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TRIBUTARIO MINIMO EXISTENCIAL E IMPOSTO

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O mínimo existencial e o Imposto sobre a Renda da Pessoa física.
 INTRODUÇÃO
A questão do “mínimo existencial” ou tem sido amplamente debatida pela doutrina, como também nos tribunais. Trata-se de direito constitucional com fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana, segundo o qual são assegurados ao indivíduo direitos sociais, os quais, ao menos em seu conteúdo mínimo, devem ser prestados pelo Estado.
Contudo, o debate em torno desse “conteúdo mínimo de dignidade”, que exige prestações positivas do Estado, tem se restringindo muito mais à questão dos direitos sociais, de modo que a sua aplicação, no plano tributário, tem sido estudada de forma tímida pela doutrina, notadamente no Brasil, tendo, como reflexo, um número pouco significativo de decisões judiciais reconhecendo esta proteção contra o poder de tributar.
Para tanto, cumpre verificar se existe de fato a referida proteção no ordenamento jurídico brasileiro e, neste sentido, se impõe o estudo de alguns princípios constitucionais relacionados com a questão da justiça tributária, como é o caso da dignidade da pessoa humana, da isonomia tributária e da capacidade contributiva, além da vedação de confisco e da função social da propriedade. A
 partir desse estudo do direito constitucional, é que se pretende, identificar a natureza, o fundamento e o conteúdo do “mínimo imune” protegido constitucionalmente, buscando, ainda, determinar sua abrangência, isto é, sua relação com as diversas espécies tributárias, e buscando, também, identificar se há ou não um critério constitucional para sua determinação, de modo a indagar qual deve ser e qual tem sido o papel do Poder Judiciário na defesa desse direito do cidadão. Somente após ter desenvolvido essas premissas, é que se buscará verificar se o modelo de tributação da renda adotado pelo legislador brasileiro atende às determinações da Lei Maior na preservação do mínimo imune, examinado, com este intuito, o conceito de renda bem como as deduções da base de cálculo autorizadas pela legislação na apuração do imposto de renda devido. Saliente-se, entretanto, que, embora o presente trabalho tenha como objeto o imposto sobre a renda, efetuou-se um corte metodológico, restringindo o estudo na tributação da pessoa física, em razão de uma constatação: o legislador brasileiro tem sido, lamentavelmente, mais generoso na tributação das pessoas jurídicas e do capital do que na tributação das pessoas físicas, notadamente do trabalhador. 
Neste sentido, o presente trabalho, também, se ocupará, embora em breves linhas, do exame comparativo da tributação existente sobre a renda das pessoas físicas e das pessoas jurídicas, bem como da comparação da pressão tributária exercida sobre a renda decorrente do capital e do trabalho, de modo a evidenciar que, na tributação das pessoas físicas, a ofensa à proteção constitucional ora examinada revela-se inaceitável.
DESEMVOLVIMENTO
A exigência do mínimo existencial relaciona-se, sem dúvida, à noção de Estado Social de Direito19, como é o caso da República Federativa do Brasil, que tem, dentre seus objetivos fundamentais: a formação de uma sociedade livre, justa e solidária; a erradicação da pobreza e da marginalização; e a redução das desigualdades sociais e regionais, conforme dispõe o art. 3o da Constituição de 1988.
Relaciona-se, também, o mínimo existencial com a idéia de liberdade. Segundo Ricardo Lobo Torres, “sem o mínimo necessário à existência cessa a possibilidade de sobrevivência do homem e desaparecem as condições iniciais de liberdade”. E, mais adiante, salienta que “o fundamento do direito ao mínimo existencial, por conseguinte, está nas condições para o exercício da liberdade”. Portanto, a noção de liberdade, aqui relacionada ao mínimo existencial, diz respeito às condições fáticas para seu exercício. Trata-se da liberdade real, e não simplesmente formal, pois não é livre aquele a quem se assegura a inviolabilidade do domicílio, mas não possui direito a moradia; nem é livre a quem se assegura liberdade de expressão, mas não tem condições de formar a própria opinião; nem tampouco será livre aquele a quem se assegura o direito à vida e à integridade física, mas não tem direito a cuidados médicos. Assim, superada a visão patrimonialista do Estado liberal, constitui papel do Estado Social de Direito promover a expansão das liberdades reais ou substantivas dos indivíduos, até mesmo, como meio de alcançar o desenvolvimento social, o que, no caso brasileiro, constitui um objetivo fundamental da República (art. 3o , II, da CF/88).
Contudo, “dizer que um sujeito deva desfrutar de oportunidades mínimas implica afirmar que há exigências básicas a serem atingidas”, que deverão ser supridas pelo Estado. Portanto, a preocupação do poder público deverá estar na realização de seus objetivos, tendo sempre em vista o bem comum da sociedade como um todo. Assim, para financiar a administração pública, o Estado necessita da arrecadação de dinheiro do contribuinte. Portanto, é na forma de impostos, que “a Receita Federal recolhe parte da produção, consumo e rendimento de pessoas físicas e jurídicas para custear obras de infraestrutura e despesas com saúde, educação, segurança e transporte público”. 
Assim, o Estado Brasileiro na tentativa de eximir-se desse encargo, desenvolve programas no intuito de suprir necessidades básicas, mas que nem sempre alcançam os reais objetivos do bem estar social. O imposto de renda , por exemplo, embora sendo um tributo não vinculado, acaba por representar um importante papel no cumprimento da função do Estado, desde que, realmente utilizado para realização do bem comum. O referido imposto é de competência federal, tal competência se justifica tendo em vista que só assim esse imposto poderá ser utilizado como instrumento fundamental na redistribuição das riquezas, não apenas em razão das pessoas, como também de lugares, buscando com isso manter em equilíbrio o desenvolvimento econômico nas diversas regiões. 
No tocante, cumpre destacar que, “existem os impostos cujo recolhimento é de competência da União e os tributos de responsabilidade dos estados e municípios o que é definido pela Constituição Federal”. Em que pese, o imposto de renda possua um papel muito importante no orçamento da União Federal, pois hoje, pode-se dizer que é considerado a principal fonte de receita tributária, tendo assim uma função nitidamente fiscal, é inegável também a sua importância como instrumento de intervenção do Poder Público no domínio econômico, passando a ter também uma função extrafiscal altamente relevante. É importante destacar que faz-se necessário a desigualdade social e a pobreza sejam enfrentadas de acordo com uma política tributária mais justa, onde poderão ser reduzidos os impostos indiretos e ser “aumentado à carga tributária sobre os impostos diretos, como o de Renda”.
Outro fator importante que acaba desestimulando o contribuinte é “à revolta dos que pagam, porque não podem deixar de fazê-lo”, em relação aos que sonegam em decorrência de que há falta de máquina fiscalizadora eficiente, em benefício dos que “se sentem injustiçados e confiscados em seus recursos para o atendimento das necessidades de uma comunidade, na qual os sonegadores são também beneficiados”.
Enfim, fica evidente a necessidade de se construir uma sociedade com bases em um conceito de justiça tributária, a qual produza uma justiça social, que passe a render a todos melhores benefícios, pois só assim poderá promover a coesão social e gerar vínculos de segurança, tendo em vista que acabará diminuindo a marginalidade e a violência, passando a estimular o dinamismo econômico, pois, amplia também o mercado interno. 
CONCLUSÃO
A partir do confronto da proteção constitucional do mínimo existencial em relação às deduções autorizadas pelo legislador na apuração do imposto de renda, verificou-se que a tributação sobre a renda da pessoa física, longe de assegurar a referida proteção, se caracteriza pela ofensa aos preceitos constitucionais relativos à capacidade contributiva, à vedaçãode confisco e, consequentemente, à função social da propriedade e à dignidade humana. A análise da legislação pertinente à matéria evidencia uma certa desigualdade de tratamento conferida pelo legislador na tributação da renda da pessoa física em relação à renda da pessoa jurídica. De fato, enquanto a pessoa física somente faz jus à dedução de algumas despesas autorizadas pela legislação do imposto de renda e ainda assim com certos limites, a pessoa jurídica tributada pelo lucro real262 está autorizada a deduzir da base de cálculo do imposto de renda, além dos custos263, todas as despesas necessárias à atividade da empresa e à manutenção da fonte produtora, conforme dispõe o art. 299 do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99. 
Assim sendo, esses meios adequados utilizados pelo Estado passam a gerar recursos, recursos esses advindos da arrecadação de tributos, a qual deverá sujeitar-se a uma ordem constitucional, devendo ser justa, ser pautada e regulamentada em normas, para se evitar algum tipo de arbitrariedade, ou seja, abuso do poder, como ocorria nos tempos mais remotos da história dos tributos, por este motivo surgiu o Direito Tributário, o qual regula a relação jurídica entre o Estado e o contribuinte, por meio de regras, direitos e deveres a serem cumpridos por ambos. 
O poder do Estado de tributar também se encontra devidamente baseado e limitado nos princípios constitucionais tributários, nas imunidades impostas pela lei e ainda deverá respeitar os direitos humanos e o mínimo existencial garantido a cada cidadão. Ademais, observa-se, porém, que da mesma forma que o Estado tem o dever de garantir condições básicas para que o cidadão tenha um mínimo de dignidade, ao mesmo tempo ele acaba ferindo esses direitos, tendo em vista de que muitas vezes acaba mudando o foco da situação a ser atingido, passando a se pautar em outros objetivos, como por exemplo, naqueles relacionados a quantidades, ou seja, passa a se preocupar tão somente com o volume da arrecadação, e consequentemente acaba, quase sempre, privilegiando alguns em detrimento de outros.

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