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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS GRADUAÇÃO - CAMPUS CURITIBA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES ANTONIO HENRIQUE RODRIGUES SALA ANÁLISE DAS LEIS MUNICIPAIS DE INSPEÇÃO PREDIAL DAS CAPITAIS BRASILEIRAS CURITIBA – PARANÁ DEZEMBRO – 2019 ANTONIO HENRIQUE RODRIGUES SALA ANÁLISE DAS LEIS MUNICIPAIS DE INSPEÇÃO PREDIAL DAS CAPITAIS BRASILEIRAS Monografia apresentada ao programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Especialização em Patologia das Construções, oferecido pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Patologia das Construções. Orientador: Professor Doutor Rodrigo Cezar Kanning CURITIBA – PARANÁ DEZEMBRO – 2019 ANTONIO HENRIQUE RODRIGUES SALA ANÁLISE DAS LEIS MUNICIPAIS DE INSPEÇÃO PREDIAL DAS CAPITAIS BRASILEIRAS Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista no Curso de Pós-Graduação em Patologia das Construções, Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, pela comissão formada pelos professores: Orientador: _____________________________________________ Prof. Dr. Rodrigo Cezar Kanning Professor do CEPAC, UTFPR – Câmpus Curitiba. Banca: ___________________________________________ Prof. M. Eng. Amacin Rodrigues Moreira Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba. _____________________________________________ Prof. M. Eng. José Manoel Caron Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba. Curitiba 2019 “O termo de aprovação assinado encontra-se na Coordenação do Curso” “Alguém está sentado na sombra hoje porque alguém plantou uma árvore há muito tempo.” (Warren Buffett) RESUMO SALA, Antonio H. R. Análise das leis municipais de inspeção predial das capitais brasileiras. 2019. 74f. Monografia (Especialização em Patologia das Construções) – Departamento Acadêmico de Construção Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2019. A execução incorreta ou ausência da manutenção predial acaba gerando inúmeros problemas, entre eles os acidentes prediais. O poder público buscando uma solução para diminuir o número de acidentes em edificações, começou a criar leis para regulamentar a inspeção predial. Atualmente, existem várias leis de inspeção predial em vigor no Brasil, sendo que na última década o número de publicações de leis com esse tema cresceu exponencialmente. Com o intuito de obter uma visão geral do conteúdo dessas leis no Brasil, foi realizada uma pesquisa e análise das leis de inspeção predial de todas as capitais brasileiras, assim como revisão bibliográfica referente a manutenção e inspeção predial. Concluiu-se que os critérios estabelecidos nas leis atuais são bastante divergentes, além de observar que várias delas carecem de maiores detalhamentos para melhorar a sua aplicabilidade, sendo a fiscalização um item crítico a ser solucionado. Além disso, observou-se que criar leis de abrangência estadual ou nacional geraria leis de pouca efetividade, devido a diversidade de mão de obra, métodos construtivos, condições ambientais e condições econômicas entre os municípios brasileiros. Palavras-chave: Leis de inspeção predial. Manutenção predial. Inspeção predial. ABSTRACT SALA, Antonio H. R. Analysis of municipal building inspection laws in Brazilian capital cities. 2019. 74pp. Monography (Specialization in Building Pathology) - Academic Department of Building Construction, Federal Technological University of Paraná, Curitiba, 2019. Incorrect execution or the absence of building maintenance practices result in several problems, including building accidents. The public authorities seeking a solution to reduce the number of accidents in buildings began to create laws to regulate building inspection. There are currently several building inspection laws in place in Brazil, and in the last decade alone there was an exponential increase in the number of laws that came into force. In order to obtain an overview of the content of these laws in Brazil, research and analysis of the building inspection laws of all Brazilian capitals were conducted, as well as a literature review regarding building maintenance and inspection. It was concluded that the criteria established in the current laws diverge widely and it was also observed that several of them need further details to improve their applicability and moreover, enforcement is a critical item to be addressed. Another observation is that creating state or national laws would generate laws of little effectiveness due to the diversity of the workforce, construction methods, environmental conditions and economic situations among Brazilian municipalities. Keywords: Building Inspection Laws. Building maintenance. Building inspection. LISTA DE FIGURAS Figura 01 - Lei de evolução dos custos 15 Figura 02 - Desempenho de uma edificação ao longo do tempo 16 Figura 03 - Os custos da concepção, projeto e fiscalização são uma pequena parte dos custos totais (incluindo os custos de utilização e manutenção) 21 Figura 04 - Visão tríplice da Inspeção Predial 25 Figura 05 - Acidentes ocorridos em edificações com mais de trinta anos por tipo e origem 27 Figura 06 - Trâmite da lei de inspeção predial 39 Figura 07 - Museu Nacional antes do incêndio 42 Figura 08 - Museu Nacional após incêndio 42 Figura 09 - Situação dos estados quanto a lei de inspeção predial 46 LISTA DE QUADROS Quadro 01 - Influência da manutenção predial no valor do imóvel 17 Quadro 02 - Vida Útil de Projeto mínima e superior (VUP) 20 Quadro 03 - Classificação das anomalias 32 Quadro 04 - Classificação das falhas 33 Quadro 05 - Conteúdo básico do laudo de inspeção 36 Quadro 06 - Periodicidade da inspeção segundo PL 6.014/2014 44 Quadro 07 - Regulamentação da Lei Inspeção Predial nos estados e no Distrito Federal 47 Quadro 08 - Regulamentação da Lei Inspeção Predial nas capitais brasileiras 48 Quadro 09 - Condição para periodicidade de inspeção predial a cada três anos nas cidades de Fortaleza, Cuiabá e Porto Velho 53 LISTA DE SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ART Anotação de Responsabilidade Técnica CREA - PR Conselho Regional de Engenhaira e Agronomia do Paraná CREA - CE Conselho Regional de Engenhaira e Agronomia do Ceará CTB Código Brasileiro de Trânsito IBAPE Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia IBAPE - SP Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo LIP Laudo de Inspeção Predial LITE Laudo de Inspeção Técnica de Edificação NBR Norma Brasileira PL Projeto de Lei RRT Registro de Responsabilidade Técnica SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 11 1.1 PROBLEMA ................................................................................................. 12 1.2 OBJETIVOS ................................................................................................. 12 1.2.1 Objetivo principal ................................................................................... 12 1.2.2 Objetivos específicos .............................................................................12 1.3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 12 1.4 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO ............................................................. 13 2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 14 2.1 MANUTENÇÃO PREDIAL ........................................................................... 14 2.1.1 Classificação da Manutenção ................................................................ 16 2.1.2 Vida Útil e Vida Útil de Projeto ............................................................... 19 2.1.3 O Projeto e a Manutenção Predial ......................................................... 20 2.1.4 Manual de Uso, Operação e Manutenção das Edificações ................... 21 2.1.5 Das Responsabilidades ......................................................................... 22 2.2 INSPEÇÃO PREDIAL .................................................................................. 25 2.2.1 Roteiro para Realização de uma Inspeção Predial ................................ 28 2.3 LEIS DE INSPEÇÃO PREDIAL .................................................................... 37 3 MÉTODO DE PESQUISA ................................................................................... 43 4 ANÁLISE DAS LEIS DE INSPEÇÃO PREDIAL ................................................ 44 4.1 LEIS E PROJETOS DE LEIS A NÍVEL ESTADUAL E FEDERAL ................ 44 4.2 ANÁLISE DAS LEIS MUNICIPAIS DE INSPEÇÃO PREDIAL ..................... 47 4.2.1 Edificações Abrangidas pela Legislação ............................................... 50 4.2.2 Periodicidade de Acordo com a Idade/Tipologia da Edificação ............. 51 4.2.3 Sanções/Multas ..................................................................................... 54 4.2.4 Documentos Resultantes ....................................................................... 55 4.2.5 Prazos para Medidas Saneadoras ......................................................... 56 4.2.6 Fiscalização pelo Poder Público ............................................................ 57 5 CONCLUSÕES ................................................................................................... 59 5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................... 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 63 APÊNDICE A - QUADRO RESUMO DAS LEIS MUNICIPAIS DE INSPEÇÃO PREDIAL DAS CAPITAIS BRASILEIRAS ............................................................... 69 11 1 INTRODUÇÃO A conscientização da sociedade no que tange à segurança das pessoas, diminuição das despesas, possibilidade de perda da garantia pela não execução ou execução incorreta da manutenção predial e possíveis ações de responsabilidade, passou por um processo exponencial de maior conhecimento e, paralelamente à isso, as construtoras, os proprietários e os gestores prediais começaram a ter uma atenção maior ao atendimento das normas técnicas e da legislação pertinente ao tema. Devido a essa crescente demanda no campo da manutenção e inspeção predial, o trabalho voltado para esta área de atuação começou a ganhar maior importância no Brasil, visto que este setor não era alvo de grande interesse em nosso país, se comparado com o setor da construção das edificações. Ao contrário do que ocorre no Brasil, nos países desenvolvidos a inspeção predial é uma prática rotineira, pois existe uma considerável preocupação em manter o patrimônio predial em boas condições de uso. Nos Estados Unidos e no Canadá, antes de qualquer transação imobiliária é necessário que seja feita uma inspeção predial no imóvel. Além disso, atrás das portas de prédios públicos e dos imóveis residenciais colocados para venda e locação, geralmente é colocado o Certificado de Inspeção Predial, onde constam as condições físicas, bem como, o estado de conservação da edificação (BRANCO e NEVES, 2009). A ocorrência de desastres ocasionados por falta de manutenção predial ou pela execução inadequada de reformas, como a queda de marquises, incêndios, desabamentos, entre tantos outros, gera grandes prejuízos financeiros e são uma grande ameaça à segurança das pessoas. Entre os desastres ocorridos no Brasil, destaca-se o colapso estrutural do edifício Liberdade e mais dois prédios vizinhos no município do Rio de Janeiro no ano de 2012, a qual foi dada ampla cobertura e divulgação pela mídia nacional. Em virtude dos frequentes acidentes, a sociedade começou a cobrar do governo uma fiscalização mais estruturada para assegurar que os imóveis tenham a segurança necessária. Várias prefeituras que não possuíam leis que regulamentassem a vistoria predial, começaram a estudar o assunto e diversas delas já elaboraram ou estão elaborando leis específicas para regulamentar este setor. 12 Somente nesta década, diversas leis municipais voltadas a inspeção predial entraram em vigor ou passaram por atualização e a principal norma técnica de manutenção predial a Norma Brasileira (NBR) 5674: Manutenção de edificações - Requisitos para o sistema de gestão de manutenção, foi atualizada também nesta década, no ano de 2012. 1.1 PROBLEMA Observa-se que as leis municipais que versam sobre a inspeção predial não são homogêneas, mesmo elas tendo sido redigidas para tratar do mesmo problema, que é a falta de manutenção adequada das edificações e as possíveis consequências que isso poderá ocasionar. Nesse contexto, observa- se que diversas delas não possuem itens objetivos de inspeção predial ou fazem exigências de difícil aplicação prática, o que acaba tornando a lei ineficiente. 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo principal ▪ Revisar a bibliografia relativa à manutenção e inspeção predial, apresentando uma visão geral acerca do tema, expondo os principais conceitos e sua importância. 1.2.2 Objetivos específicos ▪ Fazer uma análise crítica das diversas leis municipais de inspeção predial das capitais brasileiras; ▪ Avaliar a necessidade das leis de inspeção predial; ▪ Propor alguns critérios essenciais que deverão nortear a elaboração/atualização das leis municipais de inspeção predial. 1.3 JUSTIFICATIVA Devido a atual divergência de critérios entre as atuais leis municipais de inspeção predial, o baixo cumprimento das leis de inspeção predial em vigor e também 13 devido ao fato de vários municípios nem ao menos possuírem tal lei, necessita-se de maiores estudos e uma discussão mais aprofundada sobre este tema. Assunto este de grande importância, devido ao fato dele sempre a vir à tona quando do acontecimento de algum acidente predial, como novamente voltou a ocorrer no dia 15 de outubro de 2019, devido ao desabamento do edifício Andrea, na cidade de Fortaleza, município que já conta com lei de inspeção predial. Nesse contexto, uma análise crítica dessas leis, comparando os diversos critérios estabelecidos em cada umas das leis de inspeções prediais das capitais brasileiras e destacando a importância de cada um desses critérios, poderá contribuir para que as futuras leis de inspeção predial se tornem mais eficientes, atingindo desta forma, os fins de sua elaboração. 1.4 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO O capítulo 01 apresenta introdução ao tema, os objetivos do presente trabalho, justificativa da escolha do tema e a estruturação do trabalho. No capítulo 02, é feita a revisão bibliográfica, primeiramente da manutenção predial, abordando seus conceitos, suas classificações, normas relativas ao tema e a definição das reponsabilidades pela manutenção das edificações. Posteriormente é abordado o tema da inspeção predial, destacando a importância da sua realização e a descrição da metodologia para a execução da inspeção predial segundo a normado Ibape. O capítulo 03 aborda o assunto das leis de inspeção predial e breve histórico das leis de inspeção no Brasil. São apresentadas as leis e os projetos de lei relativos a inspeção predial no Brasil, nos estados e capitais brasileiras. As leis municipais são analisadas de forma geral e segundo as sanções/multas, documentos resultantes, prazos para medidas saneadoras, fiscalização pelo poder público, periodicidade e edificações abrangidas pela legislação. No capítulo 04 encontram-se relatadas as conclusões obtidas do desenvolvimento do presente trabalho e as sugestões para trabalhos futuros. Ao final é apresentada a lista de referências bibliográficas e o Apêndice contendo o quadro resumo das leis municipais de inspeção predial das capitais brasileiras. 14 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 MANUTENÇÃO PREDIAL A manutenção predial, conforme NBR 15575-1 (2013), é definida como uma série de serviços que devem ser executados ao longo da vida total da edificação, a fim de conservar ou recuperar o seu uso e para atender as necessidades e segurança dos seus usuários. Ela também pode ser definida como “o conjunto de atividade que garante e recupera os desempenhos de elementos e sistemas construtivos, conforme previsto em projeto e dentro do prazo de vida útil” (IBAPE-SP, 2015, p. 21). Das definições acima, é possível constatar a importância da execução da manutenção predial para que as edificações mantenham a segurança e o desempenho requerido pelos usuários, influenciando diretamente a vida útil do edifício. Fazendo-se uma comparação com a manutenção de um automóvel, tem-se a clareza que há muito o que evoluir quando se pensa em manutenção predial no Brasil. A manutenção do automóvel é toda programada pelas concessionárias, onde são estabelecidas as manutenções futuras conforme a quilometragem atingida pelo veículo. O preço que irá custar cada uma das revisões também é previamente repassado ao consumidor, além de deixá-lo ciente de suas responsabilidades e da possível perda da garantia caso não se faça as manutenções previstas. No caso da compra de um imóvel, em alguns casos, o manual do proprietário não é entregue ou é entregue com conteúdo deficitário (MICHELIN, 2005). Com isso, o proprietário fica sem saber quando exatamente há a necessidade de proceder com a manutenção, sendo normalmente executada quando já está com implicações em seu uso. Tampouco é oferecida a ele uma previsão dos gastos futuros com a manutenção e as implicações da perda da garantia pela não execução ou execução incorreta da manutenção. Além da carência de informações e de recursos, há também a falta de cultura do brasileiro em relação a execução da manutenção preventiva, somente quando a edificação perde a sua função ou há risco a segurança aos usuários é que ela é realizada, enquadrando-se então na manutenção corretiva (OLIVEIRA, 2013). 15 Atuando somente na manutenção corretiva há uma grande perda econômica, já que de acordo com a Lei da Evolução dos Custos, descrita por Sitter (1984 apud HELENE,1992), o custo relativo de intervenção cresce segundo uma progressão geométrica de razão cinco entre cada umas das etapas, conforme mostra a Figura 01. Figura 01 - Lei de evolução dos custos Fonte: Sitter (1984) apud Helene (1992). Observa-se na Figura 02, que a adequada execução da manutenção ao longo do tempo acarreta em um acréscimo da vida útil do imóvel. O proprietário ganha desta forma segurança e economia de dinheiro, já que o imóvel será mais valorizado e as pequenas e programadas manutenções possuem um custo menor do que realização de grandes manutenções. Os proprietários teriam que ter a percepção que os seus maiores dividendos são manter o imóvel em plenas condições de uso e operação, com segurança, com economia e assim garantir o seu valor de mercado (PINI, 2006). 16 Figura 02 - Desempenho de uma edificação ao longo do tempo Fonte: ABNT NBR 15575: Parte 1 (2013). Apesar de garantir o valor de mercado, a manutenção de um imóvel necessita de um aporte financeiro para arcar com a sua execução. Por isso, é importante frisar que um bom plano de manutenção deve conter a previsão orçamentária, exigência já cobrada na NBR 5674 em seu item 4.3.2, alínea “m”. 2.1.1 Classificação da Manutenção A manutenção predial segundo a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), NBR 5674 (2012), é dividida entre manutenção rotineira, preventiva e corretiva. Devendo a gestão entre elas ser realizada de maneira coordenada. Segundo Pini (2006), de acordo com o tipo de manutenção predial realizada no imóvel, ele pode obter uma valorização de até 15% sobre o seu valor total, se houver a implantação de um plano adequado de manutenção predial, com grandes intervenções na fase inicial. No Quadro 01 é demonstrada a influência no valor do imóvel de acordo com o tipo e a qualidade da manutenção realizada. 17 Quadro 01 – Influência da manutenção predial no valor do imóvel Valorização ou Desvalorização Estimativa periódica em função da qualidade da manutenção Manutenção Excepcional (preventiva e melhoria especial) + 15 % Manutenção Ótima (preventiva e de melhoria) + 10 % Manutenção Normal (preventiva) + 7,5 % Manutenção Mínima (corretiva) 0 Manutenção Deficiente (corretiva eventual) - 7,5 % Manutenção Péssima (improvisações) - 10 % Manutenção Inexistente (apenas limpeza) - 15 % Fonte: Pini (2006, P. 106) 2.1.1.1 Manutenção rotineira A manutenção rotineira é descrita na NBR 5674 (2012, p.8) como “um fluxo constante de serviços, padronizados e cíclicos, citando-se, por exemplo, limpeza geral e lavagem de áreas comuns.” Conforme Villanueva (2015, p. 82, apud Gomide et al., 2006), durante a realização da manutenção rotineira pode-se estabelecer que a equipe responsável pela manutenção de rotina fique atenta para as anomalias do edifício que estejam comprometendo o seu uso ou que necessitam de reparação. É destacado a importância do feedback da equipe de manutenção de conservação para que se possa fazer o planejamento, avaliação e análise, com isso as demais intervenções tornam-se mais eficientes e não necessitam de retrabalho. 2.1.1.2 Manutenção preventiva Descrita como sendo uma manutenção planejada, a manutenção preventiva tem como finalidade agir com antecedência para evitar quebras, falhas e perda de desempenho dos sistemas e equipamentos. De acordo com os manuais técnicos dos equipamentos, grau de utilização e histórico de quebras é feito um plano de manutenção, prevendo intervenções 18 periódicas nos equipamentos/sistemas a fim de mantê-los seguros e com o índice de desempenho dentro do projetado. A NBR 5674 caracteriza a manutenção preventiva como sendo: Serviços cuja realização seja programada com antecedência, priorizando as solicitações dos usuários, estimativas da durabilidade esperada dos sistemas, elementos ou componentes das edificações em uso, gravidade e urgência, e relatórios de verificações periódicas sobre o seu estado de degradação (NBR 5674, 2012, p.8). Pode-se citar como exemplos de manutenção preventiva a lubrificação de equipamentos e a pintura de paredes. A primeira evita o desgaste entre as peças, o que poderia ocasionar uma quebra e um gasto maior para a aquisição de uma nova peça. A segunda, ajuda a proteger a edificação das intempéries, além da função estética que ela proporciona. Desta forma, a manutenção preventiva da pintura ajuda na proteção contra infiltrações e a manter o edifício com bom aspecto visual, o que irá refletir em seu valor de mercado. 2.1.1.3 Manutenção corretiva A manutenção corretiva consiste na execução de serviços que visam a reparação, com o objetivo de corrigir falhas. Implicando na paralisação de um sistema/equipamento, podendo a intervenção possuir prazode duração longo ou não (CREA-PR, 2016). De acordo com a norma da ABNT, NBR 5674 (2012, p. 8), a manutenção corretiva é “caracterizada por serviços que demandam ação ou intervenção imediata a fim de permitir a continuidade do uso dos sistemas, elementos ou componentes das edificações, ou evitar graves riscos ou prejuízos pessoais e/ou patrimoniais aos seus usuários ou proprietários”. Segundo Pujadas (2005), ela pode ser planejada ou não planejada (emergencial). As planejadas fazem parte do plano de manutenção que se valeu de dados sobre a manutenção preventiva e prazos de vida útil dos sistemas. Neste caso “pelo seu próprio nome planejado, indica que tudo o que é planejado, tende a ficar mais barato, mais seguro e mais rápido” (COSTA, 2013, apud OTANI & MACHADO, 2008, p. 4). 19 A manutenção corretiva não planejada ou emergencial, apresenta vários problemas, Leite (2009) cita alguns: ▪ A paralização de máquinas e equipamentos e a consequente perda econômica pelo tempo parado enquanto é realizado o conserto delas; ▪ Dificuldade de conseguir recursos em tempo hábil para sanar o problema; ▪ Aumento dos gastos na contratação dos serviços devido à situação emergencial; ▪ Possibilidade de agravamento do problema. 2.1.2 Vida Útil e Vida Útil de Projeto A vida útil pode ser considerada como o período de tempo compreendido entre o início da utilização da edificação até o momento em que o seu desempenho deixa de atender às exigências do usuário (CREA-PR, 2016). Pode-se definir a vida útil de uma edificação como: Período de tempo em que um edifício e/ou seus sistemas se prestam às atividades para as quais foram projetados e construídos considerando a periodicidade e correta execução dos processos de manutenção especificados no respectivo Manual de Uso, Operação e Manutenção (NBR 15575-1, 2013, p. 10). A vida útil de uma edificação pode ser vista de maneira ampla, envolvendo o projeto, os materiais, a execução, operação, o uso e a manutenção sob o enfoque de desempenho, qualidade e sustentabilidade (MEDEIROS, ANDRADE e HELENE, 2011). Podem interferir na vida útil a destinação de uso, os materiais empregados na construção, alterações climáticas, níveis de poluição, mudanças no entorno da obra, entre outras variáveis (NBR 15575-1, 2013). A NBR 15575 - Edificações Habitacionais - Desempenho, conhecida como Norma de Desempenho, explica o conceito de vida útil de projeto, que se diferencia da vida útil por ela ser previamente estimada pelo projetista, podendo ou não ser atingida de acordo com as manutenções realizadas e a interferência dos fatores descritos na NBR 15575-1. 20 A primeira versão da norma de desempenho foi publicada em maio de 2008 e a versão mais recente é de julho de 2013. O surgimento desta norma teve o intuito de atender as exigências dos usuários, estabelecendo requisitos e critérios mínimos que o edifício e seus sistemas devem atingir. Segundo a referida norma, o projetista deve indicar qual será a vida útil de projeto para cada um dos sistemas da edificação. No Quadro 02 constam os valores da vida útil mínima e superior para cada um dos sistemas da edificação. Quadro 02 - Vida Útil de Projeto mínima e superior (VUP) Fonte: ABNT NBR 15575: Parte 1 (2013). É importante destacar que para uma edificação atingir a sua vida útil é necessário que seja feita a manutenção adequada da mesma, conforme definição de vida útil. 2.1.3 O Projeto e a Manutenção Predial Durante a elaboração do projeto pode-se reduzir grande parte dos custos que irão ocorrer ao longo da vida útil do edifício. Isso é possível se o projetista especificar corretamente os materiais que serão utilizados na construção, prever sistemas e métodos construtivos de acordo com a destinação de uso da edificação e levar em consideração as condições climáticas que a obra será submetida. Conforme Silva e Soares (2003), são gastos com projetos cerca de 3% dos custos totais envolvidos, quantia essa muito baixa em relação ao ganho que se pode obter por meio deles. 21 A Figura 03 detalha os custos em cada fase da vida de uma edificação, desde a sua concepção até a utilização e manutenção. Nela é possível verificar que o período de utilização e manutenção é disparado o maior gasto da edificação, correspondendo por 80 % do custo total (SILVA e SOARES, 2003). Figura 03 - Os custos da concepção, projeto e fiscalização são uma pequena parte dos custos totais (incluindo os custos de utilização e manutenção) Fonte: Silva e Soares, 2003. Deve ser previsto no projeto a manutenibilidade do edifício, isto é “manter a capacidade do edifício e de seus sistemas e permitir ou favorecer as inspeções prediais, bem como as intervenções de manutenção previstas no manual de operação, uso e manutenção” (NBR 15575-1, 2013, p.29). Há formas simples de prever a manutenção no projeto, por exemplo, a instalação de apoios para a instalação de equipamentos de limpeza e manutenção de fachadas, assim como prever nas partes planas caimentos com inclinações suficientes para evitar o acúmulo de água. 2.1.4 Manual de Uso, Operação e Manutenção das Edificações Constata-se das definições de manutenção predial, a importância do manual de uso, operação e manutenção das edificações, também conhecido como manual do proprietário quando aplicado para áreas autônomas e o manual do síndico ou manual das áreas comuns, quando aplicado para áreas comuns. 22 O guia de elaboração do manual é a norma da ABNT, NBR 14037 – Diretrizes para elaboração do manual de uso, operação e manutenção das edificações – Requisitos para elaboração e apresentação dos conteúdos, publicada pela primeira vez em 1998, sendo a atual do ano de 2014. Segundo a NBR 15575-1 (2013, p. 9), o manual de uso, operação e manutenção das edificações é o “documento que reúne apropriadamente todas às informações necessárias para orientar as atividades de operação, uso e manutenção da edificação”. O surgimento da obrigação da elaboração do manual do proprietário veio de encontro com as maiores exigências em relação a durabilidade dos nossos edifícios (MICHELIN, 2005). Através dele o proprietário e todos os envolvidos na obra percebem a sua responsabilidade em cada uma das fases da vida do edifício. Um manual bem elaborado deve informar as características técnicas da edificação, descrever os serviços necessários para a conservação, uso e manutenção da edificação e dos equipamentos, descrever as condições de utilização da edificação, contribuir para que a edificação atinja a vida útil de projeto e prevenir a ocorrência de falhas ou acidentes ocasionados pelo uso inadequado (NBR 14037, 2014). De posse do referido manual, o proprietário, condomínio ou o representante legal responsável pela edificação deve elaborar o programa de manutenção. Recomenda-se que tanto a elaboração do programa de manutenção, como a execução dos serviços de manutenção sejam realizados por profissional ou empresa qualificada. O programa de manutenção deve estar de acordo com a NBR 5674, indicando a periodicidade, procedimentos e roteiros recomendáveis para a manutenção da edificação, descrevendo as condições de manutenibilidade previstas em projeto (NBR 14037, 2014). 2.1.5 Das Responsabilidades Com a promulgação da Constituição Federal em 1988, a proteção ao consumidor ganhou expressiva importância, já que nela é previsto que o Estado deverá promover a defesa do consumidor na forma da lei e também estabeleceu ele como um dos princípios da ordem econômica, conforme seus artigos 5° e 170°: 23 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:[...] XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; [...] Art. 170° A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: [...] V - defesa do consumidor; (BRASIL, 1988) Como resultado da Constituição Federal, surgiu em 11 de setembro de 1990 a Lei n.º 8.078 que institui o Código de Proteção e Defesa do Consumidor. Nela consta que as relações de consumo tem por objetivo: O atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo (BRASIL, 1990). Logo, constata-se que essa lei também rege a relação de consumo entre o construtor e o comprador do imóvel. No artigo 12 é determinada a responsabilidade do construtor, citando que ele responde independentemente da existência de culpa, por defeitos originados de projeto, fabricação, construção e até por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. O artigo 50 da mesma lei trata da garantia, nele consta que o termo de garantia deve ser padronizado, contendo os ônus a cargo do consumidor e vir acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso do produto em linguagem de fácil compreensão. Conforme os artigos 12 e 50 do Código de Defesa do Consumidor, fica claro que além da responsabilidade do construtor pela construção em si, a importância da prestação de informações para o consumidor através de manuais e das implicações que podem ocorrer caso as construtoras não os forneçam. Também são estabelecidas as responsabilidades da outra parte, no caso o cliente, caso não sigam as instruções do manual fornecido pelo construtor. Com relação as responsabilidades relativas à manutenção predial, a NBR 5674 lista as responsabilidades de cada um em relação a manutenção da edificação, 24 ficando a cargo do proprietário, síndico ou empresa terceirizada a responsabilidade pela gestão da manutenção, sendo que essa última pode ser contratada pelo proprietário ou pelo síndico, caso julguem necessário. Segundo a NBR 5674 (2012), caberá a empresa ou profissional contratado a realização dos seguintes serviços: ▪ Orientar os usuários sobre o uso adequado e seguro da edificação, conforme estabelece o manual de operação, uso e manutenção; ▪ Fornecer documentos que comprovem a realização dos serviços de manutenção; ▪ Realizar inspeções prediais conforme estabelecido no programa de manutenção preventiva; ▪ Manter atualizados os documentos e registros da edificação; ▪ Elaborar as previsões orçamentárias; ▪ Supervisionar a realização dos serviços; ▪ Orçar os serviços de manutenção; ▪ Estabelecer e implementar a gestão do sistema dos serviços de manutenção, inclusive com inspeções periódicas, conforme define a NBR 5674; ▪ Prestar assessoria nas decisões que envolvam a manutenção da edificação. Juntamente ao que já é previsto na NBR 5674, o artigo 1348 do Código Civil também cita as responsabilidades do síndico, onde diz que compete a ele o dever de “diligenciar a conservação e a guarda das partes comuns e zelar pela prestação dos serviços que interessem aos possuidores” (BRASIL, 2002). Desta forma, afere-se que a responsabilidade quanto à manutenção predial de um condomínio é dever do síndico, devendo inclusive realizar a previsão orçamentária para que seja executada a manutenção preventiva conforme informações constantes no Programa de Manutenção. Assim como já especificado na NBR 5674, o Código Civil também permite ao síndico a opção de contratar empresa ou profissional para realizar a gestão da manutenção. 25 2.2 INSPEÇÃO PREDIAL Conforme Norma de Inspeção Predial do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo (IBAPE-SP, 2015), a inspeção predial tem por objetivo identificar o estado geral da edificação e de seus sistemas. Nela devem ser observados o desempenho, funcionalidade, vida útil, segurança, estado de conservação, manutenção, utilização e operação do imóvel, considerando as expectativas dos usuários. Os objetivos descritos pela Norma do Ibape-SP, condiz com Pujadas (2007), a qual cita que a inspeção predial deve atuar em dinâmica tríplice, devendo ser analisados os aspectos técnicos, funcionais e de manutenção das edificações, conforme mostra a Figura 04. Atuando dessa forma, a inspeção predial será útil tanto para Auditoria Técnica como para Avaliação da Manutenção. Figura 04 – Visão tríplice da Inspeção Predial Fonte: Pujadas (2007). A NBR 15575-1 (2013, p. 8) define a inspeção predial como a “Verificação, através de metodologia técnica, das condições de uso e de manutenção preventiva e corretiva da edificação”. Ainda na mesma norma, é dito que a inspeção predial é uma 26 ferramenta útil para a verificação das condições de conservação das edificações. Através dela é possível verificar se os serviços de manutenção estão sendo executados e são eficientes, além de fornecer recomendações técnicas que poderão orientar o plano e programa de manutenção. Das definições de manutenção infere-se que a inspeção predial é importante para revelar a real situação do imóvel quanto ao estado de conservação e segurança, e que também serve como uma ferramenta essencial no auxílio da gestão da manutenção do imóvel. Devido à importância da inspeção predial para a elaboração do plano de manutenção, o correto diagnóstico da situação/problema encontrado durante a inspeção é fundamental. Pois um diagnóstico errado pode levar a manutenção inadequada para a solução do problema, gerando perda de tempo e de gastos financeiros desnecessários, além de provocar retrabalhos. É o caso de sistemas que “nascem mortos ou doentes”, onde a manutenção pode até minimizar agravamentos ou consequências, mas não efetivamente sanar os problemas com origens em projetos e execuções defeituosas (PUJADAS, 2006). De acordo com Viera (2015), a rotina de inspeção e de manutenção é necessária para que a edificação atinja a sua vida útil ou que até consiga ultrapassá- la, visto que com essa rotina eventuais processos de degradação são verificados e tratados com antecedência. O produto gerado pela inspeção predial é o laudo, que deverá ser elaborado por profissional capacitado e habilitado legalmente. Conforme Lei Federal nº 5194, de 21/12/66, os profissionais aptos a realizar este serviço são os engenheiros e arquitetos, desde que estejam registrados nos seus respectivos conselhos de classe. Ainda não há nenhuma norma da ABNT em vigor específica para tratar sobre a inspeção predial, mas atualmente está sendo elaborada a ABNT NBR 16747 - Inspeção Predial - Diretrizes, conceitos, terminologia, requisitos e procedimento. Conforme texto-base disponível para consulta, a nova norma irá buscar uniformizar a metodologia, fornecendo para isso os métodos, diretrizes, procedimentos, definições, e requisitos relativos a inspeção predial. Ela servirá para edificações de qualquer tipologia, públicas e privadas. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE) destaca-se pelo estudo e produção de conteúdo sobre a manutenção e 27 inspeção predial, elaborando diversas normas, livros, estudos e cursos, nas áreas de perícias, avaliações, inspeções e manutenção. Em um dos estudos da Câmara de Inspeção Predial do Ibape de São Paulo, foi realizada uma investigação sobre acidentes ocorridos em edificações com mais de 30 anos, somente com dados de conhecimento comum, publicados pela imprensa e informações cadastradas no banco de dados do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (IBAPE-SP, 2015). Nesse estudo foram excluídosos acidentes ocorridos na fase de obras e em edificações com menos de 10 anos, analisando somente edificações em sua fase de uso (IBAPE-SP, 2015). Figura 05 - Acidentes ocorridos em edificações com mais de trinta anos por tipo e origem Fonte: IBAPE-SP (2015). Da Figura 05, verifica-se que a falta ou deficiência na manutenção predial e seu uso inadequado correspondem por 66% dos acidentes ocorridos no período analisado. Logo, conclui-se que a execução de um programa de manutenção, assim como a realização de inspeções periódicas, podem diminuir o risco de acidentes e deterioração precoce das edificações. 28 2.2.1 Roteiro para Realização de uma Inspeção Predial Por ser tratar de um serviço técnico, a inspeção predial precisa seguir métodos e diretrizes já testados e comprovadamente eficientes, para isso a Norma de Inspeção Predial do Ibape (2012) propõe que ela seja executada observando o roteiro abaixo. 2.2.1.1 Determinação do nível de inspeção A classificação da inspeção predial é determinada de acordo com o grau de complexidade, características técnicas, manutenção e operação da edificação e também conforme a necessidade dos profissionais para a realização do trabalho (IBAPE, 2012). Desta forma ela é classificada em três níveis, são eles: a) nível 1: inspeção predial utilizada para edificações mais simples, de baixa complexidade técnica, como casas e sobrados. Nesse nível de inspeção é necessário somente profissional de uma especialidade (IBAPE, 2012); b) nível 2: inspeção predial utilizada para edificações de média complexidade técnica, mas que possuem sistemas construtivos convencionais. Possuem sistemas que dependem da vistoria de mais de um profissional, por exemplo, edifícios de múltiplos andares e barracões industriais (IBAPE, 2012); c) nível 3: inspeção predial utilizada para edificações complexas, que possuem um sistema construtivo sofisticado e com programa de manutenção de acordo com a NBR 5674. Nesse nível, a inspeção é realizada por equipe multidisciplinar, devido aos diversos sistemas pertencentes a edificação (IBAPE, 2012). 2.2.1.2 Verificação e análise da documentação Quando da realização da inspeção predial, o inspetor predial deverá reunir o maior número de documentos disponíveis para que se possa fazer uma análise completa da situação que se encontra a edificação. 29 A relação de documentos que devem ser analisados é determinada de acordo com a tipologia e a complexidade das edificações e de seus sistemas (IBAPE, 2012). De acordo com a Norma de Inspeção Predial do Ibape (2012), os documentos se dividem em três tipologias: administrativos, técnicos e de manutenção e operação, conforme descrição abaixo: a) administrativa: os documentos administrativos retratam a situação do imóvel perante os órgãos competentes e da organização interna do condomínio. ▪ Instituição, Especificação e Convenção de Condomínio; ▪ Regimento Interno do Condomínio; ▪ Alvará de Construção; ▪ Auto de Conclusão; ▪ Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU); ▪ Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA); ▪ Alvará do Corpo de Bombeiros; ▪ Ata de instalação do condomínio; ▪ Alvará de funcionamento; ▪ Certificado de manutenção do sistema de segurança; ▪ Certificado de treinamento de brigada de incêndio; ▪ Licença de funcionamento da prefeitura; ▪ Licença de funcionamento do órgão ambiental estadual; ▪ Cadastro no sistema de limpeza urbana; ▪ Comprovante da destinação de resíduos sólidos, etc; ▪ Relatório de danos ambientais, quando pertinente; ▪ Licença da vigilância sanitária, quando pertinente; ▪ Contas de consumo de energia elétrica, água e gás; ▪ Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO); ▪ Alvará de funcionamento; ▪ Certificado de Acessibilidade. b) técnica: a documentação técnica busca analisar os projetos e as especificações técnicas da edificação. Essa análise é de suma 30 importância, pois por meio dela é possível verificar falhas de projeto ou de material que estejam causando problemas no imóvel. ▪ Memorial descritivo dos sistemas construtivos; ▪ Projeto executivo; ▪ Projeto de estruturas; ▪ Projeto de Instalações Prediais: Instalações hidráulicas, de gás, elétricas, de cabeamento e telefonia, do sistema de proteção contra descargas, de climatização e de combate a incêndio; ▪ Projeto de Impermeabilização; ▪ Projeto de Revestimentos. c) manutenção e operação: os documentos de manutenção e operação mostram o graus de comprometimento do gestor com a segurança e do desempenho da edificação e de seus sistemas (VIEIRA, 2015). Por meio deles é possível verificar como estão sendo realizados os serviços de manutenção no edifício. ▪ Manual de uso, operação e manutenção (Manual do Proprietário e do Síndico); ▪ Plano de Manutenção e Operação e Controle (PMOC); ▪ Selos dos extintores; ▪ Relatório de Inspeção Anual de Elevadores (RIA); ▪ Atestado do Sistema de Proteção a Descarga Atmosférica (SPDA); ▪ Certificado de limpeza e desinfecção dos reservatórios; ▪ Relatório das análises físico-químicas de potabilidade de água dos reservatórios e da rede; ▪ Certificado de ensaios de pressurização em mangueiras; ▪ Laudos de inspeção predial anteriores; ▪ Certificado de ensaios de pressurização em cilindro de extintores; ▪ Relatório do acompanhamento de rotina da manutenção geral; ▪ Relatórios dos acompanhamentos das manutenções dos sistemas; ▪ Específicos, tais como: ar condicionado, motores, antenas, bombas, CFTV, equipamentos eletromecânicos e demais componentes; 31 ▪ Relatórios de ensaios da água gelada e de condensação de sistemas de ar condicionado central; ▪ Certificado de teste de estanqueidade do sistema de gás; ▪ Relatórios de ensaios preditivos, tais como: termografia, vibrações mecânicas, etc; ▪ Relatórios dos acompanhamentos das manutenções dos sistemas específicos, tais como: ar condicionado, motores, antenas, bombas, CFTV, equipamentos eletromecânicos e demais componentes; ▪ Cadastro de equipamentos e máquinas. 2.2.1.3 Obtenção de informações dos usuários, responsáveis, proprietários e gestores das edificações Com o intuito de buscar maiores informações a respeito do imóvel, o inspetor deverá estabelecer diálogo com moradores e demais pessoas responsáveis pela edificação para saber sobre o uso, modificações, reformas e de problemas presentes no imóvel, como: infiltrações, trincas, fissuras, emperramento de esquadrias, vazamentos, etc. 2.2.1.4 Vistoria dos tópicos constantes na listagem de verificação Após análise das documentações, projetos e das entrevistas junto aos responsáveis pela edificação, deve ser realizada a vistoria da edificação, de seus equipamentos e sistemas. Conforme determina a NBR 5674 (2012), a inspeção deve ser realizada de acordo com os prazos estipulados no manual do proprietário/síndico e do programa de manutenção de cada edificação. Durante a vistoria deverão verificados os vários sistemas da edificação como o elétrico, hidrossanitário, estrutural, incêndio, equipamentos mecânicos, vedação, entre outros. Conforme Ibape (2012, p. 10), ela “deve ser proporcional e adequada à complexidade da edificação e ao nível de inspeção a ser realizado”. Segundo a NBR 5674 (2012), ela deve ser realizada de maneira ordenada, para que facilite os registros e sua recuperação. A vistoria deverá considerar as reclamações dos usuários, possuir um roteiro e as formas de manifestação esperadas 32 da degradação natural dos sistemas, subsistemas, elementos e equipamentos ou componentes da edificação associadas à sua vida útil, conforme indicações do manual e que resultem em risco à saúde e segurança dos usuários. 2.2.1.5 Classificação das anomalias e falhas constatadas nos itens vistoriados, e das não conformidades com a documentaçãoexaminada Pode-se dividir as não conformidades encontradas na edificação entre anomalias e falhas. Sendo que as falhas são relacionadas a problemas decorrentes de Serviços de Manutenção e Operação, já as anomalias possuem origem nas etapas de projeto, execução e de fatores externos. Conforme Pujadas (2007), é fundamental o inspetor predial ficar atento para os tipos e origens dos problemas constatados, a fim de proceder as orientações pertinentes à Manutenção ou ao Plano de Reparos. Os Quadros 03 e 04 pode ser verificada a classificação dos tipos de anomalias e falhas de acordo com a sua origem. Quadro 03 – Classificação das anomalias ANOMALIAS Endógena Originária da própria edificação (projeto, materiais e execução). Exógena Originária de fatores externos a edificação, provocados por terceiros. Natural Originária de fenômenos da natureza. Funcional Originária da degradação de sistemas construtivos pelo envelhecimento natural e, consequente, término da vida útil. Fonte: IBAPE (2012). 33 Quadro 04 – Classificação das falhas FALHAS De Planejamento Decorrentes de falhas de procedimentos e especificações inadequados do plano de manutenção, sem aderência a questões técnicas, de uso, de operação, de exposição ambiental e, principalmente, de confiabilidade e disponibilidade das instalações, consoante a estratégia de Manutenção. Além dos aspectos de concepção do plano, há falhas relacionadas às periodicidades de execução. De Execução Associada à manutenção proveniente de falhas causadas pela execução inadequada de procedimentos e atividades do plano de manutenção, incluindo o uso inadequado dos materiais. Operacionais Relativas aos procedimentos inadequados de registros, controles, rondas e demais atividades pertinentes. Gerenciais Decorrentes da falta de controle de qualidade dos serviços de manutenção, bem como da falta de acompanhamento de custos da mesma. Fonte: IBAPE (2012). 2.2.1.6 Classificação e análise das anomalias e falhas quanto ao grau de risco Nesta etapa as anomalias e falhas são classificadas de acordo com o seu grau de risco, considerando o impacto causado na sua funcionalidade e ao risco oferecido aos usuários, ao meio ambiente e ao patrimônio. Sendo a classificação dividida em três níveis, conforme alíneas abaixo: a) crítico: de acordo a norma do Ibape (2012, p.12) é enquadrado como nível crítico quando há “risco de provocar danos contra a saúde e segurança das pessoas e do meio ambiente; perda excessiva de desempenho e funcionalidade causando possíveis paralisações; aumento excessivo de custo de manutenção e recuperação; comprometimento sensível de vida útil.” 34 b) médio: anomalia ou falha que provoca perda parcial de desempenho e funcionalidade da edificação sem prejuízo à operação direta de sistemas, e deterioração precoce (IBAPE, 2012). c) mínimo: impacto capaz de causar pequenos prejuízos à estética ou atividade programável e planejada, baixo ou nenhum comprometimento do valor imobiliário, sem incidência ou sem a probabilidade de ocorrência dos riscos críticos e regulares (PUJADAS, 2006). 2.2.1.7 Definição de prioridades As ações de manutenção deverão ser elencadas em ordem decrescente de prioridade quanto ao grau de risco e intensidade das anomalias e falhas, apuradas através de metodologias técnicas apropriadas ou, ainda, pela listagem de criticidade decorrente da inspeção predial (IBAPE, 2012). 2.2.1.8 Recomendações técnicas Após análise da documentação da edificação e da constatação das não conformidades encontradas no edifício, o inspetor deverá escrever as recomendações técnicas de forma clara e simplificada para ser entregue ao gestor da edificação. Recomenda-se indicar manuais, ilustrações e normas pertinentes para facilitar as futuras providências do contratante (IBAPE, 2012). A lista de recomendações técnicas deverá ser feita de acordo com o seu grau de risco, do mais crítico para o menos crítico, ajudando o contratante do laudo na gestão da manutenção predial (DE SIQUEIRA, 2012). Entre as recomendações técnicas que podem ser incluídas estão a medidas para a reforma, retrofit e atualização do imóvel, buscando o reestabelecimento da condição inicial ou a melhora do desempenho do sistema (PINI, 2006). 2.2.1.9 Avaliação da manutenção e uso Para ambas avaliações, estado da manutenção e condições de uso, deverão ser consideradas os níveis de aprofundamento da inspeção predial, os graus de risco 35 e perdas precoce de desempenho dos sistemas e condições de regularidade do uso (IBAPE, 2012). 2.2.1.9.1 Avaliação do estado da manutenção Conforme IBAPE (2012), nessa avaliação deverá ser analisado o plano de manutenção da edificação e suas condições de execução. Verificando a coerência do plano de manutenção em relação ao especificado por fabricantes de equipamentos e sistemas inspecionados e ao que exigido por normas e/ou instruções técnicas de engenharia. Também deverão ser verificadas as condições de acesso aos equipamentos e sistemas da edificação para realização da manutenção e das condições de segurança para o mantenedor e usuários da edificação, durante a execução da manutenção (IBAPE, 2012). Caso não haja plano de manutenção, o inspetor deverá averiguar os registros de manutenção existentes e comparados com as recomendações dos fabricantes e fornecedores dos equipamentos e sistemas vistoriados (IBAPE, 2012). Após avaliar as condições de manutenção predial, ela será definida pelo inspetor como: atende, atende parcialmente ou não atende. 2.2.1.9.2 Avaliação das condições de uso Nesta avaliação as condições de uso podem ser caracterizadas como de uso regular ou de uso irregular. É definida de uso regular quando a edificação está sendo utilizada de acordo com o uso previsto em projeto, caso a utilização seja divergente do que foi previsto em projeto será caracterizada como uso irregular (IBAPE, 2012). 2.2.1.10 Recomendações gerais e de sustentabilidade O inspetor deverá inserir em seu laudo as recomendações para que a edificação otimize a utilização de seus recursos, preservando a segurança e o conforto do usuários (IBAPE, 2012). 36 2.2.1.11 Tópicos essenciais do laudo De acordo com a norma da ABNT, NBR 13752 (1996, p. 4), o laudo é definido como a “peça na qual o perito, profissional habilitado, relata o que observou e dá as suas conclusões ou avalia, fundamentadamente, o valor de coisas ou direitos.” O laudo não é um documento do tipo check list no qual são preenchidas lacunas de tabelas com um “x” ou com sistema de “sim” ou “não”. O laudo deve ser elaborado de maneira técnica, seguindo metodologias, demonstrando as etapas de trabalho e possuir uma decisão fundamentada (IBAPE-SP, 2015). No Quadro 05 estão relacionados os itens básicos que devem constar em um Laudo de Inspeção predial. Quadro 05 - Conteúdo básico do laudo de inspeção (continua) CONTEÚDO BÁSICO DO LAUDO DE INSPEÇÃO 1 Identificação do solicitante; 2 Classificação do objeto da inspeção; 3 Localização; 4 Datas das vistorias e equipe; 5 Descrição técnica do objeto: tipologia e padrão construtivo, utilização e ocupação, idade da edificação 6 Nível utilizado de inspeção; 7 Documentação analisada; 8 Critério e metodologia da inspeção; 9 Das informações: lista de verificação dos elementos construtivos e equipamentos vistoriados com a descrição e localização das respectivas anomalias e falhas. Classificação e análise das anomalias e falhas quanto ao grau de prioridade; 10 Lista de prioridades; 11 Classificação da qualidade de manutenção; 12 Lista de recomendações técnicas; 37 Quadro 05 - Conteúdo básico do laudo de inspeção (conclusão) CONTEÚDO BÁSICO DO LAUDO DE INSPEÇÃO 13 Lista de recomendações geraise sustentabilidade; 14 Relatório fotográfico (este pode ser anexo ao Laudo ou, ainda, junto de cada problema constatado e descrito no item 9); 15 Recomendação do prazo para nova Inspeção Predial; 16 Data do laudo; 17 Assinatura do(s) profissional(ais) responsável(eis), acompanhada do número do Crea ou CAU e número do Ibape; 18 Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), emitida pelo CREA, ou Registro de Responsabilidade Técnica (RRT), emitida pelo CAU. Fonte: IBAPE-SP (2015). 2.2.1.12 Responsabilidades Conforme já mencionado no item 2.2, o laudo deve ser elaborado por engenheiro(s) e/ou arquiteto(s), sendo que estes deverão recolher ART/RRT pela execução do serviço (IBAPE, 2012). As responsabilidades dos elaboradores do laudo se aterão ao nível de inspeção contratada, assim como informações, dados, conclusões, constatações e orientações nele contidas. Segundo o IBAPE-SP (2015), caso o responsável pela edificação não siga as orientações contidas no laudo, o profissional ou a empresa se exime da responsabilidade técnica. Neste caso a responsabilidade recai sobre o gestor do imóvel, já que este é o responsável legal pela manutenção do imóvel, conforme já mencionado no item 2.1.5 deste trabalho. 2.3 LEIS DE INSPEÇÃO PREDIAL Apesar de já ser exigida em normas técnicas e de forma mais superficial por meio de leis, a manutenção predial não é executada adequadamente no Brasil. Somente quando acontecem tragédias envolvendo incêndios, feridos e até mesmo 38 mortes de pessoas é que a população e o poder público despertam para a necessidade de se preocupar com a segurança dos imóveis. Devido à grande repercussão da mídia quando do acontecimento de um acidente predial e o impacto que ela causa na população, o governo busca meios de responder as cobranças oriundas da sociedade e a forma encontrada pelo poder público de oferecer uma resposta é através da elaboração de leis. O sistema de como surge a demanda da lei de inspeção até sua efetiva aplicação pode ser visto na Figura 06. Figura 06 – Trâmite da lei de inspeção predial Fonte: Autoria própria (2019). 39 As leis servem como instrumento do governo para que os indivíduos cumpram com suas responsabilidades e mantenha a ordem da sociedade, sob pena de responsabilização administrativa, civil ou penal. Elas muitas vezes são o primeiro e indispensável passo para promover mudanças culturais. Acredita-se que ao se dotar o Brasil de leis adequadas, tecnicamente e financeiramente viáveis, pode-se gerar uma maior consciência nos gestores e usuários sobre a importância de adotar políticas de conservação e manutenção (OLIVEIRA, 2013). A primeira lei brasileira de inspeção predial surgiu em Porto Alegre, no ano de 1988, devido à queda de duas marquises (PACHECO; OLIVEIRA; FILHO, 2013). Já em 1989, a Prefeitura Municipal de Aracaju aprovou a Lei 1.474, onde era exigido que a cada cinco anos após à expedição do habite-se, os proprietários ou administradores das edificações, públicas ou privadas, deveriam apresentar à Prefeitura laudo de vistoria das condições de manutenção dos imóveis. Nesta lei já era prevista a punição dos responsáveis pela edificação caso a manutenção do imóvel não estivesse adequada as exigências municipais. Passadas mais de três décadas do surgimento das primeiras leis, ainda não foi possível achar um modelo que seja eficiente, visto que mesmo em lugares onde elas já existem, a aplicação delas é baixa. De acordo com Roxo e Parahyba (2017), em Niterói, depois de três anos da criação da lei somente 2,4% das edificações haviam sido vistoriadas e no Rio de Janeiro somente 48 mil das 270 mil edificações foram vistoriadas depois de 4 anos da criação da lei. Para obter melhor aplicabilidade, a elaboração de uma lei de inspeção deve observar vários aspectos, entre eles as características regionais, analisando-se as condições ambientais, as edificações, os profissionais que executarão as inspeções e os responsáveis pelas edificações. Essa consideração em relação a regionalização é muito importante, pois não trará uma demanda de difícil atendimento pelos contratantes ou pelos contratados pela inspeção (VIEIRA, 2015). Para Oliveira e Filho (2008), as leis de inspeção devem ser formuladas considerando a condição, idade e importância da edificação a ser vistoriada, tendo nível de exigência de acordo com estes quesitos, desta forma as leis serão mais eficazes. Após a elaboração das leis, segue-se para a próximo fase que é a sua aplicação. Nesta etapa surgem alguns obstáculos que dificultam o seu cumprimento 40 e sua eficácia, podendo ser de ordem econômica, técnica, de gestão e até mesmo cultural, conforme descrição abaixo: a) econômica: falta de recurso financeiro para seja realizada a inspeção predial de acordo com o que é estabelecido em lei. Ocorre quando a lei não observa se os encargos que ela está impondo para a população estão de acordo com a capacidade financeira das pessoas atingidas por ela; b) técnica: este problema acontece quando há equívocos na execução da manutenção e/ou inspeção da edificação. Um exemplo para este caso ocorre quando a inspeção predial é realizada, mas não com o nível de inspeção necessário, deixando alguns problemas passarem despercebidos, fornecendo a falsa sensação de segurança para seus usuários; c) de gestão: neste caso a pessoa/empresa que é responsável pela gestão da manutenção da edificação não a faz por falta de planejamento ou desconhecimento de suas obrigações. O problema de gestão também pode ocorrer por parte do poder público, isso acontece quando o governo não possui estrutura para fazer a correta fiscalização das edificações; d) cultural: ocorre quando a sociedade não possui entendimento da importância da execução da manutenção predial. Destaca-se que além do baixo cumprimento da lei no setor privado, muitas vezes o próprio governo não cumpre com o que é estabelecido na legislação. São vários os casos divulgados pela mídia que mostram o descaso com a manutenção dos prédios públicos, deixando em situação precária escolas, hospitais, rodovias, museus, entre outros prédios públicos. O incêndio ocorrido no Museu Nacional no município do Rio de Janeiro em setembro de 2018 reflete bem essa situação. Conforme Fioravanti (2019), a provável causa do incêndio foi devido a instalação elétrica irregular, além de não haver hidrantes de parede, sprinklers e alarme de incêndio. Irregularidades que poderiam ter sido verificadas com a realização da inspeção predial. Embora o Rio de Janeiro possua uma lei de inspeção predial bem elaborada, tanto a nível municipal quanto estadual, além das normas de segurança contra 41 incêndio e pânico, não foi possível evitar este incêndio. As Figuras 07 e 08 mostram a destruição causada pelo incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Figura 07 – Museu Nacional antes do incêndio Fonte: www.terra.com.br (2018). Figura 08 – Museu Nacional após incêndio Fonte: www.dw.com (2018). Apesar de muitas vezes a lei não ser atendida em sua plenitude, ela pode ser o primeiro passo para o desenvolvimento de uma cultura que se preocupa com a segurança de seus imóveis. Em Porto Alegre, após a implantação da lei que http://www.terra.com.br/ http://www.dw.com/ 42 determinava a inspeção de marquises, foi gerado um grande número de laudos nos primeiros anos, muitos de baixa qualidade técnica. Soma-se a isso à dificuldade de fiscalização, gerou-se uma situação em que muitos laudos recebidos ficassem sem a devida análise. Mas com o passar do tempo, vários profissionais foram se especializando na área de inspeção e o poder público também foi se aperfeiçoando na gestão de fiscalização. Logo, apesar das dificuldades de sua implementação, a lei de inspeção de marquises começou a mudar a maneira como a segurançade elementos de fachadas era vista em Porto Alegre (FILHO e CAMPAGNOLO, 2005 apud OLIVEIRA e FILHO, 2008). 43 3 MÉTODO DE PESQUISA Para o levantamento das leis municipais de inspeção predial, foram efetuadas buscas nos sites das prefeituras municipais de interesse, sites destinados a divulgação de leis e também em trabalhos cujo tema estudado seja as leis de inspeção predial. Realizadas as buscas na internet, as capitais cujas leis não foram encontradas em meio digital, foram contatadas via e-mail e sítios eletrônicos das prefeituras e das câmaras municipais para verificar se o município possuía regulamentação quanto a inspeção predial. Dos 14 municípios cujas leis não foram achadas na internet e que foram contatados, somente quatro deram retorno e, destes, somente o município Vitória possuía a lei de inspeção predial. De posse das leis municipais, foi realizada análise de cada uma delas, inserindo em tabela (Apêndice A - Quadro resumo das leis municipais de inspeção predial das capitais brasileiras) as seguintes informações: região, município, número das leis e decretos, periodicidade das inspeções prediais, idade/tipologia da edificação a ser vistoriada, edificações abrangidas pela legislação, sanções/multas, documentos gerados e fiscalização. A análise contemplou somente as leis e decretos em vigor, portanto os projetos de lei não foram objetos de estudo, assim como as leis estaduais. 44 4 ANÁLISE DAS LEIS DE INSPEÇÃO PREDIAL 4.1 LEIS E PROJETOS DE LEIS A NÍVEL ESTADUAL E FEDERAL Em âmbito nacional ainda não há uma legislação que regule o tema de inspeção predial, mas tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 6.014, de 2014 (PL 6.014/2014), de origem no Senado Federal. Atualmente este projeto de lei está aguardando parecer do relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. O PL 6.014/2014 prevê a realização periódica de inspeções em edificações visando a verificação das condições de estabilidade, segurança construtiva e manutenção, e também cria o Laudo de Inspeção Técnica de Edificação (LITE). É estabelecido neste projeto de lei as edificações a serem inspecionadas, periodicidade das inspeções, as competências do órgão fiscalizador e do proprietário/responsável pela edificação, além dos itens que o LITE deverá conter. Consta no PL 6.014/2014 que todas as edificações estão sujeitas as inspeções periódicas, exceto barragens, estádios de futebol e edificações residenciais de até três pavimentos. Exige-se que a primeira inspeção ocorra após transcorridos 10 anos da emissão do habite-se e que tenha a periodicidade de acordo com as condições constantes no Quadro 06. Quadro 06 – Periodicidade da inspeção segundo PL 6.014/2014 (continua) PERIODICIDADE IDADE/TIPOPOLOGIA 1 ano Edificações com 60 anos ou mais de construção. 2 anos Edificações com 50 a 59 anos de construção. 3 anos Edificações com 40 a 49 anos de construção e edificações não residenciais com até 39 anos de construção caso se enquadrem ao menos em uma das seguintes categorias: I – as que tenham mais de 2.000 m² de área construída; II – as que tenham mais de 4 pavimentos; III – as com capacidade para eventos ou atividades destinadas para mais de 400 pessoas; ou 45 Quadro 06 – Periodicidade da inspeção segundo PL 6.014/2014 (conclusão) PERIODICIDADE IDADE/TIPOPOLOGIA 3 anos IV – hospitais, prontos-socorros e outras unidades de atendimento à saúde. 5 anos Edificações com até 39 anos de construção. Fonte: Autoria própria (2019). Também a nível nacional, em 2012 foi elaborado na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei n° 3.770 (PL 3.770/2012), o qual está arquivado desde abril de 2019. Nele era estabelecida a obrigatoriedade de vistorias periciais e manutenções periódicas nas edificações em todo o território nacional, bem como as regras de manutenção preventiva e corretiva de danos aos consumidores adquirentes e usuários de imóveis. No PL 3.770/2012 era determinada a realização de vistoria nas edificações públicas ou privadas, com mais de 5 anos da concessão do habite-se, não prevendo a exclusão de nenhuma tipologia de imóvel. A periodicidade da inspeção predial prevista neste projeto de lei tanto para edificações públicas como para privadas, deveria ser a cada 5 anos para imóveis com até 20 anos de construção e a cada 3 anos para imóveis com mais de 20 anos de construção. Apesar do PL 3.770/2012 já estar arquivado, ao analisar ambos os projetos de lei, verifica-se que há divergências entre eles nos quesitos de periodicidade e de edificações a serem inspecionadas. Isso demonstra que o assunto ainda precisa de maior debate, pois mesmo os legisladores tendo o mesmo objetivo que é a criação de uma lei visando a segurança da população, não convergem quanto aos quesitos a serem cobrados na lei de inspeção predial. A nível estadual, das 27 unidades federativas somente o Distrito Federal, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Pernambuco e Sergipe possuem leis de inspeção predial, sendo que as leis do Distrito Federal, Mato Grosso e Pernambuco ainda carecem de regulamentação pelo poder executivo. Além das leis já em vigor, verifica-se que há em cinco estados projeto de lei de inspeção predial. A Figura 09, mostra a situação de cada estado em relação a lei de inspeção predial. 46 Figura 09 – Situação dos estados quanto a lei de inspeção predial Fonte: Autoria própria (2019). O estado de São Paulo além do Projeto de Lei n.º 234/2012, que está em trâmite, sofreu em 2017 veto do governador ao Projeto de Lei n.º 869/2016 que instituía a "Política Estadual de Inspeção Predial" e a obrigatoriedade de inspeção periódica nas edificações no estado de São Paulo. Segundo Marko (2017), o veto do governador foi baseado no conceito que cabe aos municípios legislar sobre matérias de caráter urbanístico municipal e a consequente aprovação da lei seria inconstitucional por desarmonia com o princípio federativo que consagra a autonomia municipal e confere aos municípios competência para legislar sobre assuntos de interesse local. 47 O Quadro 07 detalha a regulamentação de cada estado em relação as leis de inspeção predial. Quadro 07 – Regulamentação da lei inspeção predial nos estados e no Distrito Federal ESTADO LEI DE INSPEÇÃO PREDIAL Acre Não possui regulamentação Alagoas Não possui regulamentação Amapá Não possui regulamentação Amazonas Não possui regulamentação Bahia Não possui regulamentação Ceará Não possui regulamentação Distrito Federal Lei nº 3.684/2005 - Não Regulamentada Espírito Santo Projeto de Lei nº 239/2016 - Arquivado Goiás Projeto de Lei nº 05/2012 Maranhão Projeto de Lei nº 54/2018 Mato Grosso Lei Ordinária nº 10492/2017 - Não Regulamentada Mato Grosso do Sul Não possui regulamentação Minas Gerais Projetos de Lei nº 871/2015 e nº 583/2015 Pará Não possui regulamentação Paraíba Não possui regulamentação Paraná Não possui regulamentação Pernambuco Lei Estadual n.º 13.032/2006 - Não Regulamentada Piauí Não possui regulamentação Rio de Janeiro Lei Estadual nº 6.400/2013 Rio Grande do Norte Projeto de Lei (n.º não informado) Rio Grande do Sul Não possui regulamentação Rondônia Não possui regulamentação Roraima Não possui regulamentação Santa Catarina Não possui regulamentação São Paulo Projeto de Lei n.º 234/2012 e Projeto de Lei 869/2016 (Vetado pelo governador) Sergipe Lei n.º 7813/2014 Tocantins Não possui regulamentação Fonte: Autoria própria (2019). 4.2 ANÁLISE DAS LEIS MUNICIPAIS DE INSPEÇÃO PREDIAL Com o intuito de obter um panorama geral da situação das leis de inspeção predial no Brasil, foi realizada pesquisa e análise delas em todas as capitais brasileiras. Foge ao escopo da presentepesquisa o aprofundamento sobre os projetos 48 de lei, em virtude que eles estão em processo de discussão e ainda não possuem poder regulamentar. Conforme Quadro 08, das 27 capitais brasileiras somente 14 possuem lei ou decreto que regulamente a inspeção predial, sendo que três (São Luís, João Pessoa e Natal) ainda aguardam regulamentação pelo Poder Municipal. Quadro 08 – Regulamentação da lei inspeção predial nas capitais brasileiras (continua) REGIÃO MUNICÍPIO NÚMERO DA LEI/DECRETO Norte Rio Branco Não possui regulamentação Macapá Não possui regulamentação Manaus Não possui regulamentação Belém Lei n.º 7.737, de 16/11/1994 Porto Velho Lei Complementar n.º 764, de 21/05/2019 Boa Vista Não possui regulamentação Palmas Não possui regulamentação Nordeste Maceió Lei n.º 6.145, de 01/06/2012 Decreto n.º 7.448 de 19/11/2012 Salvador Lei n.º 5.907, de 23/01/2001 Decreto n.°13.251, de 27/09/2001 Fortaleza Lei n.º 9.913, de 16/07/2012 Decreto n.º 13.616, de 23/06/2015 São Luís Lei Promulgada n.º 260, de 22/05/2013. Obs.: Não está regulamentada pelo Poder Municipal João Pessoa Lei n.º 11.945, de 18/06/2010. Obs.: Não está regulamentada pelo Poder Municipal Recife Não possui regulamentação. Teresina Não possui regulamentação. Natal Lei Municipal n.º 562/2018. Obs.: Não está regulamentada pelo Poder Municipal Aracaju Lei n.º 1.474, de 16/06/1989 Lei n.º 2.765, de 30/12/1999 Centro- Oeste Goiânia Não possui regulamentação Cuiabá Lei Municipal n.º 5.689/2013 Lei n.º 5.587, de 03/10/2012 Campo Grande Lei Complementar n.º 230, de 23/04/2014 Brasília Não possui regulamentação 49 Quadro 08 – Regulamentação da lei inspeção predial nas capitais brasileiras (conclusão) REGIÃO MUNICÍPIO NÚMERO DA LEI/DECRETO Sudeste Vitória Lei n.º 9.418/2018, de 26/01/2018 Belo Horizonte Não possui regulamentação São Paulo Não possui regulamentação Rio de Janeiro Lei Complementar n.º 126/2013 Decreto Municipal n.º 37.426/2013 e Decreto Municipal n.º 38.223/2013 Sul Curitiba Não possui regulamentação Florianópolis Não possui regulamentação Porto Alegre Lei Complementar n.º 806, de 27/12/2016 Decreto Municipal n.º 18.574/2014 Fonte: Autoria própria (2019). Em todas as leis analisadas é estabelecido que o laudo de inspeção deve ser elaborado por profissional legalmente habilitado com o respectivo recolhimento de ART/RRT, mas somente na prefeitura de Natal é exigido que seja apresentado pelo profissional um certificado de conclusão de curso de inspeção predial, com carga horária mínima de 40 horas. Essa exigência demonstra preocupação do poder público com a qualidade dos trabalhos realizados e pode ser tornar um exemplo de exigência para as demais leis de inspeção. A lei de São Luís se destaca das demais por ser a única que obriga a inspeção preventiva e periódica somente das instalações elétricas das edificações. Comparando com as outras leis já em vigor, verifica-se a necessidade de sua alteração, visto que a inspeção dos demais sistemas prediais (estrutural, vedação, impermeabilização, entre outros) não estão abrangidos pela legislação atual. Em relação a responsabilidade pela execução da inspeção predial, a única lei que estabelece que a vistoria técnica dos imóveis deverá ser realizada pela prefeitura é a Lei nº 7.737 de Belém, publicada em 1994, sendo uma das leis de inspeção predial mais antigas em vigor no Brasil. Nas demais leis analisadas a obrigação da inspeção predial fica a cargo do responsável/proprietário da edificação. Essa transferência de responsabilidade da prefeitura para o responsável/proprietário torna a lei mais eficiente, visto que não sobrecarrega o órgão público, onde geralmente não há pessoal suficiente para a realização de tal tarefa. Observou-se durante a pesquisa que somente os municípios de Fortaleza e Rio Janeiro possuem sítio eletrônico destinado para que o responsável pelo imóvel ou 50 o responsável técnico repassem para o órgão fiscalizador os laudos de inspeção e demais informações por meio digital, sendo estes município pioneiros ao digitalizar este processo. Fortaleza possui o Programa Fortaleza Online, onde o profissional através de cadastro online, pode acessar o sistema para que ele insira as informações necessárias para à emissão do Certificado de Inspeção Predial. Visando auxiliar os responsáveis técnicos, são disponibilizados no sítio eletrônico um Check List para a emissão do Certificado de Inspeção Predial, lista de sistemas prediais e atribuição profissional e Termo de Referência para Inspeção Predial em Fortaleza, este último elaborado por grupo de trabalho de inspeção predial formado pelo CREA/CE, CAU/CE e representantes de entidades de classe tecnológicas do Ceará. No município do Rio de Janeiro há o programa de Autovistoria, onde o responsável pelo imóvel deve comunicar a realização da vistoria. O sistema de comunicação é online e de simples utilização, possuindo no sítio eletrônico um tutorial contendo o passo a passo para o preenchimento do comunicado da Autovistoria e também Cartilha da Autovistoria. Além de poder comunicar a vistoria, através do site é possível consultar a situação de um imóvel no município em relação a inspeção predial. 4.2.1 Edificações Abrangidas pela Legislação Verifica-se que a legislação atual dos municípios não exige a inspeção predial nas residências unifamiliares, exceto aquelas com área superior a 400 m² ou que possuam mais de dois andares, conforme mostra o Apêndice 01. Essa exclusão ajuda a tornar a lei mais eficaz, pois reduz o número de edificações com probabilidade de não obediência da lei por falta de recursos do proprietário e reduz a quantidade imóveis a serem fiscalizados pela prefeitura, a qual poderá destinar a sua fiscalização para imóveis cuja comprometimento da sua segurança afete maior número de pessoas. Essa limitação na abrangência diminui a probabilidade da geração de uma letra morta. Analisando as leis é possível observar que as mesmas apresentam grande variedade quanto aos critérios de abrangência das edificações, podendo variar de acordo com o número de pavimentos, área, uso e tipologia do imóvel. Possuindo 51 desde leis mais sucintas, como as de Natal e Belém que abrangem somente edificações habitacionais ou comerciais, com mais de dois andares, até leis com mais especificações, como a de Vitória, que leva em consideração a altura, área, ocupação, carga de incêndio e riscos existentes para se estabelecer a exigência da inspeção predial. Durante a elaboração das leis, o poder público deve definir como fará para que a lei seja cumprida nas edificações das pessoas que não possuem recursos financeiros para arcar com a contratação de um profissional e também como será feita a inspeção predial dos prédios públicos. Neste aspecto, os legisladores precisam saber se o município conta com quantidade suficientes de engenheiros e arquitetos para suprir com a demanda que surgirá com a implementação da lei. 4.2.2 Periodicidade de Acordo com a Idade/Tipologia da Edificação Em virtude de ainda não haver estudo técnico que estabeleça a periodicidade que deverá ocorrer a inspeção predial de acordo com a tipologia/idade da edificação, foi observado que os critérios adotados pelas legislações municipais neste quesito são bastantes divergentes. Leis como as de Belém, Natal, Aracaju, Campo Grande, Vitória, Rio de Janeiro e Porto Alegre, estabelecem que a inspeção predial seja estabelecida exclusivamente de acordo com idade dos imóveis. Entre elas observa-se grandes diferenças entre suas exigências, como, na cidade de Belém é cobrada a periodicidade anual de inspeção predial para edificações que possuam mais de 10 anos, já nos casos de Fortaleza e Natal essa exigência se dá apenas para edificações que possuam mais
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