Buscar

Diagnose nutricional do Mamão

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

INSTITUTO FEDERAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESPÍRITO SANTO CAMPUS SANTA TERESA
ATIVIDADE REMOTA – SEMANA 01
DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL DA CULTURA DO MAMÃO
	 
 
Santa Teresa - ES
Maio – 2020
INTRODUÇÃO
O mamão (Carica papaya L.) é uma planta da família Caricaceae, com origem na América tropical (EMBRAPA, 2015). De acordo com a Embrapa Mandioca e Fruticultura (2018), o Brasil produziu 1.060.392 toneladas da fruta em 2018, em uma área de 27.250 ha, rendendo 38,91 t/ha.	
O mamão está entre as sete primeiras frutas da pauta de exportação do Brasil. O Espírito Santo continua sendo o maior exportador dessa fruta, basicamente para países da União Europeia. Entretanto, menos de 1,6% do mamão brasileiro é exportado devido ao mercado internacional ser altamente competitivo, cada vez mais exigente em produtos com elevado padrão de qualidade e restritivo em relação aos problemas fitossanitários. O Estado produz cerca de 361.270 toneladas anuais, com uma área plantada de aproximadamente 7.000 ha, e uma produtividade em torno de 50 t/ha ano, acima da média nacional (INCAPER, 2019).
Aspectos botânicos
O mamoeiro cultivado comercialmente (Carica papaya L.) per tence à família Caricaceae, a qual está dividida em cinco gêneros, com 31 espécies: Carica (21 espécies), Jacaratia (6 espécies), Cylicomorpha (2 espécies), Jarilla (1 espécie) e Horovitzia (1 espécie). A seguir, serão apresentadas algumas características botânicas da planta (DANTAS & NETO, 2017):
Raiz - sistema radicular pivotante, com raiz principal bastante desenvolvida, de coloração branco-cremosa. As raízes são distribuídas em maior quantidade nos primeiros 30 cm do solo, no entanto, podem-se desenvolver em até duas vezes a altura da planta, sendo capazes de explorar uma camada de solo com uma profundidade de um metro;
Caule - cilíndrico, com 10 cm a 30 cm de diâmetro, herbáceo, fistuloso, ereto, de coloração verde-clara no ápice e verde grisácea a acinzentada na base, encimado por uma coroa de folhas, dispostas de forma espiralada;
Folhas - grandes, com 20 cm a 60 cm, glabras, com longos pecíolos fistulosos, verde-pálidos, vermelho vinosos, geralmente de 50 cm a 70 cm de comprimento;
Flores - As flores do mamoeiro podem ser divididas basicamente em três tipos bem diferenciados: 
1. Flor pistilada - grande, formada por pedúnculos curtos nas axilas das folhas, com frequência individual, mas também presentes em pequenos agrupamentos cimosos, compostos por duas a três flores. As pétalas são livres até a base, sendo que, do ponto de reunião das pétalas com o ovário, resultam frutos com cinco cicatrizes nítidas na base, dispostas em círculo. O ovário é grande, ovóide ou obovoide, com cinco estigmas sésseis, em forma de leque, muito lobulados. As flores não têm estames, nem rudimentos de estames. O formato do fruto varia de esférico até oblongo ou piriforme, geralmente, apresentando uma cavidade com mais da metade do seu diâmetro;
2. Flor hermafrodita - não constitui um tipo único e definido, mas um grupo que inclui muitas formas, a exemplo da pentandra, intermediária e elongata. As duas primeiras flores dão origem a frutos deformados, sem valor comercial e conhecidos, respectivamente, por frutos pentândrico e carpelóide. A flor hermafrodita elongata, de onde se origina o fruto de valor comercial, apresenta diâmetro pequeno, sempre em rácimos de pedúnculos curtos, e corola gamopétala, com tubo quase tão longo quanto menor que a metade do diâmetro do fruto;
3. Flor estaminada - caracterizada pela ausência de estigma e pelo tubo da corola estreito e muito longo, duas vezes mais comprido que as pétalas. Existem dez estames dispostos em duas séries, como no caso da flor hermafrodita elongata, mas com pistilo rudimentar, sem estigma, incapaz de funcionar.
Fruto: é uma baga de forma variável de acordo com o tipo de flor, podendo ser arredondado, oblongo, elongata, cilíndrico e piriforme. A casca é fina e lisa, de coloração amarelo-clara a alaranjada, protegendo uma polpa com 2,5 cm a 5 cm de espessura e de coloração que pode variar de amarela a avermelhada. O fruto pode atingir até 50 cm de comprimento e pesar desde algumas gramas até 10 quilos. As sementes são pequenas, redondas, rugosas e recobertas por uma camada mucilaginosa, apresentando coloração diferente para cada variedade.
DIAGNOSE NUTRICIONAL DE PLANTAS
O solo (ou substrato, ou solução nutritiva) é o meio do qual as plantas, através da absorção radicular, obtêm os elementos minerais essenciais. Quando o meio não tem e, ou, não fornece as quantidades adequadas dos nutrientes, o que tem sido avaliado pela análise química do solo, as plantas não terão as suas exigências nutricionais atendidas. Haverá, portanto, redução do crescimento e produção das culturas devido a deficiência nutricional (FAQUIN, 2002).
A interpretação do estado nutricional das culturas é empregada para maximizar a produtividade e o retorno econômico do produtor, sendo importante para a agricultura estável, cujos métodos têm evoluído constantemente (TRANSPADINI et al., 2018).
Assim, a avaliação do estado nutricional das plantas objetiva identificar os nutrientes que estariam limitando o crescimento e produção das culturas. A técnica, nos seus diversos métodos, consiste basicamente, em se comparar uma planta, uma população de plantas ou uma amostra dessa população com um padrão da cultura em questão. O padrão seria uma planta “normal”, sem nenhuma limitação do ponto de vista nutricional e capaz de altas produções (FAQUIN, 2002).
Existem diversos métodos de se determinar o estado nutricional das plantas, os quais podem ser muito ou pouco precisos, dentre estes métodos, podemos citar:
1. Diagnose foliar - baseia-se na determinação do teor dos nutrientes em amostras de folhas diagnósticos. Nesta técnica, ao analisar quimicamente os elementos contidos em uma folha ou em parte dela, em determinada idade, deve-se obter um diagnóstico do estado nutricional dessa planta com a finalidade de determinar a adubação necessária. Na diagnose foliar é importante determinar o nível crítico de cada elemento, que é definido como a concentração do nutriente no tecido vegetal, acima do qual nenhum aumento significativo na produção é esperado. Ao analisar os teores de nutrientes nas folhas diagnósticos, deve-se comparar com os teores obtidos em um banco de dados, separando-as em classes deficientes, suficientes e tóxicas (ROSSETO, 2010).
2. Diagnose visual - a diagnose visual é uma importante ferramenta para avaliar os sintomas de deficiência ou toxidez de um elemento pela aparência da planta, sobretudo, pela coloração de suas folhas. Conhecer a área onde se pretende cultivar e observar sintomas de deficiência ou toxidez podem fornecer grandes indicativos para correções da adubação. A identificação dos sintomas de deficiência e excesso requer grande prática do técnico, já que os sintomas podem ser confundidos com doenças, ataque de pragas ou influência do clima. De acordo com a fisiologia vegetal e a mobilidade dos nutrientes dentro da planta, deve-se observar se os sintomas ocorrem nas folhas velhas ou novas, de forma que é possível elaborar chaves de diagnose visual (ROSSETO & SANTIAGO, 2010).
3. Diagnose do solo - a finalidade básica de se analisar os diferentes atributos do solo é determinar qual a quantidade de nutrientes que o solo será capaz de fornecer às plantas e qual a quantidade de adubo que deverá ser aplicado para se ter um bom rendimento da cultura. A análise do solo serve ainda para se verificar se há acidez superficial, a qual dificulta ou impede o crescimento das raízes, fazendo com que a cultura aproveite mal o adubo aplicado ou os elementos do próprio solo (TOMAZ et al., 2011).
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DO MAMOEIRO
Segundo Oliveira et al.,(2004), estudos desenvolvidos com a cultura para determinar a absorção e a exportação de nutrientes pela colheita demonstraram que o mamoeiro é uma planta que absorve quantidades relativamente altas de nutrientes e apresenta exigências contínuas durante o primeiro ano, atingindo o máximo aos doze meses de idade (Figuras 1 e 2). A sua característica de colheitas intermitentes, a partir do início de produção demonstra que a planta necessita de suprimentos de água e nutrientes em intervalos frequentes, de modo a permitir o fluxo contínuo de produção de flores e frutos.
Fig. 01: Marcha de absorção de macronutrientes pelo mamoeiro. Fonte: Oliveira et al., 2004.
Fig. 02: Marcha de absorção de micronutrientes pelo mamoeiro. Fonte: Oliveira et al., 2004.
O mamoeiro apresenta três fases de desenvolvimento distintas: 1) formação da planta, 2) floração e frutificação e 3) produção. Fazendo-se uma analogia com as quantidades absorvidas pela planta determinadas pela marcha de absorção da Figura 03, obtêm-se a distribuição percentual de cada nutriente absorvido ao longo do ciclo fenológico do mamoeiro (Tabela 1). Esta distribuição mostra que a demanda em cada fase de desenvolvimento é distinta e crescente, com os maiores percentuais na fase de produção (OLIVEIRA et al., 2004).
Tabela 01 - Distribuição percentual de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K) no ciclo fenológico do mamoeiro. Fonte: Oliveira et al., 2004.
Importância dos nutrientes na planta (MANCIN et al., 2006).
Nitrogênio (N): É responsável pelo crescimento vegetativo. Sua exigência é constante e crescente em todo o ciclo da planta, principalmente nos seis primeiros meses de vida.
· Sintomas de deficiência: Amarelecimento precoce das folhas maduras, folhas novas com pecíolo e limbo menos desenvolvidos, e o tronco se mostra com internódios curtos. 
Fósforo (P): Muito importante na fase inicial do desenvolvimento radicular. Contribui para a fixação dos frutos na planta.
· Sintomas de deficiência: As margens das folhas novas apresentam um mosqueado amarelo, envolvendo apenas alguns lóbulos, cujas extremidade se enrolam para baixo e necrosam.
Potássio (K): É o nutriente requerido em maior quantidade, sendo exigido de forma constante e crescente. Importante principalmente a partir do estádio de florescimento. 
· Sintomas de deficiência: As plantas apresentam uma redução drástica do número de folhas e frutos, menor diâmetro do tronco e folhas com pecíolo inclinado para baixo e de cor amarelo-esverdeada, com leve necrose das margens.
Cálcio (Ca): Contribui para o crescimento e multiplicação das raízes da planta. 
· Sintomas de deficiência: ocorre o colapso do pecíolo, queda prematura de folhas e exsudação de látex, similar à deficiência de boro.
Magnésio (Mg): Faz parte da molécula de clorofila e auxilia na absorção e translocação de fósforo. 
· Sintomas de deficiência: as folhas novas mostram pequenas áreas cloróticas internervais, com aspecto de rendilhamento e bordos curvados para cima, enquanto as folhas velhas apresentam uma cor amarelo-intensa e as nervuras permanecem verdes claras.
Enxofre (S): Participa da composição química da papaína (enzima proteolítica). 
· Sintomas de deficiência: folhas mais novas com coloração levemente amarelada.
 Boro (B): é o mais importante para a cultura do mamoeiro, afetando diretamente a qualidade e produção de frutos. 
· Sintomas de deficiência: frutos com aspecto encaroçado e malformado, com exsudação de látex pela casca, ocorrendo um maior abortamento de flores em períodos de estiagem. A produção de frutos ocorre de forma alternada no tronco e o sistema vascular pode ou não ficar escurecido.
DIAGNOSE NUTRICIONAL DO MAMOEIRO
A exigência nutricional do mamoeiro se dá em função das quantidades extraídas e exportadas pelas colheitas, junto com a marcha de absorção dos nutrientes, durante o ciclo da planta (MESQUITA et al. 2010). A diagnose nutricional deve ser realizada com base nas análises de solo e de folhas, pois a interpretação dos resultados auxiliará na tomada de decisão quanto à recomendação de adubação (COSTA e COSTA, 2011).
Fig. 03: Manejo nutricional como fator determinante na qualidade e produtividade do mamoeiro. Fonte: Costa & Costa, 2007.
DIAGNOSE NUTRICIONAL – POMAR A SER INSTALADO
Análise do solo
O mamoeiro é considerado uma cultura exigente por demandar alta capacidade de extração de nutrientes, em função do crescimento contínuo associado à floração e frutificação. Deste modo, recomenda-se, por ocasião do preparo da área para plantio, efetuar a análise química do solo de forma representativa, ou seja, a área deve ser estratificada em várias subáreas devido à homogeneidade (COSTA & COSTA, 2003).
Para a coleta das amostras de solo deve-se separar a área em glebas homogêneas, medindo no máximo 10 ha. Na separação das áreas é preciso levar em conta a cor e a textura do solo, sua localização no relevo e o histórico da área. No caso de pomares já instalados também deve ser considerada a idade das plantas e a variedade cultivada. Em cada talhão a ser amostrado, coletar o solo antes de seu preparo nas profundidades de 0 a 20 cm e 20 a 40 cm, em cerca de 20 pontos tomados ao acaso, para formar uma amostra composta que, após misturada, retira-se 500 a 800 gramas para ser enviada ao laboratório. Após o estabelecimento do plantio, as amostras de solo devem ser retiradas apenas na zona de aplicação dos fertilizantes (OLIVEIRA et al., 2010).
Solo
O solo mais adequado para o desenvolvimento do mamoeiro é o de textura areno-argilosa, com pH de 5,5 a 6,7. Deve-se evitar o plantio em solos muito argilosos, pouco profundos, ou localizados em baixadas que se encharcam com facilidade na época de chuvas intensas; uma vez que, nessas condições, as plantas podem apresentar desprendimento prematuro das folhas mais jovens, troncos finos e altos, produções reduzidas, e maior incidência da doença “podridão-do-colo” do mamoeiro, causada por fungos do gênero Phytophthora (FARIA et al., 2009).
Segundo Faria et al. (2009), no caso de a precipitação pluvial local ser elevada, e a velocidade de infiltração da água no solo e a drenagem serem lentas, recomenda-se o plantio em áreas com pequeno declive (de 3 % a 5 %), em curva de nível, para evitar o acúmulo de água junto às raízes. Em solos com camadas adensadas abaixo da superfície, como naqueles dos Tabuleiros Costeiros, onde estão as principais regiões produtoras do Brasil (sul da Bahia e norte do Espírito Santo), deve-se realizar a subsolagem a 0,5 m, ou mais, de profundidade, na linha de plantio ou, de preferência, em toda a área.
O mamoeiro cresce em diversas classes de solo, desde que apresentem uma capacidade de drenagem que não deixe a planta encharcar, mas que também não sequem rapidamente. É necessário que o solo retenha água ao longo do tempo e que possua no mínimo 1,0 m de profundidade efetiva, sem nenhum impedimento ao desenvolvimento das raízes (FARIA et al., 2009).
Figura 04: Teores de nutrientes no solo considerados adequados para o mamoeiro (Carica papaya L.). Fonte: Costa & Costa, 2007.
Calagem
Para o mamoeiro, as doses de calcário podem ser estimadas através dos teores de Alumínio trocável, cálcio mais magnésio, ou da elevação da saturação de bases para 60%. O calcário deve ser aplicado com o máximo de antecedência ao plantio, devendo estar uniformemente misturado com o solo e à maior profundidade possível (COSTA; COSTA, 2003).
Uso de Gesso
O gesso não altera o pH e não substitui o calcário. Ele pode ser utilizado quando a análise do solo na camada de 20 - 40 cm de profundidade apresentar teor de Ca menor do que 3 mmolc/dm3 e/ou saturação de alumínio maior que 30%. Quando a aplicação for a lanço, deve ser distribuído uniformemente sobre o terreno, não sendo necessário à sua incorporação. A quantidade de gesso pode ser dimensionada utilizando-se 30% da necessidade de calagem (COSTA & COSTA, 2003).
Propagação e plantio
A planta pode ser propagada por meio de sementes, de estacas, e de enxertia. Os produtores brasileiros, entretanto, preferem produzirmudas das sementes. As sementes devem ser obtidas de plantações isoladas por uma distância mínima de 2.000 m de outros tipos de mamão. As plantas escolhidas para a produção de sementes devem ser hermafroditas, ter boa sanidade, baixa altura de inserção das primeiras flores, precocidade, alta produtividade, e produzir frutos típicos da variedade (FARIA et al., 2009).
As mudas podem ser produzidas em sacos de polietileno, os quais serão distribuídos em leiras ou em canteiros. A fim de compensar falhas na germinação e perdas no viveiro e no replantio em campo, recomenda-se produzir um excedente de 15 % de mudas, aproximadamente, em relação à quantidade prevista para o plantio. Recomenda-se colocar de duas a três sementes em cada saco, e cobri-las depois com uma camada de 1 cm a 2 cm de terra fina e peneirada. No caso de híbridos, semeiam-se apenas duas, ou até mesmo uma semente, por saco, em virtude do elevado custo. De 20 a 30 dias após a germinação, inicia-se a seleção das mudas para o plantio. Elas devem estar livres de pragas e de doenças, e com altura de 15 cm a 20 cm. (FARIA et al., 2009).
Para o plantio das variedades do grupo Solo, deve-se retirar três mudas dos sacos de polietileno, colocá-las na cova ou no sulco, com o cuidado de posicionar o colo ou a base das plantas no nível do solo, no espaçamento recomendado, e a uma distância aproximada de 20 cm umas das outras. Em seguida, deve-se juntar terra às mudas, comprimindo-as com cuidado, conforme mostrado na figura 05 (FARIA et al., 2009).
Figura 05: Plantio de três mudas para sexagem. Fonte: Faria et al. 2009.
DIAGNOSE NUTRICIONAL – POMAR INSTALADO
Análise foliar
Quando o plantio já está estabelecido, além da análise química do solo, é importante a realização da análise de folhas para a confirmação de deficiências e/ou o conhecimento do estado nutricional da plantação. Conhecendo-se a disponibilidade de nutrientes, pode-se definir a necessidade de calagem e a recomendação de adubação de forma mais acertada (OLIVEIRA et al., 2010).
Diferentes partes da planta podem ser coletadas para análise, no entanto, normalmente, as folhas são as mais indicadas. As folhas constituem o principal centro metabólico da planta, desse modo, qualquer alteração metabólica da planta tende a alterar a composição das folhas. A concentração de nutrientes nas folhas varia ao longo do seu desenvolvimento e da sua localização na planta (TOMAZ et al., 2011).
A análise foliar possibilita correções, que reduzem os impactos sobre a produtividade, por meio da aplicação foliar de fertilizantes que contenham os minerais necessários ao restabelecimento do equilíbrio, uma vez que nas folhas é que ocorrem as principais reações metabólicas e as alterações fisiológicas decorrentes de distúrbios nutricionais (TAIZ e ZEIGER, 2009).
Portanto, para que a planta possa responder à aplicação de fertilizantes é necessário que a mesma tenha uma boa condição fitossanitária e não esteja sob estresse hídrico. Desta forma, a análise química foliar pode ser utilizada como um instrumento para diferenciar sintomas de ataque de doenças e pragas de anomalias nutricionais devido ao excesso ou falta de algum nutriente. Porém, para que esta ferramenta seja utilizada adequadamente é necessário que se observe principalmente a época e posição do tecido amostrado. No mamoeiro, o tecido que melhor representa o seu estado nutricional, para a maioria dos nutrientes, é o pecíolo da folha que apresenta em sua axila uma flor prestes a se abrir ou recentemente aberta (OLIVEIRA et al., 2004).
	Amostragem do pecíolo
Para a coleta das folhas, quando se pretende fazer um acompanhamento do estado nutricional da plantação, deve-se proceder da seguinte forma (MANCIN et al. 2006):
1. Coletar somente folhas sadias, no mínimo 12 por amostra;
2. As folhas devem ser amostradas de uma mesma cultivar, de plantas com a mesma idade e que representem a média da plantação;
3. Deve-se retirar apenas as folhas que apresentarem em sua axila uma flor recentemente aberta;
4. Escolher as horas mais frescas do dia para retirada das folhas;
5. Reservar o pecíolo e descartar o limbo;
6. Amostrar separadamente áreas com plantas cloróticas, de diferentes cultivares e idades e cultivadas em solos diferentes;
7. No caso de áreas no pomar com sintomas suspeitos de representarem deficiência, retirar amostras compostas pareadas, das plantas com sintomas e das sadias, separadamente;
8. Colocar os pecíolos num saco de papel comum, encaminhando-os para o laboratório o mais rápido possível.
Fig. 06 e 07: Folha adequada para amostragem, cujo pecíolo possui uma flor recém aberta, em plantas de diferentes idades. Fonte: Costa, 2015.
Fig. 08 e 09: Folha adequada para amostragem e; amostras separadas para envio ao laboratório. Fonte: Costa, 2015.
As metodologias diferem em relação ao tipo e número de folhas amostradas por unidade de área, a tabela 01 trás algumas referências que podem ser utilizadas.
Tabela 01: Amostragem de folhas para diagnose nutricional.
	Época
	Tipo de folha
	Número
	Fonte
	Florescimento
	Folha 'F' na axila com a primeira flor completamente expandida
	18/ha
	Malavolta et al. 1997
	Florescimento
	Pecíolos da 17ª a 20ª folha a partir do ápice, com uma flor visível na axila
	15/ha 
	Raij et al. 1997
	Florescimento
	Pecíolos da 17ª a 20ª folha a partir do ápice, com uma flor visível na axila
	30/ha 
	Oliveira et al. 2004
	Florescimento
	Pecíolo recentemente maturado, isto é, da folha completamente expandida recém-madura, identificada pela flor mais nova da planta em sua axila
	 
	Awada & Long, 1971
	Florescimento
	Terço médio dos pecíolos da 11ª folha
	 
	Silva, 1999
	Florescimento
	Folhas que apresentarem em sua axila uma flor prestes a abrir ou recentemente abertas
	12/ha 
	Mancin et al. 2006
A maioria das pesquisas, visando o estudo do estado nutricional do mamoeiro, apenas determinam os teores de macro e micronutrientes na matéria seca foliar, conforme mostra a figura 08. O que ocorre, segundo os autores, devido os valores nutricionais se correlacionarem estatisticamente com a taxa de crescimento e com a produtividade das culturas (JESUS, 2016). 
Fig. 10: Teores de macro e micronutriente considerados ideais para o pecíolo foliar do mamoeiro do grupo Solo. Fonte: Jesus, 2016.
Para Oliveira et al. (2004) o tecido que melhor representa o estado nutricional do mamoeiro para a maioria dos nutrientes é o pecíolo da folha, que apresenta em sua axila uma flor prestes a se abrir ou recentemente aberta. Para melhor interpretação dos resultados da análise foliar é recomendada a utilização de padrões de níveis críticos (MALAVOLTA; VITTI; OLIVEIRA, 1997) ou do método DRIS (BEAUFILS, 1973).
O Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação de Adubação (DRIS) é um método de diagnose do estado nutricional da planta que vem sendo utilizado em diversas culturas e tem como base o cálculo de índice para cada nutriente, considerando sua relação com os demais, e comparando cada relação com as relações médias de uma população de referência (COSTA & COSTA, 2007).
Segundo Costa & Costa (2007), o DRIS utiliza os resultados da análise química vegetal para os cálculos dos índices DRIS a partir das relações envolvendo as concentrações dos nutrientes, tomados dois a dois. Para o cálculo dos índices DRIS, compara-se, por meio de uma equação estudentizada, as relações na amostra que está sendo analisada com as relações padrões para o mamoeiro, denominadas de normas DRIS, obtidas de lavouras comerciais de alta produtividade e qualidade dos frutos. Os índices DRIS, obtidos para cada nutriente, podem assumir valores negativos, que indicam deficiência nutricional; valores positivos, que indicam excesso; e valores próximos ou iguais a zero, que indicam o estado ideal de equilíbrio nutricional, e, desse modo, fornece a ordem de limitação dos nutrientes, classificando-os na sequência de deficiência a excesso, o que permite estimar o equilíbrio nutricional. O DRIS calcula o índice de balanço nutricional (IBN), que corresponde ao somatório dos valores absolutosdos índices DRIS de cada nutriente e indica o equilíbrio nutricional global da planta, sendo que, quanto menor for o valor para o IBN, melhor será o estado nutricional da lavoura analisada.
Calagem
Em lavouras já instaladas, o calcário deverá ser distribuído em cobertura, na área total, corrigindo-se a dose de quando com a profundidade de incorporação. Com relação ao parcelamento, particular atenção deve ser dada aos solos de textura média à arenosa, como o Latossolo Amarelo (solos de “tabuleiros”), originalmente pobres em nutrientes e com baixo poder tampão e, consequentemente, com maiores possibilidades de ocorrer desequilíbrios, principalmente no pH e teores de micronutrientes. Neste caso, a recomendação não deverá ultrapassar a 3 t/ha na primeira aplicação, sendo que a quantidade restante deverá ser fornecida 6 meses após (COSTA & COSTA, 2003).
São várias as maneiras de interpretação e análise dos resultados expressos pela análise foliar, a qual melhor representa o estado nutricional da planta num pomar já instalado, permitindo elaborar programas de calagem e adubação na lavoura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, F. T. et al. Teores de nutrientes do mamoeiro ‘Improved Sunrise Solo 72/12’ sob diferentes lâminas de irrigação, no norte fluminense. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 24, n. 2, p. 547-551, 2002.
AWADA, M.; LONG, C. R. Relation of petiole nitrogen levels to nitrogen fertilization and yield of papaya. Journal of the American Society for Horticultural Science, v.96, p.745-749, 1971.
AWADA, M. Relation of nitrogen and phosphorus, and potassium fertilization to nutrient composition of the petiole and growth of papaya. Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 102, p. 413-418, 1977.
BEAUFILS, E. R. Diagnosis and Recommendation Integrated System (DRIS): a general scheme of experimentation and calibration based on principles developed from research in plant nutrition. Soil Science Bulletin, v.1, University of Natal, Pietermaritzburg, South Africa, 1973.
COSTA, A. N. Uso do sistema integrado de diagnose e recomendação (DRIS), na avaliação do estado nutricional do mamoeiro (Carica papaya L.) no Estado do Espírito Santo. Viçosa, 1995. 93f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Viçosa.
COSTA, A. N.; COSTA, A. F. S. Nutrição e adubação. In: MARTINS, D. S.; COSTA, A. F. S. (eds.). A cultura do mamoeiro: tecnologias de produção. Vitória: Incaper, 2003. p.201-227.
COSTA, A. N.; COSTA, A. F. S. Diagnóstico e recomendação de adubação para o mamoeiro. Revista Papaya Brasil. INCAPER. Vitória – ES. 12 p. 2007.
COSTA, A. N.; COSTA, A. F. S. Diagnóstico e recomendação de adubação (DRIS) na cultura do mamoeiro. In: Simpósio Brasileiro de mamão papaya. Porto Seguro, BA. 2011.
COSTA, A. N. Diagnose foliar. 2011. Projeto biomas – Incaper. Disponível em: <http://ead.senar.org.br/wp-content/uploads/capacitacoes_conteudos/bioma_mata_atlantica/INSER%C3%87%C3%83O%20DA%20%C3%81RVORE%20NA%20PROPRIEDADE%20RURAL%20DO%20BIOMA%20MATA%20ATL%C3%82NTICA/AULA%209_DIAGNOSE%20FOLIAR.pdf>. Acesso em: 27 mai. 2020.
DANTAS, J. L. L.; NETO, M. T. C. Aspectos botânicos e fisiológicos: Mamão. 2017. Disponível em: <http://www.ceinfo.cnpat.embrapa.br/arquivos/artigo_2299.pdf>. Acesso em: 26 mai. 2020.
EMBRAPA. A cultura do mamão. 2015. Disponível em: <https://www.embrapa.br/mandioca-e-fruticultura/cultivos/mamao>. Acesso em: 26 mai. 2020.
EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA. Produção brasileira de mamão em 2018. 2018. Disponível em: <http://www.cnpmf.embrapa.br/Base_de_Dados/index_pdf/dados/brasil/mamao/b1_mamao.pdf>. Acesso em: 26 mai. 2020.
FAQUIN, V. Diagnose do estado nutricional das plantas. Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” (Especialização) a Distância: Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas no Agronegócio. Lavras – MG. 76 p. 2002.
FARIA, A. R. N. et al. Coleção plantar: Mamão. Embrapa Mandioca e Fruticultura. 3ª ed. Rev. Ampl. Brasília – DF. 130 p. 2009.
INCAPER. Polos de Fruticultura – Mamão. 2019. Disponível em: <https://incaper.es.gov.br/fruticultura-mamao>. Acesso em: 26 mai. 2020.
JESUS, M. L. Mapeamento do estado nutricional do mamoeiro. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) – Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Agrárias e Engenharias. Alegre – ES. 107 p. 2016.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações. 2. ed. Piracicaba: Associação Brasileira de Potassa e do Fósforo, 1997. 319 p.
MANCIN, C. A.; SOUZA, O.P.; MELO, B. Cultura do mamoeiro. 2006. Disponível em: <http://www.fruticultura.iciag.ufu.br/mamao.html#_Toc43655439>. Acesso em: 26 mai. 2020.
MARINHO, C. S. et al. Análise química do pecíolo e limbo foliar como indicadora do estado nutricional dos mamoeiros ‘solo’ e ‘formosa’. Scientia Agricola, v. 59, n. 2, 373-381, 2002.
MESQUITA, E. F. et al. Teores foliares e exportação de nutrientes do mamoeiro Baixinho de Santa Amália tratado com biofertilizantes. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia-GO, v. 40, n. 1, p. 66-76, 2010.
OLIVEIRA, A. M. G.; SILVA SOUZA, L. F.; RAIJ, B. V.; MAGALHÃES, A. F. J.; BERNARDI, A. C. C. Nutrição, Calagem e Adubação do Mamoeiro Irrigado. Embrapa. Circular técnica n° 69. Cruz das Almas – BA. 10 p. Agosto, 2004.
OLIVEIRA, A. M. G.; SOUZA, L. D.; COELHO, E. F. Recomendações de calagem e adubação para mamoeiro. Embrapa Mandioca e Fruticultura. Comunicado técnico n° 139. Cruz das almas – BA. 5 p. Dezembro, 2010.
PREZZOTI, L. C. et al. Manual de recomendação de calagem e adubação para o Estado do Espírito Santo. 5ª aproximação. Vitória, ES, SEES/INCAPER/CEDAGRO, p. 305, 2007.
RAIJ, B. VAN; CANTARELLA, H.; QUAGIO, J. A.; FURLANI, A. M. C. Recomendações de adubação e calagem para o estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: IAC, 1997. 285p. (Boletim Técnico, 100).
ROSSETO, R. Árvore do conhecimento: Cana de açúcar. 2010. Disponível em: <https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/CONT000fkch7tf302wyiv80sq98yqk1vc13r.html>. Acesso em: 26 mai. 2020.
ROSSETO, R.; SANTIAGO, A. D. Árvore do conhecimento: Cana de açúcar. 2010. Disponível em: <https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/CONT000fhvuyvaq02wyiv80v17a09ehcm584.html>. Acesso em: 26 mai. 2020.
SILVA, J.G.F. Efeitos de diferentes lâminas e frequências de irrigação sobre o desenvolvimento e a produtividade do mamoeiro (Carica papaya L.). 1999. 90 f. Tese (Doutorado em Recursos Hídricos) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 1999.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, p. 819, 2009.
TOMAZ, M. A.; RODRIGUES, W. N.; MARTINS, L. D.; BRINATE, S. V. B; COLODETTI, T. F. Diagnósticos nutricionais do solo e da planta. 2011. Disponível em: < https://phytotechnics.com/content/files/livro11-01.pdf>. Acesso em: 26 mai. 2020.
TRASPADINI, E. I. F.; PRADO, R. M.; VAZ, G. J.; DA SILVA, F. C.; MANCINI, A. L.; DA SILVA, G. P.; DOS SANTOS, E. H.; WADT, P. G. S. Guia prático para aplicação do método da diagnose da composição nutricional (CND): exemplo de uso na cultura da cana-de-açúcar. Embrapa documentos. N° 160. Campinas – SP. 30 p. 2018.

Outros materiais