Buscar

Deficiências múltiplas_ fundamentos e metodologias

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 204 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 204 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 204 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2018
Deficiências
Múltiplas: funDaMentos
e MetoDologias
Prof.ª Graciele Alice Carvalho Adriano
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Prof.ª Graciele Alice Carvalho Adriano
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
AD243d
Adriano, Graciele Alice Carvalho
Deficiências múltiplas: fundamentos e metodologias. / Graciele 
Alice Carvalho Adriano – Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 
194 p. : il.
ISBN 978-85-515-0195-5
1. Educação especial – Brasil. 2.Deficientes - Educação – Brasil
II. Centro Universitário Leonardo da Vinci
CDD 370.711
Impresso por:
III
apresentação
Caro acadêmico! Os estudos sobre a deficiência múltipla englobam 
conceitos que permeiam entendimentos referentes à educação inclusiva, 
deficiências e a inclusão de pessoas na vida social, ou seja, infere na percepção 
da inserção de todos nos diversos segmentos sociais, incluindo a frequência 
no ensino nas escolas regulares com o direito ao acesso da Tecnologia 
Assistiva e as adaptações de objetos e recursos. 
Na Unidade 1, estudaremos sobre o processo histórico da construção 
conceitual de deficiência múltipla, com alterações ao longo dos anos, até se 
constituir como conhecemos atualmente. Um fator importante que sugeriu 
sua elaboração foi a atuação das políticas públicas com a promulgação de 
alguns documentos, que incidiram sobre a mudança conceitual incorporada 
no cotidiano social. Nessa unidade, ainda discutiremos sobre os princípios 
das relações interpessoais e sua influência no desenvolvimento da vida das 
pessoas com deficiência. Por fim, elencaremos a etiologia da deficiência 
múltipla, os atendimentos oferecidos às pessoas com deficiência e algumas 
medidas de prevenção.
Na Unidade 2, apresentaremos as características e o desenvolvimento 
das pessoas com deficiência múltipla desde a infância até a adolescência, com 
conceitos que apresentam aspectos específicos para cada fase, associados à 
inserção no Ensino Básico. Desta forma, englobamos as possibilidades de 
adaptações curriculares desde a Educação Infantil até os anos do Ensino 
Fundamental, com o ingresso ao mercado de trabalho das pessoas com 
deficiência.
Na Unidade 3, compreenderemos sobre o acesso de pessoas com 
deficiência múltipla às perspectivas educacionais, com conhecimentos 
referentes aos processos cerebrais e como interferem no processo de ensino e 
aprendizagem. Incluímos estudos sobre a neuroplasticidade e sua associação 
ás pessoas que sofreram lesões cerebrais, incluindo a atuação da afetividade 
no desenvolvimento da cognição. Por fim, destacamos algumas reflexões 
quanto à organização de uma escola que contemple a diversidade e preconize 
a qualidade em educação, com a proposta de trabalho educativa baseada nos 
projetos pedagógicos, as Tecnologias Assistivas e a adaptação de objetos e 
recursos. 
Bons estudos!
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 - FUNDAMENTOS CONCEITUAIS DAS DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS ........1
TÓPICO 1 - CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO
 DE DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS ...............................................................................3
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3
2 A INFLUÊNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS ............................................................................3
3 CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA ..........................................7
4 O DESENVOLVIMENTO DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ..............................................10
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................14
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................15
TÓPICO 2 - ETIOLOGIA E SERVIÇOS DESTINADOS ÀS PESSOAS
 COM DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS ............................................................................17
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................17
2 ETIOLOGIA DA DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA...............................................................................17
3 ATENDIMENTOS OFERTADOS À PESSOA COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA.................33
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................38
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................39
TÓPICO 3 - PREVENÇÃO DAS DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS .................................................41
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................41
2 MEDIDAS DE PREVENÇÃO DO PERÍODO PRÉ-CONCEPTIVO AO PÓS-NATAL .........41
3 APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
 NO ÂMBITO SOCIAL .......................................................................................................................44
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................48
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................52
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................53
UNIDADE 2 - CARACTERÍSTICAS E DESENVOLVIMENTO DA
 INFÂNCIA À ADOLESCÊNCIA ..............................................................................55
TÓPICO 1 - CARACTERIZAÇÃO DA DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA ...........................................57
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................57
2 INCIDÊNCIA E AVALIAÇÃO DAS DEFICIÊNCIAS .................................................................57
3 CARACTERIZAÇÃO DA DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA ...............................................................613.1 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E DEFICIÊNCIA FÍSICA ......................................................62
3.2 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E DEFICIÊNCIA AUDITIVA ...............................................62
3.3 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E DEFICIÊNCIA VISUAL ....................................................63
3.4 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E TRANSTORNO MENTAL................................................64
3.5 DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA SENSORIAL ..................................................................................66
3.6 SURDO-CEGUEIRA ......................................................................................................................67
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................69
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................73
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................75
suMário
VIII
TÓPICO 2 - DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE ZERO AOS
 TRÊS ANOS DE IDADE .................................................................................................77
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................77
2 ASPECTOS GERAIS DO BEBÊ COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA .........................................77
3 DESENVOLIMENTO DA CRIANÇA DE ZERO A TRÊS ANOS COM DEFICIÊNCIA 
MÚLTIPLA ..............................................................................................................................................79
3.1 CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA ASSOCIADA
 A OUTRAS DEFICIÊNCIAS ........................................................................................................80
3.2 CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA VISUAL ASSOCIADA A OUTRAS DEFICIÊNCIAS .....81
3.3 CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA FÍSICA ASSOCIADA A OUTRAS DEFICIÊNCIAS .......84
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................86
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................88
TÓPICO 3 - DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS DOS QUATRO
 AOS SEIS ANOS DE IDADE ........................................................................................89
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................89
2 ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS DE QUATRO A SEIS ANOS .....89
3 EDUCAÇÃO INFANTIL E ADAPTAÇÕES CURRICULARES .................................................91
3.1 CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA ASSOCIADA
 A OUTRAS DEFICIÊNCIAS ........................................................................................................95
3.2 CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL ASSOCIADA A OUTRAS DEFICIÊNCIAS ...97
3.3 CRIANÇAS COM MÚLTIPLAS DEFICIÊNCIAS SENSORIAIS ............................................101
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................103
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................104
TÓPICO 4 - DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS DOS SETE
 AOS 11 ANOS DE IDADE .............................................................................................105
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................105
2 DESENVOLVIMENTO E INCLUSÃO EDUCACIONAL...........................................................105
3 ADAPTAÇÕES CURRICULARES NO ENSINO FUNDAMENTAL ........................................109
3.1 ALUNOS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA ASSOCIADA A OUTRAS DEFICIÊNCIAS ..111
3.2 ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL ASSOCIADA A OUTRAS DEFICIÊNCIAS .......112
3.3 ALUNOS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA ASSOCIADA A OUTRAS DEFICIÊNCIAS .........113
3.4 ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E OUTRAS DEFICIÊNCIAS 
ASSOCIADAS .................................................................................................................................114
3.5 ALUNOS COM MÚLTIPLA DEFICIÊNCIA SENSORIAL .....................................................114
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................117
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................119
TÓPICO 5 - DESENVOLVIMENTO DE ADOLESCENTES .........................................................121
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................121
2 O DESENVOLVIMENTO DOS ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA .......121
3 OFICINAS PEDAGÓGICAS E O INGRESSO NO MUNDO DO TRABALHO ...................123
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................128
RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................133
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................134
UNIDADE 3 - DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS E AS PERSPECTIVAS EDUCACIONAIS .......135
TÓPICO 1 - PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM PARA
 O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E AFETIVO..............................................137
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................137
IX
2 FUNÇÕES CEREBRAIS E OS PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM ..................137
3 A INFLUÊNCIA DAS EMOÇÕES NA APRENDIZAGEM ........................................................140
4 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E O AFETO .....................................................................................142
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................146
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................148
TÓPICO 2 - INTEGRAÇÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA
 NO PROCESSO EDUCACIONAL ...............................................................................149
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................149
2 INCLUSÃO ESCOLAR DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA ................................149
3 PROJETOS PEDAGÓGICOS COMO METODOLOGIA INCLUSIVA ..................................151
4 UMA ESCOLA PARA A DIFERENÇA ..........................................................................................157
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................161
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................163
TÓPICO 3 - SUGESTÕES DE ATIVIDADES EDUCATIVAS ......................................................165
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................165
2 AS PERSPECTIVAS E OS DESAFIOS DA ESCOLA PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA..165
3 TECNOLOGIAASSISTIVA E O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO..167
4 SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA .........172
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................180
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................186
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................187
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................189
X
1
UNIDADE 1
FUNDAMENTOS CONCEITUAIS DAS 
DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• conhecer o processo histórico da construção conceitual de deficiência múl-
tipla;
• identificar e analisar a influência das políticas públicas no atendimento às 
pessoas com deficiências múltiplas;
• discutir sobre os princípios das relações interpessoais; 
• compreender os conceitos sobre a etiologia da deficiência múltipla;
• identificar os atendimentos oferecidos às pessoas com deficiências;
• elencar as medidas de prevenção das deficiências;
• analisar o processo de aprendizagem e desenvolvimento no âmbito social.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE 
DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
TÓPICO 2 – ETIOLOGIA E SERVIÇOS DESTINADOS ÀS PESSOAS COM 
DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
TÓPICO 3 – PREVENÇÃO DAS DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE 
DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, neste primeiro tópico da disciplina Deficiências 
Múltiplas: fundamentos e metodologias estudaremos sobre assuntos referentes 
a saberes que estruturam o campo conceitual sobre as deficiências múltiplas. 
Comentaremos brevemente sobre o processo de organização do conceito, que 
sofreu alterações ao longo dos anos, até se constituir como conhecemos atualmente. 
Para compreendermos a sua construção, necessitamos analisar as influências das 
políticas públicas com a promulgação de alguns documentos que incidiram sobre 
a mudança conceitual incorporada no cotidiano social. Dessa forma, estruturamos 
o tópico de forma a trazer o contexto em que o termo ‘deficiências múltiplas’ foi 
construído com o passar dos anos no desenvolvimento do entendimento social 
em relação à integração das pessoas com deficiência.
Outro ponto a ser destacado no decorrer dos estudos diz respeito à 
importância das relações interpessoais estabelecidas, e que influenciam de forma 
positiva no desenvolvimento da vida das pessoas com deficiência. Nesse sentido, 
iniciamos nossos estudos sobre as Deficiências Múltiplas com o entendimento 
dos princípios que nortearam a sua organização no início até os dias atuais.
2 A INFLUÊNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
O desenvolvimento da ciência moderna difunde o pensamento 
evolucionista, influenciando os modos de se pensar e organizar a sociedade 
brasileira. Principalmente com a difusão do pensamento liberal e a atuação dos 
intelectuais, a partir do período do Império. 
Na época do Brasil Colônia, os serviços educacionais foram implantados 
com sentido religioso, por meio da Companhia de Jesus. A responsabilidade pela 
organização da educação ficou a cargo da Igreja Católica, até a expulsão dos jesuítas, 
no século XVIII. Com a promulgação da primeira Constituição da República, 
em 1891, a educação passou às incumbências do Congresso Nacional. Desta 
forma, cada região do país organizou o atendimento segundo as possibilidades 
existentes, em alguns lugares com decreto-lei que dispensava das aulas as 
crianças com “[...] incapacidade física ou mental certificada pelo médico escolar 
ou verificada por outro meio idôneo; na capacidade física se compreendem, além 
das deformações ou enfermidades que fisicamente inabilitam para a frequência, 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS CONCEITUAIS DAS DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
4
as moléstias contagiosas ou repulsivas” (KASSAR, 1999, p. 20).
Na República houve a difusão do pensamento em relação à modernização 
da sociedade, com a livre concorrência e valorização das iniciativas privadas. 
Nesse meio, os serviços público e privado dividiam o mesmo espaço de ofertas, 
incluindo o setor de serviços sociais. 
Para a educação especial, os dois estilos de serviços, o público e o privado, 
encontram-se presentes desde o início do século XX. Os serviços privados 
voltados ao atendimento especializado a pessoas com deficiências estão presentes 
e atuantes, como o Instituto Pestalozzi, criado em 1926 no Rio Grande do Sul, uma 
instituição particular especializada no atendimento às crianças com deficiência 
mental, com caráter filantrópico, que atendia na época por meio de convênios 
com instituições públicas (KASSAR, 1999).
O Instituto Pestalozzi inseriu no país a concepção de ortopedia das 
escolas auxiliares europeias, que adotam os conhecimentos das ciências naturais 
pelas ciências humanas, com uma visão organicista da deficiência mental. 
Assim, as classes especiais públicas, como eram chamadas, surgiram baseadas 
na necessidade científica da separação dos alunos considerados normais ou 
anormais na época. A segregação era supervisionada pela inspeção sanitária, 
fundamentada na concepção da ortopedia numa perspectiva de racionalidade e 
modernidade com uma pedagogia científica e racional (KASSAR, 1999).
Na década de 1930, Helena Antipoff estrutura o Instituto Pestalozzi em 
Minas Gerais, com uma concepção científica, mas base assistencialista. Nesse 
meio, decorrente do desenvolvimento social e a consequente urbanização devido 
à industrialização, surgiu a preocupação em relação à escolaridade da população. 
FIGURA 1 – HELENA ANTIPOFF COM CRIANÇAS DO INSTITUTO PESTALOZZI
FONTE: Disponível em: <http://pgl.gal/wp-content/uploads/2015/09/HELENA-
ANTIPOFF-com-crian%C3%A7as0.jpg>. Acesso em: 20 abr. 2018.
TÓPICO 1 | CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
5
A Constituição de 1934 estabeleceu pela primeira vez, enquanto 
competência da União, delimitar as diretrizes da educação nacional com os 
Estados e divulgar a instrução pública abrangendo todos os graus de ensino. 
Com a responsabilidade da educação ao regime público, apesar do crescimento 
das escolas públicas, o número de crianças com deficiências matriculadas ainda 
era insignificante, em comparação à oferta dos serviços.
Em 1954, na cidade de Rio de Janeiro, foi fundada a primeira Associação 
de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, que se desenvolve para ocupar uma 
lacuna deixada pela educação especial como rede nacional. A APAE, na época, 
contou com uma organização pautada nos parâmetros da National Association for 
Retarded Children dos Estados Unidos da América, enquanto uma associação que 
oferecia assistência às crianças com deficiência. 
A preocupação com a educação especial ocorreu de forma abrangente 
no Brasil recentemente, principalmente após a promulgação da LDB de 1961. A 
legislação intensificou um compromisso com a educação especial, já existente 
no país, ao atendimento de alunos com deficiências em instituições particulares 
com caráter assistencialista, e em algumas classes públicas. Um dos pontos de 
destaque da LDB 4.024/61 consiste na inserção da população economicamente 
menos favorecida aos processos de escolarização, em virtude do aumento das 
escolas públicas. 
Nessa fase, a LDB 4.024/61 regulariza as funções entre os serviços públicos 
e privados e as formas de atendimento dentro das possibilidades oferecidas ao 
aluno com deficiência matriculado noensino regular e garante o apoio financeiro 
às instituições particulares que recebiam a aprovação pelos critérios dos Conselhos 
Estaduais de Educação. Nesse sentido, os atendimentos realizados anteriormente 
à década de 1960, entre os grupos privados, como a Sociedade Pestalozzi e as 
APAEs, incluindo as classes especiais públicas, foram normatizados em 1961.
Com a promulgação da Lei 5.692/71, a educação especial assume a 
responsabilidade do atendimento às crianças sem a necessidade de diagnóstico de 
deficiência intelectual. Na época, as crianças que se encontram em lento processo 
de aprendizagem com idade defasada a regular de acordo com o ano de ensino, 
foram consideradas como "deficientes mentais educáveis" (KASSAR, 1999, p. 31).
Em 1977, por meio da Portaria Interministerial nº 477 dos Ministérios da 
Educação e Cultura e da Previdência Social, abre-se a possibilidade de os serviços 
privados ofertarem os serviços especializados, na ausência do serviço público. A 
demanda dos atendimentos direcionou à administração particular os alunos com 
deficiência, e para os serviços educacionais públicos os ditos "normais". 
No final da década de 1980, o Brasil sofreu uma reorganização no pós-
regime de ditadura militar. Dessa maneira, a Constituição Federal de 1988 e o 
Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA foram promulgados, garantindo 
algumas mudanças sociais e a democratização. Em 1985, foi assinado o decreto 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS CONCEITUAIS DAS DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
6
“Comitê para o Aprimoramento da Educação Especial”, que contou com a 
elaboração de um plano nacional de atendimento às pessoas com deficiência. A 
educação especial assume um caráter de reivindicação de direitos, com aspecto 
de bondade. 
A sociedade contou com vários acontecimentos, onde os dirigentes 
das instituições especializadas, públicas e privadas, de educação especial 
participaram da criação da Coordenadoria para a Integração da Pessoa Portadora 
de Deficiência – CORDE, em 1986. Neste ano, houve a implantação da Portaria 
CENESP/MEC nº 69, que estabeleceu normas para prestação de apoio técnico e 
financeiro às instituições de educação especial públicas e privadas. 
A partir da promulgação da Constituição de 1988, inicia o processo de 
descentralização, redimensionando a competência entre a federação, estados e 
municípios, gerando um afastamento gradativo do poder federal. Assim, surgem 
os conselhos municipais nas áreas sociais, que implementaram a participação da 
sociedade nas decisões locais. 
A Constituição Federal de 1988, em relação à educação especial, continua 
direcionando o atendimento do aluno com deficiência no ensino regular para 
as instituições particulares. A lei prevê programas de prevenção, atendimento 
e treinamento para o trabalho com pessoas com deficiência física, sensorial ou 
intelectual. A Constituição garante ainda o salário-mínimo às pessoas portadoras 
de deficiência e idosos que não possuem meios para manutenção de sua 
sobrevivência. 
No início dos anos 1990, com a globalização, a expansão do modelo 
econômico capitalista aponta um novo sentido, com a valorização da iniciativa 
privada. Desta forma, as instituições assistenciais passam a ser denominadas de 
Organizações Não Governamentais – ONG, representando uma diferenciação 
entre os setores privados e públicos. 
A LDB nº 9.394/96 apresenta a educação como dever da família e Estado, 
juntamente à alternativa preferencial sobre a ampliação do atendimento ao 
deficiente na rede pública de ensino, que pode agir independentemente do apoio 
previsto à iniciativa privada, ou seja, o pensamento neoliberal acarretou um 
aumento nas ações filantrópicas com maior atendimento especializado às pessoas 
com deficiência, com uma significativa parcela da população sem qualquer 
atendimento devido à insuficiência de vagas nas escolas e instituições. 
Dentre aqueles que ficam à margem do atendimento educacional, estão 
as pessoas com deficiências mais severas, incluindo a não inserção no mercado 
de trabalho, sem investimentos na profissionalização. As pessoas com deficiência 
mental são consideradas problema individual ou familiar, vistas com uma não 
adaptação ou adequação à sociedade. 
TÓPICO 1 | CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
7
As pessoas com deficiências múltiplas foram denominadas como 
'deficientes severos ou graves' ou ainda 'deficientes mentais severos', isentas 
da garantia direta de atendimento pelo serviço público ao acesso à educação 
(KASSAR, 1999). Em resumo, podemos dizer que o processo de escolarização dos 
alunos com deficiência múltipla no Brasil é recente, um dos fatores seria a morosa 
institucionalização da educação especial, no início dos anos de 1970, com a 
ditadura. Essas crianças frequentavam escolas especiais públicas ou filantrópicas 
privadas, muitas vezes criadas por familiares para ocupar o vazio deixado pelo 
poder público (PLETSCH, 2015).
Em 1983 foi criada a Fundação de Atendimento de Deficiência Múltipla – 
FADEM, devido ao acesso de verbas e ao trabalho voluntário, administrado por um 
grupo de pais. A criação da fundação foi decorrente da iniciativa de que crianças 
e adolescentes com deficiências múltiplas podem aprender e precisam frequentar 
o espaço escolar. Assim, alguns profissionais que trabalhavam com atendimento 
clínico foram capacitados para aplicarem um método de alfabetização, organizado 
para aqueles que apresentavam dificuldades motoras graves e que não falavam. 
A escola foi organizada em um espaço anexo à clínica, aproximando-se da teoria 
psicanalítica, com a participação de uma equipe multidisciplinar. 
Para saber mais sobre o atendimento da FADEM, acesse o site: <http://www.fadem.
com.br/deficiencia-multipla-filantropia-doacao/>.
Navegue nas abas e amplie seus conhecimentos em relação aos tipos de atendimentos 
ofertados.
3 CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA
De acordo com Guimarães (2008), o termo deficiência múltipla surge 
somente em outubro de 1985, com o Plano de Educação Especial – Nova Proposta, 
com princípios que norteariam a Portaria Cenesp/MEC nº 69. O documento 
DICAS
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS CONCEITUAIS DAS DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
8
regulamentava as normas e critérios reguladores que estabeleciam apoio técnico 
e/ou financeiro para a Educação Especial no ensino público e privado. 
No artigo 3º da Portaria nº 69, consta a delimitação do público para o 
atendimento educacional especializado: deficientes mentais, deficientes de visão, 
deficientes da audição, deficientes físicos, portadores de deficiências múltiplas, 
portadores de problemas de conduta e superdotados. Na época ainda se utilizava 
o termo 'portadores' para algumas definições de deficiências. Assim, a deficiência 
múltipla era entendida como "[...] portadores de Deficiências Múltiplas: 
educandos que apresentam duas ou mais deficiências, necessitando de métodos, 
recursos didáticos e equipamentos especiais para sua educação" (GUIMARÃES, 
2008, p. 8). 
O conceito de deficiência múltipla para a Política Nacional de Educação 
Especial do Ministério da Educação assinala ser "[...] a associação, no mesmo 
indivíduo, de duas ou mais deficiências primárias [...] com comprometimentos 
que acarretam atrasos no desenvolvimento global e na capacidade adaptativa” 
(BRASIL, 1994, p. 15). Autores como Carvalho (2000 apud CONTRERAS; 
VALENTE, 1993) assinalaram a deficiência múltipla como a simultaneidade na 
mesma pessoa de duas ou mais deficiências (psíquicas, físicas e sensoriais), que 
não apresentam relação de dependência entre si ou superioridade de importância. 
Em 2004, o MEC lançou o documento Saberes e práticas da inclusão: 
dificuldades acentuadas de aprendizagem – deficiência múltipla, que infere:
O termo deficiência múltipla tem sido utilizado, com frequência, para 
caracterizar o conjunto de duasou mais deficiências associadas, de 
ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento 
social. No entanto, não é o somatório dessas alterações que caracteriza 
a múltipla deficiência, mas sim o nível de desenvolvimento, as 
possibilidades funcionais, de comunicação, interação social e de 
aprendizagem que determinam as necessidades educacionais dessas 
pessoas (BRASIL, 2004, p. 11).
Nesse sentido, o conceito de deficiência múltipla se apresenta enquanto 
associação de duas ou mais deficiências, podendo ser estas de ordem física, 
mental, sensorial, comportamental e/ou emocional. Assim, o desempenho e as 
competências dos indivíduos com deficiências múltiplas são heterogêneos e 
variam conforme os níveis funcionais básicos, de acordo com as possibilidades 
de adaptação ao meio que devem ocorrer em classes regulares de ensino, 
considerando a adaptação e suplementação curricular. E aqueles que apresentam 
maiores dificuldades necessitam de processos especiais de ensino, como o apoio 
intenso, contínuo e de currículo alternativo para a inclusão na classe regular 
(BRASIL, 2004).
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação 
Inclusiva, lançada em 2008, defende que a inclusão deve ocorrer em todos os níveis 
de ensino, abrangendo a educação básica e superior. A oferta do atendimento 
deve ser prioritariamente em salas de recursos multifuncionais, com propostas 
TÓPICO 1 | CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
9
de Atendimento Educacional Especializado – AEE, enquanto complemento ao 
ensino regular. Não mais como uma forma de atendimento em escolas especiais ou 
classes especiais, isoladas do ensino ofertado nas escolas regulares. O documento 
apresenta uma definição generalizada às pessoas com deficiência, não mais as 
separando por tipologias. Apresenta a conceitualização de deficiência, transtornos 
globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.
Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos 
de longo prazo, de natureza física, mental ou sensorial que, 
em interação com diversas barreiras, pode ter restringida sua 
participação plena e efetiva na escola e na sociedade. Os estudantes 
com transtornos globais do desenvolvimento são aqueles que 
apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas 
e na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, 
estereotipado e repetitivo. Incluem-se nesse grupo estudantes 
com autismo, síndromes do espectro do autismo e psicose infantil. 
Estudantes com altas habilidades/superdotação demonstram potencial 
elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: 
intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, além de 
apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e 
realização de tarefas em áreas de seu interesse (BRASIL, 2008, s.p.).
Em suma, o conceito preconizado pelos documentos oficiais, quanto à 
deficiência múltipla, assemelha-se ao apresentado por Carvalho (2000), que infere 
em pessoas que apresentam mais de uma deficiência, como condição heterogênica 
que identifica diferentes grupos de pessoas. Com associações diversas de 
deficiências que afetam com maior ou menor intensidade o funcionamento 
individual e o seu relacionamento social. 
FIGURA 2 – INTEGRAÇÃO SOCIAL, PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
FONTE: Disponível em: <http://cdn.agensite.online/arquivos/226/
conteudo/posts/137043.jpg>. Acesso em: 7 jun. 2018.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS CONCEITUAIS DAS DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
10
A gravidade das deficiências depende dos aspectos que permeiam as 
condições individuais na atuação social, mais precisamente, segundo Carvalho 
(2000):
• Aceitação por parte dos familiares.
• Intervenção adequada nas causas e efeitos da deficiência.
• Oportunidades de participação e integração da pessoa no meio físico e 
social.
• Apoio adequado para incluir a pessoa na sociedade.
• Incentivo ao desenvolvimento de sua autonomia e criatividade.
• Atitudes favoráveis para organização do autoconceito e autoimagem 
positivos.
Para Carvalho (2000), a convivência em espaços educativos presume uma 
função relevante às melhoras das condições de desenvolvimento das pessoas 
com deficiências múltiplas. As intervenções apropriadas e iniciadas ainda na 
infância resultam em aprendizados que promovem a integração familiar e social, 
melhorando significativamente a qualidade de vida.
4 O DESENVOLVIMENTO DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS 
Na organização social a família consiste no primeiro espaço onde 
serão construídas relações de afeto e a formação de identidades, bem como o 
aprendizado de valores e modos de pensar, agir e sentir. Para as crianças com 
deficiência múltipla, a família terá, inclusive, uma função essencial na organização 
do ambiente, proporcionando alternativas para seu desenvolvimento. Para Silva 
e Dessen (2001, p. 136): “A família constitui o primeiro universo de relações 
sociais da criança, podendo proporcionar-lhe um ambiente de crescimento e 
desenvolvimento, especialmente em se tratando de crianças com deficiência, as 
quais requerem atenção e cuidados específicos”.
Buscaglia (1997) corrobora e aponta a família como uma força social que 
influencia no desenvolvimento do comportamento e formação da personalidade. 
Nesse sentido, a família pode ser considerada como uma unidade social inserida 
na comunidade de forma mais ampla, simbolizando o meio externo. O sistema 
de relação que ocorre se estrutura de forma interdependente, onde as formas 
de interação estabelecidas entre os familiares influenciam uns aos outros e as 
mudanças atingirão a todos os envolvidos. 
Segundo Maccoby (2002), a parentalidade consiste na influência dos 
pais sobre os filhos enquanto um conjunto de processos interativos que se inter-
relacionam a partir do nascimento de uma criança. Assim, cada membro atribui 
um valor de compreensão às relações segundo sua experiência de vida e seus 
entendimentos. 
TÓPICO 1 | CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
11
FIGURA 3 – FAMÍLIA E A CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA
FONTE: Disponível em: <http://aeecaic.blogspot.com/2014/04/surdocegueira-e-
deficiencia-multipla.html>. Acesso em: abr. 2018.
O nascimento de uma criança com deficiência gera uma perturbação 
nos pais, como uma situação não esperada, necessitando repensar o significado 
de parentalidade. De acordo com Silva e Dessen (2001), a família necessita de 
tempo para superar e aceitar a criança com deficiência, reorganizando o ambiente 
familiar para sua inclusão. 
Buscaglia (1997) enfatiza que a flexibilidade da família em atuar na 
situação depende das experiências vivenciadas anteriormente, nos aprendizados 
e personalidade dos membros. Aponta ainda o período da infância como um dos 
mais importantes para o desenvolvimento das crianças com deficiências. Nesse 
período, as crianças se encontram em processo de formação e entendimento de 
situações que revelam seus sentimentos, como o amor, o ódio, apatia, segurança, 
frustração, alegria e outros. 
Cambruzzi (1998) discorre que a família influencia no processo educacional 
da criança, oferecendo meios para que desenvolva a autonomia, consciência do 
outro e a convivência em grupo. Dessa forma, a escola e a família são consideradas 
como agentes transformadores de formas individuais e coletivas, proporcionando 
mudanças nas relações, incluindo o respeito e a inclusão. 
O objetivo central da escola se assemelha ao da família, quando pretendem 
preparar as crianças para a convivência na sociedade. Ambas influenciam no 
processo educativo infantil, sendo de suma importância para as que apresentam 
deficiências. Nesse sentido, Parolin (2003) expressa a importância de se estreitar 
as relações de convivência entre a escola e a família, para que ambas auxiliem no 
seu desenvolvimento. 
UNIDADE1 | FUNDAMENTOS CONCEITUAIS DAS DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
12
Davis et al. (1989, p. 37) cita que “o envolvimento dos pais proporciona 
benefícios a vários níveis: às crianças, aos pais, às escolas e, generalizando, infere 
melhorias na sociedade democrática", ou seja, por meio da parceria, a família 
passa a cooperar no processo de ensino e aprendizagem, demonstrando à 
criança confiança e coragem. A criança com deficiência percebe que conseguirá 
participar da vida social e ter um relacionamento com os outros, sendo capaz de 
se desenvolver em diversos aspectos. Segundo a Convenção sobre os Direitos das 
Pessoas com Deficiência (2011, p. 36):
[...] a família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem 
direito a receber a proteção da sociedade e do Estado e de que as 
pessoas com deficiência e seus familiares devem receber a proteção e 
a assistência necessárias para tornar as famílias capazes de contribuir 
para o exercício pleno e equitativo dos direitos das pessoas com 
deficiência. 
Mesmo porque a família da criança com deficiência necessita de apoio e 
informações para auxiliar o seu desenvolvimento, conseguindo reorganizar suas 
funções. Algumas reações podem ser encontradas nos membros de parentesco, 
como as características físicas que podem aparentar algum fenótipo, estranheza 
em observar certos comportamentos diferentes, dificuldade dos familiares em 
prosseguir com suas carreiras profissionais ou pessoais (FÁVERO, 2005).
Grotberg (2006) destaca as dificuldades encontradas no processo de 
diagnóstico, seguido das emoções que a família vivencia, necessitando de 
medidas de intervenção e apoio para que consigam se adaptar e interagir de 
forma positiva. Desta forma, as parcerias estabelecidas entre profissionais e 
familiares supõem processos de intervenção que potencializam o enfrentamento 
dos desafios associados às condições expressas pela deficiência na criança. 
TÓPICO 1 | CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
13
“Cordas” é um curta-metragem espanhol, com título original “Cuerdas”, produzido 
e dirigido por Pedro Sólis. Relata a história de duas crianças, uma com paralisia cerebral e 
um amigo que viverão bons momentos juntos. As cenas retratam vivências na escola e na 
comunidade onde moravam as crianças. A história foi baseada na vida dos filhos do autor. 
Confira o curta-metragem e se emocione com a história!
DICAS
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=g4W7CKPdSGk>. 
Acesso em: 20 maio 2018.
14
Neste tópico, você aprendeu que:
• Na época do Brasil Colônia, os serviços educacionais foram implantados com 
sentido religioso, por meio da Companhia de Jesus. A responsabilidade pela 
organização da educação ficou de posse da Igreja Católica, até a expulsão dos 
jesuítas no século XVIII.
• Na República houve a difusão do pensamento em relação à modernização 
da sociedade, com a livre concorrência e valorização das iniciativas privadas. 
Nesse meio, os serviços público e privado dividiam o mesmo espaço de ofertas, 
incluindo o setor de serviços sociais.
• A LDB nº 9.394/96 apresenta a educação como dever da família e do Estado, 
juntamente à alternativa preferencial sobre a ampliação do atendimento ao 
deficiente na rede pública de ensino, que pode agir independente do apoio 
previsto à iniciativa privada.
• O termo deficiência múltipla surge somente em outubro de 1985, com o Plano 
de Educação Especial – Nova Proposta, com princípios que norteariam a 
Portaria Cenesp/MEC nº 69.
• O conceito de deficiência múltipla se apresenta enquanto associação de duas 
ou mais deficiências, podendo ser estas de ordem física, mental, sensorial, 
comportamental e/ou emocional.
• Na organização social, a família consiste no primeiro espaço onde serão 
construídas relações de afeto e a formação de identidade, bem como o 
aprendizado de valores e modos de pensar, agir e sentir.
• O objetivo central da escola se assemelha ao da família, quando pretendem 
preparar as crianças para a convivência na sociedade. Ambas influenciam no 
processo educativo infantil, sendo de suma importância para as crianças que 
apresentam deficiências.
RESUMO DO TÓPICO 1
15
1 A Constituição de 1934 preconizou pela primeira vez as diretrizes da 
educação nacional que abrangeram todos os graus de ensino. Contudo, na 
época, apesar da expansão das escolas públicas, o número de crianças com 
deficiências era insignificante em comparação à oferta dos serviços. Somente 
após a promulgação da LDB de 1961 é que as preocupações referentes ao 
atendimento educacional das crianças com deficiência surgiram. Dessa 
forma, analise sobre as características em relação à educação especial 
defendida na época no período de vigência da LDB/61.
I- Regularizou a oferta dos serviços públicos e privados, bem como outras 
formas de atendimento no ensino regular.
II- O acesso ao ensino nas escolas regulares foi ofertado respeitando as 
especificidades dos alunos com deficiência.
III- Garantiu o apoio financeiro para as instituições particulares que recebem a 
aprovação dos Conselhos Estaduais de Educação.
IV- Surgiram grupos privados, como a Sociedade Pestalozzi e as APAEs, assim 
como o início das classes especiais públicas.
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) I – III – IV.
b) ( ) II – III – IV.
c) ( ) I – II – III.
d) ( ) II – III – IV.
2 O termo deficiência múltipla surgiu em outubro de 1985, com o Plano de 
Educação Especial – Nova Proposta, que apresentava os princípios que 
norteavam a Portaria Cenesp/MEC nº 69. Assim, o documento norteava 
as normas e critérios que regulavam e estabeleciam o apoio técnico e/ou 
financeiro para a Educação Especial no âmbito privado e público. Reflita 
e assinale a alternativa correta que aponta o conceito atual de deficiência 
múltipla:
a) ( ) Trata-se da associação de duas ou mais deficiências, que podem ser de 
ordem física, mental, sensorial, comportamental e/ou emocional.
b) ( ) Consiste em deficiências generalizadas que acometem os movimentos e 
o funcionamento cerebral dos indivíduos.
c) ( ) Estruturam a defasagem de compreensão da realidade social e os 
movimentos coordenados dos indivíduos.
d) ( ) São deficiências originárias de mutações cromossômicas que resultaram 
na má formação orgânica nos indivíduos.
3 A família será o primeiro contato social da criança com deficiência múltipla, 
nesse espaço serão desenvolvidos os primeiros entendimentos sobre as 
AUTOATIVIDADE
16
interações com os outros e o mundo. Mais tarde, a criança frequentará 
outro espaço social, a escola, onde continuará seu processo de interação, 
desenvolvimento e aprendizagem social. Analise sobre a função da família 
e disserte sobre como influencia no processo educacional das crianças com 
deficiência múltipla.
17
TÓPICO 2
ETIOLOGIA E SERVIÇOS DESTINADOS ÀS PESSOAS COM 
DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, estudaremos sobre as etiologias que ocasionam as 
deficiências múltiplas, que podem incluir fatores associados na concepção, pré-
natal, perinatal ou pós-natal. Algumas ocorrências são oriundas de condições 
ambientais, como as originadas por acidentes, traumatismos cranianos, e outros. 
Incluindo algumas enfermidades que estão associadas às deficiências múltiplas.
No decorrer dos estudos, também conheceremos sobre os atendimentos 
ofertados pelos serviços de saúde, nos Centros de Saúde, principalmente as 
orientações sobre a Intervenção Precoce na Infância – IPI. A rede de cuidados à 
pessoa com deficiência garantida nos serviços prestados pelo Sistema Único de 
Saúde – SUS, com atenção à saúde e desenvolvimento dessas pessoas.
2 ETIOLOGIA DA DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA
A Organização Mundial de Saúde – OMS, em 1997, reestruturou a 
Classificação Internacional atribuindo novas conceitualizações em relação aos 
aspectos que permeiama deficiência. Assim, lançou a Classificação Internacional 
das Deficiências, Atividades e Participação: um manual da dimensão das incapacidades e 
da saúde – CIDDM-2. O documento apresenta os princípios que indicam o apoio, 
contextos ambientais e as potencialidades, ao invés de enaltecer as incapacidades 
e limitações (BRASIL, 2006).
O CIDDM-2 (BRASIL, 2006, p. 11) destaca a deficiência como "[...] uma 
perda ou anormalidade de uma parte do corpo (estrutura) ou função corporal 
(fisiológica), incluindo as funções mentais". Ou seja, a forma como a pessoa 
realiza uma determinada atividade, independente do nível de complexidade e 
da incapacidade individual como limitação provinda da deficiência. Todavia, 
o termo incapacidade deixou de ser utilizado, porque incide na desqualificação 
social. Assim, a Classificação Internacional inclui a participação como interação 
que a pessoa deficiente estabelece com o meio socioambiental. 
A nova Classificação Internacional sugere a inclusão social enquanto 
processo em que a sociedade procura formas de se adaptar para incluir as 
pessoas com necessidades especiais, assumindo funções na sociedade. A inclusão 
como uma situação bilateral é o processo no qual as pessoas com deficiência e 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS CONCEITUAIS DAS DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
18
a sociedade buscam formas em parceria, para se reorganizarem e efetivarem a 
equiparação de oportunidades para todos (BRASIL, 2006).
A defi ciência múltipla pode advir de diversas causas apontadas, como 
fatores associados à concepção, pré-natais, perinatais ou natais e pós-natais.
FIGURA 4 – FATORES ASSOCIADOS ÀS DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
FONTE: Adaptado de Brasil (2006)
Na concepção pode ocorrer a translocação de pares de cromossomos 
no nascimento ou erros congênitos do metabolismo, causando mudanças no 
embrião ou feto, incapacitando os processos químicos e metabólicos. Como 
resultado surgem reagrupamentos dos cromossomos que resultam em defi ciência 
grave e outras complicações, que podem ser revertidas parcialmente, quando 
diagnosticadas a tempo, administrando uma dieta controlada (BRASIL, 2006). 
No período pré-natal os fatores se encontram associados a medicamentos 
como a talidomida, utilizado como sedativo para a mãe, prejudicando o 
desenvolvimento normal do embrião. Assim, a criança apresenta acentuada 
deformidade, com anomalias sérias no coração, olhos, ouvidos, membros 
superiores e inferiores, e outros (BRASIL, 2006). 
Como fator natal ou perinatal pode ocorrer a anoxia, a falta prolongada 
de oxigênio no feto durante o processo de nascimento, causando a destruição 
irreversível de células cerebrais. Nesse caso, a criança com paralisia cerebral pode 
apresentar ou não a defi ciência intelectual e outras deformidades que afetam a 
visão e audição.
No pós-natal, os fatores associados à defi ciência múltipla podem advir da 
encefalite e meningite, incluindo doenças infecciosas como sarampo, coqueluche 
e outras, que ocasionam a infl amação das células do cérebro e a decorrente 
destruição. Assim, na criança incidem na variedade de problemas, como a falta 
de atenção, hiperatividade, epilepsia, defi ciência intelectual e problemas de 
comportamento.
TÓPICO 2 | ETIOLOGIA E SERVIÇOS DESTINADOS ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
19
Outras situações relacionadas às condições ambientais podem incidir 
na formação da deficiência múltipla, como acidentes e traumatismos cranianos, 
intoxicação química, irradiações, tumores e outros. Há também algumas 
enfermidades que estão associadas à deficiência múltipla, segundo Carvalho 
(2000), como:
Hipotireoidismo congênito: lesão cerebral e deficiência intelectual, se 
não tratado em tempo.
Causas: doença hereditária que impossibilita a glândula tireoide do recém-
nascido de gerar o hormônio tireoidiano T4, sua ausência incide na diminuição 
do metabolismo, o que impede o desenvolvimento físico e mental da criança. A 
deficiência de iodo na alimentação pode causar o hipotireoidismo congênito.
Sintomas: as crianças, quando não tratadas, apresentam o desenvolvimento 
mental seriamente comprometido, com hipotonia muscular, dificuldades 
respiratórias, cianose, icterícia prolongada, constipação, bradicardia, anemia, 
sonolência excessiva, choro rouco, hérnia umbilical, alargamento de fontanelas, 
mixedema, sopro cardíaco, dificuldade na alimentação com baixo peso e estatura, 
atraso na dentição, retardo na maturação óssea, pele seca e sem elasticidade, 
atraso no desenvolvimento neuromotor e deficiência intelectual. Em média, 20% 
dos casos são assintomáticos ao nascimento, quase isentos de sintomas. 
Diagnóstico: necessita ser realizado o quanto antes, visto que a partir 
da quarta semana de vida a deficiência de hormônios tireoideos causa lesões 
neurológicas. Assim, o Teste do Pezinho deve ser coletado na maternidade, após 
48 horas de vida, exame de sangue realizado por meio da punção no calcanhar 
do recém-nascido. Em caso de resultado positivo, passa a ser administrada 
uma dosagem de T4 e TSH em amostra de sangue venoso, para confirmação do 
diagnóstico. Alguns exames, como de imagens: ultrassonografia, ressonância 
magnética, cintilografia de tireoide, e outros, podem auxiliar no diagnóstico. 
Tratamento: inicia após a realização do Teste do Pezinho na primeira 
semana de nascimento, com reposição dos hormônios tireoideos que se prolongará 
por toda a vida. No início do tratamento se utiliza uma dose alta de T4, para 
atingir o nível considerado ideal para minimizar os danos cerebrais. 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS CONCEITUAIS DAS DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
20
FIGURA 5 – HIPOTEREIODISMO
FONTE: Disponível em: <https://4.bp.blogspot.com/-2OtvtE3Ox_0/VPraDtXpsFI/
AAAAAAAAguk/8Pp8ImiQaEM/s1600/Hipotireoidismo.jpg>. Acesso em: 7 jun. 
2018.
• Rubéola congênita: deficiência visual, auditiva e microcefalia, entre 
outras.
• Causas: doença congênita decorrente da infecção da mãe pelo vírus da rubéola 
durante as primeiras semanas de gravidez. Quanto mais cedo a infecção 
ocorrer na gestação, acentuará a gravidade da doença. Após o nascimento, a 
criança pode transmitir o vírus até completar um ano de idade.
• Sintomas: na gravidez o vírus invade a placenta e infecta o embrião, geralmente 
nos três primeiros meses de gestação. A rubéola pode causar o aborto, morte do 
feto, parto prematuro e malformações congênitas, como: catarata, glaucoma, 
surdez, cardiopatia congênita, microcefalia com deficiência intelectual e outras. 
A partir do quinto mês de gestação o risco de lesões no feto se anula. 
• Diagnóstico: clínico, epidemiológico e laboratorial. O feto produz anticorpos 
específicos da classe IgM e IgG para rubéola antes de nascer. A presença de 
anticorpos IgM específicos para rubéola no sangue no recém-nascido evidencia 
a infecção congênita, pois os anticorpos IgM maternos não ultrapassam a 
placenta. Assim, a investigação de casos suspeitos de síndrome da rubéola 
congênita será por amostra de sangue logo após o nascimento, quando houver 
suspeita ou confirmação de infecção materna durante a gestação, ou ainda 
após a suspeita diagnóstica nos menores de um ano.
• Prevenção: a única maneira de prevenir a síndrome da rubéola congênita é 
por meio da vacinação. O esquema de vacinas ocorre com uma dose da vacina 
tríplice viral aos 12 meses de idade e a segunda dose aos quatro anos de idade. 
Em casos em que a mulher chega à idade fértil sem ter sido vacinada, ela 
precisa receber uma dose da vacina tríplice viral. As mulheres grávidas serão 
vacinadas somente após o parto. O exame de sangue indica se a pessoa está 
imune à doença, caso não esteja, deve ser vacinada. As mulheres necessitam 
aguardar quatro semanas para engravidarem.
TÓPICO 2 | ETIOLOGIA E SERVIÇOS DESTINADOS ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
21
FIGURA 6 – RUBÉOLA CONGÊNITA
FONTE: Disponível em: <http://images.slideplayer.com.br/1/78230/slides/slide_11.jpg>. Acesso em: 7 jun. 2018.
• Síndrome de Rett: deficiência intelectual, alterações neurológicas e 
motoras.
• Causas: causada por cerca de 200 mutações genéticas que ocorrem no 
cromossomo sexual X, especificamente no gene MECP2, em aproximadamente 
oito pontos específicos nesse gene. A doença raramente ocorre de forma 
hereditária, sendo que as mutações geralmente ocorrem de forma aleatória.
• Sintomas: após o nascimento, a maioria das crianças com a síndrome de Rett 
se comportam normalmente durante os primeiros seis meses de vida. Depois, 
surgem os primeiros sinais e sintomas, evidenciando durante o primeiro ano 
de vida. Os principais sintomas incluem crescimento lento cerebral, perda de 
movimento e de coordenação motora, perda das habilidades de comunicação 
e pensamento, movimentos anormais das mãos (padrão de movimentos como 
torção, apertos, palmas e outros), movimentos incomuns dos olhos, problemas 
respiratórios, irritabilidade, comportamentos estranhos (longas crises de 
riso, gritos, lamber as mãos, agarrar cabelos e roupas), convulsões, escoliose, 
arritmias e prisão de ventre.
A síndrome de Rett se divide em quatro estágios:
Estágio I: fase inicial da doença, os sinais e sintomas são sutis e aparecem 
entre seis a 18 meses de idade. Os bebês deixam de fazer contato com os olhos 
e perdem o interesse nos brinquedos, com dificuldades em aprender a sentar e 
engatinhar.
Estágio II: a partir do primeiro ao quarto ano de idade, as crianças perdem 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS CONCEITUAIS DAS DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
22
a capacidade de falar e de usar as mãos. Os movimentos repetitivos e involuntários 
das mãos começam a aparecer. Algumas crianças costumam prender a respiração 
ou respirar rápido demais, além de gritar ou chorar sem motivo aparente. Muitas 
vezes sentem dificuldade em se movimentar. 
Estágio III: inicia entre os dois e os dez anos de idade e pode vigorar por 
muito tempo. Os problemas com movimentos persistem, mas o comportamento 
de forma geral melhora, choram menos e são menos irritáveis. Aumenta o contato 
visual e passam a reutilizar os olhos e as mãos para se comunicar.
Estágio IV: na última fase ocorre a mobilidade reduzida, fraqueza muscular 
e escoliose. O entendimento, capacidades de comunicação e movimentação das 
mãos geralmente tendem a não piorar. Os movimentos repetitivos das mãos 
podem até diminuir, contudo, o risco de morte súbita é maior nessa fase. 
• Diagnóstico: observação do crescimento e desenvolvimento das habilidades 
motoras e fala. Por exames auditivos, urina, sangue, de imagem e testes 
genéticos, com análise do DNA do paciente, por amostra de sangue examinada 
em laboratório.
FIGURA 7 – SÍNDROME DE RETT
FONTE: Disponível em: <http://www.radioalternativagospel.com.br/files/
post/foto/342/sindromederett.jpg>. Acesso em: 7 jun. 2018.
• Citomegalia: deficiências neurológicas e motoras.
• Causas: o citomegalovírus – CMV consiste no vírus comum, porém preocupante 
para as mulheres grávidas e pessoas com sistema imunológico deprimido 
(HIV). O citomegalovírus faz parte da família do vírus da herpes simples. 
A transmissão pode ocorrer em qualquer período da gestação, com especial 
atenção no primeiro trimestre. Assim, a transmissão para o feto e recém-
nascido pode ocorrer nos seguintes casos:
• Transmissão intrauterina através da infecção materna.
• Transmissão perinatal por meio da excreção do CMV em secreções da 
cérvix uterina que atinge o recém-nascido no contato direto com as mucosas 
TÓPICO 2 | ETIOLOGIA E SERVIÇOS DESTINADOS ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
23
contaminadas no trabalho de parto.
• Transmissão perinatal no contato com a excreção do CMV no leite 
materno, o recém-nascido adquire a doença na amamentação.
• Transmissão iatrogênica nas transfusões de sangue.
Quando a pessoa contrai o vírus, permanece no organismo no decorrer 
de sua vida, mas fica ativo em alguns períodos quando se torna transmissível, 
geralmente em períodos em que o sistema imunológico se encontra enfraquecido. 
• Sintomas: a infecção pelo citomegalovírus em crianças e adultos saudáveis 
não apresenta sintomas, mas pode trazer alguns sinais, como: febre, dor de 
garganta, fadiga, perda de apetite, hepatite e glândulas inchadas. Os sintomas 
costumam durar poucos dias.
Bebês que adquirem durante a gravidez nascem saudáveis, mas podem 
desenvolver a perda de audição ou problemas de visão, também podem apresentar 
pele e olhos amarelados (icterícia), manchas arroxeadas ou erupções na pele, baixo 
peso, aumento do baço e do fígado com funcionamento prejudicado, pneumonia, 
convulsões e microcefalia.
Pessoas com imunidade baixa apresentam sintomas como: febre, 
pneumonia, diarreia, úlceras no trato digestivo, hepatite, mudanças no 
comportamento, convulsões, podem entrar em estado de coma, problemas de 
visão ou cegueira (MINHA VIDA, 2018).
A doença pode apresentar-se nos seguintes modos:
• Assintomática: a doença não se manifesta.
• Subclínica: o recém-nascido apresenta nos primeiros anos de vida 
algumas anormalidades, como neurológicas e auditivas, com paralisia cerebral e 
deficiência intelectual.
• Sintomática: o recém-nascido apresenta sinais clínicos, como icterícia 
leve, púrpura tronbocitopênica transitória, dificuldade na alimentação, surdez, 
insuficiência respiratória leve e hepatoesplenomegalia isolada.
• Grave: ocorre em menos de 1 para 3.000 nascimentos e envolve múltiplos 
órgãos, incluindo o sistema reticuloendotelial e o Sistema Nervoso Central – SNC.
o Diagnóstico: nos adultos com os sintomas há exames de sangue que 
identificam os anticorpos para esse vírus. As gestantes necessitam realizar exames 
para verificar se já contraíram o citomegalovírus, contudo, caso tenha adquirido 
a infecção antes da gestação, o risco de transmissão reduz. Contudo, quando a 
infecção no decorrer da gestação for recente, pode-se pedir um exame do líquido 
amniótico para verificar a contaminação no feto. Esse exame pode ser realizado 
quando as anormalidades relacionadas à infecção congênita forem encontradas. 
As pessoas com sistema imunológico deficiente devem realizar o exame para 
verificar se contraíram o citomegalovírus, e em caso positivo, precisam monitorar 
as complicações constantemente. 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS CONCEITUAIS DAS DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
24
FIGURA 8 – CITOMEGALIA
FONTE: Disponível em: <https://2.bp.blogspot.com/-6Ug1Z115ZK4/
V219fdRJKjI/AAAAAAAAFZc/XA7c3lW2KEIswYWQ_qzQkXht52-
syBMKACLcB/s1600/41-Sorriso%2Blindo%2Bda%2Bmam%25C3%25
A3e.jpg>. Acesso em: 7 jun. 2018.
• Toxoplasmose congênita: microcefalia, deficiência motora e orgânica.
• Causas: infecção parasitária transmitida da mãe para o feto durante a gestação 
por via transplacentária ou no decorrer do parto. Causada pelo Toxoplasma 
gondii, parasita intracelular, na ingestão de carne crua ou malcozida, de oócitos 
presentes na água ou no contato com terra contaminada com fezes de gatos. 
Os animais se infectam com ovos do parasita que passam para seus dejetos. 
Não há risco para o feto quando a infecção ocorreu anterior aos seis meses de 
gestação.
• Sintomas: a maioria das crianças infectadas não apresenta os sintomas da 
doença, mas podem ocorrer manifestações como febre, eritema maculopapular, 
hepatoesplenomegalia, microcefalia, convulsões, trombocitopenia, 
retinocoroidite, hidrocefalia e calcificações intracranianas. Pode ocorrer 
nascimento prematuro com baixo peso, sequelas variáveis, inflamação do 
coração, pulmões e olhos, erupções cutâneas, pressão elevada do líquido 
cefalorraquidiano ou aborto. 
• Diagnóstico: realizado por meio de análise de sangue da mãe e do bebê, 
radiografias ou outros exames de imagens da cabeça, análises do líquido 
cefalorraquidiano e exames oculares. O exame da placenta no momento do 
nascimento auxilia na comprovação da infecção. Alguns problemasfetais, como 
microcefalia, calcificações cerebrais, ascite fetal podem ser diagnosticados pela 
ecografia. 
• Prevenção: as mulheres grávidas precisam evitar o contato com locais 
contaminados por fezes de gato e consumir alimentos bem cozidos para 
destruir possíveis parasitas. 
TÓPICO 2 | ETIOLOGIA E SERVIÇOS DESTINADOS ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
25
FIGURA 9 – TOXOPLASMOSE CONGÊNITA
FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/-wQwYSc_GSsA/Tc1qYJFs-
HI/AAAAAAAAAF8/-V6xWeOlWJw/s320/x435.jpg>. Acesso em: 7 jun. 2018.
• Síndrome de Usher: perda auditiva estável e visual progressiva.
• Causas: a síndrome de Usher, também conhecida como síndrome Hallgren, 
síndrome Usher-Hallgren ou síndrome de disacusia, consiste no conjunto de 
doenças genéticas autossômicas recessivas.
• Sintomas: deficiência auditiva neurossensorial, com ou sem presença de 
disfunção vestibular e retinose pigmentar. A doença pode se dividir em três 
tipos:
Tipo 1: mais grave, com surdez congênita profunda, ausência ou pequenas 
respostas vestibulares, problemas de equilíbrio desde o nascimento e retinose 
pigmentar no início da pré-adolescência.
Tipo 2: surdez congênita moderada a severa, sem alteração vestibular e 
com início de retinose pigmentar, até os 20 anos de idade.
Tipo 3: progressiva perda auditiva, disfunção vestibular variável e 
possível surgimento da retinose pigmentar.
Com a variabilidade clínica, há também uma heterogeneidade genética, 
sendo que a causa da síndrome ocorre por mutações em distintos genes. Assim, 
foram encontrados 11 tipos diferentes e apenas nove identificados:
Tipo 1: MY07A, USH1C, CDH23, PCDH15, SANS.
Tipo 2: USH2A, VLGR1, WHRN.
Tipo 3: USH3A.
A perda auditiva geralmente ocorre de forma bilateral e simétrica, 
podendo evoluir para uma perda auditiva intensa. Os pacientes apresentam 
cegueira noturna com dificuldades de adaptação visual em locais com baixa 
luminosidade e redução do campo visual periférico.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS CONCEITUAIS DAS DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
26
• Diagnóstico: avalia-se o equilíbrio, a visão e audição. A avaliação oftálmica 
engloba o teste de campo de visão para identificar a visão periférica, 
eletrorretinograma e exame de retina. Os testes audiológicos incluem a 
medição da intensidade dos sons, faixa de frequência que o paciente ouve. O 
eletronistagmograma mede os movimentos involuntários dos olhos, indicando 
problemas de equilíbrio. Os testes genéticos são dispensados por envolverem 
uma ampla variedade de genes.
FIGURA 10 – SÍNDROME DE USHER
FONTE: Disponível em: <http://audifonosclaube.com/wp-content/
uploads/2016/02/usher6.jpg>. Acesso em: 7 jun. 2018.
• Síndrome de Alstrom: perda visual precoce e auditiva progressiva.
• Causas: doença genética rara que acomete diversas partes do corpo. Para que 
a criança manifeste a síndrome precisa receber duas cópias de gene, uma 
herdada pelo pai e outra pela mãe. A sintomatologia decorre da ausência do 
gene ALMS1, que codifica uma proteína de função ainda desconhecida.
• Sintomas: alterações visuais que podem surgir entre a primeira e terceira 
semana de vida, com nistagmo (movimento rápido dos olhos). Sensibilidade 
à luz iniciada na infância e progride para retinopatia e cegueira. Sintomas 
auditivos iniciam entre os oito e 22 anos de idade. Na infância surgem níveis 
exageradamente elevados de colesterol, lipídios, triglicerídeos e insulina 
no sangue, podendo ocorrer o desenvolvimento de diabetes mellitus e 
problemas renais (MELDAU, 2006-2018). O paciente pode apresentar manchas 
na pele identificadas como acantose nigricans, escoliose, baixa estatura, 
hipotireoidismo, hipotestosteronismo nos meninos, elevação das enzimas 
hepáticas e problemas cardíacos. Insuficiência renal que pode surgir entre os 
20 a 40 anos de vida.
• Diagnóstico: realizado por meio de teste genético que sequencia a parte em que 
se encontra o gene ALMS1 no cromossomo 2.
TÓPICO 2 | ETIOLOGIA E SERVIÇOS DESTINADOS ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
27
FIGURA 11 – SÍNDROME DE ALSTROM
FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/-Ff9KH2GD9u4/
UgX0oFAZmeI/AAAAAAAAipw/UaD9H7bhTg4/s1600/Beck2.jpg>. Acesso 
em: 7 jun. 2018.
• Síndrome de Bardel-Biedl: perda visual progressiva, deficiência 
intelectual, perda auditiva.
• Causas: doença genética relacionada ao prejuízo de pelo menos um dos genes 
relacionados ao complexo BBSome que auxilia no IFT, transporte infraflagelar, 
composto pelas proteínas BBS1, BBS2, BBS3, BBS4, BBS5, BBS6, BBS7, BBS8 e 
BBS9. As chaperonas são proteínas que regulam a atividade desse complexo, 
representadas por BBS6, BBS10 e BBS12.
• Sintomas: perda da visão decorrente das alterações na retina, com início na 
infância com a perda da visão noturna, evoluindo para pontos cegos da visão 
periférica. Depois, ocorre a ampliação dos pontos cegos, levando à perda da 
visão ou sua totalidade. A obesidade é outra característica com excessivo 
ganho de peso que se inicia na infância, permanecendo para o resto da vida do 
indivíduo. Associado à obesidade pode ocorrer a diabetes do tipo II, hipertensão, 
elevados níveis de colesterol e hipercolesterolemia. Outras manifestações 
clínicas incluem a plidactilia, atraso mental, anormalidades na genitália e 
renais, problemas na fala, atraso no desenvolvimento das habilidades motoras, 
problemas comportamentais, características faciais peculiares, anormalidades 
dentárias, dedos anormalmente curtos e/ou fundidos dos pés, perda parcial ou 
completa do olfato, alterações hepáticas, cardíacas e gastrointestinais. 
• Diagnóstico: ocorre de forma clínica, com opção de teste molecular para quatro 
dos 14 genes envolvidos na síndrome e identificados até o momento. 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS CONCEITUAIS DAS DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
28
FIGURA 12 – SÍNDROME DE BARDEL-BIEDL
FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/3ZkPDt>. Acesso em: 20 abr. 
2018.
• Síndrome de Cockayne: perda progressiva visual e auditiva, deficiência 
intelectual, transtornos neurológicos.
• Causas: doença hereditária rara causada por inúmeras anomalias sistêmicas. 
• Sintomas: transtornos de fotossensibilidade que seria a sensibilidade à luz solar, 
atraso grave do desenvolvimento físico, deficiência intelectual, microcefalia, 
envelhecimento prematuro, perda auditiva, e dependendo da gravidade, pode 
ocasionar morte precoce. 
A doença apresenta três subtipos:
Cockayne I ou Classic: aparece na infância, por consequência da 
degeneração neurológica progressiva, com possível óbito entre os 20 e 30 anos.
Cockayne II ou grave: os sintomas estão presentes desde o nascimento e 
a morte pode ocorrer antes dos dez anos de vida.
Cockayne III ou mais suave: os sintomas surgem de forma tardia, com 
idade avançada. 
• Diagnóstico: realizado pelo teste genético molecular.
TÓPICO 2 | ETIOLOGIA E SERVIÇOS DESTINADOS ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
29
FIGURA 13 – SÍNDROME DE COCKAYNE
FONTE: Disponível em: <http://www.documentingreality.com/
forum/attachments/f149/384497d1344640176-cockayne-
syndrome-cocayne1.jpg>. Acesso em: 7 jun. 2018.
• Síndrome de Flynn-Aird: perda visual e auditiva progressiva, 
deficiência intelectual.
• Causas: doença neurológica hereditária e rara, herdada de forma autossômica 
dominante.
• Sintomas: acomete o sistema nervoso, auditivo, esquelético, visual e endócrino, 
englobando vários sintomas que podem conter natureza neuroectodérmica. 
O surgimento ocorre entre dez e 20 anos de idade, os sintomas iniciais 
apresentam demência precoce, ataxia, perda de massa muscular, atrofia da 
pele e anomalias oculares. Os pacientes podem ainda desenvolver outros 
sintomas, como catarata, retinite pigmentosa, miopia levando à cegueira, cárie 
dentária, neuropatia periférica (lesão do nervo periférico), surdez e alterações 
ósseas císticas. 
FIGURA 14 – SÍNDROMEDE FLYNN-AIRD
FONTE: Disponível em: <https://i0.wp.com/www.femexer.org/
wp-content/uploads/2016/09/Sindrome-de-Waardenburg-tipo-1.
jpg?fit=466%2C537&resize=350%2C200>. Acesso em: 7 jun. 2018.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS CONCEITUAIS DAS DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
30
• Síndrome de Kearns-Sayre: perda visual progressiva e auditiva, 
deficiência intelectual.
• Causas: trata-se de uma desordem genética, caracterizada pelo surgimento de 
ptose palpebral, oftalmoparesia e retinopatia pigmentar anterior aos 20 anos 
de idade. Uma das possíveis causas seriam as alterações ocorridas no DNA 
mitocondrial com a supressão de 5000 pares de bases, de herança materna, 
ocorrendo esporadicamente por mutação aleatória ou induzida (MELDAU, 
2006-2018). 
• Sintomas: a primeira manifestação seria a ptose palpebral, resultante do 
acometimento da musculatura que comanda os movimentos palpebrais. 
A princípio ocorre de forma unilateral, evoluindo para uma ptose bilateral 
com a limitação dos movimentos dos olhos. Depois evolui para retinopatia 
pigmentar, que ocasiona a despigmentação difusa do epitélio pigmentado 
da retina, mais precisamente a mácula. Anos depois, surgem anormalidades 
na condução cardíaca, como o bloqueio atrioventricular, que contribui com a 
intolerância às atividades físicas e bradicardia. 
• Diagnóstico: realizado por meio da tríade de oftalmoplegia progressiva, 
degeneração pigmentar da retina e bloqueio de condução cardíaca. Na biópsia 
do músculo orbicular que indica as alterações morfológicas caracterizadas 
pelas fibras estriadas, em substituição da biópsia pode ser realizado o estudo 
genético.
FIGURA 15 – SÍNDROME DE KEARNS-SAYRE
FONTE: Disponível em: <http://scielo.isciii.es/img/revistas/aseo/v83n3/
f05-01.jpg>. Acesso em: 25 jun. 2018.
• Enfermidade de Refsum: perda visual e auditiva progressiva, deficiência 
física progressiva.
• Causas: pessoas com doença ou enfermidade de Refsum são acometidas por 
uma desordem genética rara, caracterizada na incapacidade de metabolizar o 
ácido fitânico, que acabam se acumulando no sangue e tecidos. Essas pessoas 
possuem a ausência da enzima responsável por quebrar o ácido fitânico, 
lipídio encontrado em alguns alimentos como carnes, peixes e laticínios. O fitol 
TÓPICO 2 | ETIOLOGIA E SERVIÇOS DESTINADOS ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
31
encontrado em vegetais de folhas verdes é convertido em ácido fitânico, sendo 
necessário evitar o seu consumo. 
• Sintomas: as manifestações clínicas principais são a neuropatia sensorial, ataxia 
cerebelar, anosmia, retinite pigmentosa, ressecamento cutâneo, deformidades 
esqueléticas e ictiose, com maior frequência em crianças e adultos de origem 
escandinava. Podem ocorrer ainda neurodegeneração e distrofia muscular, 
hipotonia, hiporeflexia/areflexia e hemiplegia/hemiparesia (MELDAU, 
2006-2018). No início surge a cegueira noturna e restrição do campo visual, 
decorrente da retinose pigmentar, que depois evolui para a cegueira e surdez. 
• Diagnóstico: o diagnóstico é difícil de se estabelecer, mas pode ser confirmado 
pelo exame de sangue que aponta a acidemia fitânica.
• Tratamento: nesse caso o tratamento consiste na adoção de uma dieta pobre 
em fitol e clorofila, que auxilia a retardar o progresso da doença. Juntamente à 
manutenção do peso, evitando sua perda que leva à liberação do ácido fitânico. 
FIGURA 16 – ENFERMIDADE DE REFSUM
FONTE: Disponível em: <https://www.saudedica.com.br/wp-content/
uploads/2017/07/Doen%C3%A7a-de-Refsum.jpg>. Acesso em: 7 jun. 2018.
A análise sobre as características encontradas na deficiência múltipla incide 
sobre os efeitos da funcionalidade da pessoa na convivência social, e em como as 
deficiências interferem na sua qualidade de vida. Assim, devem ser considerados 
aspectos como os tipos e quantidades de deficiências primárias associadas; 
abrangência do comprometimento; idade de início das deficiências; fatores 
sociais; e na eficiência das intervenções educacionais e de saúde (CARVALHO, 
2000). 
O conhecimento sobre a deficiência múltipla indica formas de se 
promover a inserção social na pessoa, reduzindo as causas que interferem em sua 
integração. Dessa forma, o estudo sobre as características e funcionalidades dessas 
pessoas permite à sociedade buscar alternativas que favoreçam sua integração, 
valorizando suas habilidades e potencialidades, minimizando suas limitações.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS CONCEITUAIS DAS DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
32
As informações contidas no protocolo pretendem nortear os profissionais da 
atenção à saúde, por meio de orientações e diretrizes para as ações de prevenção da infecção 
pelo vírus Zika em mulheres em idade fértil e gestantes, para a atenção no pré-natal, parto e 
nascimento e para a assistência aos nascidos com microcefalia, em todo o território nacional. 
Esse instrumento só foi possível pelo empenho de profissionais das diversas áreas e 
departamentos do Ministério da Saúde, secretarias de saúde, pesquisadores e instituições em 
todo Brasil, que se uniram com o objetivo de direcionar as ações para o enfrentamento à 
microcefalia ligada ao vírus Zika. 
Para saber mais sobre o assunto, acesse: <file:///C:/Users/Usuario/Downloads/PROTOCOLO%20
DE%20ATENDIMENTO%20PARA%20MICROCEFALIA.pdf>.
Baixe o documento na íntegra!
DICAS
3 ATENDIMENTOS OFERTADOS À PESSOA COM DEFICIÊNCIA 
MÚLTIPLA
A família, ao receber uma criança com deficiência, muitas vezes, 
encontra-se em meio a dúvidas que podem ser respondidas pelos profissionais 
da maternidade no hospital, ou ainda, no Centro de Saúde. Nesse sentido, os 
familiares necessitam de orientações aos serviços ofertados em seu município, 
que atuaram na Intervenção Precoce na Infância – IPI. 
Assim que a família recebe o diagnóstico da criança precisa procurar 
os serviços de saúde e garantir o direito ao atendimento e apoio ao seu 
desenvolvimento. Soriano (2005) aponta que ao longo dos anos, os tipos de 
intervenções foram mudando, antes encontrava-se centrada fundamentalmente 
na criança, modelo médico, e atualmente a IPI se estende no atendimento à família 
e ao seu meio, modelo social.
TÓPICO 2 | ETIOLOGIA E SERVIÇOS DESTINADOS ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS
33
 A IPI consiste, de forma geral, em um conjunto de serviços e recursos 
ofertados a crianças em idades precoces e suas famílias, atendidas na solicitação 
que deve ser realizada pela família, em certo período da vida da criança. O 
atendimento inclui ações realizadas voltadas ao apoio especializado para 
assegurar e incrementar o seu desenvolvimento, fortalecer as competências 
familiares e promover sua inclusão social. As ações são realizadas no meio 
social da criança, na localidade de moradia, com a abordagem de uma equipe 
multidisciplinar (SORIANO, 2005).
FIGURA 17 – INTERVENÇÃO PRECOCE NA INFÂNCIA
FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_KdZDOmC9h6c/S9bu-
5zudQI/AAAAAAAAABU/xU5bnItJDSQ/s1600/destaque.jpg>. Acesso em: 7 jun. 
2018.
No Brasil, em 2015, o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional 
de Atenção Integral da Criança – PNAISC, com a Portaria nº 11.303, que aborda 
de forma concisa os eixos de ações que estruturam a atenção integral à saúde da 
criança. O documento expressa estratégias para a articulação de ações e serviços 
de saúde, que devem ser implantados pelas gestões estaduais, municipais e 
profissionais de saúde (DAMASCENO et al., 2016). A PNAISC se estrutura 
segundo as redes de atenção à saúde e seus eixos estratégicos:
[...] aleitamento materno e alimentação complementar saudável; 
promoção e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento 
integral; atenção a crianças com agravos prevalentes na infância e com 
doenças crônicas; atenção à saúde de crianças com deficiência ou em 
situações específicas e de vulnerabilidade; vigilância e prevenção do 
óbito infantil, fetal e materno (DAMASCENO,

Continue navegando