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A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Perspectivas a serem desveladas Alex Robson dos Anjos dos Santos1 RESUMO O presente artigo científico tem como proposta analisar o contexto educacional, social e cultural, pois são aspectos significativos e que levam à compreensão e superação de problemáticas inerentes da Educação de Jovens e Adultos (EJA), e apresenta, ainda, um contexto histórico acerca da Conferência Internacional de Educação de Adultos (CONFINTEA) que constitui políticas para essa modalidade de ensino. O trabalho tem como intuito abordar, de forma concisa, a importância de Paulo Freire e o papel do professor na EJA, além de aspectos que contribuem para o processo de evasão escolar de jovens e adultos. Dessa forma, foram utilizados vários tipos de materiais e os dados foram pesquisados e baseados em publicações como: livros, revistas e artigos. Palavras-chave: Conferência Internacional. Educação de Jovens e Adultos. Paulo Freire. Evasão Escolar. EDUCATION OF YOUTH AND ADULTS Perspectives to be unveiled ABSTRACT This scientific paper is to analyze the educational, social and cultural context, as they are significant aspects which lead to understanding and overcoming the inherent problems of Youth and Adult Education (EJA), and also presents a historical context about International Adult Education Conference (CONFINTEA) constituting policies for this type of education. The work is intended to address concisely the importance of Paulo Freire and the teacher's role in adult education, as well as aspects contributing to the process of dropout youth and adults. Thus, we used various materials and data were searched based and publications as: books, magazines and articles. Keywords: International Conference. Youth and Adult Education. Paulo Freire. Dropouts. 1 INTRODUÇÃO A Educação de Jovens e Adultos (EJA) vem sendo, demasiadamente, discutida em congressos, palestras, entre outros eventos com o intento de compreender como ela contribui para o desenvolvimento dos que não tiveram acesso ao ensino fundamental e 1 Pedagogo e Especialista em Gestão e Docência do Ensino Superior. Contatos: 96 991027827 (WhatsApp). E-mail: alexdosanjos1945@hotmail.com. 2 médio na idade apropriada, bem como às principais dificuldades enfrentadas à permanência desses educandos. O presente estudo científico tem como proposta analisar o contexto educacional, social e cultural, pois são aspectos significativos e que levam à compreensão e superação de problemáticas inerentes da Educação de Jovens e Adultos (EJA). O artigo está sistematizado em duas seções, A Educação de Jovens e Adultos e seus Desdobramentos, e Metodologia. Dessa forma, a primeira seção, A Educação de Jovens e Adultos e seus Desdobramentos, busca, inicialmente, apresentar um breve histórico sobre as discussões que visam avaliar e elaborar políticas educacionais condizentes, em âmbito global, para a educação de adultos, trata-se da Conferência Internacional de Educação de Adultos (CONFINTEA) que é promovida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) com a participação representantes de vários países. Posteriormente, será abordado o método elaborado e utilizado por Paulo Freire e sua equipe para a alfabetização de jovens e adultos. E, por fim, será analisada a evasão escolar e possíveis contribuições dos docentes para a permanência de seus alunos na escola de EJA. A seção Metodologia trata do método utilizado e a sequência de procedimentos com vistas a sustentar a proposta da pesquisa. Para clarificar e corroborar os aspectos apresentados na pesquisa, utilizou-se de renomados autores e fontes como Brandão (1981), Brasil (2002, 2005 e 2006), Freire (1967, 1987, e 1996), Ireland e Spazia (2014) e Severino (2007). 2 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E SEUS DESDOBRAMENTOS O contexto histórico da educação de adultos é muito rico e extenso, visto que teve seu início a partir do período de colonização através da alfabetização dos índios pelos jesuítas com o propósito de convertê-los à fé cristã e consolidar o domínio de Portugal sobre o Brasil. Porém, devido à extensão de tal contexto, o trabalho está delimitado aos acontecimentos mais recentes que perfazem caminhos construtivos significativos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Portanto, tem-se a necessidade de debater e avaliar as políticas educacionais que serão abordadas nas perspectivas da Conferência Internacional de Educação de Adultos (CONFINTEA), dando-se ênfase à quinta (1997) e à sexta edição (2009), as quais foram 3 sediadas, respectivamente, em Hamburgo (Alemanha) e em Belém (Brasil). Pois, conforme Ireland e Spazia (2014, p. 9): [...] é somente a partir de Hamburgo, em 1997, que a CONFINTEA tem um impacto mais visível sobre o movimento social da EJA. No que concerne ao Brasil, foi durante a mobilização para Hamburgo que se criou o primeiro Fórum Estadual de Educação de Jovens no Rio de Janeiro, que depois se propagaram por todos os Estados brasileiros nos anos seguintes, formando um movimento de sustentação para a EJA num período em que as políticas governamentais não lhe davam a devida prioridade. Outro aspecto que será abordado e que não pode ser vilipendiado quanto a sua importância à alfabetização nessa modalidade de ensino é o método contextualizado de Paulo Freire. Em seguida, tratar-se-á sobre a evasão escolar na EJA considerando aspectos sociais, políticos e culturais relevantes como o papel do professor como incentivador e propulsor do processo de ensino e aprendizagem. 2.1 A CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO DE ADULTOS (CONFINTEA) A educação de adultos só passou a ter notoriedade e foi melhor compreendida, após a Segunda Guerra Mundial com a fundação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1947, e, dois anos depois, com a criação da Conferência Internacional de Educação de Adultos (CONFINTEA). A cada doze anos, desde 1949, a CONFINTEA é realizada com o propósito discutir as políticas educacionais existentes nos países participantes. Deste modo, ocorreram seis edições, sediadas, respectivamente, na Dinamarca, Canadá, Japão, França, Alemanha e, em 2009, no Brasil. As CONFINTEAS V e VI, são semelhantes em seus formatos organizativos e mobilizadores e ambas são “precedidas por amplos processos de mobilização e documentação que objetivam estabelecer tendências e desafios globais” (IRELAND E SPEZIA, 2014, p. 44). Entende-se, então, que as conferências têm sua importância pautada na política e no contexto histórico na qual a EJA está inserida. Em julho de 1997, ocorreu em Hamburgo, na Alemanha, a V CONFINTEA promovida pela UNESCO que reuniu representantes de 170 países e resultou no comprometimento desses para o direito de acesso à educação de qualidade para todos os cidadãos. Sendo assim, segundo a Declaração de Hamburgo aprovada na V CONFINTEA, ao proporcionar uma educação de qualidade aos jovens e adultos, tem-se, segundo Brasil (2005, p. 17-18), “o objetivo de desenvolver a autonomia e o sentido de responsabilidade 4 das pessoas e comunidades para enfrentar as rápidas transformações socioeconômicas e culturais por que passa o mundo atual”, valorizando o respeito entre homens e mulheres, a formação profissional e o combate às mazelas como a pobreza, a violência e a depredação do meio ambiente. Outro documento resultante da V CONFINTEA, a Agenda para o Futuro, tem em seu conteúdo temas para ponderação sobre a educação de adultos em todo o globo terrestre. Conforme indicam Ireland e Spezia (2014, p. 26), transitaram, entre o evento e a agenda, os seguintes temas: Aprendizagem de adultos e democracia: os desafios do século XXI; Melhorar as condições e a qualidade da aprendizagem de adultos; Asseguraro direito universal à alfabetização e à educação básica; Aprendizagem de adultos, igualdade e equidade de gênero e empoderamento das mulheres; Aprendizagem de adultos e o instável mundo do trabalho; Aprendizagem de adultos em relação com o meio ambiente, a saúde e a população; Aprendizagem de adultos, cultura, meios de comunicação e novas tecnologias da informação; Aprendizagem de adultos para todos: os direitos e as aspirações de diferentes grupos; O aspecto econômico da aprendizagem de adultos; Aumentar a solidariedade e a cooperação internacional. Em setembro de 2003, seis anos após a V CONFINTEA, a UNESCO reuni em Bangcoc, na Tailândia, representantes de quarenta organizações não-governamentais e delegações oficiais de cinquenta países para um balanço intermediário o qual buscou avaliar o desenvolvimento e identificar novas tendências para a educação de adultos. O resultado não foi o esperado, pois, na maioria dos países, houve redução dos recursos que financiam a educação de adultos em detrimento à educação de crianças e adolescentes (BRASIL, 2005). Na ocasião, o Brasil não mandou delegação oficial, mas enviou documento com o balanço e, a convite da UNESCO, “um pequeno grupo de especialistas brasileiros provenientes de universidades, institutos, fundações e organizações não-governamentais participou da Reunião de Balanço Intermediário” (BRASIL, 2005, p. 18). Com o crescimento das dimensões intrínsecas das CONFINTEAS e seu processo cada vez mais aprimorado de mobilização e no cumprimento de compromissos e metas por parte das delegações, a VI CONFINTEA que fora realizada, em Belém do Pará, no Brasil e fora, também, a primeira do Hemisfério Sul e num país emergente. Segundo Ireland e Spezia (2014), para os primeiros preparativos da VI Conferência, foram realizados, em 2007, “cinco encontros regionais, a elaboração de relatórios nacionais e regionais, um relatório global”. (IRELAND E SPAZIA, 2014, p. 10). O Governo brasileiro, representado 5 pelo Ministério da Educação e Governo do Estado do Pará, deu apoio financeiro e logístico à Conferência. A escolha para que o Brasil sediasse o evento se deu visto as peculiaridades existentes: A UNESCO reconheceu não somente os investimentos feitos pelo país no campo da EJA nos últimos anos como também os grandes desafios enfrentados por países como o Brasil: a promoção do desenvolvimento humano a partir de paradigmas de sustentabilidade. Assim, destaca-se o valor simbólico da cidade de Belém, na fronteira da Amazônia com toda a sua diversidade cultural, linguística, étnica e ecológica. (IRELAND E SPAZIA, 2014, p. 9). A Conferência e o Marco de Ação de Belém têm como alvos dois focos: “a articulação da ‘educação’ e da ‘aprendizagem’ e a ênfase na questão da implementação de políticas públicas” (IRELAND E SPEZIA, 2014, p. 52). A VI Conferência culminou na aprovação do Marco de Ação de Belém que, assim como os documentos anteriores, salientou a necessidade de monitorar as recomendações aprovadas no evento com indicadores eficientes para essas políticas. Aprofundando os conceitos correlatos à educação de adultos e os associando a um processo significativo e constante durante a vida em todos os âmbitos em que a aprendizagem se faz presente. Segundo Ireland e Spezia (2014, p. 12): A despeito dos avanços nos últimos sessenta anos, os registros evidenciam o quão longe estamos de garantir o princípio do direito à educação básica para todos os jovens e adultos do mundo e mais distante ainda do ideal da possibilidade de aprendizagem ao longo da vida. Porém, sem as CONFINTEAs, provavelmente não estaríamos onde estamos hoje. Sendo assim, tem-se a necessidade que a EJA seja assistida com vistas em analisar através das discussões e a partir da perspectiva de aprendizagem ao longo da vida, partindo de investigações de suas problemáticas, encontrando consecutivas soluções a estas e propiciando ações para se alcançar uma educação de qualidade a todos. Visto esses aspectos, as CONFINTEAS são de extrema importância para o intento desejado. 2.2 PAULO FREIRE E A EJA No Brasil, quando se fala em educação, em especial na de jovens e adultos, a importante contribuição que Paulo Freire trouxe é indiscutível, tanto que seu pensamento 6 pedagógico, ainda, é fonte de referência para o desenvolvimento de diversas pesquisas. Mesmo após sua morte, ainda, “há pesquisadores que reafirmam e aderem às teses freireanas, há os que o criticam, bem como os que traçam paralelos e tecem comparações com outros autores, mas nenhum estudo deixa de referi-lo” (BRASIL, 2002, p. 66). Paulo Freire se preocupou em ser, segundo o relato do professor Ernani Maria Fiori: Um pensador comprometido com a vida: não pensa ideias, pensa a existência. E também educador: existência seu pensamento numa pedagogia em que o esforço totalizador da ‘práxis’ humana busca, na interioridade desta, retotalizar-se como ‘prática da liberdade’. Em sociedades cuja dinâmica estrutural conduz à dominação de consciências, ‘a pedagogia dominante é a pedagogia das classes dominantes’. (FREIRE, 1987, p. 5) Essas contribuições são notórias em seu método de alfabetização, pois Paulo Freire e sua equipe não buscaram ensinar a ler e a escrever de forma mecanizada e maçante (tradicional – transferência de conhecimento - partindo daí a sua aversão às cartilhas), àquela concepção bancária do processo de ensino e aprendizagem, mas levar à reflexão da cultura, das mudanças mundanas e as práticas sociais dos homens entre si (BRANDÃO, 1981). O método Paulo Freire foi desenvolvido com sucesso nos anos 1960 em Angico, Rio Grande do Norte, no qual foram alfabetizados trezentos cortadores de cana- de-açúcar em quarenta e cinco dias e, a partir disso, foi difundido pelo restante do país. O método consistia na investigação, tematização e problematização do processo de alfabetização. Este processo se constitui, segundo Freire (1967), nas cinco fases que seguem: 1- levantamento do universo vocabular dos grupos com quem se trabalhará, pois, este levantamento se dá informalmente através de encontros com a comunidade a ser atendida buscando por “vocábulos mais carregados de sentido existencial [...] Suas expressões particulares, vocábulos ligados à experiência dos grupos, de que a profissional é parte” (FREIRE, 1967, p. 111). Esta fase proporciona resultados surpreendentes e enriquecedores para o trabalho do educador pela linguagem robusta do povo e que, na maioria das vezes, nem se suspeita, revelam, ainda, sentimentos como anseios, frustrações, descrenças e esperança; 2- escolha das palavras selecionadas do universo vocabular pesquisado, nesta fase, deve-se levar em consideração alguns critérios como a riqueza fonética, a exploração gradativa das dificuldades fonéticas, da menor para a maior e a aplicação contextual da palavra, ou seja, da realidade social, cultural e política; 3- criação de situações existenciais típicas do grupo com quem se vai trabalhar, situações codificadas que desafiem os educandos a superar e decodificar elementos com a mediação 7 do educador. “São situações locais que abrem perspectivas, porém, para a análise de problemas nacionais e regionais. Nelas vão se colocando os vocábulos geradores, na gradação já referida, de suas dificuldades fonéticas.” (FREIRE, 1967, p. 114); 4- elaboração de fichas-roteiro, estas auxiliaram o trabalho dos coordenadores de debate, porém devem ser flexíveis; 5- elaboração de fichas com a decomposição das famílias fonêmicas correspondentes aos vocábulos geradores. “O homem que se conscientiza é aquele que aprende a pensar do ponto de vista da prática de classe que reflete, aos poucos, o trabalho de desvendamento simbólico da opressão e o trabalho político de luta pela sua superação.” (BRANDÃO, 1981, p. 65). Paulo Freire possibilitou a transformação na formade pensar à alfabetização, partindo do contexto e do trabalho coletivo entre educador e educando para a construção crítica e, assim, efetiva do conhecimento. 2.3 A EVASÃO ESCOLAR NA EJA Alguns aspectos são preponderantes quanto à evasão escolar de jovens e adultos, pois refletem diretamente no interesse do aluno e na prática docente, dentre eles está a falta de contextualização dos conhecimentos prévios dos alunos no processo de ensino e aprendizagem (modelo tradicional) o que implica, consequentemente, em desinteresse e desistência. Conforme preconiza a LDBEN – 9394/96, a EJA é uma modalidade de ensino destinada aos que não puderam, na idade apropriada, acessar ou dar continuidade aos estudos no ensino fundamental e médio. O processo de retorno à sala de aula, após afastamento, ou para os que estão iniciando sua trajetória escolar na fase adulta é peculiar. Pois é protagonizado por pessoas que possuem experiências diversificadas. Para Brasil (2006, p. 4): Nas cidades, as escolas para jovens e adultos recebem alunos e alunas com traços de vida, origens, idades, vivências profissionais, históricos escolares, ritmos de aprendizagem e estruturas de pensamento completamente variados. A cada realidade corresponde um tipo de aluno e não poderia ser de outra forma, são pessoas que vivem no mundo adulto do trabalho, com responsabilidades sociais e familiares, com valores éticos e morais formados a partir da experiência, do ambiente e da realidade cultural em que estão inseridos. Sendo assim, a procura e o acesso de jovens e adultos à escola não são simples, pois envolvem tomadas de decisões atreladas à família, às condições de trabalho, ao 8 distanciamento entre a escola e o domicílio e às despesas com os estudos o que exige, de certa forma, o planejamento para ingressar nesse desafio. Segundo pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas com estudantes entre 15 a 17 anos, revela que 40,3% dos alunos, que estão fora de sala de aula, consideraram o ambiente escolar desestimulante. Por conseguinte, 27,1% dos alunos alegaram que a necessidade de trabalhar e gerar renda instigou à evasão, 10,9% se referiram quanto o acesso à escola (distância entre o polo de EJA e a residência do discente) e, por fim, 21,7% desses discentes relacionaram a outros motivos (NÉRI, 2009). Os dados supracitados possibilitam ponderar sobre o acesso ao ensino regular (àqueles que estão na idade apropriada) como para a modalidade de EJA, visto que a desistência duma incide na necessidade de expansão e de atração doutra, respectivamente. Visto que: A educação pública de qualidade é uma das principais vias para construção de uma sociedade mais justa, solidária e democrática. Nesse sentido, constitui-se em uma poderosa ferramenta para a mudança social [...] é o elemento fundamental para o desenvolvimento pessoal e para a realização da vocação de ser humano. (BRASIL, 2005, p. 11). Contudo, cabe refletir, não apenas sobre as políticas voltadas a essa modalidade de ensino, mas sobre o papel fundamental que o educador exerce no contexto social, político e cultural, pois suas práticas podem contribuir, através de uma educação transformadora e crítica, para a permanência e prosseguimento aos estudos dos alunos atendidos pela EJA. 2.3.1 Professor - o estimulador à permanência Cabe ao professor, na EJA, o papel fundamental de propulsor do processo de ensino e aprendizagem e, a capacidade de identificar o potencial de seu aluno. Pois seu público-alvo tem um diferencial imponente, a demasiada experiência. Sendo assim, o educador deve respeitar e trazer à tona parte dessa experiência com o propósito de aperfeiçoá-la e torná-la requisito para a construção de conhecimentos de interesse do educando. Isso não significa que o professor deve se ater somente aos conhecimentos prévios que seus alunos trazem consigo como muitos, erroneamente, difundem, mas possibilitar o estreitamento entre o conhecimento de senso comum e o conhecimento científico, o produzido com o rigor da ciência. Para Paulo Freire, não existe necessidade de ruptura, mas de superação quando diz que: 9 A superação e não ruptura se dá na medida em que a curiosidade ingênua, sem deixar de ser curiosidade, se criticiza. Ao criticizar-se, tornando-se então, permito- me repetir, curiosidade epistemológica, metodicamente ‘rigorizando-se’ na sua aproximação ao objeto, conota seus achados de maior exatidão. (FREIRE, 1996, p. 31). Freire (1996) se refere à afetividade como um dos aspectos que comprometem o processo de ensino e acabam por afastar o aluno da sala de aula, pois alguns docentes acreditam que serão tidos como melhores à medida que forem severos, frios e distantes de seus alunos. O autor diz, ainda, que “a afetividade não se acha excluída da cognoscibilidade” (FREIRE, 1996, p.141). O educador não pode deixar de, em função da relação de afetividade com seus, cumprir o seu papel de professor. Dessa forma, o professor deve envolver seus alunos em sua prática pedagógica contribuindo para a formação do senso de observação, estimulando a capacidade de análise objetiva e crítica de fatos e fenômenos atrelados à natureza e das relações socioeconômicas, bem como o desenvolvimento de habilidades de expressão. Exige-se, assim, cada vez mais empenho do professor para agregar a essas práticas os diversos recursos didáticos a fim de melhorar a qualidade do ensino e estimular à aprendizagem na EJA. 3 METODOLOGIA Para efetivação do trabalho, utilizou-se a pesquisa bibliográfica, na qual, buscou- se na literatura existente sobre o contexto histórico das políticas educacionais às possíveis causas da evasão na EJA. Aliados ao objetivo foram utilizados vários tipos de materiais e os dados foram pesquisados baseados em publicações como: livros, revistas e artigos com respaldo científico. Severino (2007, p. 122) corrobora que a pesquisa bibliográfica “é aquela que se realiza a partir do registro disponível [...] Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhados por outros pesquisadores e devidamente registrados”. Os procedimentos ocorreram na seguinte ordem: primeiramente foi selecionado o material sobre o tema conforme os objetivos da pesquisa utilizando as fontes consistentes e condizentes à problemática do trabalho. 10 Em seguida, com o fichamento das obras foi possível analisar e interpretar os dados obtidos nas mesmas. A partir disso, foi desenvolvido este trabalho que retrata um estudo preliminar sobre o tema proposto. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa instiga à observação de aspectos atrelados à evasão escolar permeados, essencialmente, em fatores ligados ao contexto social. Além disso, o processo de ensino e aprendizagem dos educandos fica comprometido, caso não haja, nas políticas educacionais, o real intento de amenizar ou extirpar as problemáticas inerentes à EJA, através de ações que valorizem o respeito entre homens e mulheres, a formação profissional e, que combatam pobreza, a violência e a depredação do meio ambiente. Dessa forma, existe a necessidade de os currículos escolares caminharem para além dos conteúdos programáticos relacionados ao conhecimento científico, mas que a escola possa formar o caráter que nos torna humanos, promovendo a cooperação mútua e a resolução de conflitos, buscando uma política de paz. O educador tem que se atentar para os aspectos sociais aos quais estão envolvidos seus alunos, bem como em sua metodologia para a promoção do ensino, caso contrário, o desenvolvimento tanto dos educandos, quanto o seu serão sujeitos a um processo precário e fadado ao fracasso. Portanto, os dados pertinentes à pesquisa bibliográfica realizada neste trabalho com relação ao tema proposto proporcionaram considerar que a evasão escolar se dar por meio tanto de ações que vão além da sala de aula, na qual o fracassoescolar está atrelado aos reflexos das ações políticas voltadas à EJA. Devido ao caráter preliminar da pesquisa, serão bem-vistas outras análises que discorram acerca da temática mediante a importância da educação para o desenvolvimento humano em todos os momentos de sua existência. 11 REFERÊNCIAS BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Método Paulo Freire. 18. ed. São Paulo, SP: Brasiliense. 1981. BRASIL. Lei nº 9394/96. Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996. BRASIL, Ministério da Educação. Educação de jovens e adultos no Brasil (1986-1998). Brasília: MEC/INEP/COMPED, 2002. BRASIL, Ministério da Educação. Construção coletiva: contribuições à educação de jovens e adultos. 1. ed. Brasília: UNESCO: MEC: RAAAB, 2005. BRASIL, Ministério da Educação. Trabalhando com a educação de jovens e adultos: alunas e alunos da EJA. Brasília: MEC/SECAD, 2006. Caderno 1. FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. São Paulo, SP: Paz e Terra, 1967. ______. Pedagogia do oprimido. 17. ed. São Paulo, SP: Paz e Terra, 1987. ______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 28. ed. São Paulo, SP: Paz e Terra, 1996. IRELAND, Timothy Denis e SPEZIA, Carlos Humberto. Educação de Adultos em retrospectiva: 60 anos de CONFINTEA. Brasília: UNESCO, MEC, 2014. NÉRI, Marcelo (Coord.). Motivos da evasão escolar. Rio de Janeiro: FGV/IBRE, CPS, 2009. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. rev. e atual. São Paulo, SP: Cortez, 2007.
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