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MULTIVIX Metrologia Professora Márcia Milach Programa ➢ Definições de metrologia ➢ Instrumentos de medição e controle dimensional ➢ Sistema de tolerâncias e ajustes e tolerâncias geométricas ➢ Fundamentos de estatística aplicados na Metrologia, erros de medição e incerteza de medição ➢ Calibração, verificação, regulamentação e confirmação metrológica ➢ Avaliação da conformidade e acreditação de laboratórios 1. Definição de calibração 1.1 Características das operações de calibração 1.2 Oferta e demanda por serviços laboratoriais de ensaios e calibração 1.3 Principais requisitos para calibração e ensaios 1.4 Procedimento de calibração 2. Verificação metrológica 3. Regulamentação metrológica 4. Confirmação metrológica Calibração, verificação, regulamentação e confirmação metrológica 1. Definição de calibração “Um processo de medição está sempre sujeito a erros. Um dos principais causadores de erro em uma medição é o instrumento. Por mais sofisticado e moderno que seja, ele possui imperfeições que podem provocar erros de medição. Para verificar se um instrumento atende ou não aos limites de erros que lhes são previstos, realiza-se um procedimento experimental que visa levantar os erros que esse instrumento apresenta ao longo de sua faixa de medição. Esse procedimento experimental é chamado de calibração.” “Calibração é a operação que estabelece, numa primeira etapa e sob condições especificadas, uma relação entre os valores e as incertezas de medição fornecidos por padrões e as indicações correspondentes com as incertezas associadas; numa segunda etapa, utiliza essa informação para estabelecer uma relação visando à obtenção de um resultado de medição a partir de uma indicação. Uma calibração pode ser expressa por meio de uma declaração, uma função, um diagrama, uma curva ou uma tabela. Em alguns casos, pode consistir de uma correção aditiva ou multiplicativa da indicação com uma incerteza de medição associada. Convém não confundir a calibração com o ajuste de um sistema de medição, frequentemente denominado, de maneira imprópria, autocalibração, nem com a verificação da calibração.” “Frequentemente, apenas a primeira etapa na definição acima é entendida como calibração. Um sistema de medição (SM) de boa qualidade deve ser capaz de operar com pequenos erros. Seus princípios construtivos e operacionais devem ser projetados para minimizar erros sistemáticos e aleatórios ao longo da sua faixa de medição, nas suas condições de operação nominais. Entretanto, por melhores que sejam suas características, um SM sempre apresentará erros, seja por fatores internos, seja por ação das grandezas de influência externas. A perfeita caracterização das incertezas associadas a esses erros é de grande importância para que o resultado da medição possa ser estimado de maneira segura. Embora, em alguns casos, os erros de um sistema de medição possam ser analiticamente ou numericamente estimados, na prática são utilizados quase exclusivamente procedimentos experimentais.” “Mediante o procedimento experimental denominado calibração é possível correlacionar os valores indicados pelo sistema de medição e sua correspondência com a grandeza que está sendo medida. Essa operação é extremamente importante e é realizada por um grande número de entidades credenciadas espalhadas pelo país. O resultado de uma calibração permite tanto o estabelecimento dos valores do mensurando para as indicações quanto a determinação das correções a serem aplicadas. Uma calibração também pode determinar outras propriedades metrológicas, como o efeito das grandezas de influência. O resultado de uma calibração pode ser registrado em um documento, algumas vezes denominado certificado de calibração ou relatório de calibração.” As empresas devem entender que a calibração dos equipamentos de medição é um componente importante na função qualidade do processo produtivo e, dessa forma, devem incorporá-la às suas atividades de produção normais. A calibração é uma oportunidade de aprimoramento constante e proporciona vantagens, tais como: • Redução na variação das especificações técnicas dos produtos – Produtos mais uniformes representam uma vantagem competitiva em relação aos concorrentes. • Prevenção dos defeitos – A redução de perdas pela pronta detecção de desvios no processo produtivo evita o desperdício e a produção de rejeitos. • Compatibilidade das medições – Quando as calibrações são referenciadas aos padrões nacionais ou internacionais, asseguram atendimento aos requisitos de desempenho 1.1 Características das operações de calibração ➢ Determinação do sistema de medição padrão A escolha adequada do sistema de medição padrão a ser utilizado repercutirá na qualidade e no resultado final das medições. Portanto, quanto melhor (menor incerteza e maior repetibilidade) o padrão, melhores serão as condições de realização da calibração. ➢ Escolha dos instrumentos críticos da empresa • Identificar, com os responsáveis pela engenharia, produção e manutenção, as variáveis do processo que afetam a qualidade do produto em questão. • Identificar os instrumentos utilizados para medir essas variáveis. • Estabelecer os limites especificados para cada uma dessas variáveis, em todos os níveis e etapas do processo produtivo. Calibração direta de uma balança • Calibração indireta ➢ Tipos de calibração Existem basicamente dois tipos de calibração: a direta e a indireta. • Calibração direta ➢ Registro (anotação) das leituras Deve ser realizado um registro individual de leituras para cada escala do instrumento que será calibrada. O preenchimento completo da planilha de leituras, com os valores efetivamente encontrados durante a calibração, é muito importante para uma verificação do processo de validação do instrumento ➢ Certificado da calibração O resultado de uma calibração permite afirmar se o instrumento satisfaz ou não as condições previamente fixadas, o que autoriza ou não sua utilização em serviço. Ele se traduz por um documento chamado certificado de calibração, que apresenta alguns aspectos importantes: • Indica a data de realização e o responsável pela calibração. • Permite comparar os erros encontrados com os erros máximos tolerados previamente definidos. • Orienta um parecer aprovando ou não a utilização do instrumento nas condições atuais. A rejeição do instrumento implica encaminhá-lo para a manutenção ou substituí-lo por um novo. A empresa não deve utilizar um instrumento que não apresenta condições mínimas de trabalho, pois isso acarretará custos adicionais, retrabalho e, possivelmente, descrédito perante o consumidor. ➢ Intervalos de calibração Ao longo do tempo ocorrem desgastes e a degeneração de componentes, fazendo o comportamento e o desempenho dos instrumentos apresentarem problemas. Fatores que influenciam no intervalo de calibração: • Frequência de utilização. • Tipo de instrumento. • Recomendações do fabricante. • Dados de tendência de calibrações anteriores. • Históricos de manutenção. • Condições ambientais agressivas (temperatura, umidade, vibração etc). ➢ Rastreabilidade metrológica Propriedade de um resultado de medição, por meio da qual ele pode ser relacionado a uma referência, através de uma cadeia ininterrupta e documentada de calibrações Os elementos necessários para confirmar a rastreabilidade metrológica são: • Cadeia de rastreabilidade (sequência de padrões e calibrações utilizada para relacionar um resultado de medição a uma referência) ininterrupta a um padrão internacional ou nacional. • Incerteza de medição documentada. • Procedimento de medição documentado. • Competência técnica reconhecida. • Rastreabilidade metrológica ao SI. • Intervalos entre calibrações. Processo de hierarquização de padrões e calibrações: • Padrão internacional – Padrão reconhecido por um acordo internacional que serve de base para o estabelecimento de valores a outros padrões aque se refere. • Padrão nacional – Padrão reconhecido por uma decisão nacional que serve de base para o estabelecimento de valores a outros padrões a que se refere. • Padrão de referência – Padrão com a mais alta qualidade metrológica disponível em um local, do qual as medições executadas são derivadas. • Padrão de referência da RBC – Rede Brasileira de Calibração (conjunto de laboratórios credenciados pelo Inmetro para realizar serviços de calibração) Padrões que devem ser calibrados pelos padrões nacionais. • Padrão de referência de usuários – Encontrado em indústrias, centros de pesquisas, universidades e outros usuários. Esses padrões devem ser calibrados pelos padrões de referência da RBC. • Padrão de trabalho – Padrão utilizado rotineiramente na indústria e em laboratórios para calibrar instrumentos de medição. ➢ Material de referência (MR) Os materiais de referência, com ou sem valores atribuídos, podem ser utilizados para comparar a precisão de medição, enquanto apenas os materiais de referência com valores atribuídos podem ser utilizados para calibração ou o controle da veracidade. São caracterizados por grandezas e por propriedades qualitativas. Exemplos de materiais de referência que dão suporte a grandezas são: • Água de pureza determinada, cuja viscosidade dinâmica é utilizada para a calibração de viscosímetros. • Soro humano sem valor atribuído à concentração do colesterol intrínseco, utilizado apenas para o controle da precisão de medição. • Tecido de peixe, que contém uma fração mássica determinada dioxina, utilizado como padrão em uma calibração Exemplos de materiais de referência que dão suporte a propriedades qualitativas: • Carta de cores com indicação de uma ou mais cores especificadas. • DNA contendo uma sequência especificada de nucleotídeos. • Urina contendo 19-androstenediona A validade de medições pode ser assegurada quando: • São usados métodos e equipamentos validados. • O trabalho é desenvolvido por pessoal qualificado e competente. • É possível comparar uma medição com medições realizadas em outros laboratórios (rastreabilidade e incerteza de medição). • Há evidência independente do desempenho (ensaios de proficiência). • São empregados procedimentos de Controle de Qualidade e Garantis da Qualidade bem definidos, de preferência envolvendo acreditação de terceira parte Uma operação de medição frequentemente serve a mais de um propósito, e pode haver sobreposição de funções, conforme ilustrado na figura. Diferentes tipos de materiais de referência são requeridos para diferentes funções. Por exemplo, um material de referência certificado seria desejável para a validação de um método, mas um material de referência de trabalho seria adequado para o CQ. ➢ Tipos de materiais de referência Os MRs são usados para dar suporte a medições relacionadas à composição química, biológica, clínica e física, às propriedades de engenharia e a outras áreas, como sabor e odor. Eles podem ser caracterizados para “identidade” (por exemplo, estrutura química, tipo de fibra, espécies microbiológicas etc.) ou para “valores de propriedades” (por exemplo, quantidade de substância química específica, dureza etc.).Alguns tipos de materiais de referência comumente encontrados são: 1. Substâncias puras, caracterizadas para pureza química e/ou traços de impureza. 2. Soluções padrão e misturas gasosas, frequentemente preparadas gravimetricamente a partir de substâncias puras e usadas para fins de calibração. 3. Materiais de referência em matrizes, caracterizados para a composição de componentes químicos principais, secundários ou elementos-traço. Tais materiais podem ser preparados a partir de matrizes contendo os componentes de interesse, ou através da preparação de misturas sintéticas. 4. Materiais de referência físico-químicos, caracterizados para propriedades como ponto de fusão, viscosidade e densidade óptica. 5. Objetos ou artefatos de referência, caracterizados para propriedades funcionais, como sabor, odor, octanagem, ponto de fulgor e dureza. Esse tipo também inclui espécimes microscópicos caracterizados para propriedades que vão de tipo de fibras a espécimes microbiológicos. ➢ Uso dos materiais de referência Há muitos tipos de MR. Os mais comumente encontrados estão listados a seguir. • Validação de métodos e incerteza de medição: A estimativa de tendência (a diferença entre o valor medido e o valor verdadeiro) é um dos elementos mais difíceis na validação de método, mas MRs adequados podem prover informações valiosas, dentro dos limites da incerteza dos valores certificados e da incerteza do método sob validação. • Verificação do uso correto de um método: A aplicação bem-sucedida de um método válido depende do seu uso correto no que se refere à habilidade do operador, à adequação do equipamento, a reagentes e padrões. MRs podem ser usados para treinamento, para verificação de métodos pouco usados e para resolução de problemas quando resultados inesperados são obtidos. • Calibração: Normalmente, um MR de substância pura é usado para a calibração que antecede a etapa de medição de um método. Outros componentes do método de ensaio, como digestão, separação e derivatização da amostra, não são, é claro, considerados, e perda de analito, contaminação e interferências e as respectivas incertezas associadas devem ser tratadas como uma parte da validação do método. A incerteza associada à pureza do MR contribuirá para a incerteza de medição total. O material de referência certificado (MRC) é aquele que vem acompanhado de uma documentação emitida por um organismo com autoridade que fornece um ou mais valores de propriedades especificadas com as incertezas e as rastreabilidades associadas. O MRC utiliza procedimentos válidos – como o soro humano, com valor atribuído para a concentração de colesterol e incerteza de medição associada –, indicados num certificado, e que servem de padrão em uma calibração ou como material de controle da veracidade. A escolha do MR deve ser feita a partir das características exigidas. Isso requer conhecimento e experiência adequada para não se selecionar um material que não apresente estabilidade ou que não possa garantir rastreabilidade. A figura mostra um fluxograma para escolha do MR. 1.2 Oferta e demanda por serviços laboratoriais de ensaios e calibração “O estudo da oferta e demanda por serviços laboratoriais e ensaios e calibração” mostra essa importância. Ele faz parte do Projeto Escola Nacional de Tecnologia Industrial Básica (ENTIB) – Fase II, coordenado pela Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM) em parceria com o Inmetro69 e contou com o apoio financeiro da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP/MCT), tendo os seguintes objetivos: • Mapear a demanda por serviços laboratoriais de ensaios e calibração no parque industrial brasileiro, nos seguintes setores contemplados na PITCE e no PBAC: bens de capital (máquinas e equipamentos), biocombustível, materiais (semicondutores), agronegócio, e de química/ farmoquímicos/ farmacêuticos/ material plástico. • Mapear o parque laboratorial brasileiro pela identificação da oferta de serviços laboratoriais de ensaios e calibração, incluindo especificação dos ensaios, grandezas, faixas de medição e incertezas de medição inerentes. Como resultado final do estudo, buscou-se, além do mapeamento da oferta e da demanda por serviços laboratoriais de ensaios e calibração, que este forneça subsídios aos tomadores de decisão nas entidades prestadoras de serviços, formuladores de políticas governamentais e usuários de serviços de ensaios e calibração. Para que o estudo cumpra seus objetivos e alcance os resultados esperados, foram executados os seguintes passos: • Definição, quantificação e caracterização da oferta de serviços de ensaios e calibração para todos os setores econômicos da indústria brasileira, segundo a sua distribuição geográfica.• Identificação e dimensionamento da capacidade das entidades que ofertam serviços de ensaios e calibrações em cumprir requerimentos, regulamentos, normas e demais dispositivos aplicáveis às suas atividades. • Levantamento dos fatores que, na visão do setor empresarial, estimulam, dificultam e/ou reprimem a demanda por serviços de ensaios e calibrações. • Análise das tendências nas relações entre a oferta e a demanda por serviços de ensaios e calibrações, identificando lacunas, deficiências e dificuldades existentes. • Identificação, quantificação e caracterização da demanda por serviços de ensaios e calibrações junto ao segmento empresarial, segundo os diferentes setores econômicos previamente definidos, por porte de empresa e distribuição pelas regiões do país. 1.3 Principais requisitos para calibração e ensaios ➢ Requisitos da gerência (organização) Principais requisitos relacionados com a gestão sólida da instituição: • O laboratório ou a organização deve ser uma entidade que possa ser legalmente responsável. • É responsabilidade do laboratório realizar suas atividades de ensaio e calibração de modo a atender aos requisitos dessa norma e satisfazer às necessidades dos clientes, das autoridades regulamentadoras ou das organizações que fornecem reconhecimento. • O sistema de gerenciamento do laboratório deve cobrir os trabalhos realizados nas suas instalações permanentes, em locais fora dela ou em instalações associadas ao laboratório, quer sejam temporárias ou móveis. • Se o laboratório for parte de uma organização que realiza outras atividades além de ensaios e/ou calibrações, as responsabilidades dos elementos-chave da organização que tenham envolvimento ou influência nas atividades de ensaio e/ou calibração do laboratório devem ser definidas, a fim de identificar potenciais conflitos de interesse. • Quando um laboratório for parte de uma organização maior, os arranjos organizacionais devem ser estruturados de modo que os departamentos com conflitos de interesses, como produção, marketing, comercial ou financeiro, não influenciem negativamente a conformidade da instituição aos requisitos dessa norma. • Se o laboratório quiser ser reconhecido como um laboratório de terceira parte, convém que seja capaz de demonstrar que é imparcial e que tanto a instituição em si quanto seu pessoal estejam livres de quaisquer pressões – comerciais, financeiras e outras indevidas – que possam influenciar seu julgamento técnico. Convém, ainda, que o laboratório de ensaio ou calibração de terceira parte não se envolva em atividades que possam colocar em risco a confiança em sua independência de julgamento e a integridade em relação às atividades de ensaio ou calibração. No aspecto organizacional, o laboratório deve: • Ter pessoal gerencial e técnico com autoridade e recursos necessários para desempenhar suas tarefas. • Dispor de meios para assegurar que a sua gerência e o seu pessoal estejam livres de quaisquer pressões e influências indevidas. • Possuir políticas e procedimentos que assegurem a proteção de informações confidenciais e os direitos de propriedade de seus clientes. • Possuir políticas e procedimentos que evitem o envolvimento em quaisquer atividades que possam diminuir a confiança na competência, na imparcialidade, no julgamento ou na integridade operacional. • Ter estrutura organizacional e gerencial definidas. • Especificar o grau de responsabilidade, de autoridade e de inter- relacionamento de todo o pessoal envolvido na gestão das atividades. • Dispor de meios para que a supervisão do pessoal de ensaio e de calibração seja adequada. • Constituir uma gerência técnica que assuma total responsabilidade pelas operações técnicas. • Nomear um membro do seu quadro de pessoal como gerente da qualidade. • Nomear substitutos para o pessoal-chave no nível gerencial. • No caso da documentação, o laboratório deve estabelecer e manter procedimentos para controlar todos os documentos que fazem parte do seu sistema da qualidade (gerados internamente ou obtidos de fontes externas), como regulamentos, normas, outros documentos normativos, métodos de ensaio e/ou calibração, assim como desenhos, softwares, especificações, instruções e manuais. ➢ Requisitos técnicos • Fatores humanos: A gerência do laboratório deve assegurar a competência de todos que operam equipamentos específicos, realizam ensaios e/ou calibrações, avaliam resultados e assinam relatórios de ensaio e certificados de calibração. • Manuseio de itens de ensaio e calibração: O laboratório deve ter procedimentos para o transporte, recebimento, manuseio, proteção, armazenamento, retenção e/ou remoção dos itens de ensaio e/ou calibração, incluindo todas as providências necessárias para a integridade do item de ensaio ou calibração e para a proteção dos interesses do laboratório e do cliente. Diversos fatores, relacionados a seguir, determinam a correção e a confiabilidade dos ensaios e/ou calibrações realizados pelo laboratório. • Acomodações e condições ambientais: As instalações do laboratório para ensaio e/ou calibração, incluindo (mas não se limitando a) fontes de energia, iluminação e condições ambientais, devem ser tais que facilitem a realização correta dos ensaios e/ou calibrações. O laboratório deve assegurar que as condições ambientais não invalidem os resultados ou afetem adversamente a qualidade requerida de qualquer medição. Devem ser tomados cuidados especiais quando são realizados ensaios, amostragens e/ou calibrações em locais diferentes das instalações permanentes do laboratório. Os requisitos técnicos para as acomodações e condições ambientais que possam afetar os resultados dos ensaios e calibrações devem estar documentados. • Métodos de ensaio e calibração e validação de métodos: O laboratório deve utilizar métodos e procedimentos apropriados para todos os ensaios e/ou calibrações dentro do seu escopo. Estes incluem amostragem, manuseio, transporte, armazenamento e preparação dos itens a serem ensaiados e/ou calibrados e, onde for apropriado, uma estimativa da incerteza de medição, bem como as técnicas estatísticas para análise dos dados de ensaio e/ou calibração. • Equipamentos: O laboratório deve ser aparelhado com todos os equipamentos para amostragem, medição e ensaio requeridos para o desempenho correto dos ensaios e/ou calibrações (incluindo a amostragem, preparação dos itens de ensaios e/ou calibração, processamento e análise dos dados de ensaio e/ou calibração). Nos casos em que tiver de usar equipamentos que estejam fora de seu controle permanente, o laboratório deve assegurar que os requisitos desta norma sejam atendidos. • Rastreabilidade da medição: Todo equipamento utilizado em ensaios e/ou em calibrações, incluindo os equipamentos para medições auxiliares (por exemplo, condições ambientais), que tenha efeito significativo sobre a exatidão ou validade do resultado do ensaio, calibração ou amostragem, deve ser calibrado antes de entrar em serviço. O laboratório deve estabelecer um programa e procedimento para a calibração (de modo que medições feitas pelo laboratório sejam rastreáveis ao Sistema Internacional de Unidades – SI) dos seus equipamentos. • Amostragem: O laboratório deve ter um plano e procedimentos de amostragem quando realiza amostragem de substâncias, materiais ou produtos para ensaio ou calibração subsequente. Tanto o plano como o procedimento de amostragem devem estar disponíveis no local onde a amostragem é realizada. Os planos de amostragem devem, sempre que isso for viável, ter como base métodos estatísticos apropriados. O processo de amostragem deve abranger os fatores a serem controlados, de forma a assegurar a validade dos resultados do ensaio e calibração. • Certificados de calibração: Os certificados de calibração, onde necessário para a interpretação dos resultados da calibração, devem incluir o seguinte:- As condições (por exemplo,ambientais) sob as quais as calibrações foram feitas, que tenham influência sobre os resultados da medição. - A incerteza de medição e/ou uma declaração de conformidade a uma especificação metrológica identificada ou seção desta. - Evidência de que as medições são rastreáveis. 1.4 Procedimento de calibração Em relação a um procedimento de calibração, é preciso que se considerem alguns elementos que são essenciais para que se possa afirmar se o resultado de uma calibração é rastreável por um padrão nacional ou internacional: • Cadeia contínua de comparações, conduzindo até um padrão nacional ou internacional. • Referência à unidade SI: a cadeia de comparações deve alcançar os padrões primários para a realização da unidade do SI. • Recalibrações: as calibrações devem ser repetidas em intervalos apropriados, definidos em função de uma série de variáveis, como incerteza requerida, frequência e modo de uso dos instrumentos de medição, estabilidade dos equipamentos etc. • Incerteza de medição: a cada passo da cadeia de rastreabilidade deve ser determinada a incerteza de medição, de acordo com métodos definidos, de modo que se obtenha uma incerteza total para a cadeia. • Documentação: cada passo da cadeia de rastreabilidade deve ser realizado de acordo com procedimentos documentados, reconhecidos como adequados, e os resultados obtidos devem ser registrados em um certificado de calibração. • Competência: os laboratórios que realizam um ou mais passos da cadeia de rastreabilidade devem fornecer evidências da sua competência para a realização da calibração. Etapa 1 Objetivos da calibração Esta etapa busca descrever, de forma clara e objetiva, o que se pretende com a calibração. Como exemplo, relacionamos, a seguir, alguns objetivos. • O sistema de medição deve sofrer apenas regulagem ou ajustes: executar a calibração em alguns pontos ao longo da faixa de medição. • A calibração deve investigar a fundo o comportamento do sistema de medição ao longo de sua faixa de medição: para levantar a curva de erros, é preciso calibrar o sistema de medição em muitos pontos ao longo da sua faixa de medição, devendo-se repetir várias vezes a medição em cada ponto, para minimizar a incerteza de medição da calibração do sistema de medição. • Levantamento da curva de erros para futura correção: definidas as condições de operação, deve-se programar uma calibração com grande número de pontos de medição dentro da faixa de medição do SMC, bem como realizar grande número de ciclos para reduzir a incerteza nos valores da tendência ou da correção. Etapa 2 Caracterização do sistema de medição a ser calibrado A identificação do sistema de medição a ser calibrado é o ponto-chave para o sucesso da calibração. Portanto, se o avaliador não conhecer as características do sistema de medição, não saberá identificar qualquer anormalidade no processo. Se for calibrar um paquímetro, por exemplo, deverá conhecer sua especificação: tipo de paquímetro, capacidade, resolução, aplicação etc. Etapa 3 Padrão de referência Para esta etapa devem ser descritas todas as normas relativas ao sistema de medição, bem como procedimentos de medição e demais particularidades. Devem ser citados os erros, os desvios e as incertezas permissíveis para o instrumento ou sistema. Citando o paquímetro como exemplo, devem-se levar em conta as orientações contidas na norma ABNT NBR NM 216:2000 (Paquímetros e paquímetros de profundidade – Características construtivas e requisitos metrológicos), que especifica os requisitos principais para as características construtivas, dimensionais e de desempenho de paquímetros com várias faixas de medição. Etapa 4 Preparação para execução da calibração A primeira providência a ser tomada é preparar execução da calibração com base em normas e critérios técnicos. Deve ser levantada toda a instrumentação necessária para essa atividade. Isso deve ser feito por profissionais experientes e qualificados, tendo em vista que eles devem descrever todo o processo detalhadamente, mas de forma clara e compreensiva, sem pular nenhuma etapa fundamental. A calibração deve ser muito bem esquematizada, com instruções passo a passo, incluindo tudo o que a envolver: condições ambientais, sequência de operações, montagens a serem executadas, instrumentos auxiliares e coleta de dados. Etapa 5 Execução da calibração Para a execução da calibração, devem ser respeitados todos os procedimentos descritos na preparação. Os dados coletados, cálculos realizados e quaisquer observações importantes devem ser registrados para análises posteriores. Etapa 6 Registro dos dados coletados O registro dos dados coletados deve ser feito em planilhas e formulários adequados, de modo a facilitar a interpretação dos resultados. Se houver a geração de gráficos ou sinais importantes, deve haver uma maneira adequada de registrá-los. Etapa 7 Análise e interpretação dos resultados Na análise e interpretação dos resultados, os valores encontrados devem ser comparados com os valores referenciados nas normas previstas e na especificação do fabricante. Não se pode deixar de calcular a incerteza de medição que caracteriza a dispersão dos resultados. Os resultados analisados servirão de base para relatar o parecer final da calibração. Etapa 8 Critério de aceitação É a forma de concluir um processo experimental de calibração, que deve ser fundamentado nas normas ou quaisquer referências relatadas na execução da calibração. Devem ser considerados todos os requisitos pertinentes às normas referenciadas em ABNT NBR ISO/IEC 17025:2005,5 ABNT NBR 9001:200870 e ABNT NBR ISO 10012:2004. Etapa 9 Certificado de calibração O certificado de calibração é a validação do processo de calibração, ou seja, é verificação na qual os requisitos especificados são adequados para um uso pretendido. De acordo com a ABNT NBR ISO 10012:2004,71 os certificados de calibração devem possuir, pelo menos, as seguintes informações: • Título (por exemplo, “relatório de ensaio” ou “certificado de calibração”). • Nome e endereço do laboratório e o local onde os ensaios e/ou calibrações foram realizados, quando diferentes do endereço do laboratório. • Identificação unívoca do relatório de ensaio ou certificado de calibração (como número de série), e em cada página uma identificação que assegure que ela seja reconhecida como uma parte do relatório de ensaio ou do certificado de calibração, e uma clara identificação do final do relatório de ensaio ou certificado de calibração. • Nome e endereço do cliente. • Identificação do método utilizado • Descrição: a condição e identificação não ambígua do(s) item(ns) ensaiado(s) ou calibrado(s). • Data do recebimento do(s) item(ns) de ensaio ou de calibração, quando isso for crítico para a validade e a aplicação dos resultados, e a(s) data(s) da realização do ensaio ou calibração. • Referência ao plano e procedimentos de amostragem utilizados pelo laboratório ou por outros organismos, quando estes forem pertinentes para a validade ou aplicação dos resultados. • Resultados do ensaio ou da calibração com as unidades de medida, onde apropriado. • Nome, função e assinatura ou identificação equivalente de quem estiver autorizado a emissão do relatório de ensaio ou do certificado de calibração, seja uma ou mais pessoas. • Onde pertinente, declaração de que os resultados se referem aos itens ensaiados ou calibrados. 2. Verificação metrológica • Exame de conformidade de modelo aprovado: Verifica-se a conformidade do instrumento às características de construção descritas na Portaria de Aprovação de Modelo baixada pelo Inmetro, específica para o modelo inspecionado. Esse procedimento é realizado apenas na verificação inicial. • Exame visual: Observam-se as características gerais do instrumento, como legibilidade dos indicadores de medição, identificações, estado geral de conservação, marcas de verificação e selagem, bemcomo suas condições de instalação e operação. Esse procedimento é realizado na verificação subsequente e na eventual. Os instrumentos de medição e as medidas materializadas sujeitos à verificação são examinados com base na legislação metrológica, que pode contemplar as etapas a seguir. • Ensaios de medição: O instrumento é submetido aos ensaios de determinação de erros de medição, utilizando-se para isso padrões rastreados ao Inmetro. • Aposição de marcas de verificação e de selagem: Sempre que um instrumento de medição é verificado e aprovado, ele recebe uma marca de verificação (geralmente um adesivo, contendo o prazo de validade da verificação) e uma de selagem (selo de material plástico, contendo o símbolo do Inmetro), objetivando garantir a inviolabilidade do instrumento. • Certificado de verificação: Documento que atesta que o instrumento de medição foi submetido aos exames exigidos pela legislação metrológica, concluindo por sua aprovação ou reprovação. Somente é expedido a pedido do interessado. • Verificação inicial: Realizada em instrumentos novos, antes de serem comercializados, em geral nas dependências do fabricante, na qual o instrumento é submetido aos seguintes procedimentos: exame de conformidade de modelo aprovado, ensaio de medição, aposição das marcas de verificação e de selagem. É cobrada taxa dos serviços metrológicos. • Verificação subsequente: É realizada, em geral, uma vez ao ano, em instrumentos em uso no comércio, indústria e serviços, nos locais onde estiverem instalados. O instrumento é submetido aos seguintes procedimentos: exame visual, ensaio de medição, aposição das marcas de verificação e de selagem. É cobrada taxa dos serviços metrológicos. Existem instrumentos de medição que, por suas características, necessitam de instalações adequadas para a verificação subsequente, como Posto de Verificação de Vagão-Tanque e Posto de Verificação de Taxímetro para a Capital. • Verificação eventual: Após a verificação subsequente, é realizada a qualquer tempo, a pedido do usuário ou após reparo de instrumento reprovado em verificação anterior e nos casos em que haja obliteração (destruição total ou parcial) da marca de verificação. O instrumento é submetido aos mesmos procedimentos exigidos para verificação subsequente. É cobrada taxa de serviços metrológicos. • Inspeção metrológica para a ação fiscal (fiscalização): Rotina fiscal executada simultaneamente às verificações subsequente e eventual, ou a qualquer tempo (ação fiscal exclusiva), motivada por reclamação de consumidor ou iniciativa do próprio Ipem-SP. O instrumento é submetido aos mesmos procedimentos exigidos para verificação subsequente. Não é cobrada taxa de serviços metrológicos. O principal objetivo dessa ação fiscalizadora é fazer que as irregularidades encontradas sejam corrigidas. Para tanto, o instrumento irregular é interditado ou apreendido, e o responsável é autuado. 3. Regulamentação metrológica A regulamentação metrológica é uma atividade pertencente à Metrologia Legal, que tem o poder de fiscalizar as atividades metrológicas, pelo cunho de utilidade pública de que se revestem, dizendo respeito ao interesse do consumidor e caracterizando-se como matéria de alta relevância. Quem estuda ou convive com atividades que envolvam a regulamentação metrológica precisa conhecer os princípios da Resolução do Conmetro no 11/88. 4. Confirmação metrológica Procedimento planejado e sistematicamente desenvolvido para verificar o desempenho de um sistema de medição. Tem função de analisar as não conformidades relativas a limites de erro permissível, incertezas associadas ao resultado de medições e se são condizentes com a especificação necessária para fins de determinação da conformidade de processos e/ou produtos monitorados pelo equipamento. Durante a confirmação metrológica também se deve analisar se a qualidade requerida das medidas de um componente pode ser validada e se é possível preservar os estados de exatidão, precisão e adequação ao uso de um equipamento ou, em caso contrário, submeter o processo de medição a ações corretivas e preventivas cabíveis. A execução de uma rotina de confirmação metrológica consiste em cumprir os procedimentos estabelecidos durante a estruturação do sistema. Estas rotinas, que ocorrem em nível operacional, seguem os passos a serem obedecidos. • Submeter equipamento à calibração. • Registrar resultados e emitir certificado de calibração (no caso de calibração executada internamente) ou receber certificado de calibração (no caso de calibração executada externamente). • Analisar se os resultados estão conforme os critérios de aceitação estabelecidos para o instrumento. • Em caso de aceitação do instrumento, arquivar o certificado correspondente, identificar o status do instrumento, colocar o lacre se apropriado e disponibilizar o instrumento para uso. • Em caso de reprovação do instrumento, proceder a identificação e segregação do instrumento não conforme. Estabelecer ações corretivas e preventivas adequadas.
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