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Apostila para o curso de Gerontologia da Universidade Estacio de Sá 
 Belo Horizonte 
Tema O sitema familiar e o envelhecimento 
 
 
Stúdio de Analise Bioenergética, Psicologia Transpessoal, 
 Cinesiologia Clinica e Sistêmica Familiar 
Rua Santa Rita Rita Durão 339 s/08 Funcionários  
Telfax: 31­ 3227 4983 Belo Horizonte 
e­mail: regis.bh@terra.com.br  
 
 
 
Constelações Familiares, liberando os destinos trágicos, e refazendo a 
imagem interior do seu lugar na família. 
Uma abordagem terapêutica  desenvolvido por Bert Hellinger 
Prática terapéutica conduzida por: 
Reginaldo Teixeira Coelho CBT psicólogo clínico 
 
Apostila para o curso de gerontologia da Universidade estacio de Sá Belo 
Horizonte 
Biografia resumida Bert Hellinger. 
 
...nascido em 1925, estudou filosofia, teologia e pedagogia. Sua formação religiosa levou­o                       
depois a ingressar em uma ordem religiosa católica. Mais tarde trabalhou como missionário                         
na África do Sul. No início dos anos 70 deixou a ordem religiosa católica dedicando­se                             
então à psicoterapia. 
Através da dinâmica de grupo, da terapia primal, da análise transacional e de diversos                           
métodos hipnoterapêuticos chegou à sua própria terapia sistêmica e familiar. 
Autor de best­sellers na Alemanha, possui mais de 14 livros em sua bagagem. "A Simetria                             
Oculta do Amor" foi o primeiro livro a ser publicado no Brasil. Entre as suas atividades                               
atuais está o seu trabalho com os sobreviventes do holocausto e suas famílias. 
Bert Hellinger redescobriu durante o seu trabalho com centenas de sistemas familiares que                         
o reconhecimento do amor que existe no seio das famílias comove as pessoas e muda suas                               
vidas. Porque um amor rompido em gerações anteriores pode causar sofrimentos aos                       
membros posteriores de uma família, o processo de cura exige que os primeiros sejam                           
relembrados. Nos seus workshops os participantes observam, representam pessoas de outras                     
constelações familiares ou exploram suas próprias dinâmicas familiares ajudando Hellinger                   
a demonstrar como o amor, mesmo se injuriado ou mal­direcionado pode ser transformado                         
em uma força que cura.  
Hellinger é inabalável em sua serena compaixão durante o seu trabalho com indivíduos,                         
1 
 
casais ou famílias que enfrentam situações difíceis. Terapeutas experientes apreciam a                     
efetividade de seu método e seus resultados. Freqüentemente os participantes de seus                       
workshops partem com uma profunda compreensão de si mesmos, o poder do amor e as                             
forças que governam os relacionamentos humanos. 
Bert Hellinger vive hoje com sua esposa na Alemanha, no sudeste da Baviera, perto da                             
fronteira austríaca. 
Algumas idéias básicas 
Sobre o desenvolvimento da abordagem de Bert Hellinger  
Bert Hellinger descreveu em julho de 1999 a sua abordagem e seu respectivo                         
desenvolvimento em tópicos. 
1. A idéia de Eric Berne de que existem ​scripts pessoais ​segundo os quais uma pessoa                               
organiza inconscientemente a sua vida teve um papel muito importante para mim. Berne                         
acreditava que isso vem das instruções recebidas dos pais na infância. Eu vi que isto tem a                                 
ver com emaranhamentos nos destinos de outros membros da família, freqüentemente em                       
uma ou duas gerações anteriores. 
2. Já durante o meu trabalho prático de muitos anos com a ​terapia primal ​pude observar                               
que muitos sentimentos, também os violentos, nada tinham a ver com a vivência pessoal.                           
Tornou­se bem evidente para mim que são sentimentos freqüentemente assumidos através                     
de uma identificação com uma outra pessoa. 
3. Além disso sempre vivenciei que a ​consciência ​que sentimos tem funções que                         
conservam o sistema. Trata­se, em especial, do vínculo ao grupo, da regulamentação do                         
intercâmbio através da necessidade de equiparação entre o dar e o receber, das vantagens e                             
perdas e a imposição das normas do grupo.  
4. Mais ainda. Existe uma ​consciência inconsciente ​que liga os membros de um sistema e                             
impõe dentro dele as seguintes ordens ou leis: 
a. Cada membro da família e estirpe tem ​o mesmo direito de pertinência​,                         
também os que faleceram precocemente ou os natimortos, assim como os                     
deficientes e os maus. 
b. A ​perda de um membro ​através da exclusão ou esquecimento será                       
compensada por um outro membro da família. Freqüentemente em uma                   
geração posterior este representa ou imita inconscientemente aquele que foi                   
excluído ou esquecido. 
c. Vantagens ​às custas de outrem ​serão compensadas muitas vezes somente                     
em uma geração posterior. 
d. Os ​membros anteriores ​têm precedência sobre os ​posteriores ​. Por isso                       
quando um membro posterior se eleva sobre um anterior ele paga muitas                       
vezes através do fracasso ou queda. 
5. Finalmente existem muitas indicações que ​os mortos ​atuam sobre ​os vivos , ou de um                               
modo ruim se são excluídos ou temidos, ou de modo benévolo, se são chorados, honrados e                               
depois deixados em paz. 
2 
 
A ​Constelação Familiar ​como a entendo e pratico, traz então à luz, no sentido das idéias                               
básicas aqui apresentadas, onde estamos ​emaranhados ​e quais são os passos que conduzem                         
ao desenredamento e solução. Todos estes passos têm a ver com o respeito pelos outros. Os                               
assassinos são uma exceção. Devemos deixá­los partir do sistema para que possam                       
juntar­se às suas vítimas. Ali eles encontram a paz. 
Constelações Familiares ­ Visão geral 
Resumo da história do trabalho com as Constelações Familiares  
O trabalho com as Constelações Familiares "segundo Hellinger" em sua forma atual foi                         
desenvolvida nos últimos 15 anos por Bert Hellinger. Baseia­se no pensamento sistêmico                       
que teve seu início com Gregory Bateson nos últimos 30 anos e que já foi também colocado                                 
em prática e desenvolvido por outros terapeutas. 
Para o tratamento terapêutico de um cliente é, portanto, necessário que sua família, o                           
sistema em que está conectado seja levado em consideração. Em psicodramas o psiquiatra                         
americano de ascendência rumena Jakob Moreno descobriu através do teatro o significado                       
das ligações sociais de seus clientes. Reconheceu que os problemas e distúrbios psíquicos                         
de um ser humano têm relação com o seu ambiente. Da americana Virginia Satir, assistente                             
social em Palo Alto provém a reconstrução familiar e e a escultura familiar (entretanto não                             
é idêntica à Constelação Familiar segundo Hellinger). Todos os membros da família                       
trabalham em conjunto a sua ligação à cadeia das gerações e como podem se libertar dos                               
encargos assumidos da família. 
Impulsos importantes provém também do trabalho de Ivan Bosyomenyi­Nagy que derivam                     
do pensamento de Martin Buber e acentua o equilíbrio necessário entre o dar e o receber                               
nos relacionamentos humanos. 
Pararelamentea estas evoluções Bert Hellinger trabalha com cada um dos clientes e sua                           
imagem interna da família como esta se apresenta nas percepções dos representantes que                         
foram colocados nas constelações familiares. Ele designa a postura fundamental e o                       
procedimento terapêutico que se desenvolve a partir daí como fenomenológico. 
A realidade profundamente comovente deste trabalho pode ser apreendida apenas através                     
da própria participação em uma constelação familiar. 
Bert Hellinger descreve seu método de trabalho em uma Introdução ao Trabalho com as                           
Constelações Familiares ​, que escreveu para esta homepage.  
 
Constelações Familiares segundo Bert Hellinger  
O Trabalho com as Constelações Familiares ­  
Uma introdução de Bert Hellinger 
O caminho do conhecimento  
Dois movimentos nos levam ao conhecimento. O primeiro se estende e quer abarcar algo                           
até então desconhecido para dele se apropriar e dele dispor. O esforço científico pertence a                             
esse tipo e sabemos quanto ele transformou, assegurou e enriqueceu o nosso mundo e a                             
nossa vida. O segundo movimento se origina quando nos detemos, durante nosso esforço                         
3 
 
http://www.hellinger.com/international/portugues/sobre_bert_hellinger/familien_stellen_hell_br.shtml
http://www.hellinger.com/international/portugues/sobre_bert_hellinger/familien_stellen_hell_br.shtml
em abarcar o desconhecido, e dirigimos o olhar, não mais para um determinado objeto                           
palpável, mas para um todo. Assim, o olhar está disposto a receber, simultaneamente, a                           
diversidade que se encontra à sua frente. Quando nos deixamos levar por esse movimento,                           
por exemplo, diante de uma paisagem, uma tarefa ou um problema, notamos como nosso                           
olhar fica, ao mesmo tempo, pleno e vazio. Pois só podemos nos expor à plenitude e                               
suportá­la, quando prescindimos primeiramente dos detalhes. 
Assim, detemo­nos em nosso movimento exploratório e nos retraímos um pouco, até                       
atingirmos aquele vazio que pode resistir à plenitude e à diversidade. Esse movimento, que                           
primeiramente se detém e depois se retrai, chamo de fenomenológico. Ele nos conduz a                           
conhecimentos distintos daqueles obtidos pelo movimento do conhecimento exploratório.                 
Contudo, ambos se completam. Pois também no movimento do conhecimento científico                     
exploratório precisamos, às vezes, deter­nos e dirigir nosso olhar, do estreito ao amplo, do                           
próximo ao distante. Por sua vez, o conhecimento resultante do procedimento                     
fenomenológico precisa ser verificado no indivíduo e no próximo.  
O processo  
No caminho do conhecimento fenomenológico, expomo­nos, dentro de um determinado                   
horizonte, à diversidade dos fenômenos, sem escolher entre eles e nem avaliá­los. Esse                         
caminho do conhecimento exige, portanto, um esvaziar­se, tanto em relação às idéias                       
preexistentes quanto aos movimentos internos, sejam eles da esfera do sentimento, da                       
vontade ou do julgamento. Nesse processo, a atenção é simultaneamente dirigida e não                         
dirigida, centrada e vazia. A postura fenomenológica requer uma prontidão tensionada para                       
a ação, sem passar, entretanto, à execução. Graças a essa tensão, tornamo­nos                       
extremamente capazes e prontos para perceber. Quem a suporta percebe, depois de algum                         
tempo, como a diversidade presente no horizonte se dispõe em torno de um centro e, de                               
repente, reconhece uma conexão, uma ordem talvez, uma verdade ou o passo que leva                           
adiante. Esse conhecimento provém igualmente de fora, é vivenciado como uma dádiva e é,                           
via de regra, limitado.  
O Trabalho com as Constelações Familiares  
O que o procedimento fenomenológico possibilita e requer pode ser experimentado e                       
descrito de modo especialmente marcante através do trabalho com as constelações                     
familiares. Pois a colocação da constelação familiar é, por um lado, o resultado de um                             
caminho do conhecimento fenomenológico e, por outro lado, o procedimento                   
fenomenológico obtém resultado, quando se trata do essencial, apenas através da contenção                       
e confiança na experiência e compreensão por ele possibilitadas. 
O cliente  
O que acontece quando um cliente coloca a sua família na psicoterapia? Em primeiro lugar,                             
escolhe entre as pessoas de um grupo, representantes para os membros de sua família.                           
Portanto, para o pai, para a mãe, para os irmãos e para si mesmo, não importando quem ele                                   
escolhe para representar os diversos membros de sua família. Na verdade, é melhor ainda se                             
escolher os representantes independentemente de aparências externas e sem uma                   
determinada intenção. Isto já é o primeiro passo em direção a uma contenção e uma                             
renúncia à intenções e velhas imagens. 
4 
 
Quem escolhe seguindo aspectos exteriores, por exemplo, idade ou características corporais                     
não se encontra numa postura aberta para o essencial e invisível. Limita a força expressiva                             
da colocação através de considerações externas. Com isso a colocação de sua constelação                         
familiar já pode estar, para ele, talvez fadada ao fracasso. Por isso também não importa e                               
algumas vezes é melhor que o terapeuta escolha os representantes e deixe o cliente montar                             
com estes a sua família. Porém, o que deve ser considerado é o sexo das pessoas escolhidas,                                 
isto é, que homens sejam escolhidos para representar os homens e mulheres para as                           
mulheres. 
Escolhidos os representantes o cliente coloca­os no espaço um em relação ao outro. No                           
momento da colocação é de grande ajuda que ele os segure com ambas as mãos pelos                               
ombros e assim em contato com eles os posicione em seu lugar. Durante a montagem                             
permanece centrado, prestando atenção ao seu movimento interior, seguindo­o até sentir                     
que o lugar para onde conduziu o representante seja o certo. Durante a colocação está em                               
contato não somente consigo e com o representante, senão também com uma esfera,                         
recebendo daí também sinais que o ajudarão a encontrar o lugar certo para essa pessoa.                             
Prossegue assim com os outros representantes até que todos se encontrem em seus lugares.                           
Durante este processo o cliente está , por assim dizer, esquecido de si mesmo. 
Desperta deste esquecimento de si mesmo quando todos estão posicionados. Algumas vezes                       
é de ajuda quando, em seguida, dá uma volta e corrije o que ainda não está totalmente certo.                                   
Senta­se então. Podemos perceber imediatamente quando alguém não se encontra nesta                     
postura de esquecimento de si mesmo e contenção. Por exemplo, quando prescreve para                         
cada um dos representantes uma determinada postura corporal no sentido de uma escultura,                         
ou quando monta a constelação muito depressacomo se seguisse uma imagem                       
preconcebida ou quando se esquece de colocar uma pessoa, ou quando declara que uma                           
pessoa já está em seu lugar certo sem tê­la posicionado concentradamente. 
Uma constelação familiar que não foi montada deste modo concentrado termina num beco                         
sem saída ou de forma confusa. 
O terapeuta  
O terapeuta precisa também se libertar de suas intenções e imagens a fim de que a                               
colocação de uma constelação familiar tenha êxito. Na medida em que se contém e se expõe                               
centrado à constelação familiar, reconhece imediatamente se o cliente quer influenciá­lo                     
através de imagens preconcebidas ou esquivar­se daquilo que começa a se mostrar. Então                         
ele ajuda­o a se centrar e o conduz a um estado de disposição para que se exponha ao que                                     
está acontecendo. Se isso não for possível, pára com a colocação. 
Os representantes  
Exige­se também dos representantes uma contenção interna de suas próprias idéias,                     
intenções e medo. Isso significa que eles devem observar exatamente as mudanças que se                           
manifestam em seu estado corporal e seus sentimentos enquanto são colocados. Por                       
exemplo, que o coração bate mais depressa, que querem olhar para o chão, que se sentem                               
repentinamente pesados ou leves, ou estão com raiva ou tristes. É também de grande ajuda                             
quando prestam atenção às imagens que emergem e que ouçam os sons e palavras que                             
afloram. 
5 
 
Por exemplo, um americano que estava começando a aprender alemão, ouvia                     
constantemente durante uma colocação familiar na qual ele representava um pai a sentença                         
alemã: "Diga Albert". Mais tarde ele perguntou ao cliente se o nome Albert tinha algum                             
significado para ele. "Mas é claro", foi a resposta", é o nome do meu pai, do meu avô e                                     
Albert é o meu segundo prenome." 
Uma outra pessoa que representava em uma constelação o filho de um pai que havia                             
morrido em um acidente de helicóptero ouvia constantemente o ruído do rotor de um                           
helicóptero. Certa vez este filho tinha sido o piloto de um helicóptero em que estava                             
também o pai. O helicóptero caiu, mas os dois sobreviveram. Para que essa postura obtenha                             
resultado são naturalmente necessárias uma grande sensibilidade e uma enorme prontidão                     
para se distanciar de suas próprias idéias. E o terapeuta precisa ser muito cauteloso para que                               
as fantasias dos representantes não sejam captadas como percepções. Tanto o terapeuta                       
quanto os representantes podem escapar mais facilmente deste perigo quanto menos                     
informações tiverem sobre a família. 
As perguntas  
A percepção fenomenológica obtém melhores resultados quando se pergunta só o essencial,                       
diretamente antes da colocação familiar. As perguntas necessárias são: 
1. Quem pertence à família?  
2. Existem natimortos ou membros da família que morreram precocemente ? Houve na                       
família destinos especiais, por exemplo deficientes?  
3. Algum dos pais ou avós tiveram anteriormente um relacionamento firme, portanto,                     
foi noivo(a), casado(a) ou teve de alguma forma um relacionamento longo e                       
significante?  
Uma anamnésia extensa dificulta, via de regra, a percepção fenomenológica tanto do                       
terapeuta como também dos representantes. Por isso o terapeuta recusa também conversas                       
prévias ou questionários que vão além das perguntas mencionadas. Pelo mesmo motivo os                         
clientes não devem dizer nada durante a colocação nem os representantes devem fazer                         
peguntas de qualquer tipo para os clientes. 
Centrar­se em si mesmo  
Alguns representantes são tentados a extrair da imagem externa da constelação o que                         
sentem em vez de prestar atenção à sua percepção corporal e ao seu sentimento interno                             
imediato. Por exemplo, o representante de um pai dissera que se sentia confrontado pelos                           
filhos porque estes tinham sido colocados à sua frente. Entretanto, quando prestou atenção                         
ao seu sentimento interior imediato, percebeu que estava se sentindo bem. Ele se desviara                           
de sua percepção imediata por causa da imagem externa. Algumas vezes, quando um                         
representante sente algo que lhe parece indecoroso, não o menciona. Por exemplo, que ele,                           
como pai, sente uma atração erótica pela filha. Ou uma representante não se arrisca a dizer                               
que ela, como mãe, se sente melhor quando um de seus filhos quer seguir um membro da                                 
família na morte. 
O terapeuta presta atenção, portanto, aos leves sinais corporais, por exemplo, um sorriso ou                           
um retesamento, ou uma aproximação involuntária das pessoas. Quando comunica tais                     
percepções os representantes podem verificar novamente a sua própria percepção. Alguns                     
representantes fazem também afirmações amáveis porque pensam que com isso poderão                     
6 
 
ajudar ou consolar o cliente. Tais representantes não estão em contato com o que acontece e                               
o terapeuta deve substitui­los por outros imediatamente. 
Os sinais  
Um terapeuta que não se mantém constantemente durante a situação inteira em sua                         
percepção centrada, isto é, sem intenção e sem medo, é levado, muitas vezes através de                             
afirmações de primeiro plano a um caminho errado ou a um beco sem saída. Com isso os                                 
outros representantes ficam também inseguros. Existe um sinal infalível se uma colocação                       
familiar está no caminho certo ou não. Quando começa a se perceber no grupo observador                             
inquietação e a atenção diminui, a colocação não tem mais chance. Nesse caso, quanto mais                             
depressa o terapeuta interromper o trabalho tanto melhor. 
A interrupção permite a todos os participantes concentrar­se novamente e depois de algum                         
tempo recomeçar o trabalho. Algumas vezes o grupo observador também apresenta                     
sugestões que levam adiante. Entretanto isto deve ser apenas uma observação. Se tentarem                         
somente adivinhar ou interpretar, isso aumenta a confusão. Então o terapeuta também deve                         
parar a discussão e reconduzir o grupo à concentração e seriedade. 
A abertura  
Tratei minuciosamente destas formas de procedimento e dos obstáculos que podem surgir a                         
fim de por limites às colocações feitas levianamente. Senão o trabalho com as constelações                           
familiares pode cair facilmente em descrédito. Alguns procedem de outra forma nas                       
constelações familiares. Se isso ocorrer a partir de uma atenção centrada pode obter bons                           
resultados. Entretanto, se ocorrer somente por uma necessidade de delimitação ou para                       
ganhar prestígio a abertura fenomenológica fica limitada devido às intenções. 
A melhor forma de adquirir prestígio é quando se tem novas percepções que podem ser                             
comprovadas pelos resultados e nas quais se deixa tambémoutros participarem. Se,                       
entretanto, a delimitação segue idéias teóricas ou é influenciada por intenções e medos que                           
se recusam em concordar com a realidade que se mostra, isto leva à perda da prontidão para                                 
apreender, com as respectivas consequências para o efeito terapêutico. Se a colocação da                         
constelação familiar for feita só por curiosidade ela perde a sua seriedade e força. Restam,                             
então, do fogo talvez apenas as cinzas e do vestido apenas a cauda. 
O início  
De volta agora ao trabalho com as constelações familiares. A questão que o terapeuta deve                             
decidir, em primeiro lugar, é: 
Coloco a família atual ou a de origem?  
Deu bons resultados começar com a família atual. Pois, dessa maneira, pode­se colocar                         
mais tarde aquelas pessoas da família de origem que ainda agem fortemente na família                           
atual. Obtém­se assim uma imagem em que as influências que sobrecarregam e curam                         
através das várias gerações ficam visíveis e podem ser sentidas. Unicamente quando os                         
destinos da família de origem são especialmente trágicos é que se começa com a família de                               
origem. 
A próxima pergunta é: 
Com quem começo a colocação?  
Começa­se com o núcleo familiar, portanto, pai, mãe e filhos. Se existe um natimorto ou                             
uma criança que morreu precocemente, coloca­se esta criança mais tarde para poder ver                         
qual o efeito que tem na família quando está à vista. A regra é começar com poucas                                 
7 
 
pessoas, deixar­se conduzir por elas e desenvolver passo a passo a constelação. 
O procedimento  
Quando a primeira imagem é configurada dá­se ao cliente e aos representantes um pouco de                             
tempo para que se exponham à ela, deixando­a atuar. Muitas vezes os representantes                         
começam a reagir espontaneamente, por exemplo, começam a tremer ou chorar ou abaixam                         
a cabeça, respiram com dificuldade ou olham com interesse ou apaixonadamente para                       
alguém. Alguns terapeutas perguntam aos representantes muito depressa como eles estão se                       
sentindo, impedindo ou interrompendo dessa maneira este processo. 
Quem faz perguntas aos representantes apressadamente, utiliza este procedimento                 
facilmente como substituto para a sua própria percepção, tornando os representantes                     
inseguros também. O terapeuta deixa, em primeiro lugar, a imagem atuar também sobre ele.                           
Freqüentemente vê imediatamente qual a pessoa que está mais carregada ou em perigo. Se,                           
por exemplo, ela foi colocada de costas ou de lado, o terapeuta vê que ela quer partir ou                                   
morrer. Apenas precisa, sem perguntar nada a ninguém, dirigi­la uns poucos passos à frente                           
na direção em que está olhando e prestar atenção ao efeito que esta mudança provoca nela e                                 
nos outros representantes. 
Ou se todos os representantes olham para uma mesma direção o terapeuta sabe,                         
imediatamente, que alguém deve estar na frente deles: uma pessoa que foi esquecida ou                           
excluída. Por exemplo, uma criança que morreu precocemente ou um noivo anterior da mãe                           
que morreu na guerra. Então ele pergunta ao cliente quem poderia ser e coloca a pessoa no                                 
quadro antes que qualquer um dos representantes tenha dito algo. 
Ou quando a mãe está cercada pelos filhos dando a impressão de que eles estão impedindo                               
a sua partida, o terapeuta pergunta ao cliente imediatamente: O que aconteceu na família de                             
origem da mãe que possa esclarecer esta atração por partir. Então ele procura, em primeiro                             
lugar, um alívio e solução para a mãe antes de continuar a trabalhar com os outros                               
representantes.  
O terapeuta desenvolve, portanto, os próximos passos a partir da colocação inicial e busca                           
informações adicionais do cliente para o próximo passo, sem fazer ou perguntar nada além                           
do que ele precise para este passo. Com isso a constelação mantém a concentração no                             
essencial e a sua especial densidade e tensão. Cada passo desnecessário, cada pergunta                         
desnecessária, cada pessoa adicional que não seja necessária para a solução diminui a                         
tensão e desvia a atenção das pessoas e dos acontecimentos importantes. 
Constelações familiares densas  
Freqüentemente é suficiente colocar somente dois representantes, por exemplo, a mãe e o                         
filho com aids. O terapeuta nem precisa então dar maiores instruções. Deixa os                         
representantes seguir os movimentos que resultam do campo de forças entre eles, entretanto                         
sem nada dizer. Assim ocorre um drama mudo, no qual vem à luz não somente os                               
sentimentos das pessoas participantes mas também emerge um movimento que mostra                     
quais os passos que são possíveis ou adequados para ambos. 
O espaço  
Aqui se apresenta o mais surpreendente efeito da postura fenomenológica e sua forma de                           
procedimento. A contenção centrada do terapeuta e do grupo participante cria o espaço no                           
qual relacionamentos e emaranhamentos vêm à tona. Eles se movimentam em direção à                         
uma solução dando a impressão de que os representantes são movidos por uma força                           
poderosa exterior. 
8 
 
Esta força serve­se deles e deixa parecer muitas das usuais suposições psicológicas e                         
filosóficas insuficientes e falhas. 
A participação  
Em primeiro lugar vê­se que existe obviamente um conhecimento através da participação.                       
Os representantes comportam­se e se sentem como as pessoas que representam embora nem                         
eles nem o terapeuta possuam informações prévias que vão além dos fatores e                         
acontecimentos externos mencionados anteriormente. Muitas vezes o cliente fica                 
estupefado que os representantes expressam as mesmas coisas que conhece das pessoas                       
reais ou que mostram os mesmos sentimentos e sintomas que as pessoas reais têm. Por isso                               
pode­se concluir que os membros reais da família também possuem este conhecimento                       
através da participação de modo que nada de significativo permanece oculto à sua alma. 
Há pouco tempo uma conhecida de uma mulher relatou que o seu pai era judeu e que tinha                                   
ocultado este fato de seus filhos, batizando­se. Ela tomara conhecimento disto pouco antes                         
de sua morte. Nesta oportunidade soube também que o pai tinha ainda duas irmãs que                             
haviam morrido em um campo de concentração. Esta mulher tivera muitas profissões, uma                         
atrás da outra. Primeiro tinha sido uma camponesa, depois foi restauradora de velhos                         
móveis antes de escolher a sua atual profissão de terapeuta. Quando então pesquisou sobre                           
as circunstâncias da vida de suas duas tias mortas veio à tona que uma delas administrara                               
uma fazenda e a outra uma loja de antigüidades. Sem ter conhecimento disto tinha seguido                             
as duas através de suasprofissões, ligando­se desse modo a elas. 
O campo de forças  
O esclarecimento para isso permanece um mistério. Rupert Sheldrake provou através de                       
observações e muitas experiências que cães demonstram através de seu comportamento que                       
sentem imediatamente quando seu dono ou dona que estão ausentes se põem a caminho de                             
casa e que percebem imediatamente quando este caminho é interrompido. Sentem também,                       
algumas vezes, através dos continentes. Portanto, deve existir um campo de forças através                         
do qual ambos estão diretamente ligados. 
Os mortos  
Nas constelações familiares torna­se ainda mais evidente através do comportamento dos                     
representantes e com isso, naturalmente, através do comportamento e dos destinos dos                       
membros reais da família que eles estão ligados às pessoas que já faleceram há muito                             
tempo. Como poder­se­ia de outra forma ser esclarecido que numa família, durante os                         
últimos 100 anos, três homens de várias gerações tenham se suicidado com 27 anos de                             
idade no dia 31 de dezembro e pesquisas revelaram que o primeiro marido da bisavó tinha                               
falecido com 27 anos no dia 31 de dezembro e tinha sido provavelmente envenenado pela                             
bisavó e seu segundo marido? 
A alma  
Aqui atua mais do que um campo de forças. Aqui atua uma alma comum que liga não                                 
somente os vivos mas também os membros falecidos da família. Esta alma abarca somente                           
certos membros familiares e nós podemos ver pelo alcance de sua atuação quais os                           
membros da família que foram por ela abrangidos e tomados a seu serviço. 
Começando pelos descendentes são os seguintes: 
1. os filhos, inclusive os natimortos e os falecidos,  
2. os pais e seus irmãos,  
3. os avós,  
9 
 
http://www.hellinger.com/international/portugues/sobre_bert_hellinger/podiumsgespraech_br.shtml
4. algumas vezes ainda um ou outro avô ou avó e também ancestrais que estão ainda                             
mais longe  
5. todos ­ e isto é especialmente significativo ­ aqueles que deram lugar para a                           
vantagem dos membros mencionados anteriormente, principalmente parceiros             
anteriores dos pais ou avós, e todos aqueles que através de sua infelicidade ou morte                             
a família teve vantagem ou lucro.  
6. as vítimas de violência ou morte causadas por membros anteriores dessa família.  
Sobre os dois últimos grupos mencionados gostaria de comunicar o que experiências                       
recentes trouxeram à luz. Nas colocações das constelações familiares de descendentes de                       
pessoas que acumularam uma grande riqueza, chamou­me a atenção que netos e bisnetos                         
têm tido destinos terríveis que não podem ser entendidos somente pelos acontecimentos                       
dentro da família. 
Somente depois que as vítimas cuja morte ou infelicidade havia sido o preço para esta                             
riqueza foram colocadas na constelação veio à tona a extensão da atuação dos destinos                           
destas pessoas na família. Exemplos para estes casos: trabalhadores que morreram na                       
construção de ferrovias ou sondagens de petróleo, cuja contribuição para a riqueza e                         
bem­estar dos industriais não tinha sido reconhecida e valorizada. Em muitas colocações de                         
descendentes de assassinos, por exemplo, agressores nazistas do 3° Reich pôde­se ver que                         
os netos e bisnetos queriam se deitar junto às vítimas e com isso corriam extremo risco de                                 
se suicidar.  
A solução para ambos os grupos era a mesma. As vítimas devem ser vistas e respeitadas por                                 
todos os membros da família. Todos devem reverenciá­las, inclinando­se diante delas,                     
sentir tristeza e chorar por elas. Depois disso, os ganhadores e agressores originais devem                           
se deitar ao lado das vítimas e os outros membros da família devem deixá­los aí. Só assim                                 
os descendentes ficam livres. Aqui fica evidente que os membros da família se comportam                           
como se tivessem uma alma comum e como se fossem chamados a serviço por uma                             
instância comum preordenada e como se esta instância servisse uma certa ordem e seguisse                           
um certo objetivo. 
O amor  
Em primeiro lugar podemos ver que a alma liga os membros da família uns aos outros. Isso                                 
vai tão longe que a alma de uma criança anseia seguir na morte o pai que morreu cedo ou a                                       
mãe que morreu cedo. Pais ou avós também desejam às vezes seguir na morte um(a)                             
filho(a) ou um(a) neto(a). Podemos observar esse anseio também entre parceiros. Se um                         
deles morre o outro freqüentemente também não quer mais viver. 
O equilíbrio  
Em segundo lugar, podemos ver que existe em uma família uma necessidade de equilíbrio                           
entre o ganho e a perda que abarca várias gerações. Isto é, os que ganharam às custas de                                   
outros pagam com uma perda compensando assim o que ganhou. Ou, se no caso dos                             
ganhadores se tratarem de agressores, geralmente não são eles que pagam, senão os seus                           
descendentes. Estes são escolhidos pela alma da família para compensar no lugar de seus                           
antecedentes, freqüentemente sem que tenham consciência disso. 
A precedência dos antecedentes  
A alma da família, portanto, dá preferência aos antecedentes em relação aos descendentes,                         
sendo este o terceiro movimento ou a ordem que a alma da família segue. Um descendente                               
ou está disposto a morrer por um antepassado se achar que com isso pode evitar a morte                                 
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dele ou está disposto a expiar a culpa pendente de um membro familiar anterior. Ou uma                               
filha representa a mulher anterior de seu pai e se comporta em relação ao pai como se fosse                                   
a sua parceira e como rival em relação à mãe. Se a mulher anterior foi injustiçada, então a                                   
filha apresenta os sentimentos dessa mulher perante os pais. 
A totalidade  
Aqui podemos ver também o quarto movimento e a ordem que a alma da família segue. Ele                                 
vela para que a família esteja completa e restaura a sua totalidade com o auxílio de                               
descendentes para representar os que foram esquecidos, rejeitados ou excluídos. Resumi                     
aqui, de modo sucinto, os movimentos da alma da família, as leis e as ordens que ela segue.                                   
Eu os descrevo minuciosamente em meu livro " Die Mitte fühlt sich leicht an" ("No centro                               
sentimos com leveza") nos capítulos "Culpa e Inocência em Sistemas", "Os Limites da                         
Consciência" e "Corpo e Alma, Vida e Morte" assim como em meu livro "Ordnungen der                             
Liebe" ("As Ordens do Amor") no capítulo "Do Céu que provoca Doenças e da Terra que                               
cura". 
As soluções  
As questões são as seguintes: 
Como o terapeuta encontra uma solução para o cliente? 
O que é aqui o procedimento fenomenológico?  
Ele vai do próximo ao distante e do estreito ao amplo. Isto é, em vez de olhar somente parao cliente o terapeuta olha para a sua família e, em vez de olhar somente para o cliente e sua                                       
família ele olha para além deles, para um campo de forças e para a alma que os abarca. Pois                                     
é evidente que o indivíduo e sua família estão integrados em um campo de forças maior e                                 
em uma grande alma e são usados e tomados a seu serviço. 
Da mesma forma que o reconhecimento do problema e as soluções possíveis só surgem                           
freqüentemente através da ligação com algo maior. Por isso se quero ajudar a alma do                             
cliente eu a vejo governada pela alma da família. Mas se olhar aqui somente para o cliente e                                   
sua família, reconheço, talvez , as ordens e leis que levam a emaranhamentos. Entretanto,                           
somente apreendo onde estão as soluções se encontro um acesso ao campo de forças e                             
dimensões da alma que ultrapassam o indivíduo e a sua família. 
Não podemos influenciar estas dimensões da alma. Nós podemos somente nos abrir. Porque                         
quando se tratar de algo decisivo, a compreensão das imagens, frases e passos que                           
solucionam e curam nos será presenteada por esta alma. O terapeuta abre­se para a atuação                             
desta grande alma através do recolhimento total de suas intenções e sua consideração pelo                           
que ele talvez receie, inclusive o receio de fracassar. Então surge repentinamente uma                         
imagem ou uma palavra ou uma frase que lhe possibilita dar o próximo passo. No entanto é                                 
sempre um passo no escuro. 
Apenas no final é que se releva se foi o passo certo que inverte a necessidade. Através da                                   
postura fenomenológica entramos, portanto, em contato com estas dimensões da alma. Isto                       
é, mais através da não­ação centrada do que através da ação. Através de sua presença                             
centrada o terapeuta ajuda também o cliente a adquirir esta postura, a compreensão e a força                               
que daí advêm. Muitas vezes o cliente não agüenta esta compreensão e se fecha a ela                               
novamente. O terapeuta também concorda com isso, através de seu recolhimento. Também                       
aqui ele não se deixa envolver nem através de uma reivindicação interna nem externa no                             
destino do cliente e de sua família. 
11 
 
Pode parecer duro, mas o resultado da experiência mostra que cada compreensão que foi                           
presenteada desta forma é incompleta e temporária, tanto para o terapeuta quanto para o                           
cliente. 
Retorno, no final, ao começo" à diferença entre o caminho do conhecimento científico e do                             
fenomenológico. Eu a sintetizei num poema já há alguns anos atrás. Ele se chama: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palestra de Bert Hellinger em São Paulo, em agosto de 1999 
Para que o Amor dê Certo 
  Sumário 
   Ordem e amor (poema) 
   Tomar a vida 
   E algo que é próprio  
   O mesmo (poema) 
   Aceitar tudo o mais que nossos pais nos dão 
   O tamanho de criança 
   Receber e exigir 
   A equiparação 
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http://www.hellinger.com/international/portugues/sobre_bert_hellinger/#A_equiparação
http://www.hellinger.com/international/portugues/sobre_bert_hellinger/#Tomar_a_vida
http://www.hellinger.com/international/portugues/sobre_bert_hellinger/#O_tamanho_de_criança
http://www.hellinger.com/international/portugues/sobre_bert_hellinger/#sumario
http://www.hellinger.com/international/portugues/sobre_bert_hellinger/#O_mesmo
http://www.hellinger.com/international/portugues/sobre_bert_hellinger/#E_algo_que_é_próprio
http://www.hellinger.com/international/portugues/sobre_bert_hellinger/#Receber_e_exigir
http://www.hellinger.com/international/portugues/sobre_bert_hellinger/#Aceitar_tudo_o_mais_que_nossos_pais_nos_dão
http://www.hellinger.com/international/portugues/sobre_bert_hellinger/#Ordem_e_amor
   O grupo familiar 
   O direito de pertencer 
   Os excluídos são representados 
   A solução 
   A imagem mágica do mundo e suas conseqüências 
   Homens e Mulheres 
   O vínculo 
   A ordem de precedência 
   Dois modos de ser feliz (uma história) 
  
Sumário  
Muita gente julga que o amor tem o poder de superar tudo, que é preciso apenas amar                                 
bastante e tudo ficará bem. Contudo, a experiência mostra que isto não é verdade. Muitos                             
pais são forçados a experimentar que, apesar do amor que dão a seus filhos, estes não se                                 
desenvolvem como eles esperavam. São forçados a ver seus filhos adoecerem, se drogarem                         
ou suicidarem, apesar de todo o amor que lhes dão. Para que o amor dê certo, é preciso que                                     
exista alguma outra coisa ao lado dele. É necessário que haja o conhecimento e o                             
reconhecimento de uma ordem oculta do amor. 
 
Ordem e amor  
O amor preenche o que a ordem abarca. 
O amor é a água, a ordem é o jarro. 
A ordem ajunta, 
o amor flui. 
Ordem e amor atuam juntos. 
Como uma linda canção obedece às harmonias, 
assim o amor obedece à ordem. 
Assim como o ouvido dificilmente se acostuma 
às dissonâncias, mesmo quando são explicadas, 
assim também nossa alma dificilmente se acostuma 
ao amor sem ordem. 
Muita gente trata essa ordem 
como se ela fosse uma opinião 
que se pode ter ou mudar à vontade. 
Contudo, ela nos preexiste. 
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http://www.hellinger.com/international/portugues/sobre_bert_hellinger/#O_direito_de_pertencer
http://www.hellinger.com/international/portugues/sobre_bert_hellinger/#Homens_e_Mulheres
http://www.hellinger.com/international/portugues/sobre_bert_hellinger/#A_imagem_mágica_do_mundo_e_suas_conseqüências
http://www.hellinger.com/international/portugues/sobre_bert_hellinger/#Dois_modos_de_ser_feliz
http://www.hellinger.com/international/portugues/sobre_bert_hellinger/#O_grupo_familiar
http://www.hellinger.com/international/portugues/sobre_bert_hellinger/#A_ordem_de_precedência
http://www.hellinger.com/international/portugues/sobre_bert_hellinger/#A_solução
http://www.hellinger.com/international/portugues/sobre_bert_hellinger/#O_vínculo
http://www.hellinger.com/international/portugues/sobre_bert_hellinger/#Os_excluídos_são_representados
Ela atua, mesmo que não a entendamos. 
Não é inventada, mas encontrada. 
É por seus efeitos que a descobrimos, 
Como descobrimos o sentido e a alma. 
Muitas dessas ordens são ocultas. Não podemos sondá­las. Elas atuam nas profundezas da                         
alma, e freqüentemente as encobrimos com pensamentos, objeções, desejos e medos. É                       
preciso tocar no fundo da alma para vivenciar as ordens do amor. 
Tomar a vida  
Direi primeiro alguma coisa sobre as ordens do amor entre pais e filhos e, do ponto de vista                                   
da criança, isto é, do filho para com seus pais. Aqui menciono algumas verdades banais.                             
Elas são tão óbvias que eu quase me envergonho de citá­las. Não obstante, são                           
freqüentemente esquecidas. 
O primeiro ponto é que os pais, ao darem a vida, dão à criança, nesse mais profundo ato                                   
humano, tudo o que possuem. A isso eles nada podem acrescentar, disso nada podem tirar.                             
Na consumação do amor, o pai e a mãe entregam a totalidade do que possuem. Pertence                               
portanto à ordem do amor que o filho tome a vida tal como a recebe de seus pais. Dela, o                                       
filho nada pode excluir, nem desejar que não exista. A ela, também, nada pode acrescentar.O filho é os seus pais. Portanto, pertence à ordem do amor para um filho, em primeiro                                 
lugar, que ele diga sim a seus pais como eles são ­­ sem qualquer outro desejo e sem                                   
nenhum medo. Só assim cada um recebe a vida: através dos seus pais, da forma como eles                                 
são. 
Esse ato de tomar a vida é uma realização muito profunda. Ele consiste em assumir minha                               
vida e meu destino, tal como me foi dado através de meus pais. Com os limites que me são                                     
impostos. Com as possibilidades que me são concedidas. Com o emaranhamento nos                       
destinos e na culpa dessa família, no que houver nela de leve e de pesado, seja o que for. 
Essa aceitação da vida é um ato religioso. É um ato de despojamento, uma renúncia a                               
qualquer exigência que ultrapasse o que me foi transmitido através de meus pais. Essa                           
aceitação vai muito além dos pais. Por esta razão, não posso, nesse ato, considerar apenas                             
os meus pais. Preciso olhar para além deles, para o espaço distante de onde se origina a vida                                   
e me curvar diante de seu mistério. No ato de tomar os meus pais, digo sim a esse mistério e                                       
me ajusto a ele. 
O efeito desse ato pode ser comprovado na própria alma. Imaginem­se curvando­se                       
profundamente diante de seus pais e dizendo­lhes:"Eu tomo esta vida pelo preço que custou                           
a vocês e que custa a mim. Eu tomo esta vida com tudo o que lhe pertence, com seus limites                                       
e oportunidades". Nesse exato momento, o coração se expande. Quem consegue realizar                       
esse ato, fica bem consigo, sente­se inteiro. 
Como contraprova, pode­se igualmente imaginar o efeito da atitude oposta, quando uma                       
pessoa diz: "Eu gostaria de ter outros pais. Não os suporto como eles são." Que                             
atrevimento! Quem fala assim, sente­se vazio e pobre, não pode estar em paz consigo                           
mesmo. 
Algumas pessoas acreditam que, se aceitarem plenamente seus pais, algo de mau poderá                         
infiltrar­se nelas. Assim, não se expõem à totalidade da vida. Com isto, contudo, perdem                           
também o que é bom. Quem assume seus pais, como eles são, assume a plenitude da vida,                                 
como ela é. 
E algo que é próprio  
14 
 
Mas aqui existe ainda um mistério que não posso justificar. Com efeito, cada um                           
experimenta que também tem em si algo de único, algo que é inteiramente próprio,                           
irrepetível, e não pode ser derivado de seus pais. Isso também ele precisa assumir. Pode ser                               
algo de leve ou de pesado, algo de bom ou de mau. Isto não podemos julgar. 
A pessoa que encara o mundo e sua própria vida com olhos desimpedidos pode ver que                               
tudo o que ela faz obedece a uma ordem. Tudo o que ela faz ou deixa de fazer, tudo o que                                         
ela apoia ou combate, ela o realiza porque foi encarregada de um serviço que ela própria                               
não entende. Aquele que se entrega a tal serviço, experimenta­o como uma tarefa ou como                             
um chamado, que não se baseia nos próprios méritos nem na própria culpa (quando for algo                               
de pesado ou cruel). Ele foi simplesmente tomado a serviço. 
Quando contemplamos o mundo desta maneira, cessam as diferenças 
habituais.  
Falei até aqui sobre a ordem fundamental da vida. Foi­nos concedido termos pais e sermos                             
filhos. E temos também algo de próprio. 
Aceitar tudo o mais que nossos pais nos dão  
Na verdade, os pais não dão aos filhos apenas a vida. Eles nos dão também outras coisas:                                 
alimentam­nos, educam­nos, cuidam de nós e assim por diante. Convém à criança que ela                           
tome tudo isso, da forma como o recebe. Quando a criança o aceita de bom grado, costuma                                 
bastar. Existem exceções, que todos conhecemos, mas via de regra é suficiente. Pode não                           
ser sempre o que desejamos, mas é o bastante. 
Nesse particular, pertence à ordem que o filho diga a seus pais: "Eu recebi muito. Sei que é                                   
muito, é o bastante. Eu o tomo com amor". Então ele se sente pleno e rico, seja qual for a                                       
situação. Então ele acrescenta: "o resto, eu mesmo faço". Isto também é um belo                           
pensamento. Finalmente, o filho ainda pode dizer aos pais: "E agora eu os deixo em paz". O                                 
efeito destas frases vai muito fundo: agora o filho tem seus pais e os pais têm o filho. Pais e                                       
filho estão simultaneamente separados e felizes. Os pais concluíram sua obra e a criança                           
está livre para viver sua vida, com respeito pelos seus pais mas sem dependência. 
Imaginem agora a situação contrária, quando o filho diz aos pais: "O que vocês me deram                               
foi errado e foi muito pouco. Vocês ainda estão me devendo muito". O que esse filho tem                                 
de seus pais? Nada. E o que têm dele os pais? Igualmente nada. Esse filho não consegue                                 
soltar­se de seus pais. Sua censura e sua reivindicação o vinculam a eles, mas de uma forma                                 
tal que ele não os tem. Ele se sente vazio, pequeno e fraco. 
Esta seria a segunda lei do amor entre filhos e pais. 
O tamanho de criança  
Existe algo que os pais adquirem por mérito pessoal. Se a mãe, por exemplo, tem um dom                                 
especial ­ suponhamos que ela seja pintora e pinte quadros maravilhosos ­ então isso                           
pertence a ela e não ao filho. Este não pode reivindicar ser também um bom pintor, a não                                   
ser que o tenha merecido por dotação própria e dedicação pessoal. 
A mesma coisa vale para a riqueza dos pais. O filho não tem o direito de reivindicá­la,                                 
como é o caso da herança. O que ele vier a receber será puro presente. 
Isto vale ainda para a culpa pessoal dos pais. Também esta pertence exclusivamente a eles.                             
Com freqüência, uma criança presume, por amor, tomar sobre si essa culpa, carregá­la em                           
nome dos pais. Também isto vai contra a ordem. A criança se arroga um direito que não lhe                                   
compete. Quando os filhos querem expiar pelos pais, estão se julgando superiores a eles. Os                             
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pais passam a ser tratados como crianças, cuidadas por seus próprios filhos, que assumem o                             
papel de pais. 
Uma senhora, que recentemente participou de um grupo meu, tinha um pai cego e uma mãe                               
surda. Os dois se completavam bem, mas a filha achava que devia cuidar deles. Quando                             
montei a constelação de sua família, ela se comportou como se fosse ela a pessoa grande.                               
Porém sua mãe lhe disse: "Esse assunto com seu pai eu resolvo sozinha". E o pai lhe disse:                                   
"Esse assunto com sua mãe eu resolvo sozinho. Não precisamos de você para isso". Aquela                             
senhora ficou muito desapontada, porque foi reduzida ao seu tamanho de criança. 
Na noite seguinte, ela não conseguiu dormir. Aliás, ela sentia uma grande dificuldade para                           
adormecer. Perguntou­mese eu podia ajudá­la. Respondi: "Quem não consegue dormir                     
talvez esteja pensando que precisa vigiar". Contei­lhe então a história de Borchert sobre o                           
menino de Berlim que, no fim da guerra, tomava conta de seu irmão morto, para que os                                 
ratos não o comessem. O menino estava esgotado, porque achava que devia ficar vigiando.                           
Nisto, passou por ali um senhor simpático que lhe disse: "Mas os ratos dormem à noite". E                                 
a criança adormeceu. 
Na noite seguinte, aquela senhora dormiu melhor. 
Portanto, a ordem do amor entre filhos e pais estabelece, em terceiro lugar, que respeitemos                             
o que pertence pessoalmente a nossos pais e o que eles podem e devem fazer sozinhos. 
Receber e exigir  
A ordem do amor entre pais e filhos envolve ainda um quarto elemento. Os pais são                               
grandes, os filhos pequenos. Assim, o certo é que os pais dêem e os filhos recebam. Pelo                                 
fato de receber tanto, o filho sente a necessidade de pagar. Dificilmente suportamos quando                           
recebemos algo sem dar algo em troca. Mas, em relação a nossos pais, nunca podemos                             
compensar. Eles sempre nos dão muito mais do que podemos retribuir. 
Alguns filhos querem escapar da pressão de retribuir e dos sentimentos de obrigação ou de                             
culpa. Eles dizem então: "Prefiro nada receber, assim não sinto obrigação nem culpa".                         
Esses filhos se fecham para seus pais e, nessa mesma medida, sentem­se pobres e vazios.                             
Pertence à ordem do amor que os filhos digam: "Eu recebo tudo com amor". Assim, eles                               
irradiam contentamento para os pais, e estes percebem a felicidade deles. Esta é uma forma                             
de receber que é simultaneamente uma compensação, porque os pais se sentem respeitados                         
por esse receber com amor. Eles dão, então, com um prazer ainda maior. 
Quando, porém, os filhos dizem: "Vocês têm que me dar mais", o coração dos pais se fecha.                                 
Por causa da exigência do filho, eles não podem mais cumulá­lo de amor. Este é o efeito de                                   
tais reivindicações. Esse filho, por sua vez, mesmo quando recebe alguma coisa, não                         
consegue tomar o que exigiu. 
A equiparação  
A verdadeira equiparação entre o dar e o tomar na família consiste em passar adiante o                               
dom. Quando a criança diz: "Eu tomo tudo, e quando eu crescer, eu darei por minha vez",                                 
os pais ficam felizes. A criança, no seu dar, não olha para trás, mas para a frente. Os pais                                     
fizeram o mesmo. Eles receberam de seus pais e deram a seus filhos. Justamente pelo fato                               
de terem recebido tanto, sentem­se pressionados a dar, e podem igualmente fazê­lo. 
Até aqui, falei das ordens do amor entre filhos e pais. 
O grupo familiar  
Entretanto, nossa vinculação não se limita aos pais. Pertencemos também a um grupo                         
familiar, a uma estirpe, um sistema maior. O grupo familiar se comporta como se fosse                             
16 
 
dirigido por uma instância comum e superior. Ele é comparável a um bando de pássaros em                               
formação. De repente, todos mudam a direção do vôo, como se tivessem sido movidos por                             
uma força superior comum. 
No grupo familiar, essa instância superior atua quase como um comando (Gewissen)                       
interior partilhado por todos, e que atua de modo amplamente inconsciente. Reconhecemos                       
as ordens a que obedece pelos bons efeitos de sua observância e pelos maus efeitos de sua                                 
violação. 
Quero citar, para começar, o círculo de pessoas que são abarcadas e dirigidas por esse                             
comando interior (Gewissen), cuja amplitude podemos reconhecer por seus efeitos. Estão                     
nele incluídos: 
● Todos os filhos, inclusive os que morreram ou foram abortados;  
● Os pais e todos os seus irmãos;  
● Os avós;  
● Eventualmente, algum bisavô ou até mesmo um antepassado ainda mais distante,                     
principalmente se teve um destino mau.  
● Incluem­se ainda pessoas sem relação de parentesco, a saber, aquelas de cuja morte                         
ou infelicidade pessoas da família se beneficiaram, como são, por exemplo, antigos                       
parceiros dos pais e dos avós.  
O direito de pertencer  
No interior de cada grupo familiar, vale a ordem básica, a lei fundamental: todas as pessoas                               
do grupo familiar possuem o mesmo direito de pertencer. Em muitas famílias e grupo                           
familiares, determinados membros são excluídos. Alguns dizem, por exemplo: "Esse tio                     
não vale nada, ele não pertence a nós", ou então: "Dessa criança ilegítima nada queremos                             
saber". Com isso, recusam a essas pessoas o direito de pertencer. 
Existem também os que dizem: "Sou católico, você é evangélico. Como católico, tenho                         
mais direito de pertencer que você". Ou inversamente: "Como protestante, tenho mais                       
direito, porque minha fé é mais verdadeira. Você é menos crente do que eu, portanto tem                               
menos direito de pertencer". Isto não é hoje tão freqüente como antigamente, mas ainda                           
acontece. 
Ocorre ainda, quando um filho morre prematuramente, que seus pais dão seu nome ao filho                             
seguinte. Com isto, estão dizendo ao primeiro: "Você não pertence à família. Temos um                           
substituto para você". Assim o filho morto não conserva nem mesmo o seu próprio nome.                             
Com freqüência, não é mais contado nem mencionado. Assim lhe é negado e retirado o                             
direito de pertencer. 
O excesso de moral de alguns, que se sentem melhores e superiores a outros, na prática                               
significa dizer­lhes: "Tenho mais direito de pertencer que você". Ou, quando alguém                       
condena uma pessoa ou a considera má, praticamente está lhe dizendo: "Você tem menos                           
direito de pertencer do que eu". "Bom" significa então: "Tenho mais direitos", e "mau"                           
significa: "Você tem menos direitos". 
Os excluídos são representados  
Essa lei fundamental, que assegura a todos o mesmo direito de pertencer, não tolera                           
nenhuma violação. Quando isso acontece, existe no sistema uma necessidade inconsciente                     
de compensação, que faz com que os excluídos ou desprezados sejam mais tarde                         
representados por algum outro membro da família, sem que essa pessoa tenha consciência                         
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do fato. 
Quando, por exemplo, um homem casado se relaciona com outra mulher e diz à própria                             
esposa: "Não quero mais saber de você", inventando falsas razões e cometendo injustiça                         
contra ela, e depois se casa com a segunda mulher e tem filhos com ela, sua primeira                                 
mulher será representada por um desses filhos. Uma menina, por exemplo, combaterá o pai                           
com o mesmo ódio da parceira rejeitada, sem que tenha a menor consciência dessa                           
representação. Aqui atua uma força secreta de compensação, para que a injustiça feita à                           
primeira pessoa seja vingada por uma segunda. 
Muitos acontecimentos infelizes na família como, porexemplo, desvios de comportamento                     
dos filhos, doenças, acidentes e suicídios acontecem pelo fato de que um filho                         
inconscientemente representa um excluído e quer dar­lhe reconhecimento. Nisso se revela                     
ainda uma outra propriedade da instância superior. Ela faz reinar justiça para com aqueles                           
que vieram antes e injustiça para os que vêm depois. 
A solução  
A solução de um tal emaranhamento torna­se possível quando a ordem básica é                         
restabelecida, isto é, quando os excluídos voltam a ser acolhidos e respeitados. Neste caso,                           
por exemplo, a segunda mulher deveria dizer à primeira: "Eu tenho este homem às suas                             
custas. Eu honro isto e reconheço que foi feita injustiça a você. Por favor, queira bem a                                 
mim e a meus filhos". Desta forma, a primeira mulher é respeitada. Nas constelações                           
familiares, pode­se perceber então como se relaxa o rosto da primeira mulher, como ela se                             
torna amigável pelo fato de ser respeitada. Com isso, é reconhecido o seu direito de                             
pertencer. 
A solução exige também que a menina, que imita essa mulher, lhe diga interiormente: "Eu                             
pertenço apenas à minha mãe e ao meu pai. Aquilo que se passou entre vocês adultos não                                 
tem nada a ver comigo". Ela diz a seu pai: "Você é meu pai, e eu sou sua filha. Por favor,                                         
olhe­me como sua filha". Então o pai não precisa mais ver nela sua ex­mulher, não precisa                               
mais defrontar­se com o ódio ou a tristeza que ela possa ter. Ou, se ele ainda a ama, não                                     
precisa ver a criança como sua amante, mas apenas como sua filha. Então a criança pode ser                                 
a filha, e o pai pode ser o pai. 
A criança precisa também dizer ao pai: "Esta aqui é a minha mãe. Com sua primeira mulher                                 
não tenho nada a ver. Eu tomo esta como minha mãe. Esta é para mim a certa". E então ela                                       
precisa dizer à mãe: "Com a outra mulher eu nada tenho a ver". De outra forma, essa                                 
criança se tornará uma rival da mãe, e não poderá ser filha. Talvez a mãe veja nela                                 
inconscientemente a outra mulher, e então mãe e filha entram em conflito como se fossem                             
duas amantes rivais. Mas quando a criança diz: "Você é minha mãe e eu sou sua filha, com                                   
a outra não tenho nada a ver. Eu tomo você como minha mãe", então a ordem é                                 
restabelecida. 
Existem contudo emaranhamentos bem mais complicados. Quando, por exemplo, numa                   
família, um filho morre prematuramente, os filhos sobreviventes carregam muitas vezes um                       
sentimento de culpa pelo fato de estarem vivos, enquanto seu irmão está morto. Acreditam                           
que, por estarem vivos, possuem uma vantagem sobre o irmão falecido. Então eles querem                           
compensar isto, por exemplo, deixando­se ficar mal, adoecendo ou mesmo desejando                     
morrer, sem que saibam por quê. 
Aqui pertence à ordem do amor que eles digam interiormente ao irmão morto: "Você é meu                               
irmão (minha irmã). Eu respeito você como meu irmão (minha irmã). Você tem um lugar                             
18 
 
em meu coração. Eu me curvo diante do seu destino, da forma como lhe aconteceu, e digo                                 
sim ao meu destino, da forma como me foi determinado". Então a criança morta é                             
respeitada, e a outra pode permanecer viva sem sentimento de culpa. 
A imagem mágica do mundo e suas conseqüências  
Por trás da necessidade de compensação, que faz adoecer, atua uma fantasia mágica, a                           
saber, que eu posso salvar uma outra pessoa de seu pesado destino, desde que eu tome                               
também algo de pesado sobre mim. É o caso da criança que diz à mãe gravemente doente:                                 
"Antes eu adoeça do que você. Antes morra eu do que você". Ou ainda, quando a mãe quer                                   
abandonar a vida, um filho se suicida, para que a mãe possa ficar viva. 
Um exemplo disto é a magreza compulsiva. O anoréxico vai se tornando cada vez menor,                             
desaparece, por assim dizer, até a morte. Em sua alma, essa criança diz a seu pai ou a sua                                     
mãe: "Antes desapareça eu do que você". Aqui atua um amor profundo. Mas quando a                             
criança morre, qual é o efeito desse amor? Ele é totalmente inútil. 
Quando trabalho com uma pessoa com essa compulsão, faço que olhe nos olhos de seu pai                               
ou de sua mãe e diga: "Antes desapareça eu do que você". Quando ela os encara nos olhos a                                     
ponto de realmente os ver, ela não consegue mais dizer essa frase, porque percebe que o pai                                 
ou a mãe não aceitará isto dela. É que o amor mágico desconhece o fato de que também a                                     
outra pessoa ama e que ela recusaria isto, independentemente da inutilidade de tal amor. 
Quando a mãe morre no nascimento de uma criança, é muito difícil para essa criança tomar                               
a sua vida. Ela precisaria encarar a mãe nos olhos e dizer: "Mamãe, mesmo por este alto                                 
custo eu tomo esta vida e faço algo de bom com ela, em sua memória. Você precisa saber                                   
que não foi em vão". Isto é amor, num nível mais elevado. Ele exige o abandono da fantasia                                   
mágica de poder interferir no destino de outra pessoa e mudá­lo. Ele exige a passagem de                               
um amor que faz adoecer para um amor que cura. 
A fantasia do amor mágico está associada a uma presunção, a um sentimento de poder e                               
superioridade. A criança realmente acha que, através de sua doença e de sua morte, pode                             
salvar da morte outra pessoa. Renunciar a essa idéia só é possível pela humildade. 
Até aqui falei da ordem do amor na relação entre filhos e pais. 
Homens e Mulheres  
Quero também dizer mais alguma coisa sobre a ordem do amor na relação do casal. Este                               
tema nos fala mais de perto. Muitos se envergonham disso, como se fosse algo que a gente                                 
deveria ocultar. Aquilo que diferencia os homens das mulheres, que realmente os                       
diferencia, é escondido. Ou, pode­se dizer também, é protegido. Pois é o lugar onde cada                             
um é mais vulnerável. É o lugar próprio da vergonha. Vergonha significa, neste contexto,                           
que eu guardo alguma coisa, para que nada de mau aconteça. E é o lugar onde nos sentimos                                   
mais entregues. 
Alguns falam depreciativamente do instinto sexual e esquecem que ele é a força real e mais                               
profunda, que tudo mantém unido e dirige, que toma cada pessoa a seu serviço, sem que ela                                 
possa se defender. Pela pura razão, ninguém se casaria ou teria filhos. Só esse instinto                             
consegue isso. É através dele que estamos em sintonia mais profunda com a alma do                             
mundo. Esse instinto é o que existe de mais espiritual. Todo entendimento e toda                           
consideração racional empalidecem diante da força que atua por detrás desse instinto. 
A ordemdo amor entre homem e mulher exige portanto, em primeiro lugar, que o homem                               
admita que lhe falta a mulher, e que ele, por si só, jamais poderá alcançar o que uma mulher                                     
tem. E exige igualmente que a mulher admita que lhe falta o homem, e que ela, por si só,                                     
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jamais poderá alcançar o que o homem tem. Então ambos se experimentam como                         
incompletos e admitem isto. 
Quando o homem admite que precisa da mulher e que só através dela se torna um homem, e                                   
quando a mulher admite que precisa do homem e só através dele se torna uma mulher,                               
então essa carência os liga um ao outro, justamente pelo fato de a admitirem. Então o                               
homem recebe o feminino como presente da mulher, e a mulher recebe o masculino como                             
presente do homem. 
Imaginem agora um homem que desenvolve em si o feminino e uma mulher que                           
desenvolve em si o masculino, como muitos consideram ideal. Se esse homem quiser se                           
ligar a essa mulher, qual será a profundidade dessa relação? No fundo, eles não precisam                             
um do outro. Inversamente, quando o homem renuncia ao feminino e a mulher ao                           
masculino, então eles precisam um do outro e isto os mantém juntos. 
O vínculo  
Quando o homem e a mulher se aceitam mutuamente como tais, a consumação de seu amor                               
cria um vínculo. Esse vinculo é indissolúvel. Isto nada tem a ver com a doutrina moral da                                 
Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio. A realização do amor cria uma ligação,                         
independentemente do casamento e de qualquer rito externo. 
A existência de uma tal ligação é percebida pelos seus efeitos. Por exemplo, o homem que                               
se separa levianamente de uma parceira a quem estava vinculado dessa forma pela                         
consumação do amor, via de regra não conseguirá conservar uma segunda parceira num                         
outro relacionamento. Pois esta percebe o seu vínculo com a parceira anterior, e não ousa                             
tomá­lo plenamente. Quando um homem abandona uma mulher e se casa de novo, talvez                           
sua segunda mulher se considere melhor que a primeira e diga: "Agora eu o tenho para                               
mim". Ela entretanto o perderá. Nesse próprio triunfo o perde, pois reconhece o vínculo                           
desse homem com a sua primeira mulher. 
Então ela não o assumirá completamente. Nas constelações familiares, pode­se perceber                     
que uma segunda mulher se distancia um pouco do homem. Ela não ousa colocar­se perto                             
dele, pelo fato de não ser sua primeira ligação, mas a segunda. 
A profundidade de um tal vínculo pode ser avaliada pelo seu efeito. A separação do                             
primeiro amor é a mais difícil de se conseguir. É a mais dolorosa. Quando uma segunda                               
ligação se desfaz, a dor é menor. Numa terceira, é ainda menor. 
Essa ligação não é porém sinônimo de amor. O amor pode ser pequeno e o vínculo                               
profundo. Inversamente, o amor pode ser profundo e a ligação pequena. O vínculo se                           
origina do ato sexual. Por isto, ele também nasce de um incesto ou de um estupro. Para que                                   
mais tarde uma nova ligação seja possível, é preciso que a primeira seja corretamente                           
resolvida. Ela é resolvida quando é reconhecida e quando é honrado o respectivo parceiro.                           
Quem amaldiçoa o primeiro vínculo impede uma ligação ulterior. 
A ordem de precedência  
O fruto do amor entre o homem e a mulher são os filhos. Também aqui é importante                                 
observar uma ordem do amor, uma ordem de precedência no amor. Ela se orienta pelo                             
começo. Isto significa que o que vem antes tem, via de regra, precedência sobre o que vem                                 
depois. Numa família, existe primeiro o casal homem­mulher. Seu amor funda a família.                         
Por isso, seu amor como homem e mulher tem precedência sobre tudo o que vem depois,                               
portanto, sobre seu amor de pais por seus filhos. Muitas vezes acontece nas famílias que os                               
filhos atraem sobre si toda a atenção. Então os pais não são antes de tudo um casal, mas                                   
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pais. Com isto os filhos não se sentem bem. 
Quando a relação do casal tem prioridade, o pai diz a seu filho: "Em você, eu respeito e                                   
amo também a sua mãe". E a mãe diz ao filho: "Em você, eu respeito e amo também o seu                                       
pai". E a mulher diz ao homem: "Em nossos filhos, eu respeito e amo a você". E o homem                                     
diz à mulher: "Em nossos filhos, eu respeito e amo a você". Então o amor dos pais é a                                     
continuação do amor do casal. Este tem a prioridade. Os filhos então se sentem muito bem. 
Várias famílias são segundas e terceiras famílias, quando o homem e a mulher já eram                             
casados anteriormente e trouxeram filhos do matrimônio anterior. Como é então a ordem de                           
precedência? 
Eles são primeiramente pai e mãe de seus próprios filhos, e só depois disso constituem um                               
casal. Por conseguinte, seu amor como casal não pode continuar nos filhos, pois já foram                             
pais anteriormente. Então, o novo parceiro deve reconhecer que o outro é, em primeiro                           
lugar, pai ou mãe dos próprios filhos, e que seu maior amor e sua maior força fluem para                                   
eles e, neles, naturalmente, também para o parceiro anterior. Só então seu amor e sua força                               
fluem para o novo parceiro. Quando ambos os parceiros reconhecem isto, seu amor pode                           
ser bem sucedido. Quando, porém, um parceiro diz ao outro: "Eu tenho prioridade em seu                             
amor, e só então vêm seus filhos", a relação fica em perigo. Essa situação não se mantém                                 
por longo tempo. 
Se eles mais tarde têm filhos em comum, então são, em primeiro lugar, pai e mãe dos filhos                                   
do primeiro casamento; em segundo lugar, são um casal e, em terceiro lugar, são pais de                               
seus filhos comuns. Esta seria a ordem, neste caso. Quando se sabe disto, pode­se resolver                             
ou evitar conflitos em muitas famílias. 
Falei até aqui sobre algumas ordens do amor na relação entre o homem e a mulher. Para                                 
terminar, contarei a vocês uma história sobre o amor. Ela é assim: 
Dois modos de ser feliz  
Antigamente, quando os deuses ainda pareciam bem próximos dos homens, viviam numa                       
pequena cidade dois cantores que se chamavam Orfeu. 
Um deles era o grande. Tinha inventado a cítara, um tipo primitivo de guitarra. Quando                             
tocava o instrumento e cantava, toda a natureza ficava enfeitiçada em torno dele. Animais                           
ferozes se deitavam mansamente a seus pés, árvores altas se inclinavam para ele: nada                           
podia resistir a seus cantos. Pelo fato de ser tão grande, ele conquistou a mais bela mulher.                                 
E aí começou a descida. 
Enquanto ele ainda festejava o casamento, morreu a bela Eurídice, e a taça cheia, que ele

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