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A RESPONSABILIDADES DOS AGENTES PUBLICOS NA NOVA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE

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0 
 
 
FACULDADE ESTÁCIO DE TERESINA 
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
A RESPONSABILIDADE DOS AGENTES PÚBLICOS NA NOVA LEI DE ABUSO DE 
AUTORIDADE – LEI 13.869/2019 
 
 
 
 
 
ANTÔNIO DOS REIS AZEVEDO NETO 
 
 
 
 
 
TERESINA 
2020 
1 
 
ANTÔNIO DOS REIS AZEVEDO NETO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A RESPONSABILIDADE DOS AGENTES PÚBLICOS NA NOVA LEI DE ABUSO DE 
AUTORIDADE – LEI 13.869/2019 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
como requisito parcial à obtenção do grau de 
Bacharel em Direito, do Curso de Bacharelado 
em Direito, da Faculdade Estácio de Teresina. 
 
 
Orientador: Profº Ronaldo Figueiredo Brito 
 
 
 
 
 
TERESINA 
2020 
2 
 
A RESPONSABILIDADE DOS AGENTES PÚBLICOS NA NOVA LEI DE ABUSO DE 
AUTORIDADE – LEI 13.869/2019 
 
Antônio dos Reis Azevedo Neto1 
RESUMO 
O presente estudo tem o propósito de investigar a responsabilidade dos agentes públicos na 
nova Lei de Abuso de Autoridade – Lei 13.869/2019 na perspectiva da abordagem policial. 
Assim, a abordagem policial é evidenciada como sendo um ato administrativo, no qual o Estado 
autoriza seus agentes a restringir temporariamente os direitos dos cidadãos, visando sempre o 
interesse da coletividade, através do poder de polícia da Administração Pública. Não obstante, 
a abordagem policial seja um ato discricionário, ou seja, a execução depende da conveniência 
e oportunidade do agente público, ela deve seguir certos requisitos legais intrínsecos. O 
problema referente a esta pesquisa se expressa na seguinte indagação: a nova lei de abuso de 
autoridade atende aos anseios da sociedade, que tem seus direitos violados durante uma 
abordagem policial? O objetivo geral consiste em investigar a responsabilidade dos agentes 
públicos na nova Lei de Abuso de Autoridade – Lei 13.869/2019 na perspectiva da abordagem 
policial. Os objetivos específicos constituem-se em identificar o poder administrativo e sua 
classificação; abordar os aspectos jurídicos da abordagem policial; analisar os princípios da 
administração pública na atuação policial. Por fim, busca-se enumerar as condutas que, de 
acordo com a Lei da Abuso de Autoridade nº 13.869/2019. Quanto à metodologia, este trabalho 
consiste é realizada através de uma pesquisa bibliográfica. Teoricamente, os argumentos foram 
construídos a partir de autores, como: Nucci (2016), Bruno (2013), Valente (2017), entre outros, 
caros à discussão. Através do estudo constatou-se que diante da Lei de Abuso de Autoridade 
13.869/2019 os policiais militares devem pautar suas condutas com base na legalidade, de modo 
a não cometerem abusos contra os cidadãos abordados, preservando ao máximo, a dignidade e 
os direitos e garantias fundamentais dos mesmos e evitando penalidade prevista na lei vigente. 
 
Palavras-Chave: Lei de Abuso de Autoridade. Abordagem Policial. Agente Público. Policial 
Militar. 
 
ABSTRACT 
This study aims to investigate the responsibility of public agents in the new Law of Abuse of 
Authority - Law 13.869/2019 from the perspective of the police approach. Thus, the police 
approach is evidenced as an administrative act, in which the State authorizes its agents to 
temporarily restrict the rights of citizens, always aiming at the interest of the collective, through 
the police power of the Public Administration. Nevertheless, the police approach is a 
discretionary act, that is, the execution depends on the convenience and opportunity of the 
public agent, it must follow certain intrinsic legal requirements. The problem related to this 
research is expressed in the following question: does the new law of abuse of authority meet 
the wishes of society, which has its rights violated during a police approach? The general 
objective is to investigate the responsibility of public officials in the new Abuse of Authority 
Act – Law 13.869/2019 from the perspective of the police approach. The specific objectives 
 
1 Aluno concludente do curso de Bacharel em Direito da Faculdade Estácio 
3 
 
are to identify the administrative power and its classification; address the legal aspects of the 
police approach; to analyze the principles of public administration in police action. Finally, we 
seek to enumerate the conducts that, according to the Law of Abuse of Authority No. 
13,869/2019. As for the methodology, this work consists of a bibliographical research. 
Theoretically, the arguments were constructed from authors, such as: Nucci (2016), Bruno 
(2013), Valente (2017), among others, dear to the discussion. Through the study it was found 
that before the Law of Abuse of Authority 13.869/2019 military police officers should guide 
their conduct based on legality, so as not to commit abuses against the citizens approached, 
preserving to the maximum, the dignity and fundamental rights and guarantees of them and 
avoiding penalty provided for in the current law. 
 
Key-words: Abuse of Authority Act. Police approach. Public Agent. Military Police. 
 
SUMÁRIO 
1 Introdução; 2 Desenvolvimento; 2.1 O PODER ADMINISTRATIVO E SUA 
CLASSIFICAÇÃO; 2.1.1 Poder Vinculado; 2.1.2 Poder Discricionário; 2.1.3 Poder 
Hierárquico; 2.1.4 Poder Disciplinar; 2.1.5 Poder de Polícia; 2.2 ASPECTOS JURÍDICOS 
DA ABORDAGEM POLICIAL; 2.2.1 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS NA 
ABORDAGEM POLICIAL; 2.3 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA 
ATUAÇÃO POLICIAL; 2.3.1 Segurança; 2.3.4 Surpresa; 2.3.5 Rapidez; 2.3.6 Ação 
vigorosa; 2.3.7 Unidade de comando; 2.4 AS MODALIDADES DE BUSCA E A FUNDADA 
SUSPEITA; 2.4.1 Buscas domiciliares; 2.4.1 Busca pessoal e fundada suspeita; 2.5 A LEI 
DE ABUSO DE AUTORIDADE - Lei nº 13.869/2019 3 Conclusão; 4 Referências. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
O presente estudo tem o propósito de investigar a responsabilidade dos agentes 
públicos na nova Lei de Abuso de Autoridade – Lei 13.869/2019 na perspectiva da abordagem 
policial. Assim, a abordagem policial é evidenciada como sendo um ato administrativo, no qual 
o Estado autoriza seus agentes a restringir temporariamente os direitos dos cidadãos, visando 
sempre o interesse da coletividade, através do poder de polícia da Administração Pública. Não 
obstante, a abordagem policial seja um ato discricionário, ou seja, a execução depende da 
conveniência e oportunidade do agente público, ela deve seguir certos requisitos legais 
intrínsecos. 
O problema referente a esta pesquisa se expressa na seguinte indagação: a nova lei de 
abuso de autoridade atende aos anseios da sociedade, que tem seus direitos violados durante 
uma abordagem policial? E as seguintes questões norteadoras: qual a classificação do poder 
4 
 
administrativo? Quais os aspectos jurídicos da abordagem policial? Quais os princípios da 
administração pública na atuação policial? O que deve ser realizado para evitar a Lei da Abuso 
de Autoridade nº 13.869/2019 em uma abordagem policial? 
O trabalho baseia-se nas hipóteses de que uma abordagem policial não é um ato de 
abuso de poder, ainda que ocorra uma limitação temporária dos direitos e garantias 
fundamentais dos cidadãos. A abordagem policial é realizada com base na fundada suspeita, 
assim sendo, outra hipótese é a de que este requisito é bastante subjetivo, com margem para 
interpretações pessoais por parte dos policiais que em alguns casos agem com abuso de 
autoridade. 
O objetivo geral consiste em investigar a responsabilidade dos agentes públicos na 
nova Lei de Abuso de Autoridade – Lei 13.869/2019 na perspectiva da abordagem policial. Os 
objetivos específicos constituem-se em identificar o poder administrativo e sua classificação; 
abordar os aspectos jurídicos da abordagem policial; analisar os princípios da administração 
pública na atuação policial. Por fim, busca-se enumerar as condutas que, de acordo com a Lei 
da Abuso de Autoridade nº 13.869/2019. 
A finalidade desse estudo se define a partirda possibilidade de esclarecer para a 
população, que uma abordagem policial consiste em um ato da Administração Pública, visando 
o interesse da coletividade. Isso porque o objetivo da abordagem consiste justamente, na 
prevenção da criminalidade, contribuindo para a manutenção da tranquilidade pública. 
Em virtude da controvérsia que permeia o ato de abordagem realizado pela Polícia 
Militar, faz-se necessário uma análise do mesmo, a fim de se averiguar a sua natureza, como 
sendo legal ou excessivamente abusivo, com relação aos direitos individuais das pessoas 
abordadas. Isso porque, não há uma legislação específica tratando do assunto e a abordagem é 
realizada com amparo na fundada suspeita, de cunho subjetivo. 
Quanto à metodologia, este trabalho consiste é realizada através de uma abordagem 
quantitativa, utilizando-se da técnica de pesquisa bibliográfica. Teoricamente, os argumentos 
foram construídos a partir de autores, como: Nucci (2016), Bruno (2013), Valente (2017), entre 
outros, caros à discussão. 
Além desta introdução, o estudo apresenta o desenvolvimento com os seguintes 
tópicos: o poder administrativo e sua classificação; aspectos jurídicos da abordagem policial; 
princípios da administração pública na atuação policial; as modalidades de busca e a fundada 
suspeita; a lei de abuso de autoridade - Lei nº 13.869/2019. O artigo apresenta a conclusão e as 
referências. 
 
5 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
 
 
2.1 O PODER ADMINISTRATIVO E SUA CLASSIFICAÇÃO 
 
 
 
A execução das atividades da Polícia Militar exige profundo conhecimento de Direito 
Administrativo, visto que os policiais são agentes públicos detentores do poder de polícia da 
Administração Pública. Tal conhecimento é de fundamental importância para evitar o abuso de 
poder, o qual se divide em excesso de poder e desvio de poder, também chamado de desvio de 
finalidade. 
O excesso de poder ocorre quando a autoridade pública atua fora dos limites de sua 
competência, ou seja, extrapolando a competência que lhe foi atribuída, através da prática de 
atos não previstos em lei. Por seu turno, o desvio de poder se configura sempre que o agente 
praticar o ato visando à outra finalidade que não esteja prevista na lei, ainda que ele seja 
competente para isso (CARVALHO, 2017). 
É importante destacar que o abuso de poder pode ser praticado através de condutas 
comissivas, quando realizado fora dos limites impostos legalmente, assim como por meio de 
condutas omissivas, onde o agente público deixa de exercer uma atividade imposta a ele. Nesse 
caso, o agente se omite na execução de seus deveres. 
Poder pode ser definido como “[...] a capacidade que uma pessoa tem de impor a 
outrem uma ação ou omissão, independentemente da vontade desta última” (BRUNO, 2013, p. 
95). Consiste, portanto, na sobreposição da vontade de um em detrimento de outrem. Os 
poderes são atribuídos ao Estado, como instrumento necessário para consecução do bem 
comum. 
Há dois tipos de poderes, o político e o administrativo. Para Bruno (2013, p. 95) o 
“poder administrativo constitui-se em mero instrumento de trabalho da Administração; já o 
poder político assume papel estrutural e orgânico, estabelecendo e compondo a estrutura do 
Estado e integrando a organização constitucional”. 
Desta feita, o poder administrativo é aquele que a administração pública se utiliza para 
poder realizar suas atividades fundamentais, ao passo que o poder político, se configura na 
organização intrínseca do Estado, compondo sua organização fundamental. 
Os poderes administrativos se originam com a própria administração, sendo 
instrumentos muito importantes para a consecução de seus objetivos. Esses poderes autorizam 
a Administração Pública a sobrepor o interesse público em face do privado (BRUNO, 2013). 
6 
 
O poder administrativo pode ser classificado em poder vinculado, poder discricionário, 
poder de autotutela, poder disciplinar, poder hierárquico, poder regulamentar, e, por fim, poder 
de polícia. 
 
 
2.1.1 Poder Vinculado 
 
 
O poder vinculado consiste na prática de atos administrativos em que é inexistente a 
liberdade de atuação. Em relação aos atos vinculados: 
 
Não cabe à administração tecer considerações de oportunidade e conveniência, 
nem escolher seu conteúdo. O poder vinculado apenas possibilita à administração 
a executar o ato vinculado nas estritas hipóteses legais, observando o conteúdo 
rigidamente estabelecido na lei. (ALEXANDRINO, 2015, p. 176) 
 
A administração, nesse caso, não possui margem de escolha quanto à prática do ato 
administrativo, devendo este, ser executado nas hipóteses estritamente previstas em lei. Com 
efeito, se os requisitos previstos em lei forem preenchidos, o ato administrativo deve ser 
praticado, não havendo nenhuma possibilidade de emissão de juízos de valor por parte da 
autoridade administrativa. 
 
2.1.2 Poder Discricionário 
 
 
O poder discricionário é conferido à administração, para a prática de atos com certa 
margem de escolha. Neste sentido: 
 
O poder discricionário tem como núcleo a autorização legal para que o agente 
público decida, nos limites da lei, acerca da conveniência e oportunidade da prática 
do ato discricionário e escolha o seu conteúdo, ou seja, o núcleo essencial do poder 
discricionário traduz-se no denominado mérito administrativo 
(ALEXANDRINO, 2015. p. 176) (Grifo no original). 
 
O fundamento do poder discricionário é o mérito administrativo, ou seja, a prática do 
ato, conforme conveniência, oportunidade e escolha do agente, nos limites da lei. Assim, o 
mérito administrativo corresponde ao poder de escolha. É possível afirmar que, o ato é 
conveniente quando satisfaz o interesse público, ao passo que a oportunidade é a pratica do ato 
no momento adequado, para a satisfação também, do interesse público (BRUNO, 2013). 
O administrador deve, dentro dos limites da lei, escolher a conduta que melhor se 
adeque ao caso concreto. De acordo com Carvalho (2017, p. 122): 
No poder discricionário, o administrador também está subordinado à lei, porém, há 
situações nas quais o próprio texto legal confere margem de opção ao administrador 
e este tem o encargo de identificar, diante do caso concreto, a situação mais adequada. 
Nesses casos, o texto legal confere poder de escolha do agente para atuar com 
7 
 
liberdade, exercendo o juízo de conveniência e oportunidade, dentro dos limites 
postos em lei, na busca do interesse público. 
 
Existem situações em que há mais de uma maneira de atuação do administrador, sendo 
que nestes casos, ele deve agir nos limites da lei, escolhendo a situação mais adequada para o 
caso concreto. A atuação será lícita, desde que seja restrita aos limites impostos pela lei. 
Ressalte-se que, é sempre necessário buscar o interesse público, baseando-se na conveniência 
e oportunidade para a prática do ato. 
Uma abordagem policial é um ato discricionário, em que o agente público opta pela 
conveniência e oportunidade para a sua realização. Entretanto, a abordagem não pode ser 
realizada de maneira indiscriminada, visto que deve também atender requisitos legais. 
 
 
2.1.3 Poder Hierárquico 
 
O poder hierárquico consiste no estabelecimento de níveis de hierarquia na estrutura 
da administração, ou seja, a divisão das atividades de um órgão. Caracteriza-se pela existência 
de níveis de subordinação entre os órgãos e agentes públicos. 
A hierarquia é característica que integra a estrutura da Administração Pública, 
tratando-se da organização, distribuição e escalonamento das funções de seus órgãos. O poder 
hierárquico consiste na estruturação interna da atividade pública, definindo a competência entre 
órgãos e agentes públicos de uma mesma pessoa jurídica (CARVALHO, 2017). 
 
 
2.1.4 Poder Disciplinar 
 
 
Para Bruno (2013, p. 105), o poder disciplinar: “permite a Administração apurar 
infrações e irregularidades cometidas por aqueles que com ela contratam ou mantêmrelações 
de trabalho, autorizando, ao final, a aplicação de penalidades”. Possibilita, pois, punir 
internamente as infrações de seus servidores, assim como infrações administrativas cometidas 
por particulares a ela ligados, em virtude de algum vínculo jurídico, por exemplo, por meio de 
um contrato administrativo. Carvalho (2017) aponta que o poder disciplinar objetiva a aplicação 
de sanções àqueles vinculados ao ente estatal. O autor ainda afirma que: 
 
 
O Poder Discricionário trata da atribuição pública de aplicação de sanções àqueles 
que estejam sujeitos à disciplina do ente estatal. Com efeito, é o poder de aplicar 
sanções e penalidades, apurando infrações dos servidores ou outros que são 
submetidos à disciplina da administração, ou seja, todos aqueles que tenham vínculo 
de natureza especial com o Estado [...]. A função deste poder é sempre aprimorar a 
8 
 
prestação do serviço público, punindo a malversação do dinheiro público ou atuação 
em desconformidade com a lei. (p. 130) (Grifo no original). 
 
 
Assim, o autor assevera que todos aqueles subordinados à Administração Pública 
podem sofrer sanções ou penalidades, através da utilização do poder disciplinar, sendo que a 
função do mesmo é tornar o serviço público cada vez melhor e evitar qualquer tipo de atuação 
em desacordo com a lei. 
As penalidades aqui referidas não podem ser confundidas com o sistema punitivo 
exercido pela justiça penal, uma vez que essas punições são aplicadas no âmbito interno da 
Administração Pública e só atingem as pessoas que possuem algum vínculo de natureza especial 
com ela. Assim, tais penalidades não podem ser aplicadas aos particulares, uma vez que estes 
não possuem o vínculo mencionado, não sendo, pois, sujeitos à disciplina interna do Estado 
(CARVALHO, 2017). 
 
2.1.5 Poder de Polícia 
 
 
Por fim, existe o poder de polícia que, em apertada síntese, é a limitação do exercício 
de direitos individuais, em favor do interesse público. Em se tratando da Polícia Militar, o poder 
de polícia é utilizado de modo a assegurar a ordem pública. O poder de polícia se aplica a todos 
os particulares, sem necessidade de haver vinculação entre estes e o Estado. 
O Código Tributário Nacional conceitua poder de polícia em seu artigo 78, ao versar 
sobre os fatos geradores das taxas: 
 
 
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, 
limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato 
ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à 
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao 
exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do 
Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos 
individuais ou coletivos. 
 
O poder de polícia é a faculdade que a Administração Pública dispõe para disciplinar 
a utilização de bens e o exercício de direitos, em benefício da coletividade, bem como do 
próprio Estado, ainda que importe em restrições aos direitos individuais. 
Para Alexandrino (2015, p. 239): “o poder de polícia é inerente à atividade 
administrativa. A administração pública exerce poder de polícia sobre todas as condutas ou 
situações particulares que possam, direta ou indiretamente, afetar os interesses da coletividade”. 
Para exercer suas funções, a Administração Pública dispõe do poder de polícia, que lhe confere 
9 
 
a possibilidade de regulamentar determinadas situações que são relevantes para o bem da 
coletividade, interferindo no patrimônio jurídico individual de cada um. 
O Estado é autorizado a intervir nos direitos e garantias dos particulares, em prol do 
bem estar social. Carvalho (2017, p. 132) afirma que: 
 
 
Não obstante a Carta Magna e a legislação infraconstitucional definam direitos e 
garantias aos particulares, o exercício desses direitos deve ser feito em adequação ao 
interesse público. Dessa forma, na busca do bem estar da sociedade, o Estado pode 
definir os contornos do exercício do direito de propriedade e, até mesmo, de 
liberdades e garantias fundamentais, criando-lhes restrições e adequações. 
 
Para o autor, o Estado tem o poder de limitar o exercício de direitos dos particulares, 
inclusive as liberdades e garantias fundamentais, como ocorre, por exemplo, em uma 
abordagem policial. Insta salientar, que isso deve ser feito observando-se a adequação ao 
interesse público, buscando proporcionar o bem estar para a coletividade. 
Nesse diapasão, podemos afirmar que o uso do poder de polícia em uma abordagem 
policial limita direitos fundamentais dos cidadãos, porém ressalte-se que este ato é praticado 
em prol da coletividade. Entretanto, pode ser entendido por algumas pessoas, como sendo um 
ato abusivo e desnecessário, com violação aos direitos fundamentais dos cidadãos. 
O abuso na utilização do poder de polícia na execução de uma abordagem, provoca 
prejuízos aos indivíduos, assim como violação aos direitos e garantias fundamentais. Se os 
policiais militares atuarem dessa forma, podem ser responsabilizados com base na Lei do Abuso 
de Autoridade. 
O poder de polícia possui qualidades e atributos específicos, são eles: a 
autoexecutoriedade, a coercibilidade e discricionariedade (Técnica de Abordagem Policial – 
Módulo I. PMPI. s/a). 
A autoexecutoriedade significa que a administração pública pode impor as medidas 
necessárias sem a necessidade de mandado judicial (Técnica de Abordagem Policial – Módulo 
I. Polícia Militar do Piauí. s/a). No caso de uma abordagem policial, esta pode ser realizada sem 
mandado ou autorização do poder judiciário.A coercibilidade caracteriza-se pela imposição das 
medidas adotadas, sem a necessidade de anuência do destinatário. Pode-se fazer uso da força 
para a execução da ação administrativa, de modo a assegurar seu cumprimento, quando houver 
resistência, desde que pautada na proporcionalidade, necessidade e legalidade. Isso significa 
que, os particulares devem acatar as ordens dos policiais militares na execução de uma 
abordagem, visto que são imperativas, podendo-se, inclusive fazer uso da força física para a 
execução desse procedimento. 
10 
 
A discricionariedade, conforme dito anteriormente refere-se à conveniência e 
oportunidade de agir, desde que nos limites legais, analisando se a interferência do Estado é 
oportuna. 
Discricionariedade não pode ser confundida com arbitrariedade, pois esta se encontra 
além dos limites da lei, e a discricionariedade tem como sua principal fonte e limitação a própria 
lei, permitindo que, caso a caso, o agente promova um juízo de valor de oportunidade e 
conveniência, escolhendo a melhor opção para atender ao interesse público. 
Sobre o interesse público, Mello (2019) aponta que consiste no interesse oposto ao 
privado, isto é, ao interesse pessoal de cada um. Nesse sentido, o autor afirma que o interesse 
público: “[...] se constitui no interesse do todo, ou seja, do próprio conjunto social, assim como 
acerta-se também em sublinhar que não se confunde com o somatório dos interesses individuais, 
peculiares de cada qual” (MELLO. 2019, p. 59). Assim, o interesse público é aquele voltado 
para o bem da coletividade, afastando-se dos de ordem individual e de caráter estritamente 
pessoal. 
A utilização do poder de polícia pela administração pública distingue-se da prestação 
de serviços públicos. De acordo com Alexandrino (2015, p. 240): 
 
Com efeito, o exercício do poder de polícia acarreta restrições à esfera jurídica 
individual do administrado, a seus direitos e interesses, ao passo que a prestação de 
serviços públicos tem efeito exatamente oposto, isto é, amplia a esfera jurídica do 
particular destinatário, porquanto se traduz no oferecimento, pelo poder público, de 
prestações positivas, de comodidades ou utilidades materiais diretamente fruíveis pelo 
usuário do serviço. 
 
Para o autor, o exercício, pela administração,do poder de polícia, resulta em restrição 
de direitos individuais, por exemplo, uma abordagem policial. Já a prestação de serviços 
públicos consiste na disponibilização, por parte do poder público, de determinadas utilidades, 
que ampliam os direitos dos administrados, tais como: educação e saúde pública, dentre outros. 
O poder de polícia pode ser definido como uma atividade negativa, pois tem o condão 
de limitar direitos, ao tempo em que os serviços públicos se constituem em uma atividade 
positiva, visto que ampliam direitos dos cidadãos. 
O poder de polícia é utilizado durante a realização de uma abordagem pela Polícia 
Militar. O policial, ao exercer suas funções de policiamento ostensivo, no sentido de prevenir 
ou reprimir delitos, pratica atos que interferem nos direitos fundamentais das pessoas, seja para 
identificá-las ou mesmo, para fazer apreensão de algo ilícito, como armas de fogo e substâncias 
entorpecentes, por exemplo. 
11 
 
A abordagem policial envolve uma série de atos concatenados com uso dos poderes 
administrativos, notadamente o poder de polícia, tais como: a ordem de parada, a busca pessoal 
propriamente dita, a identificação, podendo-se utilizar de consultas em bancos de dados, e, por 
fim, a eventual condução do cidadão revistado, se houver a constatação de prática de infração 
penal ou a sua liberação, caso nada de ilícito seja detectado. 
O policial militar constitui-se em uma autoridade administrativa de polícia, visto que 
é um integrante da Administração Pública, com a missão de executar as atividades inerentes à 
sua função, com o intuito de garantir a preservação da ordem pública. Desse modo, para 
executar uma abordagem o policial militar se utiliza do seu poder administrativo de polícia. Se 
nada de ilícito for encontrado na abordagem, haverá a liberação normal do cidadão abordado. 
Caso encontre alguma irregularidade penal, o policial militar deverá conduzir o 
infrator para a Delegacia de Polícia, a fim de que sejam adotadas as medidas legais. Nesse caso, 
a atuação do policial se torna vinculada ao que determina o art. 301 do Código de Processo 
Penal, que se refere à prisão em flagrante. 
 
2.2 ASPECTOS JURÍDICOS DA ABORDAGEM POLICIAL 
 
 
A abordagem policial “é o encontro entre a polícia e o público cujos procedimentos 
adotados variam de acordo com as circunstâncias e com a avaliação feita pelo policial sobre a 
pessoa com que interage, podendo estar relacionada ao crime ou não” (PINC, 2017, p. 07). A 
abordagem é uma forma de atuação da polícia, conforme as circunstâncias do caso, para analisar 
se uma determinada pessoa está ou não, associada a algo tido como ilícito. 
Para Nascimento (2016, p. 28) a abordagem policial é: 
 
 
Aquela, onde o agente público, imbuído de autoridade, exercendo o poder de polícia, 
interpela o transeunte, baseada em sua fundada suspeita, rompendo assim com uma 
garantia individual do cidadão abordado, qual seja, o seu direito de ir, vir, permanecer 
e estar, tudo isto com o escopo de proporcionar aos cidadãos uma maior sensação de 
segurança, fazendo valer, desta forma, o interesse público da coletividade em 
detrimento ao individual. 
 
 
O policial militar é investido, pela Administração Pública, do poder de polícia, 
podendo assim, determinar uma restrição temporária dos direitos individuais do cidadão, em 
favor do interesse público. Busca-se, por meio da abordagem policial, proporcionar uma 
sensação de segurança a coletividade. 
Nesse sentido, denota-se que a abordagem policial é um método preventivo, 
objetivando evitar a ocorrência de atos ilícitos, pela antecipação ao infrator da lei, de modo a 
12 
 
assegurar a preservação da ordem pública e proporcionar a população, uma maior sensação de 
segurança (NASCIMENTO, 2016). 
Essa conduta do Estado deve ser muito bem balizada, não podendo causar 
constrangimento desnecessário, sob pena de responsabilização administrativa, civil e penal, 
daquele agente que atuar de modo abusivo, conforme prevê a Lei do Abuso de Autoridade. 
Em relação à abordagem policial, Nascimento (2016, p. 28-29) afirma que: 
 
 
A abordagem policial é acima de tudo um método profilático de evitar que ilícitos 
ocorram, preservando, desta forma, a ordem pública, trazendo para o citadino uma 
maior sensação de segurança. Para falarmos em abordagem policial, contudo, não se 
pode deixar de falar sobre a busca pessoal, haja vista que acontecem, quase sempre, 
simultaneamente, sendo conhecida, vulgarmente, pela população como: revista, geral, 
dura, baculejo, etc. A busca pessoal encontra sua previsão legal explicita no Código 
de Processo Penal brasileiro, devendo ser feita por mandado judicial ou com fundada 
suspeita. 
 
A abordagem policial tem o objetivo de prevenir a ocorrência de crimes e proporcionar 
sensação de segurança para a população. Assim, a abordagem e a busca pessoal possuem caráter 
profilático e baseiam-se na fundada suspeita, sendo que é prevista no Código de Processo Penal. 
 
 
2.2.1 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS NA ABORDAGEM POLICIAL 
 
 
Direitos e garantias fundamentais, não obstante sejam termos parecidos, são distintos. 
Os direitos correspondem ao que está expressamente previsto na norma constitucional, 
enquanto as garantias são instrumentos, pelos quais se assegura o pleno exercício desses 
direitos, de forma preventiva. As garantias também podem ser entendidas, como sendo os 
meios, pelos quais se promove a reparação em casos de violação de direitos fundamentais 
(LENZA, 2018). 
Para melhor compreensão, os direitos fundamentais foram subdivididos em um total 
de cinco dimensões. Em resumo, a primeira dimensão resulta do pensamento liberal-burguês 
do século XVIII e corresponde à manutenção das liberdades públicas, assim como os direitos 
civis e políticos, podendo ser traduzida no valor de liberdade. A segunda dimensão surgiu no 
contexto da Revolução Industrial europeia, no século XIX, e se traduz nos direitos sociais, 
culturais e econômicos, assim como direitos coletivos. Já a terceira dimensão, se funda nos 
direitos de solidariedade ou fraternidade, sendo, pois, direitos transindividuais, ou seja, que 
estão além dos interesses dos indivíduos e são destinados à proteção do ser humano. A quarta 
dimensão se relaciona com a engenharia genética e a globalização dos direitos fundamentais. E 
a quinta dimensão, consagra a paz como direito supremo da humanidade (LENZA, 2018). 
13 
 
Os direitos fundamentais são aqueles reconhecidos e positivados, em nível de 
Constituição, por um determinado Estado, ao passo que os direitos humanos, correspondem aos 
documentos de direito internacional, independentes de vinculação com determinada ordem 
constitucional e que possuem caráter supranacional (NASCIMENTO, 2016). 
Para a realização de uma abordagem pessoal impõe-se, pois, a preservação das 
garantias constitucionais genéricas, como por exemplo, proteção contra tortura, o direito à 
intimidade, à integridade física e moral, à liberdade de locomoção, ambos com fundamento 
também, na Constituição Federal, em seu artigo quinto: 
 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
[…] 
III- ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 
[…] 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação; 
[...] 
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer 
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
[…] 
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; [...] 
 
 
Esses são os principais dispositivos da Constituição Federal de1988, atinentes a 
proteção do cidadão contra abusos do poder público, nesse caso, proteção contra possíveis 
condutas excessivas dos policiais militares em uma abordagem. A Constituição Federal prevê 
proteção contra tortura e quaisquer outras formas de tratamento que ocasionem lesão aos 
direitos individuais. 
Há também, previsão de proteção contra a intimidade e vida privada. Em uma 
abordagem policial ocorre violação desses direitos no momento em que o agente revista o 
corpo, as roupas e os pertences do abordado, por exemplo, a sua bolsa ou seu carro, em busca 
de algum ilícito. Uma abordagem infringe o direito de ir e vir sem ser incomodado, visto que o 
policial, em uma abordagem, determina que o cidadão deixe de seguir seu caminho normal, 
determinado que este pare, a fim de ser submetido a uma busca pessoal. 
É assegurado pela Constituição Federal, o respeito à integridade física e moral, dessa 
forma, a abordagem policial deve ser realizada em observância a esses preceitos. Não é 
permitido em uma abordagem, o desrespeito à integridade física do cidadão, por meio de tapas 
ou chutes, a fim de compelir as pessoas a agir de determinada maneira. Também, não é 
14 
 
permitido a exposição ou o constrangimento excessivo do cidadão, de modo a assegurar a sua 
integridade moral. 
 
 
2.3 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA ATUAÇÃO POLICIAL 
 
No tocante à abordagem policial, esta deve ser feita com observância de certos 
princípios, são eles: segurança, surpresa, rapidez, ação vigorosa e unidade de comando. 
 
 
2.3.1 Segurança 
 
 
Com base nesse princípio, o policial deve ter a certeza de que não há riscos para a 
realização da abordagem, devendo-se tomar todos os cuidados necessários para garantir a 
segurança e a integridade física dos policiais, do abordado, bem como de terceiros. 
Para isso, o policial se utiliza das técnicas de redução de silhueta, ou seja, diminuição 
da exposição do agente, tomando cuidado redobrado durante a aproximação do sujeito a ser 
abordado. Deve-se observar a existência de possíveis abrigos, onde o policial deve se proteger, 
caso haja alguma reação. Outra técnica de segurança consiste no posicionamento adequado da 
viatura, bem como dos policiais, de modo que um deve sempre fazer a segurança do outro, 
agindo através de ações coordenadas (OLIVEIRA, s/a). 
 
2.3.4 Surpresa 
 
 
A surpresa significa a atuação do policial, visando justamente, surpreender o sujeito a 
ser abordado. É um princípio importante, pois quando o indivíduo é surpreendido em uma 
abordagem, reduzem-se as chances de uma possível reação da execução do procedimento, ou 
até mesmo, evita-se a fuga. Assim, o fator surpresa contribui decisivamente para a segurança 
dos executores da abordagem. A surpresa constitui-se em um elemento psicológico, visto que 
a mente humana necessita de um determinado tempo para poder programar algum tipo de reação 
adequada a um determinado evento que está acontecendo (NASCIMENTO, 2019). 
 
2.3.5 Rapidez 
 
 
Esse princípio refere-se ao tempo utilizado para a execução de uma abordagem 
policial. Ressalte-se que quanto mais tempo demorar uma abordagem, mais tempo o sujeito 
15 
 
abordado terá para, dependendo do caso, planejar ações negativas. A rapidez está intimamente 
ligada à surpresa, a fim de buscar eliminar as reações dos sujeitos abordados, porém, esse 
princípio jamais deverá comprometer a segurança durante a realização da abordagem. Quanto 
mais rápida a abordagem, maior a surpresa e menor as chances de haver uma possível reação 
ao procedimento policial (NASCIMENTO, 2019). 
 
2.3.6 Ação vigorosa 
 
 
O princípio da ação vigorosa corresponde a uma atitude firme, sendo demonstrada por 
meio da postura do policial, assim como pela sua entonação de voz, numa notória demonstração 
de força. Durante a realização da abordagem, o agente deve demonstrar o domínio da situação 
(OLIVEIRA, s/a). 
Com isso, busca-se o acatamento das ordens pelas pessoas a serem abordadas e 
também, a diminuição das possibilidades de reações negativas ao referido procedimento. 
Assim, uma ação enérgica proporciona no abordado, um efeito psicológico desencorajador 
(NASCIMENTO, 2019). 
 
2.3.7 Unidade de comando 
 
 
Pelo princípio da unidade de comando, devemos entender que apenas um policial 
deverá determinar o modo como será procedida a abordagem. Assim, evita-se uma 
multiplicidade de ordens, o que poderia provocar certas indefinições e dúvidas na realização do 
procedimento de abordagem (Técnica de Abordagem Policial - Módulo I. Polícia Militar do 
Piauí. s/a). 
É importante ressaltar pelo poder de comando “cabe ao policial militar de maior 
hierarquia ou mais antigo, cabendo a este a responsabilidade pelos atos de seus subordinados” 
(OLIVEIRA. s/a, p. 12). Na realização da abordagem pela Polícia Militar, o policial que ocupar 
o maior grau hierárquico, deverá conduzir a realização do procedimento, cabendo aos demais 
o acatamento das determinações. 
 
 
2.4 AS MODALIDADES DE BUSCA E A FUNDADA SUSPEITA 
 
 
16 
 
A busca domiciliar e pessoal consistem na execução da abordagem propriamente dita. 
Essas duas modalidades de busca estão previstas no artigo 240 e 244 do Código de Processo 
Penal. 
Tal medida se configura em uma restrição de direitos individuais do cidadão, devendo 
ser realizada apenas, quando houver uma ponderação entre esses direitos e a ordem pública, 
sendo ambos, de fundamento constitucional, não podendo ser totalmente suprimidos. 
 
 
2.4.1 Buscas domiciliares 
 
 
As buscas domiciliares somente poderão ser feitas: a) durante o dia, com autorização 
do morador, havendo ou não, mandado judicial; b) durante o dia, sem autorização do morador, 
porém, com mandado judicial; c) durante a noite, com ou sem mandado, mas com autorização 
do morador; d) durante o dia ou a noite, por ocasião de flagrante delito, com ou sem autorização 
do morador. Em caso de desastre ou para prestar socorro é possível adentrar no domicílio em 
qualquer hora do dia, independente de autorização do morador. Cumpre ressaltar, que o 
mandado judicial deverá ser expedido contra pessoa certa, também devendo ser determinado o 
lugar. Não é possível mandado genérico (NUCCI, 2016). 
Para que haja um melhor entendimento do assunto, é necessário esclarecer que o termo 
domicílio abrange: 
 
 
A casa ou habitação, isto é, o local onde a pessoa vive, ocupando-se de assuntos 
particulares ou profissionais. Serve para os cômodos de um prédio, abrangendo o 
quintal, bem como envolve o quarto de hotel, regularmente ocupado, escritório de 
advogado ou de outro profissional, o consultório do médico, o quarto de pensão, 
entre outros lugares fechados destinados à morada de alguém. (NUCCI, 2016, p. 
476) 
 
 
O domicílio deve ser interpretado de modo amplo, abrangendo todos os locais fechados, 
destinados a morada de alguém, assim como aqueles reservados ao desenvolvimento de 
atividades laborais. Em se tratando de busca domiciliar ilegal feita por agente público, é possível 
a responsabilização do mesmo, com fundamento no artigo 3º, b, da nova lei de abuso de 
autoridade – lei 13.869/2019 visto que configura ato de abuso de autoridade, qualquer atentado 
à inviolabilidade do domicílio. 
 
 
2.4.1 Busca pessoal e fundada suspeita 
 
 
Os agentes autorizados a realizar buscas pessoais são aqueles que possuem a atribuição 
constitucional de garantir a segurança pública, definidos no artigo 144 da Constituição Federal, 
17 
 
quais sejam: a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Ferroviária Federal, as 
Polícias Civis, as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares. 
A busca aqui referida pode ser entendida como “o movimento desencadeado pelos 
agentes do Estado para investigação, descoberta e pesquisa de algo interessante para o processo 
penal, realizando-se em pessoas ou lugares” (NUCCI, 2016, p. 473). Conforme o autor, a busca 
ou abordagem pessoalé um ato que restringe os direitos fundamentais, a fim de procurar algo 
que seja importante para o processo penal. 
O artigo quinto, inciso X, da Constituição Federal trata da inviolabilidade da 
intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas, assegurando indenização por 
qualquer tipo de dano provocado. Em uma busca pessoal ocorre justamente, a privação 
temporária desses direitos. A busca pessoal encontra-se prevista no artigo 244, do Código de 
Processo Penal, sendo que poderá ser feita com amparo na fundada suspeita. A referida busca 
é feita em contato com o corpo (ato extremamente invasivo), podendo ser feita também, em 
pertences do indivíduo, tais como a bolsa ou carro. A busca em veículos equipara-se a busca 
pessoal. Assim, nesses casos, a busca pode ser realizada sem necessidade de mandado judicial. 
Porém, nos veículos destinados à habitação do indivíduo, por exemplo, trailers, cabines de 
caminhão e barcos, é preciso seguir as normas aplicadas para a busca domiciliar (NUCCI, 
2016). 
A fundada suspeita em relação ao cometimento de algo ilícito serve de fundamento 
para a realização de uma abordagem policial, ou seja, uma busca pessoal. O artigo 244 do 
Código de Processo Penal dispõe que: 
 
 
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando 
houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de 
objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for 
determinada no curso de busca domiciliar. 
 
Assim, uma abordagem pessoal prescinde de qualquer mandado judicial, desde que 
pautada na fundada suspeita do agente público de que a pessoa a ser abordada está portando 
algo ilícito ou haja suspeição do cometimento de qualquer outro ilícito. 
Quando o policial observar uma pessoa suspeita de trazer consigo alguma arma ou 
outro objeto ilícito, é impossível obter um mandado judicial, em tempo hábil, para autorizar a 
realização da busca. Entretanto, o policial deve atuar com cautela, evitando praticar atos 
abusivos. Não se podem realizar abordagens aleatoriamente, visto que este é um ato humilhante 
e constrangedor (NUCCI, 2016). 
18 
 
A fundada suspeita é um requisito primordial na execução de uma abordagem policial, 
sendo que ela consiste na desconfiança ou suposição, desde que seja fundamentada. O policial 
militar não pode valer-se unicamente de sua experiência ou pressentimento. Para que seja 
realizada uma abordagem, é necessário que haja algo mais concreto, como por exemplo, a 
denúncia de um terceiro. Não é possível enumerar as condutas que podem ser consideradas 
suspeitas. Os policiais devem sempre agir de forma escrupulosa e fundamentada, para a 
realização de uma abordagem (NUCCI, 2016). Caso o policial realize uma abordagem sem a 
observância desses requisitos, poderá incidir em abuso de autoridade, sem prejuízo das sanções 
administrativas bem como na esfera civil. 
A revista pessoal pode ter caráter de obtenção de prova, apresentando-se como uma 
medida cautelar de polícia, em um aspecto preventivo e de segurança (VALENTE, 2017). 
Assim, caso seja encontrado algo ilícito em uma abordagem policial, esta se consubstancia em 
um meio de obtenção de prova. Valente (2017) afirma que a busca pessoal deve ser uma 
exceção, devendo realizar-se apenas em casos específicos. Para o autor: 
 
 
A revista, como medida cautelar de e de polícia, é uma medida de excepção e, 
como tal, apenas se deve efectuar quando se ferifica um detenção [...] e haja 
fundadas suspeitas de que, nas suas roupas ou junto ao corpo, o detido ou 
suspeito oculta objetos relacionados com o crime que sejam susceptíveis de 
servir de prova da infração (crime) e que, de outro modo, poder-se-iam perder 
ou quando de fuga iminente do suspeito. (2017, p. 253) (Grifo no original) 
 
Segundo o autor, a revista ou busca pessoal só deve ser efetuada no momento em que 
houver a detenção de algum suspeito, sendo que deve ainda, haver fundadas suspeitas de que o 
mesmo esteja portando objetos relacionados com algum crime, junto a seu corpo ou sua roupa, 
os quais servirão de meio de prova da infração praticada. Outra hipótese de realização de busca 
pessoal, para o autor, é no caso de haver possibilidade de fuga iminente do suspeito. 
A busca pessoal pode ser realizada também, nos casos de uma condução de alguma 
pessoa, pela viatura policial, para a Delegacia. O objetivo dessa revista é evitar que pessoas 
adentrem na viatura ou na Delegacia portando alguma arma ou outro objeto ilícito, que possa 
colocar em risco a segurança dos policiais e até mesmo do próprio conduzido (VALENTE, 
2017). 
 
 
2.5 A LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE - Lei nº 13.869/2019 
 
 
A Lei nº 13.869, de 5 de setembro de 2019, versa sobre o direito de representação e o 
processo de responsabilização administrativa, civil e penal, nos casos de abuso de autoridade, 
19 
 
as Leis nº 7.960/89, 9.296/96, 8.069/90, 8.906/94 e revoga a Lei nº 4.898, de 9 de dezembro 
de 1965, e dispositivos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). 
O conceito de autoridade é previsto no artigo segundo da Lei do Abuso de Autoridade, 
nos seguintes termos: 
 
Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, 
servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos 
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, 
compreendendo, mas não se limitando a: 
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas; 
II - membros do Poder Legislativo; 
III - membros do Poder Executivo; 
IV - membros do Poder Judiciário; 
V - membros do Ministério Público; 
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas. 
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que 
exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, 
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, 
cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo 
(BRASIL, 2019, p.1). 
 
Assim, aquele que exerce um cargo público de qualquer natureza, mesmo que 
transitoriamente e sem remuneração, é uma autoridade. Dessa forma, os policiais militares são 
enquadrados no conceito de autoridade, considerados autoridades nos termos dessa lei. 
O sujeito passivo imediato ou direto é a pessoa física ou jurídica, nacional ou 
estrangeira que é vítima do abuso, ao passo que o sujeito passivo mediato ou indireto é o Estado, 
titular da Administração Pública (LEITÃO JÚNIOR, 2020). Em relação à competência para 
julgar os casos de abuso de autoridade, 
Capez (2017, p. 61-62) afirma que: 
 
Ora, como a Justiça Militar só pode julgar crimes militares, e como na Lei do 
Abuso de autoridade não consta nenhum crime militar, a conclusão só pode ser a 
de que compete à Justiça Comum julgar os crimes de abuso de autoridade 
praticados por policial militar no exercício de suas funções. 
 
Segundo o autor, compete à Justiça Comum, julgar os crimes de abuso de autoridade 
praticados por policiais militares, visto que a Justiça Militar só é competente para julgar os 
crimes propriamente militares. 
A Lei do Abuso de Autoridade prevê determinadas condutas que, se praticadas por 
funcionário público no exercício da sua função, irão se configurar em abuso de autoridade. Tais 
condutas está delineadas da referida lei. O artigo terceiro da Lei do Abuso de Autoridade afirma 
que: 
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente 
público, servidor ou não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-
las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído. 
20 
 
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando 
praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar 
a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero caprichoou satisfação pessoal. 
§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não 
configura abuso de autoridade (BRASIL, 2019, p.1). 
 
 
Assim, uma abordagem policial que não cumpre os requisitos legais pode se configurar 
em abuso de autoridade, tendo em vista que pode violar direitos tutelados em lei, como por 
exemplo, o direito a liberdade de locomoção. Essa lei objetiva, pois, assegurar a proteção aos 
direitos fundamentais dos cidadãos, sendo que a finalidade da mesma é prevenir os abusos 
praticados pelas autoridades, no exercício de suas funções, por meio de sanções na esfera 
administrativa, civil ou penal (CAPEZ, 2017). Nos termos do artigo treze da Lei do Abuso de 
Autoridade: 
 
 
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou 
redução de sua capacidade de resistência, a: 
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; 
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei; 
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada 
à violência (BRASIL, 2019, p.1). 
 
 
Essas são as outras condutas que se configuram em abuso de autoridade definidas pela 
Lei. Algumas delas podem ocorrer durante a realização de uma abordagem policial, como por 
exemplo, as hipóteses das duas primeiras alíneas do artigo citado. Diante dos Efeitos da 
Condenação relativas ao abuso de autoridade estão previstas no parágrafo quarto da mesma Lei: 
Art. 4º São efeitos da condenação: 
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a 
requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos 
causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos; 
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período 
de 1 (um) a 5 (cinco) anos; 
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública. 
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são 
condicionados à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não 
são automáticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença (BRASIL, 2019, 
p.1). 
 
 
 
Assim, essa punição não poderá ser aplicada isoladamente. A Lei 13.569/2019 
disciplina dos efeitos da condenação e das penas restritivas de direitos, das penas restritivas de 
direitos. O artigo quinto dessa Lei declara que: 
 
Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade 
previstas nesta Lei são: 
21 
 
I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas; 
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) 
a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens; 
III - (VETADO). 
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma ou 
cumulativamente (BRASIL, 2019, p.1). 
 
De acordo com o artigo as penas poderão acarretar desde uma prestação de serviço até 
uma demissão dependendo da gravidade do abuso praticado pelo agente do serviço público. A 
demissão constitui-se na exclusão compulsória do funcionário da Administração Pública. 
Caso o policial militar ordene ou execute uma medida privativa de liberdade 
individual, por exemplo, uma abordagem, sem as formalidades legais, ele incorrerá em abuso 
de autoridade. Se os policiais militares provocarem algum constrangimento ou vexame em uma 
pessoa abordada, por exemplo, expondo-a irregularmente, também estarão cometendo abuso de 
autoridade. As hipóteses de crime de abuso de autoridade previstas no artigo sexto são 
direcionadas a outras autoridades, como por exemplo, os juízes, delegados de polícia, dentre 
outros. 
As analisar as sanções de natureza civil e administrativa constata-se o art. 6º, 7º e 8º: 
 
Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas independentemente das sanções 
de natureza civil ou administrativa cabíveis. 
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta 
funcional serão informadas à autoridade competente com vistas à apuração. 
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não 
se podendo mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas 
questões tenham sido decididas no juízo criminal. 
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, 
a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em 
legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de 
direito (BRASIL, 2019, p.1). 
 
A penalidade administrativa somente poderá ser aplicada se houver oportunidade para 
o funcionário público oferecer defesa. A complexidade do procedimento administrativo varia 
de acordo com a complexidade da sanção, sendo que a sanção administrativa ou disciplinar não 
depende do processo civil ou criminal a que o funcionário público esteja sujeito. 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
 
A abordagem policial é um procedimento realizado pelos órgãos da Segurança Pública 
a fim de que seja verificada ou não, a ilicitude de alguma conduta suspeita, por parte do cidadão. 
É uma tática policial realizada com o intuito de se antecipar ao cometimento de crimes. Dessa 
22 
 
forma, visa manter a tranquilidade pública e proporcionar uma sensação de segurança para a 
população. 
A atuação da Polícia Militar, através da realização de abordagens, figura-se como um 
meio para que se consiga a prevenção da criminalidade e a manutenção da ordem pública, ainda 
que este ato provoque restrição ou limitação temporária de direitos individuais, como por 
exemplo, o direito de se locomover, sem ser molestado e o direito à intimidade. 
Entretanto, a nova Lei de abuso de autoridade atende aos anseios da sociedade, que 
tem seus direitos violados durante uma abordagem policial. Contudo, se esse tipo de abordagem 
for realizado sem a observância dos requisitos legais, será considerado um ato de violação aos 
direitos dos cidadãos, de modo que as pessoas podem se sentir constrangidas ou ameaçadas em 
serem submetidas a tal procedimento, conforme se observa nos resultados da pesquisa. Além 
disso, é possível haver responsabilização civil e criminal do agente que atuou em desacordo 
com a lei. 
Confirmando o objetivo do estudo diante da Lei de Abuso de Autoridade 13.869/2019 
os policiais militares devem pautar suas condutas com base na legalidade, de modo a não 
cometerem abusos contra os cidadãos abordados, preservando ao máximo, a dignidade e os 
direitos e garantias fundamentais dos mesmos. 
Consideramos que a abordagem policial é um ato administrativo legítimo que deve ser 
realizada, observando-se os mandamentos legais, de modo a não provocar violações aos direitos 
das pessoas que são abordadas pela Polícia Militar. Como o fundamento principal para a 
realização de uma abordagem consiste na fundada suspeita, de cunho essencialmente subjetivo, 
faz-se necessário uma legislação tratando especificamente sobre esse tema. Com isso, a atuação 
policial seria bem melhor fundamentada, trazendo benefícios para os policiais, assim como para 
a sociedade em geral, que é realmente a destinatária dos serviços prestados pela Polícia Militar. 
Para evitar possíveis atos abusivos, por partes dos policiais militares, quando da 
realização de uma abordagem, faz-se necessário a realização periódica de cursos de capacitação 
aos mesmos, com o objetivo de qualificá-los cada vez mais, principalmente em relação às 
técnicas de abordagem. 
Por fim, entendemos que a Polícia Militar, ao realizar abordagens preventivas, busca 
garantir a ordem, a segurança e a tranquilidade pública, protegendo a vida e a integridade das 
pessoas. Além disso, as abordagens policiais contribuem para o aumento da sensação de 
segurança e para a prevenção da criminalidade.Desse modo, a atuação da Polícia objetiva assegurar os direitos e liberdades 
individuais, e não o oposto. Essas abordagens devem ser pautadas na legalidade e no respeito à 
23 
 
dignidade da pessoa humana. Práticas ilegais, discriminatórias e abusivas devem ser totalmente 
afastadas evitando penalizações conforme a nova Lei de Abuso de Autoridade. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ALEXANDRINO, Marcelo; VICENTE, Paulo. Direito administrativo descomplicado. 23. 
ed. São Paulo: Método, 2015. 
 
BRASIL. Lei nº 13.869, de 5 de setembro de 2019. Dispõe sobre os crimes de abuso de 
autoridade; altera a Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989, a Lei nº 9.296, de 24 de julho 
de 1996, a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e a Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994; e 
revoga a Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965, e dispositivos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 
de dezembro de 1940 (Código Penal). . Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13869compilado.htm>. 
Acesso em: 13 mar.2020. 
 
BRUNO, Reinaldo Moreira. Direito administrativo didático. 3. ed. Belo Horizonte: 
Fórum, 2013. 
 
CAPEZ, Fernando. Legislação penal especial simplificado. São Paulo: 
Saraiva, 2017. 
 
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