar a obra, ser um bom marido, um bom pai. E é claro que busquei tudo isso, até porque é saudável. Só que quando se trata de você se Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 36 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO cuidar, o movimento tem que ser somente seu e que se não fizer, ninguém o fará, podem haver ajudas de outros, em te mostrar os caminhos e se você quiser pode seguir ou não, mas que tem que ser você, ah sim, isso não muda, tem que ser você Nesta igreja que eu frequentava, não se falava de psicólogos, terapias, ajuda clinica profissional, apenas se falava de Deus e das coisas que tínhamos que fazer para termos uma vida saudável aqui e que se pecasse ou “saísse dos trilhos” eu teria um preço a pagar Me lembro de ter ido com Cristina em um retiro de casais em que passamos 2 dias num hotel fazenda onde se pregou para casais como se estivéssemos em um evento evangelístico e não para casais. Não se falou das dificuldades de um casal, das falhas, dos erros, dos acertos e de como trilhar um caminho saudável. E aí? O que eu faço com esse monte de informação no meu casamento que precisa de ajuda? Cristina não permitia que ninguém nos aconselhasse, para ela era importante mantermos a aparência de um casal feliz e que qualquer dificuldade que passássemos, iriamos resolver entre nós apenas. Porém, o que eu via por parte dela era um descaso, pois “todas” as vezes que a chamei para uma conversa, daquelas que se chamam de DRs (discutir a relação), ela sempre torcia o nariz e apenas me ouvia com um comportamento de indiferença, com os braços cruzados como uma menina fazendo birras quando toma bronca do pai. Quando eu terminava, ela dizia: “Terminou? Posso ir?” e toda a conversa ficava por isso mesmo, sem respostas e um diálogo saudável. As vezes quando ela interagia ela dizia: “O tempo vai responder” e não conseguia encarar uma conversa olho-no-olho. Para ela, acho que era difícil qualquer conversa. Ela era do tipo que preferia negar os problemas, pois de alguma forma ela não suportava as críticas e por isso se calava, cabendo a mim ter que adivinhar qual solução tomar dali em diante, já que não tinha a participação dela Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 37 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO Em quase todas as conversas que tive com ela, perguntava: “me diz você o que eu tenho que corrigir para ser uma pessoa melhor?” E ela respondia:“não há nada de imperfeito em você, gosto de você do jeito que você é”. Essa resposta me causava um certo constrangimento, e passava a pensar mesmo se era eu o “eterno insatisfeito”, pois a reclamação era apenas da minha parte Uma coisa que me conquistava e me calava em Cristina era em sua parceria e como ela era ajudadora no que diz respeito à trabalho. Nunca foi de faltar e ia trabalhar mesmo doente. Nesta parte não há o que dizer dela, uma mulher batalhadora e muito honesta. Uma época em que ela saiu da loja que trabalhava, passou um tempo desempregada e logo eu tive a ideia de fazermos uns lanches para entrega no estilo “delivery”, e ela prontamente, “arregaçou as mangas”. Estávamos sem poder financeiro de montarmos uma lanchonete física, mas tínhamos condições de começarmos um negócio a partir de casa e assim foi feito Para que o negócio desse certo, precisávamos “panfletar” de casa em casa e Cristina não hesitou e fez por uma semana, antes da inauguração das entregas dos lanches, tanto que no dia que começamos, tivemos que encerrar o expediente antes do previsto, pois tínhamos vendido todo o estoque. Isso foi um sucesso e logo se expandiu na nossa região, porem um episódio de ódio de um vizinho desse prédio em que morávamos nos desmotivou Calma, explicarei Tínhamos 2 motoboys que faziam as entregas, porém, haviam ocasiões que os pedidos eram tantos que eu tinha que ir com meu carro para adiantar as entregas e manter no nível logístico previsto Numa dessas entregas, fui com meu carro entregar e meu filho Felipe que gostava de me acompanhar, mesmo pequenino, e quando voltei pro estacionamento do meu prédio, fui recebido por esse vizinho com ameaças e palavrões absurdamente indignos, me constrangendo na frente de todos os vizinhos que olhavam de suas janelas. O motivo: dizia ele que eu tinha fechado o carro dele dentro Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 38 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO do estacionamento do prédio. Não haviam palavras de desculpas que o fizesse parar e me insultou até ele mesmo não ter mais o que falar, após eu perceber que ele queria mesmo era brigar, daí me calei, fiquei apenas ouvindo, pois ele me segurava pelo colarinho da minha camisa e não largou até terminar todos os insultos. E pra piorar a situação, meu filho presenciou tudo. Isso me desmotivou tanto que eu não queria nem mais fazer os lanches. Queria sumir daquele lugar Me lembro dos dias que se seguiram, ele pegava elevador junto comigo e colava o seu corpo em mim e me olhava furioso como um animal que quer atacar sua presa Os vizinhos diziam que ele já tinha feito isso com várias pessoas. Se defendia no poder do seu cargo. Parecia que ele era alguma coisa na Policia Federal, e possivelmente, usava seu uniforme para agredir e abusar do poder Juntei esse episódio à um convite de um grande amigo meu de montarmos uma produtora musical, e que após 3 meses desse episódio, o fiz Cai de cabeça para o novo empreendimento da minha vida, e a partir dali, sem eu saber, começaria uma história profissional muito abençoada e bonita, porém, uma vida pessoal e sentimental cada vez mais se afundando poço a dentro Encerro aqui este capitulo da minha vida para dar início à um capitulo que narrará uma serie de acertos profissionais e erros pessoais avassaladores e que mudarão o destino da minha vida conjugal. Quer saber como? Vamos embarcar para mais uma estação, mais sombria e triste, escura e vazia, sem muitas pessoas, e que me levaram para além do fundo do poço, sozinho, solitário e onde ninguém vai te visitar. É só você e Deus Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 39 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO 6. É a luz da saída do túnel ou um trem que vem vindo? O ano ainda é 2004 e partimos para uma empreitada profissional, eu e meu amigo estávamos empolgados com a nova empresa que nasceria. A mudança foi rápida e fomos morar nos fundos da Produtora, já que a casa era bem grande e confortável. Pus um ponto final na história do vizinho mal educado e fui viver minha vida O primeiro ano da produtora foi desafiador e ao longo do ano, fui ficando com o meu tempo integral à dedicação dela, saindo da regência dos corais gradativamente que a produtora ia exigindo de mim. Cristina saiu de seu emprego da loja no shopping que trabalhava a meu pedido, para me ajudar na parte administrativa, e juntamente com o meu amigo e agora sócio, tocamos o primeiro ano, com muitos desafios A sociedade com meu amigo durou um ano e meio, e acabamos comprando a parte dele, e seguindo com a empresa agora só nossa Cristina estava gravida do meu segundo filho, mas dessa vez, ela aceitou mais a gravidez (acho que não mencionei que na primeira gravidez, ela ficou com muito medo do parto e chorava muito por temer por esse dia). Agora mais experiente e com condições melhores para dar à luz ao nosso segundo filho, estávamos felizes e parecia que ia tudo bem. Houve um momento de paz e tranquilidade, embora meus sentimentos ainda eram vividos de carência, mas de alguma forma, aquietei meu coração e agora seguíamos sem tantas brigas e cobranças Nosso filho Gustavo nasceu, lindo saudável e com muita saúde, e lá estávamos nós, levando nossas vidas e rotinas, com muito trabalho e dedicação Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 40 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO Tínhamos uma empregada doméstica, para que Cristina conseguisse dar conta dos cuidados dos filhos e da administração da empresa, embora eu estava ali, o tempo todo, mas minha dedicação estava exclusivamente para a parte musical, que estava indo a todo vapor e só crescia em número de clientes e parceiros Cristina saia algumas vezes do dia para passear com o Gustavo no carrinho de bebê ou para uma ida ao parque próximo da nossa casa, ou para fazer banco, compras no mercado, tudo a pé, pois a residência era próxima de praticamente tudo Um certo dia, fui jantar com minha irmã Camila e pra minha surpresa ela comentou: “um amigo meu encontrou Cristina na fila do banco e disse que conversaram muito e trocaram olhares que não eram tão seguros para uma jovem senhora casada” Esse comentário me abalou muito, logo eu que me dedicava a ter uma vida fiel e buscava de alguma forma ser visto por minha esposa, agora me sentia apunhalado pelas costas. Mas mesmo assim, tratei de resolver a situação, expondo para Cristina o que eu soube, e não queria mentiras, acabei expondo também minha irmã, que estava me alertando (acho que faria o mesmo se fosse alguém querido meu, porém, tomaria medidas cautelosas de como contar para não colocar em risco qualquer situação, o que no caso faltou de minha irmã) O resultado dessa história, dá início à um comportamento perverso tanto da minha parte quanto de Cristina dali para frente de nossas vidas Cristina se sentiu ofendida pela minha irmã, e tratou também de tirar satisfações com ela na casa de meus pais (Camila voltara a morar com seus pais, pois estava recém separada). Naquele dia, a minha casa caiu, pois minha irmã desconversou, dizendo que não foi exatamente aquilo que tinha acontecido, me colocando em maus lençóis com Cristina, dando direito a ela pensar que eu tinha inventado a história Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 41 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO Esse tipo de situação é tão delicada que pode colocar em risco toda uma estrutura familiar que envolve filhos, casamento, família, convívio, amigos, empregos, e tantas outras estruturas da vida e que se não for exposta com honestidade e respeito (mesmo havendo desrespeito de algum lado), remete-se à ruinas irreparáveis Sai calado, não querendo brigas, pois a situação desse dia foi tão tensa, que minha irmã “expulsou” Cristina da casade meus pais, dando a entender que o desequilíbrio vinha por parte dela, deixando Cristina numa situação confortável para me confrontar mais tarde Eu apenas queria sair da casa de meus pais, vendo eles tentando interferir na briga, e eu, neguei, fui covarde e fugi, ao invés de enfrentar a situação, colocando minha vida nas mãos de Cristina para me acusar de mentiroso, falso e traidor, além de um homem fraco e que não enfrentou e defendeu a própria esposa, já que Camila me desmentiu na frente de todos. Penso hoje se seria isso mesmo que deveria sentir naquele dia? Não é minha resposta de hoje, mas na ocasião foi o contrário Fomos para casa e de alguma forma expliquei para Cristina a terrível falha de Camila. Mas o que Cristina viu nisso tudo foi a chance de se safar da situação, que depois o tempo iria provar que algo estava errado A partir desse dia, Cristina passou a ter um comportamento horrível proibindo meus filhos de frequentarem a casa de meus pais, em especial quando Camila estivesse, e que ela nunca mais pisaria na casa deles enquanto Camila morasse com eles, decretando dali em diante uma briga e divisão mortal com Camila Em casa não podia se pronunciar nem o nome de minha irmã, e aos poucos, fui permitindo esse pensamento e atitude de Cristina entrar em mim também, ao ponto de começar a não aceitar Camila em minha vida Meus filhos amavam a companhia dos meus pais, e principalmente do meu pai, que quando via os netos, logo passava a se deitar no Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 42 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO chão para brincar e doar toda sua atenção a eles. Ele agia como uma criança quando estava com os netos Quando lembro desses longos dias, meu pensamento se remete a um sentimento de raiva e frustação por causar esse dano aos meus filhos e a mim, pois pagaram um preço que não eram deles. A situação deveria ter sido resolvida, mesmo que depois Na verdade, eu tentei. Teve um dia em que minha irmã passou no portão da minha empresa e parou rapidamente pra falar alguma coisa comigo, e aproveitei para perguntar o por que dela ter me desmentido sobre o assunto e ela respondeu: “eu fui pega de surpresa pela Cristina e não soube o que responder na hora e acabei negando” Essa explicação dela me frustrou muito, pois ela não se importou comigo, com o meu casamento, minha família e estrutura de vida. Expos algo ridículo e eu que paguei o preço, colocando em risco até uma separação Eu permiti com essa história, que abusassem psicologicamente de mim, e a cada permissão que ia dando às pessoas, ia me perdendo de mim. Nessa época estávamos sem ir à igreja. Eu havia saído da igreja que era ministro de louvor e em vez em quando íamos à uma igreja grande e que, por ter um grande público, não éramos notados, e em especial eu que era musico, estava bem distante Distante de Deus, distante de mim, distante dos meus pais, distante da minha família, distante dos meus filhos, distante da minha esposa, distante dos meus propósitos Não mais me enxergava, a rotina da empresa me consumia, e entrava num diário e mesmice de agenda que era decorado As distancias mencionadas acima começaram a criar em mim um caráter de ser bem duvidoso. Minha família e irmãos não me ligavam mais, os encontros familiares foram diminuindo Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 43 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO Lembro-me de um dia estarmos em um aniversário de família, e minha irmã chegou, cumprimentou meus filhos e a mim muito timidamente, e tentou cumprimentar Cristina que tratou de não estender a mão, deixando-a em situação embaraçosa. Parecia que minha família tinha o hábito de não se desculpar e colocar a sujeira pra debaixo do tapete. Isso não dá o direito de Cristina causar esse constrangimento, mas também chega uma hora em que amadurecemos e queremos resolver pendencias e falhas que ficaram no passado, eu pelo menos penso assim, e se não o fizermos mvamos carregar sempre uma dorzinha aqui e outra ali Em 2009, um fato que me tirou o chão. O falecimento do meu pai veio como uma bomba pra mim. Ele não estava doente e não sentia nada, apenas era diabético, mas também cuidava com atenção. Foi uma morte natural, deixando uma herança incalculável de amor e de um pai que cuidou da família com tanto zelo, deixando um legado para todos os filhos, netos e amigos a fora. Sua morte veio em uma época em que o contato com ele foi menor. Eu o via em horários programados, e para meus pais verem meus filhos, tinha que traze- los na minha casa, pois não havia permissão de Cristina para a ida deles na casa dos avós, por conta da sua rixa com minha irmã O amor e cuidado do meu pai comigo foi sentido ao longo dos anos que viriam, mais especificamente, quando no futuro a minha vida ficaria pior e que sei que, sua presença nesses dias sombrios fariam- me muito bem, pois o olhar dele para as coisas que ele podia interferir como pai eram absurdamente carinhoso e acolhedor. Minha admiração e respeito ao homem que dedicou sua vida para a criação de 11 filhos, com muito sacrifício, amor e carinho, ele nos deu toda educação que um pai pode dar Nessa mesma época compramos nosso apartamento. Era em um condomínio que se parecia mais um clube e era perto da casa dos pais de Cristina, porem bem distante do nosso trabalho. Os meninos passaram a ter uma vida melhor de criança, pois morando nos Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 44 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO fundos da produtora eles não tinham muito opções de lazer, e agora num condomínio cheio de opções, eles sumiam durante o dia e voltavam para casa apenas para se alimentarem. Foi uma época muito divertida e feliz, onde pudemos descansar por 30 dias de férias ao encerrar o ano e ficarmos em casa literalmente, pois tínhamos gasto muito com a mudança e adaptações da nova casa. Os anos se passaram e um certo domingo triste e desmotivador de ida para essa igreja grande, eu comentei com Cristina: “vamos ir no culto hoje da nossa antiga igreja?” E ela não se opôs, pois eu sempre pensava em voltar lá, mas de alguma forma me sentia mal, pois sai de lá sem explicações e me sentia culpado por ter dado as costas a todos lá que dependiam de mim no louvor. E me lembro como hoje desse dia, virei o volante e troquei de caminho, me sentido super motivado naquele instante de ter tomado a iniciativa de voltar lá Meu coração palpitou, pois haviam tantos sonhos deixados para traz lá. Era como se eu estivesse num estado eufórico de extrema felicidade Chegando lá, lembro-me que era um culto especial que eles faziam de 6 em 6 meses e que a igreja e membros se arrumavam para este dia com louvores especiais, corais, testemunhos e uma ceia especial em memória da Cruz. Era um culto muito alegre e festivo. Porem ao entrar no templo, nos deparamos com um louvor fraco, músicos errando os solos, cantores desafinados e algo estranho pairava no ar Não demorou muito para o pastor nos notarem sentados e logo anunciar nossa presença, nos chamando imediatamente lá para frente juntamente com os demais visitantes que sempre iam lá no palco receberem uma oração de boas-vindas da igreja Ficamos muito gratos pela recepção e meu coração se alegrava muito à Deus por estar ali de novo, com orgulho e coragem que tive de enfrentar Licensed to Cesar - cesarguedesferreira101@gmail.com - 551.775.651-49 - HP01016176291731 45 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO O pastor fez a pergunta: “Você está de volta?” E eu respondi em bom e alto som: “SIMMMMMMM”. A igreja toda se alegrou e pra mim aquele dia marcou minha volta para a igreja que tanto tinha me abençoado Nos dias seguintes eu me comportava como um novo convertido. Não perdia o culto de quarta-feira (que era um culto de oração), nunca eu tinha ido a um
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