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Contextualização 
 
Caro(a) aluno(a), 
Neste material, vamos tratar da forma como a educação deve evoluir para que prepare os novos 
profissionais para operarem e atuarem na “era 4.0”. 
Nos dias atuais, as inovações ocorrem desenfreadamente, tomamos conhecimento de novas 
tecnologias a todo tempo, ou do uso inovador das já existentes. Com tudo isso, temos a 
oportunidade de acesso a produtos de consumo e serviços com grandes melhorias, com mais 
recursos do que os existentes e outros totalmente modificados. A questão que fica é, a 
velocidade com que essas mudanças ocorrem não está ultrapassando nossa capacidade de nos 
mantermos atualizados? 
Nesta fase, em que vivemos a revolução 4.0, o maior destaque vai para a chamada Indústria 4.0, 
que é baseada na utilização de IoT, cloud computing, inteligência artificial, biotecnologia, entre 
outras inovações, que está, em resumo, conectando tudo via internet: máquinas pessoas, 
sensores, entre outros. 
A educação não pode ficar alheia a esse movimento, pois a academia é a responsável por formar 
a mão de obra para fazer a Indústria 4. 0 acontecer, e claro que, para isso, devemos ter uma 
educação 4.0, onde o uso da tecnologia e a inovação devem ser os pilares. 
Dentro da ideia da utilização da tecnologia nas salas de aula, sugiram, por exemplo, as smart 
classes, “Salas de Aula Inteligentes”, que contam com grandes telões e quadros interativos, onde 
o professor demonstra e explica assuntos com a ajuda de vídeos, áudios, animações etc., 
enquanto na outra ponta, os alunos, com seus dispositivos eletrônicos, como tablets e celulares 
, fazem anotações, assistem novamente aos vídeos e interagem com o conteúdo, muitas vezes 
resolvendo situações-problema propostas em sala de aula. 
Ainda para atender a essas necessidades tecnológicas do novo modo de se ensinar e aprender, 
a plataforma digital YouinLab, possui cursos voltados para estudantes, engenheiros, técnicos e 
tecnólogos, com muita interatividade e simulação, por exemplo, no Curso de Análise de 
Vibrações, que foi desenvolvido com tecnologia 3D, são reproduzidas todas as possibilidades de 
uma aplicação industrial, o que permite realizar atividades práticas. Essa tecnologia pode 
também fornecer ao aluno a possibilidade de interagir com um ambiente, utilizando óculos 3D, 
como se estivesse em uma situação real de trabalho. 
Em resumo, se você pretende estar no mercado de trabalho nos próximos anos, deve procurar 
se atualizar permanentemente, procurando se aprofundar nos temas mais relevantes 
envolvidos na revolução 4.0. 
Orientações para Leitura Obrigatória com Comentários Sobre as Indicações 
Segundo diversos autores sobre o tema da indústria 4.0, também conhecida como a quarta 
revolução industrial, esta teve seu início na Alemanha em meados 2012. 
Segundo o conceito da indústria 4.0, os sistemas de produção ficam cada vez mais inteligentes, 
possibilitam a detecção das necessidades produtivas, das necessidades de suprimentos e de 
materiais por meio da união de tecnologias físicas e digitais. Estas tecnologias (físicas e digitais) 
promovem a integração de todas as etapas do desenvolvimento de um produto ou de um 
processo. Tais características da indústria 4.0 trazem impactos profundos no perfil da mão de 
obra, exigindo profissionais polivalentes, com diversos conhecimentos interdisciplinares e 
altamente qualificados. 
Para você se aprofundar mais neste assunto, um livro é de leitura obrigatória e está disponível 
na biblioteca virtual e outro link disponível abaixo: 
 
 
ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 
http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 
 
 
103 
 
 
A INSERÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO NA FORMAÇÃO DOCENTE DO ENSINO SUPERIOR 
Dimas José Francisco
1, Marcelo Ricardo Mello Loureiro Lima 2 
Resumo 
O artigo busca compreender as relações entre as Tecnologias da Informação e Comunicação 
(TICs) e a intensificação da formação profissional docente. As novas tecnologias computacionais 
oferecem recursos para auxiliar as aulas e incrementar o processo de ensino-aprendizagem. Os 
recursos dessas tecnologias favorecem o processo de transformação educacional e criam 
ambientes de aprendizagem que enfatizam a assimilação do conhecimento; sua integração com o 
trabalho promove a formulação de propostas modernas de ensino. Diante deste novo paradigma 
educacional emergente, há de se pensar no que realmente é necessário ao professor para, não só 
participar deste contexto, mas gerir as mudanças que afloram dentro e fora da escola no novo 
mundo da sociedade do conhecimento. 
Palavras-chave: tecnologias da informação e comunicação (TICs); conhecimento; formação 
profissional docente. 
 
 
THE INSERTION OF INFORMATION AND COMMUNICATION 
TECHNOLOGIES IN TEACHING TRAINING IN HIGHER EDUCATION 
 
 
Abstract 
The article wants to understand the relationships between the Information and Communication 
Technologies (ICTs) and the intensification of the training courses for teaching professionals. The 
new computer technologies offer resources to help school and enhance the teaching-learning 
process. The capabilities of these technologies make the process of educational transformation 
easier and create learning environments which emphasize the assimilation of knowledge; its 
integration with the work promotes the formulation of modern educational proposals. Having to face 
this new educational emerging paradigm, one has to think about what in fact is necessary for the 
teacher in order to not only participate of this context, but manage the changes that arise inside 
and outside school in the new world of knowledge society. 
 
Key words: information and communication technologies. (ICTs); knowledge; teacher training. 
 
 
 
1
 dimas.francico@cesmac.edu.br 
2
 marcelo.2012@hotmail.com 
 
mailto:dimas.francico@cesmac.edu.br
mailto:marcelo.2012@hotmail.com
 
 
ISSN 1806-0714, v. 3, ano 2019 
http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/administracao/index 
 
 
104 
 
1. INTRODUÇÃO 
Apesar de certas divergências pontuais, começa-se a chegar a um conjunto 
relativamente homogêneo de características que acabam por conceituar as Tecnologias 
de Informação e Comunicação – TICs no processo de aprendizagem e dar-lhes uma 
dimensão prática adaptada aos dias atuais e às demandas por universalização de 
processos de ensino. 
As TICs são utilizadas como ferramentas pedagógicas nos processos de 
aprendizagem do ensino superior presencial, e no não presencial, ou seja, (educação a 
distância - EAD). É importante observar que existem divergências no contexto do ensino 
superior presencial e o não presencial, não podendo este último ser visto como 
substitutivo da educação convencional (presencial). São duas modalidades do mesmo 
processo. A educação não presencial não concorre com a educação convencional, tendo 
em vista que não é este o seu principal objetivo. 
Esta modalidade de ensino não pode ser encarada como uma solução única para 
todos os males da educação brasileira. Há um esforço muito grande dos educadores e 
pesquisadores da educação em mostrar que os problemas da educação brasileira não se 
concentram somente no interior do sistema educacional, mas, antes de tudo, refletem 
uma situação de desigualdade e polaridade social, produto de um sistema econômico e 
político perverso e desequilibrado. 
Muito se tem estudado e discutido sobre as novas modalidades de ensino, criadas 
através da utilização de tecnologias de última geração. Qualquer tecnologia dentre as 
existentes, mesmo as mais antigas, apresenta vantagens e desvantagens, afetando a 
cada situação em particular, sem que haja um claro predomínio em termos de eficácia. 
Esta inserção modifica e estabelece uma nova forma de ensinar, com novas modalidades 
pedagógicas de ensino e aprendizagem sendo propostas (MONTEIRO et al., 2000). 
A inserção das tecnologiasde informação na educação não é somente o principal 
elemento a ser discutido, temos também as limitações da escola presencial, em função 
das novas exigências de uma educação inserida num contexto globalizado e em 
 
 
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constante mutação, que decorre, principalmente, do crescente desenvolvimento das 
tecnologias da informação e do universo de práticas e significados em que vive nossa 
juventude. 
Na perspectiva de utilização de novas tecnologias, colocam-se como principais 
desafios da sociedade da informação, o desemprego tecnológico; a desqualificação para 
o trabalho; a perda do sentido de identidade (desterritorialização) e o aprofundamento 
das desigualdades sociais. O maior problema não é mais o acesso ao conhecimento, 
mas a sua superabundância, o que implica no real problema de hoje que é o da seleção, 
da avaliação e do gerenciamento do conhecimento (LÉVY, 1999). 
 
2. METODOLOGIA 
A metodologia da pesquisa é de suma importância para todo e qualquer trabalho 
de cunho científico e/ou técnico, pois é a partir deste momento, que se traçam caminhos 
que serão percorridos durante a pesquisa para o atingimento dos resultados, resolução 
de problemas, levantamento de hipóteses ou questionamentos acerca de uma realidade 
(LAKATOS E MARCONI, 2011). 
Para a realização deste estudo o procedimento metodológico adotado foi o da 
Análise Documental centrada na literatura sobre o tema e investigação in loco da 
utilização da ferramenta. A abordagem da pesquisa é a quali-quantitativa. 
O estudo foi fundamentado nas contribuições teóricas de Kenski (2001, 2003 e 
2008), Pereira (2007, 2008 e 2012), Mercado (2002, 2004 e 2009), dentre outros, diante 
da nova postura do educador, quando há um desenvolvimento maior na relação entre 
professor e aluno, o que favorece a troca de informações simultâneas e promove, entre 
eles, uma maior integração sócio pedagógica. 
De acordo com Lakatos e Marconi (2011), a pesquisa bibliográfica: Trata-se do 
levantamento, seleção e documentação de toda bibliografia já publicada sobre o assunto 
que está sendo pesquisados em livros, revistas, jornais, boletins, monografias, teses, 
 
 
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dissertações, material cartográfico, com o objetivo de colocar o pesquisador em contato 
direto com todo material já escrito sobre o mesmo. 
 
3. REVISÃO DA LITERATURA 
3.1. A nova formação docente 
Estudiosos como Wood Jr. (2000), afirma que a estrutura do ensino superior e a 
formação profissional são na maioria das vezes precárias, não tendo condições de 
acompanhar as exigências de mudanças ocorridas no mercado de trabalho. Isto se 
considerados o distanciamento entre o conteúdo das disciplinas, constante nos 
currículos, e a velocidade das transformações nos vários campos do conhecimento 
científico e tecnológico, característica da atualidade. Sobre o tema, Ferreira (1999) 
destaca que os profissionais graduados encontram sérias dificuldades de se relacionarem 
com novas TICs, pois costumam ter uma formação diferenciada das demandas da 
realidade. Portanto, encontram dificuldades para atuar no mercado de trabalho. Também 
segundo o autor, o mercado “vive uma constante evolução (obrigatória, pela 
competitividade dos dias de hoje) que não foi acompanhada no decorrer da educação 
desse novo profissional”. (1999, p.2). 
Hoje, atrelado ao processo revolucionário das novas tecnologias, entramos em 
uma fase que traz como potencial a aceleração entre os usuários e fontes de informação, 
reforçando o movimento de cidadãos. No mundo dos novos meios de comunicação e 
informação, as inovações decorrentes das tecnologias são decisivas no processo de 
transformação sócio cultural. 
Assim, considera-se que as atuais propostas pedagógicas devem incluir 
competências básicas, conteúdos e formas de tratamento de conteúdos coerentes com 
os princípios da nova lei de diretrizes e bases (LDB) para a Educação, a saber: 
“Desenvolver a capacidade de aprender e continuar aprendendo, da 
autonomia intelectual, do pensamento crítico, de modo a prosseguir os 
estudos, e adaptar-se com flexibilidade a novas condições de ocupação ou 
aperfeiçoamento”. (Resolução 03/98 – Câmara de Educação Básica do 
Conselho Nacional de Educação). 
 
 
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Desta forma, torna-se necessária uma formação que fomente no professor o 
desejo de um contínuo e permanente desenvolvimento, que o capacite a ensinar e a 
aprender, pois um novo perfil do profissional da educação é delineado, cujo êxito 
depende da capacidade individual de manejar a complexidade e resolver problemas 
práticos, integrando assim o conhecimento e a técnica. 
A mudança tenderá a ocorrer também por meio da experiência do professor ou 
instrutor. Nesse caso, o professor transforma-se em condutor, em bandeirante ou 
desbravador de conhecimentos. Associado a esse novo papel exige-se a configuração de 
novas tendências ou correntes pedagógicas, que efetivamente representem 
transformações similares, não só nos alunos (ou aprendizes, como se quer hoje), mas, 
principalmente, na qualificação dos professores. Desejam-se professores e alunos que 
interajam nesse ambiente colaborativo como verdadeiros construtores de disciplinas, num 
processo evolutivo que transforma a disciplina, adequando-a às necessidades do 
ambiente. Os professores, atuando como verdadeiros tutores dos alunos, e os alunos, 
transformando-se de simples receptores passivos do conhecimento em solucionadores 
de problemas, construirão um todo agindo diretamente na construção da disciplina e no 
perfil profissional dos alunos. 
O papel do professor também foi reformulado. Ele não é mais o centro do 
processo educativo, nem o detentor do saber. O atual contexto educacional demanda um 
professor mediador, ou seja, uma pessoa capaz de orientar e coordenar o processo de 
construção do conhecimento dos alunos-sujeitos, respaldado pelos avanços tecnológicos. 
Esse desafio que o professor do século XXI assume acentua a sua importância no 
processo educativo como um elemento articulador de práticas pedagógicas e 
tecnológicas fundadas nas ideias de cooperação, dialogicidade, contextualização e 
educação permanente, ou seja, construção continuada do conhecimento não 
necessariamente restrita à vivência escolar presencial. 
Dornelles et al. (2006, p.11) relata que para concretizar projetos de 
mudanças, a Universidade não pode perder a capacidade de questionar, 
investigar, incomodar e, de criar soluções para os novos desafios de ordem 
tecnológica e social. Isso representa a necessidade da adoção de um valor: o 
 
 
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pluralismo de ideias, acompanhado de universalismo, solidariedade, ética e 
excelência. É certo que sem pluralismo não existe o cultivo do espírito crítico. 
Os docentes têm que reconhecer a partir da consolidação de novos 
recursos que as exigências para exercer a docência aumentaram e tendem a 
aumentar ainda mais. Com isso, além da necessidade de uma constante 
atualização quanto aos avanços tecnológicos, pressupondo um estado de 
permanente aprendizado, torna-se imprescindível, o aprofundamento por meio da 
articulação docência/investigação, com ênfase para pesquisas relacionadas às 
novas tecnologias. 
 
3.2. As novas competências geradas pelas TICs 
O papel relevante das TICs, no campo educacional, depende de muitos fatores, 
dentre os quais a formação de professores parece ser o que merece grande destaque e 
um estudo aprofundado por serem eles, os professores, os atores principais na 
disseminação do conhecimento e no desenvolvimento intelectual, social eafetivo do 
indivíduo. Se o computador pode ser um instrumento para auxiliar este desenvolvimento, 
o professor necessita saber utilizá-lo com competência e eficiência. Para tanto, estuda-se 
como deve ser esta competência, e suas implicações, para compreensão da realidade do 
complexo sistema educacional. É preciso detectar o que pode e deve ser mudado na 
busca de uma educação de excelência. 
É bastante sugestivo que se reveja o papel do professor no contexto escolar, bem 
como sua formação e sua prática pedagógica para que este perceba a necessidade de 
se desenvolver e melhorar a prática profissional, transformando-se em agente de 
mudança, mesmo que essa adequação possa gerar insegurança. Não há como evitar as 
resistências, o receio do novo e o medo de ousar, que se apresentam como impedimento 
a primeira vista. 
A área educacional vem passando por uma série de mudanças sociais, políticas, 
econômicas, tecnológicas, mudanças que interferem diretamente no corpo docente desde 
 
 
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sua prática pedagógica à sua concepção de educação exigindo que os professores 
tenham determinadas competências e habilidades para desenvolverem sua prática 
pedagógica dentro de um contexto social que necessita com urgência de mudanças no 
processo ensino aprendizagem. 
Novas competências para ensinar abrangem desde organizar e dirigir situações 
de aprendizagens, compreender a heterogeneidade no âmbito da turma, ampliar o desejo 
de aprender, trabalhar em equipe, resolver os dilemas éticos da profissão, administrar e 
organizar sua própria formação, até usar ferramentas multimídias no ensino, comunicar-
se à distância por meio da internet, utilizar os editores de textos, computador, internet; e 
por que não o uso de um portal educacional fazendo relações com os objetivos de ensino 
propostos? A abrangência dessas competências é o que se observa de mais substancial 
na linha de atuação docente conforme Mercado (2002), Almeida (2003) e (2005). 
O velho modelo da transmissão do conhecimento concebido como algo acabado, 
centrado no ensino, no qual o aluno exercia a função passiva de receptor, embora ainda 
vigente, encontra-se esgotado e deve dar lugar a um novo modelo. 
A necessidade da adoção de um novo modelo educacional nasce de uma nova 
configuração social e adequação às exigências da sociedade da informação e do 
conhecimento, porém, essa necessidade não significa o desprezo e o descarte por 
completo do velho tradicional modelo. Neste sentido, Delors (1999) apresenta quatro 
pilares definidos pela Comissão Internacional da UNESCO sobre Educação para o século 
XXI. O documento apresenta recomendações essenciais ao processo educativo como a 
formação de um cidadão ético, solidário e competente. Estes pilares que caracterizam 
uma aprendizagem efetiva e significativa são: aprender a conhecer, aprender a fazer, 
aprender a viver juntos e aprender a ser. 
Os quatro pilares da UNESCO para a educação do século XXI são um norte para 
que os docentes corroborem na mudança e melhoria da educação. Além de transmitir 
informações, tem de formar cidadãos que saibam transformar essas informações em 
conhecimento, em ação, e desenvolver habilidades e competências que os capacitem a 
lidar com o universo de informações, com as rápidas transformações nos modos de 
 
 
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produção, e deem-lhe condições de realizar um projeto de vida e de sociedade, este é o 
desafio. 
Com efeito, o professor pode passar de repassador de conteúdos pura e 
simplesmente para o professor formador, facilitador, competente e com novas habilidades 
como por exemplo, sabendo utilizar um computador. E é por isso que a formação do 
mesmo, ou melhor, os formadores dos futuros formadores deverão ter mente aberta para 
trabalhar de forma ampla, sendo capazes de experienciar novas formas de ensinar, como 
afirma Almeida (2003, p.204) “Na rede, todos os participantes são potencialmente 
emissores, receptores e produtores de informação”. Os alunos de hoje nasceram na era 
digital, era dos avanços, das novas descobertas científicas e tecnológicas. 
Os jovens de hoje fazem parte de uma sociedade conectada, e uma das 
necessidades dos professores de nível superior é formar os futuros professores dentro 
também deste universo tecnológico. O desenvolvimento tecnológico abrange todos, não 
pode mais ser ignorado, tão pouco pelos professores. As TICs estão em todos os âmbitos 
e segundo Perrenoud (1999, p.125) “transformam espetacularmente não só nossas 
maneiras de comunicar, mas, também de trabalhar, de decidir, de pensar.” 
Segundo o autor citado, colocar as TICs no cerne da evolução do ofício do 
professor, na formação inicial, é aspecto especial para a abertura que as mesmas 
propiciam no âmbito educativo, pessoal e na comunidade em que estes futuros 
professores estarão inseridos; espera-se, assim, que sua formação inicial tenha 
proporcionado condições para o uso das mesmas de forma adequada, possibilitando uma 
melhor atuação dos mesmos. O ensino superior precisa voltar a formação para que ela 
ocorra dentro deste contexto oportunizado pelas TICs. Vale salientar que inserir o uso 
das TICs na formação inicial não se restringe apenas a aprender informática, saber ligar 
ou desligar computadores, digitar, imprimir, ou tão pouco enviar e-mails, e sim integrar a 
tudo isto as funções pedagógicas e didáticas para que a prática não se resuma apenas a 
aulas de informática. Sensibilizar hoje, no pensamento, na atuação dos professores de 
nível superior que, segundo Perrenoud (1999, p.128) envolve. 
Formar para as novas tecnologias é formar julgamento, o senso crítico, o 
pensamento hipotético e dedutivo, as faculdades de observação e de 
 
 
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pesquisa, a imaginação, a capacidade de memorizar e classificar, a leitura 
e a análise de textos e imagens, a representação de redes, de 
procedimentos e de estratégias de comunicação. 
O professor que utiliza as ferramentas oferecidas pelo computador terá melhor 
habilidade em lidar com as situações que forem surgindo no decorrer das aulas, 
ampliando as oportunidades de aprendizagem e seu potencial teórico mais rico e 
diversificado em conhecimentos e atividades, diferentemente daqueles que em sua 
prática não dispõem destas ferramentas. Portanto, segundo Barreto (2001, p.12) 
A docência é entendida como transmissão rápida de conhecimentos 
consignados em manuais de fácil leitura para os estudantes, de 
preferência, ricos em ilustrações e com duplicata em CDs. [...] A docência 
é pensada como habilitação rápida para graduados, que precisam entrar 
rapidamente num mercado de trabalho do qual serão expulsos em poucos 
anos, pois tornam-se, em pouco tempo, jovens obsoletos e descartáveis; 
ou como correia de transmissão entre pesquisadores e treino para novos 
pesquisadores. Transmissão e adestramento. Desapareceu, portanto, a 
marca essencial da docência: a formação. 
É preciso pensar urgentemente numa formação inicial com base sólida no uso das 
TICs, explorando as reais potencialidades didáticas que as mesmas oportunizam para o 
ensino e a aprendizagem. O uso do computador não é algo supérfluo, a princípio surgiu 
como modismo ou marketing para as escolas, mas transformou-se em necessidade. E 
por que não utilizar as ferramentas que as TICs proporcionam ao ato de educar, ou 
melhor, de realmente implantá-la na formação inicial? 
Muitas discussões têm surgido em relação ao tipo de formação, tanto inicial 
quanto continuada, que tem sido oferecida aos professores, principalmente no que é 
oferecido e na realidade encontrada na escola exigindo competências, conhecimentos e 
habilidades para as quais elenão foi preparado; portanto, a formação não está coerente 
com o que se espera do professor, de sua atuação. 
É preciso formar os professores do mesmo jeito que se espera que eles atuem, no 
entanto as TICs são pouco utilizadas nos cursos de formação de docentes e “as 
oportunidades de atualização nem sempre são as mais adequadas à sua realidade e as 
suas reais necessidades, como por exemplo: trabalhar com computação em sala de aula 
 
 
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com os alunos não é ensinar a manusear a máquina, ou melhor, não se restringe a isto” 
(MORAN, 2000, p.4). 
O uso das TICs, sem um conhecimento prévio, didático educativo pode 
transformar a internet tão cheia de oportunidades e possibilidades numa ferramenta 
escassa ou de nenhuma utilidade. Não é só importante conhecer as ferramentas que a 
internet oferece como meio de comunicação e sua possível aplicação em contextos 
educativos; devemos também valorizar os níveis em que os conhecimentos se encontram 
e que uso deles fazem os alunos que vão empregar estes serviços para sua formação em 
um contexto universitário. 
A formação docente para a era da informação extrapola a questão da didática, 
dos conteúdos curriculares, dos métodos de ensino e pressupõe ainda novos caminhos 
que levam em consideração a questão da autonomia, da construção do conhecimento, da 
liberdade de expressão, como coloca Almeida (2005, p.5) “É preciso que cada um ouça 
sua voz interior e articule com os apelos do seu tempo e contexto, use a razão para 
galgar com clareza e a emoção para tomar decisões com toda a inteireza de ser 
humano”. Já não se espera de um educador que ele apenas ofereça um bom conteúdo 
curricular, mas que se apresente emocionalmente equilibrado e pronto para as novas 
oportunidades que ampliem conhecimentos e favoreçam o ensino aprendizagem. 
 
3.3. Desafios para o professor na Educação do Século XXI 
Implementar novas tecnologias ainda é um desafio para a educação brasileira. Em 
um país, cuja superação do analfabetismo é um problema a ser enfrentado; “falar em 
tecnologia educacional soa estranho”. 
No entanto, Pretto (1999), ressalta que os novos símbolos criados a partir da 
cultura tecnológica definirão o analfabeto do futuro, ou seja, aquele que não souber ler as 
imagens geradas pelos meios eletrônicos da comunicação. 
Tal aprendizado não se refere apenas à codificação dessa nova linguagem, mas 
ao seu uso e à compreensão de seus fins. A partir daí, cria-se a possibilidade do 
 
 
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surgimento de uma nova razão que será a essência da sociedade em transformação: a 
razão imagética. Para a construção desse novo modo de pensar e agir sobre o mundo, 
faz-se necessário adquirir uma intimidade maior com os novos meios de comunicação e 
informação. 
A escola brasileira precisa ser pensada como instituição que possa trabalhar de 
forma integral com a multiplicidade de visões de mundo a fim de formar o ser humano 
programador da produção e não fazer do ser humano mercadoria. 
Em tais ambientes virtuais de aprendizagem, os alunos irão interagir com 
ferramentas já presentes em suas vidas, ou seja, os jovens já possuem um 
comportamento intelectual e afetivo construído a partir do uso dessas novas tecnologias. 
Resta, agora, a escola desenvolver projetos para o uso efetivo desses instrumentos. 
O uso dessas mídias pode dar-se a partir de duas perspectivas distintas. A 
primeira considera que esses instrumentos como mais um recurso didático- pedagógico. 
Nessa perspectiva instrumentalista, a análise dos técnicos é fundamental, se ganha 
importância apenas a capacitação operativa dos profissionais da educação. Na outra 
perspectiva, o uso desses instrumentos vem carregado de fundamento, de conteúdo, 
como representante de uma nova forma de pensar e de sentir. Eles serão usados como 
irradiadores de conhecimento e o professor, por sua vez, exercerá a função de 
comunicador, articulador das diversas fontes de informações. 
Para Fusari (1993, p.25), a escola nesse momento “consiste no intercâmbio, na 
veiculação, na troca criativa de saberes, de concepções a respeito da vida. Os 
professores e alunos são agentes sociais em exercício de integração humana entre si e 
os contextos e textos comunicacionais”. 
Candau (1999) propõe a montagem de um curso de alfabetização em 
computadores para professores onde se concretizaria um preparo técnico indispensável à 
nova realidade socioeconômica e cultural e também se desenvolveriam habilidades 
necessárias a uma docência eficiente e eficaz. Habilitar-se-ia o professor a assumir um 
novo perfil, no qual necessariamente estariam incorporados: competência capaz de 
 
 
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integrar os diferentes aspectos da tarefa docente (pedagógico, tecno científico e sócio-
político); preocupação com a relação entre a teoria e prática; busca do auto 
aperfeiçoamento: conhecimento construído pelas experiências do dia-a-dia e por uma 
multiplicidade de meios; aceitação e uso de inovação de forma construtiva; ênfase no 
trabalho cooperativo e multidisciplinar; consciência de ser agente de mudança e, pela 
reflexão crítica, realizar sua atuação educacional e contribuir para diminuir as 
desigualdades e melhorar a qualidade de vida. 
O professor ao assumir este papel exploraria dialeticamente as mídias e a cultura 
audiovisual. No entanto, para que essa nova realidade descrita se concretize é 
indispensável a melhoria das condições de trabalho do professor, ou seja, a 
materialidade da escola e a definição de uma política de recursos humanos que 
reconheça o imperativo da dignidade salarial como condição imprescindível para a 
inserção criativa e inovadora do professor na obra educativa. 
Para Lévy (op. cit.), a linguagem digital está presente nas novas tecnologias 
eletrônicas de comunicação e na rede de informação. Portanto, o paradigma digital, na 
sociedade da informação, enseja uma prática docente assentada na construção individual 
e coletiva do conhecimento. Nessa óptica, o computador e a rede devem estar a serviço 
da escola e da aprendizagem, e o professor deve levar em conta que, além da linguagem 
oral e da linguagem escrita que acompanham historicamente o processo pedagógico de 
ensinar e aprender, é necessário considerar também a linguagem digital. 
Os alunos passam a ser descobridores, transformadores e produtores do 
conhecimento. E, no entendimento de Moran, Masetto e Behrens (op. cit.), a qualidade e 
relevância da produção dependem também dos talentos individuais dos alunos na 
medida em que são percebidos como portadores de inteligências múltiplas, que vão além 
das linguísticas e do raciocínio matemático que a escola oferece. 
Para a autora, o desafio do professor durante a ação docente passa ser o de levar 
em consideração as oportunidades de desenvolver a inteligência emocional estudada por 
Goleman (1996). Hoje, além das habilidades tradicionais, faz-se necessário o 
desenvolvimento de habilidades que incluam a fluência tecnológica, a capacidade de 
 
 
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resolver problemas, além das habilidades de comunicação, colaboração e criatividade. 
Dessa forma, é fundamental redimensionar a metodologia a fim de contemplar atividades 
que ultrapassem as paredes das salas de aula e criem espaços virtuais e presenciais 
dentro e fora das instituições educacionais. 
Para Moraes (1997, p.68), na era das relações, cabe aos gestores eliminar os 
empecilhos que impedem a criatividade de professores e alunos e, nesse sentido, 
enuncia: 
Estamos querendo abandonar uma escola burocrática, hierárquica, organizada porespecialidades, subespecialidades, sistemas rígidos de controle em funções dos 
comportamentos que se pretende incentivar e manter, dissociada do contexto, da 
realidade, para construir uma escola aberta, com mecanismos de participação e 
descentralização flexíveis, com regras de controle discutidas pela comunidade e 
decisões tomadas por grupos interdisciplinares próximos dos alunos. 
Na rede de informações, o estudante deverá ser iniciado como pesquisador e 
investigador para resolver os problemas reais que ocorrem no cotidiano de suas vidas. O 
processo de aprendizagem colaborativa precisa ter presente que a interação reconhece 
que o sujeito e objeto são organismos vivos, ativos, abertos, em constante 
intercâmbio com o meio ambiente, mediante processos interativos indissociáveis e 
modificadores das relações sujeito-objeto e sujeito-sujeito, a partir dos quais um 
modifica o outro, e os sujeitos se modificam entre si. É uma proposta sociocultural, 
ao compreender que o “ser” se constrói na relação, que o conhecimento é 
produzido na interação com o mundo físico e social, a partir do contato do 
indivíduo com sua realidade, com os outros, incluindo a dimensão social, 
dialógica, inerente à própria construção do pensamento (MORAES, Ibid., p.66). 
A tecnologia como ferramenta de aprendizagem colaborativa decorre do 
entendimento de que a tecnologia da informação (hardware, software e redes de 
computadores) está a serviço do homem e pode ser utilizada como instrumento para 
facilitar o desenvolvimento das aptidões humanas. Nesse sentido, professores e alunos 
podem utilizar as tecnologias da informação para estimular o acesso à informação e à 
pesquisa individual e coletiva, a fim de favorecer processos para aumentar a interação 
entre eles. 
A relevância da tecnologia na sociedade contemporânea está ratificada em todos os 
seus domínios e seus reflexos transcendem seus resultados ou produtos para se relacionar 
 
 
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entre si numa cumplicidade permanente – seja nos campos político, econômico, social e 
pedagógico. 
Vive-se a passagem do paradigma da produção em massa para o da produção 
enxuta. Essas mudanças demarcam a passagem para a sociedade do conhecimento, onde 
os fatores tradicionais da produção (matéria-prima, trabalho e capital) passam a ter um 
papel secundário. Papel de primeiro plano passa a ter o conhecimento e os meios ou 
processos para adquiri-lo. 
A questão observada por Valente (1999, p.30) é “Como as mudanças que estão 
acontecendo na sociedade deverão afetar a Educação e quais serão as suas implicações 
pedagógicas?”. 
Ele mesmo responde, ao consignar que, 
[...] a mudança pedagógica que todos almejam é a passagem de uma educação 
totalmente baseada na transmissão da informação, na instrução, para a criação de 
ambiente de aprendizagem nos quais o aluno realiza atividades e constrói o seu 
conhecimento (VALENTE, Ibid., p.30). 
Consubstancia-se assim, também no ensino, uma efetiva mudança de paradigma 
que é, segundo Moraes (op. cit., p.67), assim conceituada: 
Paradigma é um modelo científico de grande envergadura, com base teórica e 
metodológica, convincente e sedutora, e que passa a ser aceito pela maioria dos 
cientistas integrantes de uma comunidade. É uma construção que põe fim às 
controvérsias existentes na área a respeito de determinados fenômenos. A partir 
da existência de um consenso sobre determinadas ocorrências ou fenômenos por 
parte de um grupo de cientistas, inicia uma sinergia unificadora ao redor de um 
novo tema. 
Nesta perspectiva, Bolzan (1998) traz as características diferenciadoras do 
paradigma do ensino concebido como reprodução do conhecimento e do ensino concebido 
como produção do conhecimento. 
 
 
 
 
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Tabela: Comparação dos Paradigmas de Ensino 
Ensino Como Reprodução do 
Conhecimento 
Ensino Como Produção do 
Conhecimento 
Enfoca o conhecimento “sem 
raízes” e o dá com o pronto, acabado e 
inquestionável; 
Enfoca o conhecimento a partir 
da localização histórica de sua 
produção e entende como provisório e 
relativo; 
Valoriza o imobilismo e a 
disciplina intelectual tomada como 
reprodução das palavras, textos e 
experiências do professor e do livro; 
Valoriza a ação reflexiva e a 
disciplina tomada como capacidade de 
estudar, refletir e sistematizar 
conhecimento; 
Privilegia a memória e a 
repetição do conhecimento social 
acumulado; 
Privilegia a intervenção no 
conhecimento socialmente acumulado; 
Usa a síntese já elaborada para 
melhor passar informações aos 
estudantes, muitas vezes reproduzidas 
de outras fontes; 
Estimula a análise, a capacidade 
de compor e recompor dados, 
informações, argumentos e ideias; 
Valoriza a precisão, a 
segurança, a certeza e o não-
questionamento; 
Valoriza a ação, a reflexão crítica, 
a curiosidade, o questionamento 
exigente, a inquietação e a incerteza, 
características básicas do sujeito 
cognoscente; 
Premia o pensamento 
convergente, a resposta única e 
verdadeira e o sentimento de certeza; 
Valoriza o pensamento 
divergente e/ou provoca incerteza e 
inquietação; 
Concebe cada disciplina 
curricular como um espaço próprio de 
domínio de conteúdo e, em geral, dá a 
cada uma o status demais significativa 
do currículo acadêmico; 
Percebe o conhecimento de 
forma interdisciplinar, propondo pontes 
de relação entre eles e atribuindo 
significados próprios aos conteúdos, 
em função dos objetivos acadêmicos; 
Valoriza a quantidade de 
espaços de aula que ocupa para poder 
“ter a matéria dada”, em toda a sua 
extensão; 
Valoriza a qualidade dos 
encontros com os alunos e deixa a 
estes tempo disponível para o estudo 
sistemático e investigação orientada; 
Concebe a pesquisa como 
atividade exclusiva de iniciados, onde 
o aparato metodológico e os 
instrumentos de certeza sobrepõem à 
capacidade intelectiva de trabalhar com 
a dúvida; 
Concebe a pesquisa como 
atividade inerente ao ser humano, um 
modo de aprender o mundo, acessível a 
todos e qualquer nível de ensino, 
guardadas as devidas proporções; 
 
 
 
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Incompatibiliza o ensino com a 
pesquisa e com a extensão, 
dicotomizando o processo de 
aprender; 
Entende a pesquisa como 
instrumento de ensino e a extensão 
como ponto de partida e de chegada da 
apreensão da realidade; 
Requer um professor “erudito” 
que pensa deter com segurança os 
conteúdos de sua matéria de ensino; 
Requer um professor inteligente 
e responsável, capaz de estimular a 
dúvida e orientar o estudo para a 
emancipação; 
Coloca o professor como a 
principal fonte de informação que, pela 
palavra, repassa ao aluno o estoque 
que acumulou; 
Entende o professor como 
mediador entre o conhecimento, a 
cultura sistematizada e a condição de 
aprendizado do aluno. 
Fonte: Bolzan apud Cunha,1998, p.34. 
Diante do quadro apresentado na Tabela, por Bolzan (Ibid.), é possível observar 
que o perfil do professor diante dos paradigmas do ensino, requer a postura de mediação 
do processo de aprendizagem, na medida em que possuir as seguintes características: 
entender e viver a aprendizagem como interatividade; desenvolver relações de empatia 
com os alunos; criar uma atmosfera de confiança, enfatizando as estratégias 
cooperativas de aprendizagem; dominar em profundidade sua área de conhecimento; ter 
presente que cada aluno é diferente do outro e estimular a criatividade; ter disponibilidade 
para o diálogo; efetivar uma comunicação com linguagem que garanta uma compreensão 
exata por parte do aluno. 
Desta forma, o papel do professor se amplia, e passa de informador e se torna 
orientador da aprendizagem, gerenciador de pesquisa e comunicador na medida em que 
a internet favorece aconstrução cooperativa, o trabalho conjunto entre professores e 
alunos, próximos física e virtualmente. 
Para Moran (op. cit.) uma das formas atuais mais interessantes de trabalhar 
cooperativamente é a possibilidade de criar no ambiente tecnológico, uma página dos e 
para os alunos, ou seja, um espaço virtual onde se vai colocando tudo o que acontece de 
mais importante no curso. 
Contudo, para analisar esse momento de transição dever-se-á refletir que esta 
 
 
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integração além de ser importante é significativa para um dinâmico processo de ensino e 
aprendizagem, porque reestrutura-se e ressignifica os modelos tradicionais, convergindo 
para práticas inovadoras e assertivas no ambiente educativo, possibilitando o aprender 
com e na pesquisa. 
Essa perspectiva de trabalho muda efetivamente o papel do professor, porque 
muda a relação de espaço, tempo e comunicação com os alunos. Nas palavras de Moran 
(2000, p.50), 
[...] o espaço de trocas aumenta da sala de aula para o virtual. O tempo de enviar 
ou receber informações amplia-se para qualquer dia da semana. O processo de 
comunicação se dá na sala de aula, na internet, no e-mail, no chat. É um papel 
que combina alguns momentos do professor convencional (às vezes é importante 
dar uma bela aula expositiva) com mais momentos do gerente de pesquisa, do 
estimulador de busca, do coordenador dos resultados. É um papel de animação e 
coordenação muito mais flexível e constante, que exige muita atenção, 
sensibilidade, intuição (radar ligado) e domínio tecnológico. 
Com o aprimoramento das tecnologias de comunicação virtual, o conceito de 
personalidade também se altera bem como os conceitos de curso e de aula porque existe 
a possibilidade concreta de estar todos (professores e alunos) presentes em muitos 
tempos e espaços diferentes. 
As crianças provavelmente poderão ter muito mais contato físico em virtude da 
necessidade de socialização e interação. Mas, no ensino médio e superior, a tendência é 
que o virtual caminhe no sentido de superar o presencial. Isto implicará uma 
reorganização das escolas (edifícios menores, mais salas- ambiente, de pesquisa, de 
encontro, interconectadas e menos salas de aula). A casa, o escritório, e outros lugares 
públicos e/ou particulares, surgirão como locais de aprendizagem. 
Compreende-se, portanto, que os cursos poderão mesclar momentos presenciais 
com virtuais. As possibilidades de interação serão diretamente proporcionais ao número 
de alunos. Serão possíveis aulas a distância com interação on-line e aulas presenciais 
com interação a distância. O ensino será, portanto, um mix de tecnologias. 
 
 
 
 
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Se por um lado a dimensão globalizadora pode fomentar o receio do professor em 
relação a sua prática e papel de educador, por outro lado as TICs podem ser grandes 
aliadas na construção de ambientes educacionais e pedagógicos de ensino e importantes 
parceiras do professor na criação de metodologias educacionais viáveis as práticas de 
ensino, já que existem exemplos práticos de trabalho com metodologias e projetos 
relacionados com as TICs apresentando resultados expressivamente excelentes. 
Há de se considerar que a inserção das TICs no currículo educacional e no 
contexto do ensino superior é algo que, mais cedo ou mais tarde, se tornará uma 
realidade concreta. Entretanto, a utilização e assimilação das TICs dentro do processo de 
ensino aprendizagem e do currículo escolar devem ser visto como meio, mas nunca 
como o único fim. O importante não é privilegiar e tornar o uso das TICs como única 
vertente ou caminho para a educação, mas sim tentar construir um caminho paralelo 
onde as evoluções das TICs possam ser acessíveis para uma melhor compreensão dos 
conteúdos presentes no currículo educacional. 
Enfim, os futuros professores e até os atuais precisam saber usar as ferramentas 
tecnológicas e a teoria de forma conjunta, pois o ensino-aprendizagem na atualidade não 
consegue mais dissociar um do outro, ambos se interligam e não se separam mais. 
Sempre sem dúvidas pensando no resultado à comunidade pela formação desses novos 
profissionais, em sua ética, sua consciência e capacidade em unir teoria e prática de 
forma coerente. Porque tudo isso vai atingir toda sociedade que vai absorver 
positivamente ou negativamente o que a ela é repassado. Sendo importante destacar que 
jamais o atual e futuro ensino vão conseguir se separar da tecnologia, uma vez que a 
mesma está cada vez mais presente no mundo acadêmico. Essa realidade já faz parte do 
cotidiano e tende a aumentar a cada dia. 
 
 
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WOOD JR, Thomaz. Reformando o ensino e o aprendizado de gestão da produção e 
operações. In: SIMPOI, 2., 2000. São Paulo. Anais... São Paulo: EAG/FGV, 2000. 
 
Você sabe o que é Smart Class e qual o seu impacto na sala de aula? 
Smart Class: entenda como o conceito facilitará o desenvolvimento das atividades dos 
educadores, tornando as aulas mais atrativas e interativas aos estudantes. 
Equipe Educamundo 29/04/2019 
Quando o assunto é Tecnologia da Informação (TI), sempre há muito o que discutir e 
diversas áreas para direcionar o foco. Uma dessas áreas é a Educação, tema deste artigo. 
Esse segmento é um dos que tem muito a ganhar com a evolução e os avanços da 
tecnologia. É inegável o papel transformador das inovações tecnológicas no ambiente 
educacional, que traz para o cotidiano conceitos como smart class, ou “sala de aula 
inteligente”, e vários outros. 
Os temas citados e vários outros são estudados no Curso Online Tecnologia da 
Informação do Educamundo. 
Para que você tenha amplie sua visão sobre o tema, continue lendo nosso artigo e veja 
como a tecnologia no ensino pode proporcionar aulas envolventes e atrair a atenção 
dos alunos. 
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Smart class: o uso da tecnologia no ensino 
A tecnologia da informação na Educação já começou a promover mudanças nas 
metodologias de ensino. Apesar de andar a passos lentos, principalmente no ensino 
público, que envolve alocação de recursos públicos e bastante burocracia, já há escolas 
investindo em novos formatos de salas de aula. 
O que é e como é uma sala de aula inteligente 
A sala de aula inteligente – smart class – é uma forma nova de ensinar. Moderna e 
atrativa, ela é representada por um ambiente com quadros interativos ou telões, 
recursos de animação, áudio, vídeo e dispositivos (como tablets) para os alunos 
acompanharem as aulas. 
O papel transformador das inovações tecnológicas na Educação 
A tecnologia imprime um novo olhar sob a educação. Bastante necessário, considerando 
o perfil das crianças e dos jovens que frequentam as escolas atualmente. 
Mas o aspecto transformador não se dá somente com relação à forma de aprendizado 
do aluno, se dá também na formação do educador. Para ensinar, é preciso dominar não 
somente o conteúdo, mas também as tecnologias e conhecer conceitos e fundamentos 
relacionados a elas. 
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qualificação para educadores preocupados em acompanhar as tendências na Educação. 
Os benefícios da Tecnologia da Informação na Educação 
Entre os principais benefícios podemos citar: 
O aprimoramento da experiência educacional: o aluno se envolve mais com o dia a dia 
da escola. Além disso, aprende de forma mais fácil, pois tem à disposição uma 
diversidade de materiais, por exemplo: sites, vídeos, imagens etc. 
Personaliza o aprendizado: se você entende que cada um tem uma forma de aprender, 
você certamente sabe do que falamos. Na sala de aula inteligente, os alunos podem 
aprender da forma mais eficiente. Quem tem facilidade para aprender ouvindo, por 
exemplo, tem nos áudios seus grandes aliados, e assim por diante. 
Agenda brasi leira para a 
I ndústria 4.0
O Brasil preparado para os desa�os do futuro
CONHEÇA A AGENDA
I N D Ú S T R I A 4 . 001
As 3 primeiras revoluções industriais trouxeram a produção em massa, as
linhas de montagem, a eletricidade e a tecnologia da informação, elevando
a renda dos trabalhadores e fazendo da competição tecnológica o cerne
do desenvolvimento econômico. A quarta revolução industrial, que terá
um impacto mais profundo e exponencial, se caracteriza, por um conjunto
de tecnologias que permitem a fusão do mundo físico, digital e biológico.
C
o
m
p
le
x
id
ad
e
1780 1870 1969 2000+
REVOLUÇÃO 
INDUSTRIAL1ª
M ecânica
REVOLUÇÃO 
INDUSTRIAL2ª
Elétrica
REVOLUÇÃO 
INDUSTRIAL3ª
Automação
REVOLUÇÃO 
INDUSTRIAL4ª
I ntel igência 
Arti fi cial Robótica 
Big Data 
e mais
As principais tecnologias que permitem a
fusão dos mundos físico, digital e
biológico são a Manufatura Aditiva, a IA, a IoT,
a Biologia Sintética e os Sistemas Ciber Físicos
(CPS)
3D
MANUFATURA ADITIVA
IA
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
I oT
INTERNET DAS COISAS
SynBio
BIOLOGIA SINTÉTICA
CPS
SISTEMAS CIBER-FÍSICOS
02
+ +
+
+
+ + + + +
D E S A F I O S E E X P E C T A V I V A S02
Há grandes desa�os para a economia brasileira, em especial para a
indústria, que enfrentou adversidades recentemente. Apesar disto, os
dados apontam a quarta revolução industrial como uma oportunidade
para o país.
Indústria representa hoje menos de
10% do PIB
Brasi l ocupa a 69ª colocação no
Índice Global de Inovação
Entre 2006-2016 a produtividade da
industria no Brasil caiu mais de 7%
No Índice Global de Competividade
da Manufatura, o Brasil caiu da 5º
posição em 2010 para a 29º
posição em 2016
Relatório "Readiness for the Future of Production
Report 2018" (WEF) mostra o país na 41ª posição em
termo da estrutura de produção e na 47ª posição
nos vetores de produção da indústria.
Possuímos países que tem alto potencial para o futuro da indústria,
países que lideram o processo, países nascentes no tema e países
+ +
+
+
que possuem um relativo legado industrial, mas estão mais distantes
da corrida para a 4º revolução industrial. Interessante que o Brasil se
situa na interface deste quadrante, possuindo potencial para
melhorar sua posição nesta nova economia.
Cada indústria deve perseguir uma estratégia dual, em que se
muda o presente e se constrói o futuro
 
Criar a
indústria do
futuro
I M P A C T O03
Os impactos da I ndústria 4 .0 sobre a produtiv idade, a redução de
custos, o controle sobre o processo produtivo, a customização da
produção, dentre outros, apontam para uma transformação
profunda nas plantas fabris.
Segundo levantamento da ABDI, a estimativa anual de redução de custos
industriais no Brasil, a partir da migração da indústria para o conceito 4.0,
será de, no mínimo, R$ 73 bilhões/ano.
Essa economia envolve ganhos de e�ciência, redução nos custos de
manutenção de máquinas e consumo de energia.
Transformar
a indústria
hoje
+
R$ 73
Bilhões/ano
Redução
dos custos industriais
Ganhos de e�ciência
Redução de custos de
manutenção de máquina
Economia de energia
R$ 34
Bilhões/ano
R$ 31
Bilhões/ano
R$ 7
Bilhões/ano
Redução total
A R E T O M A D A D O C R E S C I M E N T O
E C O N Ô M I C O E M 2 0 1 804
O Brasil passou por uma das maiores recessões econômicas da sua
história. Porém, devido ao conjunto das reformas econômicas em curso,
os indicadores econômicos já demonstram forte recuperação de nossa
economia, o que impactará os investimentos da indústria brasileira.
B E N S D E CA P I T A L E D E C O N S U M O
D U R Á V E I S L I D E R A M R E T O M A D A
I N D U S T R I A L
Crescimento da produção física industrial a partir do segundo semestre de
2017, com grande participação do crescimento da produção de bens de
capital e de consumo duráveis.
G T I - G R U P O D E T R A B A L H O D A I N D Ú S T R I A 4 . 005
Diante deste cenário, o M DI C inst i tuiu, em junho de 2017, o Grupo
de Trabalho para a I ndústria 4 .0 ( GTI 4 .0) , com o objet ivo de
elaborar uma proposta de agenda nacional para o tema.
O GTI 4.0 possui mais de 50 instituições representativas (governo,
empresas, sociedade civil organizada, etc), por onde ocorreram diversas
contribuições e debates sobre diferentes perspectivas e ações para a
Indústria 4.0 no Brasil.
Temas prioritários como aumento da competitividade das empresas
brasileiras, mudanças na estrutura das cadeias produtivas, um novo
mercado de trabalho, fábricas do futuro, massi�cação do uso de
tecnologias digitais, startups, test beds, dentre outros foram amplamente
debatidos e aprofundados neste GTI 4.0.
GM/MDIC
ABDI
ABBI
ABICALÇADOS
ABII
ABIIS
ABMA
ABMAQ
ABIMDE
ABIMO
ABINEE
ABIPLAST
ABIPTI
EMBRAPII
FIESP
FINEP
GAESI/USP
INDT
INMETRO
INPI
IOT
ITA
MCTIC
MEC
MF
MTB
ABIQUIM
ABRAFAS
ABRAFATI
AEA
ANDAV
ANFACER
ANPEI
ANPROTEC
APEX-BRASIL
BNDES
BRASSCOM
CAPES
CNI
CNPQ
NUMA/USP
P&D BRASIL
SAE/PR
SAP
SCS/MDIC
SDCI/MDIC
SEBRAE
SECEX/MDIC
SEMPE/MDIC
SENAI
SIN/MDIC
SOFTEX
SUFRAMA
E S T R U T U R A D E G O V E R N A N Ç A06
A partir das experiências do GTI 4.0 a aliança entre associações
empresariais, confederações, federações de indústria e sindicatos é o
primeiro passo para trabalharmos com tema tão transversal e
impactante.
Conselho
Governamental
Entidade Gestora
(ABDI)
Comitê de
M onitoramento
Grupos de
trabalho e
(MDIC, MF, PR, MTB, MEC,
MCTIC, MS, MPDG)
De�nição de orientações
de políticas públicas
Articulação e patrocínio
institucional
Validação de medidas e
monitoramento
estratégico
Mobilização e
articulação operacional
da Agenda i4.0
Acompanhamento das
medidas e
monitoramento das
métricas de resultado
Promoção e divulgação
da agenda i4.0
Gestão da informação
(ENTIDADES
CONVIDADAS)
Acompanhamento,
orientação e
aconselhamento sobre
diferentes tópicos
comunidades de
especialistas
Debate e discussão de
diferentes matérias
Elaboração de
propostas
Assessoria técnica
P R E M I S S A S D A A G E N D A D A I N D Ú S T R I A 4 . 0 ( 2 0 1 7 - 2 0 1 9 )07
Fomentar iniciativas que facilitem e habilitem o
investimento privado, haja vista a nova realidade �scal
do país.1
Propor agenda centrada no industrial/empresário,
conectando instrumentos de apoio existentes,
permitindo uma maior racionalização e uso efetivo,
facilitando o acesso dos demandantes, levando o maior
volume possível de recursos para a “ponta”.
2
Testar, avaliar, debater e construir consensos por meio
da validação de projetos-piloto, medidas experimentais,
operando com neutralidade tecnológica.3
Equilibrar medidas de apoio para pequenas e médias
empresas com grandes companhias.4
M E D I D A S R U M O À I N D Ú S T R I A 4 . 008
Estratégias empresariais e políticas públicas precisam andar lado a lado. A
Agenda Brasileira para a Indústria 4.0 é resultado de amplo debate com o
setor produtivo brasileiro, liderado pelo M DI C .
Estruturadas a partir do conceito de Jornada para a I ndústria 4 .0, as
medidas apresentadas, a seguir, deverão auxiliar os empresários
brasileiros nesta trajetória rumo à transformação digital e ao futuro da
produção manufatureira.
INICIAR JORNADA
J ornada da 
I ndústria para o
4.0
Contribuir para a transformação das empresas em
direção à Indústria 4.0 é o grande propósito desta
agenda, estruturada em etapas, seguidas segundo o
grau de maturidade ou necessidade de cada empresa.
Protótipo
Em seguida, é necessário saber quem são os parceiros 
tecnológicos e de negócios e como eles podem contribuir 
nessa jornada para a 4.0.
Conhecimento
O ponto de partida começa com a compreensão do 
conceito de Indústria 4.0 pela empresa, buscando 
avaliar como está hoje e para onde pode ir.
HUB 4 .0
3ª
B+P 4 .0
4ª
TEST BEDS
5ª
AUTO AVALIAÇÃO
2ª
DI FUSÃO DO 
CONTEÚDO
1ª
I N Í CI O
+
+
+
+
+
Alianças 
Estratégicas
Em um país mais integrado à economia global, a 
competitividade da indústria dependerá da capacidade 
do produtor nacional em incorporar as novas tecnologias 
da Indústria 4.0, permitindo que ele possa competir em 
igualdade de condições em seu mercado interno e externo.
I ncentivos
No fim, o investimento em soluções 4.0 
que aumentem a eficiência, a produtividade e a 
competitividade das empresas é o grande passo 
para a mudança para novos patamares produtivos.
Requisito
Com um bom time e regras que facilitem 
a atuação da empresa no mercado, aumentam-se 
as chances de sucesso no caminho da 4.0.
CONEXÃO GLOBAL
10ª
FI NANCI ABI LI DADE
9ª
TALENTOS
7ª
8ª
REGRAS DO JOGO
CONEXÃO 
STARTUP-I NDÚSTRI A 4 .0
6ª+
+
+
+
+
UMA INICIATIVA
DA: APOIO:
Sociedade Brasileira de Sociologia – SBS
Revista Brasileira de Sociologia | Vol. 06, No. 14 | Set-Dez/2018
Artigo recebido em 01.06.2018 / Aprovado em 15.08.2018
http://dx.doi.org/10.20336/rbs.414
10.20336/rbs.414
A Indústria 4.0 e o Futuro do Trabalho: Tensões e 
Perspectivas
Marcelo Augusto Vieira Graglia*1
Noêmia Lazzareschi**2
RESUMO
Este artigo tem como objetivo apresentar e analisar os dados fornecidos pelas recen-
tes pesquisas sobre a utilização das tecnologias de informação, de comunicação e de 
inteligência e o seu impacto sobre os mundos do trabalho nos países mais desenvol-
vidos do mundo. Concentra-se não apenas na automatização e robotização do proces-
so de produção, mas nas novas formas de execução do trabalho em todos os setores 
da vida econômica que se transformam graças à utilização da inteligência artificial, 
blockchain, big data e profusão de aplicativos para a satisfação de um sem número 
de necessidades sociais. Procura demonstrar as tensões sociais que resultam das pro-
fundas mudanças dos mercados de trabalho a partir da reestruturação produtiva pro-
vocada pela introdução das novas tecnologias e novas técnicas de gerenciamento do 
processo de trabalho, ressaltando não só um de seus efeitos negativos mais temidos 
pelos trabalhadores – o aumento do desemprego -, mas também e sobretudo as possi-
bilidades de um futuro brilhante para toda a humanidade, definitivamente liberada 
das tarefas repetitivas, simplificadas, insignificantes que impedem a realização das 
potencialidades humanas de inteligência, criatividade, espírito crítico e iniciativa.
Palavras-chave: Indústria 4.0. Inteligência artificial. Desemprego estrutural.
* Doutor em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela Pontifícia Universidade 
Católica de São Paulo. Mestre em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual Paulista 
Júlio de Mesquita Filho - UNESP. Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade 
de Taubaté. Pesquisa inteligência artificial, indústria 4.0, cidades inteligentes, internet das 
coisas, trabalho, emprego e reestruturação produtiva. Professor da Faculdade de Economia 
e Administração da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
** Possui mestrado em Sciences Sociales Du Travail - Université Catholique de Louvain (1971) e 
doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (1995). Atualmente 
é assistente doutor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Tem experiência na área 
de Sociologia, com ênfase em Sociologia do Trabalho, atuando principalmente nos seguintes 
temas: trabalho, turismo, reestruturação produtiva, emprego e tempo livre.
A INDÚSTRIA 4.0 E O FUTURO DO TRABALHO
Marcelo Augusto Vieira Graglia | Noêmia Lazzareschi
REVISTA BRASILEIRA DE SOCIOLOGIA | Vol 06, No. 14 | Set-Dez/2018
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ABSTRACT
INDUSTRY 4.0 AND THE FUTURE OF WORK: TENSIONS AND PERSPECTIVESThis article aims to present and analyze the data provided by the recent research 
on the use of information technology and your impact on the world of work in the 
most developed countries in the world. Focuses not only on automation and robo-
tization of the production process, but in new ways of performing the work in all 
sectors of economic life that if transformed thanks to the use of artificial intelligence, 
blockchain, big data and profusion of applications for the satisfaction of a number 
of social needs. Seeks to demonstrate the social tensions resulting from changes in 
labor markets from the productive restructuring brought about by the introduction 
of new technologies and new techniques of process management work, emphasizing 
not only one of his most feared negative effects by employees – rising unemployment 
– but also and above all the possibilities of a bright future for all humanity, definitely 
released of repetitive tasks, simplified, insignificant that prevent the realization of 
the human potential of intelligence, creativity, critical spirit and initiative.
Keywords: Industry 4.0. Artificial intelligence. Structural unemployment.
Introdução
O desenvolvimento da tecnologia ao longo da história da humanidade é 
normalmente reconhecido como o responsável por grandes e significativos 
avanços em campos tão críticos quanto diversos, como a alimentação, o trans-
porte, a saúde e a qualidade de vida. Os benefícios propiciados pela tecnologia 
são absolutamente tangíveis, relevantes e intrinsecamente relacionados com o 
próprio desenvolvimento científico e civilizatório (CASTELLS, 2006).
No campo do trabalho humano, é histórico o temor pelos efeitos poten-
cialmente destruidores da tecnologia sobre os postos de trabalho, simbolica-
mente representado pelo movimento ludista ocorrido na Inglaterra no início 
do século XIX. O ludismo foi um movimento de trabalhadores que utilizou a 
destruição de máquinas - prática que era comum entre os mineiros ingleses 
- como forma de pressionar os empregadores contra as condições precárias a 
que eram submetidos: jornadas exaustivas, ambientes de trabalho insalubres 
e baixos salários. O cenário se agravava com a introdução de máquinas que 
causavam demissões e substituição de funções mais qualificadas por outras 
de pouca exigência técnica e pior remuneradas. O momento histórico era de 
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turbulência econômica e desemprego em massa, com inúmeras famílias sen-
do assoladas pela fome. Questões de competição entre pequenos produtores 
também se faziam presentes (ROBSBAWM, 1952).
Novamente, a emergência de uma nova revolução tecnológica reacende a 
polêmica com debates entre visões diametralmente opostas: a daqueles que 
vislumbram um futuro brilhante, no qual a tecnologia liberta a humanidade 
da obrigação do trabalho ou ao menos do trabalho duro, repetitivo, desesti-
mulante, ao mesmo tempo que elimina doenças, promove a longevidade, o 
conforto e o deleite com novas possibilidades lúdicas e sensoriais trazidas 
por novos e tecnológicos dispositivos, sistemas e ambientes digitais; em po-
sição antagônica, a daqueles que temem as consequências potencialmente 
nefastas da proliferação da tecnologia de forma intensa por tantos campos 
sensíveis, como o trabalho, a medicina genética, o controle sobre as informa-
ções, sobre os veículos e mesmo sua aplicação no campo militar, criando no-
vos e terríveis cães de guerra. Soma-se ainda o risco da desumanização das 
relações e da própria consciência humana, num cenário de pós-humanismo 
cibernético (FUKUYAMA, 2002). O que alimenta estes temores? Embora a 
informatização tenha sido historicamente confinada a tarefas rotineiras en-
volvendo atividades baseadas em regras explícitas, a inteligência artificial 
e os algoritmos para big data agora estão entrando rapidamente em domí-
nios dependentes de reconhecimento de padrões e podem substituir pronta-
mente o trabalho em uma ampla gama de tarefas cognitivas não rotineiras. 
Somando-se a isso, robôs avançados estão ganhando sentidos aprimorados 
e destreza, que lhes permitem executar uma ampla variedade de tarefas ma-
nuais. Isso provavelmente mudará a natureza do trabalho em empresas e 
profissões (BRYNJOLFSSON; MCAFEE, 2011). Algumas mudanças já são 
percebidas. Os avanços nas interfaces de usuário, por exemplo, já permitem 
que computadores respondam com mais eficiência aos pedidos de clientes, 
reduzindo a necessidade de intervenção humana em algumas atividades de 
atendimento e serviços. Com a expansão da capacidade dos computadores, 
tarefas que já foram consideradas muito complexas para serem codificadas 
estão sendo convertidas em problemas bem definidos tratáveis através de 
soluções digitais (OSBORNE; FREY, 2014). Novas aplicações de alto desem-
penho no reconhecimento de fala e processamento de texto permitem inter-
pretação simultânea, criação automática de textos-padrão complexos, bem 
como a análise de grandes volumes de texto para fins legais. Em medicina, 
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o software inteligente de reconhecimento de imagem pode melhorar signi-
ficativamente o diagnóstico de muitas doenças e gerar aumento da capaci-
dade produtiva para os médicos e afetar a classe dos clínicos gerais. Na área 
de cuidados de saúde, estão sendo testados sistemas interativos que podem 
promover o bem-estar psicológico e emocional de idosos, substituindo em 
parte o trabalho de assistentes e cuidadores. 
Em suma, seja em relação ao trabalho industrial, de serviço ou de co-
nhecimento, a digitalização está mudando todo o sistema sociotécnico de 
pessoas, organização e tecnologia. Em seus efeitos, há aspectos claramente 
positivos e outros que inspiram maior reflexão. A figura 1 ilustra a mudança 
no sistema sociotécnico do trabalho.
Figura 1: Mudança no sistema sociotécnico como resultado da digitalização
Fonte: BMAS (2017)
Na interface entre as pessoas e a tecnologia, as novas tarefas serão dis-
tribuídas com base nas respectivas forças situacionais e específicas, em que 
a tecnologia pode ajustar as prioridades e customizar a tarefa para a aplica-
ção específica. Na interface entre organização e tecnologia, os subprocessos 
hierarquicamente separados, fragmentados, que até então foram executados 
um após o outro de forma sequencial, são substituídos por procedimentos 
integrados, simultâneos e descentralizados. Na interface entre homem e or-
ganização, surge a questão de adaptar tarefas e distribuir papéis. A mudança 
na interação homem-máquina abre, assim, novas oportunidades para o re-
desenho do trabalho e dos processos de produção. Surgem possibilidades 
para alívio do trabalho rotineiro e repetitivo, para o desenvolvimento das 
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habilidades dos funcionários e, mesmo, para a reconciliação da vida pri-
vada e trabalho, à medida em que este possa ser tornado mais eficiente, 
com menor demanda de tempo de dedicação e menos dependência de ciclos 
de máquinas e equipamentos. O aumento da flexibilização e a organização 
dos processos em rede abrem oportunidades mais interessantes de interação 
pessoas-máquinas, permitindo o trabalho mais remoto e alterando em parte a 
necessidade da presença física constante das pessoas nas instalações das em-
presas. Esta lógica adveio da revolução industrial, que deslocou o espaço-tem-
po de trabalho obrigando os indivíduos a agruparem-se em fábricas, em locais 
fisicamente determinados e em horários pré-estabelecidos (BMAS, 2017).
Um desenho mais apropriado para a era da interaçãohomem-máquina 
pode contribuir para uma base mais adequada para as operações. Atividades 
ergonomicamente desfavoráveis podem ser substituídas, aliviando as pesso-
as da execução de tarefas fisicamente difíceis ou mentalmente estressantes. 
Desta forma, o estresse físico e mental pode ser reduzido. Mais oportunida-
des de inclusão no mercado de trabalho surgirão, pois as restrições devido 
a limitações físicas ou sensoriais podem ser compensadas com a ajuda de 
sistemas de assistência. As pessoas portadoras de necessidades especiais 
podem fazer um trabalho mais abrangente. Os trabalhadores mais velhos 
podem trabalhar mais e de forma mais saudável, o que é uma possibilidade 
estratégica no atual contexto demográfico, em que vários países estão en-
frentando redução de sua força de trabalho por conta do envelhecimento, o 
que gera efeitos deletérios sobre suas economias (VOGLER-LUDWIG; DÜLL; 
KRIECHEL, 2016).
O aprimoramento de capacidade produtiva também se aplica à área cog-
nitiva: a disponibilidade constante de informações preparadas com precisão 
contribui para melhor suporte ao processo de tomada de decisão ao mesmo 
tempo que possibilita a expansão e maior abrangência das análises e atua-
ções decisórias, se forem suportadas por sistemas de assistência inteligentes. 
Sistemas de tutoria inteligentes poderiam permitir um nível muito maior 
de aprendizagem no processo de trabalho. As tarefas de trabalho podem ser 
projetadas e distribuídas de forma que considerem e promovam sistemati-
camente a capacidade física e mental de cada indivíduo que trabalha com 
o sistema autônomo. Essas novas potencialidades estão moldando o mundo 
do trabalho de amanhã e envolvem a digitalização, novas bases tecnológicas 
e oportunidades de colaboração, produção, organização dos negócios e dis-
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tribuição de bens e serviços. Vislumbram-se novas possibilidades para um 
novo tipo de trabalho no futuro: mais produtivo, mais flexível, mais em rede, 
com possibilidade maior de conectividade internacional. Ao mesmo tempo, 
criam pressão para a mudança, a necessidade de adaptação e a premência 
da inovação. Quanto mais percebemos o novo, quanto mais ele se mostra ou 
pode ser imaginado, mais decisivamente é possível moldá-lo de acordo com 
os valores e necessidades da nossa sociedade (BMAS, 2017).
Campos de tensão
A interação com sistemas complexos e cada vez mais autônomos também 
apresenta desafios para os trabalhadores. A adoção de sistemas e equipa-
mentos tecnológicos avançados modifica a natureza do trabalho humano 
nas organizações e interfere em várias dimensões do ambiente de trabalho. 
A amplitude do trabalho pode ter sua complexidade enxugada até o ponto 
em que o humano se torna assistente da máquina e passa a realizar apenas 
tarefas complementares em que ela ainda seja improdutiva. Tal condição 
restringiria aos indivíduos a capacidade de desenvolver visão sistêmica e 
reduziria o significado do trabalho e o seu propósito, empobrecendo o pro-
cesso de aprendizagem à medida em que habilidades específicas não seriam 
mais desenvolvidas pelas pessoas, gerando perda de conhecimento prático. 
Uma forma de opressão digital poderia se instituir, dadas as imensas possi-
bilidades de monitoramento e controle do desempenho dos trabalhadores, 
numa alegoria literária, tal qual descrito no romance distópico “Mil nove-
centos e oitenta e quatro”, publicado em 1949 pelo inglês George Orwell 
(ORWELL, 2004).
O risco de substituição permanente do trabalho humano pelas máquinas 
e sistemas interfere na questão da motivação dos trabalhadores, pois abala as 
suposições de estabilidade no emprego e, consequentemente, de garantia da 
renda e do sustento. Maslow, em sua teoria sobre as necessidades humanas 
e a motivação dos indivíduos, coloca a questão da segurança como sendo 
um dos requisitos básicos para a satisfação das necessidades humanas (SEN-
GUPTA, 2011). A figura 20 indica as áreas de tensão que surgem a partir do 
contexto da digitalização e automação intensa dos processos de trabalho e 
operações.
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Figura 2: Campos de tensão para o trabalhador diante do avanço da digitalização do ambiente de 
trabalho.
 
Fonte: os autores
Empobrecimento do trabalho
A interação pessoas-máquina pode tanto enriquecer as atividades para os 
funcionários, tornando-as mais integradas e significativas, como depreciá-
-las, conforme o modelo que seja adotado. O desenho do trabalho pode defi-
nir o uso dos sistemas para fornecer assistência para o indivíduo lidar com 
as novas complexidades. Também pode partir do princípio da simplificação 
e normalização exaustiva dos processos, tornando reduzida a possibilidade 
de aplicação do conhecimento e da experiência pelas equipes de trabalho 
(BMAS, 2017). Situações em que o funcionário segue apenas sinais ou co-
mandos emitidos pelo próprio sistema tornariam o trabalho enfadonho e 
pouco significativo. Processos desenhados com automação excessiva, que 
buscam eficiência extrema, podem acabar por delegar apenas atividades re-
siduais e monótonas aos trabalhadores, retirando o sentido do trabalho e 
destruindo a motivação de fazê-lo. Seria uma espécie de taylorismo digital, 
uma volta às origens da administração científica, cujos princípios funda-
mentais são a especialização, a padronização das tarefas, a divisão do traba-
lho em tarefas simples e capazes de uma execução que não demande qualifi-
cação profissional sofisticada, entre outras (TAYLOR, 1990).
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Perda do conhecimento tácito
Um segundo campo de tensão diz respeito à importância do conhecimen-
to baseado na experiência. À medida que o papel dos humanos é cada vez 
mais reduzido para mera supervisão dos processos automatizados, dificil-
mente os funcionários desenvolverão competência para operá-los, analisá-
-los criticamente e mesmo melhorá-los. O chamado conhecimento tácito, 
aquele que é fruto da experiência, adquirido pelo exercício da prática recor-
rente, termina por não se desenvolver nas equipes de trabalho, o que gera 
tanto dependência excessiva dos sistemas automatizados quanto esvazia-
mento da capacidade destas equipes de otimizar seus processos. O quadro 1 
apresenta uma experiência desenvolvida na Toyota no Japão em que pessoas 
são reintroduzidas no trabalho de linhas de montagens para que possam 
identificar oportunidades de melhoria nos processos produtivos (TRUDELL; 
HAGIWARA; JIE, 2014). Experiência similar foi desenvolvida numa fábri-
ca da Mercedes, em que a empresa entendeu que algumas atividades que 
haviam sido automatizadas deveriam novamente ser feitas por pessoas, in-
clusive para que a empresa não perdesse seu know how e pudesse ter certa 
flexibilidade em situações de falha de equipamentos (GIBBS, 2016).
Quadro 1: Experiência na linha de montagem da Toyota.
 
O caso da Toyota
Os fabricantes de automóveis adotam a automação e substituem humanos por 
robôs em suas linhas de montagens há muitos anos. Mas a Toyota, maior fabri-
cante mundial de veículos, está literalmente dando um passo para trás e substi-
tuindo máquinas automatizadas em algumas fábricas no Japão e criando linhas 
de produção com razoável participação manual de pessoas.
É uma escolha não convencional para uma empresa japonesa. O Japão 
concentra, de longe, o maior número de robôs industriais do mundo: mais de 
trezentos mil. A noção de colocar pessoas de volta ao comando das linhas de 
montagem é contra intuitiva porque os robôs se tornaram muito eficientes em

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