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A era da Pós-verdade e a Indústria Cultural Lista 22 1 PROFESSORA: Thais Pio NOME: REDAÇÃO EXTENSIVO ALFA 2019 Redação • Extensivo Alfa • Lista 22 “Dado que o uso do termo [pós-verdade] não mostrou nenhum sinal de desaceleração, eu não ficaria surpreso se ‘pós-verdade’ se tornasse uma das palavras definidoras dos nossos tempos” Casper Grathwohl Presidente da Oxford Dictionaries O.J. Simpson e a justiça pós-moderna Separe um tempo e veja O Povo contra O. J. Simpson, primeira temporada da série American Crime Story disponível no Netflix. Você não vai se arrepender. A série reconstrói com rara competência o “julgamento do século”, evento que parou os EUA em meados dos anos 90 criando uma experiência hipnotizante sobre um dos pontos de inflexão da história recente. É talvez o primeiro e mais icônico julgamento pós-modernista em que o que menos importava era decidir se o réu cometeu ou não o crime. (…) Orenthal James Simpson, um dos grandes astros do esporte de todos os tempos, matou a facadas em 12 de junho de 1994 a ex-esposa Nicole Brown. O crime aconteceu na porta da casa dela após anos de abusos, assédio e agressões brutais. O ex-atleta, uma das maiores celebridades do país, acabou inocentado num julgamento transformado em circo midiático e político no qual sua responsabilidade pelas mortes foi colocada em segundo plano. No mesmo episódio, o amigo de Nicole e provável amante Ron Goldman acabou morto também. Alguns dos mais caros advogados que o dinheiro pode comprar foram contratados para fazer o impossível: absolver O. J. Simpson de um crime com tantas provas de sua autoria que é difícil imaginar um homicídio com mais evidências apontando para a culpa do réu que este. Some-se ao uso pioneiro de provas de DNA na perícia o histórico de agressões, perseguição a qualquer novo namorado de Nicole e a incapacidade do astro de aceitar o fim da relação. A lembrança deste julgamento serve de reflexão para um mundo cada vez mais mergulhado na pós-verdade e na politização de tudo em nome da “justiça social”. Para entender o contexto político-social da época, é preciso voltar um pouco no tempo, mais precisamente em março de 1991 quando o taxista negro Rodney King (1965-2012) foi brutalmente espancado por policiais brancos de Los Angeles sob a acusação de dirigir em alta velocidade. Não havia internet como conhecemos hoje, os celulares estavam nascendo e câmeras de vídeo eram um luxo para poucos, por isso flagrantes em vídeo de agressões policiais não eram comuns, mesmo que habituais na vida real. O vídeo do linchamento de King, gravado por uma testemunha, tomou conta do noticiário. Um ano depois, a absolvição dos policiais envolvidos gerou uma das maiores ondas de protestos violentos da história americana. Depois de três dias de ataques, Los Angeles estava em chamas e com prejuízos avaliados em mais de US$ 1 bilhão. Ao final, 58 mortos, 2.800 feridos e mais de 3.000 estabelecimentos comerciais depredados, saqueados ou incendiados. A segunda maior cidade dos EUA estava traumatizada, amedrontada e atônita. Los Angeles ainda não havia se recuperado quando um dos seus moradores mais amados e ilustres, um negro californiano que chegou ao topo do sucesso e da fama, é acusado de matar a própria mãe dos seus filhos, uma modelo bem mais jovem. branca e loira. Todas as evidências Lista 22 Redação • Extensivo Alfa • Lista 22 2 A era da Pós-verdade e a Indústria Cultural apontavam para O. J. Simpson como único responsável pelo esfaqueamento de Nicole Brown e Ron Goldman. Um dos maiores ícones da comunidade negra americana estava prestes a cair. É neste instante que entram em cena um “time dos sonhos” de advogados, inicialmente liderados por Robert Shapiro e depois por Johnnie Cochran, advogado-celebridade engajado na causa dos direitos civis e defensor, entre outros, de Rosa Parks, Michael Jackson e Snoop Dogg. Shapiro e Cochran tomaram a decisão que mudaria o rumo do julgamento: o uso sem escrúpulos do race card, o discurso racialista que iria politizar a decisão, inflamar o público e livrar o autor de um duplo homicídio da cadeia. Num momento que resume a série, Johnnie Cochran diz aos outros advogado de Simpson que “provas não vencem no final. Jurados seguem a narrativa que faz mais sentido. Estamos aqui para contar uma história. Nosso trabalho é contar uma história melhor que o outro lado.” Não é uma guerra de fatos, provas e evidências, é uma guerra de narrativas. Simpson nunca havia sido um ativista das causas de direitos civis, muito pelo contrário. Ele evitava ao máximo declarações políticas e ainda dizia que não era preto ou branco, era um americano de sucesso e queria ser visto como tal. Impossível não lembrar de Wilson Simonal e da má vontade da intelligentsia com o cantor mais popular do Brasil no final dos anos 60 por conta da sua distância dos movimentos políticos, o que gerava acusações de “alienado” e de serviçal do regime e da “Casa Grande”. Como ídolo do país, Simpson era também cobrado pelos líderes dos movimentos negros mas nunca se identificou com eles, até que a instrumentalização do discurso político de cunho racialista foi visto como oportunidade para a criação de uma narrativa em que o negro de sucesso havia sido incriminado injustamente pela polícia racista da cidade. O julgamento de Simpson passou a ser o julgamento da polícia de Los Angeles e das tensões raciais do país, numa reviravolta que só seus lendários advogados poderiam conseguir. O réu resistiu no início, mas acabou aceitando a estratégia e o resultado você já sabe qual foi. Simpson só foi condenado pelas mortes de Nicole e Ron num processo civil movido meses depois. Depois de ver a série da Netflix, tente assistir também o estupendo documentário criado pela ESPN O. J. Simpson Made In America, vencedor do Oscar da categoria neste ano. É um complemento importante para clarear algumas informações pouco exploradas pela série da Netflix, naturalmente mais preocupada com entreter o público do que propriamente dar um quadro geral de todos os fatos envolvidos. O trabalho monumental realizado em O. J. Simpson Made In America não deixa dúvidas da culpa de Simpson pelo assassinato da mãe de seus filhos e do companheiro. Morta aos 35 anos na porta de casa, com os filhos pequenos do lado de dentro dormindo, Nicole Brown não teve a justiça que merecia e até hoje ninguém foi responsabilizado criminalmente por seu assassinato, assim como Ron Goldman. As vítimas, lembrando a antropologia da violência desenvolvida por René Girard, foram dadas em sacrifício e serviram como bodes expiatórios para uma cidade dividida e conflagrada pelo oportunismo político de ativistas e advogados. O Povo contra O. J. Simpson não é apenas entretenimento de primeira qualidade, é também um registro histórico assustador de como vidas humanas podem ser menosprezadas em nome de narrativas políticas ou interesses dos mais mesquinhos e imorais, como a absolvição de um homicida covarde e brutal. O mundo pós-modernista, em que narrativas valem mais que a busca da verdade objetiva dos fatos, começa com discursos filosóficos aparentemente inofensivos e de interesse meramente acadêmico, mas idéias têm consequências e, neste caso, desaguam na absolvição de um assassino. O.J. Simpson escapou da justiça criminal naquele momento, mas desde 2008 está preso, cumprindo pena por assalto, sequestro e formação de quadrilha. A luta por boas causas, quando aparelhada e instrumentalizada politicamente, acaba sempre em barbárie. As mortes de Nicole e Ron não acabaram com as tensões sociais, muito menos serviram para evitar o aparecimento ou o fortalecimento de radicais (…) por Alexandre Borges [ 12/05/2017] www.gazetadopovo.com.br Orenthal James "O.J." Simpson (São Francisco, 9 de julho de 1947) é um ex- jogador de futebol americano e ator norte-americano. Em 1995 foi acusado do assassinato de sua ex-mulher Nicole Brown e de seu amigoRonald Goldman. Foi absolvido após um longo julgamento, que recebeu grande destaque na mídia. Em setembro de 2007, voltou a ter problemas com a lei após ser preso em Las Vegas, Nevada, e posteriormente acusado de diversos crimes, entre eles assalto à mão armada, sequestro e formação de quadrilha. Julgado culpado, foi condenado a 33 anos de prisão, sendo 15 anos por sequestro, 6 anos por porte de arma durante o crime e 12 anos por roubo. Em 20 de julho de 2017, Simpson ganhou liberdade condicional perante uma comissão de quatro julgadores, com unanimidade a favor de sua soltura. https://pt.wikipedia.org/wiki/O._J._Simpson Lista 22 Redação • Extensivo Alfa • Lista 22 3 A era da Pós-verdade e a Indústria Cultural Após muita discussão, debate e pesquisa, a Palavra do Dicionário de Oxford de 2016 é pós-verdade – um adjetivo definido como “um termo que relaciona ou denotando circunstâncias em que os fatos objetivos são menos influentes na formação da opinião pública do que a emoção e a crença pessoal". O conceito de pós-verdade surgiu nas décadas passadas, mas o Oxford Dictionaries constatou uma onda de frequência este ano no contexto do referendo da UE no Reino Unido e as eleições presidenciais nos Estados Unidos. Também se associou a um substantivo particular, na frase política pós- verdade. A pós-verdade passou de um termo periférico para a condição de centro no comentário político, agora sendo frequentemente usado por grandes publicações sem a necessidade de esclarecimento ou definição em suas manchetes. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Definição: pós-verdade (post-truth) Uma breve história da pós-verdade A palavra composta pós-verdade exemplifica uma expansão no significado do prefixo "pós", que se tornou cada vez mais proeminente nos últimos anos. Ao invés de simplesmente se referir ao tempo após uma situação ou evento específico – como em pós-guerra – o prefixo na pós-verdade tem um significado mais parecido com "pertencer a uma época em que o conceito especificado tornou-se sem importância ou irrelevante”. Esta nuance parece ter se originado em meados do século 20, em formações como pós-nacional (1945) e pós- racial (1971). A pós-verdade parece ter sido usada pela primeira vez neste sentido em um ensaio de 1992 do falso dramaturgo sérvio-americano Steve Tesich, na revista The Nation. Refletindo sobre o escândalo Irã-Contra e a Guerra do Golfo Pérsico, Tesich lamentou que "nós, como pessoas livres, decidimos livremente que queremos viver em mundo da pós- verdade". Há evidências de que a expressãp "pós-verdade" seja usada antes do artigo de Tesich, mas, aparentemente, com o significado literal "depois que a verdade era conhecida", e não com a nova implicação de que a própria verdade tornou-se irrelevante. Traduzido de https://en.oxforddictionaries.com/word-of-the-year/ word-of-the-year-2016 Lista 22 Redação • Extensivo Alfa • Lista 22 4 A era da Pós-verdade e a Indústria Cultural Fake News e a Pós-Verdade –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Caso 1: a pizzaria Comet Ping Pong – "Pizzagate" Caso 2: Obama e o Estado Islâmico Caso 3: o acordo entre o governo colombiano e as Farc Caso 4: *o Impeachment de Dilma Rousseff e as eleições de 2018 –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– Lista 22 Redação • Extensivo Alfa • Lista 22 5 A era da Pós-verdade e a Indústria Cultural Gêneros literários No Brasil, 80% acreditam no que leem nas redes sociais, diz pesquisa Por Fabio Murakawa e Cristiane Agostine | Valor – 15/02/2017 BRASÍLIA - Pesquisa CNT/MDA publicada nesta quarta-feira (15) mostrou que 80% dos brasileiros acreditam nas informações que veem ou leem nas redes sociais. Destes, 78,5% acreditam apenas algumas vezes e 1,5% acreditam totalmente, em comparação a 17,9% que dizem não acreditar. Outros 2,1% não sabem ou não responderam. O questionário deu quatro opções como meio de informação em que o entrevistado tem mais confiança sobre as informações que recebe, lê ou vê: Google (que foi escolhido por 56,5%), WhatsApp (17,2%), Facebook (12,4%) e Twitter (1,6%). Não souberam ou não responderam 12,1%. Quando questionados sobre se acreditam nas informações que leem ou veem na internet, 80,2% disseram acreditar apenas algumas vezes e 3,1%, totalmente, ante 16,3% que disseram não acreditar. Essas respostas foram dadas por um universo de 70,8% do total de entrevistados que disseram utilizar internet, ante 29,2% que disseram não usar. Dos que acessam a rede, 78,8% o fazem diariamente, 17,2% alguns dias por semana, 2% alguns dias ao mês e, 1,9%, raramente. Ao todo, 64,9% dos entrevistados acessam a internet em busca de redes sociais, enquanto 51,2% procuram por notícias. Uma fatia de 18,3% utiliza a rede para lazer, 15,6% para fins profissionais, e 7,6% para fins educacionais; 7,1% usam internet para acessar e-mail, e 4,1% para pagar contas em bancos virtuais. Dentre as redes sociais mais usadas, estão o Whatsapp (87,1%), o Facebook (78,3%), o Youtube (33,7%), o Twitter (11,6%) e o Instagram (2,6%). Ao todo, 4% não utilizam redes sociais. A pós-verdade e as redes sociais –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Pare de confiar no seu feed do Facebook Os filtros-bolha continuam a prejudicar o debate Os filtros-bolha continuam a prejudicar o debate As personas nas redes sociais estão se isolando cada vez mais em bolhas particulares, indispostas a buscar dados que contradigam suas opiniões formadas e adestrando os algoritmos para que continuem alimentando o que elas já entendem como a verdade absoluta. Em um artigo publicado na Wired, o diretor de marketing da empresa de software WorkZone, Mostafa El-Bermamawy, relata como poucas informações e artigos favoráveis a Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, chegavam ao seu feed – embora a presença online do republicano fosse bem superior à da adversária, Hillary Clinton. "Percebi que o segundo artigo mais popular publicado nas redes sociais nos últimos seis meses com as palavras 'Donald Trump', intitulado 'Por que eu vou votar em Donald Trump', foi compartilhado 1,5 milhão de vezes. Ainda assim, a história nunca chegou ao meu newsfeed do Facebook", relata. "Perguntei aos meus colegas liberais de NOva Iorque, e todos eles disseram que nunca o leram", conta. O resultado todos conhecem: ninguém cujo voto era favorável a Clinton esperava a derrota da democrata, visão validada inclusive por pesquisas eleitorais. O Facebook é utilizado como fonte primária de notícias por 61% dos chamados millenials quando o assunto é governo e política, aponta o centro de pesquisas Pew. No Brasil, cerca de 70% dos brasileiros usam a rede social como fonte principal de informação, segundo a Quartz. Mesmo assim, o Facebook não se define como um meio de comunicação e, geralmente, evita se responsabilizar pelo conteúdo disseminado. Isso mudou na última semana, quando o próprio Mark Zuckerberg anunciou medidas para combater as notícias falsas – especula-se que elas tiveram peso na decisão eleitoral. Um levantamento do Buzzfeed Brasil aponta, por exemplo, que as notícias falsas referentes à operação Lava-Jato obtiveram mais engajamento na rede social do que as reportagens verídicas. Segundo o levantamento, 10 das notícias falsas mais compartilhadas somaram 3,9 milhões de interações, enquanto entre as verdadeiras o volume chegou a 2,7 milhões. Ainda há o problema marginal das manchetes: poucos leitores sequer abrem os links para terem acesso às informações apuradas. Os três problemas – filtros-bolha, notícias falsas de amplo impacto e o péssimo hábito de ler apenas as manchetes – concorrem para o fenômeno que o Dicionário Oxford elegeu como palavra do ano: Pós-Verdade. A verdade factual dá lugar Lista 22 Redação • Extensivo Alfa • Lista 22 6 A era da Pós-verdade e a Indústria Cultural a argumentos de apelo emocional e crenças pessoais, tudo isso reforçado com dados parciais e notícias de aparente credibilidade. O fenômeno não é novo, mas ganhou uma dimensão extrema em 2016, após o referendo conhecido como Brexit e a eleição presidencial nos Estados Unidos. 'Idiota confiante' O efeito Dunning-Kruger parece ter se espalhado em escala viral. O próprio David Dunning, cientista que nomeou o efeito mais conhecido como a síndrome do "idiota confiante", sugeriu que as redes sociais e os três problemas elencados acima estão apresentando reflexos reais e perigosos quando tudo se mistura com política. "Em muitos casos, a incompetência não deixa as pessoas desorientadas, perplexas ou cautelosas. Em vez disso, os incompetentes são abençoados com uma confiança inapropriada, impulsionada pelo que eles acham que é conhecimento", alega. Esse não é um fenômeno exclusivo de pessoas que declaram voto por um candidato ou defendem uma determinada posição. Todos estão sujeitos a extrapolarem seu limite de conhecimento e opinar sobre o que não entende, provocando efeitos reais na vida das pessoas. "A maneira como concebemos ignorância – como a falta de conhecimento – nos leva a pensar que educação é um antídoto natural. Mas educação também pode produzir confiança ilusória", afirma. Inundação Quando se compara o efeito Dunning-Kruger com o potencial de disseminação oferecido pelo Facebook – relembrando: utilizado como fonte primária de notícias por sete em cada 10 pessoas – o prognóstico não é animador. Se tudo o que aparece no feed das pessoas confirma o que elas pensam, aquilo passa a ser verdade, já que o contraditório é mantido à distância pelos algoritmos que mapeiam as preferências individuais. "Como um liberal novaiorquino, meu feed estava repleto de hashtags como #ImWithHer ou #FeelTheBern somados a algumas manchetes do tipo 'Obama é o maior', que eu ficava feliz em ler", conta Mostafa. "Quando entramos na fase de debates, meu feed passou a exibir escândalos de Trump e os motivos pelos quais eu deveria apoiar Clinton. Eu acessava artigos apenas de veículos liberais, como o New York Times e o Washington Post. Eu sei que é importante ser cético com a mídia, mas mesmo um olhar crítico fica menos aguçado com a propaganda de apenas um lado", conta. Nos Estados Unidos, veículos de comunicação tradicionais, em geral, assumem preferências políticas e apoio a candidatos em editoriais. É uma maneira de deixar o leitor ciente do que está lendo. Mas o Facebook não é um veículo de comunicação, não tem ingerência sobre o conteúdo nem se responsabiliza. "Na vida real, comunidades já são segregadas por cor, classes, e visões políticas e culturais. Facebook, Google e outras redes são nossas comunidades online, e elas são similarmente segregadas. Precisamos lembrar a nós mesmos que existem pessoas no outro lado da tela que querem ser ouvidos e podem pensar e sentir como nós, mas chegar a diferentes conclusões", conclui Mostafa. http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/a- internet-e-os-filtros-bolha-nao-somos-tao-livres-assim/63661/ A crise do jornalismo da era da pós- verdade ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Lista 22 Redação • Extensivo Alfa • Lista 22 7 A era da Pós-verdade e a Indústria Cultural Gêneros literários A Indústria Cultural Dialé&ca do esclarecimento (1947) – Considerado como a pedra angular das ideias que 5veram por berço a Escola de Frankfurt, esse livro é uma crí5ca filosóficae psicológica de amplo espectro das categorias ocidentais da razão e da natureza, de Homero a Nietzsche. "A expressão 'indústria cultural' foi empregada pela primeira vez nesse livro, saudado como um clássico desde sua publicação em 1947."(Google Books) Theodor W Adorno e Max Horkheimer ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Lista 22 Redação • Extensivo Alfa • Lista 22 8 A era da Pós-verdade e a Indústria Cultural Revisão Teórica Relação tema-tese Dentre as relações estabelecidas em um texto dissertativo-argumentativo, a Relação Tema-Tese é a mais importante delas. Nesse critério, verificam-se os seguintes aspectos: 1 - a compatibilidade entre o tema mais abrangente da proposta e a tese construída pelo autor do texto; 2 - a compatibilidade entre os recortes temáticos da proposta e a tese construída pelo autor do texto. Por extensão, define-se por Fuga Temática a incompatibilidade entre o tema mais amplo da proposta e da tese. Já por Tangenciamento, define- se o tratamento parcial dos recortes obrigatórios determinados pela proposta. Tese 6: A internet vem cada vez mais sendo utilizada como uma forma de autopromoção e para o estabelecimento de relacionamentos amorosos. PROPOSTA 2: O excesso de cirurgias plásticas em uma sociedade de padrões estéticos opressores impostos pela mídia (Famema 2017) Tese 1: a banalização dos procedimentos operatórios plásticos é resultado de uma confluência de fatores que envolvem não apenas a mídia e os padrões estéticos por ela impostos, mas também a fragilidade da autoestima de jovens e mulheres e a permissividade dos órgãos públicos de saúde. Tese 2: o excesso de cirurgias plásticas tornou-se uma tendência pelo fato de as mulheres cada vez mais buscarem a perfeição estética. Tese 3: a mídia é a grande responsável pela popularização dos procedimentos estéticos pois cada vez mais vincula em sua programação esse tipo de conteúdo. Tese 4: os padrões estéticos cada vez mais difundidos pela mídia são responsáveis pelo adeoecimento psíquico de jovens e mulheres. Observe alguns exemplos de propostas de redação (diretivas e teses) e algumas possíveis abordagens compatíveis ou não com o que foi proposto: PROPOSTA 1: Selfies: mecanismo de interação social ou narcisismo em excesso? (Famerp 2017): Tese 1: as selfies podem ser consideradas mecanismos de interação social na medida em que refletem certa tendência contemporânea, em que as imagens ganham papel central nas formas de relacionamento. Tese 2: as selfies podem ser consideradas um elemento simbólico do comportamento narcísico na medida em que refletem certa tendência contemporânea de valorização do individualismo e dos padrões ideias de beleza. Tese 3: ainda que as selfies possam ser consideradas símbolos do comportamento narcísico, sua principal função é promover a interação social na medida em que refletem certa tendência contemporânea, em que as imagens ganham papel central nas formas de relacionamento. Tese 4: as selfies são elementos simbólicos do comportamento narcísico e, ao mesmo tempo, um mecanismos de interação social, na medida em que refletem certa tendência contemporânea à valorização do individualismo e ao uso das imagens como principal recurso de comunicação nas formas de relacionamentos modernos. Tese 5: as selfies vêm se tornando uma tendência na sociedade contemporânea pela difusão da internet e das redes sociais. –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––– Lista 22 Redação • Extensivo Alfa • Lista 22 9 A era da Pós-verdade e a Indústria Cultural T Redação nota Proposta: o voto deveria ser facultativo no Brasil? (UNESP 2018) Grilhões da ignorância O atual cenário político do Brasil caracteriza-se por uma grave crise de representatividade, sendo que uma parcela expressiva da população contribui para a descrença nas instituições políticas e nos governantes. Nesse sentido, é possível perceber um crescente desinteresse por parte dos indivíduos no que diz respeito ao exercício da cidadania no interior da sociedade, o que é alarmante em um país que sustenta uma democracia relativamente recente. Entretanto, mesmo diante dessa conjuntura, manter a obrigatoriedade do voto para garantir a participação política de todos é ser negligente com as reais causas que fomentam o descaso dos cidadãos, impedindo que o problema seja combatido de modo eficaz e favorecendo a perpetuação da crise política nacional. Embora muitos acreditem que o voto obrigatório é a garantia do exercício pleno da cidadania,essa não é a realidade no Brasil. Isso porque grande parte dos eleitores não vota de forma crítica e consciente, sendo muitas vezes, manipulada por falsas promessas de candidatos ou incentivada a escolher seus representantes através de recomendações de pessoas próximas. Dessa forma, muitos indivíduos vão às urnas e exercem seu direito ao voto de maneira irrefletida, apenas por obrigação, com receio de serem penalizados. Sendo assim, a obrigatoriedade do voto apenas mascara a realidade do quadro político brasileiro, em que os cidadãos pouco se interessam pelos assuntos que envolvem a coletividade devido à falta de educação e conscientização a respeito da importância do voto como ferramenta fundamental para operar mudanças na sociedade. Como consequência da atitude de votar de forma irresponsável apenas para cumprir com a obrigatoriedade da lei, diversos políticos corruptos conseguem chegar às esferas do poder, agravando a crise em que se encontra o país. Tal situação se estabelece na medida em que a alienação política permite que o cidadão seja facilmente cooptado por discursos eleitorais sem, contudo, pesquisar sobre a vida dos candidatos que pretende eleger. O resultado disso pode ser evidenciado perante as investigações realizadas pela Operação Lava-Jato da Polícia Federal, na qual diversos governantes que já possuíam precedentes de má conduta no âmbito político foram acusados de cometer crimes de corrupção. Tendo em vista esse cenário, estabelece-se ainda mais descrença no sistema político nacional, contribuindo para que o eleitor, obrigado a votar, continue a exercer tal direito de modo inconsciente, alimentando um ciclo vicioso que afeta o país e a vida de seus cidadãos. Diante da alienação política de boa parcela da população brasileira, atitude que acarreta consequências graves para o país, é possível perceber que a obrigatoriedade do voto pouco contribui para um efetivo fortalecimento da democracia nacional. Faz-se salutar, portanto, que o voto seja facultativo e, mais importante, que seja oferecida uma educação sólida a cada indivíduo, desde cedo, no sentido de incentivar a participação política através do voto de modo refletido, crítico e responsável. Além disso, é preciso dar continuidade às ações que visam a combater a corrupção das esferas do poder, permitindo que a descrença na política seja superada. Ainda, combater a obrigatoriedade do voto é uma boa estratégia para mobilizar o Estado e os próprios partidos eleitorais a promoverem campanhas de conscientização política para os eleitores a fim de que eles votem, possibilitando, dessa maneira, que os grilhões da ignorância sejam rompidos. Produção textual Redação • Extensivo Alfa • Lista 21 10 Lista 22 A era da Pós-verdade e a Indústria Cultural Modelo: VUNESP Limite de linhas: 30 Texto 1 “Dado que o uso do termo [pós-verdade] não mostrou nenhum sinal de desaceleração, eu não ficaria surpreso se ‘pós-verdade’ se tornasse uma das palavras definidoras dos nossos tempos” [Casper Grathwohl - Presidente da Oxford Dictionaries em entrevistado jornal americano 'Washington Post'] Segundo a Oxford Dictionairies, a palavra vem sendo empregada em análises sobre dois importantes acontecimentos políticos: a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e o referendo que decidiu pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia, apelidada de “Brexit”. Ambas as campanhas fizeram uso indiscriminado de mentiras, como a de que a permanência na União Europeia custava à Grã Bretanha US$ 470 milhões por semana no caso do Brexit, ou de que Barack Obama é fundador do Estado Islâmico no caso da eleição de Trump. [https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/11/16/O-que-%C3%A9- %E2%80%98p%C3%B3s-verdade%E2%80%99-a-palavra-do-ano-segundo-a- Universidade-de-Oxford] Texto 2 A palavra "Post-truth" não chega a ser nova (há uma década, pelo menos, ela já vem sendo empregada). Mas os estudiosos de Oxford perceberam que nos últimos tempos seu uso passou a ser mais frequente: em artigos acadêmicos, por escritores, nos jornais e, finalmente, nas ruas. Como em 2015, quando os “emojis” dominaram o mundo. Pela definição do dicionário, pós-verdade quer dizer “algo que denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência para definir a opinião pública do que o apelo à emoção ou crenças pessoais”. Em outros termos: a verdade perdeu o valor. Não nos guiamos mais pelos fatos. Mas pelo que escolhemos ou queremos acreditar que é a verdade. [http://oglobo.globo.com/opiniao/o-mundo-pos- verdade-20522515#ixzz4S1GrIR95] — Adaptado Texto 3 Saímos do domínio dos fatos para uma ensurdecedora guerra de slogans, certezas e dogmas. Um fundamentalismo comunicacional que prescinde de argumentação. Verossimilhança e evidência são a matéria prima da pós-verdade e do pós-fato. Sua enunciação repetida e viralizada por muitos, sua expressão em imagens e memes antecipam o que queremos ver acontecer. Sua simples difusão e circulação, a quantidade de cliques e visualizações são o que dão legitimidade ao conteúdo que é exposto. A visibilidade máxima, o compartilhamento, o engajamento em comentários e cliques são a forma de legitimação do pós-fato e da pós-verdade. Algo que não necessariamente aconteceu, mas que a simples enunciação e circulação massiva produz um efeito de verdade. A pós-verdade é a informação que buscamos para satisfazer nossas crenças e desejos. Como nas editorias de jornalismo em que o repórter sai a campo para encontrar as melhores “aspas” que comprovam um enunciado prévio. Fábrica de fatos e produção de notícias, mas que hoje ganha nas redes um poderoso complemento: a memética, a evidência instantânea, que produz sensações, ódio, riso, ridículo, inferiorização do outro através de uma imagem ou de um truísmo. [http://revistacult.uol.com.br/home/2016/10/a-memetica-e-a-era-da- pos-verdade/] Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Por que nos submetemos à pós-verdade? Exercício complementar Lista 22 Redação • Extensivo Alfa • Lista 22 11 A era da Pós-verdade e a Indústria Cultural Modelo: VUNESP (prova original - Santa Casa 2018) Limite de linhas: 30 Texto 1 Pós-verdade. Este não chega a ser um termo novo. Tem uma década, pelo menos. Mas nos últimos tempos seu uso passou a ser mais frequente em artigos acadêmicos, nos jornais e, finalmente, nas ruas. Então, em 2016, o Dicionário de Oxford escolheu este termo como a palavra do ano. Pela definição do dicionário, significa “algo que denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência para definir a opinião pública do que o apelo à emoção ou às crenças pessoais”. Em outros termos: a verdade perdeu o valor. Não nos guiamos mais pelos fatos. Mas pelo que escolhemos ou queremos acreditar que é a verdade. A palavra se tornou recorrente depois da surpresa do Brexit e da eleição presidencial nos Estados Unidos. Mas pode perfeitamente ser aplicada ao nosso momento político. Para o jornalismo, é uma má notícia. O terreno da internet tem se revelado fértil para a propagação de mentiras – sempre interessadas. Levamos tanto tempo para estabelecer uma visão “científica” dos fatos, construir a isenção do jornalista, a independência editorial e, de repente, vemos que o debate político se dá entre “socos e pontapés”. A pós-verdade arrasta o jornalismo, a política, a justiça, a economia, a nossa vida pessoal... (Luiz Cláudio Latgé. “O mundo pós-verdade”. http://oglobo.globo.com, 23.11.2016. Adaptado.) Texto 2 Notícias falsas sempre circularam, sobretudo nos estratos menos expostos ao tradicional jornalismo e a outras formas de conhecimento verificável. A novidade é que as redes sociais da internet se mostram o veículo ideal para a difusão dessas notícias. Não apenas estapafúrdias, como seria de esperar, mas às vezesinventadas de modo a favorecer interesses e prejudicar adversários. A circulação instantânea, própria desse meio, propicia a formação de ondas de credulidade. Estimuladas pelos algoritmos das empresas que integram o oligopólio da internet, essas ondas conferem escala e ritmo inéditos à tradicional circulação de boatos. Dado que as pessoas, nas redes sociais, tendem a se agregar por afinidade de crenças, não é difícil que os rumores se disseminem sem ser confrontados por crítica ou contraponto. O melhor antídoto contra as falsidades apresentadas como jornalismo é a prática do bom jornalismo, comprometido com a veracidade dos fatos que relata e com a pluralidade de pontos de vista no que concerne às questões controversas. Numa reportagem que serve como exemplo de jornalismo bem realizado, esse ano um repórter comprovou que existem no Brasil sites dedicados à exploração comercial de notícias falsas ou distorcidas. Embora haja remédios legais para reparar os excessos, a maioria dos casos passará despercebida no ruído incessante da internet. O fenômeno se associa de modo preocupante à política. Exemplo máximo dessa maré é o presidente norte- americano, Donald Trump, que move campanha obstinada contra os veículos dedicados ao jornalismo profissional. Bastaria isto para ressaltar a que tipo de interesses convém a confusão entre notícia e falsidade. No Brasil, guerras contra a imprensa são antigo costume de pessoas que não querem prestar contas de seus atos. (“Mentiras em rede”. www.folha.uol.com.br, 26.02.2017. Adaptado.) Texto 3 Na tese do jornalismo tradicional de todos os países, a “pós-verdade” disseminou-se por culpa da internet e das redes sociais. De acordo com a revista britânica The Economist, “a fragmentação das fontes noticiosas criou um mundo em que mentiras, rumores e fofocas se espalham com velocidade alarmante. Mentiras compartilhadas on-line, em redes cujos integrantes confiam mais uns nos outros do que em qualquer órgão tradicional de imprensa, rapidamente ganham aparência de verdade.” É uma visão confortável que relativiza, quando não omite totalmente, a responsabilidade da própria imprensa na eclosão do fenômeno. “Os indivíduos e os veículos que mais alertam contra os perigos das ‘falsas notícias’ e da ‘política da pós-verdade’ são os maiores disseminadores delas”, resume o jornalista inglês Neil Clark. O máximo que esses veículos admitem é que alguns mecanismos do jornalismo que praticam não funcionam. “A busca da ‘imparcialidade’ na veiculação de notícias com frequência cria um falso equilíbrio, à custa da verdade”, afirma The Economist. Expostos a um jornalismo que cultiva o pensamento único, os brasileiros, por exemplo, não encontram uma segunda opinião para acreditar, visto que a prática basilar do jornalismo, de sempre ouvir o “outro lado” nos assuntos apurados, faz tempo que entrou em desuso por aqui. Não é pelo excesso de versões, portanto, senão pelo seu exato oposto, que a opinião pública nacional desacredita dos fatos e se nutre de factoides imaginários, cevados na ignorância e no preconceito. A “pós-verdade” talvez expresse, no plano do jornalismo, a mesma perda de credibilidade que afeta a política. Uma imprensa que se acredita “a serviço do Brasil” padece hoje da desconfiança do público, que sabe que essa imprensa lê o mundo pela ótica estrita de seus interesses e que são eles que definem as notícias, não a importância dos fatos. O cidadão comum posiciona-se sobre um terreno movediço de informações, cada vez mais instável, e precisa angustiadamente da segurança das certezas. À era da “pós- verdade”, portanto, corresponde um “pós-jornalismo”, que não mais duvida, pergunta, reflete e busca interpretar a complexidade do mundo, mas que afirma categoricamente, sentencia, reitera, constrói a realidade conforme os lobbies que faz ou defende. Na balbúrdia da vida digital, no caos informativo das redes sociais, ele é apenas uma fonte a mais de “convicções”, não uma bússola para a informação confiável. Mas, prepotente, prefere atacar a internet e demais distribuidores de conteúdos do que fazer a autocrítica dos próprios defeitos. (Gabriel Priolli. “A era da pós-verdade”. www.cartacapital.com.br, 13.01.2017. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Os desafios do jornalismo na era da pós-verdade Exercício complementar Lista 22 A era da Pós-verdade e a Indústria Cultural Redação • Extensivo Alfa • Lista 21 12 Modelo: PUC Limite de linhas: 30 Texto 1 Pós-verdade Em 2016, o dicionário de Oxford elegeu a palavra "pós-verdade" como o termo do ano. A palavra se refere a uma época em que os fatos objetivos têm menos influência e importam menos que os apelos às emoções e às crenças pessoais - se me parece bom ou se está de acordo com minhas crenças, então é verdadeiro. Com a internet, a criação de memes, boatos, montagens e fakes news disputam espaços de narrativas e influenciam todos os espectros do campo ideológico. Como consequência, o processo de desinformação aumenta, assim como a confusão entre fato e ficção - quando as mentiras se tornam verdades. https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/ciencia--- teoria-da-terra-plana-esta-cada-vez-mais-popular.htm Texto 2 A Terra plana O movimento terraplanista ganhou força a partir de 2014, tornando-se um fenômeno da internet. O assunto começou a ser discutido em vídeos do Youtube e em grupos de Facebook dos Estados Unidos. Um dos maiores propagadores do movimento é o norte-americano Eric Dubay, autor do livro 200 Provas de que a Terra não é uma Bola Giratória. "O horizonte sempre se afigura perfeitamente plano 360 graus ao redor do observador independentemente de altitude. Todas as filmagens amadoras de balão, foguete, avião e drones mostram um horizonte completamente plano acima de 20 milhas de altitude. Apenas a NASA e outras agências espaciais governamentais mostram curvatura em suas fotos e vídeos falsos", escreve Dubay em sua prova número 1. Embora controversos, os questionamentos sobre consensos científicos começaram a se espalhar rapidamente para outros países. As explicações demonstram ter um forte potencial de persuasão, com um alcance sem precedentes. Ou seja, fazem sentido para muita gente. Existem grupos terraplanistas em redes sociais que já somam mais de 100 mil membros. https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/ciencia--- teoria-da-terra-plana-esta-cada-vez-mais-popular.htm Texto 3 Contra as vacinas A resistência à vacinação foi listada pela Organização Mundial da Saúde como uma das dez maiores ameaças à saúde global neste 2019. Segundo números preliminares do órgão, os surtos de sarampo, doença altamente contagiosa, aumentaram 300% no mundo nos primeiros três meses deste ano em comparação ao mesmo período de 2018. O crescimento foi maior na África (700%) e na Europa (300%). Relatório do Unicef, órgão da ONU para a infância, cravou que 98% dos países reportaram aumento nos casos de sarampo, doença que ressurgiu em locais que até pouco tempo atrás estavam perto de erradicá- la. Os três piores do ranking (que compara 2017 com 2018), respectivamente, foram Ucrânia, Filipinas e Brasil. https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2019/04/epidemia-de- ignorancia-movimento-contra-vacinas-gera-preocupacao-mundial.html? fbclid=IwAR0g6jkICbXFjm98e3tmcDSfX_ysFoRx7c7wH430jDouw7Z6zEKTx5uvTtY Texto 4 Validade e falseabilidade O filósofo da ciência Karl Popper (1902-1994) defendeu que, se a ciência se baseia na observação e teorização, só se podem tirar conclusões sobre o que foi observado, nunca sobre o que não foi. Assim, se um cientista observa milhares de cisnes, em muitos lugares diferentes e verifica que todos os cisnes observados são brancos, isto não lhe permite afirmar cientificamente que todos os cisnes são brancos,pois, não importa quantos cisnes brancos tenham sido observados, basta o surgimento de um único cisne negro para derrubar a afirmação de que eles não existiriam. Assim, qualquer afirmação científica baseada em observação jamais poderá ser considerada uma verdade absoluta ou definitiva. Uma teoria científica, no máximo, pode ser considerada válida até quando provada falsa por outras observações, testes e teorias, mais abrangentes ou exatos que a original. https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/filosofia-da-ciencia-karl- popper-falseabilidade-e-limites-da-ciencia.htm Os governos, os grandes veículos de comunicação e as instituições (políticas e sociais) estão passando por uma crise de credibilidade, em que as certezas dão lugar às dúvidas e aos questionamentos. Nem mesmo a ciência escapa desse processo e verdades estabelecidas pelo método científico também têm sido contestadas por grupos de pessoas, muitas vezes numerosos, no mundo inteiro. Por exemplo, é cada vez mais comum a desconfiança sobre temas como a forma da Terra, a eficiência das vacinas, a origem do vírus HIV, a evolução das espécies ou o aquecimento global. Recentemente, dois grupos têm se destacado nesses debates: os terraplanistas, que contestam a esfericidade do planeta, e os antivacinas, que consideram as vacinas, em maior ou menor grau, prejudiciais à saúde. Como você enxerga esses fatos? Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: A ciência na era da pós-verdade. Lista 22 A era da Pós-verdade e a Indústria Cultural Redação • Extensivo Alfa • Lista 22 13 RASCUNHO Professora Thais Pio thais@base2.online Avenida Paulista, 1776 - 19º andar 11 97050 - 4444 http://.base2.online Material de apoio: Base2 – Redação – Extensivo 2019 www.classroom.google. Código: 5wswdum 01. _____________________________________________________________________________________________ 02. _____________________________________________________________________________________________ 03. _____________________________________________________________________________________________ 04. _____________________________________________________________________________________________ 05. _____________________________________________________________________________________________ 06. _____________________________________________________________________________________________ 07. _____________________________________________________________________________________________ 08. _____________________________________________________________________________________________ 09. _____________________________________________________________________________________________ 10. _____________________________________________________________________________________________ 11. _____________________________________________________________________________________________ 12. _____________________________________________________________________________________________ 13. _____________________________________________________________________________________________ 14. _____________________________________________________________________________________________ 15. _____________________________________________________________________________________________ 16. _____________________________________________________________________________________________ 17. _____________________________________________________________________________________________ 18. _____________________________________________________________________________________________ 19. _____________________________________________________________________________________________ 20. _____________________________________________________________________________________________ 21. _____________________________________________________________________________________________ 22. _____________________________________________________________________________________________ 23. _____________________________________________________________________________________________ 24. _____________________________________________________________________________________________ 25. _____________________________________________________________________________________________ 26. _____________________________________________________________________________________________ 27. _____________________________________________________________________________________________ 28. _____________________________________________________________________________________________ 29. _____________________________________________________________________________________________ 30. _____________________________________________________________________________________________ Lista 22 Redação • Extensivo Alfa • Lista 22 14 A era da Pós-verdade e a Indústria Cultural
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