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Ética Profissional

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FASAP – FACULDADE SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA
BACHARELADO EM ENFERMAGEM
Dependência e Adaptação
Profª Vanessa Gutterres Silva
Disciplina Ética Profissional
Aluna: Daniele de Souza Pereira Pinto
Matrícula: 21-1-02515
1. A ÉTICA NO PROCESSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL.
1.1. Fundamentos de ética e moral
Ética e a moral são palavras muito usadas no cotidiano, mas, embora sejam correlacionadas entre si no conceito filosófico, são dois conceitos dissemelhantes que possuem origem etimológica e significados distintos. (TEXEIRA, 2003)
A palavra ética é originária da palavra grega ethos, que literalmente significa “morada”, “refúgio”, “habitat”, ou seja, o local onde as pessoas habitam, mas para os filósofos, esse termo se referia ao modo de ser, caráter, índole e natureza. Assim, a ética busca retratar sobre o comportamento humano através do ponto de vista das noções de bem e mal, justo e injusto. Ela relaciona-se a normas, hábitos, princípios e valores que guiam as ações humanas em suas múltiplas relações, sendo uma postura individual que subtende uma liberdade de escolha. (BOFF, 2003)
Já a palavra moral é proveniente da palavra em latim Mores, que significa “costume”, aquilo que se estabeleceu sendo verdadeiro do ponto de vista da ação. Então, a moral é fruto do ponto de vista do padrão cultural vigente e assim incorpora as regras escolhidas como essencial para o convívio dos participantes de uma sociedade, norteando os indivíduos sobre o que é certo ou errado, moral ou imoral e as suas ações. (BOFF, 2003)
Devido a isso, a ética por sua vez estuda a moral, pondera e questiona as regras morais. A reflexão ética pode inclusive contestar as regras morais vigentes, compreendendo-as, por exemplo como ultrapassadas ou simplesmente erradas do ponto de vista pessoal. (TEXEIRA, 2003)
1.2. Virtude do “agir bem”
A ética, nas obras Aristotélicas se refere a respeito do indivíduo, ao mesmo tempo que a política pondera o homem na sua dimensão social. Com a conceituação aristotélica de ética caminhando junto com a moral, podemos dizer que é a arte de viver, ou “agir bem”, agregando valores, ação virtuosa e bom aproveitamento dos prazeres da vida. (Yurk, 2013)
Todo o conhecimento e todo trabalho objetivam a algum bem, e o mais alto de todos os bens sem dúvida é a felicidade, dessa forma, devemos buscar o bem e averiguar o que ele é, se existe uma finalidade para tudo o que fazemos, a finalidade será o bem. O bem deve ser algo atingível pelo homem, através de sua atividade, na prática, e não um “bem em si”, ideal e inatingível. Devemos prosseguir do bem que é desejável por causa de outra coisa ao bem que sempre é desejável em si: Parece que a felicidade, mais que qualquer outro bem, é tida como este bem supremo, pois a escolhemos sempre por si mesma, e nunca por causa de algo (ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Brasília: EdUnb, 1992, p. 23. Adaptado). E a felicidade não como uma forma abstrata, ideal, mas a felicidade como uma forma de viver bem e conduzir-se bem. Não como em alguns casos de vida prática de alguns homens especialmente dos mais vulgares, que parecem “identificar o bem, ou a felicidade, com o prazer. (Yurk, 2013)
1.3. Valores e vontade; identidade do homem, modo de viver humano; noções sobre autonomia e respeito.
Segundo Gomide (2010): 
O comportamento moral, virtudes, valores ou ética precisam ser ensinados ao homem, desde sua infância, para que o ser humano se aprimore a ponto de preservar a própria espécie, a cultura e as gerações futuras. A diminuição da violência social, da destruição do meio ambiente e das culturas de cada povo somente poderá ser evitada pelo ensinamento e uso de valores que se contrapõem aos atos de destruição provocados pelo egoísmo e imediatismo vigentes. (Gomide,2010, p.34)
A ética da ao homem os seus valores morais, assim tangendo ao mesmo a responsabilidade por suas ações. Quanto ás organizações para ser vista eticamente deve responder pelas atitudes sociais, e o desenvolvimento individual de seus colaboradores. (ARAUJO,2011)
Desse modo então fazendo parte da vida do ser humano, todos possuem comportamentos distintos e únicos. Ela é um princípio que cada pessoa traz consigo desde a infância, relevância adquirida na sua relação familiar e no cotidiano de sua existência. Segundo ARDUINI (2007, p.35) o indivíduo, desde cedo, é chamado a estruturar o sentido de sua personalidade, se construindo através de fases, desde a fecundação genética até a ida ao túmulo. 
Para FROMM (1968, p.30) o Homem não é uma folha de papel em branco em que a cultura pode escrever seu texto: É uma entidade com sua carga própria de energia estruturada de determinadas formas, que, ao ajustar-se, reage de maneira especifica e verificável as condições exteriores.
Quando o individuo busca aprendizagem e conhecimentos, procuram ambientes em que todos tenham o mesmo objetivo, como as escolas. Alguns podem encontrar mais dificuldades para alcançar o que almejam. Outros possuem ou encontram mais oportunidades de crescimento. (ARDUINI, 2007)
As oportunidades variam de indivíduo para indivíduo e também a forma que cada pessoa vê as oportunidades e ameaças no ambiente externo. Cada indivíduo de acordo com a sua convivência familiar cria a sua capacidade para melhorar a sua realidade de vida. Alguns criam possibilidades e alimentam esperanças de mudanças e descobrem melhores caminhos para um futuro promissor. Outros transformam as dificuldades em possibilidades e mudam o rumo dos seus destinos. (DURANT, 1965)
Uns analisam tudo o que lhes cercam, copiam o que é bom para o seu crescimento e desprezam o que não lhes servem. Cada indivíduo tem uma forma de ver as oportunidades e de saber aproveitá-las. Desta maturidade ele trará bons resultados ou não, vai depender do seu modo de vida. Segundo FROMM (1968, p.119) O homem só tem um interesse verdadeiro e este é o seu desenvolvimento total de suas potencialidades como ser humano, a cultura é o diferencial dos povos e a ética é relativa a cada cultura.
 Através dos valores, que são princípios morais, o homem adquire o comportamento ético, que rege suas atitudes na sociedade em que vive. O comportamento ético conduz o homem a fazer o que considerar importante em sua vida, adquirindo autonomia e respeito na sua trajetória. (ARAUJO, 2011)
1.4. Enfermagem e o ato decisório
Pensando sobre os fundamentos ou princípios éticos que orientam a ação do enfermeiro, não se pode negligenciar as questões sobre as quais estamos abordando. Pois o exercício da enfermagem engloba, basicamente, a consciência, a liberdade, os valores e as responsabilidades, que se encontram introduzidos no contexto culturalmente construído ou transformado de nossos tempos, como interpretações atribuídas socialmente ao fazer do enfermeiro. (FREITAS et al, 2010)
Um fundamento da ação profissional são os valores que ajudam as pessoas a tomarem decisões, possibilitando a eleição de um caminho, de uma direção determinada, assumindo um posicionamento a partir de suas escolhas. Os valores que atribuímos às coisas e aos objetos se entendem como aquilo que fazemos valer, dando juízo de valor. Além disso há as leis, a concepção de cultura, a heteronomia, autonomia e a liberdade. (FREITAS et al 2010)
Os fundamentos éticos da ação do enfermeiro (como gerente ou educador e ao prestar o cuidado direto ao paciente) devem pautar toda a sua ação, auxiliando-o no discernimento e na escolha. Diante de contingências cotidianas, com base nos valores profissionais e na consciência dos direitos e dos deveres profissionais (deontologia e diceologia), bem como a partir da percepção da realidade que vivencia, o enfermeiro age e decide como e quando fazer algo. Portanto, seu processo decisório não se limita às normas (muitas vezes cristalizadas ou inflexíveis) dos códigos de conduta profissional, sendo ele capaz de refletir de forma responsável e consciente, optando com liberdade sobre qual a melhor possibilidade de ação e partindo de sua bagagem de conhecimentos à mão, produto da experiência de vida acumulada e compartilhada com os semelhantes.(FREITAS et al, 2010)
1.5. Experiências profissionais no campo dos dilemas ou conflitos éticos.
Os conflitos éticos têm maior destaque de acordo com Souza, Rocha, Uchoa (2013) aqueles que tem conexão com a comunicação, especialmente no que se menciona a questão da informação ao paciente. São relatos de problemas adjuntos a omissão de informações ao usuário, a comunicação impropria e o vazamento de informações pessoais dos pacientes. Além disso no estudo de Rodrigues, et al (2014) um dilema ético enfrentado pelos profissionais enfermeiros está relacionado com aos prejuízos na confidencialidade e privacidade os quais podem acontecer por descuido, como: ao usar ao telefone; no registro de informações dos pacientes e por conversas acerca de questões privadas dos pacientes em ambientes públicos. 
A preservação da privacidade é entendida como um problema ético pelos enfermeiros, pois esses têm acesso a elementos da intimidade dos pacientes e familiares. O respeito a autonomia do paciente é componente essencial da relação enfermeiro-usuário e, assim, uma das dimensões mais lembradas quando se fala em problemas éticos (ZOBOLI, SOARES, 2012). 
Além disso no estudo de Junges, et al (2012) citam-se como problemas éticos enfrentados pelos profissionais enfermeiros a reflexão acerca da recusa dos pacientes sobre a orientação ou até mesmo a recusa aos cuidados prestados ao paciente.
2. Considerações sobre ética e deontologia em enfermagem
Os princípios éticos que cercam a enfermagem englobam, sobretudo, consciência, responsabilidades, que estão inseridos em um contexto erguido, como os significados que são ligados de forma social aos deveres do enfermeiro. Quando analisamos a proporção ética dos atos da enfermagem devemos considerar as questões de heteronomia e autonomia. A primeira considera a norma externa, por conformismo ou coerção. Já a autonomia, a influência externa não é negada nas normas jurídicas e nem nas normas postas, porém existe um espaço de ponderação, que reflete sobre as próprias contingências e limitação das normas.
O decreto 94.406, consiste em salientar que somente pessoas habilitadas pelo Conselho Regional de Enfermagem podem exercer atividades referentes aos atos profissionais de Enfermeiro, Técnico de Enfermagem, Auxiliar de Enfermagem e parteiro. As instituições que oferecem serviços de saúde devem incluir uma programação e planejamento para enfermagem. Somente a Enfermagem deve fazer a prescrição de assistência de enfermagem.
São reconhecidos como enfermeiros os que possuem titular do diploma de enfermeiro conferido por uma instituição de ensino que atende os termos da lei, e os titulares do diploma e certificado de Enfermagem Obstétrica, o titular do diploma ou cerificado de Enfermagem ou Enfermagem Obstétrica conferidos por uma escola estrangeira que está de acordo com as normas exigidas.
Ao enfermeiro incumbe: direção do órgão de enfermagem integrante de instituições de saúde, organizar e direcionar os serviços de enfermagem e das atividades técnicas e auxiliares, consulta de enfermagem, planejamento, execução avaliação dos serviços da assistência de enfermagem, prescrição da assistência de enfermagem, prescrição de Enfermagem, cuidados diretos de Enfermagem a pacientes graves com risco de vida.
De acordo com a resolução do COFEN 311/2007, o código de ética dos profissionais de Enfermagem fica aprovado para aplicações nas jurisdições de todos os conselhos e todos os profissionais da área deverão ter ciência e conhecer o teor presente no código, que é aplicado aos profissionais de enfermagem que exercem as atividades elementares. Este ato entrou em vigor no dia 12 de maio de 2007. 
A responsabilidade ética e legal do profissional de enfermagem baseia-se em alguns fundamentos, como de que o enfermeiro atua na prevenção, recuperação, reabilitação da saúde, com autonomia e em acordo com os preceitos éticos legais. O profissional de enfermagem respeita a vida, dignidade e direitos humanos, e deve exercer suas atividades com competência para promover a integralidade do ser humano, de acordo com os princípios de bioética. Também integra a participação da equipe de saúde com ações que visam satisfazer as necessidades de saúde coletiva e em defesa dos princípios das políticas públicas de saúde e ambientais. 
A resolução COFEN 191, adotou novas normas, com isso ficou estabelecido a aplicação de normas contidas para anotação e uso do número de inscrição, autorização e nos conselhos regionais, pelos integrantes das categorias compreendidas pela Enfermagem. O número de inscrição dos profissionais do Quadro I é com a sigla do COREN, que acompanha a sigla da Unidade da Federal (estado) ou está sediado o conselho regional, e logo após o número de inscrição e de indicação da categoria da pessoa, separando elementos por hífen.
É obrigatório o uso do número de inscrição ou da autorização pela equipe de enfermagem em casos de recibos relativos e recebimentos de honorários, vencimentos. Quando requerido petições dirigidas às autoridades, em função ao exercício do profissional e em todo documento relacionado ao exercício profissional. 
Com a resolução do COFEN 301 ficaram estabelecidas regras para honorários do serviço de enfermagem. Quando em horário noturno ou finais de semana e feriados deve haver um acréscimo de 20% sobre os valores previstos na tabela. Somente o COREN poderá baixar seus critérios em ato decisório, na jurisdição dos mesmos valores mínimos diferenciados da tabela. Os valores da tabela de honorário devem ser reajustados anualmente por iniciativa dos CORENs e homologados pelo COFEN. Caso omissos serão resolvidos pelo Conselho Federal de Enfermagem.
Na resolução do COFEN 302 ficam resolvidas questão relacionadas as responsabilidades técnicas da enfermagem, envolvendo CRT (certidão de responsabilidade técnica), que deve ser renovada a cada 12 meses, toda instituição onde há exercício da enfermagem deve apresentar a CRT, com anotação requerida pelo profissional.
Na resolução COFEN 274 ficam claras algumas regras estabelecidas anteriormente pelo uso de internet dos profissionais. A partir disso ficou resolvido que deve haver transparência nas informações, produtos e serviços repassados e oferecidos em sites contendo conteúdos relacionados a enfermagem e saúde. o conteúdo oferecido deve ser de qualidade, sendo exata, atualizada e didática e com honestidade, sem informações falsas ou confusas.
Com a resolução COFEN 252 confere-se a aprovação do “Código de processo ético das autarquias profissionais de enfermagem” e profissionais da enfermagem deverão conhecer a fundo o conteúdo presente no Código, podendo requerê-lo no COREN.
DECISÃO COREN-SP-DIR/003/1996
Essa decisão normatizou a criação da comissão ética de enfermagem nas instituições de saúde, no estado de São Paulo. Essa comissão tem a finalidade de garantir a conduta ética dos profissionais, proteger o exercício da enfermagem nas instituições e notificar o conselho regional as irregularidades e reinvindicações. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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