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2018_06_Pedagogia_Socialista _1

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EDIÇÃO 6 ANO 6 N 2 ABRIL/JUNHO/2018 ISSN 2358 - 6133 
2 
Coordenadora do Projeto: 
Ma. Andréa Kochhann 
Editorial 
Artigos científicos 
Artigos de opinião 
Relato de experiência 
Entrevistas 
Informação 
Resenhas 
Cruzadinhas 
Matando o tédio 
Índice 
EDITORAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Andréa Kochhann 
Maria Eneida da Silva 
Este trabalho é reflexo da interdisciplinaridade e da indissociabilidade pesqui-
sa, ensino e extensão e compõe as atividades do GEFOPI – Grupo de Estudos 
em Formação de Professores e Interdisciplinaridade. É fruto de uma oficina re-
alizada com a turma de Pós Graduação Stricto Sensu em Educação, na discipli-
na “Pedagogia Socialista”, ministrada pelo Prof. Dr. Erlando da Silva Rêses, 
na Universidade de Brasília-UnB. 
IMAGEM DA CAPA 
https://br.freepik.com/vetores-gratis/punho-
cerrado-no-feixe-radial_687831.htm 
Catalogação na Fonte 
Comissão Técnica do Sistema Integrado de Bibliotecas Regionais (SIBRE) 
Universidade Estadual de Goiás 
EDIÇÃO 6 ANO 6 N 2 ABRIL/JUNHO/2018 ISSN 2358 - 6133 
 
Revista pedagógica: Pedagogia Socialista / Ma. Andréa Kochhann (Coord.) - ed. 6 
ano 6 n. 2 (2018). – Anápolis: UEG, 2018. 
 
 28 p. il. 
 
 ISSN: 2358- 6133 
 
1. Aprendizagem. 2. Ensino Superior. 3. Pedagogia Socialista . I. GEFOPI – Grupo 
de Estudos em Formação de Professores e Interdisciplinaridade- UEG. II. Título. 
 
CDU 37.013 
3 
O convite a esta leitura é um convite à aventura 
Uma aventura que navegou no escrito à mão 
Que se deliciou com Gutemberg 
Mas se deslumbrou com o texto eletrônico 
 
Hoje, de Personal Computers a Smartphones 
Reconfiguram-se as maneiras de ler e de conhecer 
Ler o que nos impõem 
Conhecer o que nos permitem 
Comprar o que não podemos 
Epicuro tem razão! 
 
Por isso, o convite hoje é para a aventura! 
Da coragem da leitura e da coragem do escrito 
Combate ao ensino teatral consumidor 
Da apropriação do trabalho no capital: a alienação 
Mas no trabalho ontológico: a emancipação 
Instrução e produção material na escola educação 
Pela Pedagogia da omnilateralidade 
Em totalidade das forças e totalidade do eu 
 
Assim, manifestam-se os textos em gêneros diversos que são trazidos a esta revista, 
cuja edição discute a Pedagogia Socialista sob os ideais de Marx e Engels, bem co-
mo outros teóricos que se inspiraram no eixo do pensamento destes célebres teóricos 
e assumiram a crítica à escola capitalista. A 26ª edição da Revista Pedagógica conta 
com a coordenação e edição de membros do Grupo de Estudos em Formação de Pro-
fessores e Interdisciplinaridade – GEFOPI – e a valiosa colaboração dos alunos da 
disciplina Pedagogia Socialista da Faculdade de Educação da Universidade de Bra-
sília – UnB. Em trabalho coletivo, foram produzidos: artigos científicos; artigos de 
opinião; resenhas de filme e livros; entrevistas; charges e demais gêneros que pudes-
sem, de forma descontraída e sem perder o academicismo, compor um espaço valio-
so de discussão da Pedagogia Socialista. Uma universidade pública é o lócus que po-
de permitir ao trabalhador uma formação científica elevada para o conduzir à com-
preensão do processo e das contradições sociais e políticas. Dessa forma, a Revista 
Pedagógica do GEFOPI, ao estilo magazine, é instrumento de produção e também de 
socialização das ideias contra hegemônicas que nos permitem pensar a educação sob 
o prisma da construção do ser social e não mais do ser para a sociedade. 
Divirtam-se e instruam-se por meio das próximas páginas. 
 
As editoras 
4 
COMO GRAMSCI PENSOU O PRINCÍPIO EDUCATIVO? 
 
 Gramsci foi membro-fundador e secretário-geral do Partido Italiano (PCI), e 
deputado pelo distrito do Vêneto, sendo preso pelo regime fascista de Benito Musso-
lini. É reconhecido pela sua teoria da hegemonia cultural que descreve como o Esta-
do usa, nas sociedades ocidentais, as instituições culturais para conservar o poder. 
Para o autor “todo grupo social, nascendo no terreno originário de uma função es-
sencial no mundo da produção econômica cria para si, ao mesmo tempo, organica-
mente uma ou mais camadas de intelectuais que lhe dão homogeneidade e consciên-
cia da própria função, não apenas no campo econômico, mas também no social e po-
lítico” (1995, p. 9). Os grupos sociais que nascem a partir do modo como se 
estrutura o mundo da produção material criam, de modo orgânico, seus intelectuais, 
que lhes dão homegeneidade ideológica e política. Os intelectuais seriam então, os 
organizadores da hegemonia capazes de formar opinião. 
 Todos os homens são intelectuais, embora nem todos possuam esta função na 
sociedade. Assim, todos desenvolvem atividades intelectuais independente do traba-
lho que realizam, pois não se pode separar o homo faber do homo sapiens. A hege-
monia para o autor seria a capacidade das classes dominantes de manutenção do po-
der pelo consenso, que é espontâneo e dado pelas grandes massas da população ao 
grupo dominante. Quando isto não funciona, o aparato de coerção estatal assegura 
legalmente a disciplina dos grupos pela força. Outro conceito desenvolvido por 
Gramsci é a cultura como manifestação da espiritualidade humana – ciência, arte, 
religião, filosofia , política e educação. 
INTRODUÇÃO 
 
O presente artigo foi elaborado a partir de 
estudos bibliográficos da disciplina 
Pedagogia Socialista, ministrada na Pós-
Graduação Stricto Sensu da Faculdade de 
Educação da Universidade de Brasília, 
tratando do princípio educativo e da 
escola unitária em Gramsci que também 
são defendidos por Pistrak. 
ANDRÉA 
KOCHHANN 
NATHÁLIA 
BARROS RAMOS 
 
 
 
 
 
 
 
Pedagoga; graduanda em 
História e mestranda em 
Educação pela Universi-
dade de Brasília - UnB 
Pedagoga, mestre em Educação 
e doutoranda em Educação pe-
la Universidade de Brasília 
UnB. Monitora da disciplina 
Pedagogia Socialista. 
GRAMSCI E PISTRAK: contribuições para uma 
pedagogia socialista 
5 
 Esta constitui um produto no desenvol-
vimento histórico de um grupo social, bem 
como possibilita a consciência política ca-
paz de se opor efetivamente à da sociedade 
burguesa dominante. É por meio dela que 
se constitui a fonte da vontade coletiva e 
do comportamento coletivo. 
Ao criticar a escola dual, Gramsci 
propõe a escola unitária que seria “uma es-
cola única de cultura geral, humanista, for-
mativa, que equilibre de modo justo o de-
senvolvimento da capacidade de trabalhar 
manualmente, teoricamente, industrial-
mente, o desenvolvimento das capacidades 
de trabalho intelectual” (1995, p. 33). Ela 
deveria propor a tarefa de inserir os jovens 
na atividade social, depois de tê-los levado 
a certo grau de maturidade e capacidade, à 
criação intelectual e prática e a uma certa 
autonomia na orientação e na iniciativa. 
Por fim, importante salientar que para ele 
a escola, na tendência democrática, não 
pode significar apenas que um operário 
manual se torne qualificado. 
QUAL A CONTRIBUIÇÃO DE PISTRAK PARA A EDUCAÇÃO? 
 
Pistrak desenvolveu uma proposta pedagógica revolucionária, na perspectiva de 
uma pedagogia socialista. Para uma educação voltada para as massas e que se opunha 
à educação tradicional capitalista, é necessário pensar em alguns elementos centrais, 
que são: relação teoria e prática revolucionária; transformação pela teoria marxista; e 
atuação do professor na pedagogia comunista como agente revolucionário. 
Assim como em Marx, o trabalho era central para Pistrak que constituiu a Escola 
Única do Trabalho, nas comunas, possuindo características de autogestão e auto-
organização, tendo o trabalho como princípio educativo. Pelo trabalho é possível atuar 
sobre a realidade concreta e modificá-la, pois este é um instrumento de luta que pode 
servir à classe trabalhadora. Esse modelo de escola se baseava no complexo de estu-
dos, pelo método dialético. O trabalho pedagógico seria pensado e organizado por 
complexos temáticos que,segundo Pistrak, permitiria melhor compreensão da realida-
de. O conteúdo é visto de forma multidisciplinar e interdisciplinar . 
É preciso que cada cidadão se torne 
“governante” e que a sociedade o ponha 
em condições gerais de poder fazê-lo. 
Gramsci, amadurecendo a concepção de 
escola do trabalho, sintetizou que deveria 
haver uma união também da visão huma-
nística. 
A escola unitária, segundo Gramsci 
(1995, p. 3) tinha por objetivo a forma-
ção de sujeitos intelectuais, ativos “de 
um modo orgânico, [...] homogeneidade 
e consciência da própria função, não ape-
nas no campo econômico, mas também 
no social e político [...]”. Desta forma, o 
sujeito começaria a ter consciência de 
que suas decisões tem importantes para 
meio social em que vive e que não deve-
ria se deixar levar pelos interesses da 
classe dominante, ou seja, emancipação 
humana., tornando todo processo educa-
tivo. O princípio educativo pode se ex-
pressar em toda sociedade enquanto tra-
balho educativo e, mais específico na es-
cola, enquanto trabalho pedagógico. 
6 
CONSIDERAÇÕES 
 
Defendemos uma educação que vise à formação docente e ao trabalho concreto 
para a crítica, a autonomia, a omnilateralidade e a luta pela emancipação humana. 
Para isso, acreditamos que uma pedagogia contra-hegemônica ou pedagogia socialis-
ta pode favorecer essa construção na luta diária e coletiva. Para formar-se no princí-
pio educativo é preciso uma prática revolucionária, com sujeitos revolucionários e 
que possuam auto-organização. Eis o vir a ser. 
 
REFERÊNCIAS 
 
FRIGOTTO, Gaudêncio. Educação e a crise do capitalismo real. 6. ed. São Paulo: 
cortez, 2010. 
 
GRAMSCI, Antonio. Concepção dialética da história. Tradução de Carlos Nelson 
Coutinho. 10. ed. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 1995. 
 
PISTRAK, Moisey Mikhaylovich. Fundamentos da Escola do Trabalho. 3. ed. São 
Paulo: Expressão Popular, 2011. 
Para Pistrak (2011, p. 23-24) “a es-
cola sempre foi uma arma nas mãos das 
classes dirigentes. [...]. A escola é a ar-
ma ideológica da revolução”. Nas socie-
dades capitalistas, toda forma de traba-
lho em suas relações sociais estabeleci-
das podem vir a ser para a alienação e a 
reprodução ou para a emancipação e a 
autonomia. Para o autor, a base da esco-
la do trabalho deve seguir os princípios 
de relação com a realidade e de auto-
organização dos alunos, em que o traba-
lho nas escolas esteja vinculado a ativi-
dades sociais, reais e concretas, social-
mente uteis, para não perder seu valor 
essencial e ser meramente atividade téc-
nica e anêmica. Para tanto, a auto-
organização dos alunos é importante, 
visto que não podem ser atividades rea-
lizadas por coerção. 
A auto-organização dos alunos é 
fundamental em uma pedagogia social. 
A escola unitária, na perspectiva de Fri-
gotto (2010, p. 190) considera que “ao 
definir-se o conhecimento a ser trabalha-
do (conteúdos, processos, métodos, téc-
nicas etc.), para ser orgânico, deve ter 
como ponto de partida a realidade dada 
dos sujeitos sociais concretos.”, bem co-
mo é preciso evitar o teorismo (teoria), 
assim como o ativismo (prática) e primar 
pela práxis. Isso significa valorizar a prá-
tica social com a práxis. Destarte, é im-
portante considerarmos que o trabalho 
pedagógico pode ser alicerçado pela prá-
xis e vir a ser uma prática revolucionária. 
A unidade teoria e prática é necessária no 
contexto da prática revolucionária por 
meio do trabalho pedagógico enquanto 
princípio educativo. 
7 
MARX, ENGELS E A EDUCAÇÃO 
1. Introdução 
 As constatações de Marx e Engels 
subverteram a compreensão liberal de 
educação que sublima uma possível 
“autonomia” do complexo em questão 
quando comparado à totalidade social em 
que se insere. Para ambos, os objetivos e os 
princípios hegemônicos de um 
determinado processo educativo vinculam-
se às necessidades da sociedade em que 
este se desenvolve. No âmbito do modelo 
societal burguês, por exemplo, a dinâmica 
educativa destinada à classe trabalhadora 
atrela-se à preparação de “força de 
trabalho” descartável, acrítica e 
subserviente à forma de acumulação do 
sistema. 
 Nas páginas seguintes, levando 
em consideração as formulações dos 
revolucionários supracitados, 
apresentaremos alguns elementos 
pedagógicos imprescindíveis à 
constituição de um complexo 
educacional partícipe de uma totalidade 
social sem classes, ancorada em 
produtores autônomos associados e em 
que os seres humanos se coloquem a 
serviço de uma igualdade material que, 
por sua vez, ampliará a possibilidade de 
diferenciação das personalidades 
sociais a partir das atividades 
desenvolvidas no tempo de não 
trabalho. 
2. Desenvolvimento 
 O ser humano se destaca do complexo “puramente” orgânico na medida em que 
transforma intencionalmente o meio que o circunda com o objetivo de produzir e 
reproduzir materialmente a sua existência. Tal ação, protoforma de todas as demais 
práxis sociais, submete a espécie animal “homo sapiens sapiens” a um “vir-a-ser” 
socialmente determinado, em que a consciência - tanto do singular da espécie quanto 
do gênero como um todo - assume papel determinante no devir. Isto pois, ao alterar o 
meio de forma planejada, suprindo as necessidades do estômago e do imaginário, ou 
seja, ao trabalhar, os seres sociais modificam a natureza e a si próprios, inserindo o 
“novo” de forma recorrente na realidade, desenvolvendo inéditos conhecimentos e 
inauditas habilidades, posteriormente generalizáveis por toda a espécie e as demais 
ações sociais. 
8 
 A partir dessa descoberta, Marx e 
Engels propuseram como elementos 
estruturais do momento educacional de 
uma sociedade emancipada e liberta dos 
grilhões do capital, os seguintes eixos: (i) 
a unidade entre a educação e o trabalho; 
(ii) a politecnia; (iii) a vinculação entre a 
educação e a política; (iv) e a relação 
entre o “tempo de trabalho” e o “tempo 
livre”, ou seja, de não trabalho. 
 Se no capitalismo, educa-se a 
criança e o jovem para o desempenho 
posterior do “trabalho alienado”, em que 
o produtor não possui autonomia tanto no 
momento de criação quanto no processo 
de objetivação, além de não deter o 
objeto resultado de sua ação, no 
comunismo, trabalha-se, de forma 
“desalienada”, para educar. Assim sendo, 
o intercâmbio orgânico entre o ser 
humano e a natureza com o objetivo de 
produzir os meios de produção e os 
meios de subsistência – elemento central 
na constituição das mais distintas 
sociabilidades, do comunismo originário 
ao capitalismo dos dias correntes –, torna
-se o fundamento do processo de 
formação. 
 Ademais, como Suchodolski tão 
bem nos demonstrou em seu texto a 
“Teoria Marxista da Educação” (1976), a 
descoberta marxiana de que “é o ser 
social – sociedade – quem determina a 
consciência (singular)”, exige um 
processo de “desalienação”, com efetiva 
participação da escola, que não pode 
prescindir de um movimento que 
revolucione a materialidade capitalista. 
 Destarte, a emancipação terá que 
transcender o “simples pensar de forma 
consciente e autorrefletida”, mediado pela 
“Escola Única do Trabalho”, desaguando 
em uma sociedade sem a propriedade 
privada dos meios de produção e em que o 
trabalho seja autônomo, consciente, livre, 
associado e universal e, não mais, 
assalariado e alienado. 
 Na escola citada anteriormente, a 
“politecnia” – educação tecnológica – 
ganhará centralidade! Essa, todavia, não 
deverá ser confundida com um 
adestramento acrítico em distintas tarefas 
produtivas, mas, sim, como uma proposta 
de subversão da dicotomia burguesa entre 
a teoria e a prática, entre o trabalho 
manual e o trabalho intelectual, entre o 
campo e a cidade, nestes termos, a 
educação tenderá à omnilateralidade, ou 
seja, à formação humana que leve em 
consideração os distintos momentos de 
interação da espécie como meio, 
afastando-se do atual caráter unilateral, 
especializado e descontextualizado, 
tipicamente burguês. 
 Educar, politizando, politizar, 
educando. Pela discussão e pela prática de 
relações sociais autênticas, como a 
autogestão, que se aproximem de uma 
sociedade em que a liberdade não seja 
apenas o direito de ser proprietário, educa-
se. Assim, consolida-se um processo de 
“formação humana” a serviço de uma 
coletividade em que a produção social seja 
de todos, rompendo, portanto, com a 
hegemonia ideológica do individualismo e 
da defesa da propriedade privada dos 
meios de produção. 
9 
 Por fim, no movimento de constituição da sociedade “em que o 
desenvolvimento de cada um seja indispensável ao desenvolvimento de todos”, as 
atividades realizadas no tempo de “não trabalho”, “livre”, estarão disponíveis à 
totalidade dos seres humanos e não apenas à classe proprietária dos meios de 
produção e à pequena burguesia (profissionais autônomos e trabalhadores 
assalariados responsáveis pela gestão do capital da classe de proprietários), como no 
capitalismo. De mais a mais, o momento livre, no comunismo, de forma distinta do 
contexto atual, em que o lazer resume-se ao consumo, será preenchido por atividades 
educativas e culturais que propiciem a adequação dos indivíduos ao potencial 
genérico, tanto afetivo e intelectual, quanto corporal, propiciando uma educação 
plena. 
 
3. Considerações Finais 
 A partir de tais contribuições educacionais, sempre inseridas em uma análise 
mais abrangente sobre a sociedade burguesa e a sua sucessora, a comunista, Marx e 
Engels, a partir do materialismo histórico-dialético, lançaram luz sobre o caminho a 
ser trilhado pela escola colocada a serviço de um projeto de humanidade em que as 
personalidades sociais definirão de forma consciente, livre e voluntária, as funções 
que desempenharão no processo de produção material da vida do coletivo e em que 
os desenvolvimentos das capacidades intelectivas, corporais, afetivas e artísticas 
humanas tornar-se-ão fins em si mesmos! 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
MARX, K. & ENGELS, F. Textos Sobre Educação e 
Ensino. 2. ed. São Paulo: Moraes, 1992. 
 
ROSSI, Vagner Gonçalves. Pedagogia do trabalho: raízes 
da educação socialista. Volume 1. SP: Editora Moraes, 
1981. 
 
SAVIANI, D. Trabalho e Educação: fundamentos onto-
lógicos e históricos. Revista Brasileira de Educação. V. 12, 
nº 34, jan/abr. 2007; 
 
SUCHODOLSKi, B; WOJNAR, I; MAFRA, J. F. Teoria 
Marxista da Educação. In: SUCHODOLSKI - Coleção 
Educadores. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora 
Massangana, 2010. 
 
SUCHODOLSKI, Bogdan. Teoria Marxista de Educa-
ção. São Paulo: Editorial Estampa, 1976 
Thiago Oliveira Queiroz 
Nunes 
Doutorando do Programa de 
Pós-Graduação da Faculdade 
de Educação Física da 
Universidade de Brasília – 
UnB; Pesquisador do 
AVANTE/LEFET/FEF/UnB e 
do GENPEX/FE/UnB. 
10 
Pedagogia Socialista na Universidade: reflexões a 
partir de uma disciplina na pós-graduação 
 Escolhemos cursar a disciplina Pe-
dagogia Socialista com o intuito de co-
nhecer melhor a proposta desta, bem co-
mo estudar com maior profundidade os 
autores socialistas - desde os mais conhe-
cidos, como Marx e Engels, aos menos 
conhecidos, como Mariatégui. 
 A disciplina Pedagogia Socialista 
foi oferecida pela primeira vez pelo Pro-
grama de Pós-graduação da Faculdade de 
Educação, na Universidade de Brasília - 
PPGE, ministrada pelo Prof. Dr. Erlando 
da Silva Rêses. As discussões da discipli-
na foram focalizadas pelas problemáticas 
disponibilizadas pelo professor no plano 
de curso. As problemáticas direcionaram 
os debates coletivos, por meio das seguin-
tes questões: 
 Como se define o socialismo? 
 Qual a concepção de mundo e soci-
edade existentes no mundo? 
 Qual relação entre socialismo e tra-
balho? 
 Qual contribuição dos autores cita-
dos anteriormente para se pensar a 
educação? 
 Como seria a pedagogia socialista? 
 Para responder às problemáticas, foi 
necessário estudar alguns dos principais 
teóricos da área. Nesse contexto, desta-
cam-se Hernecker (1976), Marx e Engels 
(1963,1983), Rossi (1981), Saviani (2007) 
Makarenko in Luedemann (2002), Pis-
trak (2000), Krupskaya in Freitas et al. 
(2017), Lunatcharski (1988), Shulgin 
(2013), Gramsci (1995). 
De maneira geral, os estudos ratifi-
cam uma nova concepção de sociedade e 
de educação, alicerçada para o desmante-
lamento do capitalismo. Salienta-se a ne-
cessidade do trabalho como princípio 
educativo, sendo este o trabalho orienta-
do para a luta do proletariado. Nesse con-
texto, a educação seria voltada para os 
princípios pedagógicos coletivos, colabo-
rativos, emancipadores e transformado-
res. Assim, a pedagogia socialista seria 
tratada como rompimento das práticas 
excludentes permeadas pelo capital. 
 Dando prosseguimento, Marx 
(2012, p. 14) cita que educação popular a 
cargo do Estado é inconcebível, tendo em 
vista que para ele: 
Uma coisa é determinar, por meio de uma lei 
geral, os recursos para as escolas públicas, as 
condições de capacitação do pessoal docente, as 
matérias de ensino, etc., e velar pelo cumprimen-
to destas prescrições legais mediante inspetores 
do Estado, como se faz nos Estados Unidos, e 
outra coisa completamente diferente é designar o 
Estado como educador do povo! Longe disto, o 
que deve ser feito é subtrair a escola a toda in-
fluência por parte do governo e da Igreja. Sobre-
tudo no Império Prussiano-Alemão (e não vale 
fugir com o baixo subterfúgio de que se fala de 
um "Estado futuro"; já vimos o que é este), onde, 
pelo contrário, é o Estado quem necessita de re-
ceber do povo uma educação muito severa. 
11 
 Para o referido autor, a educação 
deve ser de forma absoluta pública e gra-
tuita. O público, nesse caso, não é sinôni-
mo de estatal. A escola seria administra-
da pela sociedade em geral, assim, seria 
exercida a democracia de fato (MARX, 
2012). Nesse contexto, não há uma esti-
pulação de teoria da educação para Marx. 
Para ele, a educação tem uma função so-
cial e deveria combater a alienação e a 
desumanização proporcionada pelo siste-
ma capitalista (MARX, 2012). 
 Assim, cursar Pedagogia Socialista 
nos demandou uma grande quantidade de 
leituras, bem como a realização de estu-
dos dirigidos, todos voltados para a te-
mática. Essas atividades proporcionaram 
à turma vários momentos de reflexão 
acerca de questões relevantes como edu-
cação, socialismo e superação do capita-
lismo, entre outros. 
Ressalta-se que a disciplina nos 
ajudou a compreender criticamente como 
a sociedade está estruturada no sistema 
capitalista, pois cada vez mais este traz 
mazelas ao povo, pois o objetivo central 
é de gerar lucro por meio da exploração 
dos trabalhadores e manter a ordem soci-
al hegemônica vigente. Desta forma, para 
que essa exploração hedionda dos seres 
humanos cesse, é necessário que haja a 
transformação do mundo, bem como da 
educação (MARX; ENGELS, 1963; 
MÉSZÁROS, 2008). 
Essa transformação se dá por meio 
da educação e do trabalho, pois, conso-
ante Saviani (2007), o homem, utilizando 
a sua racionalidade, trabalha e edu-
ca/aprende ao mesmo tempo. 
REFERÊNCIAS 
 
MARX, Karl & ENGELS, F. Obras es-
colhidas - Teses sobre Feuerbach. Volu-
me 3. Rio de Janeiro: Editorial Vitória, 
1963. 
 
MARX, Karl. Crítica do Programa de 
Gotha. Trad. de Rubens Enderle. São 
Paulo: Boitempo, 2012. 
 
MÉSZÁROS, ISTVÁN. A Educação 
para além do capital. São Paulo: Boi-
tempo, 2008. 
 
SAVIANI, Dermeval. Trabalho e Edu-
cação: fundamentos ontológicos e histó-
ricos. Revista Brasileira de Educação. V. 
12, no 34, jan/abr. 2007. 
QUEM SOMOS 
 
 
 
 
 
 
 
Marina de Oliveira Sampaio (direita) é pe-
dagoga pela UnB. Está cursando mestrado 
acadêmico em Educação, pela linha de pes-
quisa Educação, Tecnologias e Comunicação 
- ETEC, na UnB. 
 
Priscila Campos Pereira (esquerda)é licen-
ciada em pedagogia pela UnB. Atualmente, 
cursa mestrado acadêmico em Educação, pela 
linha de pesquisa Educação, Tecnologias e 
Comunicação - ETEC, UnB. 
 
 No socialismo, o trabalho ocorre 
coletivamente com a finalidade de que 
todos se ajudem, portanto, que o traba-
lho seja útil a todos na sociedade socia-
lista. Trata-se, deste modo, da supera-
ção do modelo capitalista. 
12 
É possível uma pedagogia socialista no Brasil? 
 A escola pública no Brasil é objeto 
inesgotável de estudos e debates pelos es-
tudiosos em Educação, e de modo geral, 
todos opinam e tentam compreender sua 
função em um país de extremas desigual-
dades. Lanço a questão que intitula este 
texto para tentar determinar o lugar da pe-
dagogia progressista entre nós, professo-
res das escolas públicas brasileira, e sem a 
pretensão de esgotar o debate, lançarei al-
guns argumentos para tentarmos iniciar 
uma discussão necessária entre nós educa-
dores. 
 Inicialmente acredito que a nossa 
escola pública ainda padece de questões 
estruturantes, como sobre o seu financia-
mento e a valorização dos seus profissio-
nais, entretanto, podemos discutir o que 
temos feito para avançar na discussão 
qualitativa dos aspectos que dizem respei-
to aos que fazem a escola, principalmente 
que concepção de currículo estamos colo-
cando em prática e qual o posicionamento 
político que tomamos frente a necessidade 
de elevação dos indicadores de aprendiza-
gem e prosseguimento dos estudos de nos-
sa comunidade acadêmica. 
 Existem propostas interessantes 
em prática em algumas redes de educa-
ção básica, que inclusive se apresentam 
como progressistas para o contexto das 
escolas brasileiras: o currículo em movi- 
mento da rede de educação básica do Dis-
trito Federal e o Currículo Integrado da 
Rede Federal de Educação Profissional (os 
Institutos Federais). Chamo a atenção pa-
ra ambas as propostas por um aspecto em 
particular e que remonta uma premissa 
marxiana em Educação: o Trabalho como 
Princípio Educativo. 
 A articulação da categoria Trabalho 
com Educação está na base de qualquer 
proposta progressista de educação, e sua 
efetivação necessita de tempo e espaço 
adequados para sua discussão, e espaços 
de formação, discussão e construção cole-
tiva entre os profissionais da educação, al-
go ainda incomum entre nós e em nossas 
escolas. Faço esta constatação a partir dos 
meus dez anos de docência na educação 
básica, sempre em escolas públicas. E con-
vido aos leitores a remontarem em suas 
memórias passagens marcantes que se 
contraponham a minha afirmação. Ser co-
letivo não é algo fácil. 
 A teoria não dá conta da realidade, 
pois para além da percepção necessária de 
transformação e do caminho, algo mais 
nos falta para pensar o espaço escolar co-
mo espaço comunitário e amplo, envol-
vendo estudantes, pais, professores, técni-
cos em educação e gestores em torno de 
uma proposta efetiva de transformação da 
realidade da escola pública brasileira. 
13 
 Retorno a questão que intitula este 
texto: É possível uma pedagogia socialista 
no Brasil? Se pensarmos a sua concepção 
e implementação nas redes de educação 
básica no Brasil, a resposta seria afirmati-
va, porém entre nós que fazemos a escola 
pública provavelmente não temos a exata 
noção do quanto tais propostas seriam mo-
bilizadoras da escola e de suas comunida-
des. 
 Será que peguei o leitor de surpresa 
ao afirmar que as propostas do Distrito Fe-
deral e dos Institutos Federais são iniciati-
vas de pedagogias socialistas? Espero que 
não, pois a necessária compreensão de am-
bas as propostas nos coloca na condição 
de não só crer em sua efetividade, mas 
também engajar-se nesta empreitada. 
 Em nossa caminhada de leituras e 
discussões durante o curso de Pedagogia 
Socialista do Professor Dr. Erlando Rêses, 
me pareceu latente o papel revolucionário 
do professor para que tais iniciativas sejam 
efetivas. Para o referido autor, a educação 
deve ser de forma absoluta pública e gra-
tuita. O público, nesse caso, não é sinôni-
mo de estatal. 
 A escola seria administrada pela so-
ciedade em geral, assim, seria exercida a 
democracia de fato (MARX, 2012). Nesse 
contexto, não há uma estipulação de teoria 
da educação para Marx. Para ele, a educa-
ção tem uma função social e deveria com-
bater a alienação e a desumanização pro-
porcionada pelo sistema capitalista 
(MARX, 2012). Assim, cursar Pedagogia 
Socialista nos demandou uma grande 
quantidade de leituras, bem como a reali-
zação de estudos dirigidos, todos volta-
dos para a temática. 
Sobre o autor 
 
 
 
 
 
 
REINOUDS LIMA SILVA 
Professor da Ensino Básico, Técnico e Tecno-
lógico da Rede Federal de Educação Profissio-
nal desde 2007; servidor do Instituto Federal 
do Maranhão; mestre em Educação pelo 
PPGE/FE e cursa doutorado pelo PPGE/FE. 
 Essas atividades proporcionaram à 
turma vários momentos de reflexão 
acerca de questões relevantes como edu-
cação, socialismo e superação do capita-
lismo, entre outros. Essa transformação 
se dá por meio da educação e do traba-
lho, pois, consoante Saviani (2007), o 
homem, utilizando a sua racionalidade, 
trabalha e educa/aprende ao mesmo 
tempo. O revolucionário pretendido se 
caracteriza por sua inquietação frente a 
realidade. 
 Por essa inquietação e na capaci-
dade de se perceber como agente efetivo 
de superação das desigualdades, faz-se 
premente não só ter a consciência do 
que nos circunda, mas promover os mei-
os efetivos para o avanço das propostas 
já existentes. Pensar uma escola criati-
va, que alie as ações de ensino e pesqui-
sa, que se proponha popular como sua 
identidade, e não como mera caracterís-
tica, incluindo não só as pessoas, mas as 
realidades a serem compreendidas, reve-
ladas e esgotadas, como ação e reflexão 
necessárias para sua efetivação. Enfim, 
após as necessárias reflexões saberei dar 
resposta a questão inicial: sim, é possí-
vel! E para você? 
14 
O Professor Dr. Erlando da Silva Rêses é referência na luta e defesa da 
Educação Pública e Gratuita. Ele é docente da Faculdade de Educação 
da Universidade de Brasília e, em 2018, criou e implementou no currí-
culo da Pós-graduação na FE da UnB a disciplina Pedagogia Socialista 
na linha Políticas Públicas e Gestão da Educação (POGE). Coordena 
programas populares de extensão que visam a democratização de aces-
so da classe trabalhadora à universidade pública, dentre os quais desta-
camos o Pós-Populares e o FORMANCIPA. Coordena o Grupo de Estu-
dos e Pesquisa em Materialismo Histórico-Dialético e Educação 
(Consciência). É membro da Diretoria Executiva do ANDES-SN 
(Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior). 
1) – Qual é a importância em uma 
disciplina como Pedagogia Socialista 
para o ensino superior? 
 
Primeiro é trazer ao contexto acadêmi-
co autores desse campo da Pedagogia 
Socialista por se tratar de um conjunto 
ainda pouco conhecido. Temos aqui na 
Faculdade de Educação disciplinas que 
inserem esporadicamente autores desse 
campo dentro do plano de curso, mas 
que são trabalhados de forma rápida e 
aligeirada sem uma discussão mais pro-
funda para conhecer a verdadeira con-
tribuição desses autores para a Educa-
ção. Resolvi dar exclusividade a esse 
campo, tendo em vista se tratar de um 
espaço teórico-acadêmico de discussão 
que está no cerne do modo de produção 
socialista, num debate e em contraposi-
ção ao modo de produção capitalista. A 
partir disso, criamos formulações na 
área da educação para trabalhar aspec-
tos como a emancipação, reconheci-
mento da posição social do indivíduo 
na sociedade e o papel que se tem em 
torno dela, enquanto classe social, para 
gerar possíveis transformações na socie-
dade. 
 
2) – No atual cenário politico educaci-
onal brasileiro, que reflexões a disci-
plina Pedagogia Socialista podem pro-
piciarno meio acadêmico? 
 
 
Tudo que estamos presenciando na atual 
sociedade, em vários aspectos, social, 
educacional, político, econômico e am-
biental, está no cerne da classe domi-
nante, aliando essas esferas de modo a 
gerar retrocessos e retiradas de direitos. 
Com muita tranquilidade, afirmo, isso é 
próprio, é típico do modo de produção 
capitalista. A disciplina, portanto, serve 
para entendermos que este modelo de 
sociedade atual faz isso. Se pegarmos 
textos como “Salário, preço e lucro”, 
de Karl Marx, percebemos na discussão 
sobre o salário que o modo de produção 
capitalista considera que ele não deva 
ser aumentado para o trabalhador para 
ampliar o lucro do capitalista e manter a 
subsunção do trabalho sobre o Capital. 
15 
 
 
Da mesma forma, o detentor dos meios 
de produção pode entender que não de-
va existir sindicatos para atuarem em 
torno da conquista ou da manutenção 
de direitos. Portanto, é preciso refletir 
sobre essas questões, reconhecendo a 
importância da organização da classe 
trabalhadora em uma sociedade com 
divisão social do trabalho, afinal lutar 
sozinho pode não frutificar, prosperar 
em avanços no campo político, social e 
econômico. A primeira atitude que a 
disciplina toma, inclusive a partir das 
bases marxistas, é inserir em sua dis-
cussão o contexto da práxis, por conse-
guinte da organização da classe traba-
lhadora. 
3) Seria possível criarmos conexões 
no curso de pós-graduação entre a 
disciplina Pedagogia Socialista e as 
demais ofertas curriculares? A cone-
xão que podemos encontrar dessa disci-
plina com as demais do curso de pós-
graduação já tocamos levemente ainda 
na primeira questão, quando lembra-
mos que temos outras disciplinas que 
trabalham com textos de autores que 
essa disciplina acabou colocando co-
mo, por exemplo, Marx e Engels, auto-
res centrais da disciplina Pedagogia So-
cialista. Demos uma ênfase maior a es-
ses autores durante o curso, no que eles 
trazem e discutem sobre educação e en-
sino. Portanto, tem vínculo com outras 
disciplinas, como Pensamento Pedagó-
gico Contemporâneo, e com autores 
desse contexto, como Makarenko e Pis-
trak. Contudo, há uma invisibilidade das 
contribuições da Pedagogia Socialista e 
de vários autores, ainda pouco conheci-
dos, como Krupskaya, Lunatcharski, Ma-
riatégui, Suchodolski e Shulgin. 
4) Que autores considerados em Peda-
gogia Socialista poderiam nos inspirar 
para o enfrentamento necessário às 
práticas neoliberais que atacam a edu-
cação pública? Inicio a entrevista afir-
mando que estamos sofrendo duros ata-
ques à educação pública. Podemos perce-
ber e destacar que, praticamente, todos os 
autores trabalhados por nós na disciplina, 
como os citados acima, servem de inspi-
ração para o socialismo e para a defesa da 
educação pública. O próprio Marx e En-
gels, em “Comuna de Paris”, objeto de 
estudo desse curso, fazem menções acer-
ca da defesa da educação pública e gra-
tuita, que foram mencionadas nas Teses 
de Feuerbach por eles. Os autores ressal-
taram que a educação deve primar por es-
sa base para o conhecimento alcançar o 
máximo de pessoas possíveis, no intuito 
de promover mudanças e superar o capi-
talismo. Aproveito para convidar a quem 
tiver interesse em conhecer nosso plano 
do curso, a conversar conosco e, caso seja 
estudante da pós-graduação da UnB, a 
cursar a disciplina. 
 
 
 
 
WESLEI GARCIA DE PAULO 
 
 
 
 
Pós-graduando na FE da UnB 
16 
Profa. Dra. Andrea Versuti 
Faculdade de Educação 
Departamento de Métodos e Técnicas - MTC 
Programa de Pós- Graduação em Educação (PPGE) 
Coordenadora da Linha de Pesquisa: Educação, Tecnolo-
gia e Comunicação (ETEC) 
1) – Qual é a importân-
cia em uma disciplina co-
mo Pedagogia Socialista 
para o ensino superior? 
Considero fundamental 
que os cursos superiores 
de Pedagogia possibilitem 
aos alunos o acesso e a 
discussão de diferentes 
perspectivas epistemológi-
cas e abordagens sobre 
Educação, justamente pela 
complexidade da área en-
quanto objeto de estudo. 
2) – No atual cenário po-
litico educacional brasi-
leiro, que reflexões a dis-
ciplina Pedagogia Socia-
lista podem propiciar no 
meio acadêmico? 
Creio que seja justamente 
fornecer elementos críti-
cos e reflexivos para am-
pliação do repertório cul-
tural dos sujeitos sobre a 
realidade do país, marcada 
por um movimento de re-
trocesso em vários as-
pectos, principalmente 
no campo da Educação. 
Neste momento, é preci-
so sobretudo qualificar o 
debate em torno das po-
líticas educacionais atu-
ais, deixando claro a 
qual projeto de socieda-
de estas atendem e enfa-
tizando seus impactos, 
inclusive para as gera-
ções futuras. 
 3) – Seria possível cri-
armos conexões no cur-
so de pós-graduação 
entre a disciplina Peda-
gogia Socialista e as de-
mais ofertas curricula-
res? 
Penso que as questões 
que envolvam os rumos 
do sistema capitalista 
globalizado na sociedade 
contemporânea, bem co-
mo suas articulações no 
campo político, social, 
econômico, simbólico e 
cultural devam ser temas 
discutidos tendo em vis-
ta seus aspectos ideoló-
gicos norteadores. Tal 
conexão importa à todos 
aqueles que estão impli-
cados direta ou indireta-
mente com a formação 
docente, também na pós-
graduação. Estes víncu-
los podem sim ser feitos 
à medida em que se faz 
necessária a compreen-
são do contexto no qual 
estão inseridos os mais 
diversos estudos realiza-
dos sobre o campo edu-
cacional. 
Weslei Garcia de Paulo 
Pós-graduando na FE da 
UnB 
17 
LUIZ ARAÚJO 
Ex-presidente do PSOL e 
professor da FE da Uni-
versidade de Brasília. 
1) – Qual é a importân-
cia em uma disciplina 
como Pedagogia Socia-
lista para o ensino supe-
rior? 
 
Temos uma disputa de 
projeto de sociedade e a 
liberdade de cátedra nos 
garante fazermos esse 
embate para todos os cur-
sos de pós-graduação e 
graduação sobre que tipo 
de mundo devemos ter. É 
raro colocarmos em uma 
disciplina essa concepção 
de mundo, porém a Peda-
gogia Socialista fornece 
elementos teóricos para 
que possamos compreen-
der que é possível termos 
uma nova ótica e uma no-
va concepção da necessi-
dade de se lutar e se im-
plementar o socialismo. 
Há várias experiências 
bem sucedidas de implan-
tação dessa disciplina. 
2) – No atual cenário politico 
educacional brasileiro, que 
reflexões a disciplina Peda-
gogia Socialista podem pro-
piciar no meio acadêmico? 
 
Vivemos um momento de um 
golpe parlamentar, que é um 
retrocesso, e ao mesmo tempo 
um crescimento das concep-
ções conservadoras no meio 
educacional e estamos discu-
tindo de forma parcelada essa 
problemática. O Projeto Esco-
la sem Partido nos ataca e te-
mos que enfrentar isso, sofre-
mos uma mudança curricular, 
uma uniformização dos currí-
culos e temos que enfrentar 
isso. E uma disciplina como 
Pedagogia Socialista nos dá 
uma proposta global para esse 
enfrentamento e também ana-
lisar as causas desse conserva-
dorismo tão latente. Além de 
propor uma alternativa a esse 
projeto atrasado e conserva-
dor, essa disciplina dá o con-
junto das críticas que estão 
muito fragmentadas em rela-
ção aos ataques que sofremos 
no campo teórico com muita 
qualidade e visando transfor-
mações. 
 Ela além de possibilitar 
elementos teóricos, tam-
bém fomenta condições 
práticas de se discutir a pe-
dagogia que não sejam as 
formas tecnicistas de re-
produção da exploração e 
preconceitos que legiti-
mam a forma da explora-
ção do homem pelo ho-
mem que acontece em nos-
sa sociedade. Ela pauta aos 
alunos que a pedagogia 
não seja algo neutra, mas 
todas elas possuem um po-
sicionamento. Essa disci-
plina é fundamental por-
que esclarece e fornece 
elementos para perceber 
que existem nas outras pe-
dagogias um viés ideológi-
co hegemônico de explora-
ção nos cursos de gradua-ção e pós-graduação. 
18 
3) – Seria possível criarmos conexões 
no curso de pós-graduação entre a 
disciplina Pedagogia Socialista e as 
demais ofertas curriculares? 
 
Não conexões diretas, mas existe uma 
disputa de projeto de mundos presentes 
teoricamente na Pós-graduação. Peda-
gogia Socialista dá elementos para que 
possamos sair para essa disputa com 
uma visão mais articulada. Muitas teses 
tentam abstrair a existência de visão de 
mundo dos projetos societários, como 
se isso já não fosse necessário, e poder-
mos reafirmar um projeto do socialis-
mo e mostrar que esse pensamento se 
traduziu em teorias e práticas pedagógi-
cas nos auxiliam a enfrentar certa vala 
comum de que não há mais narrativas 
universais e que quaisquer técnicas e 
temas específicos sejam suficientes pa-
ra se analisar o mundo. Também deve 
contribuir para que, em relação ao soci-
alismo, não se faça apenas uma profis-
são de fé, afirmando utilizar o Materia-
lismo Histórico Dialético e acabar não 
usando nenhuma das categorias nos va-
riados trabalhos apresentados na Pós-
graduação. Por isso essa disciplina é 
importante para dar mais rigidez em 
muitos trabalhos que se denominam 
marxistas e que na verdade apenas re-
petem os clássicos e não se apropriam 
do instrumental para se fazer o traba-
lho. 
4) – Que autores considerados em Pe-
dagogia Socialista poderiam nos inspi-
rar para o enfrentamento necessário às 
práticas neoliberais que atacam a edu-
cação pública? 
 
Para esse quadro específico de ataques a 
escola pública e as universidades públi-
cas, gostaria de destacar Florestan Fernan-
des. Uma pessoa pouco lida na Educação, 
mas lido na sociologia, ainda assim pouco 
na sociologia pós-moderna. Florestan 
pensou de forma marxista a educação na 
realidade brasileira a partir de suas carac-
terísticas, utilizando claramente o método 
dialético para analisar a realidade e não 
transpôs experiências sem dialogar com 
ela. Produziu muito a partir dessa visão de 
sociedade para a educação. Travou em 
três momentos distintos uma batalha para 
defender a escola pública: na década de 
1940 ainda jovem; na década de 1960 na 
era Vargas e formulação da LDB e na dé-
cada de 1980, como Parlamentar na Cons-
tituinte, onde lutou para que o setor priva-
do não se apropriasse dos recursos públi-
cos. O considero um símbolo de um pen-
sador coerente, muito sólido que produziu 
bastante com a realidade brasileira. Sendo 
totalmente socialista e tendo tudo a ver 
com a guerra que travamos hoje pela ma-
nutenção da escola pública. Ler Florestan 
Fernandes faz muito bem para todos que 
desejam implantar o socialismo no Brasil. 
 
 
Weslei Garcia de Paulo 
Pós-graduando na FE 
da UnB 
19 
O MST protagoniza uma das mais valiosas experiências brasileiras de 
educação de massas, a partir de uma pedagogia aprimorada ao longo do 
tempo, levando a trabalhadores e trabalhadoras rurais, uma educação do 
campo emancipadora e critica em relação a realidade rural no Brasil. 
 A educação do campo no Brasil 
é uma conquista social, fruto de um 
processo de luta e persistência dos 
movimentos sociais rurais, que há 
mais de 20 anos negociam com o po-
der público, uma educação emancipa-
dora e crítica no meio rural. 
 Este processo visa a construção 
de uma pedagogia que tenha como 
objetivo, os interesses destes sujeitos 
e suas organizações. Foi na I Confe-
rencia Nacional por uma Educação 
Básica no Campo, em 1998, que o ter-
mo “Educação do Campo” passou a 
ser forjado. 
 Foi o MST que encampou o de-
safio de discutir de forma mais ampla 
a educação no meio rural brasileiro. 
Neste mesmo ano, é instituído o Pro-
grama Nacional de Educação na Re-
forma Agraria (PRONERA), como 
uma primeira conquista. 
 Pela primeira vez na história, 
os trabalhadores passam a influir em 
uma politica pública de educação, 
não mais para o meio rural, mas im-
pondo este protagonismo e tornan-
do-se sujeitos efetivos, conquistando 
uma Educação do Campo para os 
sujeitos do campo, os camponeses, 
quilombolas e trabalhadores rurais. 
 Desde então, um outro conjun-
to de experiências em educação do 
campo, conduzida por organizações 
e movimentos sociais, como o Movi-
mento dos Atingidos por Barragens, 
o Movimento de Educação de Base, 
entre outros, vem sendo articulados 
e aprimorados na sua pedagogia, for-
talecendo uma base teórica e concei-
tual, que suportam todos os objeti-
vos deste movimento por uma edu-
cação do campo. 
JOÃO MARCELO INTINI 
Engenheiro Agrônomo 
 Mestre em Agricultura Familiar 
Doutorando pela FE/UnB 
20 
Paulo Freire, com sua Pedagogia do Oprimido, 
influi imediatamente neste contexto, sendo a pri-
meira base teórico conceitual que articula os ru-
mos desta Educação do Campo. Em busca da 
emancipação, conscientização e libertação destes 
sujeitos sociais, o MST, nas escolas rurais presen-
tes em dezenas de assentamento de reforma agrá-
ria, em todas as regiões do país, aplica o método 
Paulo Freire, e milhares de pessoas são alfabeti-
zadas e tornam-se sujeitos de sua própria história. 
 Mas a dinâmica social em cur-
so é forte e pujante, e não bastava 
alfabetizar as pessoas. Era preciso ir 
além. 
 O Movimento dos Trabalhado-
res Sem Terra, junto a outros movi-
mentos sociais populares do campo, 
engendra processos educacionais e 
pedagógicos que visam uma outra 
formação do ser humano, na cons-
trução de outro projeto de nação, al-
ternativo ao atual processo de cons-
tituição da sociedade brasileira, situ-
ando seu marco teórico e prático na 
luta contra hegemônica. 
 E no meio rural, a hegemonia 
do capital, expresso pela concentra-
ção fundiária, pela agricultura inten-
siva e baseada nos agrotóxicos e ou-
tros insumos artificiais e marcada 
pela violência contra os trabalhado-
res rurais, precisa ser enfrentada. 
 O MST, então, passa a buscar 
a união entre teoria e pedagogia 
com a pratica da luta social, tendo o 
trabalho socialmente útil na centra-
lidade deste projeto político. 
 Então a base teórico conceitu-
al gradualmente vai sendo alterada, 
e outros autores, como Pistrak e 
Makarenko passam a amparar con-
ceitualmente este processo. 
 A materialidade do trabalho e 
da educação, passam a ser determi-
nantes, como categorias fundantes 
deste processo. 
 Uma pedagogia socialista, to-
mar o assentamento rural, o lugar 
de vida, aonde se processam todas 
as relações da realidade, que per-
meiam a escola e cada etapa da for-
mação básica dos alunos. 
21 
EMENDA CONSTITUCIONAL 95: a Universidade de Brasília e a 
Educação Superior Pública Brasileira 
 Em 17 de abril de 2016, com 367 votos favoráveis e 137 votos contrários, a 
Câmara dos Deputados afastou Dilma Roussef, eleita presidenta da República em 
outubro de 2014, por 54 milhões e 500 mil brasileiros. Desse momento em diante, 
acentuou-se vertiginosamente a reestruturação do Estado nacional de tal forma que se 
transformasse em um arcabouço jurídico-institucional “mínimo” para a garantia dos 
direitos sociais e “máximo” para a recomposição das taxas médias de lucro do capital 
nacional e internacional. 
 A destruição da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, a entrega dos ativos 
nacionais a valores irrisórios, como a venda dos campos de exploração de petróleo do 
pré-sal, a nova política de preços da Petrobrás, a tentativa de desconstrução da 
Previdência Social – amparada por argumentos falaciosos de um suposto déficit, que não 
levavam em consideração, por exemplo, a vinculação da Previdência à Seguridade 
Social e à sua respectiva fonte de financiamento, conforme o estabelecido pela 
Constituição Federal de 1988, além de não discutirem a necessidade da revogação da 
Emenda Constitucional que institui a “Desvinculação de Receitas da União”, malfadada 
“DRU”, que subtrai recursos vultosos da Previdência -, são algumas das medidas do 
governoatual que se alinham aos interesses das forças sociais vinculadas ao mercado. 
 Ressaltemos, a título de curiosidade, que esse “novo” modelo de Estado, não 
aprovado pelas urnas, se impôs sob a “cortina de fumaça” de um discurso que propunha 
um possível combate ao “descontrole” das contas públicas e à corrupção do governo 
anterior. Argumentos estes, após dois anos de um executivo federal composto por Michel 
Temer, Geddel Vieira, Aécio Neves, Moreira Franco, José Serra, Mendonça Filho – 
todos políticos vinculados ao PMDB, ao PSDB, ao DEM e a outros agrupamentos de 
matizes semelhantes –, hegemonizado pelos interesses supracitados, difíceis de serem 
sustentados à luz de análises minimamente críticas, que se afastem da aparência da 
realidade com o objetivo de constatar os reais motivos da dinâmica social em análise.. 
 Retornando à discussão referente ao modelo de Estado proposto nos dias atuais, 
talvez, para além das medidas descritas anteriormente, a “cereja do bolo” seja a Emenda 
Constitucional - EC nº 95, que tramitou na Câmara dos Deputados como Proposta de 
Emenda Constitucional – PEC nº 241/16 e no Senado Federal como PEC nº 55/2016, 
sendo aprovada em dois turnos por 3/5 dos integrantes de ambas as casas. Essa emenda 
instituiu o novo regime fiscal da União que, por mecanismos diversos, acaba por se 
impor, também, aos demais entes federados, ou seja, municípios, Estados e Distrito 
Federal. 
22 
 Pela letra do novo marco normativo, 
congelam-se por vinte anos as despesas 
primárias do executivo federal, recompondo-
as, no máximo, ao teto da taxa de inflação do 
ano anterior à definição do novo orçamento, 
ao passo que liberam-se os gastos com 
despesas financeiras, que drenam mais de 
40% do orçamento nacional para os bolsos 
dos bancos e dos fundos de investimento 
nacionais e internacionais. Caso mantida 
pelo tempo definido inicialmente, duas 
décadas, reestruturar-se-ão por completo o 
tamanho e a função do Estado brasileiro, 
aproximando-o, ainda mais, dos interesses 
vinculados à recomposição das taxas médias 
de lucro do capital nacional e internacional, 
sobre o “cadáver” dos direitos sociais 
constitucionais, entre os quais, a educação 
pública, universal e gratuita! 
 Inviabiliza-se, por exemplo, a meta 12 
do Plano Nacional da Educação que propõe o 
acesso de 33% da população entre 18 e 24 
anos à educação superior, em 2024. É nesse 
contexto que se encontra a Universidade de 
Brasília - UnB. Tendo como fontes de 
financiamento, prioritariamente, (i) o tesouro 
nacional, além de (ii) recursos próprios 
decorrentes da prestação de serviços como o 
executado pelo Centro de Seleção e e 
Promoção de Eventos – CESPE, (iii) e de 
convênios, a comunidade acadêmica não 
pode fruir do aporte que lhe é de direito, 
tendo que verter parte do financiamento para 
as despesas financeiras e para a “rolagem” da 
dívida da União, pois o orçamento corrente, 
levando em consideração a EC 95, restringe 
as dotações das Universidade Federais. 
 Assim, em 2018, por exemplo, a UnB 
terá acesso a 137 milhões de reais para o 
custeio, ao passo que possui 214 milhões a 
pagar, ademais, dos 168 milhões oriundos 
de fontes próprias, o Tesouro Nacional 
autorizou a execução de, somente, R$ 110 
milhões. Como resultado, a previsão de 
déficit da Universidade para o ano corrente 
é de 92 milhões de reais. E quem 
paga o preço da política do governo 
ilegítimo de fazer sangrar as universidades 
federais para que sejam repassadas, a médio 
prazo, à iniciativa privada? Os 
trabalhadores e os educandos menos 
favorecidos economicamente: terceirizados, 
estagiários, usuários do Restaurante 
Universitário – RU, entre outros. 
 Finalizando, perguntamos aos 
discentes de graduação e de pós-graduação 
da UnB e das demais Universidades 
Federais: - “ficaremos sentados, 
preocupados com prazos burocráticos da 
Coordenação de Aperfeiçoamento de 
Pessoal de Nível Superior – CAPES e com 
o cumprimento dos respectivos calendários 
acadêmicos, fingindo que tal situação não 
nos atinge, nem às gerações futuras, ou 
assumiremos a nossa responsabilidade e nos 
uniremos à luta dos trabalhadores e 
graduandos, que já deflagraram 
movimentos de resistência em diversos 
locais?”. Sejamos dignos dos postos que 
ocupamos e nos levantemos contra as 
injustiças impostas pelo governo ilegítimo 
de plantão contra a classe trabalhadora 
brasileira!! A história nos cobrará! 
EDUCAÇÃO NÃO É MERCADORIA! 
Mais informações sobre a situação da UnB: 
http://www.dpo.unb.br/images/
phocadownload/180323%20Apresentacao%
20Final.pdf 
Thiago Oliveira Queiroz Nunes 
Doutorando do Programa de Pós-
Graduação em Educação Física na 
Universidade de Brasília – UnB; 
Pesquisador do AVANTE/LEFET/
FEF/UnB e do GENPEX/FE/UnB. 
http://www.dpo.unb.br/images/phocadownload/180323%20Apresentacao%20Final.pdf
http://www.dpo.unb.br/images/phocadownload/180323%20Apresentacao%20Final.pdf
http://www.dpo.unb.br/images/phocadownload/180323%20Apresentacao%20Final.pdf
23 
A EDUCAÇÃO PROIBIDA – 2012 
 O documentário “A Educação Proibi-
da” (título original La Educación Prohibida) 
foi lançado em 2012, dirigido por Juan Vauti-
sas e produzido por German Doin, problemati-
za o modelo de educação tradicional, isto é, 
aquele à serviço da produção e reprodução do 
sistema econômico e social hegemônico.. Edu-
cação Proibida apresenta a realidade e crítica 
ao ensino para o ajustamento, treinamento e 
alienação, ainda em vigor nos países da Améri-
ca Latina, com base no resgate do cenário só-
cio histórico e político que o originou; nas 
mais de 90 entrevistas realizadas, em 08 paí-
ses, com educadores/as, estudiosos/as, profissi-
onais, alunos/as e pais; e nas 45 experiências 
educativas não convencionais. Também discu-
te as teorias pedagógicas que fundamentam a 
Educação Proibida. 
 A perspectiva histórica da educação tra-
dicional é contextualizada a partir do modelo 
de ensino da Prússia, no século XVIII, que ob-
jetivava promover o controle e ajustamento 
dos/ as estudantes para atender os interesses da 
classe dominante. Esse modelo, posteriormen-
te, popularizou-se nos países da Europa e da 
América Latina. A forma didática que o Docu-
mentário questiona a educação prussiana e as 
novas roupagens, na atualidade, na forma da 
escola como depósito dos/as alunos/as, o con-
teudismo, a hierarquização no processo de 
aprendizado, o sistema de prêmios e castigos, 
os horários, a falta de respeito a individualidade 
e realidade social dos/as estudantes, a insatisfa-
ção dos professores com o trabalho, instiga o/a 
telespectador/a indignar-se e entender a necessi-
dade de um modelo de educação capaz de pro-
mover a emancipação humana. 
 A Educação Proibida, ao apresentar as 
experiências educativas não convencionais, de-
monstra a viabilidade da educação contra hege-
mônica e, assim, do ensino livre, associado teo-
ria e prático, interdisciplinar com vista a autono-
mia, criatividade e a conscientização dos/as es-
tudantes quanto ao seu papel no processo de 
aprendizagem e na sociedade. Por isso, o filme 
recebeu o nome “Educação Proibida”, pois não 
atende os interesses da classe dominante, mas se 
constitui em meio para construção de uma soci-
edade justa e igualitária. 
 O Documentário é um manifesto político-
pedagógico que alcança e requer a educação 
proibida no sentido de superação da histórica 
educação tradicional. O filme encontra-se dis-
ponível no canal youtube, pois foi financiado 
coletivamente e possui licenças livres que per-
mitem e incentivam sua cópia e reprodução. 
Portanto, não deixe de assistir!. 
Pedrina Viana Gomes 
A aprendizagem é muito mais que analisar 
ou relacionar conceitos. Aprender implica 
um profundo processo onde se criam relações 
entre pessoas e seu entorno (43:00). 
 
Acesso: https://youtu.be/OTerSwwxR9Y 
Professora do Centro Universi-
tário deBrasília – IESB. Assis-
tente Social do INSS . Graduada 
em Serviço Social – UNB. Pós-
Graduação em Gestão de Políti-
cas Públicas. 
 
https://youtu.be/OTerSwwxR9Y
24 
OS SETE ENSAIOS DE INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE 
PERUANA - 1928 
 O livro faz uso do materialismo histórico como instrumento para compreen-
der a formação e desigualdade socioeconômica do Peru e criticar o modelo tradici-
onal e elitista da educação. A obra continua atual, pois dialoga com o cenário edu-
cacional contemporâneo da América Latina, e por desvelar, em bases marxistas, 
que a educação não é um problema administrativo, jurídico, étnico, moral ou religi-
oso, mas histórico, econômica, político e social. Sendo assim, capaz de contribuir 
para transformação e superação do modelo econômico opressor. 
 O convite a uma leitura de Sete ensaios propõe-se, entre outras coisas, socia-
lizar a proposta de José Carlos Mariátegui quanto à organização da classe trabalha-
dora, dos estudantes, intelectuais, professores e da população do campo com vista 
transformação e superação das desigualdades educacionais e, consequentemente, 
de classe, ainda, arraigadas na América Latina. 
 
Acesso: https://goo.gl/images/BW7Kmk 
PEDRINA VIANA GOMES 
 
Professora do Centro Universitário de Brasília – IESB 
Assistente Social do INSS 
Graduada em Serviço Social – UNB 
Pós-Graduação em Gestão de Políticas Públicas 
 O atual contexto latino-americano de cri-
se política, econômica e social requer a leitura 
ou releitura de um dos livros mais notórios em 
interpretar e desvelar a formação social da 
América Latina. A obra, “Os Sete ensaios de in-
terpretação da realidade peruana”, de José Car-
los Mariátegui, publicado pela primeira vez no 
Brasil, em 1975, foi uma das primeiras a conso-
lidar o pensamento marxista na América Latina. 
25 
NATHÁLIA BARROS RAMOS 
 
Graduanda em História, Pe-
dagoga e Mestranda em Edu-
cação Pela Universidade de 
Brasília - UnB 
Encontre onze palavras que representam a PEDAGOGIA SOCIALISTA 
Revolução, luta, marxismo, 
transformação, liberdade, 
pedagogia, socialista, traba-
lho, educação, teoria e 
emancipação. 
26 
http://educacaoepraxis.blogspot.com/2012/03/tiras-da-mafalda.html 
https://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios-redacao/exercicios-sobre-
interpretacao-texto-nas-tirinhas-mafalda.htm 
NATHÁLIA BARROS RAMOS 
 
Pedagoga, Graduanda em História e Mestranda em Edu-
cação pela Universidade de Brasília - UnB 
27 
https://twitter.com/PiadasNerds 
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