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UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO FENÔMENO DA CAVITAÇÃO EM BOMBAS HIDRÁULICAS Matheus George Abel Lajeado, junho de 2019 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Tipos de rotores .......................................................................5 Figura 2 – Gráfico de pressão durante o colapso de uma bolha de água.7 Figura 3 – Esquemas de colapso de uma bolha .......................................7 Figura 4 – Esquema da patente para controle de cavitação ................... 12 3 SUMÁRIO 1 - REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 4 1.1 Bombas hidráulicas ............................................................................................ 4 1.2 Fenômeno da cavitação ...................................................................................... 5 1.2.1 Processo de formação ..................................................................................... 6 1.2.2 Classificação da cavitação .............................................................................. 8 1.2.3 Quantificação da erosão por cavitação .......................................................... 9 1.2.3.1 Deteccção da erosão ................................................................................... 10 1.3 Prevenção da cavitação .................................................................................... 10 1.3.1 Controle e bomba para evitar a cavitação .................................................... 11 2 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 12 4 1 - REFERENCIAL TEÓRICO 1.1 Bombas hidráulicas Bombas hidráulicas são equipamentos que tem a capacidade de produzir um fluxo em um fluído líquido, sendo responsáveis então pela origem da energia hidráulica. Existem dois grandes grupos de bombas hidráulicas, segundo o ANSI (Insituto Americano de Padronização), são eles as bombas cinéticas (podem ser encontradas como hidrodinâmicas ou turbobobmbas) e bombas volumétricas que podem ser encontradas na bibliografia como bombas de deslocamento positivo (ANSI, 1990). Estas duas classificações existem, justamente porque há diferenças grandes entre elas, principalmente o princípio de funcionamento e a faixa de operação. Uma turbobomba tem como característica principal a presença de um rotor, que por sua vez também pode ser classificado quanto a sua abertura (aberto, semi-aberto ou fechado), que rege a característica de vazão e resistência oferecidas ao escoamento (altura manométrica de recalque). As bombas volumétricas são classificadas em função do movimento do ciclo do trabalho. 5 Figura 1 – Tipos de rotores Adaptado de: Catálogo técnico de Bombas Schneider. A hidrodinâmica de bombas é baseado no princípio de conservação de energia, que diz que em um regime permanente a energia deve ser conservada. “O somatório das energias cinética (velocidade) e potencial (ou pressão) é mantigo ao longo do circuito de movimentação do fluido, somando algumas perdas para energias térmicas e sonoras.” (LINHARES, 2011). A partir deste princípio, pode-se concluir que onde há maior velocidade também há maior energia cinética e por consequência a pressão neste ponto é menor, o contrário também é valido, como por exemplo em um ponto de estrangulamento que possui alta pressão e baixa velocidade. Linhares (2011) expõe em sua pesquisa que a pressão deve ser interpretada como a resistência oferecida ao fluxo. Ainda coloca que a soma de todas as resistências ao longo do fluido, necessárias para atravessar válvulas, acessórios, vencer a resistência originada pelas rugosidades, desníveis e carga para movimentação de atuadores dão origem as pressões de succção e recalce, que são interpretadas como altura manométrica da instalação. 1.2 Fenômeno da cavitação Cavitação pode ser definida como a formação de bolhas de vapor em um líquido quando ele atinge a sua pressão de vapor à temperatura de trabalho. É comum a sua aparição em processos de bombeamento, surtindo efeito principalmente em válvulas e bombas. As bolhas de vapor passam por fases de nucleação e colapso, que podem provocar desprendimento de materiais do rotor, tampas e carcaças, este efeito é 6 conhecido como erosão por cavitação (LINHARES, 2011). É importante salientar que a cavitação por si só não deve ser associada a erosão ou ruído, geralmente fala-se em cavitação já associando-a ao seu efeito, o que pode tornar o entendimento um pouco confuso. Neste sentido é preciso saber que a cavitação nem sempre é erosiva. Coelho (2006), por sua vez, expõe outra face a respeito do fenômeno. Existem casos em que a cavitação pode ser aproveitada, como por exemplo no processo de homogeneização do leite ou para limpeza de superfícies sólidas. Outra aplicação mencionada por Coelho é a formação intencional de cavitação em conjunto com radiação ultravioleta para tratamento de água. 1.2.1 Processo de formação A cavitação é formada quando a pressão de vapor do fluido fica abaixo do ponto de saturação em uma determinada temperatura, ou seja, atinge-se a pressão necessária para que ocorra mudança de fase do meio líquido porém não há temperatura suficiente (LINHARES, 2011). Quando isso ocorre, parte da massa líquida evapora nucleando (formando) bolhas, que crescem e entram em colapso. Ao colidirem contra paredes das superfícies próximas, podem provocar erosão, indesejável em máquinas de fluxo. O colapso das bolhas em superfícies da tubulação ou do rotor de bombas é brusco e portanto é causador de um ruído facilmente detectável. Dito isso, sensores de ruídos instalados em bombas são boas alternativas para análise do comportamento do escoamento (LINHARES, 2011). A Figura abaixo apresenta uma série de medições de pressão de uma bolha de água em colapso próxima a uma superfície sólida de um rotor de aço inox. Os picos de pressão registrados correspondem ao valor mínimo de volume da bolha, quando ocorrem os chamados jatos de pressão devido ao colapso (LINHARES, 2011). 7 Figura 2 – Gráfico de pressão durante o colapso de uma bolha de água. Fonte: Oxford University Press. 1995. A Figura 3 mostra um passo a passo do colapso da bolha e a formação do jato de pressão em três situações possíveis em uma tubulação: bolha presa em superfície, afastada e próxima a superfície. Figura 3 – Esquemas de colapso de uma bolha. Fonte: COELHO, 2006. 8 1.2.2 Classificação da cavitação O fenômeto pode ser classificado em quatro níveis distindos conforme sua intensidade. Linhares em 2011, descreveu os níveis como segue: a) Cavitação incipiente: início da cavitação, instantes em que os efeitos começam a ser perceptíveis, com ruído leve. Este tipo de cavitação em geral não é prejudicial aos sistemas. b) Cavitação crítica: neste período os efeitos podem ser considerados constantes e produzem ruído continuo (parecido com chiado de fritura). Os efeitos neste nível são observados após longos períodos somente, a vibração é razoável e o ruído é aceitável. c) Cavitação com perigo incipiente: neste nível os ruídos são altos e as vibrações já produzem danos físicos mínimos. d) Cavitação plenamente estabelecida: nesta etapa de cavitação, a pressão à jusante de uma bomba, por exemplo, alcança o valor da pressão de vapor líquido. O volume de vibração é ruído é alto e a operação de sistemas sob esta condição exige cuidados especiais. Linhares destaca também que em bombas que operam a baixas vazões, abaixo de 50% da vazão nominal, ocorre a chamada cavitação pulsante, descrita como “potencialmente destrutiva e economicamente ruinosa”. A cavitação pulsante ocorre “a partir de um significativo desalinhamento angular entre a trajetória do líquido que chega na entrada da bomba e as pás do rotor” (LINHARES, 2011). Este desalinhamento ocorre pois com um fluxo baixo há oportunidade do líquido tentar voltar justamente porque a pressão não é tão grande á montante na bomba, isso é suprimido rapidamente, porém torna-se periódico o que ocasiona vibração intensa na tubulação. A cavitação em uma máquina hidráulica está relacionada com as características da mesma, como desenho do rotor e condições operacionais como altura de succção, perda de cargas, pressão atmosférica no local e temperatura do fluído. A avaliação da condição operacional para verificar a ocorrência da cavitação é 9 realizada através do NPSHr (Required Net Positive Suction Head), que pode ser traduzido como carga líquida positiva de succção requerida, ou seja, a energia medida em pressão absoluta disponível na entrada de succção de uma bomba. A cavitação ocorre então quando o NPSH disponível em relação ao NPSH requerido é insuficiente. As curvas de valores de NPSH das bombas são obtidas através de testes de bancadas normatizados e são fornecidas pelos fabricantes (LINHARES, 2011). Também é possível medir a cavitação através do Fator de Cavitação de Thoma (σ), que é um número característico admensional para cavitação. Este fator relaciona NPSHr e a altura manométrica da instalação, então quanto maior o Fator de Thoma, menor será a altura máxima de instalação da bomba em relação ao nível da succção para surgimento de cavitação. O calculo deste fator relaciona então a rotação da bomba, sua vazão, a altura manométrica e um fator tabelado chamado de rotação específica. 1.2.3 Quantificação da erosão por cavitação Linhares (2011), comenta que existem diversos estudos que visam o desenvolvimento de equipamentos e técnicas para a medição de erosão por cavitação, mas ressalta que “nenhum consegue exprimir exatamente o que ocorre num componente mecânico real exposto ao fenômeno”. Isso ocorre pois diversos fatores interagem com a cavitação, como a corrosão formada pelo próprio fluido, solicitações mecânicas variáveis e variação de temperatura do fluido. Dentre os equipamentos utilizados, o dispositivo vibratório ultrassônico é o mais utilizado, pois sua operação é simples e reduz o tempo de ensaio. Para que se realize um teste de cavitação, há uma normativa da ASTM (American Society for Testing and Materials) que estabelece as condições de teste. O dispositivo é um gerador ultrassônico de vibração que submete o corpo de prova à vibração de alta frquência (cerca de 20kHz) imerso em água, esta vibração gera pressão negativa que por sua vez possibilita o surgimento e crescimento de bolhas no líquido que geram então pressão positiva, propiciando o colapso no corpo de prova. 10 Porém, este tipo de equipamento, como mencionado, não é capaz de simular todas as variáveis no escoamento em bombas, por exemplo, uma vez que o corpo de prova permace parado enquanto que nas bombas o rotor está constantemente em movimento. 1.2.3.1 Deteccção da erosão A detecção da cavitação em bombas ou turbinas pode ser realizada principalmente através de ruído, vibração no sistema e pela perda de rendimento hidráulico. O Hydraulic Institute considera que a cavitação é prejudicial ao sistema quando para uma determinada vazão, há queda de 3% na altura manométrica de recalque. Um ponto importante, já mencionado, é que nem toda cavitação gera erosão, esta dependerá da resistência do material e da intensidade do colapso das bolhas. Com isso, mesmo que o fenômeno seja observável, não foi possivel ainda estabelecer uma taxa de perda de material ou de rendimento hidráulico. Uma das ferramentas utilizadas para detecctar a erosão é de ensaios por emissão acustíca, princiapalmente para turbinas hidráulicas. Este teste consiste na medição da diferença de ruído produzido pelo material quando testado e quando novo, desta forma os resultados são qualitativos. 1.3 Prevenção da cavitação Uma bomba será submetida a cavitação se a pressão na succção cair ao nível de pressão de vapor do fluído que passa por ela, por isso, pode-se dizer que as regições de baixa pressão são mais suscetíveis ao fenômeno, como por exemplo o canald o rotor. Diante disto, é possível previnir a cavitação em bombas garantindo sempre a existência de energia suficiente no flange de succção da bomba, para que o fluído consiga atingir as pás do rotor sem que ocorra vaporização e então quando o líquido fluir para o interior do rotor sua pressão será aumentada, conseguindo-se que a bomba opere sem o efeito de cavitação. 11 1.3.1 Controle e bomba para evitar a cavitação Uma patente registrada sob o numero 6,663,349 B1, do ano de 2003 prevê um método para controle de cavitação e bloqueio de bombas hidráulicas. Seu conceito básico é um controlador que provê sinal ao inversor de frequência da bomba relacionado ao setpoint de pressão desejado e a medição de cavitação realizada pelo controlador na planta. Caso o controlador receba um sinal de suspeita de cavitação, ele atua para reduzir ou eliminar a condição de cavitação antes de voltar atuar para manter o setpoint inicial. Figura 4 – Esquema da patente para controle de cavitação Fonte: United States Patent US 6663349B1. Conforme a patente, a detecção da cavitação pelo controlador é feita através dó calculo do NPSH disponível utilizando sensores de pressão, vazão e temperatura na linha. Com a curva do NPSH requerido da bomba, adquire-se o sinal de cavitação gerado na linha e compara-se com o nível limite de cavitação aceito. De posse do “erro” do sistema, o controlador atua para mitigar o efeito de cavitação ou caso ele não exista, atua como um controlador PID para o setpoint de pressão da linha. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERICAN SOCIETY OF MECHANICAL ENGINEERS. PTC 8.2: Centrifugal pumps, performance test codes. New York, 1990. SCHNEIDER MOTOBOMBAS. Considerações gerais sobre bombas hidráulicas. Disponível em: <http://www.schneider.ind.br/>. Acesso em 18 mai. 2019. LINHARES, Alexandre Dias. Observação do fenômeno da cavitação e do desgaste de rotores de latão de bombas centrífugas em instalação experimental. Ouro Preto: Redemat, 2011. COELHO, Welington Ricardo. Análise do fenômeno de cavitação em bomba centrífuga. Ilha Solteira: UNESP, 2006. Disponível em: < repositorio.unesp.br >. Acesso em 18 mai. 2019. DISCENZO, F. et al.; Reliance Electric Technologies, LLC. System and method for controlling pump cavitation and blockage. United States patent 6663349B1 2003 Aug. 16. Disponível em: < https://patentimages.storage.googleapis. com/85/be/a4/e11df6428ca6e5/US6663349.pdf >. Acesso em 18 mai. 2019.
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