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Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS FUNDAMENTOS E GERENCIAMENTO INTEGRADO DE PROJETOS Autoria: Marco Aurélio Faria Alves Sanfelice 341.39 S224f Sanfelice, Marco Aurélio Faria Alves Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos / Marco Aurélio Faria Alves. Indaial : UNIASSELVI, 2016. 220 p. : il. ISBN 978-85-69910-29-9 1. Administração de Projetos. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Profa. Cláudia Regina Pinto Michelli Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Profa. Bárbara Pricila Franz Profa. Cláudia Regina Pinto Michelli Prof. Ivan Tesck Revisão de Conteúdo: José Borges de Carvalho Revisão Gramatical: Sandra Pottmeier Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci Copyright © UNIASSELVI 2016 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: Possui Mestrado em Gestão de Projetos Integrados PMI – Universidad de Barcelona - IL3 – 2014. Cursou Superior em Tecnologia em Artes Gráfi cas - Universidade Federal Tecnológica do Paraná - 2010. Gestor de projetos, atuou no segmento editorial, marketing, suply chain e fundrasing. Atualmente desenvolve projetos para saúde pública dos hospitais SUS mantidos pelo Grupo Marista (fi lantropia). Em cargos de liderança a mais de 7 anos, gerenciou projetos em companhias como Grupo Positivo, Master Comunicação e Grupo Marista com clientes como o FNDE, Minc, Ministério da Saúde, diversas esferas governamentais, além de vasta experiência no relacionamento B2B. Participou de importantes negociações e parcerias, na gestão de confl itos, na implantação de departamentos, na defi nição e melhoria de workfl ows, na elaboração de KPIs, na defi nição e alcance de metas, na redução de custos de produção e principalmente no desenvolvimento de novos produtos e projetos para portfólios editoriais. Marco Aurélio Faria Alves Sanfelice Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................ 7 CAPÍTULO 1 Conceitos de Gestão de Projetos .............................................9 CAPÍTULO 2 Iniciando o Projeto .................................................................... 33 CAPÍTULO 3 Definindo Metas ........................................................................... 49 CAPÍTULO 4 Atividades Do Projeto ............................................................... 67 CAPÍTULO 5 Liderando o Projeto .................................................................. 83 CAPÍTULO 6 Riscos ............................................................................................ 99 CAPÍTULO 7 Gestão do Tempo .......................................................................119 CAPÍTULO 8 Plano de Aquisições ................................................................. 139 CAPÍTULO 9 Executando ................................................................................ 155 CAPÍTULO 10 Gestão da Mudança .................................................................. 175 CAPÍTULO 11 Encerramento............................................................................ 197 CAPÍTULO 12 Encerramento............................................................................ 207 APRESENTAÇÃO Os conceitos tradicionais de gestão têm passado por uma revolução. A necessidade de respostas rápidas às demandas de consumidores e investidores obriga a quebra de paradigmas. Velocidade, qualidade e baixos custos, são os nortes para qualquer empresa que busque longevidade. Diante disso, as metodologias de Gestão de Projetos (GP) instrumentalizam as empresas e suas equipes a conduzir demandas extraordinárias. A GP agora é a arma competitiva fundamental e transversal para as mais diferentes áreas de negócios. Este é o impulso exigido pela globalização, que impulsiona esta disciplina a um crescimento exponencial nos últimos anos, nas mais diferentes regiões do mundo. Com o intuito de abarcar estas questões, este Caderno de Estudos versa sobre como o Gerente de Projetos ideal deve ter uma visão holística dos contextos do projeto e da empresa, a fim de tomar decisões alinhadas com os objetivos do projeto e com propriedade das relações de causa e efeito. Em consonância a estes benefícios, a gestão por projetos, conduz as equipes a implantação de diversos conjuntos de “melhores práticas” em administração, o que beneficiará a própria organização, elevando assim, o capital intelectual e a motivação dos times. A intenção aqui é resumir de forma palatável ao iniciante, o funcionamento das metodologias mais aplicadas para Gestão de Projetos seguindo as orientações do PMI (Project Management Institute – mais relevante instituição de GP), fornecendo também direcionamentos para o aprofundamento de cada metodologia através de vídeos, sites e bibliografias atualizadas. A organização do presente Caderno de Estudos segue uma linha evolutiva paralela a “vida do projeto”, todavia, os capítulos estão separados por temas e podem ser usados como um guia pontual para eventuais necessidades de estudo específico. Nos capítulos iniciais há uma introdução ao tema, aos conceitos, como surge e se inicia um projeto. Além disto, como é o “ciclo de vida do projeto” e quais são os documentos e processos básicos para iniciar projetos eficientes. Outro ponto de grande relevância, refere-se sobre a análise de viabilidade do projeto e a decisão de seguir ou não com o mesmo. O cerne do material relata os modelos experimentados aplicados para a gestão de riscos, o desdobramento das atividades, a construção de cronogramas e orçamentos sólidos. Além de aprofundar um debate sobre as questões posturais e de liderança do gerente como fomentador de equipes e partes interessadas no esforço. No terço final da obra é abordada a execução: como tornar real todo o planejamento, como controlar prazos, custos e execuções das atividades. Também detalha como o PMI recomenda que as alterações sejam propostas e avaliadas, seguido a isto as influências destas nos planos e nas execuções de cada uma das tarefas que compõem o projeto. Além disto, apresenta as melhores práticas para finalizar o projeto, como os documentos devem ser organizados, os contratos encerrados, as equipes desmanchadas e como tornar os conhecimentos edificados durante o projeto em aprendizado. Além disso, introduzimos, também, recomendações sobre como oferecer feedback e comemorações mantendo a motivação da equipe para projetos futuros. Por fim, expomos outras formas de gerir projetos, práticas que vem evoluindo e se ampliando. Com esse material, acreditamos compartilhar conhecimentos para futuros bons gestores de projetos. A Gestão de Projetos e o pensamento empresarial não são mais atividades separadas, mas estão intimamente ligados e em constante evolução. O autor. CAPÍTULO 1 Conceitos de Gestão de Projetos A partir da perspectiva do saber fazer, neste cápitulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Assimilar os conceitos e defi nições técnicas sobre projetos. Compreender as Estruturas Organizacionais e as ligações com projetos. Entender hierarquia horizontal e porque esta é mais adequada a projetos. Saber os antecedentes históricos da gestão de projetos. Conhecer conceitos transversais ao tempo na administração de projetos. Dominar a Gestão de Projetos moderna. Entender o ciclo de vida do projeto. Instituir processos e documentos. Compreender asdiferenças entre escopo do projeto x escopo do produto. Dominar os recursos (tempo, custo, qualidade, entre outros). Mapear os atores (stakeholders, sponsors, entre outros). 10 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos 11 CONCEITOS DE GESTÃO DE PROJETOSCapítulo 1 ContextualiZação Antes de uma abordagem pelo mundo da Gestão de Projetos, precisamos entender claramente o que é um projeto, como ele nasce, se desenvolve e se fi naliza. Precisamos entender o que o motiva, e porque ele segue por uma diferente vertente de administração. Um projeto visa algo ímpar, um produto único, mas muitas vezes a metodologia de gestão será a mesma para diversos projetos e produtos e também será transversal dentro da organização que a executa. Como veremos, não é possível delimitar onde e quando as metodologias de gestão de projetos se iniciaram, muito provavelmente, desde que o homem está sobre a terra, projetos foram planejados e executados. Na era moderna, cada vez mais, este tema ganhou a atenção de academias universitárias, governos e empresas que perceberam que planejar e executar operações de resultado único, são necessidades da vida humana, tão naturais e essenciais como as operações rotineiras das diversas áreas de conhecimento. Hoje, organizações de grande alcance mundial dedicam-se a compilar, analisar, comparar e promover as melhores práticas de gestão de projetos. Baixo as orientações do Project Management Institute (PMI®), este capítulo, e este caderno como um todo, abordarão os conceitos básicos para criar, planejar, executar e fi nalizar projetos. Conceitos que podem ser aplicados desde uma pequena empresa familiar, uma entidade sem fi ns lucrativos, uma multinacional de grande porte ou mesmo dentro das esferas da administração pública. O Que É um Projeto? Vamos começar do início: afi nal, o que é um projeto? Há diversas defi nições de projetos, vista a imensidão de áreas em que este conceito é aplicado, entretanto, pela amplitude do PMI (2013), a defi nição difundida por esta organização parece bastante objetiva, que defi ne, resumidamente, projeto pelo seguinte conceito: esforço temporário empreendido para criar um produto, resultado ou serviço único. Conheça diversas áreas de aplicação de gestão de projetos assistindo o vídeo What is project management? (O que é gerenciamento de projetos?), disponível em: <https://youtu.be/Jk- JwtScIlw?list=PLQzq_ylfBVzIPgHLu6YU5qqwfTpbi4UvU>. Defi ne projeto pelo seguinte conceito: esforço temporário empreendido para criar um produto. 12 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos Ou seja, projetos são operações, que geram resultados únicos e inigualáveis. Segundo Serer (2001), quando operações produzem resultados idênticos, então, estes são projetos de caráter contínuo, e isto ramifi ca para outras linhas de administração de produtos e/ou serviços que não se enquadram ao conceito de projeto de caráter único. Complementando este conceito, é importante entender que projetos são operações por tempo determinado, ou seja, obrigatoriamente deve haver um fi nal. Por exemplo, a instalação de um ponto comercial pode ser considerada um projeto, cujo objetivo fi nal será exatamente quando este comércio abre as portas e realiza sua primeira venda. A rotina de “vender” não é considerada um projeto, mas sim, uma operação cotidiana desta nova empresa. Então, todo o esforço entre a “ideia” inicial sobre este comércio e a primeira venda pode ser considerado o projeto que transformou aquela ideia inicial em algo real. Todavia, se este comércio estiver operando normalmente e decidir pela troca de seu sistema informático, isto pode ser considerado um novo projeto, que nasce, é planejado, é executado e será fi nalizado no dia em que este novo software estiver funcionando perfeitamente e as rotinas operacionais estiverem em plena atividade. Observe que, embora sejam considerados projetos, apenas operações com começo e fi m, estes projetos podem se encadear um após o outro numa sequência de melhoria contínua. E, por vezes, um grande projeto pode ser subdividido em diversos subprojetos interligados. A isto atribuímos o conceito de Projetos Integrados. De acordo com o PMBOK (PMI, 2013) estes podem estar organizados em forma de Programas e/ou de Portfólios. “Um programa é defi nido como um grupo de projetos, [...] relacionados [...] visando a obtenção de benefícios que não estariam disponíveis se eles fossem gerenciados individualmente. [...] Um projeto pode ou não ser parte de um programa, mas um programa sempre terá projetos.” (PMI, 2013). Portfólios são conjuntos ainda maiores de projetos, subprojetos, programas e operações que visam objetivos estratégicos e integrados. Figura 1 - Gráfi co: Projeto vs Programa vs Portfólio Fonte: O autor. Programas e/ou de Portfólios. “Um programa é defi nido como um grupo de projetos, [...] relacionados [...] visando a obtenção de benefícios que não estariam disponíveis se eles fossem gerenciados individualmente. [...] Um projeto pode ou não ser parte de um programa, mas um programa sempre terá projetos.” (PMI, 2013). 13 CONCEITOS DE GESTÃO DE PROJETOSCapítulo 1 Digamos que uma holding atua em quatro segmentos empresariais (hotéis, resorts, teatros e casas noturnas), e pode ter um objetivo estratégico bastante claro: aumentar o percentual de lucro, e para isto, irá desenvolver todo um portfólio de projetos em cada uma de suas áreas de atuação para chegar a este objetivo. Daí pode-se, por exemplo, desenvolver projetos de redução de custos, integração de serviços compartilhados, terceirização de atividades satélites, campanhas de marketing, centralização e padronização das compras, reformas etc. Cada um destes pequenos projetos trará produtos únicos, mas na soma de todos os projetos, os resultados aparecerão em forma de lucro para esta holding. Holding: Sociedade de investimento de capitais que tem, teoricamente, por objetivo, a gestão de uma carteira de valores mobiliários industriais ou comerciais (PRIBERAM, 2011). E como entender onde começa e onde termina um projeto dentro de um programa ou portifólio? Para responder a esta dúvida devemos observar o “produto”, isto é, a cada projeto deve ter um (ou mais) resultados que podem ser coisas (produtos, empreendimentos, objetos etc.) ou ações (serviços) cuja fi nalidade atende única e exclusivamente aquela determinada necessidade. Nesta mesma linha de raciocínio, podemos separar também os programas dentro de um mesmo portifólio. A Usina de Belo Monte no Alto Xingu é um dos maiores projetos em termos fi nanceiros em execução no Brasil atualmente. Ele nasceu de uma necessidade (défi cit de energia elétrica), objetiva um único produto (a usina) e será considerado concluído quando estiver produzindo seu primeiro megawatt (Norte Energia S. A., 2016). Estruturas OrGaniZacionais e a Gestão de Projetos O próximo entendimento necessário é sobre como e por que uma empresa pode organizar-se por projetos para gerenciar suas atividades. Antes de tudo, deixemos claro os benefícios deste modelo administrativo. Segundo Gido 14 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos e Clements (2007, p. 37) o principal ganho é ter um cliente satisfeito pois “a conclusão do escopo total do projeto com qualidade, dentro do prazo e sem superar o orçamento, traz um grande sentimento de satisfação”. Sem dúvida, vantagens bastante interessantes para entidades de qualquer ramo de atuação. Todavia, precisamos entender que as empresas possuem, geralmente, hierarquias alinhadas com suas necessidades funcionais. As áreas estão divididas e organizadas sempre pensando no produto/serviço fi nal que o cliente irá receber e como as receitas geradas serão administradas para gerar resultados. Neste contexto, os projetos são situações excepcionais que permearão diversas áreas demandando tempo e dedicação de diferentes equipes para objetivos comuns, não necessariamente,ligados diretamente com a missão de cada setor. Enquanto as hierarquias organizacionais são majoritariamente verticais (ordens e decisões são orientadas de cima para baixo), a gestão por projetos sugere um formato mais horizontal permeando várias áreas diferentes sem deixar de atender à vontade das mais altas esferas da instituição. Neste caso, haverá um time multidisciplinar que será coexistente às rotinas operacionais. Obviamente, nesta formação momentânea, precisa haver um líder que concatene as decisões de diretores, sponsors e clientes e que faça com que este grupo atinja o fi m proposto. De acordo com o PMI (2013) este gestor deve usar conhecimentos, capacidades e ferramentas para atingir os requisitos do projeto. Sponsor: patrocinador ou fi nanciador do projeto, muitas vezes será ao mesmo tempo o cliente do projeto. Cliente: benefi ciário fi nal do projeto, não é necessariamente quem está pagando por este projeto. Portanto, mesmo sendo uma hierarquia paralela e interina, dentro desta formação, todos devem reportar-se ao líder do projeto e este gestor precisa ter os poderes atribuídos por autoridades máximas na empresa a fi m de que os envolvidos se comprometam. O que muitas vezes é ponto frágil para empresas que nunca operaram por projetos. Os projetos tentem a atravessar a empresa e envolver vários departamentos (MENDES; VALLE; FABRA, 2009). Observe um exemplo: uma determinada fábrica de janelas e portas tem a necessidade de diminuir o tempo entre o pedido de compra e a entrega fi nal para o cliente. Isto é uma demanda que envolverá diversas áreas da empresa e, ao mesmo tempo, não há uma área especializada em fazer com que isto ocorra e cada uma das diversas áreas da empresa tem suas preocupações diárias. O dono 15 CONCEITOS DE GESTÃO DE PROJETOSCapítulo 1 da empresa resolve contratar um especialista em processos para levar a cabo este projeto. Este será o Gestor do Projeto. Observe que, neste caso, a equipe de projetos será composta de vários integrantes de diversas outras áreas. Este projeto terá um prazo determinado (digamos 3 meses), e um objetivo bastante específi co: reduzir o tempo de entrega em 50% do atual. Figura 2 - A Hierarquia Horizontal da Gestão de Projetos * PCP: Planejamento e Controle de Produção. Fonte: O autor. Resumindo, a gestão de projetos se orienta de forma horizontal nas empresas, dialogando com diversas áreas a fi m de um propósito, podendo, ou não, ser gerida por área específi ca, mas sempre orientada por decisões soberanas que empoderam um gestor e uma equipe a determinada missão específi ca e por tempo determinado. Nesta estrutura organizacional, as posições também são temporárias, um chefe de informática pode ser líder em um projeto de implantação de um sistema de catracas nas portas da empresa. Ele deverá conciliar suas atividades e responsabilidades diárias com esta demanda até que ela esteja fi nalizada. Em grandes empresas é bastante comum encontrar áreas totalmente dedicadas a gestão de projetos. Isto ocorre porque a quantidade de projetos é tamanha, que justifi ca ter profi ssionais A gestão de projetos se orienta de forma horizontal nas empresas, dialogando com diversas áreas a fi m de um propósito, podendo, ou não, ser gerida por área específi ca, mas sempre orientada por decisões soberanas. 16 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos exclusivamente voltados a estas atividades. Este é um cenário muito comum também em empresas que trabalham por empreitadas, como construtoras, empresas prestadoras de serviços de informática, consultorias etc. Esta estrutura é conhecida como PMO (Project Management Offi ce): “um escritório de projetos é uma unidade organizacional que centraliza e coordena o gerenciamento de projetos sob seu domínio.” (PMI, 2013). Antecedentes HistÓricos No entanto, isto tudo é muito recente, muito antes de existirem estruturas organizacionais modernas, já se edifi cavam projetos extremamente complexos. Obras gigantescas demandaram a criatividade humana, um planejamento apurado, um controle na execução e trouxeram resultados presentes até o dia de hoje. Segundo Mendes, Valle e Fabra (2009), um ótimo exemplo de projetos foi a edifi cação das pirâmides do Egito. Obras grandiosas que demandaram dezenas de anos para as suas conclusões. Observemos que empreitadas militares também foram o alicerce para a gestão de projetos moderna. Analisando incursões militares romanas, por exemplo, vemos que havia um grande nível de planejamento estratégico, de decisões e de aprovações com conselhos, fi nanciamento, mudanças de estratégia, enfi m, as guerras eram vitais para aquela sociedade e as incursões eram tratadas como projetos das mais elevadas importâncias, sempre com líderes temporários e missões específi cas. Guerras eram projetos que tinham como produtos (geralmente) anexação de mais territórios, escravos, insumos, animais etc. Mais recentemente, o PMBOK apresenta os cases relacionados aos Projetos Apolo, exatamente por ser a NASA uma das principais instituições a parametrizar modelos organizacionais, melhores práticas e ferramentas para garantir que ideias se tornassem planos, planos se tornassem resultados e para que todo o conhecimento aprendido durante estes processos fosse documentado e aproveitado para aumentar o sucesso em projetos futuros. Gestão De Projetos A Gestão de Projetos tem um legado histórico tão grande quanto a própria humanidade, são inúmeros modelos de projetos e formas de execução que formaram toda a vasta documentação que temos hoje. Nos anos 1960, surgiram algumas instituições que impulsionaram as boas práticas do meio. Cabe citar a 17 CONCEITOS DE GESTÃO DE PROJETOSCapítulo 1 norte-americana PMI (Project Management Institute), fundada em 1969, reconhecida hoje como a maior rede de gestores de projetos do mundo, com mais de 200 mil associados, autora e publicadora do Project Management Book of Knowledge (PMBOK) um dos principais livros de referência do meio, e certifi cadora com maior reconhecimento do mercado internacional (PMI, 2016). Existe também a International Project Management Association fundada em 1965, tem grande reconhecimento na Europa, com vasta publicação e certifi cações de peso europeu (IPAMA, 2016). Dos anos 1960 até hoje, as boas práticas vêm ganhando espaço ano após ano. Um marco recente foi a criação de uma ISO para certifi car empresas competentes na gestão de projetos. A ISO 21.500 (Guidance on Project Management) foi ofi cialmente criada em 2012 e, ainda, está pouco aplicada no Brasil. Seu objetivo é coroar com um selo de competência empresas que aplicam as práticas do PMI em sua rotina diária. Surgiu como uma evolução da ISO 10.006 (Guidelines for Quality Management in Projects) criada em 2003 (ISO, 2016). Neste sentido, Heldman (2005, p. 19) traz uma observação bastante curiosa: “Meu palpite é que talvez não haja muita diferença no modo como os projetos são geridos hoje de como eram quando [...] foram projetados e construídos os castelos medievais. Hoje, temos muito mais ferramentas à disposição [...]”. A autora ainda sinaliza que obviamente muitos novos termos e conceitos foram aperfeiçoados e provavelmente as fases que estudamos hoje podem ser mais detalhadas e as preocupações um tanto mais específi cas. Mas fi ca evidente que os projetos sempre tiveram algumas fases comuns mesmo com o passar de tanto tempo: INICIAÇÃO >> PLANEJAMENTO >> EXECUÇÃO. As propostas mais aceitas atualmente subdividem estas fases em partes bastante focadas como veremos no próximo capítulo. Conheça mais sobre o PMI e as certifi cações de gestores de projetos, como o PMP no site: <http://brasil.pmi.org/>. Talvez não haja muita diferença no modo como os projetos são geridos hoje de como eram quando [...] foram projetados e construídos os castelos medievais. Hoje, temos muito mais ferramentas à disposição. A Gestão de Projetos tem um legado históricotão grande quanto a própria humanidade, são inúmeros modelos de projetos e formas de execução que formaram toda a vasta documentação que temos hoje. 18 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos O Ciclo de Vida do Projeto Projetos nascem de necessidades ou oportunidades reais, e uma vez que esta demanda tenha suas soluções devidamente estudadas, será possível passar a uma etapa de desenvolvimento de soluções (uma ou mais) que será seguida da fase de execução e controle e fi nalizada na fase de conclusão do projeto (PMI, 2013). Em linhas gerais, este é o ciclo de vida de qualquer projeto, e sob este alicerce todos os subestágios evoluirão compondo uma cadeia de processos em forma de cascata, bastante detalhada pelo PMI. “Ciclo de vida do projeto é a série de fases pelas quais um projeto passa [...]. Embora todos os projetos tenham um início e um fi m defi nidos, as entregas e atividades específi cas conduzidas neste ínterim poderão variar muito de acordo com o projeto.” (PMI, 2013, p. 99). Esta defi nição deixa claro que não há uma única metodologia para todo e qualquer projeto, mas que as organizações moldam e defi nem seus próprios meios de organização e fases para atingir os objetivos necessários. Entretanto, como observaram Gido e Clements (2007) podemos ter uma visão global que envolve projetos de qualquer natureza: Figura 3 - Ciclo de vida do Projeto Fonte: PMI (2013). 19 CONCEITOS DE GESTÃO DE PROJETOSCapítulo 1 Estruturar o projeto em diversas fases e subdivisões é um meio lógico que facilita o gerenciamento, planejamento e controle. A quantidade e a complexidade de controle de cada fase, deve variar conforme as necessidades assim exigirem, ainda assim, existem atributos semelhantes que ajudam a subdividir estas fases: • Cada fase tem focos diferentes; • As fases podem ser controladas pelos mesmos indicadores gerais (prazo, orça- mento, objetivo atingido etc.); • O encerramento de uma fase ocorre exatamente com uma entrega e o início de uma fase subsequente. Ainda é importante deixar claro que as fases também podem ocorrer em paralelo e estarem sobrepostas, seja por disponibilidade de recursos, por viabilidade técnica ou por necessidade de cronograma, não é incomum que fases independentes ocorram concomitantemente e reduzam a duração do projeto. Logo, aprofundaremos mais como as fases se desenvolvem no decorrer do tempo. Escopo do Produto VS Escopo do Projeto Outros dois importantes conceitos que precisam fi car claros, são os conceitos de escopo do produto e escopo do projeto. Produto diz respeito ao resultado fi nal do projeto, ou seja, qual o legado, o que permanecerá quando este projeto for fi nalizado. Por exemplo, na construção de uma casa, a casa é o produto fi nal, e ela deverá ter um escopo claro de como ela deve ser: quantos quartos, seus formatos, dimensões, matérias etc. O escopo do produto não deve fazer qualquer tipo de menção a “como” a empreiteira irá realizar esta casa. Tudo o que envolve o COMO fazer devem estar detalhados no escopo do projeto. Ou seja, que caminho esta companhia irá percorrer para entregar a casa exatamente como o cliente solicitou, no orçamento adequado, no prazo justo. Sempre que pensarmos em produto, precisamos pensar em “O QUÊ”, e sempre que pensarmos em projeto devemos pensar em “COMO”. Ainda é importante deixar claro que as fases também podem ocorrer em paralelo e estarem sobrepostas, seja por disponibilidade de recursos, por viabilidade técnica ou por necessidade de cronograma, não é incomum que fases independentes ocorram concomitantemente e reduzam a duração do projeto. Sempre que pensarmos em produto, precisamos pensar em “O QUÊ”, e sempre que pensarmos em projeto devemos pensar em “COMO”. 20 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos Geralmente, projetos envolvem diversas pessoas, de diferentes áreas do conhecimento, a trabalharem juntas com uma fi nalidade em comum. Muitas vezes, os conceitos de “O QUÊ” precisa ser feito, acabam se misturando com o “COMO” devem ser feitos, e daí nascem confl itos, retrabalhos e frustrações. Portanto, cabe ao gestor do projeto uma habilidade muito grande de comunicar com efi ciência e garantir que todos saibam exatamente o que precisa ser feito e como. Para Heldman (2005) a comunicação é a principal habilidade do gestor de projetos, é ponto de tamanha importância que o PMI (2013) dedica um importante capítulo apenas para tratar disto. Instituir Processos e Documentos Independente de como e quantas fases a organização irá escolher para a execução do projeto, ou de qual é o escopo do produto e do projeto, para que tudo evolua de forma organizada, precisamos defi nir alguns pontos cruciais que auxiliarão profundamente no gerenciamento: processos e documentos. Os processos fazem referência de “como” cada fase do projeto acontecerá, quais serão seus ritos, quem serão os envolvidos e quais serão os aprovadores. Segundo o PMI (2013): “Os processos desenvolvem o plano de gerenciamento e os documentos do projeto que serão usados para executá-lo”, ou seja, serão as referências para todos os envolvidos e interessados e fundamentais para que o projeto seja fi nalizado. São estes que blindam o projeto para eventuais mudanças futuras, ajustes, confl itos ou problemas que infi ram nos planos originais. Os processos fazem referência de “como” cada fase do projeto acontecerá, quais serão seus ritos, quem serão os envolvidos e quais serão os aprovadores. 21 CONCEITOS DE GESTÃO DE PROJETOSCapítulo 1 Figura 4 – Exemplo de Processo de Controle do Projeto Fonte: Gido e Clements (2007). Outro ponto importante são os documentos que permearão as decisões e o histórico do projeto. As literaturas trazem diversos exemplos de uma infi nidade de documentos que podem ser usados. Tudo irá depender das necessidades observadas pela equipe, pelo nível de controle que será necessário, pelo grau de complexidade e risco envolvido a cada fase. Nesta linha de “documentos universais” podemos listar os seguintes, conforme Heldeman (2005): • Documento conceitual do projeto • Termo de abertura 22 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos • Pauta de reunião de início de projeto • Declaração de escopo do projeto • Plano de Comunicações • Lista de materiais, suprimentos e equipamentos • Plano de gerenciamento de qualidade • Relatório de status • Formulário de solicitação de mudanças • Relatório fi nal de status • Lista de verifi cação dos Riscos • Lista de Processos do planejamento • Lista de Verifi cação • Matriz de riscos • Matriz de responsabilidades Mesmo havendo recomendações genéricas, a defi nição de quais documentos e de quais processos, serão cruciais, e cabe a instituição e a equipe responsável pelo projeto. Customizar, suprimir e criar novos documentos e processos pode ser fundamental para aumentar a autoridade ou diminuir prazos. Os Recursos É fundamental entender o conceito de recursos, pois será aplicado durante toda a disciplina e precisa estar claro. Recursos estarão divididos em duas grandes áreas: humanos e recursos não associados às pessoas (PORTNY, 2008). Recursos Humanos são exatamente os profi ssionais que serão necessários para a execução do projeto. Isto é muito simples, digamos que uma empresa almeja estabelecer um canal de vendas online com toda a operação internalizada. Para isto, será fundamental ter um expert em programação informática para web. Observe que, neste caso, o recurso humano se resumiu as habilidades técnicas necessárias a esta posição, não estamos falando de qualidades emocionais, de relacionamento, ou comportamentais desta pessoa. Todavia, se a mesma empresa opta, ao mesmo tempo, por implantar um centro de distribuição em novo estado, ela necessitará de uma equipe de vendas regional e, neste caso, qualidades comportamentais e humanas serão mais importantes que qualidades técnicas. Há aí um ponto chave,e que vamos abordar mais a frente: contratar ou terceirizar? Você não precisa obrigatoriamente ser dono de todos os recursos 23 CONCEITOS DE GESTÃO DE PROJETOSCapítulo 1 para um projeto. Associações e parcerias podem ser soluções interessantes e baratas quando se precisa de alguma habilidade muito específi ca por um período determinado de tempo. De uma forma ou de outra, acredite, pessoas são sempre fundamentais para o sucesso do projeto e fatores como a motivação e a integração podem ser tão importantes quanto habilidades técnicas. É unanime aos autores que os Recursos Humanos são essenciais ao projeto. É o calcanhar de Aquiles, e pode ser o trampolim para o sucesso ou para o fracasso. Então, antes de começar, conhecer exatamente o que será necessário em termos de habilidades e qualidades pessoais pode ser um caminho para não errar na formação da equipe do projeto. Pela relevância destes recursos, cabe sempre a estes capítulos específi cos e um tratamento profundo e diferenciado. Os outros recursos podem ser divididos em diversas e incontáveis categorias, tudo provém das especifi cidades do projeto, mas listemos alguns que são comuns a muitas frentes: • Capital: geralmente para executar projetos precisa-se de dinheiro, que será convertido em insumos, força de trabalho, equipamentos e/ou espaços. Usualmente, o capital é o recurso que pode ser convertido em qualquer outro (com exceção do tempo!). • Equipamentos: boa parte dos projetos vão exigir determinados equipamentos, pode ser uma enxada, um computador ou um foguete para chegar a lua. Muitas vezes, estes equipamentos podem ser compartilhados em diversos projetos. • Insumos: projetos que visam produtos materiais usualmente demandam matérias-primas, que sofrerão modifi cações através da ação de mãos ou máquinas para enfi m tornarem-se o produto fi nal (resultado) do projeto. • Tempo: todos os processos levam algum tempo, pode ser milésimos de segundos para determinada conta em uma calculadora, podem ser anos para dragagem de uma baía a fi m de edifi car um novo porto. Embora seja fundamental, o tempo é um dos recursos mais mal dimensionados e fonte de grande parte dos confl itos. O tempo é o recurso que não pode ser estocado, se desperdiçado não pode ser recuperado, portanto, é insubstituível. Logo, veremos que é exatamente a gestão do tempo que ocupará ao menos 50% da dedicação do gestor de projetos no momento da execução. • Informações: outro importante recurso que sempre é demandado. Com boas informações, pode-se ter grande assertividade no planejamento e poucas alterações durante a execução. Segundo Mendes, Valle e Fabra (2009) são exatamente as informações que podem poupar milhões de dólares ou levar um projeto ao completo fracasso. 24 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos • Outros: podem existir muitos outros tipos de recursos, como terrenos ou espaços físicos, populações (no caso de pesquisas científi cas), eventos climáticos (no caso do estudo de fenômenos meteorológicos), habilidades, por exemplo. Há muitas outras demandas que podem ser consideradas como recursos, cabe a equipe mapear claramente cada um deles e quanto mais precisão houver, melhor para o sucesso do projeto! Para isto, saber listar cada recurso, em quantidade e qualidade, é fundamental. Heldman (2005) indica um modelo de lista também bastante prático e funcional para não esquecer nada importante. Quadro 1 - Lista de Materiais, Suprimentos e Equipamentos Fonte: Adaptado de Heldman (2005, p. 126). Há muitas outras demandas que podem ser consideradas como recursos, cabe a equipe mapear claramente cada um deles e quanto mais precisão houver, melhor para o sucesso do projeto. 25 CONCEITOS DE GESTÃO DE PROJETOSCapítulo 1 Mapear os STAKEHOLDERS (Partes Interessadas) Durante a evolução do gerenciamento de projetos como modelo administrativo, algumas defi nições dos componentes interessados no projeto foram sendo criadas exatamente para permitir esta troca de experiências entre diferentes áreas. Assim, um gerente de informática pode entender de projetos relacionados à construção civil ou ao mercado fi nanceiro (por exemplo) mesmo sem ser engenheiro ou um economista. Vamos expor estes conceitos para que, mais adiante, possamos nos referir segundo a linguagem aplicada pelo PMI (2013), comum a tantos ambientes coorporativos. Não é incomum que alguns nomes estrangeiros apareçam em diversas áreas, visto que estas organizações nasceram e muitos de seus termos continuam sendo aplicados na língua inglesa. O que o PMBOK em português chama de “Partes interessadas”, países de língua espanhola chamam de “Actores” e no original americano conhecemos como “Stakeholders”. Todos estes nomes signifi cam a mesma coisa: todos os interessados no projeto que não sejam patrocinadores, a equipe do projeto ou o gerente do mesmo. “Identifi car as partes interessadas (stakeholders): O processo de identifi car pessoas, grupos ou organizações que podem impactar ou serem impactados por uma decisão, atividade, ou resultado do projeto, e analisar e documentar informações relevantes relativas aos seus interesses, envolvimento, interdependências, infl uência, e o impacto potencial no sucesso do projeto.” (PMI, 2013, p. 549). O PMI nos contextualiza de forma bastante visual sobre quem são os stakeholders (ou partes interessadas), observe a fi gura a seguir: Todos estes nomes signifi cam a mesma coisa: todos os interessados no projeto que não sejam patrocinadores, a equipe do projeto ou o gerente do mesmo. 26 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos Figura 5 - Relação entre as partes interessadas e o projeto Fonte: PMI (2013, p. 31). • Patrocinador (Sponsor): fi gura que fornece recursos ao projeto, podem ser recursos fi nanceiros ou não. É responsável pelo sucesso do projeto, e responsável por aprovações e autorizações. Mudanças importantes sempre devem ser levadas a seu conhecimento. • Clientes e Usuários: pessoas ou organizações que irão utilizar-se do resultado fi nal do projeto. Às vezes, clientes e usuários são a mesma fi gura, às vezes, o cliente é quem adquire o produto e o usuário são pessoas que fazem uso do mesmo. Uma companhia telefônica pode comprar um satélite, ela será cliente, mas os usuários serão os assinantes de linhas desta empresa. • Vendedores: fornecedores que participarão provendo serviços e/ou insumos necessários na execução do projeto. • Grupos Organizacionais: partes internas interessadas ou afetadas pelo projeto. Podem ser departamentos, auditores, controladores etc. Podem fornecer importantes informações e equipes. É normal participarem ativamente do projeto. 27 CONCEITOS DE GESTÃO DE PROJETOSCapítulo 1 • Gerenciamento de Operações e Gerentes funcionais: pessoas- chave que desempenham funções de importância dentro da organização e precisam necessariamente estarem participando do projeto e comprometidas com o mesmo, todavia dividem sua dedicação ao projeto e as atividades funcionais da empresa. • Outras partes interessadas: qualquer outra pessoa ou empresa que esteja ligada ao projeto, que seja afetada, interfi ra, seja benefi ciada, prejudicada, que possa contribuir com informações, trabalhos ou bens para o projeto. • Gerentes de programas e portfólio: gerenciam esferas superiores em que o projeto esteja incluído. • Escritório de projetos: bureau específi co que apenas trabalha por projetos dentro de uma organização não estando envolvido em atividades operacionais de rotina da organização. Geralmente, gerido pelo Gerente de Portfólios. • Equipe de Gerenciamento: dedica-se exclusivamente ao gerenciamento do projeto. • Gerente do Projeto: responsável pela condução do projeto e equipe em todas suas fases de planejamento, execução, controle e fechamento. Veja um interessante exemplo, na construção da Usina de Belo Monte (PA), importantes stakeholders são as tribos indígenas que viviam nas áreas que foramalagadas para a formação da represa. Além deles, as diversas ONG de proteção da natureza também são importantes atores que interferem diretamente neste grande projeto. Às vezes, existem stakeholders que só teremos conhecimento após o início da execução do projeto. O consórcio responsável pela obra da Usina de Belo Monte teve diversas surpresas não muito boas durante a execução: 28 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos Figura 6 – Reportagem sobre a Belo Monte Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/RjejtD>. Acesso em: 10 jun. 2016. Ainda seguindo as recomendações do PMI (2013) a construção do mapa de stakeholders é fundamental para a gestão, bem como os reports que sempre serão úteis quando novos interessados aderem ao projeto. Afi nal “saber quem é quem” no ambiente profi ssional evitará erros e desgastes. Quadro 2 - Mapa de Stakeholders Fonte: Serer (2001). Agora é com você! Vamos praticar um pouco e colocar estes conhecimentos em uso? Atividades de Estudos: 1) O que é o Project Management Institute (PMI) e qual é sua publicação de maior importância? 29 CONCEITOS DE GESTÃO DE PROJETOSCapítulo 1 ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Quais motivos levam uma empresa a usar as metodologias de Gestão de Projetos para operar em certas situações? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Cite as macro-fases comuns a todos os projetos independentemente de suas áreas de produção ou conhecimento: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 4) Quais as diferenças entre projeto, programa e portfólio? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 5) Para um evento de formatura, um grupo de estudantes de Gestão de Projetos decide aplicar as técnicas aprendidas na Universidade para conseguir realizar este evento. Assim, listaram os recursos que serão necessários. Separe estes recursos em Recursos Humanos (H) ou outros recursos (O): ( ) – técnico de som ( ) – bebidas e alimentos ( ) – fotógrafo 30 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos ( ) – equipamentos de som ( ) – licença para o uso de músicas ( ) – espaço físico para o evento ( ) – cerimonial ( ) – capital para o evento ( ) – convites ( ) – técnico de iluminação ( ) – comissão de formatura ( ) – mobiliário e decoração ( ) – equipe de garçons 6) Quais os documentos apresentados neste capítulo e quais suas fi nalidades? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ AlGumas Considerações Como vimos, a gestão de projetos consiste em uma soma de metodologias para o desenvolvimento de produtos/serviços únicos, e são fl exíveis as mais diversas áreas do conhecimento. O Gerente de Projetos será preparado para ter um amplo conhecimento de diversas técnicas, mas acima disto, precisa ter uma visão holística dos meios pelos quais transita além de uma elevada capacidade de comunicação e persuasão. Bem-vindo ao mundo da gestão de projetos! ReferÊncias GIDO, J.; CLEMENTS, J. Gestão de Projetos. São Paulo: Thomson Learning, 2007. HELDMAN, K. Gerência de Projetos: Fundamentos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 31 CONCEITOS DE GESTÃO DE PROJETOSCapítulo 1 IPMA. International Project Management Association. Disponível em: <http:// www.ipma.world/>. Acesso em: 25 mai. 2016. ISO. International Standard Organization. Disponível em: <http://www.iso.org/ iso/catalogue_detail?csnumber=50003>. Acesso em: 26 mai. 2016. MENDES, J. R.; VALLE, A. B.; FABRA, M. Gerenciamento de Projetos. Rio de Janeiro: FGV, 2009. NORTE ENERGIA S. A. Disponível em: <http://norteenergiasa.com.br/site/>. Acesso em: 25 mai. 2016. PMI. Um guia do conjunto de conhecimento em gerenciamento de projetos (guia PMBOK). Newtown Square, 2004. PMI. PMBOK. Newton Square: PMI, 2013. PMI. Project Management Institute. Disponível em: <ttp://www.pmi.org/>. Acesso em: 25 mai. 2016. PORTNY, S. Gerenciamento de Projetos Para Leigos. Rio de Janeiro: Alta Books, 2008. PRIBERAM. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Kindle: Priberam, 2011. SERER, M. Gestión integrada de proyectos. Barcelona: UPC, 2001. 32 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos CAPÍTULO 2 Iniciando o Projeto A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Reconhecer os Geradores de Projeto – necessidades e demandas. Identifi car as principais necessidades do projeto. Compreender a Seleção de Projetos e seus Métodos de Seleção. Estudar a viabilidade do projeto. Construir o termo de abertura de projeto. Implementar o Orçamento. Usar indicadores para tomar a melhor decisão. Analisar os riscos dos projetos. Construir um sólido planejamento. Conduzir a reunião de kickoff . 34 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos 35 INICIANDO O PROJETOCapítulo 2 ContextualiZação Neste capítulo, vamos direto às primeiras fases do projeto, quais são elas, como se formam, quais os cuidados devemos ter, quais as orientações das melhores literaturas para começar bem os projetos. Como veremos, principiar bem é a base para o sucesso. Os estudos preliminares são a base fundamental do sucesso. As informações são os recursos-chave para que os próximos passos sejam sólidos e seguros. Mas criar projetos não é apenas uma questão de necessidade, é também uma questão de viabilidade, é o momento em que o projeto é criado e viabilizado ou rejeitado. Uma vez aprovado, é lançado o termo de abertura de projetos, assim, o gerente de projetos é escalado e a equipe reconhece que deve ser iniciado um projeto a partir de então. Como SurGem os Projetos O processo de iniciação do projeto é o primeiro de uma série de processos da vida do projeto. Já nos perguntamos inicialmente: “isso é um projeto?”. Portanto, esse processo serve como ponto de partida ofi cial que dá início ao projeto. É importante frisar que não há qualquer regra formal para a iniciação do projeto, ele nasce de uma ideia, uma vontade, uma necessidade ou oportunidade. Depois de testado e acreditado, o termo de abertura do projeto vem documentar uma defi nição de alto nível dos objetivos do projeto. É geralmente durante esse processo que um projeto é proposto, devido a uma necessidade ou demanda. Conforme, o PMI (2004), os projetos surgem quando uma organização demanda ações que não podem ser executadas dentro de seus limites operacionais normais. Essas ações são, de modo geral, consequência de uma necessidade estratégica identifi cada. A fi gura a seguir mostra o modo como funciona o processo de iniciação. Necessidades ou demandas geram solicitações de projetos, que em troca,servem para dar início ao processo de iniciação do projeto. Figura 7 - Iniciação do projeto Fonte: O autor. Os projetos surgem quando uma organização demanda ações que não podem ser executadas dentro de seus limites operacionais normais. 36 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos Processo de iniciação: é o processo, no qual o projeto é criado, viabilizado ou rejeitado. Uma vez aprovado o projeto, o termo de abertura do projeto é desenvolvido, durante esse processo, o gerente de projetos é escalado e a organização reconhece que deve iniciar o projeto. Geradores de Projetos – Necessidades e Demandas Entender como o projeto surgiu, muitas vezes, pode nos ajudar a esclarecer as metas e o escopo do projeto (vamos tratar disso adiante). Nesse sentido, os projetos surgem de considerações estratégicas, podemos resumir em basicamente seis demandas que impulsionam quase todos os projetos: • Necessidade da empresa: A organização pode querer aumentar suas vendas por meio de sua base de dados de clientes, permitindo que os membros que compõem a equipe utilizem essa informação para aumentar o número de respostas afi rmativas. As necessidades da empresa podem ser tais como: melhorar a efi ciência, reduzir custos e utilizar recursos de forma efi ciente, sendo estes os motivos mais comuns para a solicitação de projetos. • Uma demanda de mercado: As necessidades de mercado podem gerar solicitações de um novo projeto, em consequência de mudanças econômicas, em ciclos de ofertas, por um aumento de consumo de um objeto, que faz com que uma organização autorize a sua maior produção; por exemplo, a indústria automobilística pode dar início a um novo projeto para produzir carros que sejam movidos por uma combinação de eletricidade e gasolina, devido a uma diminuição da oferta de petróleo. • Solicitação de Cliente: As solicitações de clientes podem gerar uma série de projetos novos, e estes clientes podem ser tanto internos quanto clientes externos. • Uma demanda legal: Os projetos motivados por exigências jurídicas surgem por tantos motivos quanto há leis. O governo pode criar uma nova lei exigindo a anexação de etiquetas de aviso em certos aparelhos eletrônicos para advertir os consumidores sobre os perigos de alto risco. Entender como o projeto surgiu, muitas vezes, pode nos ajudar a esclarecer as metas e o escopo do projeto (vamos tratar disso adiante). 37 INICIANDO O PROJETOCapítulo 2 Assim, produzir etiquetas, anexar nos aparelhos, quando antes não era necessário, é um exemplo de projeto gerado por exigência jurídica. Assim, uma mudança na lei pode forçar a reforma de um produto ou situação. • Um avanço tecnológico: estamos numa era de constante avanço tecnológico, assim, quando há a descoberta de uma nova tecnologia pode levar a produção de uma modernização no processo de fabricação ou a modernização do próprio objeto. • Necessidade Social: Necessidades sociais podem vir de clientes ou cidadãos interessados por um assunto. Projetos motivados por necessidades sociais podem incluir coisas como divulgação e criação de campanhas de conscientização pública sobre prevenção de uma doença contagiosa, por exemplo, ou criação de programas educacionais para crianças carentes. Atenção: Seja qual for a razão do projeto – uma necessidade da empresa ou uma demanda social - temos que entender a prioridade e como esse projeto se encaixa dentro dos planos estratégicos da empresa. Identificação de Necessidades Diante disso, percebemos que o que precisa fi car claro é a necessidade a ser suprida, a identifi cação da necessidade passa a ser a fase inicial do ciclo de vida do projeto. Ela começa com o reconhecimento de uma necessidade, problema ou oportunidade e termina com a exposição desta necessidade em palavras claras que a defi nam: “O QUE” precisa ser feito. O cliente identifi ca uma necessidade ou oportunidade de executar algo melhor e, partir disso, considera vantajoso fazer um projeto que resulte em melhora ou benefício de uma situação existente, este é o “PORQUÊ”. Este documento é conhecido como Chamada de Proposta (GIDO; CLEMENTS, 2007). A título de exemplo, imagine que a gerência de uma empresa reconheça que o tempo gasto com emissão de notas fi scais e o recebimento do pagamento de seus clientes seja longo demais. Nesse sentido, a gerência reconhece vários problemas e oportunidades de melhorias, então, desenvolve uma chamada de proposta solicitando que fornecedores enviem propostas para a implementação de um sistema de cobrança e recebimento automatizado. Um outro cenário possível 38 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos poderia ser a gerência da empresa solicitar uma proposta para um funcionário ou uma equipe de projeto interna no lugar de um fornecedor externo. Atividade de Estudos: 1) Reforce seu aprendizado completando a frase a seguir: A fase inicial do ciclo de vida do projeto é a __________________ ________________, que começa com o reconhecimento de uma necessidade ou oportunidade. Projetos nascem de necessidades, mas nem sempre estas necessidades estão claras para a empresa, muitas vezes só se observam os sintomas e não as causas e não se sabe claramente “ONDE” a empresa precisa agir. Além disto, uma vez identifi cada a necessidade, e estando completamente seguro de que é um ponto a dedicar esforços, precisa-se ao menos esboçar quais os melhores caminhos para atingir este resultado. Segundo o PMBOK (PMI, 2013) é exatamente quando existem estes confl itos que ferramentas de criatividade em grupo podem ser usadas. Técnicas como o brainstorming e o diagrama de causas e efeitos (ou espinho de peixe) podem ser aplicados e sempre mostram ótimos resultados. Brainstorming: técnica usada para gerar e coletar múltiplas ideias relacionadas aos requisitos do projeto e do produto. Reunidos um grupo de envolvidos com determinada necessidade, promovem uma verdadeira tempestade cerebral, sugerindo tudo que pode estar relacionado a soluções possíveis. Nada deve ser coibido, mesmo ideias absurdas não devem sofrer repressões. Finalizada esta etapa, peneiram-se as boas ideias e descartam-se o que for inaplicável. Procure mais sobre técnicas de criatividade em grupo, conheça os conceitos e como são fáceis de aplicar. Entenda como elas podem ser combinadas e como em pouco tempo podem trazer soluções que demorariam muito pensando individualmente. Nesse sentido, sugerimos que você assista o vídeo, disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=DpSOA2Wduic>. 39 INICIANDO O PROJETOCapítulo 2 Seleção de Projetos e a Análise de ViaBilidade A seleção de projetos envolve a avaliação de várias necessidades ou oportunidades e uma posterior decisão sobre quais, entre elas, deveriam evoluir para um projeto, para que seja efetivamente implantado. É nesse momento que avaliamos os benefícios e consequências, as vantagens e desvantagens, os pontos positivos e negativos de cada oportunidade que precisam ser considerados e avaliados. Estes podem ser quantitativos e qualitativos, tangíveis e intangíveis. Assim, os benefícios quantitativos podem ser os fi nanceiros, como o aumento de vendas ou uma redução dos custos. Também podem ser intangíveis, associados a uma oportunidade, como melhora na imagem pública de uma empresa, ou até mesmo, na motivação de seus funcionários. De outro lado, existem consequências quantitativas associadas a cada oportunidade, como custo necessário para a implementação de um projeto ou a diminuição de sua produção, enquanto este estiver sendo implementado. Algumas consequências podem ser menos palpáveis, como barreiras legais ou reações de um grupo militante em particular, por exemplo. Por isso é de fundamental importância que um projeto seja bem selecionado, conforme Kendall e Rollins (2003), a maioria das empresas cai na triste armadilha de ter muito mais projetos ativos do que seria adequado para a capacidade disponível de seus recursos. Eisso faz com que elas acabem executando menos projetos do que teriam se escolhessem um grupo menor e mais adequado de projetos ativos. E para isso, a expressão portfólio de projetos tem sido aplicada cada vez mais para defi nir o grupo de projetos que uma organização se propõe a executar da forma mais estratégica possível, ou seja, que tenham interligações diretas aos resultados da organização. O PMI (2013) defi ne portfólio de projetos como uma coleção de projetos e programas (grupo de projetos gerenciados de forma coordenada para obtenção de benefícios que não poderiam ser obtidos se gerenciados individualmente) que são agrupados de forma a facilitar seu gerenciamento e alinhamento com os objetivos estratégicos da empresa. Nesse sentido, o núcleo de gerenciamento de portfólio é composto pelas tarefas de avaliação e seleção de projetos. Caso feitas de maneira correta, essas tarefas garantem o alinhamento do portfólio com a estratégia da empresa. 40 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos Enquanto o gerenciamento de projetos se preocupará em executar o trabalho corretamente, o gerenciamento de portfólio se preocupará em defi nir qual o trabalho correto a ser feito. Mesmo que nós façamos uma boa seleção de projetos, ainda temos uma questão adicional, não menos importante. Porque podemos ter livrado os projetos selecionados de competição com projetos dispensáveis, mas eles ainda têm que competir entre si. Isso quer dizer que, quando um membro da equipe recebe solicitações simultâneas de vários projetos, ele tem que decidir o que fazer primeiro. A grande questão é induzir que todas as pessoas tomem essas decisões de forma consistente ao longo da empresa. Quando os líderes não defi nem claramente as prioridades, por exemplo, quando defi nem tudo como prioritário, cada indivíduo, do técnico mais qualifi cado, ao estagiário, usará seus próprios critérios para defi nir o que fará primeiro. MÉtodos de Seleção A primeira tarefa é nomear a comissão de seleção. Comissão de análise ou comissões estratégicas são formadas para analisar os documentos conceituais de projetos (como a chamada de proposta) e decidir, com base em diversos critérios, quais projetos devem ser realizados. Os critérios de seleção podem ser algo tão simples quanto alguém do alto escalão da empresa dizer que serão aplicados no projeto modelos de pontuação complexos com múltiplos critérios, para decidir quais projetos serão escolhidos. A maioria dos projetos, também, está sujeita a algum tipo de análise fi nanceira. Seja com ou sem fi m lucrativo, ou mesmo um órgão governamental, custos sempre são comparados aos seus benefícios e, principalmente, a capacidade de investimento da instituição. Assim, os cálculos fi nanceiros são um dos métodos usados para selecionar projetos, e normalmente são os que mais pesam. Outros métodos para selecionar projetos incluem técnicas de pontuação baseadas numa série de perguntas e modelos que pontuam as metas da empresa ou metas do projeto, de acordo com os critérios determinados pela comissão de seleção ou de análise. Assim, uma boa possibilidade é combinar métodos de pontuação com cálculos fi nanceiros, que nos dará uma boa ideia sobre quais projetos escolher. No entanto, nenhum desses métodos é um indicador de que o projeto terá êxito. Logo, só um bom planejamento de projeto, poderá evitar maiores obstáculos, assim como, um bom acompanhamento e a tomada de providências corretivas adequadas no momento certo. Além disto, muitas vezes, é necessário aprofundar 41 INICIANDO O PROJETOCapítulo 2 os conhecimentos em riscos, custos e resultados possíveis a fi m de uma escolha mais assertiva. A isto é dado o nome de pré-projeto, um dossiê que organiza desde a necessidade original, passando por cenários possíveis de solução e auferindo (mesmo que superfi cialmente) questões de incerteza que possam conduzir a uma escolha errada. Uma pontuação elevada durante o processo de seleção do projeto não é garantia de sucesso. O êxito do projeto ocorre por meio de acompanhamento ordenado e metódico dos processos de gerenciamento de projetos. Os modelos de pontuação podem assumir inúmeros formatos, como questionários, listas de verifi cação e modelos complexos que combinam pontos com pesos. O quadro abaixo mostra um exemplo de questionário ponderado simples: Quadro 3 - Questionário de Seleção Critério de Pontuação Pontos Problema da empresa adequadamente tratado ou solucionado 5 Satisfação do cliente facilmente obtida 4 Potencial de lucro 4 Possibilidade de comercialização 5 Facilmente produzido ou apoiado 3 Total de Pontos 21 Fonte: Heldman (2005, p.59). No exemplo dado anteriormente, os membros da comissão de análise examinam os vários critérios em comparação ao documento conceitual do projeto e marcam pontos numa escala de 1-5, no qual o 5 é a pontuação máxima. Somam- se os pontos que serão usados para tomar uma decisão fi nal. A organização, neste caso, pode ter pré-estabelecido que para a seleção de um projeto, qualquer projeto com a pontuação menor que 18 pontos estará automaticamente desaprovado. As pontuações e os impactos fi nanceiros podem ter bastante peso, mas há outros fatores que também devem ser considerados no momento de selecionar projetos, por exemplo: • Planos estratégicos: uma das questões que precisam ser levadas em conta é se a escolha do projeto está de acordo com as metas e os planos estratégicos da organização. Uma pontuação elevada durante o processo de seleção do projeto não é garantia de sucesso. O êxito do projeto ocorre por meio de acompanhamento ordenado e metódico dos processos de gerenciamento de projetos. 42 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos • Riscos e impactos: O risco pode ser de várias formas, mas o que preocupa a comissão de seleção nessa fase é o risco à empresa – seja risco fi nanceiro, má publicidade, grande fracasso de produtos e afi ns, risco de projeto, tal como grande fracasso para terminar o projeto ou incompatibilidade com as práticas empresariais de seus clientes. Um projeto que coloque a empresa em risco fi nanceiro tem uma grande chance de não ser executado. • Restrições: as restrições limitam as ações da equipe do projeto. Organizações podem ter algumas diretrizes previamente estabelecidas para estimativas de trabalho de projetos, orçamentos e captações de recursos. Por exemplo, uma organização pode não assumir nenhum trabalho de projeto interno cuja estimativa de término ultrapasse um ano. Há outros exemplos de restrições, tais como confl itos de prioridade com outros projetos já em andamento, ações ou resultados que infringiriam as leis, ou políticas internas da empresa, falta de capacidade tecnológica necessária para criar um produto do projeto. A este compilado de informações, planilhas de custos versus retorno, análise de riscos e impactos, será possível construir um mapa de indicadores gerais das soluções viáveis de forma que fi que bastante fácil ao executivo defi nir que projeto será escolhido para aquela determinada necessidade. E isto, nada mais é que a Análise de Viabilidade. A esta análise podem ser incluídas questões técnicas (análise de viabilidade técnica) e questões de natureza fi nanceira (análise de viabilidade econômica). Seja como for, cada vez mais as organizações exigem que a análise de viabilidade exista de forma coesa reduzindo ao máximo possíveis incertezas e aumentando a possibilidade de sucesso da decisão tomada. Logo, veremos que corrigir erros de conceito é muito mais caro que gastar um pouco mais de esforço no princípio e começar de forma sólida e segura. A este compilado de informações, planilhas de custos versus retorno, análise de riscos e impactos, será possível construir um mapa de indicadores gerais das soluções viáveis de forma que fi que bastante fácil ao executivo defi nir que projeto será escolhido para aquela determinada necessidade. E isto, nadamais é que a Análise de Viabilidade. 43 INICIANDO O PROJETOCapítulo 2 Figura 8 - Impacto da variável com base no tempo decorrido do projeto Fonte: PMI (2013). Análise de viabilidade é o estudo preliminar que analisa a rentabilidade do projeto, a efi ciência ou a viabilidade do produto do projeto, a possibilidade de comercialização do produto do projeto, a possibilidade de comercialização do produto ou serviço, soluções alternativas e as demandas da empresa que geraram a solicitação. A fi nalidade do estudo de viabilidade é descobrir mais detalhes sobre o projeto ou até mesmo tem por fi nalidade de investigar mais a fundo a necessidade ou a demanda do negócio. Estudos de viabilidade analisam fatores como problemas técnicos com relação ao projeto ou produto do projeto e confi abilidade e viabilidade da tecnologia do produto proposto. É comum entre as organizações contratarem consultores de fora para realizar seus estudos de viabilidade. E essa é uma ótima maneira de evitar que opiniões pessoais infl uenciem os resultados do estudo. Por fi m, o término e a aprovação do estudo de viabilidade marcam o início do processo de planejamento e pode ser feita a criação do termo de abertura do projeto. 44 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos Construir o Termo de ABertura de Projeto O projeto foi proposto, foi especifi cado, analisado, passou pela comissão de seleção, pelo estudo de viabilidade e fi nalmente foi aprovado, assim, a próxima etapa é o termo de abertura do projeto. O termo de abertura é um documento escrito, que ofi cialmente reconhece a existência do projeto. Este documento geralmente é publicado por aquele que patrocina o projeto, mas também pode ser publicado por um outro gerente de alto escalão. É muito importante que o termo de abertura seja publicado por um gerente de alto escalão, porque dá mais legitimidade ao documento, além de demonstrar o compromisso e o apoio da gerência de projetos. Agora vamos analisar o termo de abertura do projeto mais de perto e esclarecer melhor alguns conceitos primordiais. Antes de tudo, é importante salientar que o termo de abertura do projeto tem duas fi nalidades fundamentais: reconhece que o projeto deve começar e designa o gerente de projeto. Vamos analisar de perto algumas outras fi nalidades: • Reconhecimento de que o projeto se iniciou – o termo de abertura anuncia a todos que o projeto foi aprovado e está sendo endossado pelo alto escalão da organização. Tem por fi nalidade tornar-se uma nota ofi cial às unidades de negócios funcionais, informando-os de que sua cooperação será necessária e esperada. • Registra recursos do projeto – o termo de abertura consigna os recursos da organização ao trabalho de projeto, incluindo aí tempo, materiais, dinheiro e recursos humanos. • Assegura que todos estão participando de uma mesma empreitada - quando a fi nalidade, os objetivos e uma visão geral do projeto são redigidos, todos passam a entender a fi nalidade inicial e diminui a probabilidade de gerar confusões e mal-entendidos. • Designação do Gerente de projetos – em muitos casos, reconhece- se o gerente de projetos antes da criação e da publicação do termo de abertura. Entretanto, este documento pode servir como uma notifi cação ofi cial da nomeação do gerente de projetos. 45 INICIANDO O PROJETOCapítulo 2 • Fornece uma visão global do projeto e suas metas – o termo de abertura é a primeira tentativa detalhada de elencar os propósitos do projeto, trazendo os seus objetivos de forma mais clara e detalhada. Além das fi nalidades, existem também alguns elementos essenciais que devem compor o termo de abertura do projeto, vamos ver cada um deles: • Declaração de trabalho – contém uma descrição dos produtos os serviços resultantes do projeto, uma descrição do trabalho desenvolvido no projeto e especifi cações simplifi cadas sobre o produto ou serviços solicitados. Muito usado em contratos para defi nir o trabalho do projeto. • Descrição do escopo do produto – Enumera as características do produto, dentre elas as especifi cações, medições ou outros detalhes que identifi cam o produto. • Plano estratégico – Descreve sucintamente as metas e os planos a longo prazo da organização. O termo de abertura do projeto tem elementos semelhantes ao documento conceitual do projeto, contudo, deve constar mais detalhes do projeto. Todos os documentos de projetos devem constar com uma seção de informações gerais contendo o nome, número e data do projeto, e se necessário, campos para a data em que o documento foi modifi cado ou número da versão e ao autor. As seções restantes devem conter: resumo do projeto, objetivos do projeto, requisitos, justifi cativa empresarial, estimativas de recurso e custo, funções e responsabilidades, assinatura e anexos. Abaixo segue uma amostra do termo de abertura do projeto. 46 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos Figura 9 - Modelo de Termo de Abertura de Projeto Fonte: Heldman (2005, p. 73). 47 INICIANDO O PROJETOCapítulo 2 Atividades de Estudos: 1) Por que é importante conduzir um cauteloso e detalhado trabalho de identifi cação de necessidades? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Por que é importante selecionar o projeto certo antes de começar a trabalhar? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Indique três necessidades ou demandas que geram projetos: a) ___________________________________. b) ___________________________________. c) ___________________________________. 4) Defi na as fi nalidades do termo abertura de projeto. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 5) Quem deve publicar o termo de abertura de projeto? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 48 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos AlGumas Considerações Acredite, a problematização (que gera um projeto) é a fase mais importante. Pode parecer simples, mas não é! Um projeto que se desenvolve com muita impaciência e ansiedade costuma resumir a etapa inicial e todas as meditações necessárias a um bom projeto. Mas recorde! É no início que o “DNA do projeto” é formado, uma falha aqui, principalmente, na avaliação da necessidade e na defi nição do caminho que será seguido para chegar ao produto fi nal, simplesmente não resolverá algo real e relevante para os clientes. Pense nisto, afi nal, mesmo que seu projeto seja um verdadeiro sucesso de execução, ele precisa resolver um problema real. Seu projeto resolve algo realmente relevante? ReferÊncias GIDO, J.; CLEMENTS, J. Gestão de Projetos. São Paulo: Thomson Learning, 2007. HELDMAN, K. Gerência de Projetos: Fundamentos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. KENDALL, G.; ROLLINS, S. Advanced project portifolio management and PMO. Boca Raton: J.Ross Publishing, 2003. PMI. Um guia do conjunto de conhecimento em gerenciamento de projetos (guiaPMBOK). Newtown Square, 2004. PMI. PMBOK. Newton Square: PMI, 2013. PMI. Project Management Institute. Disponível em: <ttp://www.pmi.org/>. Acesso em: 25 mai. 2016. CAPÍTULO 3 Definindo Metas A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Conhecer premissas, requisitos e restrições. Saber mapear os fatores críticos. Formalizar o escopo e a aprovação. Realizar a gestão do escopo e o gerenciamento de mudanças. 50 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos 51 DEFININDO METASCapítulo 3 ContextualiZação Manter o foco no resultado pode ser um dos maiores desafi os de projetos. São tantas coisas a fazer, tantas pessoas para coordenar, tudo ao mesmo tempo, sob muita pressão. Defi nir as metas é fundamental para chegar aos resultados validados com os patrocinadores, clientes e usuários. É a fase mais importante do planejamento e se bem realizada levará por si só o projeto ao sucesso (HELDMAN, 2005). Então, vamos deixar claro o que precisa ser feito, isto é fundamental. Precisam estar claras quais são as expectativas de cada um dos envolvidos, e, além disto, precisam estar claras quais expectativas serão e quais não serão atendidas pelo projeto. A comunicação precisa ser clara e objetiva. É fundamental entender junto com os patrocinadores e os clientes quais são as premissas e requisitos que contornam a necessidade que o projeto irá solucionar. Entretanto, não podemos esquecer das restrições, seguramente haverão fatores que restringem e estes deverão estar claros a todos os envolvidos (MENDES; VALLE; FABRA, 2009). Para tudo isto, há ótimas ferramentas que auxiliarão a equipe de projetos a estar sempre segura de que todos estão tendo os mesmos entendimentos quanto ao que será realizado. Metas São Fundamentais Logo, veremos que o projeto será particionado em muitos pedaços. Faremos isto para facilitar o trabalho, mas o importante é entender que cada parte terá pequenos resultados que farão parte do projeto. Dividir o trabalho em partes, acabará gerando as metas (ou objetivos) do projeto. Isto é muito útil para que as equipes envolvidas saibam claramente o que, em que qualidade e quando terão de fazer entregas. As metas precisam tornar tangíveis os objetivos do projeto de forma que se possa medir se o projeto está ou não a caminho de atingir seu objetivo, no prazo e no custo planejado. As metas poderão ser usadas como marcos do projeto na construção do cronograma de Gantt. Serão importantes referências para a gestão. Dividir o trabalho em partes, acabará gerando as metas (ou objetivos) do projeto. Isto é muito útil para que as equipes envolvidas saibam claramente o que, em que qualidade e quando terão de fazer entregas. 52 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos De acordo com Heldman (2005), entre outros autores, há uma recomendação que as metas sigam o modelo S.M.A.R.T., um exemplo bastante experimentado e útil em diversos meios de projetos e administração: Quadro 1 – Metodologia S.M.A.R.T. S (specifi c = específi ca) Metas precisam ser específi cas, em qualidade e característi- cas, de forma que qualquer indivíduo envolvido entenda o que precisa ser entregue. M (mensurable = mensurável) Quantidades, proporções, percentuais etc. Os envolvidos precisam saber como medir o que precisarão entregar. A (atteinable = acordada) Precisa haver um acordo e uma clara ciência mútua sobre o que, quando e quanto precisa ser entregue. Quem pede e quem entrega precisam entender e aceitar a meta. R (realistic = realista) Pedir além da capacidade não é nada inteligente. Seja qual for o entregável, ele precisa estar em concordância com o que pode o restringir (tempo, $, recursos etc.). T (timely = período de tempo fechado) Precisa haver um prazo para a entrega, isto precisa estar claro aos envolvidos. O que precisa ser feito, precisa ser feito até quando? Fonte: Disponível em: <http://www.techrepublic.com/article/use-smart-goals- to-launch-management-by-objectives-plan/>. Acesso em: 15 jun. 2016. Use a metodologia SMART para “fi ltrar” suas metas, com certeza você estará muito mais perto de ter sucesso com esta simples forma de gerenciar as entregas parciais que formarão seu projeto. Ela reduzirá os erros de compreensão, as dúvidas sobre quando, quanto ou em que nível de especifi cação ou qualidade e também certifi cará que aqui é possível de ser realizado, naquele determinado espaço de tempo, com aqueles recursos que ali estão disponíveis. Defi nir metas é tão importante que para o PMI (2013) isto será a base para a criação da Matriz de Requisitos, que logo veremos como ferramenta de gestão importante para o sucesso do projeto. 53 DEFININDO METASCapítulo 3 EntreGas do Projeto Segundo o PMI (2013), entregas são os subprodutos das tarefas do projeto. Entendemos que estas precisam ser mensuráveis e específi cas. As entregas muitas vezes são os resultados de uma ação, que por ventura farão parte do projeto direta ou indiretamente. Vamos trazer um exemplo para que isto fi que mais claro. Imagine uma empresa de cosméticos que tem um novo projeto de ampliação do seu parque industrial. Dentre as inúmeras atividades que permeiam este grande projeto, uma é bem específi ca: a aquisição dos novos equipamentos para uma linha de perfumes. Esta atividade foi subdividida dentro do departamento de compras da empresa, para esta equipe, a aquisição destas máquinas é um projeto a parte. A meta é bastante específi ca e clara: comprar as máquinas do novo parque industrial, nas especifi cações defi nidas pelos engenheiros, no prazo máximo de 90 dias. Há então diversas subtarefas para atingir esta meta. Mas vamos citar algumas entregas desta demanda: • Pesquisa de fornecedores internacionais homologada pelo setor de engenharia • Solicitação de orçamento • Consolidação de preços • Negociação de preços e prazos • Assinatura do contrato • Entrega na nova planta industrial • Montagem dos equipamentos • Realização de testes • Aprovação dos equipamentos • Pagamento nas condições contratuais Observe que cada um dos itens listados pode ser claramente confi rmado se foram ou não realizados. Não se pode ter “meia” entrega, ou ela foi feita ou não. Ou o contrato foi assinado ou não. Ou a nota fi scal foi emitida ou não. Ou o pagamento foi feito ou não. Entregas são defi nidas por “SIM” ou “NÃO”. Muitas vezes, há documentos que são resultantes destes processos e ajudam a ter isto claro. Haverá muitas e concomitantes entregas. Defi ni-las com precisão é fundamental. Heldman (2005) alerta que mesmo que você e sua equipe sejam excelentes profi ssionais, com experimentadas habilidades em projetos, se as entregas e metas estiverem equivocadas, muito provavelmente o projeto será um fracasso frente ao cliente e/ou patrocinadores. 54 Fundamentos e gerenciamento integrado de projetos O Que São Requisitos? Segundo o PMI (2013) requisitos são fundamentais para o projeto. Eles vêm de diferentes partes e precisam ser mapeados da forma mais detalhada possível. Eles auxiliarão a encontrar as metas e a defi nir as entregas e, além disto, servirão para certifi car se as entregas estão de acordo com o que foi planejado. Ou seja, requisitos são detalhes, minuciosas características que desenham as entregas. Conforme o PMI: O sucesso do projeto é diretamente infl uenciado pelo envolvimento ativo das partes interessadas na descoberta e decomposição das necessidades em requisitos, e pelo cuidado tomado na determinação, documentação e gerenciamento dos requisitos do [...] resultado do projeto. Os requisitos incluem condições ou capacidades que devem ser atendidas pelo projeto ou estar presentes no resultado para cumprir um acordo ou outra especifi cação formalmente imposta (PMI, 2013, p. 112). Ou seja, requisitos são necessidades oriundas de diferentes partes e stakeholders do projeto, diretas ou indiretamente ligadas ao resultado fi nal, mas
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