Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Contextualização Caro(a) aluno(a), Neste material, vamos tratar da forma como a educação deve evoluir para que prepare os novos profissionais para operarem e atuarem na “era 4.0”. Nos dias atuais, as inovações ocorrem desenfreadamente, tomamos conhecimento de novas tecnologias a todo tempo, ou do uso inovador das já existentes. Com tudo isso, temos a oportunidade de acesso a produtos de consumo e serviços com grandes melhorias, com mais recursos do que os existentes e outros totalmente modificados. A questão que fica é, a velocidade com que essas mudanças ocorrem não está ultrapassando nossa capacidade de nos mantermos atualizados? Nesta fase, em que vivemos a revolução 4.0, o maior destaque vai para a chamada Indústria 4.0, que é baseada na utilização de IoT, cloud computing, inteligência artificial, biotecnologia, entre outras inovações, que está, em resumo, conectando tudo via internet: máquinas pessoas, sensores, entre outros. A educação não pode ficar alheia a esse movimento, pois a academia é a responsável por formar a mão de obra para fazer a Indústria 4. 0 acontecer, e claro que, para isso, devemos ter uma educação 4.0, onde o uso da tecnologia e a inovação devem ser os pilares. Dentro da ideia da utilização da tecnologia nas salas de aula, sugiram, por exemplo, as smart classes, “Salas de Aula Inteligentes”, que contam com grandes telões e quadros interativos, onde o professor demonstra e explica assuntos com a ajuda de vídeos, áudios, animações etc., enquanto na outra ponta, os alunos, com seus dispositivos eletrônicos, como tablets e celulares , fazem anotações, assistem novamente aos vídeos e interagem com o conteúdo, muitas vezes resolvendo situações-problema propostas em sala de aula. Ainda para atender a essas necessidades tecnológicas do novo modo de se ensinar e aprender, a plataforma digital YouinLab, possui cursos voltados para estudantes, engenheiros, técnicos e tecnólogos, com muita interatividade e simulação, por exemplo, no Curso de Análise de Vibrações, que foi desenvolvido com tecnologia 3D, são reproduzidas todas as possibilidades de uma aplicação industrial, o que permite realizar atividades práticas. Essa tecnologia pode também fornecer ao aluno a possibilidade de interagir com um ambiente, utilizando óculos 3D, como se estivesse em uma situação real de trabalho. Em resumo, se você pretende estar no mercado de trabalho nos próximos anos, deve procurar se atualizar permanentemente, procurando se aprofundar nos temas mais relevantes envolvidos na revolução 4.0. Orientações para Leitura Obrigatória com Comentários Sobre as Indicações Segundo diversos autores sobre o tema da indústria 4.0, também conhecida como a quarta revolução industrial, esta teve seu início na Alemanha em meados 2012. Segundo o conceito da indústria 4.0, os sistemas de produção ficam cada vez mais inteligentes, possibilitam a detecção das necessidades produtivas, das necessidades de suprimentos e de materiais por meio da união de tecnologias físicas e digitais. Estas tecnologias (físicas e digitais) promovem a integração de todas as etapas do desenvolvimento de um produto ou de um processo. Tais características da indústria 4.0 trazem impactos profundos no perfil da mão de obra, exigindo profissionais polivalentes, com diversos conhecimentos interdisciplinares e altamente qualificados. Para você se aprofundar mais neste assunto, um livro é de leitura obrigatória e está disponível na biblioteca virtual e outro link disponível abaixo: ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 103 A INSERÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA FORMAÇÃO DOCENTE DO ENSINO SUPERIOR Dimas José Francisco 1, Marcelo Ricardo Mello Loureiro Lima 2 Resumo O artigo busca compreender as relações entre as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) e a intensificação da formação profissional docente. As novas tecnologias computacionais oferecem recursos para auxiliar as aulas e incrementar o processo de ensino-aprendizagem. Os recursos dessas tecnologias favorecem o processo de transformação educacional e criam ambientes de aprendizagem que enfatizam a assimilação do conhecimento; sua integração com o trabalho promove a formulação de propostas modernas de ensino. Diante deste novo paradigma educacional emergente, há de se pensar no que realmente é necessário ao professor para, não só participar deste contexto, mas gerir as mudanças que afloram dentro e fora da escola no novo mundo da sociedade do conhecimento. Palavras-chave: tecnologias da informação e comunicação (TICs); conhecimento; formação profissional docente. THE INSERTION OF INFORMATION AND COMMUNICATION TECHNOLOGIES IN TEACHING TRAINING IN HIGHER EDUCATION Abstract The article wants to understand the relationships between the Information and Communication Technologies (ICTs) and the intensification of the training courses for teaching professionals. The new computer technologies offer resources to help school and enhance the teaching-learning process. The capabilities of these technologies make the process of educational transformation easier and create learning environments which emphasize the assimilation of knowledge; its integration with the work promotes the formulation of modern educational proposals. Having to face this new educational emerging paradigm, one has to think about what in fact is necessary for the teacher in order to not only participate of this context, but manage the changes that arise inside and outside school in the new world of knowledge society. Key words: information and communication technologies. (ICTs); knowledge; teacher training. 1 dimas.francico@cesmac.edu.br 2 marcelo.2012@hotmail.com mailto:dimas.francico@cesmac.edu.br mailto:marcelo.2012@hotmail.com ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 104 1. INTRODUÇÃO Apesar de certas divergências pontuais, começa-se a chegar a um conjunto relativamente homogêneo de características que acabam por conceituar as Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs no processo de aprendizagem e dar-lhes uma dimensão prática adaptada aos dias atuais e às demandas por universalização de processos de ensino. As TICs são utilizadas como ferramentas pedagógicas nos processos de aprendizagem do ensino superior presencial, e no não presencial, ou seja, (educação a distância - EAD). É importante observar que existem divergências no contexto do ensino superior presencial e o não presencial, não podendo este último ser visto como substitutivo da educação convencional (presencial). São duas modalidades do mesmo processo. A educação não presencial não concorre com a educação convencional, tendo em vista que não é este o seu principal objetivo. Esta modalidade de ensino não pode ser encarada como uma solução única para todos os males da educação brasileira. Há um esforço muito grande dos educadores e pesquisadores da educação em mostrar que os problemas da educação brasileira não se concentram somente no interior do sistema educacional, mas, antes de tudo, refletem uma situação de desigualdade e polaridade social, produto de um sistema econômico e político perverso e desequilibrado. Muito se tem estudado e discutido sobre as novas modalidades de ensino, criadas através da utilização de tecnologias de última geração. Qualquer tecnologia dentre as existentes, mesmo as mais antigas, apresenta vantagens e desvantagens, afetando a cada situação em particular, sem que haja um claro predomínio em termos de eficácia. Esta inserção modifica e estabelece uma nova forma de ensinar, com novas modalidades pedagógicas de ensino e aprendizagem sendo propostas (MONTEIRO et al., 2000). A inserção das tecnologiasde informação na educação não é somente o principal elemento a ser discutido, temos também as limitações da escola presencial, em função das novas exigências de uma educação inserida num contexto globalizado e em ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 105 constante mutação, que decorre, principalmente, do crescente desenvolvimento das tecnologias da informação e do universo de práticas e significados em que vive nossa juventude. Na perspectiva de utilização de novas tecnologias, colocam-se como principais desafios da sociedade da informação, o desemprego tecnológico; a desqualificação para o trabalho; a perda do sentido de identidade (desterritorialização) e o aprofundamento das desigualdades sociais. O maior problema não é mais o acesso ao conhecimento, mas a sua superabundância, o que implica no real problema de hoje que é o da seleção, da avaliação e do gerenciamento do conhecimento (LÉVY, 1999). 2. METODOLOGIA A metodologia da pesquisa é de suma importância para todo e qualquer trabalho de cunho científico e/ou técnico, pois é a partir deste momento, que se traçam caminhos que serão percorridos durante a pesquisa para o atingimento dos resultados, resolução de problemas, levantamento de hipóteses ou questionamentos acerca de uma realidade (LAKATOS E MARCONI, 2011). Para a realização deste estudo o procedimento metodológico adotado foi o da Análise Documental centrada na literatura sobre o tema e investigação in loco da utilização da ferramenta. A abordagem da pesquisa é a quali-quantitativa. O estudo foi fundamentado nas contribuições teóricas de Kenski (2001, 2003 e 2008), Pereira (2007, 2008 e 2012), Mercado (2002, 2004 e 2009), dentre outros, diante da nova postura do educador, quando há um desenvolvimento maior na relação entre professor e aluno, o que favorece a troca de informações simultâneas e promove, entre eles, uma maior integração sócio pedagógica. De acordo com Lakatos e Marconi (2011), a pesquisa bibliográfica: Trata-se do levantamento, seleção e documentação de toda bibliografia já publicada sobre o assunto que está sendo pesquisados em livros, revistas, jornais, boletins, monografias, teses, ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 106 dissertações, material cartográfico, com o objetivo de colocar o pesquisador em contato direto com todo material já escrito sobre o mesmo. 3. REVISÃO DA LITERATURA 3.1. A nova formação docente Estudiosos como Wood Jr. (2000), afirma que a estrutura do ensino superior e a formação profissional são na maioria das vezes precárias, não tendo condições de acompanhar as exigências de mudanças ocorridas no mercado de trabalho. Isto se considerados o distanciamento entre o conteúdo das disciplinas, constante nos currículos, e a velocidade das transformações nos vários campos do conhecimento científico e tecnológico, característica da atualidade. Sobre o tema, Ferreira (1999) destaca que os profissionais graduados encontram sérias dificuldades de se relacionarem com novas TICs, pois costumam ter uma formação diferenciada das demandas da realidade. Portanto, encontram dificuldades para atuar no mercado de trabalho. Também segundo o autor, o mercado “vive uma constante evolução (obrigatória, pela competitividade dos dias de hoje) que não foi acompanhada no decorrer da educação desse novo profissional”. (1999, p.2). Hoje, atrelado ao processo revolucionário das novas tecnologias, entramos em uma fase que traz como potencial a aceleração entre os usuários e fontes de informação, reforçando o movimento de cidadãos. No mundo dos novos meios de comunicação e informação, as inovações decorrentes das tecnologias são decisivas no processo de transformação sócio cultural. Assim, considera-se que as atuais propostas pedagógicas devem incluir competências básicas, conteúdos e formas de tratamento de conteúdos coerentes com os princípios da nova lei de diretrizes e bases (LDB) para a Educação, a saber: “Desenvolver a capacidade de aprender e continuar aprendendo, da autonomia intelectual, do pensamento crítico, de modo a prosseguir os estudos, e adaptar-se com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento”. (Resolução 03/98 – Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação). ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 107 Desta forma, torna-se necessária uma formação que fomente no professor o desejo de um contínuo e permanente desenvolvimento, que o capacite a ensinar e a aprender, pois um novo perfil do profissional da educação é delineado, cujo êxito depende da capacidade individual de manejar a complexidade e resolver problemas práticos, integrando assim o conhecimento e a técnica. A mudança tenderá a ocorrer também por meio da experiência do professor ou instrutor. Nesse caso, o professor transforma-se em condutor, em bandeirante ou desbravador de conhecimentos. Associado a esse novo papel exige-se a configuração de novas tendências ou correntes pedagógicas, que efetivamente representem transformações similares, não só nos alunos (ou aprendizes, como se quer hoje), mas, principalmente, na qualificação dos professores. Desejam-se professores e alunos que interajam nesse ambiente colaborativo como verdadeiros construtores de disciplinas, num processo evolutivo que transforma a disciplina, adequando-a às necessidades do ambiente. Os professores, atuando como verdadeiros tutores dos alunos, e os alunos, transformando-se de simples receptores passivos do conhecimento em solucionadores de problemas, construirão um todo agindo diretamente na construção da disciplina e no perfil profissional dos alunos. O papel do professor também foi reformulado. Ele não é mais o centro do processo educativo, nem o detentor do saber. O atual contexto educacional demanda um professor mediador, ou seja, uma pessoa capaz de orientar e coordenar o processo de construção do conhecimento dos alunos-sujeitos, respaldado pelos avanços tecnológicos. Esse desafio que o professor do século XXI assume acentua a sua importância no processo educativo como um elemento articulador de práticas pedagógicas e tecnológicas fundadas nas ideias de cooperação, dialogicidade, contextualização e educação permanente, ou seja, construção continuada do conhecimento não necessariamente restrita à vivência escolar presencial. Dornelles et al. (2006, p.11) relata que para concretizar projetos de mudanças, a Universidade não pode perder a capacidade de questionar, investigar, incomodar e, de criar soluções para os novos desafios de ordem tecnológica e social. Isso representa a necessidade da adoção de um valor: o ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 108 pluralismo de ideias, acompanhado de universalismo, solidariedade, ética e excelência. É certo que sem pluralismo não existe o cultivo do espírito crítico. Os docentes têm que reconhecer a partir da consolidação de novos recursos que as exigências para exercer a docência aumentaram e tendem a aumentar ainda mais. Com isso, além da necessidade de uma constante atualização quanto aos avanços tecnológicos, pressupondo um estado de permanente aprendizado, torna-se imprescindível, o aprofundamento por meio da articulação docência/investigação, com ênfase para pesquisas relacionadas às novas tecnologias. 3.2. As novas competências geradas pelas TICs O papel relevante das TICs, no campo educacional, depende de muitos fatores, dentre os quais a formação de professores parece ser o que merece grande destaque e um estudo aprofundado por serem eles, os professores, os atores principais na disseminação do conhecimento e no desenvolvimento intelectual, social eafetivo do indivíduo. Se o computador pode ser um instrumento para auxiliar este desenvolvimento, o professor necessita saber utilizá-lo com competência e eficiência. Para tanto, estuda-se como deve ser esta competência, e suas implicações, para compreensão da realidade do complexo sistema educacional. É preciso detectar o que pode e deve ser mudado na busca de uma educação de excelência. É bastante sugestivo que se reveja o papel do professor no contexto escolar, bem como sua formação e sua prática pedagógica para que este perceba a necessidade de se desenvolver e melhorar a prática profissional, transformando-se em agente de mudança, mesmo que essa adequação possa gerar insegurança. Não há como evitar as resistências, o receio do novo e o medo de ousar, que se apresentam como impedimento a primeira vista. A área educacional vem passando por uma série de mudanças sociais, políticas, econômicas, tecnológicas, mudanças que interferem diretamente no corpo docente desde ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 109 sua prática pedagógica à sua concepção de educação exigindo que os professores tenham determinadas competências e habilidades para desenvolverem sua prática pedagógica dentro de um contexto social que necessita com urgência de mudanças no processo ensino aprendizagem. Novas competências para ensinar abrangem desde organizar e dirigir situações de aprendizagens, compreender a heterogeneidade no âmbito da turma, ampliar o desejo de aprender, trabalhar em equipe, resolver os dilemas éticos da profissão, administrar e organizar sua própria formação, até usar ferramentas multimídias no ensino, comunicar- se à distância por meio da internet, utilizar os editores de textos, computador, internet; e por que não o uso de um portal educacional fazendo relações com os objetivos de ensino propostos? A abrangência dessas competências é o que se observa de mais substancial na linha de atuação docente conforme Mercado (2002), Almeida (2003) e (2005). O velho modelo da transmissão do conhecimento concebido como algo acabado, centrado no ensino, no qual o aluno exercia a função passiva de receptor, embora ainda vigente, encontra-se esgotado e deve dar lugar a um novo modelo. A necessidade da adoção de um novo modelo educacional nasce de uma nova configuração social e adequação às exigências da sociedade da informação e do conhecimento, porém, essa necessidade não significa o desprezo e o descarte por completo do velho tradicional modelo. Neste sentido, Delors (1999) apresenta quatro pilares definidos pela Comissão Internacional da UNESCO sobre Educação para o século XXI. O documento apresenta recomendações essenciais ao processo educativo como a formação de um cidadão ético, solidário e competente. Estes pilares que caracterizam uma aprendizagem efetiva e significativa são: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. Os quatro pilares da UNESCO para a educação do século XXI são um norte para que os docentes corroborem na mudança e melhoria da educação. Além de transmitir informações, tem de formar cidadãos que saibam transformar essas informações em conhecimento, em ação, e desenvolver habilidades e competências que os capacitem a lidar com o universo de informações, com as rápidas transformações nos modos de ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 110 produção, e deem-lhe condições de realizar um projeto de vida e de sociedade, este é o desafio. Com efeito, o professor pode passar de repassador de conteúdos pura e simplesmente para o professor formador, facilitador, competente e com novas habilidades como por exemplo, sabendo utilizar um computador. E é por isso que a formação do mesmo, ou melhor, os formadores dos futuros formadores deverão ter mente aberta para trabalhar de forma ampla, sendo capazes de experienciar novas formas de ensinar, como afirma Almeida (2003, p.204) “Na rede, todos os participantes são potencialmente emissores, receptores e produtores de informação”. Os alunos de hoje nasceram na era digital, era dos avanços, das novas descobertas científicas e tecnológicas. Os jovens de hoje fazem parte de uma sociedade conectada, e uma das necessidades dos professores de nível superior é formar os futuros professores dentro também deste universo tecnológico. O desenvolvimento tecnológico abrange todos, não pode mais ser ignorado, tão pouco pelos professores. As TICs estão em todos os âmbitos e segundo Perrenoud (1999, p.125) “transformam espetacularmente não só nossas maneiras de comunicar, mas, também de trabalhar, de decidir, de pensar.” Segundo o autor citado, colocar as TICs no cerne da evolução do ofício do professor, na formação inicial, é aspecto especial para a abertura que as mesmas propiciam no âmbito educativo, pessoal e na comunidade em que estes futuros professores estarão inseridos; espera-se, assim, que sua formação inicial tenha proporcionado condições para o uso das mesmas de forma adequada, possibilitando uma melhor atuação dos mesmos. O ensino superior precisa voltar a formação para que ela ocorra dentro deste contexto oportunizado pelas TICs. Vale salientar que inserir o uso das TICs na formação inicial não se restringe apenas a aprender informática, saber ligar ou desligar computadores, digitar, imprimir, ou tão pouco enviar e-mails, e sim integrar a tudo isto as funções pedagógicas e didáticas para que a prática não se resuma apenas a aulas de informática. Sensibilizar hoje, no pensamento, na atuação dos professores de nível superior que, segundo Perrenoud (1999, p.128) envolve. Formar para as novas tecnologias é formar julgamento, o senso crítico, o pensamento hipotético e dedutivo, as faculdades de observação e de ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 111 pesquisa, a imaginação, a capacidade de memorizar e classificar, a leitura e a análise de textos e imagens, a representação de redes, de procedimentos e de estratégias de comunicação. O professor que utiliza as ferramentas oferecidas pelo computador terá melhor habilidade em lidar com as situações que forem surgindo no decorrer das aulas, ampliando as oportunidades de aprendizagem e seu potencial teórico mais rico e diversificado em conhecimentos e atividades, diferentemente daqueles que em sua prática não dispõem destas ferramentas. Portanto, segundo Barreto (2001, p.12) A docência é entendida como transmissão rápida de conhecimentos consignados em manuais de fácil leitura para os estudantes, de preferência, ricos em ilustrações e com duplicata em CDs. [...] A docência é pensada como habilitação rápida para graduados, que precisam entrar rapidamente num mercado de trabalho do qual serão expulsos em poucos anos, pois tornam-se, em pouco tempo, jovens obsoletos e descartáveis; ou como correia de transmissão entre pesquisadores e treino para novos pesquisadores. Transmissão e adestramento. Desapareceu, portanto, a marca essencial da docência: a formação. É preciso pensar urgentemente numa formação inicial com base sólida no uso das TICs, explorando as reais potencialidades didáticas que as mesmas oportunizam para o ensino e a aprendizagem. O uso do computador não é algo supérfluo, a princípio surgiu como modismo ou marketing para as escolas, mas transformou-se em necessidade. E por que não utilizar as ferramentas que as TICs proporcionam ao ato de educar, ou melhor, de realmente implantá-la na formação inicial? Muitas discussões têm surgido em relação ao tipo de formação, tanto inicial quanto continuada, que tem sido oferecida aos professores, principalmente no que é oferecido e na realidade encontrada na escola exigindo competências, conhecimentos e habilidades para as quais elenão foi preparado; portanto, a formação não está coerente com o que se espera do professor, de sua atuação. É preciso formar os professores do mesmo jeito que se espera que eles atuem, no entanto as TICs são pouco utilizadas nos cursos de formação de docentes e “as oportunidades de atualização nem sempre são as mais adequadas à sua realidade e as suas reais necessidades, como por exemplo: trabalhar com computação em sala de aula ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 112 com os alunos não é ensinar a manusear a máquina, ou melhor, não se restringe a isto” (MORAN, 2000, p.4). O uso das TICs, sem um conhecimento prévio, didático educativo pode transformar a internet tão cheia de oportunidades e possibilidades numa ferramenta escassa ou de nenhuma utilidade. Não é só importante conhecer as ferramentas que a internet oferece como meio de comunicação e sua possível aplicação em contextos educativos; devemos também valorizar os níveis em que os conhecimentos se encontram e que uso deles fazem os alunos que vão empregar estes serviços para sua formação em um contexto universitário. A formação docente para a era da informação extrapola a questão da didática, dos conteúdos curriculares, dos métodos de ensino e pressupõe ainda novos caminhos que levam em consideração a questão da autonomia, da construção do conhecimento, da liberdade de expressão, como coloca Almeida (2005, p.5) “É preciso que cada um ouça sua voz interior e articule com os apelos do seu tempo e contexto, use a razão para galgar com clareza e a emoção para tomar decisões com toda a inteireza de ser humano”. Já não se espera de um educador que ele apenas ofereça um bom conteúdo curricular, mas que se apresente emocionalmente equilibrado e pronto para as novas oportunidades que ampliem conhecimentos e favoreçam o ensino aprendizagem. 3.3. Desafios para o professor na Educação do Século XXI Implementar novas tecnologias ainda é um desafio para a educação brasileira. Em um país, cuja superação do analfabetismo é um problema a ser enfrentado; “falar em tecnologia educacional soa estranho”. No entanto, Pretto (1999), ressalta que os novos símbolos criados a partir da cultura tecnológica definirão o analfabeto do futuro, ou seja, aquele que não souber ler as imagens geradas pelos meios eletrônicos da comunicação. Tal aprendizado não se refere apenas à codificação dessa nova linguagem, mas ao seu uso e à compreensão de seus fins. A partir daí, cria-se a possibilidade do ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 113 surgimento de uma nova razão que será a essência da sociedade em transformação: a razão imagética. Para a construção desse novo modo de pensar e agir sobre o mundo, faz-se necessário adquirir uma intimidade maior com os novos meios de comunicação e informação. A escola brasileira precisa ser pensada como instituição que possa trabalhar de forma integral com a multiplicidade de visões de mundo a fim de formar o ser humano programador da produção e não fazer do ser humano mercadoria. Em tais ambientes virtuais de aprendizagem, os alunos irão interagir com ferramentas já presentes em suas vidas, ou seja, os jovens já possuem um comportamento intelectual e afetivo construído a partir do uso dessas novas tecnologias. Resta, agora, a escola desenvolver projetos para o uso efetivo desses instrumentos. O uso dessas mídias pode dar-se a partir de duas perspectivas distintas. A primeira considera que esses instrumentos como mais um recurso didático- pedagógico. Nessa perspectiva instrumentalista, a análise dos técnicos é fundamental, se ganha importância apenas a capacitação operativa dos profissionais da educação. Na outra perspectiva, o uso desses instrumentos vem carregado de fundamento, de conteúdo, como representante de uma nova forma de pensar e de sentir. Eles serão usados como irradiadores de conhecimento e o professor, por sua vez, exercerá a função de comunicador, articulador das diversas fontes de informações. Para Fusari (1993, p.25), a escola nesse momento “consiste no intercâmbio, na veiculação, na troca criativa de saberes, de concepções a respeito da vida. Os professores e alunos são agentes sociais em exercício de integração humana entre si e os contextos e textos comunicacionais”. Candau (1999) propõe a montagem de um curso de alfabetização em computadores para professores onde se concretizaria um preparo técnico indispensável à nova realidade socioeconômica e cultural e também se desenvolveriam habilidades necessárias a uma docência eficiente e eficaz. Habilitar-se-ia o professor a assumir um novo perfil, no qual necessariamente estariam incorporados: competência capaz de ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 114 integrar os diferentes aspectos da tarefa docente (pedagógico, tecno científico e sócio- político); preocupação com a relação entre a teoria e prática; busca do auto aperfeiçoamento: conhecimento construído pelas experiências do dia-a-dia e por uma multiplicidade de meios; aceitação e uso de inovação de forma construtiva; ênfase no trabalho cooperativo e multidisciplinar; consciência de ser agente de mudança e, pela reflexão crítica, realizar sua atuação educacional e contribuir para diminuir as desigualdades e melhorar a qualidade de vida. O professor ao assumir este papel exploraria dialeticamente as mídias e a cultura audiovisual. No entanto, para que essa nova realidade descrita se concretize é indispensável a melhoria das condições de trabalho do professor, ou seja, a materialidade da escola e a definição de uma política de recursos humanos que reconheça o imperativo da dignidade salarial como condição imprescindível para a inserção criativa e inovadora do professor na obra educativa. Para Lévy (op. cit.), a linguagem digital está presente nas novas tecnologias eletrônicas de comunicação e na rede de informação. Portanto, o paradigma digital, na sociedade da informação, enseja uma prática docente assentada na construção individual e coletiva do conhecimento. Nessa óptica, o computador e a rede devem estar a serviço da escola e da aprendizagem, e o professor deve levar em conta que, além da linguagem oral e da linguagem escrita que acompanham historicamente o processo pedagógico de ensinar e aprender, é necessário considerar também a linguagem digital. Os alunos passam a ser descobridores, transformadores e produtores do conhecimento. E, no entendimento de Moran, Masetto e Behrens (op. cit.), a qualidade e relevância da produção dependem também dos talentos individuais dos alunos na medida em que são percebidos como portadores de inteligências múltiplas, que vão além das linguísticas e do raciocínio matemático que a escola oferece. Para a autora, o desafio do professor durante a ação docente passa ser o de levar em consideração as oportunidades de desenvolver a inteligência emocional estudada por Goleman (1996). Hoje, além das habilidades tradicionais, faz-se necessário o desenvolvimento de habilidades que incluam a fluência tecnológica, a capacidade de ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 115 resolver problemas, além das habilidades de comunicação, colaboração e criatividade. Dessa forma, é fundamental redimensionar a metodologia a fim de contemplar atividades que ultrapassem as paredes das salas de aula e criem espaços virtuais e presenciais dentro e fora das instituições educacionais. Para Moraes (1997, p.68), na era das relações, cabe aos gestores eliminar os empecilhos que impedem a criatividade de professores e alunos e, nesse sentido, enuncia: Estamos querendo abandonar uma escola burocrática, hierárquica, organizada porespecialidades, subespecialidades, sistemas rígidos de controle em funções dos comportamentos que se pretende incentivar e manter, dissociada do contexto, da realidade, para construir uma escola aberta, com mecanismos de participação e descentralização flexíveis, com regras de controle discutidas pela comunidade e decisões tomadas por grupos interdisciplinares próximos dos alunos. Na rede de informações, o estudante deverá ser iniciado como pesquisador e investigador para resolver os problemas reais que ocorrem no cotidiano de suas vidas. O processo de aprendizagem colaborativa precisa ter presente que a interação reconhece que o sujeito e objeto são organismos vivos, ativos, abertos, em constante intercâmbio com o meio ambiente, mediante processos interativos indissociáveis e modificadores das relações sujeito-objeto e sujeito-sujeito, a partir dos quais um modifica o outro, e os sujeitos se modificam entre si. É uma proposta sociocultural, ao compreender que o “ser” se constrói na relação, que o conhecimento é produzido na interação com o mundo físico e social, a partir do contato do indivíduo com sua realidade, com os outros, incluindo a dimensão social, dialógica, inerente à própria construção do pensamento (MORAES, Ibid., p.66). A tecnologia como ferramenta de aprendizagem colaborativa decorre do entendimento de que a tecnologia da informação (hardware, software e redes de computadores) está a serviço do homem e pode ser utilizada como instrumento para facilitar o desenvolvimento das aptidões humanas. Nesse sentido, professores e alunos podem utilizar as tecnologias da informação para estimular o acesso à informação e à pesquisa individual e coletiva, a fim de favorecer processos para aumentar a interação entre eles. A relevância da tecnologia na sociedade contemporânea está ratificada em todos os seus domínios e seus reflexos transcendem seus resultados ou produtos para se relacionar ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 116 entre si numa cumplicidade permanente – seja nos campos político, econômico, social e pedagógico. Vive-se a passagem do paradigma da produção em massa para o da produção enxuta. Essas mudanças demarcam a passagem para a sociedade do conhecimento, onde os fatores tradicionais da produção (matéria-prima, trabalho e capital) passam a ter um papel secundário. Papel de primeiro plano passa a ter o conhecimento e os meios ou processos para adquiri-lo. A questão observada por Valente (1999, p.30) é “Como as mudanças que estão acontecendo na sociedade deverão afetar a Educação e quais serão as suas implicações pedagógicas?”. Ele mesmo responde, ao consignar que, [...] a mudança pedagógica que todos almejam é a passagem de uma educação totalmente baseada na transmissão da informação, na instrução, para a criação de ambiente de aprendizagem nos quais o aluno realiza atividades e constrói o seu conhecimento (VALENTE, Ibid., p.30). Consubstancia-se assim, também no ensino, uma efetiva mudança de paradigma que é, segundo Moraes (op. cit., p.67), assim conceituada: Paradigma é um modelo científico de grande envergadura, com base teórica e metodológica, convincente e sedutora, e que passa a ser aceito pela maioria dos cientistas integrantes de uma comunidade. É uma construção que põe fim às controvérsias existentes na área a respeito de determinados fenômenos. A partir da existência de um consenso sobre determinadas ocorrências ou fenômenos por parte de um grupo de cientistas, inicia uma sinergia unificadora ao redor de um novo tema. Nesta perspectiva, Bolzan (1998) traz as características diferenciadoras do paradigma do ensino concebido como reprodução do conhecimento e do ensino concebido como produção do conhecimento. ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 117 Tabela: Comparação dos Paradigmas de Ensino Ensino Como Reprodução do Conhecimento Ensino Como Produção do Conhecimento Enfoca o conhecimento “sem raízes” e o dá com o pronto, acabado e inquestionável; Enfoca o conhecimento a partir da localização histórica de sua produção e entende como provisório e relativo; Valoriza o imobilismo e a disciplina intelectual tomada como reprodução das palavras, textos e experiências do professor e do livro; Valoriza a ação reflexiva e a disciplina tomada como capacidade de estudar, refletir e sistematizar conhecimento; Privilegia a memória e a repetição do conhecimento social acumulado; Privilegia a intervenção no conhecimento socialmente acumulado; Usa a síntese já elaborada para melhor passar informações aos estudantes, muitas vezes reproduzidas de outras fontes; Estimula a análise, a capacidade de compor e recompor dados, informações, argumentos e ideias; Valoriza a precisão, a segurança, a certeza e o não- questionamento; Valoriza a ação, a reflexão crítica, a curiosidade, o questionamento exigente, a inquietação e a incerteza, características básicas do sujeito cognoscente; Premia o pensamento convergente, a resposta única e verdadeira e o sentimento de certeza; Valoriza o pensamento divergente e/ou provoca incerteza e inquietação; Concebe cada disciplina curricular como um espaço próprio de domínio de conteúdo e, em geral, dá a cada uma o status demais significativa do currículo acadêmico; Percebe o conhecimento de forma interdisciplinar, propondo pontes de relação entre eles e atribuindo significados próprios aos conteúdos, em função dos objetivos acadêmicos; Valoriza a quantidade de espaços de aula que ocupa para poder “ter a matéria dada”, em toda a sua extensão; Valoriza a qualidade dos encontros com os alunos e deixa a estes tempo disponível para o estudo sistemático e investigação orientada; Concebe a pesquisa como atividade exclusiva de iniciados, onde o aparato metodológico e os instrumentos de certeza sobrepõem à capacidade intelectiva de trabalhar com a dúvida; Concebe a pesquisa como atividade inerente ao ser humano, um modo de aprender o mundo, acessível a todos e qualquer nível de ensino, guardadas as devidas proporções; ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 118 Incompatibiliza o ensino com a pesquisa e com a extensão, dicotomizando o processo de aprender; Entende a pesquisa como instrumento de ensino e a extensão como ponto de partida e de chegada da apreensão da realidade; Requer um professor “erudito” que pensa deter com segurança os conteúdos de sua matéria de ensino; Requer um professor inteligente e responsável, capaz de estimular a dúvida e orientar o estudo para a emancipação; Coloca o professor como a principal fonte de informação que, pela palavra, repassa ao aluno o estoque que acumulou; Entende o professor como mediador entre o conhecimento, a cultura sistematizada e a condição de aprendizado do aluno. Fonte: Bolzan apud Cunha,1998, p.34. Diante do quadro apresentado na Tabela, por Bolzan (Ibid.), é possível observar que o perfil do professor diante dos paradigmas do ensino, requer a postura de mediação do processo de aprendizagem, na medida em que possuir as seguintes características: entender e viver a aprendizagem como interatividade; desenvolver relações de empatia com os alunos; criar uma atmosfera de confiança, enfatizando as estratégias cooperativas de aprendizagem; dominar em profundidade sua área de conhecimento; ter presente que cada aluno é diferente do outro e estimular a criatividade; ter disponibilidade para o diálogo; efetivar uma comunicação com linguagem que garanta uma compreensão exata por parte do aluno. Desta forma, o papel do professor se amplia, e passa de informador e se torna orientador da aprendizagem, gerenciador de pesquisa e comunicador na medida em que a internet favorece aconstrução cooperativa, o trabalho conjunto entre professores e alunos, próximos física e virtualmente. Para Moran (op. cit.) uma das formas atuais mais interessantes de trabalhar cooperativamente é a possibilidade de criar no ambiente tecnológico, uma página dos e para os alunos, ou seja, um espaço virtual onde se vai colocando tudo o que acontece de mais importante no curso. Contudo, para analisar esse momento de transição dever-se-á refletir que esta ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 119 integração além de ser importante é significativa para um dinâmico processo de ensino e aprendizagem, porque reestrutura-se e ressignifica os modelos tradicionais, convergindo para práticas inovadoras e assertivas no ambiente educativo, possibilitando o aprender com e na pesquisa. Essa perspectiva de trabalho muda efetivamente o papel do professor, porque muda a relação de espaço, tempo e comunicação com os alunos. Nas palavras de Moran (2000, p.50), [...] o espaço de trocas aumenta da sala de aula para o virtual. O tempo de enviar ou receber informações amplia-se para qualquer dia da semana. O processo de comunicação se dá na sala de aula, na internet, no e-mail, no chat. É um papel que combina alguns momentos do professor convencional (às vezes é importante dar uma bela aula expositiva) com mais momentos do gerente de pesquisa, do estimulador de busca, do coordenador dos resultados. É um papel de animação e coordenação muito mais flexível e constante, que exige muita atenção, sensibilidade, intuição (radar ligado) e domínio tecnológico. Com o aprimoramento das tecnologias de comunicação virtual, o conceito de personalidade também se altera bem como os conceitos de curso e de aula porque existe a possibilidade concreta de estar todos (professores e alunos) presentes em muitos tempos e espaços diferentes. As crianças provavelmente poderão ter muito mais contato físico em virtude da necessidade de socialização e interação. Mas, no ensino médio e superior, a tendência é que o virtual caminhe no sentido de superar o presencial. Isto implicará uma reorganização das escolas (edifícios menores, mais salas- ambiente, de pesquisa, de encontro, interconectadas e menos salas de aula). A casa, o escritório, e outros lugares públicos e/ou particulares, surgirão como locais de aprendizagem. Compreende-se, portanto, que os cursos poderão mesclar momentos presenciais com virtuais. As possibilidades de interação serão diretamente proporcionais ao número de alunos. Serão possíveis aulas a distância com interação on-line e aulas presenciais com interação a distância. O ensino será, portanto, um mix de tecnologias. ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 120 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Se por um lado a dimensão globalizadora pode fomentar o receio do professor em relação a sua prática e papel de educador, por outro lado as TICs podem ser grandes aliadas na construção de ambientes educacionais e pedagógicos de ensino e importantes parceiras do professor na criação de metodologias educacionais viáveis as práticas de ensino, já que existem exemplos práticos de trabalho com metodologias e projetos relacionados com as TICs apresentando resultados expressivamente excelentes. Há de se considerar que a inserção das TICs no currículo educacional e no contexto do ensino superior é algo que, mais cedo ou mais tarde, se tornará uma realidade concreta. Entretanto, a utilização e assimilação das TICs dentro do processo de ensino aprendizagem e do currículo escolar devem ser visto como meio, mas nunca como o único fim. O importante não é privilegiar e tornar o uso das TICs como única vertente ou caminho para a educação, mas sim tentar construir um caminho paralelo onde as evoluções das TICs possam ser acessíveis para uma melhor compreensão dos conteúdos presentes no currículo educacional. Enfim, os futuros professores e até os atuais precisam saber usar as ferramentas tecnológicas e a teoria de forma conjunta, pois o ensino-aprendizagem na atualidade não consegue mais dissociar um do outro, ambos se interligam e não se separam mais. Sempre sem dúvidas pensando no resultado à comunidade pela formação desses novos profissionais, em sua ética, sua consciência e capacidade em unir teoria e prática de forma coerente. Porque tudo isso vai atingir toda sociedade que vai absorver positivamente ou negativamente o que a ela é repassado. Sendo importante destacar que jamais o atual e futuro ensino vão conseguir se separar da tecnologia, uma vez que a mesma está cada vez mais presente no mundo acadêmico. Essa realidade já faz parte do cotidiano e tende a aumentar a cada dia. ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 121 Referências ALMEIDA, Maria E. Educação a distância e tecnologia: contribuições dos ambientes virtuais de aprendizado. São Paulo: s.e, 2005. ___________________. Educação, ambientes virtuais e interatividade. In: SILVA, Marco (org) Educação on line . São Paulo: Loyola, 2003. pp. 201 – 215. BARRETO, Edna S. A escola e as tecnologias inteligentes. In: ALVES, Lynn et all (org). Educação a distância. São Paulo: Futura, 2001. BOLZAN, Regina. Conhecimento tecnológico e o paradigma educacional. 1998. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis. CANDAU, Vera Maria (org.). Magistério: construção cotidiana. Petrópolis: Vozes, 1999. CUNHA, Maria Isabel. O professor universitário na transição de paradigmas. Araraquara, SP: JM, 1998. DORNELLES, Beatriz, BIZ, Osvaldo. Jornalismo solidário. Porto Alegre: GCI, 2006. FERREIRA, Marcelo. Ensino à distância pela Internet. Disponível na Internet. <http://www.geocities/WallStreet/7939>, 1999. FUSARI, Maria Per. Tecnologia de comunicação na escola como elo com a melhoria das relações sociais: perspectiva para a formação de professores mais criativos na realização desse compromisso. In: ABT Tecnologia Educacional. Rio de Janeiro: ano XXIII, nº 3 - 113/4, jul./out. de 1993, p. 25. GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. 8.ed. Rio de Janeiro: Objetiva. 1995. ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 122 KENSKI, Vani Moreira. Em direção a uma ação docente mediada pelas tecnologias digitais. In: BARRETO, Raquel G. (org) Tecnologias educacionais e educação a distância: avaliando políticas práticas. Rio de Janeiro: Quartet, 2001. pp. 74 – 84. ______, Vani Moreira. Tecnologias e ensino presencial e a distância. Campinas, Ed. Papirus, 2003. ______, Vani Moreira. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas, SP: Papirus, 2008. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: editora Atlas, 2011. LÉVY, Pierre. Inteligência Coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Loyola, 1999. MERCADO, Luís Paulo Leopoldo (Org). Novas tecnologias na educação: reflexões sobre a prática. Maceió: Edufal, 2002. __________, Luís Paulo Leopoldo (Org). Tendências na utilização das tecnologias da informação e comunicação na educação. Maceió: Edufal, 2004. ___________, Luís Paulo Leopoldo. Integração de mídias nos espaços de aprendizagem. Em Aberto / Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Brasília, v.22, n. 79, p. 5-6, jan 2009. MONTEIRO, A. V.; COSENTINO, A.; MERLIN, L. Tendências pedagógicas e ensino à distância: conjeturas em direção a uma universidade colaborativa. In: A GESTÃO acadêmica em debate. Florianópolis: Insular, 2000. cap. 5, p. 151-183. MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. p.66-68. Campinas:Papirus, 1997. MORAN, José; MASETTO, Marcos; BEHRENS, Marilda. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2000. ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 123 PEREIRA, Potiguara Acácio. Pedagogia do Sujeito. In: FURNALETTO, Ecleide (Org). A Escola e o Aluno – Relações entre o sujeito-aluno e o sujeito-professor. São Paulo: Avercamp, 2007, p. 19-31. PERRENOUD, Phillipe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1999. PRETTO, Nelson de Luca. Uma escola sem/com futuro. Campinas: Papirus, 1999. RESOLUÇÃO 03/98 – Câmara de Educação Básica do CNE disponível em <portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/ pceb23_00.pdf> acesso em 11/2010 – VALENTE, José Armando et al. O Computador e a Sociedade do Conhecimento. Campinas: UNICAMP/UFES, 1999. UNESCO, Educação um Tesouro a Descobrir. Editora Cortez, Brasília. DF: MEC: 1999. WOOD JR, Thomaz. Reformando o ensino e o aprendizado de gestão da produção e operações. In: SIMPOI, 2., 2000. São Paulo. Anais... São Paulo: EAG/FGV, 2000. Você sabe o que é Smart Class e qual o seu impacto na sala de aula? Smart Class: entenda como o conceito facilitará o desenvolvimento das atividades dos educadores, tornando as aulas mais atrativas e interativas aos estudantes. Equipe Educamundo 29/04/2019 Quando o assunto é Tecnologia da Informação (TI), sempre há muito o que discutir e diversas áreas para direcionar o foco. Uma dessas áreas é a Educação, tema deste artigo. Esse segmento é um dos que tem muito a ganhar com a evolução e os avanços da tecnologia. É inegável o papel transformador das inovações tecnológicas no ambiente educacional, que traz para o cotidiano conceitos como smart class, ou “sala de aula inteligente”, e vários outros. Os temas citados e vários outros são estudados no Curso Online Tecnologia da Informação do Educamundo. Para que você tenha amplie sua visão sobre o tema, continue lendo nosso artigo e veja como a tecnologia no ensino pode proporcionar aulas envolventes e atrair a atenção dos alunos. Cursos relacionados que podem te interessar: No Educamundo você se matricula por 1 ano, investindo apenas R$ 69,90, sem mensalidades. Você terá acesso a 1.200 cursos e contará com a opção de obtenção de certificados de diversas cargas horarias, que vão de 5 até 420 horas.Inscreva-se agora mesmo. Smart class: o uso da tecnologia no ensino A tecnologia da informação na Educação já começou a promover mudanças nas metodologias de ensino. Apesar de andar a passos lentos, principalmente no ensino público, que envolve alocação de recursos públicos e bastante burocracia, já há escolas investindo em novos formatos de salas de aula. O que é e como é uma sala de aula inteligente A sala de aula inteligente – smart class – é uma forma nova de ensinar. Moderna e atrativa, ela é representada por um ambiente com quadros interativos ou telões, recursos de animação, áudio, vídeo e dispositivos (como tablets) para os alunos acompanharem as aulas. O papel transformador das inovações tecnológicas na Educação A tecnologia imprime um novo olhar sob a educação. Bastante necessário, considerando o perfil das crianças e dos jovens que frequentam as escolas atualmente. Mas o aspecto transformador não se dá somente com relação à forma de aprendizado do aluno, se dá também na formação do educador. Para ensinar, é preciso dominar não somente o conteúdo, mas também as tecnologias e conhecer conceitos e fundamentos relacionados a elas. Por isso, nosso Curso Online Tecnologia da Informação é uma excelente opção em qualificação para educadores preocupados em acompanhar as tendências na Educação. Os benefícios da Tecnologia da Informação na Educação Entre os principais benefícios podemos citar: O aprimoramento da experiência educacional: o aluno se envolve mais com o dia a dia da escola. Além disso, aprende de forma mais fácil, pois tem à disposição uma diversidade de materiais, por exemplo: sites, vídeos, imagens etc. Personaliza o aprendizado: se você entende que cada um tem uma forma de aprender, você certamente sabe do que falamos. Na sala de aula inteligente, os alunos podem aprender da forma mais eficiente. Quem tem facilidade para aprender ouvindo, por exemplo, tem nos áudios seus grandes aliados, e assim por diante. Agenda brasi leira para a I ndústria 4.0 O Brasil preparado para os desa�os do futuro CONHEÇA A AGENDA I N D Ú S T R I A 4 . 001 As 3 primeiras revoluções industriais trouxeram a produção em massa, as linhas de montagem, a eletricidade e a tecnologia da informação, elevando a renda dos trabalhadores e fazendo da competição tecnológica o cerne do desenvolvimento econômico. A quarta revolução industrial, que terá um impacto mais profundo e exponencial, se caracteriza, por um conjunto de tecnologias que permitem a fusão do mundo físico, digital e biológico. C o m p le x id ad e 1780 1870 1969 2000+ REVOLUÇÃO INDUSTRIAL1ª M ecânica REVOLUÇÃO INDUSTRIAL2ª Elétrica REVOLUÇÃO INDUSTRIAL3ª Automação REVOLUÇÃO INDUSTRIAL4ª I ntel igência Arti fi cial Robótica Big Data e mais As principais tecnologias que permitem a fusão dos mundos físico, digital e biológico são a Manufatura Aditiva, a IA, a IoT, a Biologia Sintética e os Sistemas Ciber Físicos (CPS) 3D MANUFATURA ADITIVA IA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL I oT INTERNET DAS COISAS SynBio BIOLOGIA SINTÉTICA CPS SISTEMAS CIBER-FÍSICOS 02 + + + + + + + + + D E S A F I O S E E X P E C T A V I V A S02 Há grandes desa�os para a economia brasileira, em especial para a indústria, que enfrentou adversidades recentemente. Apesar disto, os dados apontam a quarta revolução industrial como uma oportunidade para o país. Indústria representa hoje menos de 10% do PIB Brasi l ocupa a 69ª colocação no Índice Global de Inovação Entre 2006-2016 a produtividade da industria no Brasil caiu mais de 7% No Índice Global de Competividade da Manufatura, o Brasil caiu da 5º posição em 2010 para a 29º posição em 2016 Relatório "Readiness for the Future of Production Report 2018" (WEF) mostra o país na 41ª posição em termo da estrutura de produção e na 47ª posição nos vetores de produção da indústria. Possuímos países que tem alto potencial para o futuro da indústria, países que lideram o processo, países nascentes no tema e países + + + + que possuem um relativo legado industrial, mas estão mais distantes da corrida para a 4º revolução industrial. Interessante que o Brasil se situa na interface deste quadrante, possuindo potencial para melhorar sua posição nesta nova economia. Cada indústria deve perseguir uma estratégia dual, em que se muda o presente e se constrói o futuro Criar a indústria do futuro I M P A C T O03 Os impactos da I ndústria 4 .0 sobre a produtiv idade, a redução de custos, o controle sobre o processo produtivo, a customização da produção, dentre outros, apontam para uma transformação profunda nas plantas fabris. Segundo levantamento da ABDI, a estimativa anual de redução de custos industriais no Brasil, a partir da migração da indústria para o conceito 4.0, será de, no mínimo, R$ 73 bilhões/ano. Essa economia envolve ganhos de e�ciência, redução nos custos de manutenção de máquinas e consumo de energia. Transformar a indústria hoje + R$ 73 Bilhões/ano Redução dos custos industriais Ganhos de e�ciência Redução de custos de manutenção de máquina Economia de energia R$ 34 Bilhões/ano R$ 31 Bilhões/ano R$ 7 Bilhões/ano Redução total A R E T O M A D A D O C R E S C I M E N T O E C O N Ô M I C O E M 2 0 1 804 O Brasil passou por uma das maiores recessões econômicas da sua história. Porém, devido ao conjunto das reformas econômicas em curso, os indicadores econômicos já demonstram forte recuperação de nossa economia, o que impactará os investimentos da indústria brasileira. B E N S D E CA P I T A L E D E C O N S U M O D U R Á V E I S L I D E R A M R E T O M A D A I N D U S T R I A L Crescimento da produção física industrial a partir do segundo semestre de 2017, com grande participação do crescimento da produção de bens de capital e de consumo duráveis. G T I - G R U P O D E T R A B A L H O D A I N D Ú S T R I A 4 . 005 Diante deste cenário, o M DI C inst i tuiu, em junho de 2017, o Grupo de Trabalho para a I ndústria 4 .0 ( GTI 4 .0) , com o objet ivo de elaborar uma proposta de agenda nacional para o tema. O GTI 4.0 possui mais de 50 instituições representativas (governo, empresas, sociedade civil organizada, etc), por onde ocorreram diversas contribuições e debates sobre diferentes perspectivas e ações para a Indústria 4.0 no Brasil. Temas prioritários como aumento da competitividade das empresas brasileiras, mudanças na estrutura das cadeias produtivas, um novo mercado de trabalho, fábricas do futuro, massi�cação do uso de tecnologias digitais, startups, test beds, dentre outros foram amplamente debatidos e aprofundados neste GTI 4.0. GM/MDIC ABDI ABBI ABICALÇADOS ABII ABIIS ABMA ABMAQ ABIMDE ABIMO ABINEE ABIPLAST ABIPTI EMBRAPII FIESP FINEP GAESI/USP INDT INMETRO INPI IOT ITA MCTIC MEC MF MTB ABIQUIM ABRAFAS ABRAFATI AEA ANDAV ANFACER ANPEI ANPROTEC APEX-BRASIL BNDES BRASSCOM CAPES CNI CNPQ NUMA/USP P&D BRASIL SAE/PR SAP SCS/MDIC SDCI/MDIC SEBRAE SECEX/MDIC SEMPE/MDIC SENAI SIN/MDIC SOFTEX SUFRAMA E S T R U T U R A D E G O V E R N A N Ç A06 A partir das experiências do GTI 4.0 a aliança entre associações empresariais, confederações, federações de indústria e sindicatos é o primeiro passo para trabalharmos com tema tão transversal e impactante. Conselho Governamental Entidade Gestora (ABDI) Comitê de M onitoramento Grupos de trabalho e (MDIC, MF, PR, MTB, MEC, MCTIC, MS, MPDG) De�nição de orientações de políticas públicas Articulação e patrocínio institucional Validação de medidas e monitoramento estratégico Mobilização e articulação operacional da Agenda i4.0 Acompanhamento das medidas e monitoramento das métricas de resultado Promoção e divulgação da agenda i4.0 Gestão da informação (ENTIDADES CONVIDADAS) Acompanhamento, orientação e aconselhamento sobre diferentes tópicos comunidades de especialistas Debate e discussão de diferentes matérias Elaboração de propostas Assessoria técnica P R E M I S S A S D A A G E N D A D A I N D Ú S T R I A 4 . 0 ( 2 0 1 7 - 2 0 1 9 )07 Fomentar iniciativas que facilitem e habilitem o investimento privado, haja vista a nova realidade �scal do país.1 Propor agenda centrada no industrial/empresário, conectando instrumentos de apoio existentes, permitindo uma maior racionalização e uso efetivo, facilitando o acesso dos demandantes, levando o maior volume possível de recursos para a “ponta”. 2 Testar, avaliar, debater e construir consensos por meio da validação de projetos-piloto, medidas experimentais, operando com neutralidade tecnológica.3 Equilibrar medidas de apoio para pequenas e médias empresas com grandes companhias.4 M E D I D A S R U M O À I N D Ú S T R I A 4 . 008 Estratégias empresariais e políticas públicas precisam andar lado a lado. A Agenda Brasileira para a Indústria 4.0 é resultado de amplo debate com o setor produtivo brasileiro, liderado pelo M DI C . Estruturadas a partir do conceito de Jornada para a I ndústria 4 .0, as medidas apresentadas, a seguir, deverão auxiliar os empresários brasileiros nesta trajetória rumo à transformação digital e ao futuro da produção manufatureira. INICIAR JORNADA J ornada da I ndústria para o 4.0 Contribuir para a transformação das empresas em direção à Indústria 4.0 é o grande propósito desta agenda, estruturada em etapas, seguidas segundo o grau de maturidade ou necessidade de cada empresa. Protótipo Em seguida, é necessário saber quem são os parceiros tecnológicos e de negócios e como eles podem contribuir nessa jornada para a 4.0. Conhecimento O ponto de partida começa com a compreensão do conceito de Indústria 4.0 pela empresa, buscando avaliar como está hoje e para onde pode ir. HUB 4 .0 3ª B+P 4 .0 4ª TEST BEDS 5ª AUTO AVALIAÇÃO 2ª DI FUSÃO DO CONTEÚDO 1ª I N Í CI O + + + + + Alianças Estratégicas Em um país mais integrado à economia global, a competitividade da indústria dependerá da capacidade do produtor nacional em incorporar as novas tecnologias da Indústria 4.0, permitindo que ele possa competir em igualdade de condições em seu mercado interno e externo. I ncentivos No fim, o investimento em soluções 4.0 que aumentem a eficiência, a produtividade e a competitividade das empresas é o grande passo para a mudança para novos patamares produtivos. Requisito Com um bom time e regras que facilitem a atuação da empresa no mercado, aumentam-se as chances de sucesso no caminho da 4.0. CONEXÃO GLOBAL 10ª FI NANCI ABI LI DADE 9ª TALENTOS 7ª 8ª REGRAS DO JOGO CONEXÃO STARTUP-I NDÚSTRI A 4 .0 6ª+ + + + + UMA INICIATIVA DA: APOIO: Sociedade Brasileira de Sociologia – SBS Revista Brasileira de Sociologia | Vol. 06, No. 14 | Set-Dez/2018 Artigo recebido em 01.06.2018 / Aprovado em 15.08.2018 http://dx.doi.org/10.20336/rbs.414 10.20336/rbs.414 A Indústria 4.0 e o Futuro do Trabalho: Tensões e Perspectivas Marcelo Augusto Vieira Graglia*1 Noêmia Lazzareschi**2 RESUMO Este artigo tem como objetivo apresentar e analisar os dados fornecidos pelas recen- tes pesquisas sobre a utilização das tecnologias de informação, de comunicação e de inteligência e o seu impacto sobre os mundos do trabalho nos países mais desenvol- vidos do mundo. Concentra-se não apenas na automatização e robotização do proces- so de produção, mas nas novas formas de execução do trabalho em todos os setores da vida econômica que se transformam graças à utilização da inteligência artificial, blockchain, big data e profusão de aplicativos para a satisfação de um sem número de necessidades sociais. Procura demonstrar as tensões sociais que resultam das pro- fundas mudanças dos mercados de trabalho a partir da reestruturação produtiva pro- vocada pela introdução das novas tecnologias e novas técnicas de gerenciamento do processo de trabalho, ressaltando não só um de seus efeitos negativos mais temidos pelos trabalhadores – o aumento do desemprego -, mas também e sobretudo as possi- bilidades de um futuro brilhante para toda a humanidade, definitivamente liberada das tarefas repetitivas, simplificadas, insignificantes que impedem a realização das potencialidades humanas de inteligência, criatividade, espírito crítico e iniciativa. Palavras-chave: Indústria 4.0. Inteligência artificial. Desemprego estrutural. * Doutor em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mestre em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP. Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade de Taubaté. Pesquisa inteligência artificial, indústria 4.0, cidades inteligentes, internet das coisas, trabalho, emprego e reestruturação produtiva. Professor da Faculdade de Economia e Administração da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. ** Possui mestrado em Sciences Sociales Du Travail - Université Catholique de Louvain (1971) e doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (1995). Atualmente é assistente doutor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia do Trabalho, atuando principalmente nos seguintes temas: trabalho, turismo, reestruturação produtiva, emprego e tempo livre. A INDÚSTRIA 4.0 E O FUTURO DO TRABALHO Marcelo Augusto Vieira Graglia | Noêmia Lazzareschi REVISTA BRASILEIRA DE SOCIOLOGIA | Vol 06, No. 14 | Set-Dez/2018 110 ABSTRACT INDUSTRY 4.0 AND THE FUTURE OF WORK: TENSIONS AND PERSPECTIVESThis article aims to present and analyze the data provided by the recent research on the use of information technology and your impact on the world of work in the most developed countries in the world. Focuses not only on automation and robo- tization of the production process, but in new ways of performing the work in all sectors of economic life that if transformed thanks to the use of artificial intelligence, blockchain, big data and profusion of applications for the satisfaction of a number of social needs. Seeks to demonstrate the social tensions resulting from changes in labor markets from the productive restructuring brought about by the introduction of new technologies and new techniques of process management work, emphasizing not only one of his most feared negative effects by employees – rising unemployment – but also and above all the possibilities of a bright future for all humanity, definitely released of repetitive tasks, simplified, insignificant that prevent the realization of the human potential of intelligence, creativity, critical spirit and initiative. Keywords: Industry 4.0. Artificial intelligence. Structural unemployment. Introdução O desenvolvimento da tecnologia ao longo da história da humanidade é normalmente reconhecido como o responsável por grandes e significativos avanços em campos tão críticos quanto diversos, como a alimentação, o trans- porte, a saúde e a qualidade de vida. Os benefícios propiciados pela tecnologia são absolutamente tangíveis, relevantes e intrinsecamente relacionados com o próprio desenvolvimento científico e civilizatório (CASTELLS, 2006). No campo do trabalho humano, é histórico o temor pelos efeitos poten- cialmente destruidores da tecnologia sobre os postos de trabalho, simbolica- mente representado pelo movimento ludista ocorrido na Inglaterra no início do século XIX. O ludismo foi um movimento de trabalhadores que utilizou a destruição de máquinas - prática que era comum entre os mineiros ingleses - como forma de pressionar os empregadores contra as condições precárias a que eram submetidos: jornadas exaustivas, ambientes de trabalho insalubres e baixos salários. O cenário se agravava com a introdução de máquinas que causavam demissões e substituição de funções mais qualificadas por outras de pouca exigência técnica e pior remuneradas. O momento histórico era de A INDÚSTRIA 4.0 E O FUTURO DO TRABALHO Marcelo Augusto Vieira Graglia | Noêmia Lazzareschi REVISTA BRASILEIRA DE SOCIOLOGIA | Vol 06, No. 14 | Set-Dez/2018 111 turbulência econômica e desemprego em massa, com inúmeras famílias sen- do assoladas pela fome. Questões de competição entre pequenos produtores também se faziam presentes (ROBSBAWM, 1952). Novamente, a emergência de uma nova revolução tecnológica reacende a polêmica com debates entre visões diametralmente opostas: a daqueles que vislumbram um futuro brilhante, no qual a tecnologia liberta a humanidade da obrigação do trabalho ou ao menos do trabalho duro, repetitivo, desesti- mulante, ao mesmo tempo que elimina doenças, promove a longevidade, o conforto e o deleite com novas possibilidades lúdicas e sensoriais trazidas por novos e tecnológicos dispositivos, sistemas e ambientes digitais; em po- sição antagônica, a daqueles que temem as consequências potencialmente nefastas da proliferação da tecnologia de forma intensa por tantos campos sensíveis, como o trabalho, a medicina genética, o controle sobre as informa- ções, sobre os veículos e mesmo sua aplicação no campo militar, criando no- vos e terríveis cães de guerra. Soma-se ainda o risco da desumanização das relações e da própria consciência humana, num cenário de pós-humanismo cibernético (FUKUYAMA, 2002). O que alimenta estes temores? Embora a informatização tenha sido historicamente confinada a tarefas rotineiras en- volvendo atividades baseadas em regras explícitas, a inteligência artificial e os algoritmos para big data agora estão entrando rapidamente em domí- nios dependentes de reconhecimento de padrões e podem substituir pronta- mente o trabalho em uma ampla gama de tarefas cognitivas não rotineiras. Somando-se a isso, robôs avançados estão ganhando sentidos aprimorados e destreza, que lhes permitem executar uma ampla variedade de tarefas ma- nuais. Isso provavelmente mudará a natureza do trabalho em empresas e profissões (BRYNJOLFSSON; MCAFEE, 2011). Algumas mudanças já são percebidas. Os avanços nas interfaces de usuário, por exemplo, já permitem que computadores respondam com mais eficiência aos pedidos de clientes, reduzindo a necessidade de intervenção humana em algumas atividades de atendimento e serviços. Com a expansão da capacidade dos computadores, tarefas que já foram consideradas muito complexas para serem codificadas estão sendo convertidas em problemas bem definidos tratáveis através de soluções digitais (OSBORNE; FREY, 2014). Novas aplicações de alto desem- penho no reconhecimento de fala e processamento de texto permitem inter- pretação simultânea, criação automática de textos-padrão complexos, bem como a análise de grandes volumes de texto para fins legais. Em medicina, A INDÚSTRIA 4.0 E O FUTURO DO TRABALHO Marcelo Augusto Vieira Graglia | Noêmia Lazzareschi REVISTA BRASILEIRA DE SOCIOLOGIA | Vol 06, No. 14 | Set-Dez/2018 112 o software inteligente de reconhecimento de imagem pode melhorar signi- ficativamente o diagnóstico de muitas doenças e gerar aumento da capaci- dade produtiva para os médicos e afetar a classe dos clínicos gerais. Na área de cuidados de saúde, estão sendo testados sistemas interativos que podem promover o bem-estar psicológico e emocional de idosos, substituindo em parte o trabalho de assistentes e cuidadores. Em suma, seja em relação ao trabalho industrial, de serviço ou de co- nhecimento, a digitalização está mudando todo o sistema sociotécnico de pessoas, organização e tecnologia. Em seus efeitos, há aspectos claramente positivos e outros que inspiram maior reflexão. A figura 1 ilustra a mudança no sistema sociotécnico do trabalho. Figura 1: Mudança no sistema sociotécnico como resultado da digitalização Fonte: BMAS (2017) Na interface entre as pessoas e a tecnologia, as novas tarefas serão dis- tribuídas com base nas respectivas forças situacionais e específicas, em que a tecnologia pode ajustar as prioridades e customizar a tarefa para a aplica- ção específica. Na interface entre organização e tecnologia, os subprocessos hierarquicamente separados, fragmentados, que até então foram executados um após o outro de forma sequencial, são substituídos por procedimentos integrados, simultâneos e descentralizados. Na interface entre homem e or- ganização, surge a questão de adaptar tarefas e distribuir papéis. A mudança na interação homem-máquina abre, assim, novas oportunidades para o re- desenho do trabalho e dos processos de produção. Surgem possibilidades para alívio do trabalho rotineiro e repetitivo, para o desenvolvimento das A INDÚSTRIA 4.0 E O FUTURO DO TRABALHO Marcelo Augusto Vieira Graglia | Noêmia Lazzareschi REVISTA BRASILEIRA DE SOCIOLOGIA | Vol 06, No. 14 | Set-Dez/2018 113 habilidades dos funcionários e, mesmo, para a reconciliação da vida pri- vada e trabalho, à medida em que este possa ser tornado mais eficiente, com menor demanda de tempo de dedicação e menos dependência de ciclos de máquinas e equipamentos. O aumento da flexibilização e a organização dos processos em rede abrem oportunidades mais interessantes de interação pessoas-máquinas, permitindo o trabalho mais remoto e alterando em parte a necessidade da presença física constante das pessoas nas instalações das em- presas. Esta lógica adveio da revolução industrial, que deslocou o espaço-tem- po de trabalho obrigando os indivíduos a agruparem-se em fábricas, em locais fisicamente determinados e em horários pré-estabelecidos (BMAS, 2017). Um desenho mais apropriado para a era da interaçãohomem-máquina pode contribuir para uma base mais adequada para as operações. Atividades ergonomicamente desfavoráveis podem ser substituídas, aliviando as pesso- as da execução de tarefas fisicamente difíceis ou mentalmente estressantes. Desta forma, o estresse físico e mental pode ser reduzido. Mais oportunida- des de inclusão no mercado de trabalho surgirão, pois as restrições devido a limitações físicas ou sensoriais podem ser compensadas com a ajuda de sistemas de assistência. As pessoas portadoras de necessidades especiais podem fazer um trabalho mais abrangente. Os trabalhadores mais velhos podem trabalhar mais e de forma mais saudável, o que é uma possibilidade estratégica no atual contexto demográfico, em que vários países estão en- frentando redução de sua força de trabalho por conta do envelhecimento, o que gera efeitos deletérios sobre suas economias (VOGLER-LUDWIG; DÜLL; KRIECHEL, 2016). O aprimoramento de capacidade produtiva também se aplica à área cog- nitiva: a disponibilidade constante de informações preparadas com precisão contribui para melhor suporte ao processo de tomada de decisão ao mesmo tempo que possibilita a expansão e maior abrangência das análises e atua- ções decisórias, se forem suportadas por sistemas de assistência inteligentes. Sistemas de tutoria inteligentes poderiam permitir um nível muito maior de aprendizagem no processo de trabalho. As tarefas de trabalho podem ser projetadas e distribuídas de forma que considerem e promovam sistemati- camente a capacidade física e mental de cada indivíduo que trabalha com o sistema autônomo. Essas novas potencialidades estão moldando o mundo do trabalho de amanhã e envolvem a digitalização, novas bases tecnológicas e oportunidades de colaboração, produção, organização dos negócios e dis- A INDÚSTRIA 4.0 E O FUTURO DO TRABALHO Marcelo Augusto Vieira Graglia | Noêmia Lazzareschi REVISTA BRASILEIRA DE SOCIOLOGIA | Vol 06, No. 14 | Set-Dez/2018 114 tribuição de bens e serviços. Vislumbram-se novas possibilidades para um novo tipo de trabalho no futuro: mais produtivo, mais flexível, mais em rede, com possibilidade maior de conectividade internacional. Ao mesmo tempo, criam pressão para a mudança, a necessidade de adaptação e a premência da inovação. Quanto mais percebemos o novo, quanto mais ele se mostra ou pode ser imaginado, mais decisivamente é possível moldá-lo de acordo com os valores e necessidades da nossa sociedade (BMAS, 2017). Campos de tensão A interação com sistemas complexos e cada vez mais autônomos também apresenta desafios para os trabalhadores. A adoção de sistemas e equipa- mentos tecnológicos avançados modifica a natureza do trabalho humano nas organizações e interfere em várias dimensões do ambiente de trabalho. A amplitude do trabalho pode ter sua complexidade enxugada até o ponto em que o humano se torna assistente da máquina e passa a realizar apenas tarefas complementares em que ela ainda seja improdutiva. Tal condição restringiria aos indivíduos a capacidade de desenvolver visão sistêmica e reduziria o significado do trabalho e o seu propósito, empobrecendo o pro- cesso de aprendizagem à medida em que habilidades específicas não seriam mais desenvolvidas pelas pessoas, gerando perda de conhecimento prático. Uma forma de opressão digital poderia se instituir, dadas as imensas possi- bilidades de monitoramento e controle do desempenho dos trabalhadores, numa alegoria literária, tal qual descrito no romance distópico “Mil nove- centos e oitenta e quatro”, publicado em 1949 pelo inglês George Orwell (ORWELL, 2004). O risco de substituição permanente do trabalho humano pelas máquinas e sistemas interfere na questão da motivação dos trabalhadores, pois abala as suposições de estabilidade no emprego e, consequentemente, de garantia da renda e do sustento. Maslow, em sua teoria sobre as necessidades humanas e a motivação dos indivíduos, coloca a questão da segurança como sendo um dos requisitos básicos para a satisfação das necessidades humanas (SEN- GUPTA, 2011). A figura 20 indica as áreas de tensão que surgem a partir do contexto da digitalização e automação intensa dos processos de trabalho e operações. A INDÚSTRIA 4.0 E O FUTURO DO TRABALHO Marcelo Augusto Vieira Graglia | Noêmia Lazzareschi REVISTA BRASILEIRA DE SOCIOLOGIA | Vol 06, No. 14 | Set-Dez/2018 115 Figura 2: Campos de tensão para o trabalhador diante do avanço da digitalização do ambiente de trabalho. Fonte: os autores Empobrecimento do trabalho A interação pessoas-máquina pode tanto enriquecer as atividades para os funcionários, tornando-as mais integradas e significativas, como depreciá- -las, conforme o modelo que seja adotado. O desenho do trabalho pode defi- nir o uso dos sistemas para fornecer assistência para o indivíduo lidar com as novas complexidades. Também pode partir do princípio da simplificação e normalização exaustiva dos processos, tornando reduzida a possibilidade de aplicação do conhecimento e da experiência pelas equipes de trabalho (BMAS, 2017). Situações em que o funcionário segue apenas sinais ou co- mandos emitidos pelo próprio sistema tornariam o trabalho enfadonho e pouco significativo. Processos desenhados com automação excessiva, que buscam eficiência extrema, podem acabar por delegar apenas atividades re- siduais e monótonas aos trabalhadores, retirando o sentido do trabalho e destruindo a motivação de fazê-lo. Seria uma espécie de taylorismo digital, uma volta às origens da administração científica, cujos princípios funda- mentais são a especialização, a padronização das tarefas, a divisão do traba- lho em tarefas simples e capazes de uma execução que não demande qualifi- cação profissional sofisticada, entre outras (TAYLOR, 1990). A INDÚSTRIA 4.0 E O FUTURO DO TRABALHO Marcelo Augusto Vieira Graglia | Noêmia Lazzareschi REVISTA BRASILEIRA DE SOCIOLOGIA | Vol 06, No. 14 | Set-Dez/2018 116 Perda do conhecimento tácito Um segundo campo de tensão diz respeito à importância do conhecimen- to baseado na experiência. À medida que o papel dos humanos é cada vez mais reduzido para mera supervisão dos processos automatizados, dificil- mente os funcionários desenvolverão competência para operá-los, analisá- -los criticamente e mesmo melhorá-los. O chamado conhecimento tácito, aquele que é fruto da experiência, adquirido pelo exercício da prática recor- rente, termina por não se desenvolver nas equipes de trabalho, o que gera tanto dependência excessiva dos sistemas automatizados quanto esvazia- mento da capacidade destas equipes de otimizar seus processos. O quadro 1 apresenta uma experiência desenvolvida na Toyota no Japão em que pessoas são reintroduzidas no trabalho de linhas de montagens para que possam identificar oportunidades de melhoria nos processos produtivos (TRUDELL; HAGIWARA; JIE, 2014). Experiência similar foi desenvolvida numa fábri- ca da Mercedes, em que a empresa entendeu que algumas atividades que haviam sido automatizadas deveriam novamente ser feitas por pessoas, in- clusive para que a empresa não perdesse seu know how e pudesse ter certa flexibilidade em situações de falha de equipamentos (GIBBS, 2016). Quadro 1: Experiência na linha de montagem da Toyota. O caso da Toyota Os fabricantes de automóveis adotam a automação e substituem humanos por robôs em suas linhas de montagens há muitos anos. Mas a Toyota, maior fabri- cante mundial de veículos, está literalmente dando um passo para trás e substi- tuindo máquinas automatizadas em algumas fábricas no Japão e criando linhas de produção com razoável participação manual de pessoas. É uma escolha não convencional para uma empresa japonesa. O Japão concentra, de longe, o maior número de robôs industriais do mundo: mais de trezentos mil. A noção de colocar pessoas de volta ao comando das linhas de montagem é contra intuitiva porque os robôs se tornaram muito eficientes em
Compartilhar