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Aula 00 Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Professor: Denise Rodrigues 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 74 AULA 00: Bioquímica – Dosagens Hormonais e de Enzimas Parte I SUMÁRIO PÁGINA 1. Saudação Inicial 01 2. Apresentação do Professor 02 3. Estrutura do Curso 05 4. Introdução 06 5. Enzimas 07 6. Metabolismo dos carboidratos 09 7. Avaliação Bioquímica da Função Hepatobiliar 26 8. Enzimas Marcadoras da Função Pancreática 59 8. Lista de Questões 64 9. Gabarito 73 10. Referências Bibliográficas 74 Saudação Inicial Olá, pessoal! Sejam bem-vindos! Espero contribuir com sua preparação para o concurso da EBSERH! Irei apresentar a vocês todo o conteúdo de Bioquímica exigido para o cargo de Biomédico e vamos exercitar o que for aprendido através da resolução de questões de provas anteriores da EBSERH, tudo em um único material. Além disso, estarei disponível por meio do fórum e demais canais de comunicação para tirar dúvidas. 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 74 Apresentação do Professor Antes de falar mais detalhadamente sobre nosso curso, gostaria de me apresentar a vocês, rapidamente. Sou Denise, nasci e cresci em Belém do Pará e me graduei em biomedicina pela Universidade Federal do meu estado. Com orgulho, posso dizer que é um dos melhores cursos de biomedicina do país. Como vocês sabem, as ciências biomédicas têm um vasto campo de atuação, porém, durante toda a graduação, meu maior interesse esteve voltado para os campos da pesquisa e docência, abrangendo especialmente os conteúdos de biologia molecular, biologia celular e fisiologia humana. Interesse esse que continuou durante o mestrado, o qual realizei na área de neurociências e biologia celular, sempre conciliando com a docência para turmas de graduação. Após o término do mestrado em 2007, meu foco de interesse se voltou para a grande área do diagnóstico laboratorial. É, não devemos ter medo de mudar se for preciso e perseguir o que julgamos ser melhor para nós! Ao longo do ano de 2008 passei então a atuar em laboratórios clínicos, principalmente nos setores de bioquímica clínica, imunologia e microbiologia, um período de grande aprendizado. Em outubro daquele ano iniciei minha trajetória na busca por uma carreira no serviço público e, já no início de 2009, fui aprovada e nomeada para o cargo de biomédica da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, atuando na área ambiental, mais um campo da biomedicina! Paralelamente, continuei na docência em um curso de graduação em medicina. Em 2010 surgiu uma ótima oportunidade, a qual despertou interesse das diversas profissões da área da saúde em meu estado. Era o primeiro concurso para ingresso em um grande hospital, referência em oncologia, doenças crônicas degenerativas e transplantes. Estudei, me candidatei e obtive sucesso em ocupar uma 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 74 das cinco concorridas vagas para o cargo de biomédico do Hospital Ophir Loyola. Em julho de 2012 mudei residência de Belém/PA para Recife/PE e então foi preciso recomeçar. Retomei os estudos e prestei concurso para ingressar na carreira de Analista Técnico de Políticas Sociais do MPOG, para área da Saúde. Foi um concurso bastante disputado, em duas etapas, objetiva e discursiva, organizado pela ESAF. Apesar do curto tempo até a prova, pude me dedicar e dispus de um bom material para estudo, o que me permitiu o êxito e, desde julho de 2013, resido em Brasília e exerço minhas atividades no Ministério da Saúde, na Coordenação-Geral do Sistema Nacional de Transplantes. Durante esse período de três anos no Ministério, venho colaborando na assistência técnica em projetos e programas na área da saúde, na identificação de situações em desacordo com os padrões estabelecidos em normas e legislação específicas, implementação de ações orientadoras e corretivas, além de levantamento, análise e avaliação de dados para geração de informações que contribuam para o planejamento e o aperfeiçoamento das ações e políticas na área de transplantes, principalmente. Em 2015 conclui especialização em Captação, Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos no Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa/Hospital Albert Einstein e, no momento, minhas principais áreas de atuação são saúde pública, planejamento e gestão em saúde, doação e transplante de órgãos e tecidos, e histocompatibilidade e imunogenética. Ao relatar essas experiências, minha intenção é que vocês possam me conhecer um pouco e o faço também por entender que elas foram importantes para que eu possa estar aqui hoje com a missão de compartilhar conteúdo e auxilia-los na conquista desse objetivo. Os conhecimentos que adquiri durante minha formação e nas preparações para concursos e outros processos seletivos, bem como o que aprendi na atividade de docência, na gestão do SUS e na 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 74 área de transplantes estão ligados ao tema deste curso e outros que serão ofertados aqui no Estratégia Concursos. Além disso, quero compartilhar a visão de que, além da vontade de vencer e a persistência nos estudos, um bom material está entre os principais ingredientes para alcançar a aprovação em um concurso. Na provável realidade da maioria de vocês, e que também foi a minha enquanto prestei concursos, não é possível se dedicar integralmente ao estudo/preparação para a prova, o tempo é escasso e é preciso lançar mão da melhor estratégia. Leva-se muito mais tempo para estudar todo o conteúdo programático, de forma atualizada, se a busca for feita em diversos livros e fontes diferentes. Nesse contexto, um material de estudo direcionado, que reúna o conteúdo e contenha muitas questões de concurso é uma ferramenta valiosa. Nós do “Estratégia Concursos”, através dos cursos de conhecimentos específicos, aliados aos cursos de conteúdos gerais, pretendemos oferecer suporte completo para que você adquira conhecimento abrangente, aprofundado e equilibrado sobre todos os tópicos do edital. Vamos largar na frente? 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 74 Estrutura do Curso Neste curso veremos todos os tópicos de Bioquímica previstos no edital da EBSERH para o cargo de Biomédico. Em nossa primeira aula (aula 00), dividida em duas partes, abordaremos as dosagens bioquímicas mais importantes realizadas no sangue. Ao longo do curso, sempre que for possível irei apresentar questões de provas para o cargo de Biomédico, da banca AOCP. Porém, saibam que nem sempre a banca tem tradição com determinados temas e, nesses casos, para oferecer mais oportunidades de praticar, iremos também trabalhar com outras bancas ou com questões de provas para cargos afins (farmacêutico-bioquímico, médico patologista, técnico e etc...). O importanteé ver todos os tópicos do edital e responder o maior número de questões. Os demais assuntos listados no edital serão vistos conforme plano de curso abaixo: Aula 00 Parte I Dosagens hormonais e de enzimas; Aula 00 Parte II Aula 01 Eletroforese de hemoglobina, lipoproteínas e proteínas; Aula 02 Equilíbrio ácidoǦbase; Aula 03 Propriedades da água; Radicais livres; Vamos começar? 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 74 Introdução Os exames bioquímicos são exames complementares que devem ser analisados em conjunto com outros exames como o hemograma e da urinálise para auxiliarem o diagnóstico clínico. Podem ser realizadas múltiplas determinações bioquímicas simultâneas para avaliar a função de um ou mais sistemas do organismo. Os exames relacionados à bioquímica sanguínea compreendem dosagens de metabólitos, minerais, enzimas, hormônios. O edital menciona “dosagens hormonais e enzimas”, então iremos focar nesses, ok? Características da Amostra As dosagens bioquímicas no sangue podem ser realizadas no soro (obtido a partir de sangue sem anticoagulante) ou no plasma (obtido de sangue com anticoagulante, normalmente heparina). Alguns testes também podem ser realizados com plasma de sangue com EDTA. A diferença analítica entre soro e plasma é que o primeiro não contém fibrinogênio, o qual foi utilizado para a formação do coágulo (fibrina). Fatores como o tempo de contato prolongado do soro ou plasma com as células, hemólise, hemoconcentração causada por evaporação, temperatura incorreta de armazenamento da amostra, transporte incorreto, uso incorreto de aditivos (anticoagulantes), lipemia e icterícia podem alterar os resultados dos testes bioquímicos. A separação do soro ou plasma das células sanguíneas deve ser realizada o mais rápido possível. Um tempo máximo de duas horas para essa separação deve ser seguido a fim de evitar interferências em exames como glicose, potássio e DHL, por exemplo. Alguns parâmetros não sofrem interferências quando não se atende ao prazo de duas horas para centrifugação, tais como albumina, fosfatase alcalina, TGP (ALT), bilirrubina, cálcio, colesterol, CK total, creatinina, magnésio, fósforo, sódio, proteína total, triglicérides, T3, T4, ureia e ácido úrico. Veremos caso a caso 26274965572 26274965572 - roger mendonça Sabino Realce Sabino Realce Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 74 interferências que forem de importância. A temperatura também tem impacto importante na viabilidade da amostra. É considerada temperatura ambiente no laboratório aquela compreendida entre 22 e 25ºC. Enzimas As enzimas são proteínas que catalisam reações que ocorrem nos sistemas biológicos. Elas têm grande especificidade pelos seus substratos e aceleram reações específicas sem serem alteradas ou consumidas durante o processo. O estudo das enzimas tem imensa importância clínica. Em algumas doenças as atividades de certas enzimas são medidas, principalmente, no plasma sanguíneo, eritrócitos ou tecidos. Todas as enzimas presentes no corpo humano são sintetizadas intracelularmente. Três grupos se destacam: Enzimas plasma-específicas: enzimas ativas no plasma utilizadas no mecanismo de coagulação sanguínea e fibrinólise. Ex.: pró - coagulantes: trombina, fator XII, fator X e outros. Enzimas secretadas: são secretadas geralmente na forma inativa e após ativação atuam em locais extracelulares. Os exemplos mais óbvios são as proteases ou hidrolases produzidas no sistema digestório. Ex.: lipase, amilase, tripsinogênio, fosfatase ácida prostática e antígeno prostático específico. Muitas são encontradas no sangue. Enzimas celulares: normalmente apresentam baixos teores séricos, mas os níveis aumentam quando os tecidos são lesados por alguma doença, permitindo inferir localização e natureza de alterações patológicas em órgãos como: fígado, pâncreas e miocárdio. A elevação da atividade sérica depende do conteúdo de enzima do tecido envolvido, da extensão e do tipo de necrose. São exemplos de enzimas celulares as transaminases, lactato desidrogenase etc. 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 74 As elevações na atividade enzimática são devidas: Aumentos na liberação de enzimas para o plasma como conseqüência de: - Lesão celular extensa, as lesões celulares são geralmente causadas por isquemia ou toxinas celulares, por exemplo: na elevação da atividade da isoenzima CK-MB após infarto do miocárdio. - Proliferação celular e aumento na renovação celular: exemplo dos aumentos na fosfatase alcalina pela elevação da atividade osteoblástica durante o crescimento ou restauração óssea após fraturas. - Aumento na síntese enzimática, por exemplo: marcada elevação na atividade da g-glutamil transferase após a ingestão de álcool. - Obstrução de ductos – afeta as enzimas normalmente encontradas nas secreções exócrinas, por exemplo: a amilase e a lipase no suco pancreático. Estas enzimas podem regurgitar para a corrente circulatória se o ducto pancreático-biliar estiver bloqueado. Ou a elevação plasmática de enzimas pode ser causada por redução da sua remoção do plasma por conta de insuficiência renal. Afeta as enzimas excretadas na urina, por exemplo: a amilase pode estar elevada na insuficiência renal. A redução nos níveis de atividade enzimática são menos comuns e ocorrem na: - Síntese enzimática reduzida, por exemplo: colinesterase baixa na insuficiência hepática severa pela redução do número de hepatócitos. - Deficiência congênita de enzimas, por exemplo: baixa atividade da enzima fosfatase alcalina plasmática na hipofosfatasemia congênita. - Variantes enzimáticas inerentes com baixa atividade biológica, por exemplo, variantes anormais da colinesterase. Na prática, o significado de uma elevação enzimática pode ser bem inespecífico porque as enzimas não estão confinadas a tecidos ou órgãos únicos e suas desordens podem envolver vários tecidos. A falta de especificidade é parcialmente superada pela medida de vários 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 74 parâmetros. As principais enzimas de uso clínico, juntamente com seus tecidos de origem e aplicações clínicas são listadas na tabela abaixo: METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS Os carboidratos são as fontes mais importantes de energia do organismo. São classificados como: monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos. Os monossacarídeos são açúcares simples constituídos por uma única unidade poliidroxialdeídica ou cetônica contendo 3 a 9 átomos de carbono, sendo o principal combustível para a maioria dos seres vivos. Os mais freqüentes no homem são a glicose, frutose e galactose, todos com seis átomos de carbono. Os carboidratos da dieta fornecem a maior parte das necessidades calóricas do organismo. A dieta média é composta de amido, sacarose e lactose. O glicogênio, maltose, glicose e frutose, presentes em certos alimentos, constituem uma fração menor dos carboidratos ingeridos. Antes da absorção dos carboidratos pelas célulasdo intestino delgado, é essencial que os polissacarídeos e oligossacarídeos sejam hidrolizados em seus componentes monossacarídicos. Os principais monossacarídios obtidos por hidrólise (glicose, 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 74 frutose e galactose) são absorvidos do lúmen para as células e levados ao fígado pelo sistema porta. A glicose no fígado é metabolizada ou armazenada como glicogênio. O fígado também libera glicose para a circulação sistêmica, tornando-a disponível a todas as células do organismo. A frutose e galactose são transformadas em outros compostos de acordo com as necessidades homeostáticas ou convertidas em glicose, a forma usual de açúcar circulante. O glicogênio é produzido também nos músculos, como forma de armazenamento de glicose. O controle da glicemia é um dos objetivos principais dos hormônios que regulam o metabolismo energético no corpo humano. A glicemia é a taxa de glicose circulante no sangue. Tanto o excesso (hiperglicemia) quanto a falta de açúcar no sangue (hipoglicemia) podem ser devastadores para o organismo. Células do cérebro e hemácias, entre outras, dependem da glicose como única fonte de energia! Por isso, nosso corpo tem que controlar a glicemia o tempo todo. Para isso, o pâncreas produz dois importantes hormônios reguladores do metabolismo: a insulina e o glucagon, um é antagônico ao outro e a liberação desses é regulada principalmente pelos níveis plasmáticos de glicose. Insulina: É um hormônio protéico produzido nas células beta do pâncreas, que é secretado no sangue logo após as refeições, em resposta ao aumento da glicemia. Ela facilita a entrada de glicose na maioria dos tecidos e ativa as vias metabólicas de armazenamento de energia, como a síntese do glicogênio (glicogênese) e a síntese de triacilgliceróis (gordura de armazenamento de energia, é encontrada nas células do tecido adiposo). Portanto, atenção: o principal substrato estimulador da insulina é a glicose. Glucagon: É um peptídeo produzido pelas células alfa do pâncreas, que é secretado no sangue quando ficamos em jejum, em resposta a redução dos níveis plasmáticos de glicose. Sua principal ação é no tecido hepático, onde ele inicialmente ativa a quebra do glicogênio 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 74 para obtenção de glicose (glicogenólise) e posteriormente ativa a gliconeogênese (produção de glicose a partir de fontes não- carboidratos- aminoácidos, glicerol ou lactato) para que o fígado possa liberar glicose no sangue para manutenção da glicemia. Na maioria dos outros tecidos, ele inibe a utilização de carboidratos como fonte de energia, para economizar glicose, e ativa a quebra de lipídeos para produção de ATP. Veja esquema abaixo: GLICEMIA DE JEJUM As concentrações plasmáticas de glicose em indivíduos normais sob jejum varia de 70 mg/dL a 99 mg/dL no sangue venoso e no sangue arterial esse valor tem aumento de 15 a 30 mg/dL. 26274965572 26274965572 - roger mendonça Sabino Realce Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 74 Paciente: Deve permanecer em jejum por 12-14 horas. Caso seja diabético, não deve usar insulina ou hipoglicemiantes orais antes da coleta. Amostra: Soro, plasma, LCR e urina. Quando o sangue for colhido sem conservantes e deixado a temperatura ambiente, as enzimas glicolíticas dos eritrócitos, leucócitos, plaquetas e de alguns contaminantes bacterianos reduzem os níveis de glicose na amostra em aproximadamente 5 a 7% por hora (5 a 10 mg/dL). Esta redução torna-se negligenciável quando: o plasma ou soro for separado em menos de 30 minutos após a coleta ou em caso de sangue coletado em tubos contendo fluoreto de sódio (2 mg por mL de sangue) – inibidor da enzima enolase da glicólise – ou de iodoacetato de sódio (2 mg por mL de sangue) – inibidor da gliceraldeído 3 -P desidrogenase da glicólise. Ou ainda oor refrigeração da amostra, pois em soro ou plasma refrigerado a glicose permanece estável por três dias. Hiperglicemia A hiperglicemia é caracterizada pela elevação dos níveis de glicemia em jejum, onde os valores ultrapassam a 126 mg/dl. Hipoglicemia A hipoglicemia é caracterizado pelos níveis abaixo dos valores em jejum, 50 mg/dl para adultos e 40 md/dl para recém-nascidos. Alguns sintomas da hipoglicemia são: fraqueza, suor, calafrio e fome. Glicose Pós-Prandial de Duas Horas A concentração da glicemia duas horas após a ingestão de 75 g de glicose em solução aquosa a 25% (ou refeição contendo 75 g de carboidratos) é de considerável utilidade na avaliação do diabetes. 26274965572 26274965572 - roger mendonça Sabino Realce 6-10 Sabino Realce Sabino Realce Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 74 Normalmente, após a ingestão de carboidratos, a glicose sangüínea tende a retornar ao normal dentro de duas horas. Após duas horas da sobrecarga, os valores de glicemia plasmática maiores ou iguais a 200 mg/dL são considerados diagnósticos de diabetes mellitus. Níveis entre 140 e 200 mg/dL são encontrados na “tolerância à glicose alterada” (veremos adiante). Os indivíduos normais, que se submetem a esta prova, apresentam teores glicêmicos menores ou iguais a 140 mg/dL. Entretanto, medicações, agentes químicos, desordens hormonais e dietas devem ser considerados ao examinar estes resultados. Além disso, os valores tendem a crescer com a idade (10 mg/dL por década de vida, após a idade de 40 anos). Deste modo, concentrações acima de 200 mg/dL podem ser encontradas em indivíduos idosos que não apresentam diabetes. Teste de O´Sullivan (Triagem de Diabetes Gestacional): é empregado para detectar o diabetes gestacional e deve ser realizado entre 24ª e a 28ª semana de gestação. À paciente em jejum é administrada 50g de glicose em solução aquosa a 25% por via oral. O sangue é colhido após 1 hora. Resultados iguais ou superiores a 140 mg/dL indicam a necessidade de um teste completo. Teste Oral de Tolerância a Glicose (TTOG) ou Curva Glicêmica Este teste é útil para o diagnóstico de diabetes em pacientes com níveis glicêmicos limítrofes de jejum e em gestantes para 26274965572 26274965572 - roger mendonça Sabino Realce Sabino Realce Sabino Realce Sabino Realce Sabino Realce Sabino Realce Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 74 monitorar ou diagnosticar diabetes gestacional. Medidas seriadas da glicose plasmática, nos tempos 0, 30, 60, 90 e 120 minutos após administração de 75 g de glicose anidra (em solução aquosa a 25%) por via oral. Apesar de mais sensível que a determinação da glicose em jejum, a TOTG é afetada por vários fatores que resulta em pobre reprodutibilidade do teste. A menos que os resultados se apresentem nitidamente anormais, a TOTG deve ser realizada em duas ocasiões diferentes antes dos valores serem considerados anormais. As criançasdevem receber 1,75 g/kg de peso até a dose máxima de 75 g de glicose anidra. A TOTG é indicada nas seguintes situações: - Diagnóstico do diabetes mellitus gestacional (neste caso, é empregado o TOTG modificado, veremos adiante). - Diagnóstico de “tolerância à glicose alterada” (ex.: em pacientes com teores de glicemia em jejum entre 100 e 126 mg/dL). A prova deve ser realizada pela manhã com o paciente em jejum de 8-10 horas. Valores de Referência CRITÉRIOS PARA O DIAGNÓSTICO DOS ESTADOS HIPERGLICÊMICOS A classificação atual do Diabetes Mellitus é a seguinte: - DM tipo 1: destruição da célula b, levando à deficiência absoluta de 26274965572 26274965572 - roger mendonça Sabino Realce Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 74 insulina. - DM tipo 2: graus variados de resistência insulínica e de deficiência na secreção de insulina. - GESTACIONAL - OUTROS TIPOS: decorrentes de defeitos genéticos, associado com outras doenças e desencadeado pelo uso de fármacos diabetogênicos. Diabetes mellitus em homens e mulheres não-grávidas: qualquer dos achados a seguir é diagnóstico: - Sintomas e sinais de diabetes (polidipsia, poliúria, emagrecimento, astenia, distúrbios visuais e outros) e elevação casual (sem observar o jejum) de glicose plasmática (maior ou igual 200 mg/dL). - Glicose plasmática em jejum de oito horas maior ou igual a 126 mg/dL confirmado por um segundo teste. - Glicose plasmática maior ou igual a 200 mg/dL durante a TOTG aos 120 minutos após a sobrecarga. Glicemia de jejum inapropriada (Impaired fasting glucose ou IFG): é definida pela glicemia em jejum igual ou maior que 100 mg/dL, mas menor que 126 mg/dL. Tolerância à glicose diminuída (Impaired glucose tolerance ou IGT): É definida por glicose plasmática pós-prandial de duas horas (ingestão de 75 g de glicose anidra) maior que 140 mg/dL, mas menor que 200 mg/dL. Diagnóstico do diabetes gestacional: o teste tolerância à glicose e os critérios diagnósticos são ligeiramente diferentes em gestantes. Nestes casos, administra-se 100 g de glicose e as amostras de sangue são colhidas nos tempos 0, 60, 120 e 180 minutos. Os valores em mulheres não diabéticas são: 26274965572 26274965572 - roger mendonça Sabino Realce Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 74 O diagnóstico de diabetes gestacional ocorre quando dois desses limites forem atingidos ou ultrapassados. Em gestantes a partir da 20ª semana de gravidez, indica-se glicemia em jejum como teste de rastreamento. Valores maiores que 85 mg/dL são considerados positivos sendo necessário proceder ao TOTG. Considera-se, também, confirmatórios de diabetes gestacional valores obtidos de duas glicemias em jejum maiores ou iguais a 105 mg/dL. DETERMINAÇÃO DA HEMOGLOBINA GLICOSILADA Exame que permite a verificação da glicemia em longo prazo. Denomina-se hemoglobina glicada ou glicosilada (HbA1c) a fração da hemoglobina que se liga a glicose. A ligação da Hemoglobina com glicose é um tipo de glicação não enzimática, contínua, lenta e irreversível. Durante o período de vida da hemácia - 90 dias em média - a hemoglobina vai incorporando glicose, em função da concentração deste açúcar no sangue. Se a taxa de glicose estiver elevada ao longo desse período ou sofrer elevações ocasionais, haverá necessariamente um aumento nos níveis de hemoglobina glicada. Dessa forma, esse exame consegue mostrar uma média das concentrações de hemoglobina em nosso sangue durante aproximadamente 60 a 90 dias (3 meses ou 60dias a 4 26274965572 26274965572 - roger mendonça Sabino Realce Sabino Realce Sabino Realce Sabino Realce Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 74 meses ou 120dias). O exame de hemoglobina glicada é um importante complemento do exame de glicemia de jejum, uma vez que esse mede a concentração de glicose no sangue apenas no período da coleta e podem ocorrer falhar como: resultados pode estar alterado isoladamente em função de algum fator (atividade física ou medicações) ou alguns indivíduos podem apresentar a glicemia de jejum normal e ter picos hiperglicêmicos em outros períodos e isso não irá ”aparecer” no exame de glicemia de jejum. Em geral, o exame de Hemoglobina glicada é solicitado para auxiliar no diagnostico e acompanhamento do diabetes, em conjunto com o exame de curva glicêmica e glicemia de jejum. As principais doenças que levam a realizar esse exame são o diabetes tipo 1 e o diabetes tipo 2, mas a hemoglobina glicada pode ser solicitada pelo médico apenas como parte do check-up de uma consulta - principalmente porque o diabetes pode permanecer assintomático por muito tempo. Paciente: não necessita jejum para a coleta. Amostra: sangue total colhido em tubo contendo EDTA, oxalato de potássio-fluoreto de sódio. O sangue pode ser armazenado em refrigerador por uma semana. Amostras heparinizadas devem ser ensaiadas no máximo em dois dias. Métodos: a hemoglobina glicada é determinada por três categorias de métodos baseados no modo como os componentes glicados e não- glicados são separados. São separados de acordo com: (a) diferenças de carga (cromatografia de troca iônica, cromatografia líquida de alta execução, eletroforese, focalização isoelétrica), (b) reatividade quí- mica (colorimetria e espectrofotometria) e (c) diferenças estruturais (cromatografia por afinidade e imunoensaio). 26274965572 26274965572 - roger mendonça Sabino Realce Sabino Realce Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 74 Valores de Referência da hemoglobina glicada A Sociedade Brasileira de Diabetes recomenda o uso da dosagem de hemoglobina glicada também como critério de diagnóstico de diabetes mellitus nas seguintes condições: 1) HbA1c maior de 6,5% confirmada em outra ocasião (dois testes alterados); ou 2) Uma dosagem de HbA1c associada a glicemia de jejum maior que 200 mg/dl na presença de sintomas de diabetes. Agora vamos exercitar! Dominar esse assunto é peça- chave pra sua prova pois e muito cobrado! 1. (PR-4 Concursos/2012/UFRJ/Biomédico) Um pesquisador está testando em animais de experimentação uma nova droga para o tratamento do diabetes mellitus tipo II, que visa a diminuir a glicose sanguínea. Para saber a eficiência desta droga, ele testa parâmetros % 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 74 fisiológicos que refletem a homeostase glicêmica. O pesquisador injeta glicose por via endovenosa e mede a glicose sanguínea (glicemia) nos tempos 0 (antes da injeção), 30, 60 e 120 minutos após a injeção da glicose. Se a droga foi eficiente e recuperou a normalidade da homeostase glicêmica, a glicemia aumenta nos tempos iniciais e aos 120 minutos deve voltar ao normal. Isto porque: a) a insulina secretada por estímulo da glicose atuará para diminuir a glicemia, por aumentar a entrada de glicose nas células,direcionando a glicose para utilização na glicólise e para armazenamento na forma de glicogênio e lipídios; b) o glucagon secretado por estímulo da glicose atuará para diminuir a glicemia, por aumentar a entrada de glicose nas células e a glicogenólise hepática; c) a insulina secretada por estímulo da glicose atuará para diminuir a glicemia, por aumentar a entrada de glicose via transportador de glicose GLUT4 presente em todas as células do organismo; d) a adrenalina secretada por estímulo da glicose atuará para diminuir a glicemia, por aumentar a oxidação de ácidos graxos e aumentar a neoglicogênese hepática; e) o glucagon secretado por estímulo da glicose atuará para diminuir a glicemia por aumentar a depuração renal de glicose. Comentário: a alternativa correta é letra A. Mas vamos identificar os erros nas demais...Na letra B, o glucagon na verdade é secretado no sangue em resposta a redução dos níveis plasmáticos de glicose e atua para aumentar a glicemia por estimular a glicogenólise e a gliconeogênese. Na letra C, na verdade o GLUT 4 está presente nos chamados tecidos sensíveis à insulina, aqueles que sob estímulo desta aumentam aguda e intensamente a sua capacidade de transportar glicose (ex: tecido adiposo branco e marrom, musculatura esquelética e cardíaca). A insulina sinaliza sobre a proteína de transporte (glut4) nas células do músculo esquelético, tecido adiposo 26274965572 26274965572 - roger mendonça Sabino Realce Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 74 e fígado, possibilitando que esses tecidos captem mais glicose. Na letra D, na verdade a adrenalina atua no sentido de disponibilizar glicose, aumentar a glicemia! E, finalmente, letra E também errada pois, conforme já vimos, o glucagon atua para aumentar a glicemia. Gabarito: A. 2. (CESPE/2013/UNIPAMPA/Farmacêutico analista clínico (bioquímico)) Julgue os itens seguintes, referentes ao diagnóstico laboratorial relativo ao vírus da imunodeficiência humana (HIV). Os pacientes submetidos ao tratamento com antirretrovirais têm maior risco de apresentar intolerância à glicose. São considerados intolerantes os pacientes com glicemia de jejum entre 75 e 85 mg/dL. Comentário: Sentença errada, pois a glicemia de jejum alterada está na faixa de 100 a 125 mg/dL. Gabarito: ERRADO. 3. (INSTITUTO AOCP/2014/EBSERH-UFC/Biomédico) Uma mulher portadora de diabetes do tipo II, em tratamento médico, ao realizar alguns exames laboratoriais para acompanhamento, verificou-se uma glicemia de jejum perto do limite da normalidade, porém o valor da hemoglobina glicada revelou-se significativamente acima do percentual recomendado. Diante desta situação, conclui-se que: a) neste caso, a mulher deve ter apresentado episódios frequentes de hiperglicemia nos últimos 60 a 90 dias. b) não há nenhuma relação entre a hemoglobina glicada e a curva glicêmica. c) esta mulher deve ter sofrido um episódio hiperglicêmico nas últimas 24 horas. d) esta mulher deve ter sofrido um episódio hiperglicêmico nas últimas 12 horas. e) o episódio de hipoglicemia deve ser devido ao sequestro da glicose pela hemoglobina. 26274965572 26274965572 - roger mendonça Sabino Realce Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 74 Comentário: pelo que acabamos de estudar, não há dúvidas que é a letra A! A hemoglobina vai incorporando glicose, em função da concentração deste açúcar no sangue, durante seu período de vida. Se a taxa de glicose estiver elevada ao longo desse período ou sofrer elevações ocasionais, haverá necessariamente um aumento nos níveis de hemoglobina glicada. Dessa forma, esse exame mostra uma uma média das concentrações de hemoglobina em nosso sangue durante aproximadamente 60 a 90 dias. Gabarito: A 4. (COVEST-COPSET/2010/UFPE/Farmacêutico) O diabetes gestacional é um problema importante porque compromete a saúde do binômio mãe-feto. Mulher de 32 anos de idade, no segundo trimestre gestacional, apresentou como resultado de glicemia pós- sobrecarga de 75g de glicose, após jejum de 8h em repouso, e três dias de dieta não restritiva com ingesta de, no mínimo, 150g de carboidratos por dia: jejum 90mg/dL, decorrida 1h da ingesta 190mg/dL, decorridas 2h da ingesta 120mg/dL. Assinale a alternativa que fornece o diagnóstico correto. a) A paciente tem diabetes gestacional porque a dosagem após uma hora ultrapassa o limite normal. b) A paciente não tem diabetes gestacional porque a dosagem em jejum é normal. c) A paciente não tem diabetes gestacional porque a dosagem, decorridas duas horas da ingesta, é normal. d) A paciente tem diabetes gestacional porque as dosagens decorridas uma e duas horas após ingesta ultrapassam o limite normal. e) A paciente não tem diabetes gestacional porque duas dosagens são normais. Comentário: Não tem muito o que comentar, questão que exige conhecimento dos valores de referência de resultados de exame de 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 74 glicose em jejum e pós-prandial. Haveria diagnostico de diabetes se dois ou mais valores excedessem o nível máximo (apenas o de 1h resultou fora do máxmo). Relembre: Gabarito: E. 5. (INSTITUTO AOCP/2014/EBSERH-UFGD/Farmacêutico) Uma mulher de 55 anos, durante consulta médica, relatou queixa de tonturas frequentes. Também referiu que há alguns meses vem sentido muita sede, boca seca e tem acordado várias vezes para urinar durante a noite. O clínico suspeitou de diabetes e solicitou alguns exames para confirmação do diagnóstico. O resultado do exame de glicemia em jejum foi de 160 mg/dL. Posteriormente, o médico solicitou o exame de hemoglobina glicosilada. Sobre o exame de hemoglobina glicosilada, assinale a alternativa INCORRETA. a) No controle do diabetes, o ideal é que os seus valores estejam abaixo de 7%. b) Uma vez que os eritrócitos têm um tempo de vida de aproximadamente 120 dias, a medida da quantidade de glicose ligada à hemoglobina pode fornecer uma avaliação do controle glicêmico médio no período de 90 a 120 dias antes do exame. c) Os exames de hemoglobina glicosilada devem ser realizados regularmente em todos os pacientes. 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 74 d) Os níveis de hemoglobina glicosilada voltam ao normal imediatamente após a normalização dos níveis da glicose sanguínea. e) Pacientes com anemia hemolítica podem ter redução dos níveis de hemoglobina glicosilada devido à diminuição do número de eritrócitos. Comentário: questão boa e fácil! A incorreta é a D pois sabemos que os níveis de A1c, diferentemente da glicemia, não retornam ao normal imediatamente após a normalização da glicose no sangue. O intervalo para que a A1c atinja os níveis desejados após um episódio de descontrole é de aproximadamente dez semanas. Assim sendo, a repetição do exame de A1c para avaliar a eficácia de um tratamento deve ser realizada somente dois a três meses após o início ou a modificação do tratamento. Antes disso, os níveis de A1c praticamente não fornecerão informações úteis. Também gostaria de comentar a letra E: algumassituações clínicas podem realmente ser responsáveis por interferências na análise da hemoglobina glicada. As doenças que alteram a sobrevida das hemácias, como anemia hemolítica e hemorragia, por reduzirem a vida média das hemácias, podem resultar em valores falsamente baixos. A anemia por carência de ferro, vitamina B12 ou folato, que aumentam a vida média das hemácias, por sua vez, resulta em valores falsamente elevados. Gabarito: D 6. (CESPE/2015/FUB/Farmacêutico) Julgue o item que se segue, relativo ao medicamento a ser utilizado por uma paciente obesa que tenha recebido o diagnóstico de diabetes melito, distúrbio metabólico crônico caracterizado pelo aumento nos níveis sanguíneos de glicose. Caso essa paciente não tenha células pancreáticas funcionais, o uso de metformina não seria eficaz no controle da glicemia, já que fármacos do grupo das biguanidas atuam de maneira restrita por meio do estímulo a células beta funcionais à produção de insulina. CERTO 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 74 ERRADO Comentário: biguanidas é uma classe de fármacos utilizadas como hipoglicemiantes. As biguanidas não afetam a liberação de insulina das células pancreáticas, portanto, sua ação de redução nos níveis de glicose sanguíneo não depende da presença da presença de células beta funcionais. O mecanismo de ação não está bem estabelecido, mas acredita-se que tem efeito redutor da produção hepática de glicose e da absorção gastrointestinal de glicose e aumenta a sensibilidade dos tecidos a insulina (e consequentemente captação de glicose), especialmente nos músculos. Gabarito: ERRADO. 7. (COVEST-COPSET/2010/UFPE/Farmacêutico) O diagnóstico e a avaliação terapêutica do diabetes mellitus são considerados questões de saúde pública devido ao impacto da doença. Assinale a alternativa correta relativa ao acompanhamento terapêutico, conforme as recomendações da American Diabetes Association. a) Glicemia de jejum, glicemia pós-prandial após uma refeição habitual do paciente, perfil lipídico e hemoglobina glicosilada. b) Glicemia de jejum, glicemia pós-sobrecarga, hemoglobina glicosilada, microalbuminúria e perfil lipídico. c) Glicemia de jejum, glicemia pós-prandial após uma refeição habitual do paciente e colesterol total e frações. d) Glicemia pós-prandial após sobrecarga, urinálise, uréia, creatinina, perfil lipídico e hemoglobina glicosilada. e) Glicemia de jejum, colesterol total e frações, triglicerídeos, proteínas totais e frações e frutosamina. Comentário: Vimos que os exames de glicemia de jejum, hemoglobina glicada e curva glicêmica são auxiliares no diagnostico e acompanhamento do diabetes. A única alternativa que contempla é a letra B. Além disso, é mencionada a avaliação de microalbuminúria e perfil lipídico. Isto porque a microalbuminúria 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 74 (pequenas quantidades de albumina) permite a detecção de complicações renais precocemente no paciente diabético, permitindo estabilizar os níveis de glicemia e retardar a evolução. E com relação as hiperlipidemias no diabetes, as anormalidades lipídicas associadas incluem hipertrigliceridemia e hipercolesterolemia, portanto, deve-se avaliar todo o perfil lipídico e não apenas colesterol. Gabarito: B. 8. (CESPE/2013/ SESA-ES/Farmacêutico Analista Clínico (bioquímico) Em relação à prova teste oral de tolerância a glicose (TOTG), para avaliação do paciente diabético, assinale a opção correta. a) Os indivíduos normais, que se submetem a essa prova, apresentam teores glicêmicos maiores ou iguais a 140 mg/dL. b) Para realização da TOTG, o paciente é submetido a uma sobrecarga de 75 g de dextrosol. Considera-se que um paciente tem tolerância à glicose diminuída quando, duas horas após a sobrecarga, sua glicemia seja menor ou igual a 140 mg/dL. c) Abaixo de 200 mg/dL o resultado é compatível com o diabetes melito. d) O teste é realizado após verificação da glicemia de jejum, a qual deve ser menor ou igual a 125 mg/dL para continuação da prova. e) Em relação a glicemia pós-prandial, o valor em 12 horas não deve ultrapassar 200 mg/dL. Comentário: na letra A, o correto seria “menores ou iguais a 140 mg/dL”. Na letra B, será considerado resultado compatível com intolerância a glicose se após duas horas da sobrecarga a glicemia for maior que 140 mg/dL e menor que 200 mg/dL. Letra C também está errada, o correto seria “acima de 200 mg/dL” compatível com diabetes. Letra E errada pois no teste de glicemia pós prandial, verifica-se a glicose após 2h (e não 12h), cujo valor não deve ultrapassar 200gm/dL. Letra D é a correta. Gabarito: D. 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 74 9. ( CESGRANRIO - SA TOCANTINS – Técnico de laboratório- 2009) O exame mais utilizado para o diagnóstico do Diabetes é A) hemoglobina glicosilada. B) hemograma. C) creatinina. D) colesterol. E) glicose. Comentários: o exame para o diagnóstico do diabetes mais utilizado é a glicose. A alternativa que deixaria dúvida seria a “A” mas trata-se de um exame de apoio muito mais utilizado para o monitoramento da diabetes (embora também possa ser usado no diagnóstico em conjunto com outros exames e em razão dos sintomas do paciente). Gabarito: E. Ufa! Quantas questões sobre esse tema! Sem dúvida um dos exames bioquímicos mais cobrados em prova é a glicemia. AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA DA FUNÇÃO HEPATOBILIAR FUNÇÃO HEPATOBILIAR O fígado humano é o órgão mais volumoso do organismo e possui uma estrutura anatômica interessante. As células hepáticas estão em contato com a circulação sanguínea de um lado e o canalículo biliar do outro. Desse modo, cada célula hepática (hepatócito) tem uma grande área em contato tanto com um sistema nutriente proveniente dos sinusóides (“capilares” da veia portal) e um sistema de escoamento, o canalículo biliar que transporta as 26274965572 26274965572 - roger mendonça Sabino Realce Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 74 secreções e excreções dos hepatócitos. A bile é um líquido viscoso produzido neste processo. Os canalículos biliares se reúnem para formar os ductos que conduzem as secreções biliares ao intestino delgado. Figura: O fígado produz a bile, que é drenada pelas vias biliares. A árvore biliar nasce dentro do fígado e suas ramificações terminam se juntando e formando um ducto biliar comum, já fora do fígado, chamado de colédoco. O fígado apresenta centenas de funções conhecidas, dentre as quais: metabolização, excreção e secreção, armazenamento, função circulatória e função sobre a coagulação sanguínea. Vamos ver brevemente as principais: Função metabólica e de síntese: o fígado é o principal órgão de síntese de vários compostos biológicos: proteínas, carboidratos e lipídios. A síntese e o metabolismo dos carboidratos estão centralizados no fígado. A maioria das proteínas plasmáticas é sintetizada no fígado: albumina, fibrinogênio, alfa-1 antitripsina, haptoglobulina, transferrina,alfa-1 fetoprototeína, protrombina e complemento C3. No fígado, ocorre também a desaminação do glutamato como a principal fonte de amônia, convertida posteriormente em uréia. A síntese das lipoproteínas plasmáticas 26274965572 26274965572 - roger mendonça Sabino Realce Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 74 VLDL e HDL, bem como a conversão da acetil-CoA em ácidos graxos, triglicerídios e colesterol são realizadas no fígado. A gordura é formada no fígado a partir de carboidratos de fontes dietéticas. Este órgão é o principal sitio de remoção dos quilomícrons “remanescentes”, bem como do metabolismo do colesterol a ácidos biliares. A formação de corpos cetônicos também ocorre, quase exclusivamente, no fígado. Com o incremento da gliconeogênese ocorre a redução do oxaloacetato e do acetil CoA que não podem ser convertidos o suficientemente rápido a citrato; deste modo, o acetil CoA acumula e é transformado em corpos cetônicos. Muitas enzimas são sintetizadas pelas células hepáticas, mas nem todas são úteis no diagnóstico de desordens hepatobiliares. As enzimas empregadas com frequência são: - Aminotransferases (transaminases); - Fosfatase alcalina - Gama-glutamil transferase (Gama GT). Função de armazenamento: o fígado armazena vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e várias vitaminas hidrossolúveis, como a B12. Função de desintoxicação e metabolismo de drogas: o mecanismo mais importante na atividade desintoxicante é o sistema microssomial de metabolização das drogas. Este sistema é induzido por vários compostos e é responsável por mecanismos de desintoxicação (biotransformação) que incluem oxidação, redução, hidrólise, hidroxilação, carboxilação e demetilação, Estes mecanismos atuam na conversão de compostos nocivos ou pouco solúveis em substâncias menos tóxicas ou mais solúveis em água. A conjugação com o ácido glicurônico, glicina, ácido sulfúrico, glutamina, acetato, cisteína e glutationa, converte substâncias insolúveis em formas solúveis passíveis de excreção renal. Função excretora: secreta a bile, que é composta de pigmentos biliares (fundamentalmente ésteres da bilirrubina), ácidos e sais 26274965572 26274965572 - roger mendonça Sabino Realce Sabino Realce Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 74 biliares, colesterol e outras substâncias extraídas do sangue (alguns corantes, metais pesados, enzimas). AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA DA FUNÇÃO HEPÁTICA Diferentes testes são utilizados para identificar alterações no sistema hepatobiliar. Os exames disponíveis podem funcionar como marcadores de lesão hepática, indicadores de função hepática (síntese e depuração) ou indicadores de colestase (colestase é uma diminuição ou interrupção do fluxo de bile). Esses exames possibilitam inclusive distinguir tipo da alteração hepática (ex.: colestase versus enfermidade hepatocelular) e local (ex.: intrahepática versus extrahepática). Testes de bioquímicos de rotina: Alanina aminotransferase (ALT/TGP); Aspartato aminotransferase (AST/TGO) Bilirrubina Total e Frações (não-conjugada/indireta e conjugada/direta); Gama-Glutamiltransferase (g-GT, YGT, GGT, Gama GT); Fosfatase alcalina (FAL); Albumina; Proteínas totais; Outros testes bioquímicos especiais: Alfa-fetoproteína; 5’-Nucleotidase; Ácidos biliares séricos; Amônia; Ceruloplasmina; Ferro e ferritina sérica; Leucina aminopeptidase; 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 74 Testes urinários: Bilirrubina urinária Urobilinogênio urinário Marcadores imunológicos das hepatites por vírus Hepatite A Anti-HAV (IgG) – Antígeno contra o vírus da hepatite A da subclasse IgG; Anti-HAV (IgM) – Anticorpos contra o vírus da hepatite A da subclasse IgM; Hepatite B HBsAg – Antígeno de superfície do vírus B da hepatite; HBeAg – Antígeno “e” do vírus B da hepatite; Anti-HBe – Anticorpos contra o antígeno “e” do vírus B da hepatite; Anti-HBc (IgG) – Anticorpos contra o antígeno do core do vírus B da hepatite, da subclasse IgG; Anti-HBc (IgM) – Anticorpos contra o antígeno do core do vírus B da hepatite, da subclasse IgM; Anti-HBs – Anticorpos contra o antígeno de superfície do vírus B da hepatite; Hepatite C Anti-HVC (IgG) – Anticorpos contra o vírus C da hepatite, da subclasse IgG; Anti HCV (IgM) – Anticorpos contra o vírus C da hepatite, da subclasse IgM; Hepatite Delta Anti-HDV – Anticorpos contra o vírus D da hepatite; HDVAg – Antígeno da hepatite D; 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 74 Hepatite E Anti-HEV (IgG) – Anticorpos contra o vírus E da hepatite, da subclasse IgG; Anti-HEV (IgM) – Anticorpos contra o vírus E da hepatite, da subclasse IgM; Essas análises, juntamente com a anamnese do paciente, irão fornecer dados para o diagnóstico. PRINCIPAIS DOENÇAS HEPÁTICAS O termo hepatite refere-se genericamente ao processo inflamatório do fígado, com degeneração e necrose dos hepatócitos que resulta na redução da capacidade funcional do órgão. Hepatites podem ser causadas por agentes infeciosos ou tóxicos. Quando os agentes causadores estão associados aos vírus que acometem principalmente o fígado, emprega-se o termo hepatite viral. Em menos de 1% dos casos de hepatite viral aguda ocorre uma necrose hepática maciça, levando a uma condição dramática e, com frequência, fatal, denominada insuficiência hepática fulminante ou hepatite aguda fulminante. A hepatite é dividida em tipos agudo e crônico, com base em critérios clínicos e patológicos. A hepatite aguda implica uma condição com menos de seis meses de duração, culminando numa resolução completa da lesão hepática com retorno da função e estrutura normais do hepatócito ou numa evolução rápida da lesão aguda para necrose extensa e morte (exceto se for realizado um transplante de fígado). A hepatite crônica é definida como um processo inflamatório persistente no fígado com duração superior a seis meses. As Lesões hepáticas agudas podem ser causadas, por exemplo, por intoxicação por drogas e infecção (bacteriana e viral). O abuso de álcool constitui uma das causas mais comuns de doença hepática. As três principais alterações patológicas 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 74 resultantes do excesso alcoólico são: (a) esteatose hepática, (b) hepatite alcoólica e (c) cirrose. As duas primeiras são potencialmente reversíveis, podendo em algum momento ser clinicamente confundidas com hepatite viral. As lesões hepáticas crônicas pode ter múltiplas etiologias: agentes infecciosos, sobretudo virais, drogas tóxicas, enfermidades metabólicas (doença de Wilson), deficiência de alfa 1 -antitripsina, doenças auto-imunes caracterizadas pela presença de auto- anticorpos (anticorpos anti-nucleares, anticorpos anti-musculatura lisa e anticorposanti-microssomos hepatorrenais) e hipergamaglobulinemia. Os casos mais frequentes de hepatite crônica resultam de infecções por vírus B da hepatite (HBV), vírus C da hepatite (HCV) e pela associação dos vírus B e Delta (HDV). Alguns medicamentos também podem levar à hepatite crônica, como a metildopa, amiodarona e a isoniazida. Também pode ocorrer de o parênquima hepático ser progressivamente desorganizado e destruído, no que chamamos de infiltrações hepáticas. Ocorre em pacientes com carcinoma primário ou secundário, amiloidose, tuberculoses, abscessos, dentre outras doenças. Estas patologias levam muitas vezes a obstrução biliar e estão associadas a várias mudanças bioquímicas. Por exemplo, a alfa 1-fetoproteína está, frequentemente, bastante aumentada em caso de tumores. A dosagem sérica de alfa-fetoproteína (AFP) comumente está aumentada em pacientes com suspeita de câncer hepático (o carcinoma hepatocelular - CHC). Em adultos, valores elevados de AFP (acima de 500 ng/mL) são observados em apenas três situações: CHC, tumores de células germinativas (neoplasias localizadas nos testículos e ovários) e tumores com metástases para o fígado (com origem em outros órgãos). Em geral, os valores abaixo de 10 ng/mL são considerados normais. Níveis moderados (até cerca de 500 ng/mL) podem ser observados em pacientes com hepatite crônica. 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 74 Além disso, muitos pacientes com diferentes tipos de doenças hepáticas agudas e crônicas sem CHC podem apresentar elevação discreta ou moderada nos níveis de AFP. A cirrose hepática é a consequência irreversível da cicatrização fibrosa e regeneração hepatocelular, que são as principais respostas do fígado a inúmeras agressões prolongadas de natureza inflamatória, tóxica, metabólica e congestiva. O abuso do álcool, virus da hepatite (B e C) e colestase prolongada são as mais frequentes causas de cirrose, apesar de muitas vezes, a causa não ser evidenciada. Menos comuns, são os casos onde a cirrose está associada a desordens metabólicas tais como doença de Wilson, fibrose cística ou deficiência de alfa 1- antitripsina. A alfa 1-Antitripsina (AAT) é uma proteína formada no fígado que inibe a ação da tripsina e outras proteases. A Deficiência de Alfa 1-Antitripsina (AAT) é uma deficiência da síntese de AAT que provoca enfisema e/ou manifestações hepáticas ou pancreáticas. Uma vez estabelecido o diagnóstico de lesão no fígado, é possível ter uma ideia do grau de falência hepática. As duas principais dosagens para esse fim são a albumina e o TAP ou TP (Tempo de Ativação da Protrombina ou Tempo de Protrombina). A albumina é um proteína produzida no fígado e a queda nos seus valores sanguíneos podem indicar má função hepática. Do mesmo modo, o fígado é o principal órgão de armazenamento da vitamina K e é o local onde são sintetizados os fatores de coagulação dependentes dessa vitamina que está envolvida no processo de coagulação do sangue. Pessoas com falência hepática apresentam maior dificuldade em coagular o sangue, o que pode ser aferido pelo TAP (ocorre o aumento no tempo de protrombina) ou pelo INR (razão normalizada internacional, outra forma padronizada de expressar o resultado). Após esse panorama, vamos conhecer melhor os principais exames: 26274965572 26274965572 - roger mendonça Sabino Realce Sabino Realce Sabino Realce Sabino Realce Sabino Realce Sabino Realce Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 74 DETERMINAÇÃO DAS AMINOTRANSFERASES AST (ou TGO) e ALT (TGP) A AST (TGO) e a ALT (TGP) são enzimas que estão presentes em várias células do nosso corpo e se apresentam em grande quantidade nos hepatócitos. São indicadores de lesão hepática pois lesões ou destruição das células hepáticas liberam estas enzimas para a circulação. Portanto, doenças do fígado que causam lesão dos hepatócitos, cursam com elevação de AST e ALT no sangue. Esta diferença tem auxiliado no diagnóstico e prognóstico de doenças hepáticas. A relação AST/ALT (Índice de Ritis) tem sido empregada para auxiliar no diagnóstico diferencial das hepatopatias. Em dano hepatocelular leve e/ou agudo a forma predominante no soro será citoplasmática (ALT), enquanto que em lesões graves e/ou crônicas haverá um maior aumento da liberação da enzima mitocondrial (AST), elevando a relação AST/ALT. Por isso, além do valor absoluto das transaminases, é válido comparar a relação entre os valores de AST (TGO) e ALT (TGP). Normalmente, a relação AST/ALT = 0,8, ou seja, a ALT costuma ser ligeiramente maior que a AST. Na hepatite virótica, na mononucleose infecciosa e na lesão hepatocelular induzida por drogas o grau e a frequência da A ALT (TGP) é encontrada principalmente no citoplasma do hepatócito (90% no citoplasma e 10% na mitocôndria), enquanto a maior parte (60-80%) da AST (TGO) está presente na mitocôndria. 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 74 elevação dos níveis de ALT são praticamente os mesmos da AST, portanto, a relação AST/ALT se mantém menor do que 1 (AST/ALT<1). Já nos casos de cirrose ativa, hepatites crônicas, hepatopatia alcoólica aguda, congestão hepática passiva, obstrução dos ductos biliares extra-hepáticos e tumor metastático do fígado, os níveis de ALT encontram-se frequentemente menos elevados do que os da AST: AST>ALT; aumento da relação AST/ALT, AST/ALT maior que 1 (AST/ALT>1). Na hepatite por abuso de álcool, a AST eleva-se ainda mais, podendo se tornar, pelo menos, 2 vezes maior que a ALT (AST/ALT>2). Algumas vezes nos casos de cirrose, os valores costumam ficar semelhantes (TGO/TGP = 1). Obviamente, são dados que sozinhos não estabelecem nenhum diagnóstico. É importante salientar que é perfeitamente possível ter uma doença hepática crônica e possuir transaminases normais. Isso é muito comum em pessoas com hepatite C crônica, por exemplo. Portanto, a ausência de alterações na TGO e TGP não descarta doenças do fígado. Hepatite aguda: Os níveis de aminotransferases séricas elevam-se uma a duas semanas antes do início dos sintomas. Os aumentos podem atingir até 100 vezes os limites superiores dos valores de referência, apesar de níveis entre 20 e 50 vezes, serem os mais encontrados. As atividades máximas ocorrem entre o 7º e 12º dia; declinando entre a terceira e quinta semana, logo após o desaparecimento dos sintomas. Na fase aguda da hepatite viral ou tóxica, a ALT (TGP), geralmente, apresenta atividade maior que a AST (TGO) e a relação AST/ALT<1. Geralmente, se encontram hiperbilirrubinemia e bilirrubinúria com pequena elevação dos teores séricos da fosfatase alcalina. Cirrose hepática: são detectados níveis até cinco vezes os limites 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 74 superiores dos valores de referência, dependendo das condições do progresso da destruição celular; nestes casos, a atividade da AST (TGO) é maior que a ALT (GTP) e a relação AST/ALT>1. A disfunção hepatocelular provoca a síntese prejudicada da albumina, além do prolongamentodo tempo de protrombina, hiperbilirrubinemia, teores de amônia elevadas e uremia baixa. Aumentos das aminotransferases semelhantes aos encontrados na cirrose são frequentes na colestase extrahepática, carcinoma de fígado, após ingestão de álcool e após administração de certas drogas, tais como, opiatos, salicilatos ou ampicilina. A Relação AST/ALT é sempre maior do que 1 em pacientes com cirrose alcoólica, hepatites crônicas, congestão hepática e tumor metastático do fígado. Geralmente, essa relação é menor do que 1 nos casos de hepatite virótica aguda e mononucleose infecciosa Paciente: Não necessita cuidados especiais. Amostra: Soro isento de hemólise, pois a atividade das aminotransferases é maior nos eritrócitos. A atividade da enzima permanece inalterada por 24 horas em temperatura ambiente e mais de uma semana sob refrigeração. Interferentes: valores falsamente aumentados: paracetamol, ampicilina, agentes anestésicos, cloranfenicol, codeína, cumarínicos, difenilhidantoína, etanol, isoniazida, morfina, anticoncepcionais orais, sulfonamidas e tiazidas. Aspartato Aminotransferase (AST) ou Transaminase Glutâmico-Oxalacética (TGO) 26274965572 26274965572 - roger mendonça Sabino Realce Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 74 Siglas utilizadas: AST, GOT ou TGO. Nome sistemático (IUB)/Nome comum: Aspartato aminotransferase. Nome antigo: Transaminase glutâmico-oxalacética. pH ótimo: 7,4. A AST está em concentração muito alta nos hepatócitos (sendo 60-80% nas mitocôndrias e 20-40% no citoplasma), no músculo cardíaco, músculo esquelético e em menor concentração nos rins, pâncreas e glóbulos vermelhos. Portanto, não é uma enzima específica do fígado, apesar de ser amplamente utilizada na investigação de lesão hepática. Qualquer lesão tissular ou doença afetando o parênquima hepático liberará uma maior quantidade da enzima para a corrente sanguínea, elevando os níveis séricos da AST. Nos casos de obstrução extrahepática, as elevações de AST não são comuns, mas podem ocorrer quando há lesão parenquimatosa aguda secundária à obstrução. Na cirrose, as alterações da AST e seus respectivos níveis vão depender da ocorrência e do grau de lesão hepatocelular ativa presente. Geralmente, na cirrose inativa os valores de AST não se alteram. Na cirrose alcoólica ativa, os valores de AST se elevam. Nos casos de lesão do miocárdio, a AST juntamente com a dosagem da creatina quinase (CK) e da desidrogenase láctica (LDH) é muito útil para o diagnóstico e acompanhamento do infarto do miocárdio (IM). 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 74 Valores de Referências de AST em adultos U/L Mulheres De 13 a 35 Homens De 15 a 40 Alanina Aminotransferase (ALT) ou Transaminase Glutâmico Pirúvica (TGP) Siglas: ALT, GPT, TGP Nome sistemático (IUB)/Nome comum: Alanina aminotransferase Nome antigo: Transaminase glutâmico-pirúvica pH ótimo: 7,4 Enzima encontrada em altas concentrações predominantemente no fígado (em concentração moderada nos rins e em menores quantidades no coração e no músculo esquelético). Localiza-se principalmente no citoplasma (90%) dos hepatócitos e na mitocôndria (10%), aumentando seus níveis quando há lesão hepática aguda, como por exemplo, na hepatite viral. É considerada um marcador mais específico que a AST, pois é encontrada quase que somente dentro das células do fígado (de forma mais significativa). Valores de Referências de ALT em adultos U/L Mulheres 31 Homens 41 Atenção: os valores de referência dependem do fabricante do teste. É necessário sempre verificar quais são os valores de referência para poder comparar os resultados. 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 74 Vamos agora resolver mais questões sobre a aula de hoje. E é meu dever reforçar para vocês: isso seeeeempre cai em prova! Vamos lá: 10. (IADES/2014/EBSERH/Biomédico) Um passo inicial para detectar problemas no fígado é um exame de sangue para determinar a presença de certas enzimas, comumente chamadas de transaminases. Elas incluem a aminotransferase de aspartate (AST) e a aminotransferase de alanine (ALT). Acerca dessas enzimas, assinale a alternativa correta. a) Na hepatite aguda em fase inicial, geralmente, as concentrações de ALT estão mais elevadas nas primeiras 24 horas. b) A ALT é mais encontrada no citoplasma e nas mitocôndrias. c) A dosagem de AST e ALT são mais sensíveis para lesão hepatocelular aguda do que a dosagem de bilirrubinas. d) Níveis maiores de ALT sobre AST indicam dano celular profundo. e) A AST é encontrada em alta concentração nos hepatócitos e muito pouco em outros tecidos, portanto, é considerada específica de lesão hepatocelular. Comentário: letra A errada pois na hepatite A aguda, ambas transaminases sofrem elevação, antes do início dos sintomas e podem atingir até 100 vezes o limite superior e as máximas ocorrem entre o 7 e 120 dia, mas a relação AST/ALT é menor que 1, realmente, ou seja, ALT eleva-se mais. A ALT é mais encontrada no citoplasma e a AST no citoplasma e mitocôndrias. Letra C corretíssima! AST e ALT são indicadores mais sensiveis de dano nos hepatócitos, enquanto que as bilirrubinas são mais indicadoras de função hepática. Se o fígado está doente e não funciona bem, a 26274965572 26274965572 - roger mendonça Sabino Realce Sabino Realce Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 74 transformação de bilirrubina indireta em direta fica prejudicada, causando o acumulo da primeira. Letra D errada porque a AST é que está localizada também nas mitocôndrias, portanto, é mais indicativa de dano celular profundo do que a ALT do citoplasma. E, finalmente, Letra E errada porque a TGO (AST) está presente também nas células dos músculos esquelético, miocárdio,rins e etc...Enquanto que a TGP (ALT) é encontrada quase que somente dentro das células do fígado (de forma mais significativa). Portanto, a TGP (ALT) é muito mais específica para doenças do fígado que a TGO (AST). Gabarito: C. 11. (UFPB/2012/UFPB/Farmacêutico analista clínico (bioquímico)) Doenças hepáticas são comuns na rotina médica assistencial. Considerando os exames laboratoriais que estão disponíveis para avaliação da função hepática, julgue cada uma das assertivas abaixo: ALT e AST também são reconhecidas por TGO e TGP respectivamente. CERTO ERRADO Comentário: Questão “decoreba”...Alanina aminotransferase (ou ALT) é o mesmo que alanina transaminase ou também conhecida como transaminase glutâmico pirúvica (TGP). Ou seja, ALT=TGP. Já a aspartato aminotransferase (AST) é também chamada de transaminase glutâmico oxalacética (TGO). Portanto AST=TGO. Sentença com informação errada! Gabarito: ERRADO. 12. (UFPB/2012/UFPB/Farmacêutico analista clínico (bioquímico)) Na hepatopatia alcoólica, observa-se habitualmente uma razão entre AST/ALT igual a 1 ou discretamente superior. Certo Errado 26274965572 26274965572 - roger mendonça Sabino Realce Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof.Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 74 Comentário: Na hepatite alcoólica a relação entre AST/ALT é maior que 2 na maioria dos casos e quando maior que 3, tem valor preditivo de 96% para o diagnóstico de hepatite alcoólica. Portanto... Gabarito: ERRADO. 13. (UFPB/2012/UFPB/Farmacêutico analista clínico (bioquímico)) Doenças hepáticas são comuns na rotina médica assistencial. Considerando os exames laboratoriais que estão disponíveis para avaliação da função hepática, julgue cada uma das assertivas abaixo: As aminotransferases são produzidas exclusivamente pelo fígado. Certo Errado Comentário: Conforme já vimos, a TGO está presente no interior de diversas células do corpo (fígado, miocárdio, músculo esquelético, pâncreas, rins, glóbulos vermelhos). E mesmo a TGP é encontrada quase que unicamente nas células do fígado. Ou seja, não existe o “exclusivamente” no fígado para essas duas enzimas. Gabarito: ERRADO. DETERMINAÇÃO DE BILIRRUBINA As bilirrubinas são restos da destruição das hemácias velhas e também das hemácias defeituosas. Nesse processo de “envelhecimento”, há modificações da membrana e o glóbulo vermelho é retido pelo macrófago do sistema retículo endotelial – SER (baço, fígado e medula óssea) onde é destruído. O ferro retorna ao plasma e se liga à tranferrina. A globina é degradada em seus aminoácidos com posterior reutilização. A protoporfirina IX é clivada para formar biliverdina que, por sua vez, é reduzida à bilirrubina, um tetrapirrol insolúvel em água. A bilirrubina produzida no baço é transportada pelo sangue até o fígado, onde é processada e eliminada na bile. A bile é jogada no intestino, participa da digestão, e posteriormente é eliminada nas fezes (daí a cor marrom das fezes). 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 74 A bilirrubina do baço é chamada de bilirrubina indireta ou não conjugada, é apolar, portanto, insolúvel em água e é transportada para o fígado via corrente circulatória ligada de maneira firme, mas reversível, à albumina. Já a bilirrubina transformada no fígado é a bilirrubina direta ou conjugada. A bilirrubina isolada da albumina entra na célula hepática e, uma vez no citoplasma, se associa às proteínas Y e Z. O complexo bilirrubina-proteína é então levando ao retículo endoplasmático, onde a enzima uridina difosfato glicuronil transferase (UDPGT) catalisa a rápida conjugação da bilirrubina com o ácido UDP-glicurônico para produzir o monoglicuronídio e o diglicuronídio da bilirrubina (bilirrubuna conjugada ou bilirrubina direta). O processo de conjugação transforma a molécula apolar da bilirrubina em uma mistura polar/apolar que atravessa as membranas celulares. Este derivado conjugado, solúvel em água, é excretado do hepatócito na forma de bile e constitui um dos pigmentos biliares. Devido a solubilidade em água, a bilirrubina conjugada é encontrada, em pequenas quantidades tanto no plasma como na urina. A bilirrubina conjugada é pouco absorvida pela mucosa intestinal. No íleo terminal e intestino grosso, a bilirrubina conjugada ou direta (diglicuronídio da bilirrubina) é hidrolisada para formar bilirrubina livre e ácido glicurônico. No cólon, a bilirrubina livre é reduzida pela enzima ┚-glicuronidase para formar urobilinogênios. Estes compostos são oxidados com formação de urobilinas e estercobilinas. Quase toda a bilirrubina formada diariamente no adulto normal (250 a 300 mg/d) é eliminada nas fezes e uma pequena quantidade é excretada na urina. A bilirrubina total é a soma da direta com a indireta. Toda vez que seu valor sanguíneo for maior que 2-3 mg/dL, o paciente costuma apresentar-se com icterícia, a manifestação clínica da deposição de bilirrubina na pele. 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 74 Vários estados patofisiológicos afetam uma ou mais fases envolvidas na produção, captação, armazenamento, metabolismo e excreção da bilirrubina. Dependendo da desordem, a bilirrubina conjugada e/ou a bilirubina não conjugada, são responsáveis pela hiperbilirrubinemia. Nas análises de sangue conseguimos dosar os dois tipos de bilirrubina. De acordo com o tipo que se apresenta aumentado e com auxílio de outros testes, pode ser definida a causa da icterícia. A icterícia é a pigmentação amarela de pele, esclerótica e membranas mucosas, resultante da hiperbilirrubinemia. Torna-se evidente clinicamente em concentrações plasmáticas de bilirrubina acima de 3,0 mg/dL, apesar de graus menores terem significância clínica. A icterícia é o sinal mais precoce de uma série de patologias hepáticas e biliares. Hiperbilirrubinemia predominantemente não-conjugada (indireta): a icterícia pré-hepática resulta da presença excessiva de bilirrubina não-conjugada no sangue circulante, provocando maior oferta ao hepatócito que não consegue captá-la em velocidade compatível com sua produção, ocasionando icterícia. A bilirrubina não conjugada não é hidrossolúvel e está ligada à albumina não conseguindo ultrapassar a barreira renal e, portanto, não é excretada na urina. Entretanto, dissolve-se rapidamente em ambientes ricos em lipídios e atravessa a barreira hematoencefálica. Quando em níveis elevados tende a depositar no tecido nervoso levando ao risco de lesão neurológica provocando a síndrome de kernicterus (do alemão: amarelo nuclear). Já a bilirrubina conjugada não sendo lipossolúvel, não causa kernicterus. 26274965572 26274965572 - roger mendonça Bioquímica p/ EBSERH (Biomédico) Teoria e exercícios comentados Prof. Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Parte I Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 74 Existe também a icterícia fisiológica do recém-nascido. Como existe pouca ou nenhuma atividade da UDPGT no fígado do feto, há uma capacidade muito limitada para a conjugação da bilirrubina. Por isso, a bilirrubina isolada é transferida através da placenta à circulação materna, onde é processada pelo fígado da mãe. Em crianças nascidas a termo as concentrações de bilirrubina no soro estão ao redor de 4-6 mg/dL durante as primeiras 48 h de vida extra-uterina, voltando, espontaneamente, ao normal em 7-10 dias. A incidência da hiperbilirrubinemia é muito maior entre prematuros e neonatos de baixo peso corporal. Crianças nascidas prematuramente atingem uma concentração média de bilirrubina no soro entre 10-12 mg/dL, entre 5 e 6 dias de vida. As causas da hiperbilirrubinemia neonatal são: (a) produção excessiva de bilirrubina; (b) transporte insuficiente de bilirrubina; (c) formação deficiente de bilirrubina; (d) acoplamento inapropriado de bilirrubina; (f) eritropoiese não-efetiva (ex.: anemia perniciosa). Apesar de comumente encontrada em neonatos e podendo ser considerada na maioria dos casos, fisiológica, a hiperbilirrubinemia pode ser, contudo, tóxica ao sistema nervoso central, merecendo cuidados, pois existe possibilidade de sua origem ser patológica. Os critérios para a definição da icterícia patológica no recém-nascido são: − Aumento nos níveis de bilirrubina sérica à taxas de >5 mg/dL por dia; − Bilirrubina sérica excedendo 12,9 mg/dL em bebês nascidos a termo; − Bilirrubina sérica excedendo 15 mg/dL em bebês nascidos prematuramente. − Valores da bilirrubina direta excedendo 1,5 mg/dL a qualquer
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