Buscar

ALIENAÇÃO PARENTAL AOS OLHOS DA JUSTIÇA BRASILEIRA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ALIENAÇÃO PARENTAL AOS OLHOS DA JUSTIÇA BRASILEIRA 					
								Bianca Maria Pereira Parada
								Paulo Wagner Soares Junior
RESUMO 
O presente estudo tem o objetivo de expor mais uma ferramenta que tem o destino de detectar a Síndrome de Alienação parental, bem como constatar o alienador, consequentemente atenuando os efeitos da referida síndrome, que dificultam o convívio da criança e genitor.
A família é a base, é o que dá os ensinamentos que moldam a pessoa que tal criança irá se tornar no futuro. Tal estudo tem por objetivo fazer com que a sociedade se atente a tais fatos, visando evitar uma tardia intervenção, pois podem trazer graves danos psicológicos ao garoto ou garota, que muitas das vezes se torna irreversível. 
Desta forma, no presente trabalho será retratada, também, a importância da continuidade de convivência com ambos os genitores, mesmo após a separação do casal, que devem esquecer as diferenças que já tiveram, se preocupando exclusivamente na formação do ser humano que fizeram, para que sejam adultos honestos, equilibrados, felizes, íntegros e sem magoas passadas, e os efeitos de tal fato na sociedade. 
PALAVRAS-CHAVE: Síndrome de Alienação Parental. Família. Sociedade. Sofrimento.
ABSTRACT
The present study aims to expose one more tool that has the destiny of detecting the Parental Alienation Syndrome, as well as verifying the alienator, consequently attenuating the effects of the referred syndrome, which make it difficult for the child and parent to live together.
The family is the basis, it is what gives the teachings that shape the person that such a child will become in the future. Such study aims to make society pay attention to these facts, aiming to avoid a late intervention, as they can bring serious psychological damage to the boy or girl, which often becomes irreversible.
Thus, in the present work, it will also be portrayed the importance of the continuity of living with both parents, even after the separation of the couple, who must forget the differences they already had, focusing exclusively on the formation of the human being they did, for that they are honest, balanced, happy, upright and unharmed adults, and the effects of that fact on society.
KEYWORDS: Parental Alienation Syndrome. Family. Society. Suffering.
INTRODUÇÃO
Este artigo analisa como a Alienação Parental é tratada no judiciário e como está se tornando cada vez mais comum na sociedade a partir do término do relacionamento conjugal.
	Trata-se de um problema antigo, contudo não havia uma legislação específica em nosso ordenamento jurídico. Em nossa legislação, havia o amparo no Estatuto da Criança e do Adolescente na Lei 8069/ 1990 e da Constituição Federal de 1988 no seu artigo 1º, III, onde se preconiza o princípio da dignidade da pessoa humana, esse amparo constitucional é muito subjetivo, não foca diretamente a criança e ou o adolescente. Com o passar dos tempos, o conceito de família vem sofrendo mudanças significativas, conferindo igualmente a ambos os cônjuges o direito de exercício do poder familiar. Desta maneira, âmbito jurídico teve que modificar o Estatuto da Criança e do Adolescente sancionando a lei nº 12.318/2010, porém a mesma vem causando discórdia. 
	De autoria da CPI dos Maus Tratos/2017, a PLS 498/18 foi discutida em Julho de 2019 por audiência pública, um debate para tentar revogar a lei vigente (LAP - Lei de Alienação Parental) que trouxe avanços no Direito de Família por reconhecer a responsabilidade psicológica dos pais em relação às crianças ou adolescentes, mas vem sendo questionada por questão de eficiência no que diz respeito ao desvirtuamento do propósito da proteção, ocasionando uma falsa acusação de crime, e também sendo usada, maliciosamente, pelas partes com o objetivo de se defenderem de acusações em caso de separações. Como, por exemplo, um genitor que é acusado de abuso sexual, para se livrar da acusação, usa a lei nº12.318 / 2010 em seu favor e adquire a guarda do menor.¹
	Afinal, o que seria a Alienação Parental? 
É um processo de “Implantação de novas memórias” (DIAS, 2010, p. 455), ou seja, a interferência na formação psicológica da criança ou adolescente, promovida ou induzida por um dos genitores, ou pelos que tenham autoridade da mesma, para que passe a enxergar e idealizar o outro genitor de maneira negativa, mantendo sentimentos de rejeição, na maioria dos casos, se usa a chantagem como instrumento para resolver situações dos filhos, como por exemplo, a guarda dos mesmos. 
Considerando a importância do assunto, é necessário que exista o debate para demonstrar novas maneiras de identificar a síndrome, é necessário que haja um aperfeiçoamento das formas de constatar Alienação Parental.
	É um assunto amiudado nas Varas de Família e demanda muita cautela para ser analisado, comprovando a necessidade de manutenção da lei e suas melhoras. 
	No momento, a PLS 498/18 está aguardando designação do relator, situação publicada dia 19/02/2020, e pelo Senado foi publicado (08/03/2020) certo equilíbrio na discussão entre eles, com 7.313 votos a favor da revogação e 8.036 votos contra a revogação da Lei. 
	Este artigo será baseado em obras e artigos da Maria Berenice Dias, renomada advogada, Ex-Desembargadora do Tribunal de Justiça do RS (Rio Grande do Sul) e Vice-Presidente Nacional do IBDFAM (Instituto Brasileiro do Direito de Família) e artigos de Ana Lúcia Navarro de Oliveira, Psicóloga Jurídica atuando no CAP (Centro de Apoio Psicossocial) do Tribunal de Justiça de Pernambuco, bacharel em Direito, Especialista em Intervenção Psicossocial à Família. 
	Com o objetivo de entendermos melhor o fenômeno da alienação parental, atuaremos em uma pequena investigação histórica sobre suas origens; após isso, explicaremos os conceitos principais que aparecem na atual Lei de Alienação Parental e, por fim, iremos explorar as consequências sociais que a citada lei tem provocado sobre as famílias brasileiras.
1- ORIGEM HISTÓRICA DA ALIENAÇÃO PARENTAL E SUA EFETIVAÇÃO NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
	O psiquiatra infantil Richard Gardner foi quem criou o termo “síndrome da alienação parental” (SAP) em 1985, através de estudos realizados na área da psiquiatria forense, avaliando crianças de famílias em situações de divórcio; descreveu a síndrome como sendo 
um distúrbio da infância que aparece quase exclusivamente no contexto de disputas de custódias de crianças. Sua manifestação preliminar é a campanha denegritória contra um dos genitores, uma campanha feita pela própria criança e que não tenha nenhuma justificação. Resulta da combinação das instruções de um genitor (o que a ‘lavagem cerebral, programação, doutrinação’) e contribuições da própria criança para caluniar o genitor-alvo (GARDNER, 1988, p.1).
	Apesar de haver registros deste conceito desde a década de 40, Gardner foi o primeiro a defini-lo como “Síndrome de alienação parental”.
	Em outros países, críticos têm argumentado desde o começo da teoria que a SAP é de difícil identificação e que brigas e discussões entre as partes em processos de separação são comuns; alegam também que a percepção dos fatos sob a ótica das crianças é muito diferente da visão adulta e que seria temerário admitir tais teses em juízo. Porém, já encontramos precedentes acerca da Alienação Parental e casos análogos, bem como medidas protetivas e punitivas a pais que tentaram distanciar seus filhos do ex-cônjuge, principalmente nas Justiças Estadunidense e Canadense, Inglesa, Francesa, Belga, Alemã e Suíça.
	Nos Estados Unidos, cerca de 80% dos filhos de pais separados já sofreram algum tipo de alienação parental, estima-se que mais de 20 milhões de crianças no mundo sofram essa violência². Já no Brasil, a questão da Alienação Parental surgiu com mais força quase simultaneamente com a Europa, em 2002, e nos Tribunais a temática vem sendo ventilada desde 2006.a lei 12.318/10 dispõe acerca da A.P, conceituando-a em seu artigo 2º:
Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovidaou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.
 Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros: 
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade; 
II - dificultar o exercício da autoridade parental; 
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; 
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; 
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; 
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente; 
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós.
A partir disso podemos deduzir que alienação parental nada mais é que a interposição dos pais, ou de qualquer adulto tutor da criança, no desenvolvimento psicológico da mesma e são considerados atos de alienação parental as atitudes de repudiar a conduta do genitor no ato da paternidade, dificultar o contato da criança com genitor, não deixar o genitor exercer a autoridade sobre a criança, deixar de contar informações primordiais para contato, difamar o genitor e se mudar para longe com a criança, sem justificativa, para dificultar o contado da mesmo com os parentes.
Já para Dias (2010, p.440-441), a alienação parental é dita como um descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental, pois ocorrendo a separação dos pais, o filho não pode se sentir objeto de vingança em face de ressentimentos. Com o divórcio não pode haver a cisão dos direitos parentais.
	Sobre a Lei 12.318/10, traçou condutas consistentes em alienação e as atitudes a disposição do juiz para combater a alienação, facilitando a tarefa dos operadores do direito, pois listou numa série de medidas a serem adotadas conforme seja o grau da alienação, pois nesses processos é difícil a identificação ou não dos episódios denunciados como os sexuais que são mais graves e necessitam de perícia, processos muitas das vezes demorados e não conclusivos, que dificultando ainda mais a escolha de manter as visitas, ou seja, autoriza-las a ser acompanhadas ou suspende-las de vez.
	São exemplos corriqueiros de alienação parental verificados nas Varas Judiciais do país como impedir direito de visitas face ao não pagamento da pensão alimentícia; denegrir o genitor que constitui outra família, afirmando que foram trocados e o genitor não se importa; obter vantagens financeiras por parte do outro conjugue utilizando-se dos pequenos; a situação em que o genitor que exerce o direito de visitas tem problemas pessoais e não conseguem comparecer e o detentor da guarda cria uma situação de que não houve a visita porque o genitor não gosta do filho e falsas acusações de abuso sexual.
2- DIREITO FUNDAMENTAL DA CRIANÇA: O DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR SAUDÁVEL 
O Art. 227 da Constituição Federal de 1988 traz:
	
“ Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.   
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes preceitos: 
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil;
II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação. § 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola;
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica;
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins.
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se- á em consideração o disposto no art. 204.
§ 8º A lei estabelecerá: 
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens;
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação das várias esferas do poder público para a execução de políticas públicas.”
	Podemos analisar, que de acordo com o Art. citado acima, é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente o direito à convivência familiar, nesse sentido o ato da alienação parental fere o direito fundamental do menor, pois prejudica a realização de afeto nas relações com o genitor e o grupo familiar (Art. 3°, Lei n° 12.318/10), além de impor um abuso moral contra os mesmos bem como descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes da tutela ou guarda.
	Já na prática, de acordo com o Art. 4° da Lei n° 12.318/10, a alienação parental fere direito fundamental de convivência familiar saudável; prejudica a realização de afeto nas relações com o genitor e com o grupo familiar; constitui abuso moral contra a criança ou adolescente e acarreta o descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental.
	Ainda de acordo com o mesmo art. 4º, a alienação parental pode ser alegada em qualquer momento processual; pode ser por oficio ou requerimento; pode ser em relação a qualquer das partes; em ação autônoma ou incidental; o processo terá tramitação prioritária e o juiz determinará as medidas provisórias reputadas vigentes de acordo com o caso³. 
3- DIREITOS FUNDAMENTAIS: PROTEÇÃO
	A Doutrina da proteção integral mostra-se de extrema importância para o entendimento do perfil principiológico adotado pelo ECA. Ela é fundamentada no art. 227/CF,caput, o qual versa sobre os direitos fundamentais relacionados a crianças e aos adolescentes. Já o estatuto tem como objetivo principal tutelar tanto a criança ou adolescente de forma ampla, concedendo a aplicação de medidas de caráter repressivo aos seus atos infracionais, o mesmo também elenca nos direitos infanto-juvenis formas de auxiliar a sua família, tipificação de crimes praticados contra criança, infrações administrativas, ou seja, um conjunto de mecanismo jurídicos voltados à tutela de crianças e adolescentes.
	As medidas aplicáveis ao alienador estão dispostas no Art. 6° da Lei 12.318/10:
Art. 6° Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso:
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; 
III - estipular multa ao alienador; 
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; 
V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão; 
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; 
VII - declarar a suspensão da autoridade parental. 
Parágrafo único. Caracterizado mudança abusiva de endereço, inviabilização ou obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá inverter a obrigação de levar para ou retirar a criança ou adolescente da residência do genitor, por ocasião das alternâncias dos períodos de convivência familiar.
	Ou seja, são várias sanções possíveis de serem aplicadas ao genitor alienante em um processo judicial, estando listada nos incisos do artigo citado acima. Definir por meio de sentença ou decisão os atos de alienação parental será sempre função do juiz, que poderá advertir o alienador, ampliar o regime de convivência familiar, estipular multa, determinar acompanhamento psicossocial, e dependendo do caso, sendo ele mais grave, as atitudes deverão ser mais drásticas, como por exemplo, o magistrado determinar a alteração da guarda, fixação cautelar do domicilio ou até mesmo a suspensão da autoridade parental. 
	O interesse da criança ou adolescente sempre deverá prevalecer, de modo que algumas decisões judiciais determinam tratamento psicológico familiar em relação à criança, ao menor e aos genitores, para superação de conduta que se configure alienação parental, sob pena de alteração da guarda, que no entanto deve sempre ser evitada, já que se traduz em medida traumática, embasada em situações de absoluta necessidade.
4- CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS QUE A LEI 12.318/2010 TEM PROVOCADO SOBRE FAMÍLIA BRASILEIRA 
	Anteriormente ao vigor da citada Lei, o ordenamento jurídico brasileiro já possibilitava, de forma indireta, a proteção das vítimas de alienação parental por intermédio da perda do poder familiar do pai ou da mãe que praticasse atos contrários à moral e aos bons costumes ou que cometesse, de forma frequente, faltas aos deveres inerentes ao poder familiar. É o que se depreende a partir dos artigos 1.637 e 1.638 do Código Civil:
Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha.
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão.
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente
	Porém, mostra-se bem morosa a análise e caracterização em casos concretos. Hoje em dia, mesmo com a lei, a aplicabilidade nos processos em trâmite no judiciário brasileiro, de modo geral, encontra várias dificuldades, como falta de informação, dificuldade em promover a identificação do ocorrido, um certo receio dos profissionais em aplicar a nova lei 
	Todavia, deve-se esclarecer que o assunto não é tão novo quanto parece, como já foi citado, existente desde meados dos anos 80, no entanto só nos últimos anos que o tema começou a ser abordado por brasileiros, o que automaticamente gera incapacidade dos profissionais. 
	Outro motivo para a baixa aplicabilidade da lei é a dificuldade na percepção da existência ou não de atos de alienação parental, problema que é mais aplicado por profissionais da área jurídica (magistrados, promotores, advogados e defensores), pois não possuem conhecimentos e técnicas próprias da psicologia necessária. Mesmo a lei 12.318/2010 discorrendo sobre o assunto em seu art. 2º, citado acima, o conceito de alienação parental e uma lista expondo minuciosamente condutas consideradas comuns praticadas pelos alienadores, os profissionais de direito não se sentem confiantes em determinar que estejam possivelmente à frente de um fato relacionado ao tema. 
	Já aos magistrados é necessário cautela, nem toda alegação contra um dos genitores pode ser tratada como um ato de alienação parental, da mesma forma, que o mesmo não deve acreditar cegamente que as arguições promovidas por um dos pais decorrem apenas da legítima proteção que deve viabilizar o filho, exatamente por isso que é necessário analisar profundamente a veracidade dos fatos. 	É por esse motivo que todos os magistrados contam com um apoio de equipes formadas por profissionais de diferentes áreas, como psicólogos, que são responsáveis pelo fornecimento de dados técnicos por meio de pericias. 
	A criança ou o adolescente envolvido na alienação parental apresentam comportamentos e sentimentos que tendem a causar danos ao seu desenvolvimento e a sua personalidade, “esses sentimentos geralmente compostos pela baixa autoestima, insegurança, culpa, depressão, que podem gerar transtornos de personalidade e de conduta grave na vida adulta” (BUOSI,2012, online). Vale ressaltar que as consequências da SAP (síndrome de alienação parental) são gravíssimas pois suas vítimas estão mais propensas a apresentar distúrbios psicológicos como a depressão, ansiedade e pânico; utilizar drogas e álcool como forma de aliviar a dor e a culpa; cometer suicídio; não conseguir relação estável quando adulta e repetir o mesmo comportamento quando tiver filhos. 
	Por esta razão, é tão importante o cuidado minucioso da verificação dos fatos reais. Caso haja uma sentença errada, a consequência pode ser algo como o Caso Bernardo Boldrini, que ocorreu no dia 04/04/2014 quando Bernardo Uglione Boldrini foi assassinado por superdosagem do medicamento Midazolam, no interior do Rio Grande do Sul. O menino de 11 (onze) anos foi morto pelo pai, madrasta, amiga e irmão da madrasta. 
O que não foi levado em consideração no julgamento do caso, foi que logo após a morte da mãe, em 2010, o menino se dizia carente de atenção chegando a procurar a justiça para relatar o caso. No começo do ano de 2014, logo após o Ministério Público instaurar uma investigação contra o pai por negligência afetiva e abandono familiar, o Juiz da Vara da Infância e Juventude de Três Passos autorizou que o garoto continuasse morando com o pai, mesmo que o pai impediu a criança de ver e visitar a avó (caso clássico de alienação parental).4
Vale ressaltar também, que a criança apresentava sérias sequelas da alienação parental como o mal comportamento, que neste caso era na relação do pai e da madrasta.5 Infelizmente este é apenas um, de tantos exemplos, de como a alienação parental pode trazer sérios danos na sociedade. 
5- CONCLUSÃO
	O ato de alienar é uma violência monstruosa, de uma proporção gigantesca. Com o intuito de minimizareste ato de crueldade contra o menor, a legislação sancionou-se a Lei n° 12.318/2010. A lei citada a cima veio para assegurar a proteção da criança nas situações de alienação parental, exemplificando os atos e impondo medidas protetivas com a intenção de manter a convivência familiar sadia e o desenvolvimento da criança, sempre atentando ao melhor interesse da criança ou adolescente.
	Em virtudes dos fatos mencionados analisa-se que o tema é muito complexo e exige de todos os operadores do direito e dos demais profissionais envolvidos um estudo aprofundado. Não é fácil reconhecer ou afastar a existência da alienação parental, tanto que a própria lei fixa como requisito pessoal do perito um conhecimento especifico do assunto. 
	O dano causado às vítimas, podem ser irreparáveis ao ponto de causar a Síndrome de alienação parental, além de vários outros danos e transtornos de personalidade.  Magistrados, advogados, promotores de justiça, psicólogos, médicos e assistentes sociais, ou seja, todos devem manter os sentidos aguçados nos casos complexos envolvendo guarda de filhos, pois, a manifestação de "vontade" quanto a "preferência" por um dos genitores pode estar viciada por condutas danosas praticadas pelo genitor alienador. 
O desconhecimento dessa situação pode gerar uma injustiça, premiando o genitor alienador e causando danos irreparáveis para a vítima da alienação parental que precisa ser coibida com a máxima brevidade e com os instrumentos legais disponíveis, inclusive, determinando que o alienador, além das punições legais, seja submetido a tratamento psicológico e ou psicanalítico. A violência contra criança e adolescente causa danos não só para os envolvidos, mas para toda a sociedade.
	
Bibliografia
1 – “Pai abusador usa Lei de Alienação Parental para tomar guarda de filho” Matéria publicada no dia 08/04/2018, a mídia nacional traz a público, vários casos que mães perdem a guarda do filho, para pais que são possíveis abusadores. Disponível em <http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2018/04/pai-abusador-usa-lei-de-alienacao-parental-para-tomar-guarda-de-filho.html > Acesso em 31/03/2020.
	DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 6ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010.
	2- “SAP – Síndrome de Alienação Parental – O que SAP?” Disponível em <http://www.alienacaoparental.com.br/o-que-e >
	GARDNER, Richard A. The Parental Alienação Syndrome (=A Síndrome de Alienação Parental), Segunda Edição, Cresskill, NJ: Creative Therapeutics. Disponível em <https://www.rgardner.com>.
	3- “Aspectos Materiais e Processuais por Antônio Veloso Peceja Junior” Disponível em <http://jus.com.br> 
	BUOSI, Caroline de Cássia Francisco. Alienação parental: uma interface dos direitos e da psicologia. Curitiba: Juruá,2012.
	4- “Alienação Parental: Caso Bernardo” Disponível em <https://www.migalhas.com.br/depeso/199469/alienacao-parental-caso-bernardo >
	5- “Ao denunciar pai e madrasta, o calvário de Bernardo se agravou” Disponível em < https://veja.abril.com.br/brasil/ao-denunciar-pai-e-madrasta-o-calvario-de-bernardo-se-agravou/ >

Continue navegando