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AD1- estado e economia - Guilherme

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2
Estado e Economia no Brasil Contemporâneo
Aluno: Guilherme Avila Teixeira
Matrícula:19116090009
Polo: Resende
	
	O presente trabalho tem por finalidade analisar e contrastar as características do processo de industrialização da primeira República (1889-1930) e do período varguista (1930-1945). Para isto a análise irá se debruçar sobre os textos “A Controvérsia sobre a industrialização na Primeira República” de Flávio Saes, “O tempo do nacional-estatismo: do início da década de 1930 ao apogeu do Estado Novo” de Maria Antonieta Leopoldi, e material complementar. 
	O processo de Industrialização no Brasil, usualmente, é estudado a partir da primeira república, onde podemos enxergar o crescimento industrial sendo afetado por fenômenos sociais e políticos. Conforme visto na aula 2, o período de crescimento industrial na primeira Republica possui diferentes estágios, marcados por avanço veloz em determinados momentos e em outros, estado de estagnação, sem, no entanto, cessar o avanço. Diversos aspectos sociais também contribuíram para o avanço do processo de industrialização, embora outros aspectos políticos (tendo em vista que a política econômica do período era voltada para a defesa do café) possuíssem mais relevância:
‘O processo de industrialização brasileiro ao longo da Primeira República ocorreu de maneira progressiva e constante, tendo períodos de avanço mais veloz e outros de certa estagnação. O setor foi beneficiado pelo processo de urbanização que ocorria ao longo do período, com a formação de um mercado consumidor, composto sobretudo pelos moradores das cidades. Os industriais se organizavam em entidades da sociedade civil para defenderem seus interesses e políticas favoráveis ao desenvolvimento fabril. No entanto, a industrialização não constituía uma prioridade das políticas estatais desse período, ficando as políticas tarifárias e protecionistas muito sujeitas às políticas de defesa e promoção do café brasileiro, o que predominava a agenda estatal naquele momento,” – (CAMPOS, 2014, p.2)
	Outra forte característica do processo de industrialização nacional é o regionalismo marcante, pois o processo está longe de ter englobado a sociedade brasileira de uma forma geral, já que os principais polos de industrialização foram o eixo Rio-São Paulo (zona mais forte da industrialização) e alguns centros no Sul e Nordeste do País. O desenvolvimento destas áreas, em especial o eixo Rio-São Paulo, foram beneficiadas devido a forte urbanização dos locais, o mercado consumidor local, o capital decorrente das atividades cafeeiras e comerciais, a infraestrutura e força de trabalho disponíveis. Assim como haviam limitações regionais, as limitações da indústria eram também setoriais, pois os ramos da indústria desenvolvidos nacionalmente na época eram basicamente referentes ao consumo corrente, ou seja, setores de vestuários e alimentos majoritariamente. Esta falta de desenvolvimento de diversos setores industriais está ligada com a ideia de Divisão Internacional do Trabalho, onde o contexto internacional possuía forte incidência no território nacional “exercendo limitações e também incentivos, de acordo com a conjuntura internacional atravessada.” (CAMPOS, 2014).
	Conforme visto acima, as políticas econômicas nacionais não possuíam a indústria como base do desenvolvimento econômico do país, sendo assim, uma dúvida surge, apesar da falta de amparo público, como este setor possuí sua trajetória na primeira República marcada pelo contínuo processo de avanço? Apesar dos esforços empresariais em se organizar politicamente em entidades como a Associação Industrial, de 1881, que defendia a adoção de medidas protecionistas às industriais brasileiras, o café era ainda o alvo principal das medidas econômicas. De maneiras usualmente despropositais, por vezes, crises fiscais na União levavam o governo a elevar tarifas de produção (que será explicado em sequência como este processo favoreceu o setor industrial através da tese de Industrialização por substituição de importações) que favoreciam o setor Industrial. Uma exceção a estas medidas despropositais foi a política de Encilhamento, durante o governo do marechal Deodoro da Fonseca, liderado por seu ministro da fazenda, Rui Barbosa, que consistia na adoção de tarifas protecionistas, um novo código comercial mais liberal, adoção de política emissionista de moeda e incentivo ao crédito industrial.
	O período da primeira República (1889–1930) marca um processo histórico de grande transformação econômica no país, alterando o centro dinâmico da economia brasileira, deixando de se voltar ao setor agroexportador (FURTADO, 1928). Essa mudança é ocasionada por diversos fatores, que segundo Celso Furtado, seriam, a crise econômica mundial de 1929 e que se estende pelos anos 1930 e a forma de política econômica adotada para enfrentar a crise. A crise econômica atinge a economia brasileira em um momento onde há a superprodução estrutural do café, que como resultado leva a um substancial queda do preço do café no mercado internacional e a formação de excedente de produção. O governo de Washington Luís havia optado por não adotar a política de defesa do café (que consistia na compra dos estoques excedentes) devido a impossibilidade de contrair empréstimos externos à época. Com a instauração do governo Vargas, em 1930, a política de defesa é adotada com instrumentos próprios, comprando o excedente de produção e queimando determinada parte invendável do produto, utilizando para isto recursos provenientes da expansão do crédito.
“A compra do excedente da produção cafeeira evitava o declínio substancial da renda interna: o café continuava a ser colhido, o emprego no setor não se reduzia, mantendo-se, em consequência, o nível da demanda agregada. Ao mesmo tempo, o desequilíbrio externo, fruto do declínio dos preços do café no mercado internacional e da receita de divisas do Brasil, provocava brusco aumento do preço dos produtos importados em função da desvalorização da moeda nacional diante da estrangeira. Como resultado, a demanda interna, que antes se resolvia, em grande parte, pela compra de importados, volta-se agora para a produção interna, já que seus preços relativos, diante dos importados, haviam sofrido grande redução” (SAES, 1989, p.21).
Com isto, o processo de industrialização nacional aumenta, conforme observado por Versiani (1977). Os períodos caracterizados pela desvalorização da moeda nacional correspondem as fases de crescimento da produção; no entanto, períodos de intensificação de investimentos coincidem com períodos de câmbio elevado. Desta forma, a crise produzia efeitos positivos na sobre a produção industrial, passando agora a atender as demandas internas do setor. Este processo ficou conhecida pela tese de industrialização por substituição de Importações. Contudo, as explicações formuladas para se compreender o processo de industrialização, segundo alguns autores, não é considerada suficiente para compreender o processo como um todo, já que apenas evidencia as condições econômicas para o fazer, deixando de lado o aspecto social exigido pela industrialização.
A primeira República foi alvo de diversos estudiosos, que se debruçaram ao estudo da industrialização, entre eles, Fernando Henrique Cardoso, que acreditava ser necessário para o advento do capitalismo industrial a existência de um determinado nível de desenvolvimento capitalista, a economia mercantil, que para o autor situa a primeira República como as bases para que se fossem construídas as forças industriais do país. 
"... o processo de industrialização em qualquer região supõe, como pré-requisito, a existência de certo grau de desenvolvimento capitalista, e, mais especificamente, supõe a preexistência de uma economia mercantil e, correlatamente, implica num grau relativamente desenvolvido da divisão social do trabalho" (id., ibid., p. 33).”
	Sendo assim, o autor considera imprescindível a análise social do quadro nacional pra compreender o fenômeno da industrialização, que foi 
"O esquema usualmenteutilizado para a explicação do crescimento industrial do Brasil, e de São Paulo, leva em consideração apenas as condições econômicas e naturais exigidas pela industrialização. Omite, pois, as condições sociais que a permitiram. Descreve-se o processo de industrialização como se fosse possível criá-lo integralmente todas as vezes que determinadas condições econômicas o propiciassem. (...) Dito noutras palavras: todas as vezes que havia uma interrupção no fluxo para o exterior da renda gerada pelo setor de exportação da economia, criavam-se estímulos para a aplicação desta renda no País. Por isto, as guerras mundiais são geralmente apontadas como as causas da industrialização do Brasil, uma vez que no seu decurso não havia possibilidade de consumir a renda gerada pela economia exportadora do País através da importação de produtos industriais, cujo consumo, ao mesmo tempo, continuava a ser requerido" (CARDOSO, 1960, p. 32).”
	Os autores citados acima lançam bases para compreendermos o fenômeno da industrialização na primeira República, que é onde se inicia este processo, criadas as condições econômicas e sociais para que o processo industrial fosse significativamente ampliado durante o Governo Vargas (1930-1945). 	
	O período Varguista (1930-1945) é essencial para compreendermos a industrialização no Brasil, pois, é durante este período histórico que a industrialização toma seus maiores impulsos, grande parte disto em razão das crises existentes na época e também a criação de instituições e capacidade de governança impulsionados por elas. Havia desde 1906 uma política de defesa do café. As políticas de preço de café no mercado externo obtiveram bons resultados, porém no mercado interno isso não freou o contínuo processo de expansão do plantio, que resultou em enormes safras nos anos de 1920, ao mesmo tempo que outros países adentravam nesse nicho de mercado, aumentando a concorrência. Com a crise de 1929 o preço do café despenca, ao mesmo tempo que existe uma superprodução do produto nacionalmente. Houve a queda do preço do café internacional, redução da receita cambial e suspensão dos investimentos externos. Como citado anteriormente, Getúlio Vargas e seu ministro da fazenda José Maria Whitaker, tendo em vista este processo de desvalorização do café, retomam uma política permanente de proteção ao café que se desenvolvia em três frentes: 
	Compra de boa parte da safra paulista de 1929-1930, com um empréstimo de bancos ingleses no valor de 20 milhões de libras esterlinas.
	Estabelecimento de uma cota de café de qualidade inferior para queimar.
	Lançamento em uma ofensiva comercial, estabelecendo acordos de venda do café com dezenas de novos países da Europa Central e assinando um acordo com os Estados unidos em 1935, mantendo a isenção de importações do café brasileiro.
	Com a política de defesa do café evitou-se o declínio da renda interna, o que foi essencial para o fenômeno de industrialização.
 “Getúlio Vargas tratou, na primeira década de governo, de equilibrar a situação do café no mercado internacional, ao mesmo tempo que procurava diminuir o predomínio do modelo agroexportador, apoiando o crescimento industrial.” (LEOPOLDI, 2003, p.246)
Após o período de recessão (1929-1931) o crescimento industrial aumenta significativamente. Em especial, no período de 1933-1936, esse crescimento resultou de três fatores: 
	Choque externo (crise de 1929 seguida de recessão internacional nos anos 1930), que reduziu as importações e ajudou o processo de substituição interna de bens antes comprados no exterior.
Políticas governamentais. Políticas necessárias para responder ao choque externo e também uma necessidade de se responder a demandas setoriais internas (políticas de proteção industrial, criação de infraestrutura militar de apoio à indústria, da burocracia governamental ou da diplomacia norte-americana e/ou britânica).
	Esforço do empresariado industrial e sua liderança. Desde o início do século desenhava um projeto político de desenvolvimento com motor na indústria.
	Como visto anteriormente, o setor industrial no período da primeira república era basicamente voltado para os ramos de alimentos e vestuário. Com a inserção do governo Vargas, a diversificação industrial também passa a fazer parte das políticas de desenvolvimento industrial, sendo estas basicamente desenvolvidas em três setores: O do petróleo, da siderurgia e da energia elétrica
	As medidas de industrialização nestes setores possuem uma ampla gama de acontecimentos históricos. O petróleo possui medidas de estatização em 1938, ano que antecede a descoberta do produto na Bahia. Estas medidas irão servir para que durante o segundo governo Vargas seja criada a Petrobrás, no entanto, como se situa fora do período indicado a ser trabalhado neste estudo, é necessário ter em vista que, as medidas de estatização do petróleo tiveram grande impactos nacionais, tendo em vista que esta empresa é uma das mais influentes na economia nacional até os dias de hoje. O setor de siderurgia possuía um histórico no Brasil de pouca influência nacional. Até as primeiras décadas do século XX a produção de ferro no Brasil se fez em pequenas oficinas e fundições, que produziam peças para ferroviais, máquinas agrícolas rudimentares e material de uso militar, no entanto, Os setores Navais, de construção civil, ferrovias e indústrias metalúrgicas exigiam quantidades de aço ainda não produzidos no país. Vargas buscou então recursos no mercado externo para a construção de uma grande usina siderúrgica e, no fim de 1940, acordos firmados com o governo dos EUA estabeleceu um financiamento de 20 milhões de dólares destinados à criação de uma grande usina siderúrgica, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Em relação à energia elétrica, no início da era Vargas, a produção de energia estava muito aquém da demanda de uma sociedade que se urbanizaria e industrializaria rapidamente. O estado assume integralmente a tarefa de produção de energia elétrica e as redes privadas se tornam apenas distribuidoras.
	Fica claro então que, existem grandes diferenças entre o período da primeira República e o período Varguista em relação a industrialização. No governo Vargas são desenvolvidas políticas econômicas realmente voltadas para a indústria, a utilizando como base para formular a cadeia produtiva nacional, diversificando os setores industriais, e os ampliando, mesmo que não haja um plano nacional para isto e as medidas sejam basicamente respostas aos estímulos externos e internos. Já a primeira República é majoritariamente marcada por avanços na indústria nacional frutos de uma política desproposital, onde a indústria não participa da formulação destas, sendo beneficiadas por elas ao acaso (Com a exceção da política de encilhamento, como vista na primeira parte deste trabalho).
	Em um primeiro momento observamos como o setor industrial fora implementado em determinadas regiões do país, principalmente no Eixo Rio-São Paulo; observamos também as formas como a indústria se desenvolveu na primeira República, se beneficiando de medidas econômicas que não eram voltadas para o setor. Notamos a transferência do centro dinâmico da economia brasileira e o período de desenvolvimento da indústria com medidas estatais no governo Vargas, onde foram promovidas as diversificações dos ramos industriais. Também Comparamos e contrastamos o processo de industrialização nos dois períodos. No que diz respeito ao processo de industrialização Nacional, fica evidente que este possui diferentes aspectos em suas fases de desenvolvimento, desde o fortalecimento do setor industrial na primeira República, fortalecido pelos fenômenos de urbanização e medidas econômicas de taxação de importações, às medidas de protecionismo e desenvolvimento no governo Vargas, onde a indústria passa de fato a ser considerada alvo de políticas econômicas especificamente voltadas ao setor. Concluímos então que não é um processo fácil de ser compreendido, possuindo diversos debates a respeito de seu processo. No entanto, acredito termosdelineado bem este complexo processo histórico no que diz respeito às principais narrativas que cercam o debate da industrialização brasileira.
Referências Bibliográficas:
CAMPOS, Pedro Henrique P. Estado e economia no Brasil Contemporâneo. Rio de Janeiro: 2014.
SAES, Flávio A. M. de. A controvérsia obre a industrialização na Primeira República. Estudos Avançados. Vol. 3, no 7, set/dez 1989. p. 20-39.
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. 8. ed. São Paulo, Companhia Editora Nacional. 1968.
CARDOSO, FH. Condições sociais da industrialização: o caso de São Paulo. Revista Brasiliense, (28), março/abril 1960.
LEOPOLDI, Maria Antonieta Parahyba. “A economia política do primeiro governo Vargas (1930-1945): a política econômica em tempos de turbulência”. In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucília de Almeida (org.). O Brasil Republicano. Vol. 2: O tempo do nacional-estatismo: do início da década de 1930 ao apogeu do Estado Novo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. p. 241-285.
VERSIANI, F.R. e VERSIANI, M.T.R.O. 1977. A industrialização brasileira antes de 1930: uma contribuição. In: VERSIANI, F.R. e BARROS, J.R.M., org. Formação econômica do Brasil. São Paulo.

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