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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS: ASPECTOS CONCEITUAIS

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS: ASPECTOS CONCEITUAIS 
 
Autores 
 
Maurício Corrêa da Silva 
Doutor em Ciências Contábeis (UnB/UFPB/UFRN – 2014/2016). Mestre em Ciências Contábeis 
(UnB/UFPB/UFRN/UFPE – 2004/2005). Professor Adjunto do Departamento de Ciências Contábeis da UFRN. 
E-mail: prof.mauriciocsilva@gmail.com 
 
Romildo de Araújo da Silva 
Mestre em Ciências Contábeis. Analista de Finanças e Controle Externo do Tribunal de Contas do Distrito 
Federal (TCDF). Professor do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). 
E-mail: romildoaraujo1@gmail.com 
 
José Dionísio Gomes da Silva 
Doutor em Controladoria e Contabilidade (FEA-USP). Professor Titular do Departamento de Ciências Contábeis 
da UFRN. 
E-mail: dionisio@ufrnet.br 
 
RESUMO 
Análise e avaliação aparecem como sinônimos nos dicionários e de modo geral, também, são abordados de 
forma semelhante nas divulgações acadêmicas. Esta investigação tem o objetivo central de abordar aspectos 
conceituais sobre análise e avaliação de políticas públicas a partir de uma literatura selecionada. Como objetivos 
específicos: 1) identificar os critérios da avaliação de políticas públicas; 2) conceituar índices e indicadores 
sociais; 3) entender o processo de avaliação de políticas públicas; 4) destacar contribuições acadêmicas sobre 
avaliação de políticas públicas. O estudo foi realizado através das pesquisas bibliográfica e qualitativa, utilizando 
o método da análise de conteúdo. Foi observado que o termo análise de políticas públicas trata do processo de 
elaboração. Seu estudo requer um olhar explicativo detalhado. As avaliações de políticas públicas representam 
uma das fases do processo de elaboração das políticas públicas e ocorrem de forma sintética, ou seja, são 
utilizados indicadores como artifícios (proxies) para operacionalizar os critérios de avaliação. 
Palavras-chave: Análise de Políticas Públicas; Avaliação de Políticas Públicas. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 Análise e avaliação aparecem como sinônimos nos dicionários e de modo geral, também, são abordados 
de forma semelhante nas divulgações acadêmicas (teses, dissertações, artigos etc.): análise e/ou avaliação dos 
gastos públicos com saúde, educação, saneamento etc. Contudo, quando se trata do processo de políticas 
públicas são necessárias cuidados com os conceitos. Para Souza (2006), Melazzo (2010), Dias e Matos (2012) e 
Secchi (2013), o próprio conceito de políticas públicas ainda não apresenta consenso. 
Para Souza (2006), não existe uma única, nem melhor, definição sobre o que seja política pública. Pode-
se resumir política pública como o campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o governo em 
ação” e/ou analisar essa ação e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações (SOUZA, 
2006). 
O conceito de políticas públicas não está isento de controvérsias que revelam visões de mundo 
diferenciadas e, em alguns casos, opostas. A política pública pode ser compreendida como um campo de 
investigação que nasce da ciência política, como seriam as investigações em torno do estudo de governos, 
administração pública, relações internacionais e comportamento político (MELAZZO, 2010). 
Dias e Matos (2012) esclarecem que de forma sucinta as políticas públicas tratam da gestão dos 
problemas e das demandas coletivas através da utilização de metodologias que identificam as prioridades, 
racionalizando a aplicação de investimentos e utilizando o planejamento como forma de se atingir os objetivos e 
metas predefinidos. 
Segundo Secchi (2013), qualquer definição de política pública é arbitrária. O autor afirma que política 
pública é um conceito abstrato que se materializa por meio de instrumentos variados (projetos, leis, campanhas 
publicitárias, esclarecimentos públicos, decisões judiciais, gasto público direto, contratos formais) e que a forma 
mais didática de esclarecer um conceito é utilizar exemplos. Assim, são exemplos de operacionalizações de 
políticas públicas nas diversas áreas de intervenção: saúde; educação; segurança, gestão; meio ambiente; 
saneamento; habitação; previdência social etc. (SECCHI, 2013). 
O processo de elaboração de políticas públicas também não apresenta consenso quanto ao número de 
fases, etapas ou o seu ciclo, consoante as alegações de Viana (1996), Dias e Matos (2012) e Secchi (2013). 
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Boletim Governet de Administração Pública e Gestão Municipal - nº 61 – outubro/2016 – p. 1434-1444 - ISSN 
2237-8006 – volume único. 
Viana (1996) argumenta que são as seguintes fases: 1) construção da agenda (elaboração da agenda; 
especificação de alternativas; escolha de uma alternativa pelo Presidente, Legislativo ou autoridade competente e 
implementação da decisão); 2) formulação de políticas (três subfases: primeira, quando uma massa de dados se 
transforma em informações relevantes; segunda, quando valores, ideais, princípios e ideologias se combinam 
com informações factuais para produzir conhecimento sobre ação orientada; e última, quando o conhecimento 
empírico e normativo é transformado em ações públicas, aqui e agora); 3) implementação de políticas (definição 
do problema quanto aos seus aspectos normativos e causais; decomposição do problema em suas partes 
constitutivas; demonstração de que é possível tratar partes do problema e identificação de soluções alternativas; 
estimativas brutas; e definição das estratégias de implementação); 4) avaliação de políticas (avaliação de impacto 
- mede a efetividade da política; avaliação da estratégia de implementação - qual foi mais produtiva; 
monitoramento - mede a eficiência gerencial e operacional). 
Segundo Dias e Matos (2012) não há um consenso sobre o número de fases ou estágios. Em pesquisa 
realizada com quatorze autores, as fases variam entre quatro etapas básicas, chegando a setes fases ou estágios. 
As fases mais abordadas foram: identificação de um problema; formulação de soluções; tomada de decisões; 
implementação e avaliação. 
Já Secchi (2013) esclarece que o ciclo das políticas públicas apresenta as seguintes fases: 1) 
identificação do problema (discrepância entre o status quo e uma situação ideal possível); 2) formação da agenda 
(conjunto de problemas ou temas entendidos como relevantes); 3) formulação de alternativas (momento em que 
são elaborados os métodos, programas, estratégias ou ações que poderão alcançar os objetivos estabelecidos); 4) 
tomada de decisão (momento em que os interesses dos atores são equacionados e as intenções de enfrentamento 
de um problema público são explicitadas); 5) implementação (momento em que regras, rotinas e processos 
sociais são convertidos de intenções em ações); 6) avaliação (processo de julgamentos deliberados sobre a 
validade de propostas para a ação pública); 7) extinção (quando as políticas públicas morrem, continuam vivas 
ou são substituídas por outras). 
Pode-se observar nas argumentações de Viana (1996), Matos e Dias (2012) e Secchi (2013) que a 
avaliação constitui uma das fases (etapas) das políticas públicas e a análise de política pública, de acordo com 
Serafim e Dias (2012), constitui um conjunto de elementos que possibilita um rico olhar explicativo normativo 
sobre o processo de elaboração de políticas públicas. 
Diante do exposto, surge o seguinte problema de pesquisa: Que aspectos conceituais devem ser 
abordados sobre análise e avaliação de políticas públicas? Assim, esta investigação tem o objetivo central de 
abordar aspectos conceituais sobre análise e avaliação de políticas públicas a partir de uma literatura selecionada. 
Para atender ao objetivo central, têm-se os seguintes objetivos específicos: 1) identificar os critérios da avaliação 
de políticas públicas; 2) conceituar índices e indicadores sociais; 3) entender o processo de avaliação de políticas 
públicas; 4) destacar contribuições acadêmicas sobre avaliação de políticas públicas. 
 A relevância do estudo está na busca de contribuircom os esclarecimentos sobre políticas públicas. Os 
resultados das ações governamentais afetam diretamente a sociedade e os cidadãos (contribuintes) têm o direito 
de exercerem o controle social: participação da sociedade civil nos processos de planejamento, 
acompanhamento, monitoramento e avaliação das ações da gestão pública e na execução dos programas e 
políticas públicas. As pesquisas avaliativas realizadas pela academia podem contribuir no processo de avaliação 
de resultados de ações governamentais. 
Para atingir os objetivos propostos, este artigo está dividido em cinco seções. Após esta introdução, a 
seção dois traz a revisão da literatura. A seção seguinte, os procedimentos metodológicos. A quarta seção mostra 
contribuições acadêmicas sobre avaliações de políticas públicas. A quinta seção trata das discussões e 
considerações finais. 
 
2 REVISÃO DA LITERATURA 
 
2.1 Políticas públicas 
 
O termo “política”, no inglês, “politics”, faz referência às atividades políticas: o uso de procedimentos 
diversos que expressam relações de poder (ou seja, visam a influenciar o comportamento das pessoas) e se 
destinam a alcançar ou produzir uma solução pacífica de conflitos relacionados com as decisões públicas (RUA, 
2009). 
As políticas públicas para Guba e Lincoln (2011), são as ações realizadas, predominantemente e direta 
ou indiretamente pelo Estado para atender a demanda dos diferentes grupos sociais, seja beneficiando alguns ou 
prejudicando outros. Dias e Matos (2012) argumentam que o conceito de política pública pressupõe que há uma 
área ou domínio da vida que não é privada ou somente individual, mas que existe em comum com outros. Essa 
dimensão comum é denominada propriedade pública, não pertence a ninguém em particular e é controlada pelo 
governo para propósitos públicos. 
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Os destinatários das políticas públicas são os indivíduos, grupos e organizações para os quais a política 
pública foi elaborada. Também conhecidos como policytakers, os destinatários geralmente são rotulados como 
uma categoria passiva de atores, ou seja, uma categoria que mais recebe influência do que provoca no processo 
de elaboração de políticas públicas (SECCHI, 2013). 
A formulação de políticas públicas constitui-se no momento em que os governos democráticos 
traduzem seus propósitos e plataformas eleitorais em programas e ações que produzirão resultados ou mudanças 
no mundo real (SOUZA, 2006). 
Segundo Lima (2012), as políticas públicas representam um conjunto de decisões e não uma decisão 
isolada e que existem dois nomes para as mesmas: política pública estatal para as políticas cujo ator protagonista 
seja o Estado e a política privada de interesse público para as políticas, cujo ator protagonista não seja o estado, 
mas tenham o objetivo de enfrentar um problema da sociedade. 
As políticas públicas governamentais representam o conjunto organizado de ações e decisões 
governamentais, voltadas, em grande parte das vezes, para a solução de problemas da sociedade. 
 
2.2 Análise de políticas públicas 
 
O estudo de Rua (2009) indica que a análise de política pode ter por objetivo tanto melhorar o 
entendimento acerca da política e do processo político, como apresentar propostas para o aperfeiçoamento das 
políticas públicas. De acordo com Souza (2009), existem diferenças entre avaliação de políticas públicas e 
análises de políticas públicas. As análises são estudos das causas e consequências das atividades do governo e 
avaliações se referem ao impacto ou o processo. 
Para Labra (1999), a análise da política pública é um campo complexo, dinâmico e mutante, exigindo 
do estudioso um cabedal de conhecimentos teóricos e de dados empíricos suficientes para que possa entender e 
explicar o que fazem os governos, como e por que o fazem. Esse tema, que está no âmago da ciência política e 
da análise das políticas, tem a ver com a capacidade do sistema político para tomar decisões que resolvam os 
inúmeros e contraditórios problemas colocados pela sociedade. 
Grisa (2010) esclarece que a análise de políticas públicas começou a receber o status de área do 
conhecimento e disciplina acadêmica nos Estados Unidos da América (EUA), a partir da segunda metade do 
século XX, sob o rótulo de “policy science”. A autora continua esclarecendo que a análise de políticas públicas 
envolve um complexo conjunto de elementos articulados, o que significa que, embora a ênfase em uma 
dimensão, as outras não devem ser ignoradas. 
No Brasil, segundo Souza (2009), os trabalhos iniciais mais importantes da análise de políticas públicas 
situam-se, no geral, no fim da década de 1970 e começo dos anos de 1980, vinculados principalmente aos grupos 
acadêmicos do eixo Minas Gerais - Rio de Janeiro. Contudo, o referido autor esclarece que as iniciativas 
individuais ou de grupos, as instituições, os temas, as trajetórias e os caminhos da análise de políticas no Brasil 
vão mostrar-se bastante diversificados. 
 
2.3 Avaliação de políticas públicas 
 
A avaliação da política pública é a fase em que o processo de implementação e o desempenho da 
política pública são examinados com o intuito de conhecer melhor o estado da política e o nível de redução do 
problema que gerou. É o momento-chave para a produção de feedback sobre as fases antecedentes. A avaliação 
compreende a definição de critérios, indicadores e padrões (performances standards). O ciclo de política pública 
tem um fim no momento da sua morte ou extinção. Entretanto, algumas políticas públicas continuam vivas ou 
são substituídas por outras. As políticas do tipo redistributivo (por exemplo: décimo terceiro salário) são difíceis 
de serem extintas, como também as políticas do tipo distributivo (SECCHI, 2013). 
A avaliação de políticas públicas foi posta a serviço da chamada reforma do Estado nas décadas de 1980 
e 1990. Contudo, há uma diversidade de maneiras de se pensar a evolução do papel atribuído à pesquisa 
avaliativa desde o início do boom da avaliação de políticas e programas públicos, ocorrido nos Estados Unidos 
na década de 1960 (FARIA, 2005). 
Cohen e Franco (2012) esclarecem que são estreitas as relações existentes entre avaliação e a pesquisa 
social, já que aquela supõe a utilização do conjunto de modelos, instrumentos e técnicas que constituem a 
chamada metodologia da pesquisa em ciências sociais. 
As pesquisas de avaliação de políticas públicas se enquadram em dois tipos básicos: a avaliação de 
processos e a avaliação de impactos. A primeira refere-se à aferição da eficácia: se o programa está sendo (ou 
foi) implementado de acordo com as diretrizes concebidas para a sua execução e o seu produto atingirá (ou 
atingiu) as metas desejadas. A segunda diz respeito aos efeitos do programa sobre a população alvo 
(FIGUEIREDO; FIGUEIREDO, 1986). 
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Não há consenso quanto ao que seja avaliação. Ala-Harja e Helgason (2000) esclarecem que o conceito 
de avaliação admite múltiplas definições e variedades de disciplinas (economia, formulação de políticas e 
procedimentos administrativos, sociologia etc.) e clientes abrangidos no universo das avaliações. 
Para Cotta (2001), a avaliação é, por definição, pesquisa social aplicada: busca um equilíbrio entre o 
rigor metodológico e técnico de uma investigação social e o pragmatismo e flexibilidade necessários a um 
instrumento de apoio ao processo decisório. Avaliar significa formar um juízo de valor com base na comparação 
entre uma situação empírica e uma situação ideal. 
Segundo Thoenig (2000), a avaliação pode ser definida como um meio de aperfeiçoar a capacidade de 
aprender como conduzir mudanças bem-sucedidas e definir resultados alcançáveis noscampos da eficiência e 
eficácia públicas. 
Já Guba e Lincoln (2011) argumentam que não existe nenhuma forma correta de definir avaliação, pois, 
se fosse possível encontrar esse sentido, isso poria fim, de uma vez por todas à discussão acerca de como a 
avaliação deve ser conduzida e sobre quais são seus propósitos. A avaliação, tal como a democracia, é um 
processo que, em sua melhor forma, depende da utilização sábia e bem informada dos interesses pessoais. 
Quanto aos critérios de avaliação, Costa e Castanhar (2003) esclarecem que são medidas para a aferição 
do resultado obtido. Um dos critérios utilizados na avaliação dos resultados da gestão orçamentária, financeira e 
patrimonial das entidades públicas, determinado pela Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) é a 
eficiência (princípio). 
Caiden e Caiden (2001) e Costa e Castanhar (2003) esclarecem que os critérios mais comuns de 
avaliação são: eficiência; eficácia; impacto (ou efetividade); sustentabilidade; análise custo-efetividade; 
satisfação do beneficiário; equidade; insumos (inputs); carga de trabalho (workload); resultados (outputs); custos 
(costs) e qualidade e oportunidade dos serviços (service quality and timeliness). Secchi (2013) relaciona como os 
principais critérios: economicidade; produtividade; eficiência econômica; eficiência administrativa; eficácia e 
equidade. 
Arretche (2009) argumenta que a literatura de avaliação de políticas públicas costuma distingui-las em 
termos de sua efetividade, eficácia e eficiência, distinção esta que é basicamente um recurso analítico destinado a 
separar aspectos distintos dos objetivos e por consequência, da abordagem e dos métodos e técnicas de 
avaliação. 
Na avaliação de políticas públicas, Secchi (2013) esclarece que os indicadores são utilizados para 
operacionalizar os critérios de avaliação e funcionam como artifícios (proxies) que podem ser criados para medir 
input, output e outcome. Os indicadores de input (entradas do sistema) são relacionados a gastos financeiros, 
recursos humanos empregados ou recursos materiais utilizados. Indicadores de output são relacionados à 
produtividade de serviços/produtos, como a quantidade de buracos tapados nas estradas, quantidade de lixo 
coletado etc. 
Indicadores de outcome (resultados) são relacionados aos efeitos da política pública sobre os 
policytakers (cidadãos) e à capacidade de resolução ou mitigação do problema para o qual havia sito elaborado. 
Indicadores de resultados são operacionalizados por meio de médias ou percentuais de satisfação dos 
usuários/cidadãos, qualidade dos serviços, acessibilidade da política pública, número de reclamações recebidas, 
receitas geradas pela prestação de serviços etc. Os indicadores de input medem esforços e os indicadores de 
output e outcome medem realizações (SECCHI, 2013). 
De acordo com Siche et al. (2007), pode-se conceituar índice como sendo um dado mais apurado que 
provém da agregação de um jogo de indicadores ou variáveis e que pode interpretar a realidade de um sistema e 
indicador normalmente é utilizado como um pré-tratamento aos dados originais. Para Santagada (2007), os 
termos são utilizados com o mesmo significado, quando tratam de fornecer elementos para a elaboração e o 
acompanhamento do planejamento social (indicadores sintéticos ou índices sociais). Para a Fundação para o 
Prêmio Nacional da Qualidade (FPNQ), um indicador de desempenho é uma relação matemática que mede, 
numericamente, atributos de um processo ou de seus resultados, com o objetivo de comparar esta medida com 
metas numéricas pré-estabelecidas (FPNQ, 1994). 
O termo indicadores sociais surgiu no início da década de 1960 no contexto da corrida espacial norte-
americana (LAND, 1983). Em termos acadêmicos, Land, Michalos e Sirgy (2012) esclarecem que Ogburn e seus 
colaboradores na Universidade de Chicago tiveram um papel fundamental no desenvolvimento da pesquisa com 
indicadores sociais na década de 1960 e 1970. 
De acordo com Jannuzzi (2002), os indicadores sociais se prestam a subsidiar as atividades de 
planejamento público e formulação de políticas sociais nas diferentes esferas de governo, possibilitam o 
monitoramento, por parte do poder público e da sociedade civil, das condições de vida e bem-estar da população 
e permitem o aprofundamento da investigação acadêmica sobre a mudança social e os determinantes dos 
diferentes fenômenos sociais. Para a pesquisa acadêmica, o indicador social é, pois, o elo entre os modelos 
explicativos da teoria social e a evidência empírica dos fenômenos sociais observados. 
As propriedades de um indicador para seu emprego na pesquisa acadêmica ou na formulação e 
avaliação de políticas públicas, deve: 1) ter um grau de cobertura populacional adequado aos propósitos a que se 
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presta; 2) ser sensível a políticas públicas implementadas; 3) ser específico a efeitos de programas setoriais; 4) 
ser inteligível para os agentes e públicos-alvo das políticas; 5) ser atualizável periodicamente, a custos razoáveis; 
6) ser amplamente desagregável em termos geográficos, sociodemográficos e socioeconômicos; e 7) gozar de 
certa historicidade para possibilitar comparações no tempo (JANNUZZI, 2002). 
Guimarães e Jannuzzi (2005) argumentam que por mais rigorosas e criteriosas que aparentem serem as 
metodologias e práticas estatísticas utilizadas na construção de um tipo de índice composto, como no caso do 
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), suas hipóteses são muito mais arbitrárias. A operação de 
sintetização de indicadores sociais em um único índice é raramente apoiada em alguma teoria ou marco 
metodológico consistente. 
Silva, Silva e Borges (2015) esclarecem os procedimentos necessários para elaborar índices de 
desempenho no setor público com a utilização da Análise de Componentes Principais (ACP), além de 
identificarem os requisitos da pesquisa avaliativa no setor público, bem como demonstram a partir de um 
exemplo prático como elaborar índices de desempenho no setor público. 
Destaque-se, também, o estudo de Brunet, Bertê e Borges (2007), que estabeleceram um índice de 
qualidade do gasto público (IQGP), a fim de avaliar o retorno obtido pela população, a partir do quociente entre 
o índice de bem-estar e o índice de insumo, o primeiro constituído pela ponderação dos indicadores sociais e o 
segundo, pela quantidade de recursos financeiros alocados nas funções dos orçamentos selecionadas. 
 
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
 
O presente estudo foi realizado através das pesquisas bibliográfica e qualitativa, utilizando o método da 
análise de conteúdo. De acordo com Rodrigues (2006), a pesquisa bibliográfica é realizada a partir de fontes 
secundárias: artigos, dissertações e teses etc. A pesquisa descritiva estuda as relações entre as variáveis de um 
determinado fenômeno (RODRIGUES, 2006). 
A análise de conteúdo é um método que pode ser aplicado na investigação qualitativa para verificar a 
presença ou a ausência de uma dada característica de conteúdo ou de um conjunto de características num 
determinado fragmento de mensagem que é levado em consideração (SILVA; GOBBI; SIMÃO, 2005). 
 
4 CONTRIBUIÇÕES ACADÊMICAS SOBRE AVALIAÇÕES DE POLÍTICAS PÚBLCAS 
 
 O Quadro 1 apresenta nove contribuições acadêmicas sobre o tema avaliação de políticas públicas. 
 
Autor Tipo de 
Comunicação 
Programa/área de 
conhecimento 
Tema 
Nobre (2010) Tese Saúde Pública Prestação de contas de gestão municipal de 
saúde. 
Melo (2010) Tese Ciência Política Corrupção e políticas públicas 
Diniz (2012) Tese Ciências Contábeis Transferências intergovernamentais para a 
educação fundamental. 
Borges (2007) Dissertação Administração Construção de índice de desenvolvimento local 
para o município de São José do Rio Preto 
Silva (2009) Dissertação EconomiaFinanças públicas antes e depois da Lei de 
Responsabilidade Fiscal - LRF. 
Anjos (2010) Dissertação Administração Investimento em saúde e desenvolvimento dos 
estados brasileiros. 
Valdevino et al. 
(2010) 
Artigo Saúde Pública Relação de endemias e serviços de saneamento 
básico. 
Silva, Silva e 
Borges (2015) 
Artigo Contabilidade 
Pública 
Avaliação da execução orçamentária por 
funções de governo em municípios com a 
utilização de índices de desempenho. 
Cardoso e 
Ribeiro (2015) 
Artigo Economia Pública Elaboração de índice relativo de qualidade de 
vida para os municípios de Minas Gerais. 
 
 
A seguir uma síntese das comunicações acadêmicas constantes do Quadro 1. 
 
Nobre (2010) utilizou a técnica da entrevista com os gestores municipais (Estado do Ceará) que tiveram 
suas contas julgadas com irregularidades na aplicação de recursos na área da saúde para verificar as causas das 
desaprovações das contas pelo Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará. Os resultados apontaram: 
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desconhecimento sobre os processos licitatórios; excesso de atividades; sobrecarga de trabalho do gestor de 
saúde; falta de integração entre os setores e ingerência alheia no setor. 
Melo (2010) mensurou a corrupção na área da educação com a utilização da regressão do modelo Tobit. 
As variáveis utilizadas foram: professor com 3º grau; fracasso do ano anterior; moradia precária; saneamento 
básico; taxa de trabalho infantil; taxa de aprovação; taxa de reprovação; taxa de abandono escolar; IDEB; nota de 
matemática; nota de português. Os resultados do modelo indicaram relação estatisticamente significativa com 
maior corrupção relacionados a menor aprovação e maior taxa de alunos abandonando a escola, baixas notas de 
proficiência em matemática e português e notas inferiores no IDEB. 
Diniz (2012) com base nos recursos transferidos pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da 
Educação Básica (FUNDEB) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), utilizou a 
regressão para verificar se afetam positivamente ou não a eficiência dos gastos públicos no ensino fundamental. 
Como resultados da tese foi verificado que as transferências afetam negativamente a eficiência dos gastos 
públicos no ensino fundamental. 
Borges (2007) utilizou a técnica da Análise de Agrupamentos (clusters) para avaliar o desenvolvimento 
local do município de São José do Rio Preto com base nos impactos gerados pelo Programa dos Minidistritos 
Industriais e de Serviços. A autora argumenta que o conceito de desenvolvimento ainda é questionado e neste 
sentido definiu como variáveis do estudo: renda dos chefes de família; rendimento das mulheres; nível de 
escolaridade; densidade habitacional; abastecimento de água; coleta de lixão; esgoto. Os resultados da 
dissertação classificaram os setores em quatro agrupamentos (clusters 1 a 4) e apontaram as suas diferenças: os 
setores onde são localizados os minidistritos são os mais carentes de renda e educação e possuem maior 
aglomeração populacional. 
Silva (2009) utilizou o modelo linear simples para dados em painel para avaliar a situação das finanças 
antes (período de 1997 até 2000) e depois (2001 até 2005) da LRF dos municípios do Estado do Rio Grande do 
Norte com base em variáveis fiscais (receitas e despesas). Os resultados empíricos demonstram que a LRF 
trouxe melhores condições às finanças públicas municipais potiguares, além da garantia de tendências 
estabilizadoras e sustentáveis a longo prazo. 
Anjos (2010) avaliou a relação entre investimento em saúde e desenvolvimento dos Estados Brasileiros 
medido pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) com a utilização da tecnologia de produção denominada 
de FDH (Free Disposal Hull – Fronteira com livre descarte de recursos). Os resultados da dissertação permitiram 
considerações sobre a eficiência em alocação de recursos nos diferentes ativos de saúde e indicaram que os 
Estados do Amapá, Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia 
foram eficientes nas abordagens estudadas. Já os Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás, Amazonas, 
Espírito Santo e Maranhão foram ineficientes. Os Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pará, Tocantins, 
Piauí, Ceará, Alagoas e Roraima apresentaram ineficiência em duas das oito abordagens. Os Estados do Rio 
Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe e Acre foram ineficientes em três das oito abordagens. O Estado da 
Bahia e da Paraíba foram ineficientes em quatro abordagens. As abordagens estudadas foram: indicadores 
demográficos; mortalidade; socioeconômicos; morbidade; fatores de risco; recurso; saneamento e cobertura. 
Valdevino et al. (2010) avaliaram a eficiência dos municípios do Estado de Tocantins no combate a 
determinadas endemias a partir dos serviços de saneamento básico com a utilização da técnica da Análise 
Envoltória de Dados (DEA). As variáveis utilizadas foram: ligações totais (ativas e inativas) de água; volume de 
água produzido; despesa com produtos químicos; investimentos com recursos próprios de prestação de serviços; 
doenças causadas pela ingestão de água contaminada; doenças causadas pelo contato com água contaminada; 
doenças transmitidas por insetos que se desenvolve na água (dengue e malária). Os resultados obtidos apontaram 
para uma realidade caracterizada pela precariedade dos serviços de saneamento básico. Os municípios de Arrais, 
Paranã, Palmeirante, Bernardo Sayão, Maurilândia do Tocantins, Sandolândia, Rio da Conceição, São Bento do 
Tocantins e Piraquê foram considerados eficientes nas condições avaliadas. 
Silva, Silva e Borges (2015) construíram índices de desempenho dos 50 municípios mais populosos no 
ano de 2012 com base de alocação de recursos financeiros (inputs): índice de desempenho de funções 
administrativas (legislativa; judiciária; administração etc.); de funções sociais (assistência social; previdência 
social; saúde; educação; cultura etc.) e de funções de infraestrutura (urbanismo; habitação; saneamento; indústria 
etc.). Foi utilizada a técnica da Análise de Componentes Principais (ACP). Os resultados apontaram que o 
município de Campos dos Goytacazes (RJ) teve o melhor desempenho nas funções administrativas e 
infraestrutura e o município de São Bernardo do Campo (SP) nas funções sociais. 
Cardoso e Ribeiro (2015) construíram o Índice Relativo de Qualidade de Vida (IRQV) de municípios do 
Estado de Minas Gerais com a técnica da Análise Fatorial (AF). Utilizaram as seguintes variáveis: atendimento à 
saúde (esperança de vida ao nascer; percentual de óbitos etc.); renda (renda per capita; empregados do setor 
formal etc.); educação (taxa de atendimento escolar de crianças e adolescentes; percentual da população de 25 
anos ou mais com curso superior etc.); habitação e acesso a bens e serviços; segurança pública; vulnerabilidade 
(razão entre a renda média dos 20% mais ricos e os 40% mais pobres; percentual de extremamente pobres etc.); 
cultura, esporte e lazer. Os resultados indicaram o município de Belo Horizonte como o mais desenvolvido 
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relativamente aos demais, e no extremo oposto o município de São João das Missões. O trabalho ainda sugere a 
divisão do estado mineiro segundo aspectos socioeconômicos em Norte (menos desenvolvido) e Sul (mais 
desenvolvido). 
 
5 DISCUSSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O tema “Políticas Públicas” não apresenta ainda um consenso na literatura sobre o conceito ou 
definição, por este ser ainda um campo recente da ciência política. Uma política pública pode ser elaborada pelo 
Estado ou por instituições privadas, desde que se refiram a “coisa pública” e podem beneficiar quantoprejudicar 
parte da sociedade. As políticas públicas vão além das políticas governamentais, se considerarmos que o governo 
não é a única instituição a promover políticas públicas e, nesse caso, o que define uma política pública é o 
“problema público”. 
Os conhecimentos produzidos na área de políticas públicas vêm sendo largamente utilizado por 
pesquisadores, políticos e administradores que lidam com problemas públicos em diversos setores de intervenção 
e nas mais diferentes áreas: ciência política, sociologia, economia, administração pública, contabilidade pública, 
direito, saúde pública etc. O tema é multidisciplinar. 
O universo das políticas públicas inclui inúmeras variáveis ideológico partidárias, institucionais e 
econômicas: problema; agenda; alternativas; propostas; decisões; interesses; conflitos; dados; estimativas; 
análises de custo-benefício; custo-eficiência e de risco; sustentação do crescimento econômico; restrições 
orçamentárias; agenda de fortalecimento do empreendedorismo; grau de investimento local; atuação de lobbies; 
atração de capital externo e exploração de parcerias; limites discricionários de gastos; limites constitucionais de 
gastos; qualificação de mão de obra e políticas de remuneração e por resultados; políticas de admissão e 
treinamento de pessoal; custos de proteção ambiental etc. 
No caso das políticas públicas governamentais, as soluções dos problemas públicos passam 
obrigatoriamente e legalmente pelos instrumentos de planejamento do setor público: Plano Plurianual (PPA); Lei 
de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA). 
 As variáveis do universo das políticas públicas se referem ao processo de sua elaboração. Para entender 
esse processo é necessário realizar análises e não apenas avaliações. As avaliações constituem apenas uma das 
etapas do ciclo das políticas públicas. 
Infelizmente ou felizmente (inviabilidade) não é possível realizar avaliações do todo (universo). As 
avaliações são realizadas como aproximações (proxies) do universo. A política educacional pública do ensino 
fundamental público é avaliada pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). O indicador é 
calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar e das médias de desempenho nas avaliações (provas), o que 
o torna sintético. A avaliação não deveria incluir as condições das escolas, dos professores, dos funcionários, da 
alimentação, do transporte etc.? A qualidade do ensino pode ser avaliada pelo IDEB? 
O desenvolvimento humano pode ser avaliado com indicadores apenas de três dimensões: longevidade, 
educação e renda? O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) avalia exatamente estas três 
dimensões, ou seja, sintetiza sua avaliação nessas dimensões. 
O IDEB e o IDHM são exemplos de avaliações sintéticas em que o Governo trabalha para reorientar 
suas políticas. As pesquisas avaliativas acadêmicas também contribuem no processo de avaliação das políticas 
públicas, mas somente podem ser realizadas utilizando proxies. Não é possível nas comunicações acadêmicas 
(artigos, dissertações, teses etc.) avaliar as mudanças de governo, os limites de gastos (discricionários e 
constitucionais), mudanças de orientação dos instrumentos de planejamento do setor público de vários anos etc. 
A sugestão de melhorias para a gestão pública no processo avaliativo das pesquisas são realizadas por proxies. 
Óbvio, que as análises de políticas públicas possuem mais elementos para apontarem por melhorias na gestão 
pública, mas como fazer por pesquisa avaliativa? Seriam necessários anos de estudos para analisar as políticas 
públicas, principalmente as elencadas como funções de governo: saúde; saneamento; cultura; assistência social; 
previdência social etc. 
A correlação de gastos públicos com reeleição de prefeitos pode ser realizada nas pesquisas avaliativas. 
Contudo, devem ser verificadas o maior número possível de variáveis que compõem este processo que podem 
ser medidas e as demais que não podem ser medidas ou verificadas de imediato serão consideradas ruídos 
(atípicas), como por exemplo, as escolhas dos cidadãos. 
Quanto aos objetivos específicos da pesquisa, observa-se que foram cumpridos. Os critérios da 
avaliação de políticas públicas mais comuns (primeiro objetivo específico) são: eficiência; eficiência alocativa; 
eficiência econômica; eficiência administrativa; eficácia; impacto (ou efetividade); efetividade social; 
efetividade institucional; sustentabilidade; análise custo-efetividade; satisfação do beneficiário; equidade; 
insumos (inputs); carga de trabalho (workload); resultados (outputs); custos (costs); qualidade e oportunidade 
dos serviços (service quality and timeliness); economicidade e produtividade. 
O segundo objetivo específico trata dos conceitos de índices e indicadores sociais. Os 
indicadores/índices são medidas utilizadas para traduzirem conceitos abstratos e são utilizados para informar 
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determinados aspectos da realidade social, para fins de pesquisa (acadêmcia) ou para avaliação de programas e 
políticas públicas. Os indicadores/índices são utilizados para operacionalizar os critérios de avaliação e 
funcionam como artifícios (proxies) que podem ser criados para medir input, output e outcome. As avaliações 
ocorrem de maneira sintética, ou seja, são estabelecidas as variáveis mais significativas e que apresentem 
condições teóricas e materiais de serem medidas. Sempre haverá variáveis que não podem ser medidas e neste 
caso serão consideradas erros de estimativas. O ato de avaliar é subjetivo. O avaliador precisa deixar de lado o 
juízo de valor e realizar comparações entre uma situação empírica (real, que pode ser medida) e uma situação 
ideal. A mensuração quantitativa auxilia no processo de avaliação para diminuir ou excluir o subjetivismo. 
O processo de avaliação de políticas públicas (terceiro objetivo específico) se refere a uma das etapas do 
processo de sua elaboração. Não há consenso quanto ao número de etapas que constitui o processo de elaboração 
das políticas públicas. Entretanto, o ponto inicial é a existência de um problema público (por exemplo: uma 
catástrofe natural). O universo das políticas públicas possui um número elevado de variáveis e a avaliação é 
apenas uma delas. As análises de políticas públicas tratam do todo (universo de variáveis). 
Para atender ao quarto objetivo específico foram destacadas nove contribuições acadêmicas sobre 
avaliação de políticas públicas. As teses, dissertações e artigos possuem limitações nas quantidades de páginas 
para serem divulgadas e prazos para serem elaborados. Desse modo, o acadêmico deve delimitar seu estudo e 
quando for utilizar métricas matemáticas e estatísticas, deve escolher variáveis que podem ser medidas, mesmo 
que não reflitam a totalidade, ou seja, são possíveis de aproximar da realidade e as demais serão consideradas 
ruídos (atípicos), erros de estimativas. 
As contribuições apontaram o despreparo dos administradores públicos para lidarem com processos 
licitatórios na área da saúde; a transferência de recursos para a educação com resultados negativos, a 
precariedade dos serviços de saneamento básico e a falta de pessoal especializado na administração pública. 
A corrupção afeta o bem-estar dos cidadãos ao diminuir os investimentos públicos na área da educação, 
da saúde, do saneamento etc. Como medir a corrupção? Na área da educação foi possível medir, definindo 
variáveis e achando correlação entre menor aprovação e maior taxa de alunos abandonando a escola, baixas 
notas de proficiência em matemática e português e notas inferiores no IDEB. 
A Lei de Responsabilidade Fiscal trouxe maior responsabilidade na aplicação dos recursos públicos, 
mas existem muitas variáveis que afetam as finanças públicas de um município:situação econômica mundial; 
situação econômica do país; catástrofes naturais; momento político etc. A avaliação possível é determinar 
algumas variáveis. O conceito de desenvolvimento de uma entidade e ainda mais do desenvolvimento humano é 
complexo. Ao conceituar se realiza uma síntese e assim escolhe, ou seja, determina quais variáveis serão 
utilizadas (não todas e sim algumas). 
A elaboração de índices de desempenho com base na alocação de recursos financeiros por funções de 
governo traduz o retorno de recursos para os contribuintes em uma avaliação comparativa entre as entidades 
públicas. As condições que contribuem para o bem físico e espiritual dos indivíduos em sociedade, ou seja, a 
qualidade de vida é um conceito abstrato e depende do interlocutor. Uma condição pode ser considerada boa 
para uma pessoa e para outra não. A mensuração quantitativa com base em variáveis de saúde; renda; habitação, 
acesso a bens e serviços; segurança pública, escola; transporte público; cultura podem ser consideradas em uma 
avaliação por aproximação. 
Convém registar que devem ser utilizadas teorias para respaldar as argumentações nas comunicações 
acadêmicas. No setor público, destacam as teorias: Escolha Pública; Ciclos Político-econômicos; Burocracia; 
Institucional; Contingência; Stakeholders dentre outras. 
Os seguintes temas não foram abordados na presente investigação: tipo e estilos de políticas públicas; 
instituições e atores no processo de políticas públicas; modelos de análises e de avaliação de políticas públicas. 
Recomendam-se outros estudos para contemplar esses temas. 
Finalizando o estudo, pode-se concluir que o objetivo central foi atendido. Foi observado que o termo 
análise de políticas públicas trata do processo de elaboração. Seu estudo requer um olhar explicativo detalhado. 
As avaliações de políticas públicas representam uma das fases do processo de elaboração das políticas públicas e 
ocorrem de forma sintética, ou seja, são utilizados indicadores como artifícios (proxies) para operacionalizar os 
critérios de avaliação. 
 
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