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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO CÂMPUS SÃO JOÃO DA BOA VISTA ANA CLÁUDIA BARBOSA COMPRAS PÚBLICAS: Processos de compras públicas no âmbito do Instituto Federal de São Paulo – Câmpus São João da Boa Vista SÃO JOÃO DA BOA VISTA - SP 2018 ANA CLÁUDIA BARBOSA COMPRAS PÚBLICAS: Processos de compras públicas no âmbito do Instituto Federal de São Paulo – Câmpus São João da Boa Vista Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Federal de São Paulo - Câmpus São João da Boa Vista, como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Tecnólogo em Processos Gerenciais. Área de Concentração: Compras Públicas Orientador: Prof.ª. Esp. Renata Cristina Gomes de Campos SÃO JOÃO DA BOA VISTA - SP 2018 Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Comunitária “Wolgran Junqueira Ferreira” do Instituto Federal de São Paulo Câmpus São João da Boa Vista Barbosa, Ana Cláudia B238c Compras públicas: processos de compras públicas no âmbito do Instituto Federal de São Paulo - Câmpus São João da Boa Vista / Ana Cláudia Barbosa; orientadora Renata Cristina Gomes de Campos. -- São João da Boa Vista, 2018. 89 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Tecnologia em Processos Gerenciais) -- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, São João da Boa Vista, 2018. 1. Licitação pública. 2. Pregão (Licitação pública). 3. Compras (Serviço público). 4. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo. I. Campos, Renata Cristina Gomes de orient. II. Título. CDD 342.8106 Dedico este trabalho a Deus por nunca me abandonar, a minha mãe “Maria Aparecida” que tanto me ajudou em toda a minha vida, sempre ao meu lado em todos os momentos, a minha amada filha “Rafaela”, um anjo que Deus me deu de presente, que compreendeu e apoiou minha decisão de fazer a faculdade, passando todos os dias a minha espera, sem dormir enquanto eu não chegava. A minha irmã “Eliana” que sempre confiou na minha capacidade. Sem vocês nada disso seria possível... AGRADECIMENTOS A minha amada família, pelo incentivo, compreensão e apoio de sempre. A minha orientadora e professora Renata Cristina Gomes de Campos, pela sua atenção incomparável, dedicação, suporte e ensino. Ao Instituto Federal, que me deu essa enorme oportunidade de realizar o meu sonho de ter um Curso Superior, com um ensino tão qualificado. A todos os professores que disponibilizaram seus tempos para nos enriquecer de aprendizados, que me fizeram crescer como profissional e como pessoa também. A minha amiga de trajeto, de trabalhos e de estudos, Sabrina, pela parceria que tivemos nessa etapa tão importante para ambas. “Nunca desista de um sonho só por causa do tempo que você vai levar para realizá-lo. O tempo vai passar de qualquer jeito.” (Earl Nightingale) BARBOSA, Ana Cláudia. Compras Públicas: Processos de compras públicas no âmbito do Instituto Federal de São Paulo – Câmpus São João da Boa Vista. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso - Instituto Federal de São Paulo - Tecnólogo em Processos Gerenciais. São João da Boa Vista. 2018. RESUMO Este trabalho tem como objetivo demonstrar a importância de um processo licitatório, assim como a observância de aspectos que assegurem a qualidade dos produtos e serviços adquiridos, em consonância com os princípios que norteiam a administração pública. O estudo está amparado principalmente nas normas presentes na Constituição Federal, Lei nº 8.666/93 e Lei nº 10.520/02, que regulam as aquisições feitas pela administração pública. Apresenta, desta forma, as modalidades de licitação existentes, os princípios que conduzem as aquisições públicas, bem como fatores que influenciam nos processos de compras e aspectos a serem observados no que tange a qualidade dos bens adquiridos. A modalidade de licitação “pregão”, com suas peculiaridades, também teve papel fundamental nesta pesquisa, uma vez que se trata da principal modalidade de licitação utilizada pelo Instituto Federal de São Paulo (IFSP) – Câmpus São João da Boa Vista. Foram observadas suas peculiaridades e procedimentos para que a aquisição de bens e serviços atinja seu objetivo principal de forma eficiente e sem desperdícios. Para isso, foi realizada uma entrevista com o responsável pelo setor de Coordenadoria de Licitações e Contratos, a fim de verificar todas as etapas para a realização das compras, desde a necessidade do item até o pagamento ao fornecedor, assim como as vantagens e desvantagens dessa modalidade de licitação. Como resultado da pesquisa, constatou-se que o sistema de compras do Instituto é realizado basicamente sob duas formas, sendo uma delas efetuada diretamente pelo Departamento de Compras da Reitoria, através do Sistema de Registro de Preços (SRP) e outra realizada diretamente pelo Câmpus de São João da Boa Vista, através do Pregão Eletrônico. Apontou-se, ainda, as formas de treinamento e capacitações oferecidas aos funcionários na busca da excelência e/ou melhoria dos processos de compras; a importância da correta especificação do produto ou serviço no Termo de Referência; o apoio do Departamento Jurídico para a legalidade das ações; procedimentos de recebimento e conferência dos produtos entregues; cumprimento dos prazos de entrega dos fornecedores; e atuação do Tribunal de Contas na fiscalização das aquisições públicas. Diante desse cenário, é possível constatar a importância do setor de compras no IFSP - Câmpus São João da Boa Vista, desempenhando suas atividades com excelência, para o alcance dos princípios que norteiam a administração pública. Palavras-chave: Compras Públicas. Pregão Eletrônico. Licitação. IFSP São João da Boa Vista. BARBOSA, Ana Cláudia. Public Procurement: Public procurement processes within the scope of the Federal Institute of São Paulo - Campus São João da Boa Vista. 2018. Course Completion Work - Federal Institute of São Paulo - Technologist in Management Processes. 2018. ABSTRACT This work aims to demonstrate the importance of a bidding process, as well as the observance of aspects that ensure the quality of products and services acquired, in line with the principles guiding public administration. The study is based mainly on the rules contained in the Federal Constitution, Law 8666/93 and Law 10.520 / 02, which govern the acquisitions made by the public administration. It presents, in this way, the existing bidding modalities, the principles that guide the public acquisitions, as well as factors that influence the purchasing processes and aspects to be observed regarding the quality of the acquired goods. The bidding modality "pregão" and its peculiarities also had a fundamental role in this research, since it is the main bidding modality used by IFSP - São João da Boa Vista campus. Its peculiarities and procedures were observed so that the acquisition of goods and services reaches its main objective efficiently and without waste. For this, an interview was conducted with the responsible for the Bid and Contract Coordination sector, in order to verify all the steps for the purchase, from the need of the item to the payment to the supplier, as well as the advantages and disadvantages of this modality of bidding. As a result of the research, it was verified that theInstitute's purchasing system is basically carried out in two ways, one of which is carried out directly by the Purchasing Department of the Rectory, through the Price Registration System (SRP) and another one directly carried out by the São João da Boa Vista, through the Electronic Bidding. It was pointed out the forms of training and skills offered to employees in the search for excellence and / or improvement of the purchasing processes; the importance of the correct specification of the product or service in the Term of Reference; the support of the Legal Department for the legality of actions; procedures for receiving and conferring the delivered products; compliance with supplier delivery times; and the performance of the Court of Auditors in the supervision of public procurement. Given this scenario, it is possible to verify the importance of the purchasing sector in IFSP - Campus São João da Boa Vista, performing its activities with excellence, to reach the principles that guide the public administration. Keywords: Public Procurement. Electronic trading. Bidding. IFSP São João da Boa Vista. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Modelo objetivos organizacionais e regras de negócio na administração pública ... 23 Figura 2: Ciclo PDCA .............................................................................................................. 28 Figura 3: Etapas para alcançar qualidade superior ................................................................... 29 Figura 4: Fluxograma de Licitação ........................................................................................... 44 APÊNDICES APÊNDICE 1: ENTREVISTA ................................................................................................. 76 ANEXOS ANEXO 1: PORTAL COMPRASNET .................................................................................... 79 ANEXO 2: PORTAL ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO (AGU) ....................................... 80 ANEXO 3: TERMO DE REFERÊNCIA ................................................................................. 81 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AGU Advocacia-Geral da União IFSP Instituto Federal de São Paulo IN Instrução Normativa LDO Lei das Diretrizes Orçamentárias LEC Lote Econômico de Compra MASP Metodologia de Solução de Problemas MP Ministério Público NAPP Código desenvolvido pela National Association of Purchasing Practice (princípios que devem ser seguidos pelos pregoeiros) PDCA Plan, Do, Check, Act SICAF Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores SRP Sistema de Registro de Preços SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 17 1 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................... 22 1.1 Compras .............................................................................................................. 22 1.1.1 Fatores importantes considerados na elaboração do edital, pelo valor doutrinário e didático ............................................................................................. 24 1.2 Qualidade ............................................................................................................ 25 1.2.1 Gestão da Qualidade .................................................................................... 26 1.2.2 Ciclo PDCA ................................................................................................. 27 1.3 Quantidade .......................................................................................................... 29 1.4 Tempo ................................................................................................................. 30 1.5 Preço ................................................................................................................... 30 1.6 Relacionamento com fornecedores ..................................................................... 31 1.7 SICAF ................................................................................................................. 33 1.8 Planejamento da Demanda e controle de material no setor público ................... 34 1.9 Orçamento Público ............................................................................................. 36 1.10 Responsabilidade Fiscal .................................................................................... 37 1.11 Contratos na Administração Pública e a Obrigatoriedade do Uso de Licitações .................................................................................................................................. 38 1.12 Dispensa e inexigibilidade ................................................................................ 40 1.13 Controle da Qualidade dos produtos/serviços adquiridos ................................ 45 1.14 Exigência de Amostras ..................................................................................... 46 1.15 Princípios básicos observados nas Licitações ................................................... 46 1.16 Modalidades Licitatórias .................................................................................. 49 1.16.1 Concorrência .............................................................................................. 49 1.16.2 Tomada de Preços ...................................................................................... 50 1.16.3 Carta Convite ............................................................................................. 50 1.16.4 Concurso .................................................................................................... 51 1.16.5 Leilão ......................................................................................................... 51 1.16.6 Pregão ....................................................................................................... 51 1.16.7 Pregão Presencial e Pregão Eletrônico ...................................................... 52 1.17 Pregoeiro ........................................................................................................... 53 1.17.1 Comportamento Ético ................................................................................ 56 2 TRABALHOS RELACIONADOS ........................................................................... 57 3 METODOLOGIA ...................................................................................................... 59 4 RESULTADOS DA PESQUISA .............................................................................. 61 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 67 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 69 APÊNDICES ................................................................................................................ 76 APÊNDICE 1: ENTREVISTA ................................................................................. 76 ANEXOS ...................................................................................................................... 79 ANEXO 1: PORTAL COMPRASNET .................................................................... 79 ANEXO 2: PORTAL ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO (AGU) ....................... 80 ANEXO 3: TERMO DE REFERÊNCIA ................................................................. 81 17 INTRODUÇÃO O contrato administrativo é um acordo de vontades com efeitos vinculantes, de que participa a Administração Pública e cujo objeto consiste numaprestação de dar, fazer ou não fazer algo economicamente avaliável, afirma Marçal Justen Filho (2010). Através dele, a Administração Pública passa a agir de acordo com institutos jurídicos de natureza consensual, não impondo aos particulares nenhuma obrigação e dever. Com a lei nº 8.666/93 (BRASIL, 1993), foi determinado que as contratações praticadas por entidades estatais, seguiriam suas regras. Em seu artigo 2º, fica claro que é obrigatório utilizar a licitação nas contratações administrativas, ressalvadas as hipóteses previstas nesta lei: “As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei”. (BRASIL, Lei nº 8.666/93, art. 2º). Além disso, o referido artigo mostra em qual situação cabe a licitação, quando se trata de contratação com terceiros. A instituição da lei nº 8.666/93 foi criada após constatação de que contratos eram atribuídos sem utilização de critérios objetivos ou impessoais, com privilégios e troca de favores entre contratados e governantes. Sendo assim, os excessos de tal prática induziram o legislador a impor a prévia licitação. Com a necessidade de garantir a transparência, legalidade, impessoalidade, moralidade, igualdade, publicidade, probidade administrativa e isonomia, conforme o artigo 3º da lei nº 8.666/93 e pregando a eficiência na utilização de recursos econômicos, surgiu regulamentada pela lei nº 10.520/02 (BRASIL, 2002), uma nova modalidade de licitação denominada pregão. Essa forma de licitar trouxe mais agilidade, transparência e competitividade entre os fornecedores, o que gerou como consequência, melhores preços ao comprador. Em 31 de maio de 2005, através do Decreto nº 5.450/05 (BRASIL, 2005), foi estabelecida a modalidade de licitação pregão, em sua forma eletrônica: “O pregão, na forma eletrônica, como modalidade de licitação do tipo menor preço, realizar-se-á quando a disputa pelo fornecimento de bens ou serviços comuns for feita à 18 distância em sessão pública, por meio de sistema que promova a comunicação pela internet”. (BRASIL, Decreto nº 5.450/05, art. 2º). O IFSP – São João da Boa Vista, desde o início de suas atividades, efetua suas compras dentro dos princípios de Licitações, utilizando as seguintes modalidades: Pregão Eletrônico Sistema de Registro de Preços (SRP), Cotação Eletrônica, Concorrência e Tomada de Preços. A maior parte das compras de bens é feita coletivamente para todos os câmpus e gerenciada pela Reitoria através da modalidade Pregão Eletrônico – SRP. Essa modalidade possibilita a aquisição em escala (quanto maior a quantidade, menor o preço) e também a aquisição parcelada. As atas têm vigência por um ano. Os bens que não se encaixam nas SRPs promovidas pela reitoria são adquiridos pelos câmpus através de licitação tradicional, geralmente na modalidade de Pregão Eletrônico. O mesmo ocorre com os serviços, que também são contratados por meio de Pregão Eletrônico. No caso das obras, geralmente são efetuadas por meio de Tomada de Preços. As necessidades emergenciais são adquiridas por meio de Suprimento de Fundos, limitado a R$ 17.600,00 por ano para serviços, materiais de consumo e locomoção. Este trabalho se embasa na referida legislação sobre licitações, mostrando sua obrigatoriedade em contratações públicas. Analisando em especial a modalidade mais utilizada pelo IFSP – São João da Boa Vista, que é o pregão eletrônico, mostrando a importância e o motivo da escolha dessa modalidade em seu planejamento de compras. Motivação A licitação, como um procedimento administrativo formal para aquisição de bens e serviços pela administração pública direta ou indireta, é uma forma de regular a destinação dos recursos públicos e zelar para que ele seja aplicado da melhor forma possível. E, para tanto, é fundamental que a Administração Pública efetue suas compras (bens/serviços), obedecendo aos princípios que regulam tal atividade, proporcionando transparência à população. A lei nº 8.666/93 veio regulamentar o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, instituindo normas para o uso de licitações nas aquisições públicas, assegurando observar o princípio constitucional da isonomia e da seleção da proposta mais vantajosa para a 19 administração, além de atender aos princípios básicos “da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos” (BRASIL, 1993). Em 2002, a Lei nº 10.520 trouxe o pregão como uma forma inovadora de se contratar pela administração pública. É uma modalidade para aquisição de bens e serviços comuns em que a disputa pelo fornecimento é feita em sessão pública, por meio de propostas e lances, para classificação e habilitação do licitante com a proposta de menor preço. Trata-se de uma modalidade inovadora devido à inversão das fases de habilitação e análise das propostas, além de propiciar vantagens econômicas à administração, visto que tem por objetivo selecionar a proposta mais econômica. Ainda com o intuito de inovar e facilitar as compras realizadas pela administração pública, o Decreto nº 5.450/05 (BRASIL) veio para regulamentar o pregão em sua forma eletrônica, através do uso de recursos da Tecnologia da Informação para aquisição de bens e serviços. Desta forma, empresas de todo o país, desde que tenham acesso à internet, podem participar do processo licitatório, sem custos de deslocamento, permitindo maior competitividade e facilidade no processo. Apesar das grandes vantagens trazidas por essa modalidade de licitação, alguns aspectos devem ser observados com cautela para que a economia gerada pelo processo não venha a acarretar posteriores prejuízos ao órgão contratante. Qualidade e preços ofertados merecem especial atenção no momento de realizar a compra, para que ela não incorra em valores acima do orçado, fora dos padrões de qualidade mínima necessária especificada no edital, contratações com consequentes atrasos nos processos, custos administrativos e processuais desnecessários, retrabalhos e reflexos na qualidade da prestação dos serviços públicos aos cidadãos. Vale ressaltar que as deficiências podem ocorrer tanto dos fornecedores, que podem agir de má fé para adjudicar o objeto licitado, quanto pela administração pública licitante, que deixa de observar alguns critérios, como por exemplo, a especificação técnica minuciosa do objeto a ser licitado, permitindo que o fornecedor utilize brechas para entregar produtos com qualidade inferior. Para que possíveis falhas possam ser minimizadas, é salutar compreender o processo de compras públicas no âmbito do Instituto Federal de São Paulo – Câmpus São João da Boa Vista, assim como os critérios utilizados para garantir a qualidade dos produtos. 20 O trabalho justifica-se ainda pela tentativa de se obter otimização dos custos ao Instituto Federal, com relação às aquisições necessárias, economia esta que pode ser revertida em outros benefícios à população. Objetivos Objetivo Geral Investigar os critérios utilizados pelo IFSP – São João da Boa Vista para garantir a qualidade nas compras realizadas através de licitações. Objetivos Específicos Com a finalidade de se atingir o objetivo geral desta pesquisa, serão desenvolvidos os seguintes objetivos específicos: Realizar a Revisão de Literatura sobre o tema; Identificar as principais modalidades de compras utilizadas IFSP – São João da Boa Vista; Mapear os procedimentos realizados para garantir a qualidade dos produtos adquiridos pela Instituição; Identificar as vantagens e desvantagens da modalidadede licitação mais utilizada pelo Instituto. Organização deste trabalho Este trabalho está organizado em capítulos, os quais foram distribuídos conforme o desenvolvimento da pesquisa. 21 Inicia-se com uma introdução sobre a pesquisa e com o motivo pelo qual o trabalho foi objeto de estudo. São ainda apresentados neste capítulo o objetivo geral e os objetivos específicos, assim como o detalhamento de como este trabalho foi organizado. O capítulo dois é composto pelo referencial teórico, que explora os principais tópicos abrangidos pelas Compras Públicas, dentre eles os princípios básicos que devem ser respeitados nas licitações, assim como a apresentação de suas diversas modalidades. O capítulo três apresenta alguns trabalhos relacionados ao tema da pesquisa. O capítulo quatro traz a explicação de como esta pesquisa foi desenvolvida e qual metodologia foi utilizada. Além da pesquisa bibliográfica, foi realizada uma entrevista junto ao Departamento de Compras do IFSP – Câmpus São João da Boa Vista, cujo objetivo é a compreensão do processo de compras utilizado pela Instituição e também os critérios adotados para garantir a qualidade dos produtos adquiridos. No capítulo cinco, os resultados da pesquisa são apresentados juntamente com as vantagens e desvantagens da modalidade de licitação escolhida para os processos de compras realizados pelo IFSP Câmpus São João da Boa Vista. E o último capítulo apresenta as conclusões baseadas nos resultados obtidos e algumas sugestões para a Instituição. 22 1 REFERENCIAL TEÓRICO Nesta seção, serão abordados tópicos referentes ao processo de compras públicas, orçamentos públicos, contratos e modalidades licitatórias, além de fatores como planejamento e legislações a serem seguidas para que o trâmite cumpra todos os requisitos legais. Será abordada ainda, a forma pela qual o processo é controlado, para que os objetivos dentro dos padrões de qualidade e preço sejam alcançados. 1.1 Compras O Departamento de Compras é um setor de grande relevância dentro de uma empresa, seja ela privada ou pública. Através dele é possível gerenciar e controlar as principais ações para adquirir produtos ou serviços de qualidade, com preços justos e em quantidades adequadas, evitando, desta forma, o desperdício. Segundo Batista e Maldonado (2008), um dos pilares das instituições públicas é o Departamento de Compras, uma vez que os recursos utilizados para efetuar as compras, são do povo. Desta forma, faz-se necessária uma gestão mais enérgica no sentido de cuidar para que as compras sejam realizadas levando-se em consideração o seu custo benefício e transparência, além de atentar para a conformidade com as legislações que regulam tal prática. Para que um produto ou serviço atinja seu objetivo, ou seja, apresente um desempenho equivalente ou melhor do que se é esperado dele, é necessário atentar-se para as suas especificações. Elas devem ser apresentadas de forma clara, bem detalhada, com a maior quantidade de informações possíveis, para que não tenha má interpretação e o fornecedor atenda à solicitação corretamente. Essa solicitação é feita pelo departamento que necessita do produto ou serviço, por meio de requisições enviadas ao Departamento de Compras e ou Licitações. Segundo Batista e Maldonado (2008), na fase de planejamento das compras, é montado, em ordem cronológica, um processo com as informações e documentos necessários: autorizações, pedidos, levantamentos, cotações, mapa de preços, despachos, documentos de 23 habilitação, notas de empenho e pagamentos. Essa organização permite que a compra seja realizada da melhor forma possível, evitando-se possíveis falhas. Com o objetivo de aprimorar o processo de compras, suprimindo lacunas que davam margem a várias interpretações, o processo de compras, no setor público, sofreu várias mudanças ao longo dos anos, e seu marco aconteceu em 1993, com a promulgação da Lei nº 8.666, que regulamentava os processos licitatórios e contratos da Administração Pública, citado no art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal. Quando se fala em compras, algumas variáveis devem ser observadas com atenção. Conforme preconiza Baily et al. (2000), o conceito de compras significa “comprar a qualidade de material correta, no tempo certo, na quantidade exata, da fonte certa, ao preço adequado”. De forma a propiciar um fluxo contínuo e seguro de abastecimento, observando-se as variáveis indicadas pelo autor, segue um gráfico expondo o modelo de objetivos e regras para a gestão de compras públicas: Figura 1: Modelo objetivos organizacionais e regras de negócio na administração pública Fonte: Página do XVI Simpósio de Engenharia de Produção (2018) 24 Conforme apresentado pela figura, há todo um processo que deve ser planejado e cumprido para se efetuar as compras em um órgão público, de forma a atender as legislações, além de garantir que as aquisições tenham melhores preços e qualidades suficientes para os objetivos propostos. 1.1.1 Fatores importantes considerados na elaboração do edital, pelo valor doutrinário e didático Há alguns fatores que devem ser considerados ao redigir o edital, para que seja respaldado contra problemas futuros. Quando o edital está bem especificado e detalhado é menos provável que haja erros na entrega dos bens e serviços. E, se houver, a administração pública pode recusar-se a receber, e notificar os responsáveis para que sejam corrigidos. A princípio, deve-se atentar em especificar claramente quais os requisitos que serão exigidos do interessado, conforme regulamentação dos art. 27 a 31, da Lei 8.666/93 (BRASIL, 1993). São eles: habilitação jurídica, qualificação técnica, qualificação econômica- financeira, regularidade fiscal e trabalhista. Assim, o edital preserva o interesse da Administração Pública e também os interesses das pessoas jurídicas ou físicas, que possuem capacidade para firmar contrato com a Administração. Pois, dessa forma, quem não é qualificado está fora da disputa, visto que não podem atender satisfatoriamente o objeto previsto no edital. Os servidores da Comissão de Licitação, devem conhecer o procedimento e estarem preparados para não correr o risco de habilitar interessado erroneamente, no caso de documentos faltantes ou que não atendam a qualificação exigida. O que poderia lesar o erário público. No caso desse tipo de erro, os atos administrativos devem ser revogados (cancelados em função de conveniência ou oportunidade administrativa), invalidados ou convalidados (ratificados), conforme as circunstâncias apresentadas devidamente motivadas por fato superveniente. A minuta do edital deve ser examinada pela Assessoria Jurídica da Administração, conforme Parágrafo Único do art. 38, lei 8.666/93 (BRASIL, 1993). É importante também, ressaltar que as definições dos objetos de aquisição sejam claras e bem especificadas, devido a grande variedade de especificações existentes no mercado, para 25 que não haja dúvidas e irregularidades que prejudiquem o andamento, desde a elaboração do edital até a entrega do objeto. Não é raro observar licitações anuladas, em função de objeto confuso e mal redigido, levando a interpretação errônea do edital e trazendo prejuízo tanto para a Administração como para os participantes. O edital é de relevante importância para que a Administração adquira objetos ou serviços com qualidade, na quantidade adequada, no tempo necessário e a preço justo. 1.2 Qualidade Qualidade, explica Baily et al. (2000), é uma variável difícil de ser mensurada, uma vez que pode significar excelência, ou ser considerada uma extensão pela qual um produto obtém a satisfação do cliente. Entretanto, ela é simplesmente um ajustamento ao propósito, ou seja, um conjuntode características de um produto que atendem às exigências especificadas. Para Meirelles (2007), há produtos e serviços de diversos graus de qualidade: superior, média e inferior. O importante é saber relacionar qual a necessidade a ser atendida, para que o grau da qualidade seja estabelecido. Diante disso, a Administração Pública pode julgar o que é conveniente comprar, desde que atenda o objetivo proposto. Porém, sempre observando para não comprar com qualidade elevada quando não necessário, pois geraria um desperdício financeiro, sendo que as outras qualidades atenderiam à sua necessidade. Por outro lado, não deve pagar pouco por um produto ou serviço destituído de qualidade mínima. Há risco de que isso ocorra quando se trata de compra pelo menor preço. Segundo Meirelles (2007), qualidade é o requisito necessário do objeto para satisfazer seus fins. Pode ser superior, média ou inferior, o que realmente importa é que seja apta a realizar a finalidade pretendida pela administração. Há casos em que é imprescindível a qualidade superior (ex: equipamentos de alta precisão, muito utilizado na área da saúde). Em outros casos, a qualidade média ou inferior é satisfatória, desde que atenda os objetivos do serviço público. Sendo assim, a administração pode pedir a qualidade desejada, dando-lhe o peso que julgar conveniente. Embora a qualidade seja indispensável para garantir um uso determinado, não se pode excedê-la, atentando-se para não pagar inutilmente um maior preço pelo mesmo objeto. O 26 conceito de qualidade é bem amplo e a Lei nº 8.666/93 (BRASIL, 1993), determina que nos projetos de obras e serviços sejam considerados: Nos projetos básicos e projetos executivos de obras e serviços serão considerados principalmente os seguintes requisitos: I - segurança; II - funcionalidade e adequação ao interesse público; III - economia na execução, conservação e operação; IV - possibilidade de emprego de mão-de-obra, materiais, tecnologia e matérias- primas existentes no local para execução, conservação e operação; V - facilidade na execução, conservação e operação, sem prejuízo da durabilidade da obra ou do serviço; VI - adoção das normas técnicas, de saúde e de segurança do trabalho adequadas; VII - impacto ambiental. (BRASIL, Lei nº 8.666/93, art. 12). É permitido utilizar pareceres técnicos, peritos e outros meios para uma justa apuração da qualidade e escolha da melhor proposta. Em se tratando de compra de bens comuns, a Lei nº 8.666/93 (BRASIL, 1993) assegura a qualidade desde a especificação do objeto no edital, assim como quando é permitida a indicação de marcas ou características exclusivas ou sem similaridade, tecnicamente justificável, conforme disposto no § 5º do art. 7º da referida Lei. 1.2.1 Gestão da Qualidade É interessante abordar a gestão da qualidade, demonstrando a importância da aplicação do Ciclo PDCA e também das ações para o controle da qualidade, buscando mostrar os fatores que interferem no bom desempenho das compras públicas. Conforme Araújo (2013), é preciso identificar os fatores que comprometem esse desempenho e quais tem índices significativos, para posteriormente fazer a análise de manutenção dessa qualidade ou melhoria. Descobrindo as causas de não se atingir a qualidade, fica muito mais fácil propor mudanças, para que possa aperfeiçoar os bens e serviços com o objetivo de chegar a qualidade almejada. Segundo Gianesi e Corrêa (2011), há diversas abordagens a respeito e diversos autores se complementam realçando o aspecto próprio da qualidade. Mas, é preciso adotar um conceito para a organização obter êxito em suas funções, baseado na cultura da instituição e no desempenho dos colaboradores. Campos (2004), define três ações principais para o controle da qualidade: 27 1. Estabelecimento de diretrizes de controle: - Planejar quais procedimentos serão necessários para atingir a meta. 2. Manutenção dos padrões: - Manter o nível para que a meta planejada seja concretizada. 3. Alteração das diretrizes: - Objetiva melhorias do nível anteriormente planejado. Batalha (2008) diz que um método que representa bem esse caminho para atingir as metas é o Ciclo PDCA. 1.2.2 Ciclo PDCA Conforme Araújo (2013), toda organização é um Processo, com subprocessos que a compõem.(são os subprocessos que compõem a organização) Bonduelle et. al. (2010) afirmam que o ciclo PDCA é o procedimento mais conhecido na gestão da qualidade para controlar processos. Sendo composto por quatro etapas: 1. Planejamento; 2. Execução; 3. Verificação; 4. Ação Corretiva. 28 Figura 2: Ciclo PDCA Fonte: Da autora (2018) Imai (2005), afirma que este ciclo consiste em uma série de atividades que visam o melhoramento. Atividades essas, que devem ser realizadas em sequência e continuamente (CORRÊA e CORRÊA, 2009). De acordo com Campos (2004), o ciclo PDCA tem como objetivo o atingimento de dois tipos de metas: 1. Manutenção de qualidade, conhecido como SDCA (Standardize, Do, Check, Act), que correspondem aos sistemas: (S) padronizar (D) desenvolver, (C) controlar e (A) agir; que controlam como o trabalho deve ser feito para manter a qualidade. 2. Melhoria da qualidade, conhecido como Metodologia de Solução de Problemas (MASP), cujo objetivo é a melhoria da qualidade dos processos realizados pela organização. Segundo Tubino (2009), o MASP abrange oito etapas que contribuem para que os produtos ou serviços alcancem qualidade superior. E os problemas que surgem são encarados como oportunidade de melhorias. Conforme Carpinetti (2010), as oito etapas são: 29 Figura 3: Etapas para alcançar qualidade superior Fonte: Da autora (2018) 1.3 Quantidade A quantidade comprada deve ser estabelecida baseada na sistemática do processo de licitação, ou seja, deve-se comprar o suficiente para suportar a demanda, até que se faça outro processo licitatório, não deixando faltar produtos ou serviços e nem comprar em excesso, gerando desperdícios e obsolescência. Baily et al. (2000) explicam que, algumas razões para manter um determinado estoque nas organizações, se resumem em: possuir itens para atender a demanda; reduzir custos, que são proporcionados pela compra de quantidades ótimas; proteção contra erros de previsão; erros de planejamento e provisão para alterações de vendas ou produção. No entanto, segundo Costa (1998), o lote de compra no setor público, não pode ser determinado por condições econômicas (quantidade que minimiza os custos totais de aquisição e estocagem – lote econômico de compra (LEC)), e sim pela demanda durante o tempo de reposição. 30 1.4 Tempo O tempo para repor o estoque no setor público é maior se comparado com o setor privado, uma vez que existem normas a serem seguidas conforme Lei de Licitações nº 8.666/1993 (BRASIL, 1993). Segundo Costa (1998), considerando que é preciso seguir alguns critérios nos processos licitatórios, como: requisição e objeto da licitação, pesquisa de mercado, previsão orçamentária, elaboração do edital, publicação do edital, prazo legal para apresentação das propostas, habilitação, julgamento, adjudicação, homologação, contrato e entrega, o planejamento das compras deve se apresentar o mais preciso possível, a fim de evitar falta de produtos, comprometendo, desta forma, o fluxo da organização. 1.5 Preço O instrumento convocatório da licitação citará a forma como será definido o preço, podendo ser global ou unitário, fixo ou reajustável, único ou com aditamento de parcelas variáveis. Quando a escolha pelo produto ou serviço é pela proposta que não tenha o menor preço, é necessário justificar por escrito o motivo plausível da preferência. Segundo Meirelles (2007), é regra aceitar a proposta de menor preço, por isso, não há necessidadede justificar a escolha; já quando se opta pelo maior preço, por ser uma exceção a regra, obriga-se a tal justificativa. Na análise do preço, é importante considerar vários fatores que podem interferir no seu aumento ou redução: prazos de pagamento, financiamento, descontos, carências, juros, impostos e outros. Após a análise de cada fator e levantamento das vantagens e desvantagens de cada um é que se determina a melhor proposta. 31 1.6 Relacionamento com fornecedores São necessários alguns cuidados e critérios para a escolha certa do fornecedor, para que não haja nenhum problema futuro com a contratação da compra ou serviço. O fornecedor precisa fabricar os produtos dentro da qualidade exigida, produzir a quantidade solicitada no prazo combinado, ser eficiente para ter lucros e atender a Administração pública com os melhores preços. Segundo Arnold (1999), depois de tomada a decisão de comprar, a segunda decisão importante é a escolha do fornecedor certo. Este deve ter a tecnologia para fabricar o produto com qualidade exigida, capacidade de atender as quantidades necessárias e saber administrar para obter lucro suficiente e ainda assim vender os produtos a preços competitivos. São de extrema importância a dedicação e atenção dos funcionários públicos envolvidos nos sistemas de compras, para que avaliem os fornecedores da melhor forma, de modo a ter suas necessidades atendidas, dentro das normas da lei, com qualidade e cumprindo o contrato, vindo então a somar com a Administração Pública. De acordo com Juran (1992), entre cliente e fornecedor devem ser observadas algumas atividades: planejamento pré-contrato, avaliação da aptidão do fornecedor, seleção do fornecedor, custo total de uma compra, planejamento conjunto e cooperação com fornecedor durante a execução de contrato. Segundo Bertaglia (2003), o envolvimento da alta administração é fundamental nesse processo e os critérios de avaliação dos fornecedores devem ser rigorosamente analisados. Conforme Rossi (2015), é preciso haver integração entre todos os setores da empresa, uma vez que informações como resultados de avaliações e índices de desempenho, não costumam estar disponíveis em todos os setores, podendo constituir grandes prejuízos na escolha de um fornecedor errado, por falta de troca de informações essenciais. Segundo Rossi (2015), quando se trata de fornecedores internacionais a atenção deve ser redobrada, devido a cultura administrativa do país ser diferente do outro, podendo se revelar negativamente ou incompatível aos valores morais, profissionais e éticos do país adquirente. Deve-se atentar quanto aos regimes de trabalho, respeito às normas de segurança e qualidade, cumprimento de prazos e levar em conta a distância no caso de resolução dos problemas que possam surgir durante e após o fornecimento. Muitos problemas podem ser evitados ou minimizados quando é feita a seleção dos fornecedores de forma adequada. E eles devem ter no mínimo os requisitos citados por Baily 32 et al. (2000), para que seja considerado um bom fornecedor: entrega pontualmente; fornece qualidade consistente; oferece bom preço; tem antecedentes estáveis; fornece bom serviço; é responsivo às necessidades do cliente; cumpre o prometido; dá apoio técnico e mantém o comprador informado sobre o andamento do pedido. A Prefeitura do Rio de Janeiro, por exemplo, recebe o respaldo da Lei nº 7.753/2017, que obriga fornecedores da área pública a implementarem mecanismos de integridade. Cumprindo essa lei o benefício é revertido em prol da sociedade. A exigência da implantação do Programa de Integridade tem por objetivo: I - proteger a administração pública estadual dos atos lesivos que resultem em prejuízos financeiros causados por irregularidades, desvios de ética e de conduta e fraudes contratuais; II - garantir a execução dos contratos em conformidade com a Lei e regulamentos pertinentes a cada atividade contratada; III - reduzir os riscos inerentes aos contratos, provendo maior segurança e transparência na sua consecução; IV - obter melhores desempenhos e garantir a qualidade nas relações contratuais; (BRASIL, Lei nº 7.753/2017, art. 2º) É uma maneira de proteção contra conflitos de interesse, fraudes em licitação, sobrepreços, favorecimento a fornecedores, corrupção, suborno, propinas, cartel e outros. No caso de compras públicas realizadas através do pregão eletrônico, é exigido que o fornecedor se cadastre gratuitamente no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (SICAF), com a finalidade de fornecer materiais ou serviços para os órgãos/entidades da Administração Pública Federal Direta, Autárquica e Fundacional. Neste caso, o fornecedor deverá respeitar todas as exigências estabelecidas anteriormente, sob pena de ficar impedido de licitar e contratar com a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios pelo prazo de até 5 (cinco) anos, sem prejuízo das multas previstas em edital e no contrato e das demais cominações legais, conforme especificado no art. 7º da Lei nº 10.520/2002 (BRASIL, 2002). 33 1.7 SICAF O Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (SICAF) é um sistema que permite o cadastramento e habilitação de pessoas físicas ou jurídicas que desejam participar de licitações dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. A finalidade do sistema é acompanhar o desempenho dos fornecedores cadastrados e ampliar as opções de compra do Governo Federal. De acordo com a Instrução Normativa (IN) nº 3, de 26 de abril de 2018, a partir do dia 25 de junho de 2018, as micro e pequenas empresas que vendem para a administração pública não terão mais atendimento presencial para entrega da documentação. O SICAF adotou as diretrizes previstas no Decreto nº 9.094, de 17 de julho de 2017, que trata da simplificação de processos e procedimentos, implementando o recebimento de documentos digitais. Sendo assim, será necessária a apresentação dos originais, e em mãos, somente quando a lei exigir e quando houver dúvida em relação à integridade do documento digital. Desta forma, o cadastramento no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (SICAF) passou a ser feito através da internet, ou seja, 100% digital. Isso contribuirá para um atendimento mais ágil e menos burocrático. Conforme Vogel (2018), secretário de Gestão do Ministério Público (MP), o SICAF 100% Digital é uma ferramenta que vai trazer mais agilidade, economicidade e segurança nas licitações com o Governo Federal. Ainda com base na Instrução Normativa (IN) nº 3, de 26 de abril de 2018, é na fase de habilitação da licitação, que serão cadastrados todos os documentos exigidos: Habilitação Jurídica, Habilitação Econômico Financeira, Habilitação Técnica e Habilitação Fiscal. O cadastro terá validade de 1 ( um ) ano, devendo ser recadastrado anualmente e atualizado mensalmente. O art. 6º da referida IN especifica todos os níveis abrangidos pelo cadastro no SICAF. São eles: Art. 6º O cadastro no Sicaf abrange os níveis: I – credenciamento; II – habilitação jurídica; III – regularidade fiscal federal e trabalhista; IV – regularidade fiscal estadual, distrital e municipal; V – qualificação técnica; e 34 VI – qualificação econômico-financeira. § 1º A documentação exigida para cada nível de cadastramento encontra-se prevista no Manual do Sicaf, disponível no Portal de Compras do Governo Federal. § 2º Os documentos apresentados digitalmente no registro cadastral são de responsabilidade do interessado, que responderá nos termos da legislação civil, penal e administrativa por eventuais inconsistências ou fraudes. § 3º Os documentos digitalizados enviados pelo interessado terão valor de cópia simples. § 4º A apresentação do original do documento digitalizado seránecessária quando a lei expressamente o exigir, bem como no caso previsto no §1º do art. 4º desta Instrução Normativa. § 5º A documentação apresentada digitalmente pelo fornecedor ao Sicaf compõe o seu cadastro no sistema, e será mantida no sistema por prazo não inferior a 5 (cinco) anos. . (BRASIL, IN nº 3/18, art. 6). Conforme Decreto nº 5.450/2005, que regulamenta o pregão na forma eletrônica, art. 3º, § 2º o credenciamento do licitante, bem como sua manutenção, dependerá de registro atualizado no SICAF. 1.8 Planejamento da Demanda e controle de material no setor público Planejar é definir diretrizes e ações futuras para chegar ao objetivo pretendido. Conforme explana Silva, Pacheco e Bernardes (2009), na história e evolução da administração, foi descoberta a função de prever o futuro, denominada posteriormente de planejamento. Todo planejamento é extremamente importante, para que não se tome atitudes erradas que possam prejudicar o êxito dos objetivos almejados. Quando se planeja as chances de sucesso são muito maiores. Segundo Parísio (2014), o primeiro passo é realizar a previsão da demanda que seja a mais próxima da realidade. Quando há estoque em excesso, consequentemente gera-se um aumento de custo de estoque. Desta forma, para que não haja gastos desnecessários é importante não estocar itens sem demanda ou com demanda baixa, visando a economicidade. O mesmo ocorre, se a situação for inversa e houver falta de estoque, além de prejudicar quem precisa do material, é possível que ocorra custos pela sua falta. 35 Conforme relata Parísio (2014), devido à demanda nem sempre ser linear, ou seja, sofrer alterações ao longo do tempo, é preciso compreender a existência de diferentes padrões para a realização de uma previsão correta. O autor destaca os seguintes aspectos: Tendência – ocorrem variações que aumentam ou diminuem a demanda a cada ano. Sazonalidade – demanda flutua dependendo do período do ano. Variação aleatória – fatores afetam a demanda em períodos específicos. Ciclo – quando variações na economia influenciam a demanda. Ao planejar a demanda é preciso levar em consideração uma estimativa de erro e também estar ciente de que as demandas são mais precisas para períodos de tempo mais próximos. Para que a previsão esteja mais próxima da realidade é necessária a coleta de alguns dados, que devem ser registrados nos mesmos termos exigidos pela previsão. Se a programação for anual, a previsão também deve ser feita no mesmo intervalo. Possíveis circunstâncias que possam alterar a demanda, devem ser registradas, para que possam ser incluídas ou excluídas em condições futuras. Considerando que cada segmento requisitante tem características próprias, as demandas devem ser registradas de forma diferente para cada um. Os materiais e suprimentos necessários à manutenção e funcionamento de uma organização pública precisam existir em função de necessidades futuras. Com a burocracia e prazos maiores para a aquisição de materiais no serviço público, é preciso que se tenha um estoque mínimo ou de segurança para que não faltem materiais essenciais e prejudique o bom funcionamento público. Por outro lado, o excesso de estoque gera desperdício e prejuízo público. É preciso estar atento para que não ocorram erros em registros que possam prejudicar o controle do estoque, como: retirada de material sem autorização, falta de segurança adequada nos depósitos, equipe mal treinada, registros mal feitos e outros erros que venham a atrapalhar o controle correto e o levantamento da quantidade de material a ser solicitada. Ainda de acordo com Parísio (2014), os estoques podem ser classificados como: Estoque de antecipação – antecipa uma demanda futura, no caso de um evento futuro onde ocorrerá a utilização dos materiais. Estoque de flutuação ou de segurança – para garantir que não fique sem estoque, caso ocorra demandas maiores que o esperado. 36 Estoque de tamanho do lote ou de ciclo – materiais adquiridos em quantidades maiores que o necessário, quando se tem vantagens em descontos ou quando é impossível comprá-los na velocidade que são consumidos. 1.9 Orçamento Público O orçamento público é considerado uma técnica que consiste em ligar os sistemas de planejamento e finanças. Segundo Dos Santos (2014), orçamento é mais que uma previsão de receitas ou despesas. É um relatório, uma estimativa e proposta. Através desse documento o chefe do Poder Executivo, autoridade responsável pela conduta dos negócios do governo, apresenta-se à autoridade a quem compete criar fonte de renda e conceder créditos. A Análise do orçamento é dividida em duas fases, conforme relata Dos Santos (2014): 1) Orçamento Tradicional – Controla as finanças públicas no Poder Executivo. Preocupa-se em manter o equilíbrio financeiro colocando as receitas em frente às despesas. 2) Orçamento Moderno – Conceitos mais próximos da realidade. A previsão da receita é a estimativa da despesa. Em 1930, houve o reconhecimento do gasto público, com a doutrina Keynesiana, e o orçamento passou a ser considerado instrumento de política fiscal do governo. O planejamento é muito importante, para que o dinheiro público seja gasto de forma adequada, visando utilizá-lo no que realmente é necessário. Através dele, é elaborado um conjunto de ações a serem desenvolvidas, o qual chamamos de Programa, onde os recursos necessários para sua execução são denominados Orçamentos. O Processo Orçamentário se renova anualmente e não é visto como autossuficiente. Ele consiste em um processo contínuo e simultâneo, no qual se elabora, aprova, executa e controla os gastos programados do setor público. 37 1.10 Responsabilidade Fiscal Segundo Carvalho (2010), objetivando a transparência e responsabilidade na gestão fiscal e, por consequência, na gestão pública do país e manter a relativa estabilidade econômica, foi promulgada a Lei Complementar nº 101 em 04 de maio de 2000 (Lei da Responsabilidade Fiscal). A referida Lei responsabiliza o administrador público em sua gestão financeira, através de normas de conduta impostas a serem seguidas pela União, Estados, Distrito Federal, Municípios, administrações públicas diretas e indiretas, com um acompanhamento mensal, trimestral, anual ou plurianual. Atos relacionados ao orçamento e a gestão dos dinheiros, bens e valores públicos, sujeitam-se, como todos os atos jurídicos da Administração Pública, ao princípio da legalidade, impessoalidade, moralidade e eficiência, conforme preconiza o art. 37 da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988). A violação dos referidos princípios constituirá ato ilícito contra a gestão pública. A gestão fiscal correta e responsável possibilita ao gestor visualizar se há recursos financeiros para novas despesas, para não gerar déficit em sua administração. As determinações contidas na Lei de Responsabilidade Fiscal refletiram nas licitações e contratos administrativos. Houve a necessidade de mais atenção e zelo na fase interna dos certames, controlando especificações e pedidos. Essa relevância no processo licitatório se deu pelo fato de controlar o que está sendo comprado com a dotação orçamentária existente. Além disso, a Lei ajudou a evitar o excesso de contratações para que não comprometa o equilíbrio orçamentário, visto que, essa lei estabeleceu metas, limites e condições para a gestão de receitas e despesas públicas, além de punições e correção de desvios do administrador responsável. Com esses limites de gastos do funcionalismo, houve, inclusive, a necessidade de diminuir contratações não necessárias. De acordo com o §2° do artigo 9° da Lei de Responsabilidade Fiscal: “Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamentodo serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias”. (BRASIL, Lei Complementar nº 101/00, art. 9º, parágrafo 2º). As despesas advindas de obrigações mencionadas na Constituição Federal e as obrigações legais de cada órgão público, assim como os valores utilizados para pagamento da 38 dívida pública e as despesas já previstas pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que são elaboradas em propostas orçamentárias para o ano seguinte, em conjunto com os Ministérios e as unidades orçamentárias dos Poderes Legislativo e Judiciário, são exceções à limitação de gastos definidos pela Lei da Responsabilidade Fiscal. 1.11 Contratos na Administração Pública e a Obrigatoriedade do Uso de Licitações Segundo Junqueira (2014), Contrato Administrativo nada mais é, que um acordo celebrado entre a Administração Pública e o particular ou outro ente administrativo, visando atender as necessidades de interesse público. É disciplinado pela Lei de Licitações. Nele, as condições para a sua execução devem estar bem explicadas, com precisão e clareza, expressas em cláusulas que definam direitos, obrigações e responsabilidade de todas as partes, em conformidade com os termos da licitação e proposta vinculados. Classificadas de acordo com o critério de julgamento das propostas, o artigo 45 da Lei nº 8.666/93, prevê quatro tipos de licitação: Melhor preço - seleciona-se a proposta mais vantajosa para a Administração. Vence quem ofertar o menor preço e a proposta estiver de acordo com o edital. Melhor técnica - seleciona-se a proposta de melhor qualidade e não de menor preço. Técnica e preço - seleciona-se a proposta de acordo com a média ponderada das valorizações técnica x preço. Maior lance ou oferta - a melhor proposta é a de maior valor ofertado. De acordo com o artigo 55 da Lei nº 8.666/93, todo contrato administrativo deve conter as seguintes cláusulas: São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam: I- o objeto e seus elementos característicos; II- o regime de execução ou a forma de fornecimento; III- o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento; IV- os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega, de observação e de recebimento definitivo, conforme o caso; V- o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional programática e da categoria econômica; VI- as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas; 39 VII- os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores das multas; VIII- os casos de rescisão; IX- o reconhecimento dos direitos da Administração, em caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 desta Lei; X- as condições de importação, a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for o caso; XI- a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante vencedor; XII- a legislação aplicável à execução do contrato e especialmente aos casos omissos; XIII- a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação. (BRASIL, Lei nº 8.666/93, art. 55) No contrato administrativo deve conter o nome das partes e seus representantes, a finalidade, o ato que autoriza sua lavratura, o número do processo de licitação, da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos contratantes às normas da Lei de Licitações e cláusulas contratuais. A celebração dos contratos deve ser precedida de licitação, sob pena de nulidade, exceto os casos de dispensa e inexigibilidade de licitação. Devem ter início e término predeterminados, sendo vedados contratos com prazo indeterminado. Poderá ser exigida prestação de garantia, desde que prevista no instrumento convocatório, nas contratações de obras, serviços e compras, não podendo exceder 5% do valor do contrato. O contratado pode optar por uma das seguintes modalidades de garantia: seguro-garantia, fiança bancária ou caução em dinheiro ou títulos da dívida pública (estes emitidos sob a forma escritural, mediante registro em sistema centralizado de liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil, e avaliados pelos seus valores econômicos, conforme definido pelo Ministério da Fazenda). Caso envolva alta complexidade técnica e riscos financeiros consideráveis, demonstrados por parecer técnico aprovado pela autoridade competente, o limite de garantia para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto, poderá ser elevado de 5% para até 10% do valor do contrato. A garantia será liberada ou restituída quando o contrato for executado totalmente. E no caso de ter sido em dinheiro, atualizada monetariamente. Após celebrado, o contrato deve ser publicado na imprensa oficial, até o quinto dia útil do mês seguinte de sua assinatura. Sendo para a União, o Diário Oficial da União e para os Estados, Distrito Federal e Municípios, o que for definido nas respectivas leis. 40 Se houver motivação legal, os contratos administrativos podem ser alterados, de forma unilateral pela Administração Pública ou por acordo entre as partes e são extintos por término do prazo, conclusão do objeto ou rescisão contratual. São modalidades de Contratos Públicos: Contratos de obra; Contratos de serviço; Contratos de compra; Contratos de alienação; Parcerias público-privadas; Contratos de gestão; Contratos de concessão de uso de bem público; Contratos de concessão de serviço público; Precedida da execução de obra pública; Contratos de empréstimo público; Consórcios e Convênios. A Lei nº 8.666/93 assegura ainda aos licitantes, contratados ou pessoas físicas e jurídicas, o direito de formular representação junto ao Tribunal de Contas, órgão que promove a defesa da ordem jurídica, contra qualquer irregularidade apresentada. Podendo aplicar após a ocorrência da irregularidade ou também antes, como prevenção (correção em editais e etapas internas das licitações). Nesse caso, constatada a irregularidade o Tribunal de Contas dará ordens para a devida correção após examinar a ocorrência do erro. 1.12 Dispensa e inexigibilidade A Constituição Federal de 1988, em seu inciso XXI, do art. 37, exige o uso de licitação para os contratos de obras, serviços, compras e alienações, bem como para a concessão e a permissão de serviços públicos, como se vê a seguir: Art. 37. Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá exigências de 41 qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. (BRASIL, Constituição Federal, art. 37, inciso XXI). O art. 175 da Constituição Federal reforça a exigência de licitação em prestações de serviços públicos: “Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”. (BRASIL, Constituição Federal, art. 175, inciso XXI). Para regulamentar as aquisições públicas, de acordo com o que preconiza a Constituição Federal, foi criada, em 1993, a Lei nº 8.666 que trata do uso de licitação para as obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações, conforme determinado em seu art. 2º. A Licitação é obrigatória em todos os órgãosda Administração Pública direta, nos fundos especiais, nas autarquias, nas fundações públicas, nas empresas públicas, nas sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. De acordo com Faustino (2009), as empresas particulares e entidades paraestatais não estão sujeitas ao regime licitatório e, desta forma, possuem liberdade para decidir livremente sobre seus negócios. As empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, responsáveis pela prestação destes serviços, em virtude de delegação que lhes fora conferida pelo Poder Público, também não são obrigadas a licitar. A dispensa de licitação é respaldada pelo art. 24, da Lei nº 8.666/93 (BRASIL, 1993) e pode ocorrer quando há urgência ou já foram esgotadas as tentativas de adquirir bens/serviços em processo licitatório, devendo estar pautada no princípio da razoabilidade. A dispensa pode ocorrer, inclusive, para aquisições cujos valores não ultrapassem R$ 17.600,00 ao ano por suprimento de fundos, para compras emergenciais justificadas. Segundo Citadini (1999) a licitação é dispensada quando, embora possa ser feita, entende-se desnecessária, já que a realização não proporcionaria a escolha da proposta economicamente adequada ao Poder Público, ou seja, é utilizada quando a não realização do certame gera economia aos cofres públicos. Há ainda casos de inexigibilidade no uso de licitações, que ocorre quando se torna inviável a competição entre os fornecedores, devido aos produtos serem bem específicos ou 42 encontrados em apenas uma empresa. Esses casos são respaldados pelo art. 25, da Lei nº 8.666/1993 (BRASIL, 1993). Segundo Niebuhr (2000), na inexigibilidade há um objeto ou pessoa apenas que atenda às necessidades da Administração. Tratam-se de fornecedores exclusivos. A dispensa refere-se a casos em que, embora possa haver o processo licitatório, há a necessidade em adquirir aquele objeto ou serviço o mais urgente possível, ou também, quando já houve várias licitações sem a participação de fornecedores. Sendo assim, para suprir essa demanda, visto que, sua espera poderá causar prejuízos à administração pública, dispensa-se a licitação. São casos em que há a possibilidade de licitação, porém opta-se pela dispensa. Já na inexigibilidade, devido ao objeto ser exclusivo ou apenas um fornecedor possuir aquele bem, ou um serviço cuja especialização é incomparável, não havendo ninguém que o substitua , é impossível haver licitação. O art. 24 da Lei 8.666/93 (BRASIL, 1993), especifica detalhadamente todos os casos em que é admitida a dispensa de licitação. Alguns deles são: quando houver guerra ou grave perturbação da ordem; em casos de emergência ou de calamidade pública; quando não houver interessados à licitação anterior e esta não puder ser repetida sem prejuízo à Administração; quando as propostas apresentarem preços manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional; para compra ou locação de imóvel cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha; nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis; para aquisição e restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade certificada; para impressão dos diários oficiais; para fornecimento de bens e serviços produzidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional. São motivos de inexigibilidade de acordo com o art. 25 da lei 8.666/93: É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial: I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes; II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação; III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública. 43 § 1o Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato. § 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis. (BRASIL, Lei nº 8.666/93, art. 25). 44 No fluxograma de licitação, pode-se observar a ordem cronológica das atividades desenvolvidas e o momento correto para verificar se o uso de licitação pode ou não ser dispensado ou inexigível. Figura 4: Fluxograma de Licitação Fonte: SENAC (2014), adaptado pela autora Observa-se ainda, todo o caminho percorrido para efetuar uma Compra Pública, desde o momento que o setor solicitante requisita o produto ou serviço, até a publicação do edital. 45 1.13 Controle da Qualidade dos produtos/serviços adquiridos Segundo Lacombe e Heilborn (2006), qualidade são todas as características do produto ou serviço relacionadas à capacidade de satisfazer as necessidades de quem os utiliza. De acordo com Griffin (2007), a qualidade é avaliada sob vários aspectos e dimensões: Desempenho – características funcionais básicas do produto. Características – elementos das características funcionais básicas do produto. Confiabilidade – a probabilidade de não ter problemas de funcionamento durante um determinado período. Conformidade – grau de precisão que atendem aos padrões estabelecidos. Durabilidade – vida útil do produto / serviço. Atendimento – rapidez e facilidade de conserto. Estética – aparência, gosto, cheiro. Qualidade Percebida – como o consumidor vê a qualidade. Griffin (2007) ressalta ainda, que é preciso identificar o que se quer e precisa comprar ou contratar, organizar qual a melhor forma de contratação e gerenciar para que ao licitar seja possível atingir o máximo em qualidade na aquisição do objeto. Porém, a qualidade pode ser vista sob diferentes aspectos, dependendo do ponto de vista e dos objetivos de quem adquire o produto ou serviço. Ainda de acordo com Griffin (2007), o controle da qualidade deve ser feito da seguinte maneira: detectar os efeitos e resultados não alcançados, analisar suas causas e procurar a melhora, estabelecendo padrões para o atendimento das necessidades. Segundo Falconi (1992) a administração precisa estabelecer uma organização definindo autoridades e responsabilidades para cada um, para que atinja a qualidade total na escolha dos produtos e serviços. Martins (1998) explica que para garantir a qualidade de um produto ou serviço é importante estabelecer padronização para todos os operadores; treiná-los para que eles reconheçam a qualidade e, ter um plano anual de melhoria das rotinas. 46 1.14 Exigência de Amostras É de suma importância a Administração descrever o objeto no edital da melhor forma possível, com clareza e todas as especificações detalhadas, uma vezque tal prática, além de evitar erros nas entregas, torna desnecessária a exigência de amostras. Contudo, em alguns casos há uma necessidade de avaliar fisicamente o objeto antes de adquiri-lo, como é o caso de alimentos (muito utilizados nas merendas) e equipamentos de saúde (que requerem precisão). Essa solicitação de amostras é permitida na fase de Análise das Propostas. Sendo a fase de habilitação apenas para verificar a documentação relacionada à empresa e representante. Segundo Vieira (2010), o Tribunal de Contas da União orientou a pedir amostra apenas para a empresa com a qual o contrato será firmado. E no caso de desaprovação, chama-se a segunda classificada e assim sucessivamente, até que se encontre uma amostra adequada entre as classificadas. Conforme inciso XVI, do art. 4º da lei nº 10.520, a fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e observará as seguintes regras: Se a oferta não for aceitável ou se o licitante desatender às exigências habilitatórias, o pregoeiro examinará as ofertas subseqüentes e a qualificação dos licitantes, na ordem de classificação, e assim sucessivamente, até a apuração de uma que atenda ao edital, sendo o respectivo licitante declarado vencedor (BRASIL, Lei nº 10.520/02, art. 4º, inciso XVI). Quando o preço e a qualidade da amostra são aprovados, inicia-se a habilitação. Caso o preço seja aceitável e a amostra reprovada, ocorre a desclassificação da proposta. 1.15 Princípios básicos observados nas Licitações A lei nº 8.666/93, em seu artigo 3º, estabelece alguns princípios básicos que devem ser seguidos nas licitações: 47 A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. (BRASIL, Lei nº 8.666/93, art. 3º). Di Pietro (2007) explica esses princípios: Princípio da Isonomia ou Igualdade – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (classe, grau ou poder econômico). Sendo assim, todos tem direito de participar do processo licitatório, com igualdade de tratamento. Exceto no caso de desempate, que o parágrafo 2º do artigo 3º, da Lei 8.666/93 (BRASIL, 1993), assegura preferência aos bens e serviços: I - produzidos no País; II - produzidos ou prestados por empresas brasileiras; III - produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País; IV - produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação. No art. 44 da Lei Complementar nº 123 de 2006, consta outro tipo de desempate. São casos em favor das microempresas e empresas de pequeno porte, quando as propostas apresentadas por estas forem iguais ou até 10% (dez por cento) superiores à proposta de menor valor, nos casos de licitações reguladas pela lei nº 8.666/93. Já no caso do pregão, o índice considerado é de 5% (cinco por cento). No caso de empate entre as empresas de micro e pequeno porte, é realizado sorteio entre elas, conforme disposto no inciso III, do art. 45 da Lei nº 8.666/93. Ainda na Lei Complementar nº 123/06 (BRASIL, 2006), criaram-se outras exceções em favor das micro e empresas de pequeno porte, como exigência de comprovação de regularidade fiscal somente para efeito de assinatura do contrato, com possibilidade de correção de irregularidades; possibilidade de emissão de cédula de crédito microempresarial quando forem titulares de direitos creditórios decorrentes de empenhos liquidados por órgãos e entidades da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, não pagos em até 30 dias contados da data de liquidação; tais cédulas têm a natureza de título de crédito; e, possibilidade de desfrutarem de tratamento diferenciado e simplificado nas contratações públicas, objetivando a promoção do desenvolvimento econômico e social no âmbito 48 municipal e regional, a ampliação da eficiência das políticas públicas e o incentivo à inovação tecnológica, desde que previsto e regulamentado na legislação do respectivo ente. Mais uma exceção à regra da isonomia, prevista no artigo 3º da Lei nº 8.666/93 (BRASIL, 1993), trata-se das aquisições de bens e serviços de informática e automação, onde tem preferência os produtos produzidos por empresas de capital nacional, com tecnologia desenvolvida no país e também de bens e serviços produzidos de acordo com o processo produtivo básico, na forma a ser definida pelo Poder Executivo. Princípio da Legalidade – Impõe que sejam seguidas todas as normas e procedimentos estabelecidos na lei, para a realização do processo licitatório. Tem como fundamento alcançar o objetivo previsto dentro do âmbito legal. Princípio da Impessoalidade – Todos os licitantes devem ser tratados igualmente em seus direitos e obrigações. A administração pública não pode levar em consideração condições pessoais, nem favorecer um em detrimento de outro. Princípio da Moralidade e Probidade Administrativa – A administração deve ter um comportamento além de lícito, consoante com a moral, os bons costumes e a honestidade. Princípio da Publicidade – Diz respeito à divulgação do procedimento licitatório, assim como os atos praticados pela administração, visando assegurar a todos a possibilidade de fiscalizar a legalidade. A Lei nº 8.666/93 (BRASIL, 1993), estabelece que a licitação não será sigilosa, sendo acessível ao público os atos de seu procedimento, permitindo que qualquer cidadão acompanhe seu desenvolvimento, desde que não atrapalhe o andamento da licitação. Assegura ainda que os preços registrados sejam publicados trimestralmente, na imprensa oficial e exige que seja publicada a relação de todas as compras efetuadas pela Administração direta ou indireta. Princípio da vinculação ao instrumento convocatório – Princípio essencial, que se não cumprido leva a nulidade do procedimento. A administração não pode descumprir as normas e condições do edital ao qual se acha vinculado. Princípio do Julgamento Objetivo – O julgamento das propostas deve ser feito de acordo com os critérios fixados no edital. O artigo 45º da lei nº 8.666/93 (BRASIL, 1993), expressa que o julgamento das propostas deve ser objetivo e realizado em conformidade com os tipos de licitação (menor preço, melhor técnica, técnica e preço e maior lance ou oferta) e critérios estabelecidos no ato convocatório, de maneira a possibilitar sua aferição pelos interessados. Esses critérios não são aplicados para o concurso e para o pregão. 49 Princípio da Adjudicação compulsória – A administração não pode em hipótese alguma atribuir o objeto da licitação a outrem, que não seja o vencedor. É obrigatória a adjudicação ao vencedor, a menos que comprovando motivo justo, o vencedor desista do contrato ou não o firme em prazo prefixado. Não é permitido que se abra nova licitação enquanto válida a adjudicação anterior. O direito do vencedor limita-se a adjudicação e não ao contrato imediato, podendo a Administração revogar, anular o procedimento ou adiar o contrato, quando tiver motivos para isso. Princípio da Ampla Defesa – Garante ao licitante defesa no âmbito mais abrangente possível. Confere a possibilidade de se defender e recorrer, em hipótese que houve a desclassificação de empresa licitante por falta de idoneidade técnica ou qualquer tipo de processo em que haja litígio.
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