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17- INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS

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www.facuminas.com.br 
INOVAÇÕES TECNOLOGICAS 
 
 
 
 
MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA N° 3.445 DO DIA 19/11/2003 
 
1 
 
 
Sumário 
PARTE 1 O INOVAR .......................................................................................... 3 
ENTENDENDO A INOVAÇÃO ........................................................................... 3 
OS DIFERENTES MODOS DE VER A INOVAÇÃO .......................................... 5 
O QUE É INOVAR? ............................................................................................ 8 
INOVAÇÃO TECNOLOGICA ........................................................................... 11 
PARTE 2 AVANÇO NO CONHECIMENTO...................................................... 14 
EDUCAÇÃO PARA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO .......................... 14 
FORMAÇÃO PARA INOVAÇÃO TECNOLOGICA ........................................... 16 
PROFISSIONAIS E PESQUISADORES .......................................................... 24 
AVANÇO DO CONHECIMENTO ..................................................................... 28 
INOVAR EM UMA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO ................................. 31 
PARTE 3 O DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E QUALIDADE DE VIDA .. 33 
QUALIDADE DE VIDA NO MEIO URBANO..................................................... 43 
QUALIDADE DE VIDA NO MEIO RURAL ........................................................ 56 
REFERENCIAS ................................................................................................ 61 
 
 
 
 
2 
 
 
 
FACUMINAS 
A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de 
um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para 
cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, 
como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas 
de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos 
culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e 
comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de 
comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de 
forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir 
uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma 
das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela 
inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
PARTE 1 O INOVAR 
ENTENDENDO A INOVAÇÃO 
Inovação é, para a espécie humana, o principal vetor que possibilitou 
sua sobrevivência. Inovar, portanto, faz parte da nossa natureza. 
Desde a criação das primeiras ferramentas, utensílios e armas, a história 
da humanidade pode ser contada e confundida com a história das inovações 
criadas pelo homem. Não estamos falando apenas de novas tecnologias e 
novos produtos. Sempre que nos referimos à descoberta do fogo, à fala, à 
invenção da roda, à invenção dos números, aos rituais de sepultamento, à 
escrita, à matemática, à música, à agricultura, à criação das cidades, à 
invenção da moeda, ao papel, à religião e à psicanálise, entre outros, 
estaremos falando de exemplos do gênio criativo e inovador do ser humano. O 
homem inova constantemente, buscando satisfazer suas necessidades físicas, 
lógicas e emocionais. 
No mundo dos negócios, esse fenômeno também se repete. As 
necessidades das pessoas mudam, mudam os produtos, mudam os processos 
e as tecnologias. Mudam as organizações e seus métodos de trabalho. Como 
as empresas estão expostas à concorrência cada vez maior, inovar é a forma 
mais eficaz de manter-se competitivo. 
Segundo Ernest Gundling, em The 3M Way to Innovation, a inovação 
pode ser vista como “Novas ideias + ações que produzem resultados”. Neste 
sentido, a inovação pode ser entendida como o somatório de uma ideia nova, 
mais a implementação de ações, mais os resultados obtidos. Assim, ela pode 
ser definida como uma fórmula matemática: 
Inovação = ideia + implementação de ações + resultado 
Nessa mesma linha, segundo Kim Barnes, “a inovação é o resultado da 
implantação de uma ideia, nova para você, capaz de gerar valor para o seu 
negócio”. 
O valor gerado pode ser expresso de diversas formas, como: valor 
econômico, valor estratégico, ou outra forma de valor que seja importante para 
 
4 
 
 
a sua empresa. Ele também é fruto do produto de sua 
relevância, de sua abrangência e de sua originalidade (singularidade). 
Só pode gerar valor uma ideia que tenha alguma relevância, pois quanto 
mais relevante for a ideia, maior será a probabilidade de se gerar valor com a 
sua implementação. E por relevância entenda-se o grau de impacto que a ideia 
é capaz de gerar. Quanto mais impacto gerado, mais relevante é a ideia. 
A abrangência, por sua vez, representa a amplitude ou extensão que a 
implementação da ideia pode atingir. Quanto maior for sua abrangência, maior 
será o valor que a ideia pode ter. 
Pela própria definição de inovação descrita anteriormente a ideia não 
precisa ser inédita. O fundamental é que seja nova para você. De forma geral, 
pode-se dizer que quanto maior for o grau de originalidade da ideia, maior a 
probabilidade dela gerar valor. Para exemplificar basta lembrar que as 
empresas mais inovadoras definem estratégias e processos voltados para 
garantir os direitos de propriedade intelectual sobre as inovações geradas por 
ideias inéditas. 
A ORIGINALIDADE/SINGULARIDADE expressa o grau de ineditismo de 
uma ideia. Uma ideia comum, que muitos já tiveram, tem um baixo potencial de 
geração de valor. Já uma ideia inédita, que nunca foi pensada antes, tem mais 
capacidade de gerar valor. Quanto mais original for a ideia, maior é a 
probabilidade de se gerar valor com sua implantação. 
A ABRANGÊNCIA está diretamente ligada ao grau de penetração no 
mercado, que pode ser obtido quando da implantação da ideia. Quanto maior o 
mercado, maior o potencial do valor gerado. 
A RELEVÂNCIA está associada ao grau de impacto que a ideia pode ter 
depois de implantada. Uma ideia capaz de resolver um problema simples, 
geralmente, tem pouca relevância. Porém, uma ideia capaz de resover um 
problema complexo terá maior relevância e, portanto, mais potencial de gerar 
valor. 
 
5 
 
 
Para facilitar o entendimento do assunto, pode-se classificar a inovação 
de diversas formas, em função do atributo que se está analisando ou do critério 
que se usa para analisá-lo, como podemos ver a seguir: 
Quanto à natureza: Produto, Processo e Negócio. 
Quanto à forma: Tecnológica ou Organizacional. 
Quanto à abrangência: Na Empresa, no Mercado ou no Mundo. 
Quanto à intensidade: Incremental, Semirradical e Radical. 
Quanto ao propósito: Ocasional (serendipity) ou Intencional 
(sistemática). 
Quanto ao nível de difusão dentro da empresa: Localizada 
(departamental) ou Sistêmica. 
Quanto ao uso de sistemas, métodos e ferramentas: Empírica ou 
Sistemática/Metodológica 
 
OS DIFERENTES MODOS DE VER A INOVAÇÃO 
Dependendo do autor, da obra ou do objetivo pretendido, existem 
inúmeras formas de se definir o que é inovação: 
“Inovação é adotar novas tecnologias, que aumentam a competitividade 
da companhia.” Hamel & Prahalad: Competindo pelo futuro. 
“Inovação é um processo de aprendizagem organizacional.” Bell & 
Pavitt: The development of technological capabilities 
“Inovar é um processo de alavancar a criatividade, para gerar valor de 
novas maneiras, através de novos produtos, serviços e negócios.” Jonasch& 
Sommerlatte: The Innovation Premium. 
“Inovação é atribuir novas capacidades aos recursos existentes na 
empresa, gerando riqueza.” Drucker: Inovação e Espírito Empreendedor 
 
6 
 
 
“Inovação é o uso, comercialmente bem-sucedido, de 
uma invenção” Bacon & Butler: Planned Innovation. 
“Inovação é um processo estratégico, de reinvenção contínua, do próprio 
negócio e da criação de novos conceitos de negócios.” Hamel: Liderando a 
Revolução. 
“Inovação é a mudança que cria uma nova dimensão de desempenho.” 
Hesselbein et al: Leading for Innovation. 
“Inovação é = novas ideias + ações que produzem resultados.” Ernest 
Gundling: The 3M Way to Innovation. 
 
Manual Frascati 
Como podemos ver, inovação é um processo complexo resultante de 
diversos fatores e pode ser entendidos de várias maneiras, dependendo do 
ângulo pelo qual é vista e analisada. Para efeitos desta Cartilha, vamos 
padronizar o entendimento sobre inovação adotando como fontes o Manual 
Frascati e o Manual de Oslo, da Organização para Cooperação Econômica e 
Desenvolvimento – OCDE. 
A OCDE é um fórum único, no qual os governos de 30 democracias 
trabalham juntos para auxiliar a resolver os desafios econômicos, sociais e 
ambientais da globalização da economia e de questões como a 
sustentabilidade e a inovação. 
Os membros da OECD são: Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, 
República Tcheca, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, 
Islândia, Irlanda, Itália, Japão, Coréia, Luxemburgo, México, Países Baixos, 
Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Portugal, República Eslovaca, Espanha, 
Suécia, Suíça, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos. A Comissão das 
Comunidades Européias participa do trabalho da OCDE. 
A OCDE Publishing dissemina amplamente os resultados dos 
levantamentos estatísticos e pesquisas da Organização sobre questões 
 
7 
 
 
econômicas, sociais e ambientais, bem como sobre convenções, diretrizes e 
padrões acordados por seus membros. 
O que é o Manual Frascati? 
Em Junho de 1963, a OCDE reuniu especialistas nacionais em 
estatísticas sobre Pesquisa e Desenvolvimento, na Villa Falcioneri in Frascati, 
Italy. O resultado foi a primeira versão oficial que se propôs a padronizar a 
terminologia utilizada pelos diversos países membros da OCDE, quando da 
execução de pesquisas nas áreas de P&D. O assim chamado Manual Frascati, 
foi lançado em 1994 e auxiliou o entendimento geral da importância da P&D e 
da inovação como elementos-chaves das economias baseadas em 
conhecimento, transformando-se num poderoso instrumento, capaz de 
possibilitar a comparação e o monitoramento estatístico das ações de inovação 
em diversos países. 
Manual Frascati 
Inovação é a introdução, com êxito, no mercado, de produtos, serviços, 
processos, métodos e sistemas que não existiam anteriormente ou contendo 
alguma característica nova e diferente da até então em vigor. Compreende 
diversas atividades científicas, tecnológicas, organizacionais, fnanceiras, 
comerciais e mercadológicas. A exigência mínima é que o 
produto/processo/método/sistema deva ser novo ou substancialmente 
melhorado para a empresa em relação a seus competidores. 
Manual de Oslo 
Posterior ao Manual Frascati, o Manual de Oslo representa a fonte mais 
atualizada no que diz respeito à padronização das terminologias utilizadas 
pelos pesquisadores da OCDE. 
O que é o Manual de Oslo? 
O Manual de Oslo tem o objetivo de orientar e padronizar conceitos e 
metodologias, bem como estabelecer as bases estatísticas e indicadores de 
pesquisa de P&D de países industrializados. Seu antecessor, o Manual 
 
8 
 
 
Frascati, editado em 1962, originou a série de publicações 
da OCDE, que ficou conhecida como Família Frascati. 
A primeira edição do Manual de Oslo data de 1990. A primeira tradução 
para o português foi produzida e divulgada pela FINEP, em meio eletrônico, em 
2004. 
Manual de Oslo : Inovação é a implementação de um produto (bem ou 
serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo 
método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de 
negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas. 
Segundo o Manual de Oslo as inovações podem ser de 4 tipos: 
. produto; 
. processo; 
. marketing; e 
. organizacional. 
Para melhorar a compreensão, podemos separar a inovação em apenas 
3 categorias básicas: 
. produto; 
. processo; e 
. negócio. 
 
O QUE É INOVAR? 
Ciência é o conjunto organizado dos conhecimentos relativos ao 
universo objetivo, envolvendo seus fenômenos naturais, ambientais e 
comportamentais. 
Tecnologia é o conjunto ordenado de todos os conhecimentos 
científicos, empíricos e intuitivos, necessários à produção e comercialização de 
bens e serviços. 
 
9 
 
 
Descoberta é uma ação que conduz ao surgimento de uma nova teoria, 
uma nova lei, um novo conceito ou um novo processo, que poderá reestruturar 
o pensamento das pessoas em um determinado campo do conhecimento. 
Invenção é a ação que conduz ao desenvolvimento de um novo 
dispositivo, um novo método ou uma nova máquina, que poderá mudar a 
maneira pela qual as coisas são feitas. 
Pesquisa é o conjunto de atividades realizadas de forma intencional e 
sistemática para produzir novos conhecimentos. 
Um modelo para desenvolvimento da criatividade, que 
contempla distintos aspectos, como habilidades de pensamento 
criativo: – fluência, flexibilidade, originalidade; atributos de 
personalidade que favorecem a expressão da capacidade de criar: – 
iniciativa, independência, autoconfiança, persistência, flexibilidade, 
entre outros; e promoção de um clima psicológico que reflita valores 
fortes de apoio à criatividade que se traduz nos seguintes princípios 
que se seguem: 
- Confiança na capacidade e competência de cada pessoa. 
- Apoio à expressão de novas idéias. 
- Provisão de incentivos à produção criativa. 
- Implementação de atividades que ofereçam desafios e oportunidades 
de atuação criativa. 
Esse modelo vem orientando o programa de criatividade junto a 
públicos diversos, com vistas à promoção das habilidades criativas dos 
participantes, ao fortalecimento de traços de personalidade que se 
associam à criatividade e à, identificação de barreiras à expressão da 
capacidade de criar. 
 
10 
 
0 
Criatividade é processo de se tornar sensível a 
problemas, deficiências e lacunas no conhecimento; identificar a dificuldade, 
buscar soluções, formulando hipóteses; testar e reatestar estas hipóteses; e, 
finalmente, comunicar os resultados. 
O ciclo da inovação 
Inovar é a capacidade que o indivíduo empreendedor tem de implantar 
ideias capazes de gerar valor para o negócio. 
Via de regra, no mundo dos negócios, as inovações se constituem em 
fenômenos complexos e passam por um ciclo que envolve seu surgimento, 
crescimento, maturidade e declínio. Cada um desses estágios pressupõe um 
conjunto de etapas que pode envolver atividades como a pesquisa, o 
desenvolvimento, a prototipagem, a produção, a distribuição, a 
comercialização, a entrega, a assistência técnica, o pós-venda, o marketing e a 
gestão da marca. 
Características da INOVAÇÃO: 
1. O risco de insucesso está sempre presente quando se busca inovar. 
2. Pessoas criativas são a matéria- prima básica do processo de 
geração de inovações. Valorize os talentos. 
3. Ambientes adequados geram transbordamentos favoráveis capazes 
de gerar insights criativos e inovações. 
4. A inovação é um processo aberto. 
5. A inovação pode ser obtida de formas distintas, inclusive através do 
uso de métodos estruturados. 
6. Inovação é um fenômeno que acontece em todas as áreas do 
conhecimento, inclusive nos negócios. 
Nos Negócios 
7. A inovação deve estar alinhada à estratégia. 
 
11 
 
1 
8. A maioria das inovações vêm de três fontes básicas:clientes, 
concorrentes e funcionários. 
9.A inovação é um fenômeno que acontece no mercado. 
10. Inovar é criar valor para a empresa. 
Os alvos da inovação 
Segundo Kim Barnes e David Francis, autores do Managing Innovation, 
há quatro potenciais alvos para a inovação. Podemos chamá-los de 4Ps da 
inovação. São eles: 
1. Produtos e Serviços Diz respeito ao QUE NÓS FAZEMOS 
2. Processos refere-se a COMO NÓS FAZEMOS 
3. Posição de Mercado Vincula-se a COMO NÓS SELECIONAMOS E 
NOS COMUNICAMOS COM OS CLIENTES 
4. Paradigma ou Modelo de Negócio Está relacionado com QUAIS 
ELABORAÇÕES USAMOS PARA ENTENDER O MUNDO. 
Dessa forma, a empresa, dependendo de sua estratégia, pode escolher 
onde concentrar os (seus) esforços para inovar. 
 
INOVAÇÃO TECNOLOGICA 
O manual de inovação do Movimento Brasil Competitivo (MBC), define 
inovação tecnológica como “o resultado da aplicação de conhecimentos obtidos 
através da pesquisa científica aplicada a produtos ou processos de produção, 
com novas funcionalidades e efetivos ganhos de qualidade ou produtividade, 
resultando em maior competitividade”. 
Já no livro Inovar ou Inovar, de Glauco Arbix, o autor, apoiando-se no 
texto do Manual de Oslo, refere-se à Inovação tecnológica como “a entrada no 
Mercado de um produto (bem ou serviço), tecnologicamente novo ou 
substancialmente aprimorado pela introdução na empresa de um processo 
produtivo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado. Inovação 
 
12 
 
2 
diz respeito a um produto e/ou processo novo para a 
empresa, não sendo necessariamente novo para o mercado/setor de atuação, 
podendo ter sido desenvolvido pela própria empresa ou por outra instituição. E 
pode resultar de novos desenvolvimentos tecnológicos, de novas combinações 
de tecnologias existentes ou da utilização de outros conhecimentos adquiridos 
pela empresa. 
Pelo Manual de Oslo, “Inovações Tecnológicas de Produto e de 
Processo (TPP) compreendem a implementação de produtos e de processos 
tecnologicamente novos e a realização de melhoramentos tecnológicos 
significativos em produtos e processos. Uma inovação TPP foi implementada 
se ela foi introduzida no mercado (inovação de produto) ou usada em um 
processo de produção (inovação de processo)” (OCDE/Eurostat, 1997, §130). 
Visando evitar equívocos de interpretação foi feita uma mudança no 
Manual de Oslo e removida a palavra “tecnológica” das definições, visto que a 
palavra evoca a possibilidade de que muitas empresas do setor de serviços 
venham a interpretar “tecnológica” como “usuária de plantas e equipamentos 
de alta tecnologia”, e assim não a considerem aplicável a muitas de suas 
inovações de produtos e processos. 
O momento crucial da mudança tecnológica refere-se à entrada da 
invenção no processo produtivo, que possui grande impacto para o 
desenvolvimento econômico. Podemos distinguir invenção de inovação para 
demarcar esse momento: a invenção, em si mesma, não teria dimensão 
econômica, referindo-se à descoberta de princípios que podem permanecer 
restritos ao campo do conhecimento. A inovação, por outro lado, teria aplicação 
prática, possibilitando o emprego de recursos econômicos de uma forma ainda 
não efetivada. Essa distinção tem o mérito de destacar o fato de que nem todo 
avanço no conhecimento tem, necessariamente, implicações na produção, 
circulação e consumo de mercadorias. No entanto, não podemos ver estes dois 
processos como sendo independentes: a descoberta de novos princípios cria a 
possibilidade de sua aplicação a curto ou longo prazo, assim como um novo 
 
13 
 
3 
emprego de recursos econômicos pode conduzir à descoberta de novos 
conhecimentos. 
Em sua acepção mais geral, inovação refere-se à “introdução de 
conhecimento novo ou de novas combinações de conhecimentos existentes”. 
Por sua própria definição, o conceito supõe e impõe uma relação estreita entre 
inovação e conhecimento. Já a inovação tecnológica, refere-se a “novos 
produtos e/ou processos de produção e aperfeiçoamentos ou melhoramentos 
de produtos e/ou processos já existentes”. 
No entanto, um conceito mais abrangente de inovação foi introduzido por 
Chistopher Freemam no âmbito das discussões realizadas pela OCDE, em 
meados de 1970, para responder à necessidade sentida nos países 
desenvolvidos de ações governamentais que integrassem políticas econômicas 
e de ciência e tecnologia, P&D e indústria, sistema de pesquisa e sistema 
produtivo, visando a aumentar a competitividade internacional. Hoje em dia, 
diante da constatação de que a inovação tecnológica stricto sensu não garante 
competitividade e não resolve sérios problemas sociais ligados a processos de 
produção, amplia-se o alcance do conceito para incluir também: a organização 
e gestão do trabalho dentro da empresa; formas de atualização e qualificação 
profissional dos trabalhadores; desenvolvimento de novas formas de relação 
capital/trabalho e/ou de organização do trabalho na empresa; descentralização 
com integração (social, produtiva, administrativa e política); formação de 
recursos humanos qualificados em colaboração com as universidades, etc. Em 
seu sentido ampliado, a inovação objetiva não só a produtividade e a 
competitividade como também o bem-estar social e qualidade de vida da 
população. 
Podemos dizer que, de modo geral, a capacidade de inovar depende da 
capacidade das sociedades e das relações entre seus agentes, movimentos, 
organizações e instituições para: (i) empenhar-se nas escolhas que lhe são 
mais adequadas entre as disponíveis e as acessíveis e; (ii) aplicar os 
resultados de suas opções, como e onde serão mais produtivos social e 
economicamente. 
 
14 
 
4 
 
PARTE 2 AVANÇO NO CONHECIMENTO 
EDUCAÇÃO PARA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO 
A sociedade do conhecimento exige que se estabeleçam programas de 
estímulo individual ao aprendizado contínuo e ao desenvolvimento de uma 
cultura científica e tecnológica. Nesse sentido, a educação para CT&I deve 
dirigir-se aos estudantes da educação básica, nos níveis infantil, fundamental e 
médio, das escolas técnicas, aos professores e aos administradores escolares, 
bem como a todos os cidadãos que necessitam de conhecimentos básicos e 
aplicados de CT&I, de modo a assegurar sua prosperidade, segurança, 
qualidade de vida e participação social. 
O grande desafio está não apenas em tornar a educação relevante, mas 
em fazer atraente o processo educacional para mestres e alunos. No caso dos 
primeiros, a questão da formação profissional, ambiente de trabalho, 
remuneração e perspectivas de carreira são cruciais. Para os segundos, será 
preciso desenvolver métodos educacionais (textos, programas de computador, 
redes entre e outros.) capazes de competir em atratividade, sem perder 
conteúdo, com os meios de comunicação de informação e entretenimento que 
fazem parte do universo das crianças e adolescentes de hoje. Para os adultos, 
terão de ser desenvolvidas metodologias apropriadas para sua realidade 
pessoal e disponibilidade profissional, tais como o ensino a distância, o 
treinamento no próprio local de trabalho ou a qualificação profissional visando 
renda e emprego. Terá papel determinante no processo o estabelecimento de 
atrativos e estímulos ao ingresso de jovens talentos no mercado de trabalho 
em CT&I, ou seja, a formação de pesquisadores tanto para as instituições 
públicas e privadas de pesquisa como para as empresas. 
A educação para a CT&I deve propiciar condições para o indivíduo 
conhecer o mundo físico, biológico, humano e social, bem como desenvolver 
atitudes, hábitos e valores necessários para formar seres humanos solidários e 
criativos, capazes de pensar por si próprios e de interagir com o mundo físico e 
social de maneira responsável. Isto significa compreender a maneira científica 
 
15 
 
5 
de produzir conhecimento e as principaisatividades humanas que têm moldado 
o meio ambiente e a vida humana, tais como agricultura, manufatura, materiais, 
fontes e uso de energia, comunicação, processamento da informação e 
tecnologia da saúde etc., bem como a responsabilidade ético-político-social dos 
que fazem Ciência, Tecnologia e Inovação. 
No Brasil, têm sido feitos esforços nesse sentido que, no entanto, 
precisam ampliar sua magnitude e escopo. Cabe notar a experiência do 
Programa de Educação para a Ciência (SPEC), subprograma do Programa de 
Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT), e o Programa 
Pró-Ciências, da Capes. O SPEC apoiou cerca de 300 projetos, envolvendo 
mais de 45 mil professores de todos os níveis, em 55 cidades de 22 estados. 
Mesmo assim, a qualidade do ensino em geral continua sendo um grande 
desafio, particularmente no que diz respeito à importância que deve ser dada 
pelos currículos de ciências às relações entre Ciência, Tecnologia e sociedade, 
ao estímulo para a produção de pesquisa na área de ciência e matemática e, 
também à articulação das secretarias estaduais e municipais de Educação. 
No CNPq, encontra-se em estruturação um programa de educação para 
a Ciência e Tecnologia. Tal programa deverá dirigir-se à educação para a 
ciência e tecnologia, entendida como o desenvolvimento de conhecimentos, 
atitudes e habilidades mentais que preparem o indivíduo para a carreira 
técnico-científica e para a sua inserção crítica no mundo. Alguns de seus 
objetivos: participar ativamente do processo de alfabetização científica e 
tecnológica de toda população; fortalecer a alfabetização científica e 
tecnológica no sistema escolar, contribuindo assim para a melhoria no sistema 
educacional brasileiro; adequar e qualificar mão-de-obra e perfil dos 
profissionais das carreiras técnico-científicas, com vistas a elevar a 
produtividade interna; aprimorar formação e a capacitação dos profissionais de 
educação; proporcionar o avanço do conhecimento em educação. 
Museus de Ciência 
A educação científica e tecnológica deve ir além dos bancos escolares. 
Centros e museus de ciência permitem estender as oportunidades de 
 
16 
 
6 
educação, difusão e informação sobre Ciência e Tecnologia 
não apenas à população em idade escolar, mas a toda a população, como uma 
opção de lazer. O Brasil ainda tem muito poucos museus de ciência. Alguns 
exemplos: em Belém do Pará, o centenário Museu Paraense Emílio Goeldi e, 
no Rio de Janeiro, o Museu de Astronomia e Ciências Afins, ambos do MCT; 
em São Paulo, a Estação Ciência, criada pelo CNPq e hoje sob a 
responsabilidade da Universidade de São Paulo; em Porto Alegre, o Museu de 
Ciência e da Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica. Como parte da 
estratégia de avanço do conhecimento, é preciso, nos próximos anos, expandir 
substancialmente a rede desses centros de divulgação científica e integrá-la, 
de forma efetiva, ao processo de aprendizagem e alfabetização tecnológica das 
crianças e jovens brasileiros, e ao de educação tecnológica dos adultos. 
 
FORMAÇÃO PARA INOVAÇÃO TECNOLOGICA 
A formação e capacitação de recursos humanos é fator crítico para o 
desenvolvimento. As nações que investiram de forma sistemática no 
fortalecimento e ampliação de capital humano atingiram patamares científicos e 
tecnológicos diferenciados que lhes permitiram tanto ampliar a base econômica 
quanto aprimorar indicadores de qualidade de vida. 
Expansão do Ensino no Brasil 
Os esforços brasileiros neste campo, nos últimos cinquenta anos, têm 
sido notáveis. No período mais recente, ao lado da expansão quantitativa e da 
ampliação da cobertura geográfica, a política educacional vem dando particular 
atenção para a superação de deficiências estruturais do sistema que 
comprometem a qualidade da educação. Temas como orientação acadêmica e 
pedagógica do ensino, capacitação de novos professores e atualização 
contínua do quadro funcional, capacidade de atender à crescente demanda por 
educação de qualidade em todos os níveis, avaliação de resultados, gestão 
operacional e pedagógica já estão sendo enfrentados, mas, ainda assim, por 
quaisquer critérios que se adotem, devem integrar a agenda para os próximos 
dez anos na área de educação. 
 
17 
 
7 
Melhoria da Qualidade do Ensino 
O aprimoramento e expansão quantitativa da rede de ensino 
fundamental no País já está ampliando fortemente a demanda no ensino médio 
e até mesmo no nível superior, que terá grandes desafios ao longo da próxima 
década, como consequência da expansão dos demais níveis. De um lado, é 
necessário assegurar a contínua melhoria do padrão qualitativo do ensino, que, 
apesar do evidente progresso observado nos últimos anos, ainda está 
certamente aquém dos níveis desejados; de outro lado, é preciso capacitar o 
sistema de ensino médio e superior para absorver o aumento da demanda e 
responder às exigências educacionais da sociedade do conhecimento. 
O Ensino Superior de Graduação 
Existe enorme demanda não atendida de ensino superior no Brasil. 
Durante quase quinze anos, o número de inscritos no vestibular cresceu mais 
rapidamente que o número de vagas, e apenas no último quinqüênio o hiato 
entre o número de candidatos e matriculados foi estabilizado. Em 1981, o 
número de candidatos inscritos para os vestibulares foi de cerca de 1,7 milhão, 
correspondendo a 125% do total de matriculados; em 1994, o número de 
candidatos foi de 2.2 milhões, 41% a mais do que o número de matriculados 
(1,7 milhão). Em 1999, o total de inscritos no vestibular alcançou 3.3 milhões, e 
a relação número de candidatos/número de matriculados não se alterou. 
 
O fato é que, depois de quase uma década de estagnação, o número de 
matrículas no ensino superior voltou a crescer de forma acentuada no último 
quinqüênio. Verifica-se que, em 1981, o total de matriculados em instituições 
públicas e privadas de ensino superior era de 1,4 milhão de estudantes. Em 
1994, este número era de 1,7 milhão (dos quais 41,6% em instituições 
públicas), tendo saltado para 2,4 milhões em 1999 (35% do total). Observa-se, 
portanto, um crescimento vigoroso do sistema privado (58,1% entre 1994 e 
1999), embora o sistema público também tenha crescido 20,5% no mesmo 
período. Neste período, destacou-se a elevação da oferta de vagas pelo ensino 
privado (70,3%), bem superior ao crescimento da oferta nas universidades 
 
18 
 
8 
públicas (23,2%), o que levou a participação do primeiro a 
75,6% do total das vagas oferecidas em 1999. 
Expansão do Ensino Privado 
A expansão do sistema privado vem permitindo não apenas a absorção 
de parte do crescimento da demanda, mas também a maior capilaridade da 
rede de escolas superiores, alcançando inclusive cidades de pequeno e médio 
porte do interior do País. Ao mesmo tempo, impõe aos gestores do sistema o 
enorme desafio de assegurar a prestação de serviços de qualidade compatível 
com as exigências da sociedade contemporânea e com a própria realidade 
econômica das famílias brasileiras. Impõe, ainda, o desafio de integrar o 
sistema privado com as atividades de pesquisa e de formação de recursos 
humanos de alto nível, para atender à crescente demanda do próprio mercado 
de trabalho por esse tipo de profissionais. 
Apesar desse aumento, o total de matrículas, quando comparado à 
população brasileira na faixa etária e 18 a 24 anos, ainda representava uma 
proporção baixa, no final da década passada (10% no ano de 1998). 
O estudo “Resultados e Tendências da Educação Superior no Brasil” 
(INEP, 2000) confirma a aceleração do ritmo de matrículas na graduação, tal 
como mencionado acima, a melhoria global dos indicadores de eficiência e 
produtividade do sistema – evidenciada pelo aumento do número de 
concluintes, melhoria da relação entre o número de concluintes e o número de 
ingressantes, aumento do número de alunos por professor e de aluno porfuncionário –, a melhoria da qualificação docente e a expansão e consolidação 
dos programas de pós-graduação nas instituições de ensino superior públicas. 
Avaliação do Ensino Superior 
Está sendo implantado no Brasil um sistema de avaliação geral das 
instituições de ensino superior, nos moldes da que já pratica a Capes há mais 
tempo para os programas de pós-graduação. Os resultados ainda não 
permitem o diagnóstico qualitativo completo de todos os cursos, mas são 
suficientes para sustentar a visão de que o sistema ainda é desequilibrado e de 
 
19 
 
9 
que, ao lado de instituições de nível acadêmico elevado – principalmente as 
públicas –, convive um conjunto que ainda precisa melhorar, de forma 
substancial, para atingir os padrões de qualidade que o MEC vem fixando 
como parte do esforço de melhoria generalizada do ensino no Brasil. 
Neste contexto, somente uma parcela dos cidadãos tem acesso à 
educação sistemática e de qualidade. A dificuldade com o modelo atual não 
está somente na existência de instituições de perfis diferenciados para atender 
à enorme e diversificada demanda. Reflete ainda, tanto problemas estruturais, 
que vêm se acumulando há décadas, como impasses típicos dos períodos de 
transformação acelerada e ruptura de paradigma, entre os quais a incerteza em 
relação à estratégia a ser seguida, à redefinição de funções e prioridades, 
resistência às mudanças, multiplicidade de interesses não necessariamente 
convergentes e assim por diante. Não se pode imaginar que os problemas 
possam ser superados por reformas educacionais, nos moldes da 
implementada pelo governo militar na década de 60. As instituições de ensino 
estão em processo de transformação, e o desafio da próxima década consiste, 
por meio do contínuo dia- logo e debate envolvendo governo, instituições de 
ensino e sociedade em geral, levar adiante um amplo programa de ampliação 
quantitativa e qualitativa do sistema de ensino superior. Para isto será 
necessário, entre outras ações, superar a carência de projetos acadêmicos e 
pedagógicos para desenvolver metodologias e técnicas adequadas para 
resolver as grandes questões relacionadas com o atendimento quantitativo da 
demanda e com a qualidade da educação. 
Plano Nacional de Educação 
O Plano Nacional de Educação representa um passo neste sentido. 
Considerando-se que a população brasileira na faixa etária entre 18 e 24 anos 
é superior a 20 milhões, o alcance da meta estabelecida no Plano Nacional de 
Educação prover, até o final da década, oferta de educação superior para, pelo 
menos, 30% da população na faixa etária de 18 a 24 anos demandará um 
esforço gigantesco de expansão da educação superior. Ou seja, estabelecer as 
 
20 
 
0 
condições para passar de 2 milhões de vagas para entre 4 e 
6 milhões de vagas nos próximos cinco anos. 
Um aspecto que chama a atenção é o crescimento acentuado da 
participação do segmento privado dos estabelecimentos de ensino superior no 
Brasil e a expansão, neste segmento, dos estabelecimentos isolados (escolas 
formadas muitas vezes por um ou dois cursos com única direção, sucedâneas 
de escolas secundárias). No total dos estabelecimentos de ensino superior 
isolados, as faculdades privadas representavam 60%, em 1996. Neste quadro, 
uma exigência crucial para o setor público é a definição de formas de regulação 
que garantam à população uma perspectiva de melhora contínua e substancial 
da qualidade da educação ofertada. Um passo inicial importante e inédito 
nessa direção foi dado com a institucionalização da sistemática atual de 
avaliação do MEC. Esta compreende os “Provões”, ou Exame Nacional de 
Cursos (ENC), cujo objetivo é a avaliação do desempenho dos alunos e a 
avaliação das condições de oferta de cursos de graduação. Esta ocorre 
mediante visitas de verificação realizadas por especialistas, que efetuam a 
avaliação dos cursos com respeito à qualificação do corpo docente, 
organização didático-pedagógica e instalações. A provisão de educação 
privada de qualidade requer, necessariamente, aperfeiçoamento dos 
mecanismos de avaliação, a fim de romper com o círculo vicioso da 
mediocridade que governa o funcionamento de muitas instituições de ensino 
superior: o estudante paga pelo diploma, e não pelo conhecimento e formação, 
e por isso mesmo não exige a prestação de um serviço de boa qualidade. Ao 
contrário, quanto menor a exigência, melhor, pois mais fácil será a obtenção do 
título. 
Com relação ao ensino superior público, o mesmo Plano Nacional de 
Educação coloca um desafio: ampliar a oferta de ensino público e assegurar 
um número de vagas nunca inferior a 40% do total. Isto implica a necessidade 
de quase dobrar a oferta de ensino superior por estabelecimentos públicos. 
Ainda que parte desse crescimento possa vir a ser atendido com a criação de 
novos estabelecimentos – inclusive em parceria da União com os estados, 
como indicado no Plano – , é inevitável que as universidades públicas 
 
21 
 
1 
promovam ampliação substancial de suas vagas, o que já está ocorrendo. O 
desafio, na universidade pública, é o de expandir o ensino e ao mesmo tempo 
melhorar sua qualidade sem comprometer o esforço, a qualidade e os 
resultados da pesquisa, que também devem ser potencializados. 
A diversidade e a heterogeneidade de nosso complexo de educação 
superior devem ser consideradas como premissa fundamental quando se 
avança na construção de políticas dirigidas ao setor. 
A Pós-graduação 
A pós-graduação no Brasil constitui o cerne da pesquisa científica. É 
também a base de formação de pesquisadores para instituições de pesquisa e 
para empresas. Neste sentido, tem função estratégica na construção do futuro. 
Sob todos os aspectos – número de cursos, alunos, bolsas, produção científica 
–, o quadro da pós-graduação no Brasil, nos anos 90, foi de expansão. O 
número de estudantes matriculados na pós-graduação stricto sensu cresceu 
acima de 80%, ao longo da última década. O número de alunos de doutorado 
cresceu ainda mais rapidamente do que o de mestrado. Esta é uma das 
principais realizações da década de noventa, com poucas paralelas no resto do 
mundo. 
A pós-graduação brasileira vem apresentando um nível de qualidade 
crescente e para isto contribuiu, de forma decisiva, o processo de avaliação 
instituído pela Capes, com a colaboração do CNPq e outras agências de 
fomento, e a participação da comunidade científica. Este processo e a 
resultante elevação do patamar de qualidade do ensino de pós-graduação no 
Brasil é exemplar do que se pode alcançar de forma participativa com 
perseverança e visão de futuro. 
Bolsas de Formação 
Um dos instrumentos mais importantes para a obtenção desses 
resultados tem sido a concessão de bolsas de formação. O número total de 
bolsas de mestrado e doutorado no País, concedidas pelo conjunto das 
agências federais (CNPq e Capes), passou de menos de 10 mil bolsas/ano, em 
 
22 
 
2 
1980 para mais de 30 mil/ano em 2000. Tomando-se 
apenas as bolsas de mestrado, vemos que, seu número, que era de 
aproximadamente 8 mil em 1980, cresceu continuamente até 1994, quando 
atingiu seu ponto máximo com quase 22 mil bolsas, e vem se reduzindo desde 
então, tendo atingido o patamar de 17 mil bolsas em 2000. Já o número de 
bolsas de doutorado partiu de cerca de 1.300, em 1980, elevou-se 
continuamente durante todo o período, deu um salto expressivo em 1993, 
chegando a pouco mais de 8.500 bolsas, e manteve-se em uma trajetória de 
crescimento contínuo até 2000, quando atingiu seu ponto de máximo com 14 
mil bolsas. Incluindo-se todas as agências estaduais, o número de bolsas de 
estudos de formação no país, atualmente vigentes, aproxima-se de 60 mil, 
segundo as informações do Prossiga captadas em maio de 2001. A prioridade 
dada às bolsas de doutorado reflete uma decisão da política educacional,para 
atender à demanda futura, com o objetivo de reforçar a oferta de recursos 
humanos de qualificação elevada, cuja formação requer anos. 
Como reflexo da opção de abreviar o tempo de formação dos 
pesquisadores, acompanhando assim a tendência internacional, acentuou-se o 
direcionamento da concessão de bolsas ao doutorado, em especial pelo CNPq, 
que, em 2000, pela primeira vez em sua história, concedeu um número de 
bolsas de doutorado (5.858) superior ao de bolsas de mestrado (5.572). 
Foi também uma opção deliberada de País constituir em suas 
universidades cursos de mestrado e doutorado, distinguindo-se da prática 
adotada por outros países em desenvolvimento de utilizar-se maciçamente do 
recurso de enviar seus estudantes para centros estrangeiros. Evidentemente, 
para áreas do conhecimento consideradas prioritárias ou que não sejam 
contempladas nos cursos de pós-graduação no País, o envio de estudantes 
brasileiros para o exterior é a solução mais adequada. De modo geral, a 
concessão de bolsas de estudo para doutorado-sanduíche e pós-doutorado foi 
priorizada, sobretudo a partir da primeira metade da década de noventa. Além 
de manter os vínculos científicos das instituições, pesquisadores e estudantes 
nacionais com o exterior, essa opção tende a incentivar a disseminação da 
capacidade científica no País, na medida em que os bolsistas tendem a ser 
 
23 
 
3 
mais experientes e a possuir vínculos institucionais mais estabelecidos. Além 
de incentivar o desenvolvimento e a disseminação de capacidade científica e 
de pesquisa no País, essa opção, complementada com a busca de soluções 
mais adequadas para a inserção produtiva desses pesquisadores, contribui 
para evitar a perda de profissionais mais capacitados para o exterior. Tendo em 
vista a rapidíssima evolução da CT&I nos países avançados, não se deveria 
excluir, metodologicamente, a possibilidade de expandir o número de bolsas de 
estudo no exterior em áreas selecionadas do conhecimento. Por outro lado, 
parece necessário que a sociedade abra um debate no contexto das 
perspectivas da crescente demanda por recursos humanos qualificados por 
países avançados, definindo tanto políticas de fixação no País da mão-de-obra 
qualificada, como a intensificação de intercâmbio com o exterior como 
mecanismo de prevenção da fuga de cérebros. 
Finalmente, vale mencionar ressalvas que são feitas quanto à queda da 
relação entre bolsas de mestrado e de doutorado, no Brasil. Esta filosofia 
contrasta com a tendência de países desenvolvidos, como os EUA e o Japão, 
onde a relação entre mestres e doutores formados é bem superior à do Brasil, 
mesmo tomando-se em consideração apenas o MA e o MSc (ou seja, 
desconsiderando-se o MBA). Leve-se em consideração também que a situação 
nesses dois países é radicalmente distinta da existente no Brasil. O argumento 
considera que a crescente sofisticação e complexidade da ciência moderna 
requer a formação de equipes organizadas em estrutura piramidal, incluindo 
pessoal treinado em diversos níveis, um ou dois líderes, poucos doutores e 
diversos mestres e técnicos qualificados com nível equivalente ao secundário. 
A indústria segue a mesma estrutura piramidal, contratando mais 
bacharéis, menos mestres e somente alguns doutores para posições de 
liderança. Portanto, a redução da percentagem de estudantes de mestrado 
com bolsa poderia diminuir a capacidade da universidade de selecionar 
talentos e desfavorecer a formação de recursos humanos qualificados para a 
indústria, que prefere contratar mais mestres do que doutores. O nível de 
escolaridade da população brasileira com um mínimo de dez anos de idade 
registra um crescimento muito lento desde 1981. Em dezessete anos, a 
 
24 
 
4 
escolaridade média do brasileiro aumentou menos de dois 
anos. Em 1999, ela era ainda inferior a seis anos. Não há testemunho mais 
eloquente e doloroso do despreparo do país para os desafios da sociedade do 
conhecimento. Igualmente, não há desafio mais urgente a ser enfrentado para 
o avanço do conhecimento, caso se queira fazer da Ciência, Tecnologia e 
Inovação os motores do desenvolvimento do Brasil no século XXI. 
Será preciso que a sociedade e os poderes públicos deem, à questão 
educacional, atenção constante e prioritária a toda uma geração. Só assim será 
possível acelerar o ritmo de crescimento da escolaridade média do brasileiro e 
começar a aproximá-la daquela dos países bem sucedidos, em seu esforço de 
desenvolvimento social e econômico. Como já se indicou anteriormente, a 
escolaridade média da Coréia do Sul, por exemplo, é mais de duas vezes 
superior à brasileira. Cumpre ainda ressaltar que do indicador quantitativo não 
transparece a questão da qualidade dessa educação, outro fator crucial do 
desafio brasileiro. 
 
PROFISSIONAIS E PESQUISADORES 
A distribuição da educação no Brasil é tão desigual quanto a distribuição 
de riqueza, produzindo um círculo vicioso que alimenta a pobreza: o baixo nível 
de educação implica baixa produtividade, baixo nível de renda e exclusão 
social, que por sua vez limita o acesso à educação de qualidade e as 
possibilidades de ascensão social. Em 1999, no topo da pirâmide educacional, 
cerca de três milhões de brasileiros (menos de 2% da população) possuem 
emprego formal, muitos desses em ocupações científicas, técnicas e artísticas 
e de direção superior. As estatísticas mostram não apenas que as taxas de 
desemprego para os brasileiros com educação superior são bem inferiores à 
média geral, mas também que, entre 1985 e 1999, os ocupados em empregos 
formais, com educação superior, passaram de cerca de 9% para mais de 12% 
do total de empregados. 
Não obstante, a participação de cientistas e engenheiros nesse total é 
bastante limitada: em 1999, o número de cientistas e engenheiros (excluindo-
 
25 
 
5 
se os profissionais de informática) somava cerca de 126 mil pessoas, o que 
representa apenas 0,5% do emprego formal no Brasil (ou 0,7%, se forem 
incluídos os profissionais de informática). Embora na primeira metade da 
década de noventa tenha se reduzido o número de cientistas e engenheiros, a 
partir de 1996 este número passou a apresentar tendência de crescimento, 
superando, no caso dos cientistas, o patamar observado em 1990. Ademais, 
merece destaque a grande expansão do número de profissionais de informática 
que, entre 1991 e 1999 variou quase 50%. Em comparação com indicadores 
equivalentes de países mais industrializados, no Brasil a participação desses 
profissionais no emprego é exígua. Nos países mais industrializados da OCDE, 
em 1998, a participação de cientistas e engenheiros no emprego variava entre 
5% e 12% do emprego total. 
A distância entre o Brasil e os países mais industrializados é 
determinada primordialmente pelo menor número de empregos desses 
profissionais nas empresas. A principal razão para isto é a relativamente 
reduzida atividade de P&D e engenharia realizada nas empresas brasileiras. 
Os professores, os funcionários superiores da administração pública 
(incluindo pesquisadores), os profissionais da saúde e os profissionais de 
informática constituem as categorias que mais cresceram entre 1985 e 1997, 
entre os grupos que estão sendo aqui considerados (Gráfico 2). Os professores 
representam cerca de 40% do total dos profissionais de nível superior em 
ocupações científicas, técnicas e artísticas. Os professores do ensino superior 
somavam cerca de 135.000 indivíduos, em 1998, ou 15% do total de 
professores. Se o significativo aumento no número e participação dos 
professores é um fato animador, o agravamento do já precário quadro de 
utilização de engenheiros e cientistas nas empresas merece atenção 
redobrada e a busca de instrumentos para superá-lo. A promoção do 
desenvolvimento de atividades tecnológicas nas empresas depende de um 
conjuntode políticas diretas e indiretas de incentivos. Vale lembrar que a 
reformulação das políticas de apoio à P&D em vários países (como a França, a 
Holanda, a Bélgica e a Austrália) tem incorporado mecanismos específicos de 
apoio à contratação de cientistas e engenheiros pelo setor privado. 
 
26 
 
6 
No que concerne aos recursos humanos com alto 
nível de qualificação, as informações produzidas pela Pesquisa Nacional por 
Amostra de Domicílios (PNAD) , do IBGE, mostram que o número de pessoas 
com mestrado ou doutorado no Brasil passou de 157 mil em 1992, para 258 mil 
em 1999, das quais 224 mil eram economicamente ativas. Por seu turno, 221 
mil estavam ocupadas em 1999. Logo, havia cerca de 3 mil pessoas com título 
de mestre ou doutor em situação de desemprego naquele ano. Isso corres 
ponde a uma taxa específica de desemprego da ordem de 1,3%, contra 4,2% 
entre as pessoas com nível superior completo e 9,6% para o conjunto da 
população. 
Esse mesmo levantamento permite outras verificações interessantes: em 
1992, das pessoas ocupadas, 51% que freqüentaram regularmente cursos de 
mestrado ou doutorado, independentemente do fato de os terem ou não 
concluído, estavam empregadas no setor público. Destas, 55% estavam 
inseridas em atividades de ensino. Em 1999, observa-se que a proporção 
daquelas empregadas no setor público havia se reduzido para 45% e a parcela 
das que desenvolviam atividades educacionais havia passado para 53%. Deve-
se considerar que este movimento foi motivado tanto pela criação de novas 
oportunidades de ocupação no setor privado como pela aposentadoria e planos 
de demissão voluntária associados às reformas institucionais implementadas 
no setor público ao longo da década de noventa. Assim, o setor privado está se 
tornando o principal empregador dos indivíduos de alta qualificação (segundo a 
PNAD, essa situação passou a se verificar a partir de 1998). Note-se que a 
expansão das oportunidades de emprego nesse setor não se explica apenas 
pelo crescimento das ocupações nos serviços de educação, uma vez que a 
proporção das pessoas de elevada qualificação que atuam nesse segmento 
específico manteve-se, em 1999, no mesmo patamar observado em 1992 
(23%). 
Entre as informações coletadas estão as referentes ao número de 
pessoas com nível superior que atuam em atividades de P&D no interior das 
empresas. Seus primeiros resultados indicam que há no País cerca de 12.200 
 
27 
 
7 
pessoas nessa situação, distribuídas em 1.800 empresas, das quais 65% estão 
localizadas no estado de São Paulo. 
A Base de Pesquisadores Empregada no Brasil 
De acordo com o último levantamento do Diretório dos Grupos de 
Pesquisa no Brasil (2000), do CNPq, 224 instituições forneceram informações 
sobre 11.760 grupos de pesquisa nos quais trabalham 48.781 pesquisadores, 
sendo 27.662 com título de doutor. 
A distribuição geográfica dos 11.760 grupos de pesquisa é fortemente 
concentrada na região sudeste, conforme demonstra a Tabela 5. São 6.733 
grupos localizados nesta região, seguindo-se a região Sul com 2.317 grupos, a 
Nordeste com 1.720, a Centro Oeste com 636 e a região Norte, com apenas 
354. 
O estado de São Paulo abriga 3.645 grupos, seguido do estado do Rio 
de Janeiro, com 1.922. Essas duas unidades da Federação, mais o Rio Grande 
do Sul e Minas Gerais, abrigam dois terços da atividade de pesquisa quando 
medida pelo número de grupos. Universidades, escolas isoladas e institutos de 
pesquisa com atividade de pós-graduação detêm 89,6% do total dos grupos. 
Estes números refletem a consolidação da pós-graduação na 
institucionalização da pesquisa no Brasil, fato que foi reforçado nas duas 
últimas décadas pela continuidade dos programas de bolsas de estudo, mesmo 
nas fases mais difíceis e de maiores cortes do gasto público no setor. Também 
é muito concentrada a atividade de pesquisa no Brasil do ponto de vista 
institucional. Dezesseis instituições, que perfazem 7% do total de instituições 
inventariadas, abrigam metade dos grupos de pesquisa. 
Tomando-se as grandes áreas, a percentagem de doutores varia de 
68,4%, nas ciências exatas e da Terra, a 45,8%, nas ciências humanas. Entre 
as áreas do conhecimento, há 11 com mais de 70% de pesquisadores 
doutores. Dessas, seis pertencem às ciências biológicas (biofísica, bioquímica, 
fisiologia, farmacologia, morfologia e imunologia), quatro às ciências exatas 
(astronomia, matemática, física e química) e a restante cabe à engenharia civil. 
A astronomia e a matemática lideram o ranking de titulação, respectivamente 
 
28 
 
8 
com 85% e 83% de doutores. No que se refere às grandes 
áreas, a distribuição dos grupos é mostrada na Tabela 6. 
 
AVANÇO DO CONHECIMENTO 
A pesquisa acadêmica tem a insubstituível função de acompanhar e 
expandir a fronteira do conhecimento, além de treinar jovens para a atividade 
de prospecção, absorção e difusão do conhecimento. 
Em 2000, a produção científica brasileira, medida pelo número de artigos 
científicos e técnicos publicados e indexados no National Science Indicators, 
chegou a 9.511. Enquanto na década de oitenta o crescimento da produção 
científica foi da ordem de 88%, na década de noventa essa taxa subiu para 
cerca 150% (Gráfico 3). Não apenas cresceu a participação da produção 
brasileira na produção mundial de conhecimento, como vem crescendo mais 
rapidamente do que o conjunto da América Latina e do mundo. Também a 
citações de artigos brasileiros cresceram aceleradamente nas últimas duas 
décadas: passaram de pouco mais de 14 mil entre 1981 e 1985, para quase 85 
mil entre 1996 e 2000. 
O desempenho da produção científica brasileira suscita uma reflexão 
sobre o papel da ciência básica no processo de desenvolvimento da CT&I. Nos 
anos recentes, tem crescido sobre o sistema de CT&I a pressão por resultados, 
os quais tendem a ser confundidos com aplicações práticas e rentáveis dos 
produtos das pesquisas. Argumenta-se com frequência que os países em 
desenvolvimento não têm condições de competir com os desenvolvidos na 
geração de novos conhecimentos, já que estes consomem recursos 
consideráveis, sem garantia de resultados concretos e no curto prazo. 
Refletindo esta situação, os sistemas de financiamento e apoio à CT&I 
tendem a priorizar as chamadas pesquisas de resultados, deixando de tratar a 
questão das relações e interseções cada vez mais crescentes entre a geração 
e apropriação do conhecimento. A questão que se coloca é como incentivar a 
pesquisa em geral e ampliar e otimizar as oportunidades de geração de 
conhecimentos úteis à sociedade. Não se pode esquecer, também, o papel 
 
29 
 
9 
estratégico reservado a um corpo de engenheiros e pesquisadores brasileiros 
de classe mundial, capazes de realizar uma interlocução de igual para igual 
com seus pares dos países avançados, no acompanhamento de progressos 
importantes para o país, na prospecção científica e tecnológica, na negociação 
de tecnologias e na defesa do interesse nacional nos foros internacionais. 
A formulação das Diretrizes Estratégicas para o avanço do 
conhecimento, em especial a determinação de prioridades para a indução de 
pesquisas em áreas básicas, deverá ser objeto de discussões com os vários 
segmentos da comunidade científica e outros agentes que detêm o 
conhecimento especializado necessário para formulá-las. Iniciativas neste 
sentido já estão sendo tomadas pelo MCT e CNPq, por exemplo, no campo da 
biotecnologia, da oceanografia, da nanotecnologia, entre outros. Estudos 
prospectivos periódicos das áreas de pesquisa; avaliações frequentes pelos 
pares, inclusive pela comunidade internacional, dos resultados obtidos em 
programas de indução; abertura para o surgimento de novos domínios do 
conhecimento, em particular, as chamadas áreas “interdisciplinares”; todos 
esses são elementos bem conhecidos do processode definição de Diretrizes 
em países avançados cientificamente e que estão sendo crescentemente 
seguidos no Brasil. A riqueza e complexidade do sistema de pesquisa básica 
no País não recomenda que tais prioridades sejam explicitadas no âmbito de 
um documento geral como este, o que não significa que a importância de sua 
discussão não seja reconhecida. 
Neste contexto, a demanda espontânea dos cientistas e pesquisadores 
não pode ser olvidada, como salvaguarda às limitações do planejamento, 
definição e escolha de prioridades. O atendimento a essa demanda atinge dois 
objetivos: acolhimento de temas e oportunidades relevantes que não tenham 
sido identificados no planejamento induzido; abertura de espaço para o 
desenvolvimento de temas e problemas tecnocientíficos determinados pela 
lógica interna das disciplinas científicas, inclusive com vistas a viabilizar o 
acompanhamento do progresso da ciência e da tecnologia. 
 
30 
 
0 
Algumas das grandes conquistas da ciência e 
tecnologia no País se deram sob a égide do avanço do conhecimento. O 
sucesso de Oswaldo Cruz na erradicação da febre amarela deve-se aos 
resultados dos avanços da pesquisa básica aliados a uma visão social clara e 
focada. Da mesma forma, o êxito da indústria aeronáutica brasileira está 
intimamente ligado ao desenvolvimento de uma sólida base de conhecimento 
de ponta aplicado ao desenvolvimento de novas tecnologias, incorporados na 
formação e na pesquisa das instituições que alicerçaram seu desenvolvimento. 
A falsa dicotomia entre criatividade científica e utilidade torna-se ainda 
mais vazia nos dias de hoje, em que se esvanecem as fronteiras não só entre 
as disciplinas científicas, mas também entre estas e áreas tecnológicas. Novas 
metas de caráter complexo e transdisciplinar, como nanotecnologia e 
biocomplexidade, impõem-se como fomentadoras do avanço do conhecimento 
para novos patamares. 
O avanço do conhecimento e o reforço da capacidade nacional para 
transformar conhecimento em inovação demandarão novo modo de 
relacionamento entre as ciências e as engenharias, bem como nova postura 
das universidades e instituições públicas de pesquisa. Constitui um desafio 
imediato organizar e estimular equipes adequadas a esse tipo de pesquisa, 
objetivos e práticas. Para as universidades, o desafio residirá em mudar sem 
abandonar seus valores de base, mas adotando, ao mesmo tempo, uma 
cultura cooperativa e empreendedora diferenciada. Já as instituições de 
pesquisa devem enfrentar, sem hesitação, o desafio de se abrirem tanto para 
outras instituições congêneres e universidades, como e principalmente para a 
sociedade. 
Finalmente, é preciso reconhecer que a fronteira do conhecimento 
expande-se, frequentemente, graças ao trabalho de jovens pesquisadores e às 
atividades de inovação levadas a cabo pelas empresas. Uma questão 
prioritária e urgente diz respeito à criação de mecanismos de absorção de 
jovens pós-doutores e de financiamento à sua pesquisa. O programa Profix, do 
CNPq, é uma iniciativa importante neste sentido, mas, a médio prazo, o 
 
31 
 
1 
problema não pode ser resolvido exclusivamente por meio de bolsas e de 
auxílios a pesquisas para jovens doutores. Novas instituições de pesquisa 
terão de ser criadas na próxima década, para explorar novas áreas do 
conhecimento e promover a absorção de recursos humanos altamente 
qualificados formados no País e exterior. 
O congelamento nas últimas décadas da criação de Institutos de 
Pesquisa e Laboratórios Nacionais – o último grande laboratório nacional, o 
Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, foi criado em 1985 – não reflete, 
obviamente, a tremenda expansão da pesquisa científica no País e no mundo 
desde então. Este atraso terá de ser recuperado ao longo da próxima década, 
inclusive com as iniciativas em curso, e explorando, entre outros, os 
mecanismos de financiamento disponibilizados pelos fundos setoriais e as 
novas formas de organizações da pesquisa atuais e por desenvolver. Não é 
desprezível o potencial que esta oportunidade representa, por exemplo, para o 
equacionamento da questão do desequilíbrio regional da base de pesquisa 
científica do País. Ao contrário, é uma das mais interessantes opções ao 
alcance do MCT e das regiões para começar a resolver, de forma permanente, 
este desafio e, ao mesmo tempo, impulsionar decisivamente a pesquisa 
científica e tecnológica no País. Esse tema é retomado, em maior 
profundidade, no capítulo Desafios Institucionais, inclusive à luz de iniciativas 
recentes como a do Instituto do Milênio e do Centro de Gestão e Estudos 
Estratégicos, ora em formação. 
 
INOVAR EM UMA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO 
As ciências sociais têm papel crucial no entendimento das relações entre 
CT&I e a sociedade. A análise da natureza, a evolução e impactos da ciência e 
tecnologia na sociedade contemporânea torna-se mais crítica nesse século 
XXI, na medida em que as novas tecnologias da informação e da biotecnologia 
passam a moldar não somente as estruturas econômicas e sociais vigentes, 
mas também a própria identidade das pessoas. 
 
32 
 
2 
A mais extensa e rápida difusão da tecnologia na 
sociedade moderna gera maior número de controvérsias científicas e 
tecnológicas, à medida que se ampliam os grupos de atores e o conjunto de 
interesses por trás de cada campo que se enfrenta. Igualmente, o maior e mais 
intenso contato da sociedade com a ciência e a tecnologia aguça a percepção 
de seus membros em relação a estas, aumentando suas demandas por maior 
transparência na priorização no investimento em CT&I. Uma sociedade do 
conhecimento requer um público aberto para a ciência e para a tecnologia de 
forma positiva e dinâmica. Ora, as ciências sociais têm muito a contribuir para o 
mapeamento da percepção da sociedade brasileira sobre esses temas. 
Ao mesmo tempo, estamos diante de mudanças tão radicais nas 
ciências sociais, quanto as que estão acontecendo nas engenharias e nas 
ciências exatas e biológicas. Naquelas, vêm se processando a integração de 
áreas antes especializadas e a incorporação de disciplinas instrumentais, como 
matemática, estatística e computação. As ciências humanas e sociais também 
enfrentam desafios em vários aspectos. Em primeiro lugar, deverão provar seu 
valor em meio a uma onda de demanda por eficiência, lucratividade e 
resultados, em que o avanço tecnológico é a chave para o aperfeiçoamento do 
mercado e a criação de empregos. Em segundo lugar, serão desafiadas a 
enfrentar questões novas e prementes que estão surgindo no contexto de 
grandes mudanças sociais e econômicas, crescente interdependência entre 
países e pressões cada vez maiores sobre indivíduos e famílias. Finalmente, 
serão instigadas a utilizar integralmente as novas tecnologias, que vêm 
permitindo o desenvolvimento de novas ferramentas e infra-estruturas de 
pesquisa. 
 
 
 
 
33 
 
3 
PARTE 3 O DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E 
QUALIDADE DE VIDA 
 
A inovação tecnológica é a grande ferramenta para o crescimento 
econômico, para os ganhos de eficiência e de competitividade no mundo. O 
Brasil vem conquistando posições competitivas no mercado internacional em 
vários segmentos, sendo alguns de base fortemente tecnológica, como, por 
exemplo, a produção de commodities do setor agrícola, a produção de 
alimentos e a fabricação de aeronaves. É evidente que a competitividade do 
agronegócio brasileiro tem sua fonte na Embrapa, e temos hoje uma 
competitiva indústria de aeronaves graças a investimentos governamentais 
anteriores em instituições de ensino e pesquisa, como o Instituto Tecnológico 
da Aeronáutica – ITA. 
Não obstante, há ainda grandes desafios a enfrentar. No Brasil, assim 
como em Minas Gerais, cientistas, técnicos e engenheiros envolvidos com 
inovação e desenvolvimento tecnológico ainda trabalham, principalmente, emambiente universitário ou em institutos de pesquisa criados pelo governo, 
sendo que 23% trabalham em empresas. Na Coréia do Sul, esse número 
chega a 59%; e, nos Estados Unidos, a 80%. Persiste, portanto, uma distorção 
no sistema de pesquisa e desenvolvimento, caracterizada pelo número ainda 
insuficiente de cientistas e engenheiros (C&E) envolvidos na atividade de 
inovação nas próprias empresas. 
Por outro lado, a universidade e os institutos de pesquisa não podem 
substituir sistematicamente as empresas na tarefa de gerar novos produtos e 
processos, ainda que possam contribuir decisivamente para isso, 
principalmente com recursos humanos de nível internacional e com resultados 
de pesquisa acadêmica executada com faro de mercado. É fundamental 
estabelecer um território para diálogo construtivo entre os setores produtivo e 
acadêmico, de tal sorte que demanda e ofertas de soluções se articulem de 
maneira harmônica, sustentando o progresso social. Esse é um papel próprio 
para o Governo. 
 
34 
 
4 
Há várias razões para o descompasso entre o notável 
crescimento da produção acadêmica brasileira e o seu ainda inexpressivo 
impacto na economia. Nos países industrializados e, exemplarmente na Coréia 
do Sul, país de industrialização recente, a maioria dos C&E trabalha em 
empresas. 
Brito Cruz, em seus trabalhos sobre o tema, avalia que a baixa 
quantidade de C&E nas empresas acarreta uma série de dificuldades ao 
desenvolvimento econômico brasileiro, como, por exemplo, sua baixa 
competitividade tecnológica e a reduzida capacidade do país em transformar 
inovação em riqueza. 
O argumento de que só os países com industrialização consolidada e 
longa tradição nessa trilha têm empresas com capacidade de produzir inovação 
é contestado, visto que, no Brasil, 77% dos C&E estão em universidades e 
institutos de pesquisa governamentais, resultando que apenas 23% trabalham 
em empresas. A Coréia do Sul tem quase 95.000 C&E gerando inovação nas 
empresas, enquanto que o Brasil tem cerca de 29.000. 
Na década de 60, o PIB da Coréia do Sul era comparável ao de países 
emergentes. Quarenta anos depois, observa-se que sua economia teve notável 
evolução, situando-se no patamar da União Europeia, tendo seu PIB superado, 
em 2004, a marca de 1 trilhão de dólares. Naquele ano, a Coréia do Sul 
exportou US$ 250 bilhões e importou US$ 214 bilhões. Considerando-se que a 
sua população em 2004 era de 48,42 milhões de habitantes, deriva-se um PIB 
per capita ao redor de US$ 20.653. 
Segundo o BIRD, em 2004 o PIB brasileiro era em torno de US$ 605 
bilhões. Para uma população de aproximadamente 180 milhões de habitantes, 
nosso PIB per capita naquele ano fica em torno de US$ 3.361, ou seja, cerca 
de um sexto do valor alcançado pela Coréia do Sul. 
A Coréia do Sul destaca-se também pelo crescimento expressivo do 
número de publicações científicas e tecnológicas em revistas indexadas, tendo 
superado o Brasil já na década de 90. 
 
35 
 
5 
Segundo a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), em 
2005 o número de pedidos de patentes oriundos de países emergentes teve 
um crescimento de 20% em relação a 2004, representando 6,7% de todos os 
pedidos de patentes internacionais. No topo da lista está a Coréia do Sul, com 
4.747 pedidos; seguida pela China (2.452); África do Sul (336); Singapura 
(438); Brasil (283) e México (136). O número de patentes registradas pelas 
principais empresas sul coreanas, como a Samsung, Hyundai Electronics, LG e 
Daewoo, superou em 2004 em mais de cem vezes o número de patentes 
internacionais das empresas brasileiras. 
O parque industrial brasileiro, por outro lado, expandido no regime de 
substituição de importações, especialmente a partir da década de 70, é ainda 
constituído de empresas que, em sua maioria, agregam pouco valor, fabricando 
localmente produtos de concepção estrangeira, sob licença ou em parceria 
comercial. Assim, essas empresas, em sua maioria, não têm centros de 
pesquisa no Brasil, e manufaturam localmente produtos ciclicamente 
concebidos nos departamentos de P&D das matrizes, aqui comercializados 
com forte proteção tarifária e fiscal. 
Também a partir da década de 70, observou-se notável expansão da 
pós-graduação no Brasil, com cursos de mestrado e de doutorado sendo 
criados em quase todo o território nacional, tendo hoje atingido níveis de 
excelência internacional em várias áreas do conhecimento. O Brasil produz 
agora mais de 9.000 doutores por ano nas várias áreas do conhecimento e tem 
uma participação em torno de 1% no número total de artigos publicados 
mundialmente em revistas indexadas. As carreiras acadêmicas estruturaram-se 
de maneira isomorfa às dos países industrializados e priorizam, mesmo nas 
áreas tecnológicas, as publicações de artigos em periódicos de qualidade 
aferida. O pesquisador universitário, mesmo executando pesquisa aplicada, de 
natureza tecnológica, é avaliado por seus pares e pelas agências de fomento 
em função de suas publicações. A produção de protótipos, a realização de 
consultorias, e mesmo a criação de empresas de base tecnológica são 
consideradas de pouca ou nenhuma importância nessa escala de valores. 
 
36 
 
6 
Nas universidades e centros de pesquisa acadêmicos 
brasileiros, há, historicamente, uma opção por priorizar a pesquisa básica, 
partindo do paradigma denominado laboratory push, no qual se supõe que os 
resultados científicos, obtidos em laboratórios, levam à inovação tecnológica e 
à geração de produtos com eventual inserção no mercado. 
Outros países, como a mesma Coréia do Sul, adotaram políticas 
agressivas de incentivo à inovação tecnológica, com um olho aguçado nos 
mercados globais, em um modelo que mais se aproxima do paradigma 
denominado market pull, no qual a demanda de mercado (existente ou 
projetada) exerce pressão sobre as empresas, que, por sua vez, pressionam 
seus engenheiros por novos resultados tecnológicos que, por sua vez, 
demandavam e demandam a realização de pesquisas científicas. 
Economistas neo-schumpeterianos como Rosenber e Tassey, 
estudiosos das relações entre inovação tecnológica e desenvolvimento 
econômico, advertem para o fato de que nem o paradigma de laboratory push 
nem o de market pull são suficientes para modelar as complexas relações 
existentes entre estas variáveis em economias desenvolvidas, onde pesquisa e 
desenvolvimento se transformam em resultados macro-econômicos. Há 
processos ricos de retroalimentação entre produtores e consumidores de 
tecnologia, aí envolvidos a indústria, o mercado e as instituições acadêmicas. 
O desafio é equilibrar os dois lados dessa equação, tendo em mente, 
para nossos propósitos, que o crescimento econômico gerado pela inovação 
tecnológica produz recursos adicionais tanto para a pesquisa básica-
indispensável ao avanço do conhecimento humano - como para a pesquisa 
aplicada, assim realimentando todo o processo e possibilitando uma espiral de 
crescimento sustentado com reflexos na melhoria das condições sociais. 
Brito Cruzmdefende a tese de que o papel das universidades é a 
pesquisa básica e a formação de recursos humanos, e que cabe à indústria, 
em seus laboratórios de P&D, contratar recursos humanos de qualidade e 
realizar as pesquisas aplicadas "engajadas" que resultem em inovações 
tecnológicas, embutidas em seus produtos. 
 
37 
 
7 
Os argumentos de Brito Cruz são poderosos. Destaca ele que, na 
indústria, prevalece a confidencialidade, enquanto que na academia, pela sua 
própria natureza, deve prevalecer o livre e aberto debate de ideias. Além disso, 
a pesquisa na indústria é feita com atenção ao time to market, e usam-se todos 
os meios para produzir os resultados pretendidos no menor tempo possível. Na 
academia, em contraposição, o produto do doutorado é o doutor, e não o 
produto eventualmente focalizadoem sua tese. Há um tempo inerente de 
maturação, necessário para a formação de um pesquisador (o doutorando) 
através da "inoculação direta", fruto de contato com seu orientador, que não 
pode nem deve executar a pesquisa no lugar de seu orientado para "acelerar o 
processo". 
Finalmente, ressalta ele, a contextualização no mercado, fundamental 
para se decidir quais caminhos seguir para a inovação tecnológica "engajada", 
é território que a indústria tem obrigação de dominar, sendo notório o 
despreparo de professores e pesquisadores para esta tarefa. 
Não há meias-palavras na análise e na atribuição de responsabilidades., 
lê-se: 
"No Brasil tem havido ultimamente uma tendência a se atribuir à 
universidade a responsabilidade pela inovação que fará a empresa competitiva. 
Trata-se de um grav equívoco, o qual, se levado a cabo, poderá causar dano 
profundo ao sistema universitário brasileiro, desviando-o de sua missão 
específica, que é educar profissionais e gerar conhecimentos fundamentais". 
A prevalecer essa tese, conclui-se que, para aumentar o volume de 
inovação tecnológica no Brasil, há que se focalizar iniciativas corretivas na 
indústria brasileira -que não produz inovação- e continuar a financiar pesquisas 
básicas na academia, que, de resto, já está formando recursos humanos de 
qualidade internacional e produzindo resultados científicos publicados nos 
melhores periódicos indexados. 
Em suma, estaríamos em um contexto em que, por um lado, o parque 
industrial não inova nem demanda capacidade de inovação, porque licencia 
ciclicamente tecnologia estrangeira e, por outro, as universidades e os centros 
 
38 
 
8 
de pesquisa produzem resultados científicos e tecnológicos 
de boa qualidade, destinadas majoritariamente a publicações nos melhores 
periódicos internacionais. 
A pesquisa básica engajada 
Note-se, em contraposição a estes argumentos, que muito do que se 
financia no Brasil como ciência ou pesquisa básica é, na verdade, tecnologia 
de ponta de boa qualidade, produzida em pequena escala (quando se compara 
com a produção tecnológica de países industrializados), desacoplada do 
parque produtivo local, gerando publicações indexadas, mas sem clientes 
prospectivos, em prazo previsível, no mercado interno. 
Tome-se, por exemplo, a própria Física, paradigma das ciências 
fundamentais, e, em particular, as atividades de pesquisa em Física 
experimental no Brasil. O cardápio de projetos historicamente financiados pelo 
CNPq e pelas agências estaduais de fomento nessa área, por exemplo, mostra 
que temas semelhantes são trabalhados nas universidades líderes mundiais 
em seus departamentos de Engenharia de Materiais, Metalurgia, Ciência de 
Materiais, dentre outras denominações, em geral integrantes das escolas de 
Engenharia daquelas universidades. 
O argumento, novamente, é que muito do que se faz no Brasil com a 
denominação de pesquisa básica é feito nas escolas de Engenharia das 
universidades líderes mundiais em pesquisa e formação de recursos humanos. 
Tecnologia, portanto. Inescapavelmente. 
Em suma, a boa notícia é que as universidades e os institutos de 
pesquisa brasileiros estão fazendo inovação tecnológica que, pelos motivos 
expostos, não foi demandada (encomendada, ou contratada) pelo parque 
produtivo local. Adicionalmente, essas atividades de inovação envolvem temas 
de ponta em termos internacionais, condição necessária para publicação em 
periódicos de qualidade. 
Considere-se agora o inquestionável papel das universidades, qual seja 
o de formar recursos humanos de qualidade. 
 
39 
 
9 
Se nossa indústria não faz pesquisa, não tem ainda necessidade de 
contratar (novamente, e para usar como exemplo), doutores em Física. Para 
quem, então, estaríamos formando recursos humanos de qualidade 
internacional? Qual seria então o papel de um centro de excelência formador 
de recursos humanos, financiado com recursos públicos, cujos egressos mais 
qualificados (mestres e doutores) não têm colocação no setor produtivo local? 
A situação se assemelha à de um sistema em que o supply side funciona a 
contento, mas o demand side é atrofiado. Desequilíbrios deste tipo tendem a, 
eventualmente, inviabilizar a estabilidade e a própria existência do sistema. 
Existe aí um choque de culturas e valores a ser superado, para que 
possamos estabelecer objetivos comuns e sair do impasse em que nos 
encontramos. No que se segue, argumentamos que é possível uma visão 
alternativa. 
Um Sistema de Inovação Tecnológica 
O gestor de recursos públicos se confronta inevitavelmente com a 
questão de definir o que é estratégico, atributo instrumental para o 
estabelecimento de prioridades. O prof. José Israel Vargas, ex-ministro da 
Ciência e Tecnologia, propôs uma definição que tem a beleza do enunciado 
simples, mas poderoso: "Estratégico é tudo o que temos muito ou muito 
pouco". 
É evidente que a questão, em todos os seus matizes, é mais complexa, 
mas a frase embute conteúdo suficiente para se traçar as diretrizes maiores do 
processo. 
Preliminarmente, a análise dos componentes do PIB de Minas Gerai 
revela o que é estratégico porque temos muito: mineração e siderurgia, vários 
setores do agronegócio, serviços, indústria automobilística, construção civil. 
Como segundo passo, é necessário detalhar, com precisão e 
quantificação de grandezas, as cadeias de valor desses produtos e serviços. 
Só o conhecimento profundo das cadeias de valor pode instrumentar e 
 
40 
 
0 
contextualizar a análise de risco, a comparação entre 
alternativas, a barreira de entrada para os concorrentes, os tradeoffs 
embutidos, etc. 
O terceiro passo, instrumental para definir um locus de diálogo entre as 
universidades, os institutos de pesquisa e as empresas, é a identificação de 
todas as tecnologias subjacentes a essas cadeias de valor. De posse dessas 
informações, procede-se à contínua e exaustiva análise dos gargalos e 
desafios tecnológicos pendentes, e das eventuais vantagens competitivas que 
tenhamos para o enfrentamento desses desafios. 
Uma vez identificados os gargalos e os desafios tecnológicos presentes 
nas cadeias de valor daqueles produtos e serviços que são estratégicos porque 
temos muito, é possível construir uma agenda indutora, contendo os desafios 
de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica, com garantia prévia de 
que os resultados terão impacto econômico. Afinal, estaríamos tratando, por 
construção, dos produtos mais importantes do PIB do Estado. 
O outro lado da moeda – identificar o que é estratégico porque temos 
muito pouco –, exige conhecimentos e instrumentalização muito mais 
complexos. A definição do que é estratégico “porque temos muito pouco” é 
muito mais complexa porque, dentre outros desafios, inclui o de "ler" para onde 
estão indo as tendências de mercado nos vários horizontes de planejamento. 
Mesmo assim, é possível começar pelo reconhecimento dos setores em que 
temos vantagens competitivas no Estado, como é o caso da biotecnologia, das 
tecnologias da informação e outras, onde temos iniciativas pioneiras que, em 
escalando, podem trazer extraordinários retornos econômicos e sociais. 
Um exemplo do que preconizamos: o governo francês, consciente da 
necessidade de potencializar o papel de sua indústria no mercado mundial, tem 
mantido admirável papel indutor nas iniciativas coletivamente denominadas de 
As Tecnologias Chave da Indústria Francesa. 
O trabalho, sintomaticamente coordenado pelo Ministério da Economia, 
das Finanças e da Indústria, define e detalha objetivos e metas a atingir no 
(agora) horizonte de 2015. A primeira versão desse monumental trabalho 
 
41 
 
1 
estabelecia metas para o horizonte de 1995. As tecnologias chave foram 
organizadas em oito grandes grupos: tecnologias da informação e de 
comunicação, materiais - química, construção, energia

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