Buscar

03 - Atos Administrativos

Prévia do material em texto

Direito administrativo
Atos administrativos
1) Conceito
Ato administrativo é a manifestação unilateral de vontade da administração pública e de seus delegatários, com base no regime jurídico de direito público, no exercício de função administrativa.
Este conceito exclui da definição de atos administrativos os contratos e convênios firmados pelo poder público, em razão da sua bilateralidade. 
Os delegatários também se enquadram como pessoas capazes de emitir atos administrativos, se estiverem investidos com munus público e com base no regime jurídico de direito público. 
Atos da administração é diferente de ato administrativo, visto que este é espécie daquele. 
· Atos políticos ou de governo: Na prática não podem ser considerados atos da administração. Existe quando há o exercício da função politica por qualquer um dos poderes.
· Atos privados: São os atos da Administração pública regidos pelo direito privadoAtos da administração
· Atos materiais: Atos de mera execução, também chamados de fatos administrativos, não manifestam a vontade do estado.
· Atos administrativos: Atos por meio dos quais a Administração Pública atua, no exercício da função administrativa, sob o regime de direito público e ensejando manifestação de vontade do estado ou de quem lhe faça as vezes. 
2) Elementos ou requisitos do ato administrativo
Art. 2º, da Lei 4717/65 – Lei da ação popular
Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de:
a) incompetência;
b) vício de forma;
c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;
e) desvio de finalidade
2.1) Competência 
É o limite de atribuições, definido por norma expressa, de órgãos e agentes públicos. Todo órgão ou agente tem sua competência definida em lei ou atos normativos gerais, inclusive pela constituição em algumas situações. Essas atribuições conferidas pela lei ao órgão e agente público não podem ser modificadas pela vontade das partes ou pelo administrador público. 
Portanto, competência administrativa é a atribuição normativa da legitimação para a pratica de um ato administrativo. 
A competência é: 
· Improrrogável: A competência é improrrogável, pois, ainda que ninguém discuta se o agente era ou não competente para a prática do ato, isso não o torna competente. Portanto, se o agente era incompetente e mesmo assim praticou o ato, continuará sendo incompetente, mesmo que tal incompetência não seja suscitada pelas partes. 
· Imprescritível: não se extingue com a inércia do agente. 
· Irrenunciável: o sujeito não pode abrir mão da sua competência, não poderá escolher o que lhe convém e renunciar o restante. Uma vez que a lei define as competências, o agente será competente para todas elas, sem exceções. Nesse sentido, o art. 11, da lei 9784/99 (Lei do processo administrativo federal) 
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
· Delegação x avocação
Delegação
A delegação ocorre quando o órgão ou agente público competente transfere temporariamente a sua competência a outro órgão ou agente. 
É a extensão de competência, de forma temporária, para um outro agente de mesma hierarquia ou de nível hierárquico inferior, para o exercício de determinados atos especificados no instrumento de delegação. Enfim, ocorre quando um servidor público legalmente competente estende ou amplia sua competência, fazendo com que ela se aplique a outro agente. 
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. (Lei 9784/99)
Em um ato de delegação, deve-se definir o tempo e a meteria a ser delegada de forma especifica, estabelecendo limites de atuação do agente delegado. Isso, porque os atos de delegação genérica são considerados nulos. Por fim, o ato de delegação deve ser publicado para que seja conhecido por todos.
Nota-se, que por ser temporária a delegação poderá ser revogada a qualquer tempo e não implica em renúncia da competência.
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial.
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada.
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado.
Observação 01: cláusula de reserva: o agente delegante, permanece competente para praticar o ato junto com o delegatário, isto porque, o delegante se reserva na competência delegada. 
Observação 02: Súmula 510 do STF a autoridade coatora para fins de mandado de segurança é o agente que praticou o ato, ainda que tenha feito por delegação “praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial”. Ou seja, quem pratica o ato é responsável por essa conduta, respondendo pelo exercício da atividade a ele atribuída, ainda que decorrente de delegação regular. 
Observação 03: a lei proíbe expressamente a delegação de competência nos casos de: i) competência exclusiva, definida em lei; ii) decisão de recurso administrativos; iii) edição de atos normativos, com uma exceção trazida pelo art. 84, parágrafo único da Constituição Federal, no qual o presidente poderá delegar aos ministros de estado, AGU e PGR, para edição de decretos regulamentares do art. 84, VI. 
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
 I - A edição de atos de caráter normativo;
II - A decisão de recursos administrativos;
III – As matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
Avocação 
Ocorre quando um superior hierárquico, toma para si, temporariamente, a competência de seu subordinado. Na avocação deve haver subordinação, ou seja, só se pode avocar de agente de hierarquia inferior. Não é admitido avocação genérica. A avocação tem como principal motivo evitar decisões contraditórias dentro da atuação administrativa. 
Não é possível a avocação de competência nas hipóteses em que são vedadas a delegação. 
A avocação está disciplinada no art. 15m da lei 9784/99: 
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.
Competência: não tem liberdade para o agente público. A competência deve estar prevista em lei, não existindo liberdade para que seja definida pelo próprio agente público.
Trata-se de um elemento vinculado.
2.2) Finalidade
É o resultado mediato do ato administrativo, é o que se busca alcançar com aquele ato. Inclusive o agente que age com finalidade diversa, pratica abuso de poder na modalidade desvio de poder ou finalidade. 
Para a doutrina, todo ato administrativo tem duas finalidades:
 Finalidade genérica: é o atendimento ao interesse público. Caso o ato seja praticado com a intenção de satisfazer interesses individuais, estará eivado de vicio insanável haja vista o fato de que toda a atuação do ente estatal deve ser orientada pra resguardar os interesses da sociedade em geral. 
 Finalidade especifica: é a definida em lei e estabelece qual a finalidade de cada ato especificamente. 
Elemento vinculado, visto que o agente não tem liberdade para escolher a finalidade pretendida. 
2.3) Forma
A forma é a exteriorização do ato administrativo, determinada em lei. Sem forma não pode haver ato. Logo, a ausência de forma importa a inexistência do ato administrativo, isso porque a forma é instrumento de projeção do ato, fazendo parte do seu próprio ciclo de existência sendo elemento constitutivo daatuação. 
A exigência de forma para pratica dos atos da administração pública decorre do principio da solenidade, inerente a atuação estatal, como garantia dos cidadãos que serão atingidos por esta conduta. 
Em regra, a forma será escrita, solene. Excepcionalmente, quando houver previsão legal, poderá dispensar as formalidades. 
Exemplo: Placas de trânsito, semáforo, gestos de agente de trânsito, dentre outros. 
Elemento vinculado. Não existe liberdade para o agente público escolher a forma que será exteriorizada aquele ato, pois esta já é determinada pela lei. 
2.4) Motivo 
Os motivos são as razões de fato e de direitos que dão ensejo à pratica do ato, ou seja, a situação fática que precipita a edição do ato administrativo. 
Existe liberdade para o agente público. A depender do ato administrativo que será praticado, o agente público poderá ter a liberdade de escolher o motivo na edição daquele ato. 
Motivo x Motivação
A motivação é a exteriorização do motivo. A justificativa do ato, ou seja, a fundamentação do ato administrativo, estabelecendo a correlação logica entre a situação descrita em lei e os fatos efetivamente ocorridos. Representa uma justificativa a sociedade, estabelecendo a razão de pratica daquela conduta. 
A explicitação dos motivos integra a “formalização do ato” e é feita pela autoridade administrativa, competente para sua prática. Sendo assim, pode-se estabelecer que o ato praticado sem a motivação devida contém vicio no elemento forma. 
Dessa forma, deve ser analisado duas hipóteses
· O ato administrativo foi praticado com a devida motivação, no entanto os motivos são falsos ou não encontram correspondência com a justificativa legal para prática da conduta. Nestes casos, existe vicio no elemento motivo
· O ato administrativo é praticado em decorrência de situação fática verdadeira e prevista em lei, todavia o administrador não realizou a motivação do ato, apresentando as razões que justificaram sua edição. Trata-se de vicio no elemento forma. 
Nos termos do art. 50 da lei 9784/99, a motivação é obrigatória para todos os atos administrativos que: 
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
A doutrina majoritária se posiciona que a motivação é obrigatória a todos os atos administrativos, fundamentando ser um princípio implícito da Constituição Federal. 
Entretanto, existem algumas situações que a motivação poderá ser dispensada, como por exemplo, nos casos dos cargos de livre nomeação ou exoneração. 
Teoria dos motivos determinantes
Ocorre que, mesmo nas situações em que a motivação não se faz necessária, por expressa dispensa legal, se o ato for motivado e o motivo apresentado não for verdadeiro ou for viciado, o ato será inválido, haja vista o fato de que o administrador está vinculado aos motivos postos como fundamento para a pratica do ato administrativo, configurando vicio de legalidade a falta de coerência entre as razões expostas no ato e o resultado nele contido. 
A motivação é a exteriorização dos motivos, e uma vez realizada, passa fazer parte do ato administrativo, vinculando, portanto, a validade do ato. Assim, mesmo sendo a motivação dispensável uma vez expostos os motivos que conduziram à prática do ato, estes passam a vincular o administrador público. 
O motivo apresentado deve ser verdadeiro e compatível com a lei. Dessa forma, a teoria dos motivos determinantes, define que os motivos apresentados como justificadores da pratica do ato administrativo, vinculam esse ato e, caso os motivos apresentados sejam viciados, o ato será ilegal. 
2.5) Objeto
O objeto é a alteração no mundo jurídico causada pelo ato administrativo, é o resultado imediato do ato administrativo. 
Sendo assim, uma vez que todo ato administrativo é praticado com a intenção de produzir efeitos, seja em relação a pessoas vinculadas ao ente estatal, seja em relação a particulares, estes efeitos a serem produzidos configuram o objeto desta conduta, ensejando a criação de direitos ou obrigações dentro dos limites da lei. 
Cuidado, não confundir objeto com finalidade, visto que o objeto é o efeito imediato da pratica do ato administrativo, ao passo que a finalidade é aquilo que se pretende alcançar com a edição do ato, mas não de forma imediata, mas sim mediata. 
O objeto pode ter liberdade para o agente público, ele pode possui feição discricionária nos atos administrativos discricionários.
Exemplos: 
· Na penalidade de demissão, não existe margem de liberdade para o administrador.
· Na penalidade de suspensão há margem de liberdade para o administrador, como por exemplo, a escolha entre o prazo de 30 a 90 dias.
3) Vinculação e discricionariedade 
3.1) Ato vinculado
É aquele que todos os elementos estão previstos em lei, sem que o agente público possa analisar a melhor atuação, ou seja, não há juízo de conveniência e oportunidade, o administrador público não possui margem de liberdade.
3.2) Ato discricionário
Existe uma margem de liberdade para o agente público, conhecida como MéritO administrativo, e se encontra presente nos elementos motivo e/ou objeto.
Registra-se que os elementos motivo e objeto do ato administrativo discricionário compõe o seu mérito, sob o que não pode haver controle judicial. No que se refere a legalidade o poder judiciário pode controlar, mas o mérito administrativo, a conveniência e oportunidade exercida dentro dos parâmetros legais, não pode ser objeto de controle judicial, sob pena de violação à separação dos poderes. 
4) Perfeição x Validade x Eficácia 
 Perfeição – Conclusão do ciclo de formação de um ato administrativo. Passou por todo o ciclo de formação e se encontra constituído. 
 Validade – É a compatibilidade do ato com o ordenamento jurídico. 
 Eficácia – Aptidão do ato administrativo para a produção de efeitos. 
Exemplos: 
Perfeito, válido e ineficaz - Ato condicionado a sua publicação, é perfeito, válido, porém, enquanto não for publicado, é ineficaz. 
Perfeito, inválido e eficaz – Ato editado sem a observância dos requisitos legais produzirá efeitos até que seja declarada a sua invalidade, possui presunção de legitimidade. 
Perfeito, inválido e ineficaz – Ato que concluiu seu ciclo de formação, não respeitou os requisitos e possui um prazo.
5) Atributos do ato administrativo 
Os atributos, conferido por lei, são as prerrogativas de poder público presentes no ato administrativo, em decorrência do principio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado. 
Esses atributos diferenciam os atos administrativos dos demais atos praticados pelo poder público e das atividades de particulares regulamentadas pelo direito privada. Isto porque, somente os atos administrativos possuem Presunção de legitimidade/veracidade, autoexecutoriedade, tipicidade e imperatividade
5.1) Presunção de legitimidade e de veracidade dos atos 
A presunção de veracidade dos fatos trata-se de prerrogativa presente em todos os atos administrativos. Até prova em contrário – uma vez que a presunção é relativa ou juris tantum – ato administrativo estampa uma situação de fato real, ou seja, o ato goza de fé publica e os fatos apresentados em sua pratica presumem-se verdadeiros, em conformidade com os fatos efetivamente ocorridos. A presunção não é absoluta, admitindo prova contrário pelo particular.
Com efeito, a presunção de veracidade diz a respeito a fatos e causa a inversão do ônus da prova dos fatos alegados no ato administrativo, ou seja, cabe ao particular provar que o fato não é aquele alegado pela administração, tendo que inclusive, em algumas situações fazer prova negativa.Exemplo: multa de trânsito, cabe a quem foi multado provar que infração imputada não foi cometida. 
A presunção de legitimidade diz a respeito a presunção jurídica, portanto, até que se prove contrário, o ato foi editado em conformidade com a lei e com o ordenamento jurídico, configurando-se também como uma presunção relativa pois admite prova em contrários. 
Neste caso, o atributo não diz respeito aos fatos e sim na legalidade do ato (em sentido amplo), dessa forma os atos produziram efeitos até que haja demonstração de que se configura ato ilícito. 
5.2) Imperatividade
É o poder que administração tem de unilateralmente impor obrigações aos particulares. Dá ideia de coercibilidade, pois obriga os destinatários do ato administrativo independentemente da sua vontade. 
Trata-se de uma característica presente apenas nos atos administrativos que configuram a imposição de deveres e obrigações, já que os atos que concedem direitos ou vantagens (exemplo a expedição de uma licença) ou atos enunciativos (certidão ou atestado), são condutas que não determinam nenhum tipo de atuação do particular, e portanto não possuem o atributo da imperatividade. 
Esse atributo estará configurado até mesmo naqueles atos reputados como inválidos pelo particular, visto que pela presunção de legitimidade o particular terá que cumprir a obrigação até que o ato seja considerado ilícito.
5.3) Autoexecutoriedade 
A Administração Pública executa os atos administrativos sem a necessidade de intervenção do poder judiciário. A própria Administração pública edita e executa o ato administrativo. 
Exemplo: Interdição de estabelecimento. 
Existem exceções, como por exemplo, as multas, onde a cobrança se dará por intermédio do ajuizamento de uma ação de execução. 
Observação: Executoriedade x Exigibilidade 
Exigibilidade: Não sendo cumprida a obrigação imposta pelo ato administrativo, o poder público terá, que valendo-se de meios indiretos de coação, executar indiretamente o ato desrespeitado 
Executoriedade: É a aplicação de meios diretos de execução dos atos administrativos, frente ao descumprimento pelo particular. 
Exemplo: A multa não possui executoriedade, mas possui exigibilidade, portanto, se trata de um ato administrativo que não é autoexecutório.
5.4) Tipicidade 
Trata-se de um atributo abordado por Maria Sylvia Zanella di Pietro, mas não é unânime na doutrina. 
É a exigência de que todo ato administrativo esteja previsto em lei, ou seja, corresponda a um tipo legal previamente definido. 
6) Classificação dos atos administrativos
a) Quanto a formação - Simples x Complexo x Composto 
• Simples: É aquele formado por uma única manifestação de vontade. Logo, a manifestação de vontade de um único órgão, ainda que colegiado, torna o ato perfeito. 
Exemplo: Demissão de servidor, em regre, é praticado por um único agente. 
• Complexo: Para sua formação há a necessidade de mais de uma manifestação de vontade por mais de um órgão público. O ato complexo para ser perfeito, precisa ser formado pela soma de vontades de órgãos públicos independentes, no sentido que a decisão de cada um é independente e não se subordina a outra, mas geram uma somatória de forças para se tornar perfeito. 
Exemplo: Concessão de aposentadoria de servidor – Depende da manifestação do órgão ao qual pertence o agente em conjunto com a manifestação do tribunal de contas. Só após as duas manifestações, o ato irá se formar. 
• Composto: Para sua formação, existe a necessidade de uma manifestação de vontade principal, em conjunto com uma manifestação de vontade acessória. 
O ato principal é editado de plano, posteriormente, um ato acessório o confirma. 
Exemplo: Determinadas demissões em que um conselho precisa ratificá-la. 
b) Quanto aos destinatários - Geral x Individual 
• Geral: É aquele ato que não possui destinatários específicos.
Exemplo: um edital. 
• Individual: É aquele que possui destinatários específicos. O ato individual pode-se referir a vários indivíduos, mas eles estarão todos explicitados no ato administrativos. Podem sem atos múltiplos (mais de um destinatário) e atos singulares (apenas um sujeito definido) 
Exemplo: Nomeação de aprovados em concurso público. 
c) Quanto ao grau de liberdade - Ato Vinculado x Ato Discricionário 
• Ato vinculado: São aqueles definidos em lei, que não confere ao agente público qualquer margem de escolha.
Exemplo: concessão de CNH
• Ato discricionário: Admitem uma analise de pressupostos subjetivos pelo agente estatal. A lei confere ao administrador público uma margem de escolha em relação à forma ou momento de atuação, dentro dos limites estipulados pela legislação.
Exemplo: Concessão de autorização para fechar uma via pública para uma festa popular de bairro. 
d) Nulo x Anulável x Inexistente 
• Nulo: Atos que possuem vícios insanáveis, sem a possibilidade de convalidação/sanatória. 
• Anulável: Atos que possuem um vício sanável, portanto, admitem a convalidação/sanatória. 
• Inexistente: Na verdade não é um ato administrativo, mas sim um ato criminoso praticado pelo usurpador da função pública.
e) Quanto ao objeto – Império x Expediente x Gestão
• Império: são aqueles nos quais a Administração atua com prerrogativas de poder público, valendo-se da supremacia do interesse público sobre o interesse privado.
• Expediente: são aqueles praticados como forma de dar andamento à atividade administrativa, sem configurar uma manifestação de vontade do Estado, mas sim a execução e condutas previamente definidas. 
Exemplo: despacho que encaminha um processo administrativo para julgamento. 
• Gestão: são executados pelo poder público sem as prerrogativas de Estado, atuando a administração em situação de igualdade com o particular. Em tais atos a atividade é gerida pelo direito privado, não se valendo o ente estatal das prerrogativas inerentes à supremacia do interesse público. 
7) Espécies de atos administrativos 
a) Normativos: São aqueles atos gerais e abstratos, para a fiel execução da lei, decorrem do poder normativo.
Exemplos: Decretos; regulamentos; regimentos; resoluções; deliberações.
b) Ordinatórios: São aqueles atos que disciplinam relações internas da Administração Pública.
Exemplo: Circulares; Portarias; Ordens de Serviço; Despachos; Ofícios; 
c) Negociais (Atos de Consentimento): São aqueles atos editados a pedido do destinatário. Trata-se de direitos outorgados pelo Estado, em virtude de requerimento do cidadão regularmente formulado. 
Não se trata de contrato administrativo, tendo em vista que decorrer de vontade unilateral do poder público. Os atos negociais não gozam de imperatividade ou coercibilidade, pois não estabelece obrigações ou aplica penalidades, mas sim garante a concessão de um benefício, dentro dos limites da lei. 
 
· Autorização: é ato discricionário e precário por meio de que a administração pública autoriza o uso especial de bem público por um particular de forma privativa, no interesse eminentemente do beneficiário. (independente de licitação). Exemplo: utilização da via pública para festa popular
· Permissão: ato discricionário e precário por meio do qual administração pública permite a utilização de bem público por particular de forma privativa e anormal, no interesse eminentemente público (depende de licitação). Exemplo: permissão para exercício de transporte de passageiros por Taxi. 
· Licença: Ato vinculado e é concedido desde que cumpridos os requisitos objetivamente previstos em lei, ou seja, por se tratar de ato vinculado caso o particular preencha os requisitos legais, adquire o direito subjetivo a concessão da licença. Exemplo: Licença para construir. 
· Admissão: ato unilateral e vinculado pelo qual o poder público permite que o particular usufrua determinado serviço público, mediante a inclusão no estabelecimento público. Exemplos: admissão em escola pública
· Homologação: Ato vinculado de controle de legalidade de ato anteriormente expedido pela própria administração. Exemplo: homologação de proposta vencedora em uma licitação. 
d) Enunciativos:São aqueles atos que expressam opiniões ou certificam um fato. 
Exemplo: Parecer; atestado; certidão; apostilamento. 
e) Punitivos (Atos Sancionatórios): São aqueles atos que possuem como função a aplicação de sanções. 
Exemplo: Multa; Interdição de atividade; Apreensão de bens; Sanções disciplinares.
8) Extinção dos Atos Administrativos
Os casos de extinção configuram-se situações nas quais o ato emanado pelo poder público deixa de produzir efeitos regularmente, sendo retirado do mundo jurídico. Alguns doutrinadores tratam daquelas que designam como hipóteses de desfazimento do ato. 
A extinção do ato pode ocorrer por diversas formas. Vejamos. 
a) Extinção natural: ocorre quando o ato já produziu todos os efeitos neles dispostos ou nos atos sujeitos a termo, pelo advento de termo final ou prazo, ou ainda, mediante esgotamento do conteúdo jurídico desta conduta. 
b) Extinção subjetiva: sujeito beneficiário do ato administrativo desaparece 
c) Extinção objetiva: o objeto sobre o qual o ato administrativo recai desaparece. 
d) Por vontade do beneficiário: O próprio destinatário do ato solicita a sua extinção, pode se dá de duas formas:
· Recusa: é extinção do ato quando o beneficiário pede a sua extinção antes da produção dos efeitos. Antes de se beneficiar do ato o destinatário solicita a extinção. Exemplo: Solicitação de permissão para uso de bem público em data futura, com desistência antes da data concedida.
· Renúncia: Beneficiário pede a extinção enquanto o ato produz os seus efeitos. Exemplo: Sujeito renuncia a sua CNH.
e) Caducidade: é a extinção do ato quando uma lei nova impede que o ato continue existindo. 
Exemplo: Sujeito solicita uma autorização para colocar mesas na calçada, surge uma nova lei que proíbe esta ação, fazendo com que o ato concessivo caduque.
Cuidado! É diferente da caducidade do contrato de concessão de serviço público.
f) Cassação: É a extinção do ato quando o beneficiário comete uma irregularidade. 
Exemplo: Art. 10, L. 10.826/03: 
§ 2º A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso o portador dela seja detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou alucinógenas
g) Anulação: é a extinção do ato administrativo em virtude de uma ilegalidade. O ato administrativo foi editado em desconformidade com o ordenamento jurídico, e, portanto, deve ser anulado. 
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. (lei 9784/99)
Lembrete 
ex tunc: efeitos retroagem
ex nunc: efeitos não retroagem
A anulação possui efeitos ex tunc. Já que como o ato nasceu eivado de ilegalidade, quando forem anulados (pela administração através da autotutela ou pelo controle judicial) os efeitos desta anulação retroagiram no tempo, aniquilando todos os efeitos produzidos, ressalvados os direitos adquiridos de terceiro de boa fé. 
A administração tem o dever de anular os atos que forem ilegais. Entretanto, nos termos do art. 54 da 9784/99 o direito da administração pública anular os atos administrativos de possuem efeitos favoráveis aos destinatários decai em cinco anos, contados da data que foram praticados, salvo comprovada má-fé pelo destinatário do ato (chamada de decadência administrativa)
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. 
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
Dessa forma, a Administração Pública perde o direito de anular um ato ilegal, preenchidos os três requisitos:
 Gerar efeitos favoráveis ao destinatário; 
 O destinatário estiver de boa-fé; 
 Tiver decorrido o prazo de 5 anos contados da prática do ato.
h) Revogação: é a extinção do ato administrativo válido (legal) por motivo de oportunidade e conveniência, ou seja, por razões de mérito. A administração pública não tem mais interesse na manutenção do ato, apesar de não haver vicio que o macule. A revogação é ato DISCRICIONÁRIO e refere-se ao mérito administrativo. Como o ato é legal e todos os efeitos já produzidos foram licitamente, a revogação não retroage, impedindo somente a produção de efeitos futuros do ato (ex nunc), sendo mantidos os efeitos já produzidos. 
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. (lei 9784/99)
Não é possível revogação de atos:
· Atos que geram direitos adquiridos: (art. 53 da lei 9784/99)
· Atos consumados: uma vez que estes atos já produziram todos os efeitos, não havendo efeitos futuros a serem impedidos. Exemplo: não é possível revogar o ato de concessão de férias de um servidor, após o gozo do respectivo período.
· Atos preclusos em processo administrativo: se o ato foi editado durante o processo administrativo e já passou para as demais fases não tem como mais revogável (aquele ato ficou para “trás”) 
· Atos enunciativos: porque apenas estabelecem opiniões, conclusões, ou atestam algum fato. Não há analise de conveniência e oportunidades. 
· Atos irrevogáveis: assim declarados por lei especifica que regulamenta e prevê sua edição. 
· Atos vinculados: haja vista estes atos não admitem analise de conveniência e oportunidade, não possuem mérito administrativo, todos os seus pressupostos, requisitos e elementos estão previstos objetivamente em lei, não tendo a administração margem de liberdade ou escolha.
Observação: STF – Exceção - Licença para construir – Ato vinculado que poderia ser revogado em razão de interesse público superveniente, devidamente justificado, desde que indenizado o particular 
9) Convalidação (Sanatória)
Em determinadas situações é possível a correção do vício de ato administrativo. Nestas situações, diz ser caso de nulidade relativa, pois o vício é sanável. Por sua vez, o ato é tido por anulável e não nulo. A correção do vício e consequente manutenção do ato deve sempre atender o interesse público e, caso isso se configure, será possível a convalidação do ato. 
Com efeito, se o interesse público exigir e for sanável o vício, o ato administrativo poderá ser convalidado, em razão da conveniência e oportunidade desde que a convalidação não cause prejuízo a terceiros. 
Nesse sentido temos dois requisitos para a convalidação do ato:
· Ato com vicio sanável
· E a convalidação não acarretar em prejuízo a terceiros nem a própria administração 
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.
Tema abordado devido à adoção da teoria dualista pelo sistema administrativo brasileiro, portanto, os atos administrativos podem ser nulos (não admitem convalidação) ou anuláveis (admitem convalidação)
 
a) Ratificação: forma de convalidação do ato quando o vício se encontra na competência ou na forma. 
Exemplo: Subordinado pratica ato de competência do superior. Ato poderá ser ratificado. 
Se a competência for exclusiva, ou se a forma for essencial, elas não irão admitir convalidação. 
b) Reforma: Hipótese de convalidação nas situações em que o ato administrativo possui objeto plúrimo, ou seja, o ato possui mais de um objeto. 
Na reforma, retira-se o objeto viciado e os demais permanecem. 
Exemplo: Ato concedendo hora extra e adicional noturno. Se o adicional noturno é incabível, retira-se este objeto e o outro permanece.
c) Conversão: Hipótese de convalidação nas situações em que o ato administrativo possui objeto plúrimo, retira-se o objeto inválido e inclui-se um objeto válido.
 
Exemplo: Edição de um ato administrativo nomeando servidores para compor uma comissão de PAD. Um delesnão preenche os requisitos para a composição, desta forma, retira-se este servidor e realiza-se a inclusão de outro que preencha tais requisitos. 
OBS: A finalidade e o motivo do ato administrativo não admitem convalidação. O objeto só admite convalidação se for plúrimo.

Continue navegando