Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Profa Cristina Costa Bessa Fortaleza - 2020.1 TRANSTORNOS DE ANSIEDADE Ansiedade... Resposta normal do organismo a situações de perigo? Ansiedade é patológica? Quando é desproporcional às possíveis causas aparentes, persistente e interfere de maneira significativa no funcionamento global do indivíduo! CONCEITO DE ANSIEDADE “Estado emocional vivenciado com a qualidade subjetiva do medo ou da emoção a ele relacionada, desagradável, dirigida ao futuro, desproporcional a uma ameaça reconhecível, com desconforto somático subjetivo e alterações somáticas manifestas.” - Aubrey Lewis CONCEITO DE ANSIEDADE ANSIEDADE é uma resposta emocional (apreensão, tensão, desconforto) de antecipação de perigo, cuja fonte não é conhecida ou reconhecida. Pode ser considerada patológica quando interfere na eficácia da vida, no alcance de metas desejadas ou na satisfação ou no conforto emocional razoável. (SHAHROKH; HALES, 2003) DADOS EPIDEMIOLÓGICOS ▪ São mais comuns nas mulheres que nos homens (2 x). ▪ São mais comuns em familiares que possuem pessoas com transtornos mentais (10x). ▪ Usualmente começam no início da idade adulta. ▪ A ansiedade como sintoma, leve a moderada, possui alta prevalência (50-60%), muitas vezes consistindo de medos irracionais, ataques súbitos de ansiedade e nervosismo. ▪ Problema psiquiátrico mais frequente na atenção básica. MANIFESTAÇÕES SOMÁTICAS ▪ Boca seca ▪ Cefaleia ▪ Dor ou desconforto torácico ▪ Fraqueza ▪ Insônia ▪ Midríase ▪ Parestesias ▪ Reação de sobressalto exagerada ▪ Sensação de sufocamento e instabilidade ▪ Sinais de Tensão Motora ▪ Tonturas e Vertigem; ▪ Visão borrada e Zumbido no ouvido ▪ Sintomas cardiovasculares (tremores, fadiga, inquietação); ▪ Sintomas gastrointestinais (náuseas, vômitos, diarreia); ▪ Sintomas geniturinários; ▪ Sintomas respiratórios (“falta de ar”); ▪ Sintomas vasomotores (extremidades, ondas de calor e frio...). MANIFESTAÇÕES SOMÁTICAS MANIFESTAÇÕES PSÍQUICAS ▪ Agressividade ▪ Apreensão ▪ Desejo de escapar de certas situações ▪ Despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo) e desrealização (sensação de irrealidade) ▪ Ideação suicida ▪ Irritabilidade, impulsividade, Nervosismo ▪ Pânico ▪ Medo de ficar louco ou fora de si ▪ Medo de perder o controle MANIFESTAÇÕES PSÍQUICAS ▪ Medo de morrer ▪ Prejuízo da atenção/concentração ▪ Preocupações desnecessárias e exageradas ▪ Sensação de desassossego, mal estar ▪ Sensação de “estar sempre ligado”, “estimulado” ▪ Sensação de perigo iminente ▪ Tensão Se é uma ANSIEDADE NORMAL ? OU Se é um TRANSTORNO DE ANSIEDADE? COMO SABER??? ▪ Você se considera muito preocupado? ▪ Você já teve ataques de pânico? ▪ Existem lugares ou situações que você evita? ▪ Como a ansiedade afeta sua vida? REFLETIR E RESPONDER... COMO AVALIAR E ABORDAR?? ▪ Os transtornos mentais (TM) se apresentam mais frequentemente com sintomas somáticos do que psicológicos, principalmente, sintomas de excitação autonômica não explicáveis por outro diagnóstico clínico. ▪ Múltiplos sintomas físicos (podem ser o principal obstáculo para o diagnóstico correto); ▪ Deve-se pesquisar ansiedade em pacientes com: ✓ múltiplas consultas médicas (> 05 por ano); ✓ muitos sintomas físicos sem explicação de origem, principalmente, devido a hiperatividade autonômica (Sist. Nerv. Autônomo: taquicardia, boca seca, tremor, etc.) e tensão muscular; ✓ dificuldades no trabalho e relações interpessoais; ✓ fadiga, alteração de peso e problemas de sono. COMO AVALIAR E ABORDAR?? PROCESSO DIAGNÓSTICO ▪ Informações sobre a história pessoal: ✓medicações em uso (inclusive automedicação); ✓ antecedentes dos tratamentos prévios e respostas a eles; ✓uso de substâncias psicoativas (nicotina, álcool, cafeína, drogas); ✓ comorbidades clínicas; ✓ funcionamento pessoal diário; ✓ vida social; ✓manutenção e estressores crônicos; ✓ desenvolvimento de sintomas fóbicos e evitativos. TIPOS/CLASSIFICAÇÕES DOS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE (TA) ❑ Transtorno de Ansiedade de Separação; ❑ Mutismo Seletivo; ❑ Fobia Específica; ❑ Transtorno de Ansiedade Social; ❑ Transtorno de Pânico (TP); ❑ Agorafobia; ❑ Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG); ❑ Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento; ❑ Transtorno de Ansiedade Devido a outra Condição Médica; ❑ Outros Transtornos de Ansiedade Especificado; ❑ Transtorno de Ansiedade Não Especificado. ❑ Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)*; ❑ Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), Transtorno de Estresse Agudo e Transtorno de Ajustamento ou de Adaptação*. (*) passaram a ter capítulo exclusivo no DSM-V. ATENÇÃO Alguns TA, como: agorafobia, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de ansiedade de separação, fobia específica e transtorno de ansiedade social, agora exigem que os sintomas ocorram durante um período mínimo de seis meses para satisfazer os critérios diagnósticos em adultos. Transtorno de Ansiedade de Separação ▪ Medo ou ansiedade impróprios e excessivos em relação ao estágio de desenvolvimento, envolvendo a separação daqueles com quem o indivíduo tem apego, evidenciados por 03 (ou mais) dos seguintes aspectos: 1. Sofrimento excessivo e recorrente ante a ocorrência ou previsão de afastamento de casa ou de figuras importantes de apego. 2. Preocupação persistente e excessiva acerca da possível perda ou de perigos envolvendo figuras importantes de apego, tais como doença, ferimentos, desastres ou morte. 3. Preocupação persistente e excessiva de que um evento indesejado leve à separação de uma figura importante de apego (perder-se, ser sequestrado, sofrer um acidente, ficar doente). Transtorno de Ansiedade de Separação 4. Relutância persistente ou recusa a sair, afastar-se de casa, ir para a escola, o trabalho ou qualquer outro lugar, em virtude do medo da separação. 5. Temor persistente e excessivo ou relutância em ficar sozinho ou sem as figuras importantes de apego em casa ou em outros contextos. 6. Relutância ou recusa persistente em dormir longe de casa ou dormir sem estar próximo a uma figura importante de apego. 7. Pesadelos repetidos envolvendo o tema da separação. 8. Repetidas queixas de sintomas somáticos (p. ex., cefaleias, dores abdominais, náusea ou vômitos) quando a separação de figuras importantes de apego ocorre ou é prevista. Transtorno de Ansiedade de Separação ▪ Medo, ansiedade ou esquiva é persistente (mínimo 04 semanas em crianças e adolescentes e 06 meses ou mais em adultos). ▪ A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, acadêmico, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. ▪ A perturbação não é mais bem explicada por outro TM, como a recusa em sair de casa devido à resistência excessiva à mudança no transtorno do espectro autista; delírios ou alucinações envolvendo a separação em transtornos psicóticos; recusa em sair sem um acompanhante confiável na agorafobia; preocupações com doença ou outros danos afetando pessoas significativas no TA generalizada; ou preocupações envolvendo ter uma doença no TA de doença. Mutismo Seletivo ▪ Ao se encontrarem com outros indivíduos em interações sociais, as crianças com mutismo seletivo não iniciam a conversa ou respondem reciprocamente quando os outros falam com elas. O fracasso na fala ocorre em interações sociais com crianças ou adultos. ▪ As crianças com mutismo seletivo falarão na sua casa na presença de membros da família imediata, mas com frequência não o farão nem mesmo diante de amigos próximos ou parentes de 2º grau, como avós ou primos. ▪ A perturbação é com frequência marcada por intensa ansiedade social. Mutismo Seletivo ▪ As crianças com mutismo seletivo comumente se recusam a falar na escola, o que leva a prejuízos acadêmicos ou educacionais, uma vez que os professores têm dificuldade para avaliar habilidades como a leitura. ▪ O fracasso nafala pode interferir na comunicação social, embora as crianças com esse transtorno ocasionalmente usem meios não verbais (p. ex., grunhindo, apontando, escrevendo) para se comunicar e podem desejar ou ansiar pela participação em encontros em que a fala não é exigida (p. ex., papéis não verbais em peças teatrais na escola). ▪ Acomete de 5% a 10% da população geral e a fobia social em torno de 3%; ▪ Sintomas aparecem na infância ou no início da vida adulta e o curso, geralmente, é crônico; ▪ Mais comuns nas mulheres, acarretam pouco prejuízo funcional (em geral), é evitada com facilidade e não gera prejuízo social; ▪ Pacientes com fobias específicas tem 05 vezes mais chances de desenvolver outros transtornos mentais; ▪ Tratamento é por meio de técnicas de exposição gradual aos estímulos fóbicos, e costuma ser eficaz em 70% a 85% dos casos. Fobias Específicas Característica essencial desse transtorno é que o medo ou ansiedade está circunscrito à presença de uma situação ou objeto particular, que pode ser denominado estímulo fóbico. As categorias das situações ou objetos temidos são apresentadas como especificadores. Muitos indivíduos temem objetos ou situações de mais de uma categoria, ou estímulo fóbico. Para o diagnóstico, a resposta deve ser diferente dos medos normais transitórios que comumente ocorrem na população. Fobias Específicas Para satisfazer, o medo ou ansiedade deve ser intenso ou grave (“acentuado”). O grau do medo experimentado pode variar com a proximidade do objeto ou situação temida e pode ocorrer com a antecipação da presença ou na presença real do objeto ou situação. Além disso, o medo ou ansiedade pode assumir a forma de um ataque de pânico com sintomas completos ou limitados (ataque de pânico esperado). Outra característica das fobias específicas é que o medo ou ansiedade é evocado quase todas as vezes que o indivíduo entra em contato com o estímulo fóbico. Fobias Específicas ▪ AGORAFOBIA - medo de sair de casa em situações em que o socorro não é possível (andar de ônibus, sair de casa, viajar) (ver alteração no DSM-V). ▪ FOBIA SOCIAL - Medo acentuado e persistente de passar por situações embaraçosas ou humilhantes em certos contextos sociais (fobia social) ou medo irracional de outro estímulo específico, como por exemplo: animais, sangue, altura. (ver alteração no DSM-V). Fobias Específicas Animal: aranhas, insetos, cães. Ambiente natural: alturas, tempestades, água. Sangue-injeção-ferimentos: agulhas, procedimentos médicos invasivos; Situacional: aviões, elevadores, locais fechados. Outro: situações que podem levar a asfixia ou vômitos; em crianças; sons altos ou personagens vestidos com trajes de fantasia. Fobias Específicas Intervenções psicoterapêuticas: ▪ psicoeducação sobre ansiedade e hábitos de vida; ▪ registro de sintomas (diário) e reestruturação de distorções cognitivas; ▪ técnicas de manejo imediato de ansiedade (relaxamento, controle da respiração); ▪ técnicas de exposição a situações fóbicas com o objetivo de treinar habilidades de enfrentamento; ▪ grupos de autoajuda e de apoio. Fobias Específicas Transtorno de Ansiedade Social ▪ A característica essencial do TA social é um medo ou ansiedade acentuados ou intensos de situações sociais nas quais o indivíduo pode ser avaliado pelos outros. ▪ Em crianças, o medo ou ansiedade deve ocorrer em contextos com os pares, e não apenas durante interações com adultos. ▪ Quando exposto a essas situações sociais, o indivíduo tem medo de ser avaliado negativamente. Ele tem a preocupação de que será julgado como ansioso, débil, maluco, estúpido, enfadonho, amedrontado, sujo ou desagradável. Transtorno de Ansiedade Social ▪ Teme agir ou aparecer de certa forma ou demonstrar sintomas de ansiedade: ruborizar, tremer, transpirar, tropeçar nas palavras (ser avaliados negativamente). ▪ Alguns têm medo de ofender os outros (por meio de um olhar ou demonstrando sintomas de ansiedade), de ser rejeitados como consequência. ▪ Medo de tremer as mãos pode evitar beber, comer, escrever ou apontar em público; medo de transpirar pode evitar apertar mãos ou comer alimentos picantes; e medo de ruborizar pode evitar desempenho em público, luzes brilhantes ou discussão sobre tópicos íntimos; medo e evitam urinar em banheiros públicos quando outras pessoas estão presentes. Transtorno de Pânico (TP) ▪ Prevalência para ataques de pânico é de 10% na população geral ao longo da vida. Apenas 01 em cada 06 preencherá critérios diagnósticos de TP; ▪ Indivíduos com TP a prevalência de comorbidade com depressão é de 50% a 60%. ▪ A maior característica na descrição de um paciente com TP é a natureza física dos sintomas. Enquanto no TAG a preocupação e a tensão são predominantes, no TP o paciente inicia descrevendo a doença com referência ao coração, pulmão e trato gastrintestinal. ALGORITMO DE ATENDIMENTO PARA O PACIENTE EM PÂNICO SOBRE PÂNICO... PÂNICO é um sentimento repentino e avassalador de terror ou de ameaça iminente. Esse é o tipo mais grave de ansiedade, geralmente vem acompanhado por sinais e sintomas comportamentais, cognitivos e fisiológicos considerados fora da caixa de expectativa de normalidade. ATAQUE DE PÂNICO é um quadro de início agudo, com sensação súbita e inesperada de terror, associada a muitos sintomas autonômicos, em particular os cardiorrespiratórios (taquicardia, dispneia, sensação de asfixia, desconforto torácico, vertigem), além de sudorese, tremores, náuseas, desrealização, parestesias, ondas de frio e de calor e medo intenso de morrer, ficar louco ou perder o controle. Especificador de Ataque de Pânico ▪ O ataque de pânico não é um TM e não pode ser codificado. ▪ Os ataques de pânico podem ocorrer no contexto de um TA, além de outros transtornos mentais (p. ex., transtornos depressivos, transtorno de estresse pós-traumático, transtornos por uso de substâncias) e algumas condições médicas (p. ex., cardíaca, respiratória, vestibular, gastrintestinal). ▪ Quando a presença de um ataque de pânico é identificada, ela deve ser anotada como um especificador (p. ex., “transtorno de estresse pós-traumático com ataques de pânico”). Especificador de Ataque de Pânico ▪ NOTA: Para TP, a presença de ataque de pânico está inclusa nos critérios diagnósticos, e o ataque de pânico não é usado como especificador. ▪ NOTA: Um surto abrupto de medo ou de desconforto intenso que alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem 04 (ou mais) de 13 sintomas: 1) Palpitações, coração acelerado ou taquicardia; 2) Sudorese. 3) Tremores ou abalos. 4) Sensações de falta de ar ou sufocamento. 5) Sensações de asfixia. 6) Dor ou desconforto torácico. 7) Náusea ou desconforto abdominal. 8) Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio. 9) Calafrios ou ondas de calor. 10) Parestesias. 11) Desrealização ou despersonalização. 12) Medo de perder o controle ou “enlouquecer”. 13) Medo de morrer. Especificador de Ataque de Pânico Sintomas específicos da cultura (tinido, dor na nuca, gritos ou choro descontrolado) podem ser vistos. Não devem ser contabilizados como um dos quatro sintomas requeridos. IMPORTANTE O surto abrupto pode ocorrer a partir de um estado calmo ou de um estado ansioso. Agorafobia ▪ A característica essencial é o medo ou ansiedade acentuado ou intenso desencadeado pela exposição real ou prevista a diversas situações. ▪ O diagnóstico requer que os sintomas ocorram em pelo menos duas das cinco situações seguintes: 1) uso de transporte público, como automóveis, ônibus, trens, navios ou aviões; 2) permanecer em espaços abertos, como áreas de estacionamento, mercados ou pontes; 3) permanecer em locais fechados, como lojas, teatros ou cinemas; 4) permanecer em uma fila ou ficar em meio a uma multidão; 5) sair de casa sozinho. Agorafobia ▪ Outras situações ou exemplos podem ser temidos. Quando experimentam medo e ansiedade por essas situações, os indivíduos têm pensamentos de que algo terrível possa acontecer. ▪ Acreditamque escapar dessas situações poderia ser difícil ou que o auxílio pode não estar disponível quando ocorrem sintomas do tipo pânico ou outros sintomas incapacitantes ou constrangedores. ▪ Sintomas do tipo pânico: algum dos 13 sintomas inclusos nos critérios para ataque de pânico (tontura, desmaio e medo de morrer); Outros sintomas: vomitar e sintomas inflamatórios intestinais, medo de cair (adultos) ou sensação de desorientação/de estar perdido (crianças). Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) ▪ Preocupações excessivas (mantidas ou flutuantes), desnecessárias (diante de qualquer estímulo), com duração prolongada (meses), que fogem do controle do paciente e geram sintomas somáticos como inquietude, cansaço, dificuldade de concentração, irritabilidade, tensão muscular, insônia, entre outros. ▪ Aspecto essencial é a preocupação constante concomitante aos sintomas somáticos e psíquicos. ▪ Receios mais frequentes: medo de adoecer, que algo negativo aconteça com seus familiares, medo de não conseguir cumprir compromissos profissionais ou financeiros. É comum a preocupação mudar de foco. ▪ Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento ▪ São sintomas proeminentes de pânico ou ansiedade que são considerados como decorrentes dos efeitos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento ou exposição a uma toxina). ▪ Os sintomas devem ter-se desenvolvido durante ou logo após a intoxicação ou abstinência da substância ou após a exposição a um medicamento, e as substâncias ou medicamentos devem ser capazes de produzir os sintomas. ▪ Deve ter seu início enquanto o indivíduo está recebendo o medicamento (ou durante a abstinência, se uma abstinência está associada ao medicamento). Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento ▪ Depois que o tratamento é descontinuado, os sintomas irão melhorar ou ter remissão em um espaço de dias até várias semanas ou um mês (dependendo da meia-vida da substância/medicamento e da presença de abstinência). ▪ Não deve ser dado se o início dos sintomas precede a intoxicação ou a abstinência da substância/medicamento ou se os sintomas persistem por um período de tempo substancial (i.e., em geral por mais de um mês) desde o momento da intoxicação grave ou da abstinência. ▪ Se os sintomas persistem por períodos substanciais de tempo, outras causas para os sintomas devem ser consideradas. ▪ O diagnóstico deve ser feito em vez de um diagnóstico de intoxicação por substância ou de abstinência de substância apenas quando os sintomas no Critério A são predominantes no quadro clínico e são suficientemente graves para indicar atenção clínica independente. Transtorno de Ansiedade Devido a outra Condição Médica ▪ É uma ansiedade clinicamente significativa que pode ser mais bem explicada como um efeito fisiológico direto de outra condição médica. ▪ Os sinais podem incluir sintomas proeminentes de ansiedade ou ataques de pânico. O julgamento de que os sintomas são mais bem explicados pela condição física associada deve estar baseado em evidências a partir da história, do exame físico ou de achados laboratoriais. ▪ Deve ser julgado se os sintomas não são mais bem explicados por outro transtorno mental, em particular o transtorno de adaptação, com ansiedade, no qual o estressor é a condição médica. Transtorno de Ansiedade Devido a outra Condição Médica ▪ Nesse caso, um indivíduo com transtorno de adaptação está especialmente angustiado acerca do significado ou das consequências da condição médica associada. Em contraste, existe com frequência um componente físico proeminente para a ansiedade (falta de ar) quando esta se deve a outra condição médica. ▪ O diagnóstico não é feito se os sintomas de ansiedade ocorrem apenas durante o curso de delirium. ▪ Os sintomas de ansiedade devem causar sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Transtorno de Ansiedade Devido a outra Condição Médica ▪ Se os sintomas de ansiedade se devem a uma condição médica geral, ele deve: 1º) estabelecer a presença da condição médica. 2º) estabelecer se os sintomas de ansiedade podem ser etiologicamente relacionados à condição médica geral por meio de um mecanismo fisiológico antes de fazer um julgamento de que essa é a melhor explicação para os sintomas em um indivíduo específico. 3º) Uma avaliação criteriosa e abrangente de múltiplos fatores é necessária para esse julgamento. Transtorno de Ansiedade Devido a outra Condição Médica ▪ Deve-se considerar: 1º) a presença de associação temporal entre início, exacerbação ou remissão da condição médica e os sintomas de ansiedade; 2) a presença de aspectos atípicos de um transtorno de ansiedade primário (p. ex., idade de início ou curso atípicos); 3) evidências na literatura de que um mecanismo fisiológico conhecido (p. ex., hipertireoidismo) causa a ansiedade. Além disso, a perturbação não é mais bem explicada por um TA primário, um TA induzido por substância ou outro TM primário (p. ex., transtorno de adaptação). Outros Transtornos de Ansiedade Especificado ▪ É usada nas situações em que o clínico opta por comunicar a razão específica pela qual a apresentação não satisfaz os critérios para qualquer TA específico. ▪ Registra-se: “outro transtorno de ansiedade especificado”, seguido pela razão específica (p. ex., “ansiedade generalizada não ocorrendo na maioria dos dias”). Ex.: 1) Ataques com sintomas limitados; 2) Ansiedade generalizada não ocorrendo na maioria dos dias; 3) Khyâl cap (ataques de vento); 4) Ataque de “nervios” (ataque de nervos); Transtorno de Ansiedade Não Especificado ▪ Sintomas característicos de um TA, sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo predominam, mas não satisfazem os critérios para qualquer transtorno na classe diagnóstica dos TA. ▪ É usada nas situações em que o clínico opta por não especificar a razão pela qual os critérios para um TA específico não são satisfeitos e inclui apresentações para as quais não há informações suficientes para que seja feito um diagnóstico mais específico. Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) ▪ É o quarto TM mais prevalente; ▪ Caracteriza-se essencialmente pela presença de obsessões e/ou compulsões; ▪ As obsessões geram desconforto emocional ou ansiedade, e as compulsões teriam a função de aliviar essas sensações, não sendo em si mesmas prazerosas. Esta função de “neutralização” mantém as compulsões, num ciclo de difícil rompimento. OBSESSÕES São pensamentos, impulsos ou imagens mentais recorrentes, invasivos e desagradáveis, reconhecidos pelo indivíduo como próprios e inadequados. Deve haver pelo menos uma obsessão a que o paciente ainda tenta resistir, sem sucesso. Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) COMPULSÕES São comportamentos ou atos mentais repetitivos que a pessoa se sente compelida a executar em reação a uma obsessão ou de acordo com regras que de vem ser rigidamente aplicadas para prevenir ou reduzir o sofrimento ou mal estar. Geralmente, essas compulsões são reconhecidas pelo paciente como excessivas ou irracionais, e não devem ser em si prazerosas, apesar de poderem trazer alívio para a ansiedade. Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) Diagnóstico definitivo ▪ as obsessões e/ou compulsões devem estar presentes na maioria dos dias por pelo menos duas semanas e causar acentuado sofrimento; ▪ consumir tempo significativo (mais de 1 hora por dia) ou interferir significativamente na rotina, no funcionamento ocupacional ou nos relacionamentos sociais do paciente. Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) ▪ O estressor (trauma) pode ser uma experiência traumática intensa na qual tenha ocorrido uma séria ameaça (real ou imaginada/percebida) à segurança ou integridade do indivíduo ou de pessoas importantes, inclusive à distância. ▪ Também pode ser decorrentede mudança súbita na posição social ou nas relações sociais. Transtorno de Estresse Agudo ou Reação Aguda ao Estresse ▪ Ocorre e se resolve em até 4 semanas após a exposição a um estressor. ▪ Sintomas físicos de ansiedade são muito comuns (dor torácica, dispneia, cefaleia, náusea, palpitação, dor abdominal). ▪ O tratamento consiste em alívio de sintomas específicos e suporte, se necessário com acompanhamento semanal, psicoterapia breve ou encaminhamento para participação em grupos de apoio. ▪ Evita-se medicamentos. Transtorno de Adaptação ou Ajustamento ▪ Ocorre em resposta a estressores eventuais ou conflitos típicos de fases do ciclo vital, iniciando até 3 meses após os eventos ou mudanças, e durando no máximo 6 meses. ▪ O tratamento consiste em psicoterapia breve, individual ou em grupo, de suporte/apoio, visando explorar o significado emocional do estressor e mobilizar os recursos disponíveis para suplantá-lo. ▪ O uso de medicamentos segue a mesma orientação dada para a reação aguda ao estresse. Transtorno de Adaptação ou de Ajustamento ▪ Ocorre em resposta a estressores eventuais ou conflitos típicos de fases do ciclo vital, iniciando até 3 meses após os eventos ou mudanças, e durando no máximo 6 meses. ▪ O tratamento consiste em psicoterapia breve, individual ou em grupo, de suporte/apoio, visando explorar o significado emocional do estressor e mobilizar os recursos disponíveis para suplantá-lo. ▪ O uso de medicamentos segue a mesma orientação dada para a reação aguda ao estresse. TRATAMENTO EM GERAL Manejo imediato ▪ Oferecer informações sobre o problema ao paciente e familiares. ▪ Utilizar técnica de relacionamento terapêutico (escuta). ▪ Encorajar a participação de grupos terapêuticos. ▪ Orientar atividade física regular e a evitar drogas, uso de álcool, nicotina e cafeína. ▪ Ensinar técnicas de respiração diafragmática e relaxamento muscular. TRATAMENTO EM GERAL Modalidades de tratamento ▪ Psicoterapia individual; ▪ Terapia cognitiva; ▪ Terapia comportamental; ▪ Terapia de grupo e familiar; ▪ Psicofarmacologia (ansiolíticos ou tranquilizantes menores; e medicação para transtornos de ansiedade específicos). TRATAMENTO MEDICAMENTOSO Ansiolíticos ou tranquilizantes menores ▪ Hidroxizina1 ▪ Alprazolam2 ▪ Clordiazepóxido2 ▪ Clonazepan2 ▪ Clorazepato2 ▪ Diazepan2 ▪ Lorazepan2 ▪ Oxazepan2 ▪ Meprobamato3 ▪ Buspirona4 LEGENDA (1) Anti-histamínico; (2) Benzodiazepínicos; (3) Derivado carbamato (4) Azaspirodecanediona MEDICAMENTOS PARA TRANSTORNOS DE ANSIEDADE ESPECÍFICOS Transtorno do Pânico ▪ Ansiolíticos (alprazolam, lorazepam, clonazepam); ▪ Antidepressivos (clomipramina, imipramina são eficientes como agentes ansiolíticos, mas tem mais efeitos colaterais; paroxetina, fluoxetina e sertralina). MEDICAMENTOS PARA TRANSTORNOS DE ANSIEDADE ESPECÍFICOS Transtorno de Ansiedade Generalizada ▪ Ansiolíticos (buspirona eficaz em até 80%, só em 14 dias o alívio de sintomas, mas traz benefício de não provocar dependência) ▪ Antidepressivos (paroxetina, escitalopram, duloxetina, venlafaxina de liberação prolongada) Importante: O propranolol e a clonidina melhoram sintomas somáticos. Possuem menor efeito nas manifestações psíquicas. A clonidina é eficiente na ansiedade aguda ligada à síndrome de abstinência de opioides e nicotina). MEDICAMENTOS PARA TRANSTORNOS DE ANSIEDADE ESPECÍFICOS Transtornos Fóbicos ▪ Ansiolíticos (alprazolam e clonazepam para ansiedade social); ▪ Antidepressivos (fenelzina, imipramina; paroxetina e sertralina para ansiedade social; nefazodona, venlafaxina, bupropiona); ▪ Agentes anti-hipertensivos (propranolol, atenolol). Transtorno Obsessivo Compulsivo ▪ Antidepressivos (clomipramina tem sua eficácia bem definida, fluoxetina, paroxetina, sertralina, fluvoxamina). MEDICAMENTOS PARA TRANSTORNOS DE ANSIEDADE ESPECÍFICOS Transtornos de Estresse Pós-Traumático ▪ Antidepressivos é a 1ª escolha (paroxetina, sertralina, amitriptilina, imipramina, fenelzina, trazodona); ▪ Ansiolíticos (alprazolam e buspirona); ▪ Agentes anti-hipertensivos (propranolol e clonidina); ▪ Outros medicamentos (carbamazepina, ácido valpróico e o carbonato de lítio). Os únicos medicamentos que devem ser utilizados no tratamento de longo prazo dos transtornos de ansiedade são os antidepressivos. Deve-se orientar sobre a retirada abrupta da medicação; o aparecimento de efeitos colaterais; a piora inicial da ansiedade (inicia-se com doses baixas); e a necessidade mínima de 6 meses de uso. IMPORTANTE ▪ Permanecer calma e utilizar explicações simples; ▪ Ajudar os clientes com transtornos de ansiedade a obter insight e a aumentar a conscientização em relação à sua enfermidade; ▪ Focalizar em assistir o cliente a aprender técnicas com as quais ele possa interromper o escalonamento de ansiedade (antes de alcançar situações incontroláveis); ▪ Ajudar a paciente a escolher estratégias de enfrentamento e alternativas, de forma que ele possa substituir um padrão de comportamento mal adaptativo por habilidade novas e mais adaptativas; ▪ Auxiliar a paciente a encarar sentimentos subjacentes que podem estar contribuindo para os medos irracionais. AÇÕES DE ENFERMAGEM NOS TA APA. American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. TOWNSEND, M. C. Enfermagem Psiquiátrica: Conceitos de Cuidados da Prática Baseada em Evidências. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. REFERÊNCIAS OBRIGADA!
Compartilhar