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Procedimentos técnicos de tradução _ Uma proposta de reformulação 
Rafael Lanzetti, Danielle Bessa, FabianaGuedes, Rosana de Freitas e Vinicius 
Cruz de Moura 
Resumo: Este artigo apresenta uma nova tabela de procedimentos técnicos 
de tradução, recategorizada e ampliada, a partir das propostas de 
Barbosa (1990) e de Lanzetti (2006). Nesta tabela, os procedimentos 
foram categorizados de acordo com os paradigmas 
schleiermacherianos de tradução estrangeirizadora e domesticadora 
(2001ª e b). Com base nessa recategorização, redefinimos os 
procedimentos técnicos de tradução e incluimos outros a partir da 
análise de traduções selecionadas, feitas por alunos e profissionais de 
tradução ao longo de dois anos, de 2006 a 2008. 
Palavras-chave: tradução, procedimentos técnicos, Schleiermacher 
Este artigo tem por objetivo apresentar uma proposta de reformulação, 
recategorização e ampliação da tabela de procedimentos técnicos de 
tradução compilada por Heloisa Barbosa em seu livro Procedimentos técnicos 
de tradução: uma nova proposta de 1990. 
Procedimentos técnicos de tradução são, segundo Barbosa (1990: 17), 
“ações de cunho lingüístico e técnico praticadas por tradutores a fim de 
realizar pragmaticamente o processo de tradução”. Em seu livro, Barbosa faz 
um levantamento dos modelos de procedimentos tradutórios de Vinay-
Darbelnet (1977), Nida (1964 e 1966), Catford (1965), Vázquez-Ayora 
(1977) e Newmark (1981). A partir desses modelos, Barbosa compila sua 
própria proposta de como traduzir a partir de um quadro de categorização 
dos procedimentos técnicos, pois, segundo a autora, “devido às 
discrepâncias entre os modelos descritivos de procedimentos técnicos da 
tradução e à divergência terminológica entre eles, é necessário propor-se 
uma nova caracterização de tais procedimentos” (BARBOSA, 1990: 63). Esse 
quadro é reproduzido a seguir: 
Tabela 1: Proposta de categorização dos procedimentos técnicos da 
tradução 
Convergência do 
sistema 
lingüístico, do 
Estilo e da 
Realidade 
Extralingüística 
Divergência do 
sistema 
lingüístico 
Divergência do 
Estilo 
Divergência da 
realidade 
extralingüística 
Tradução 
palavra-por-
palavra 
 
 
Tradução literal 
 
Transposição 
Modulação 
Equivalência 
 
Omissão VS 
Explicitação 
Compensação 
Reconstrução 
Melhorias 
 
Transferência 
Transferência 
com explicação 
Decalque 
Explicação 
Adaptação 
(BARBOSA, 1990: 93) 
No entanto, pode ser difícil estabelecer fronteiras entre os 
procedimentos técnicos da tradução, uma vez que um procedimento pode 
requerer outro, ser mesclado com um terceiro, ou mesmo ser conseqüência 
de um quarto. Talvez, na atividade tradutória, alguns dos procedimentos e 
estratégias que os sujeitos utilizam não façam parte dessas categorizações. 
Algumas vezes, os procedimentos e estratégias podem aparecer acoplados 
uns aos outros, e seria difícil dizer onde termina um e começa outro, ou qual 
deles está numa posição superior na hierarquia de uma determinada ação. 
A fim de ampliar o leque de procedimentos, recategorizá-los e defini-
los com mais especificidade, Lanzetti (2006) propõe uma nova tabela, 
apresentada a seguir. 
1. 
1. Nova Tabela de Procedimentos Técnicos de Tradução 
Lanzetti decidiu, a partir dos paradigmas tradutórios schleiermacherianos 
(SCHLEIERMACHER, 2001b), dividir os procedimentos em duas categorias 
principais – procedimentos estrangeirizadores e procedimentos 
domesticadores. Os procedimentos estrangeirizadores aproximam o texto de 
chegada do texto original através do recurso de manutenção de itens 
lexicais, estruturas e estilo. Os procedimentos domesticadores afastam o 
texto de chegada do texto original, aproximando a tradução das estruturas 
linguísticas e da realidade extratextual da língua e da sociedade-alvo. 
A seguir, apresentamos a tabela e descrevemos cada um dos procedimentos 
categorizados: 
Tabela 2: Procedimentos técnicos de tradução – Reformulação proposta por 
Rafael Lanzetti (2006) 
1. Categorias de procedimentos 
1. 
1. Estrangeirizadores 
2. Domesticadores 
1. 
1. Procedimentos estrangeirizadores 
1. Tradução palavra-por-palavra 
2. Manutenção 
1. de itens lexicais do texto-fonte (empréstimo) 
1. sem aclimatação (empréstimo direto) 
2. com aclimatação (aportuguesamento) 
3. decalque 
4. hibridismo 
2. de estruturas sintáticas do texto-fonte 
1. manutenção da ordem dos elementos 
sintáticos 
3. do estilo do texto-fonte 
1. 
1. manutenção do uso de sinais de 
pontuação 
2. manutenção do registro 
3. manutenção do layout 
4. manutenção do uso de voz passiva/voz 
ativa 
5. manutenção do uso de 
coordenação/subordinação 
6. manutenção do uso de marcadores do 
discurso 
7. manutenção do uso de referências 
(endóforas/exóforas) 
8. manutenção da adjetivação 
9. manutenção da complexidade/fluidez 
estilística 
4. de itens culturais da cultura-fonte 
2. Prodedimentos domesticadores 
1. Domesticação do sistema linguístico 
1. Transposição 
2. Modulação 
3. Equivalência 
1. de expressões idiomáticas, ditados, provérbios 
etc. 
2. funcional 
4. Sinonímia 
5. Paráfrase 
2. Domesticação do estilo 
1. Omissão 
2. Explicitação 
3. Generalização (uso de hiperônimo) 
4. Especificação (uso de hipônimo) 
5. Compensação 
1. Ibidem 
2. Alibi 
6. Reconstrução 
1. sintática 
2. semântica 
7. Equivalência estilística (melhoria) 
8. Mudança de registro 
9. Mudança de complexidade/fluidez estilística 
10. Adaptação 
3. Domesticação da realidade extra-linguística 
1. Transferência 
2. Explicação 
1. intratextual (entre parênteses, entre vírgulas 
etc.) 
2. pára-textual (notas do tradutor, prefácio etc.) 
3. Ilustração 
1.2 Descrição dos procedimentos estrangeirizadores 
Os procedimentos estrangeirizadores são dois, a saber: tradução palavra-
por-palavra e manutenção. 
A tradução palavra-por-palavra pressupõe que o texto de chegada terá o 
mesmo número de palavras do texto original, obrigatoriamente na mesma 
ordem sintática. 
Ex.: She went to the supermarket yesterday. 
Ela foi ao supermercado ontem. 
Neste exemplo, embora o número de palavras não seja o mesmo na 
tradução, por conta da contração da preposição e do artigo definido, o 
procedimento empregado foi a tradução palavra-por-palavra. Esse 
procedimento é utilizado todas as vezes em que o texto original não 
apresenta nenhuma dificuldade tradutória lexical, estrutural ou cultural e sua 
tradução pode ser feita sem nenhuma alteração lexical, sintática ou 
extratextual. Embora a tradução palavra-por-palavra tenha ganhado 
conotações pejorativas ao longo da evolução da teoria da tradução, esse 
procedimento é utilizado em larga escala, principalmente em textos técnicos 
por conta de sua simplicidade sintática e consequente universalização 
estrutural. 
A manutenção, denominada anteriormente por outros autores tradução 
literal, é subdividida em quatro subcategorias: manutenção de itens lexicais 
do texto-fonte, manutenção de estruturas sintáticas do texto-fonte, 
manutenção do estilo do texto-fonte e manutenção de itens culturas da 
cultura-fonte. 
A manutenção de itens lexicais do texto-fonte, também conhecida 
como empréstimo, ocorre quando o tradutor decide manter, no texto de 
chegada, um item lexical da língua-fonte. O empréstimo pode ser feito sem 
aclimatação ortográfica quando, por exemplo, o tradutor decide manter a 
palavra feedback no texto de chegada em português; ou com aclimatação, 
quando palavras estrangeiras adquirem nova forma ortográfica condizente 
com o sistema fonético-ortográfico da língua de chegada. Ex.: New York > 
Nova Iorque, whisky > uísque, football > futebol. O empréstimo pode ainda 
ser feito por decalque, em que os morfemas formadores da palavra na 
língua-fonte são traduzidos para a língua de chegada (ex.: skyscraper > 
arranha-céus, hi-fi > alta fidelidade, science-fiction > ficção científica), e por 
hibridismo, em queum neologismo é formado a partir de morfemas lexicais 
de duas ou mais línguas diferentes (ex.: iceberg, do ing. ice, gelo + alem. 
Berg, montanha; e agricultura, do gre. ager, campo + lat. cultura). 
A manutenção de estruturas sintáticas do texto-fonte é utilizada 
quando tais estruturas ou ordens sintáticas da língua-fonte coincidem com a 
estrutura ou a ordem sintática da língua-alvo. 
Ex.: Long time no see you! 
Há quanto tempo não vejo você! 
Neste exemplo, o número de palavras do texto-alvo não é o mesmo do 
texto-fonte, portanto o procedimento não pode ser caracterizado como 
tradução palavra-por-palavra. No entanto, a ordem estrutural permaneceu a 
mesma. No texto-fonte temos [adj. adv. de tempo] + [adj. adv. de negação] 
+ [verbo na 1ª pess. do sing.] + [obj. direto], exatamente a mesma 
estrutura do texto de chegada. 
No procedimento de manutenção do estilo do texto-fonte, podem ser 
mantidos os sinais de pontuação do texto-fonte, o registro (formal, neutro, 
informal), o layout (disposição gráfica dos elementos do texto na página), a 
frequência de uso da voz passiva e/ou da voz ativa, o uso de coordenações 
e/ou subordinações, o uso de marcadores do discurso (certo, agora, veja 
bem, entende, quero dizer, dentre outros), o uso de referências dêiticas 
(intratextuais, ou endóforas) através de pronomes dêiticos, sinonímia e 
substituição lexical, e referências exóforas (cujos referentes não estejam 
presentes no texto); o uso de adjetivação e a complexidade ou fluidez 
estilística com que o texto-original tenha sido escrito. 
Na manutenção de itens culturais da cultura-fonte, o tradutor decide 
reproduzir o item cultural do texto-fonte no texto de chegada sem nenhuma 
explicação ou explicitação. Isso ocorre principalmente quando o tradutor 
julga que o item cultural presente no texto-fonte é compreensível ao 
público-leitor do texto de chegada. 
1.3 Descrição dos procedimentos domesticadores 
1.3.1 Domesticação do sistema lingüístico 
Os procedimentos de domesticação do sistema linguístico pressupõem 
mudanças na estrutura do texto-fonte ao traduzi-lo à língua-alvo para que 
se adeque à estrutura sintática e lexical da língua de chegada. 
1.3.1.1 Transposição 
Transposição é a mudança da ordem sintática de um ou dois 
elementos sintáticos do texto-fonte. Ocorre por razões de obrigatoriedade 
sintática ou pragmática da língua de chegada. 
Ex. 1: Rick is a very tall man. 
Rick é um homem muito alto. 
Neste exemplo, o sintagma nominal [very tall] foi transposto da 
posição anterior ao núcleo do sujeito no texto original para a posição 
posterior ao núcleo do sujeito no texto de chegada. Aqui, a transposição é 
pragmaticamente obrigatória, já que a sentença [Rick é um muito alto 
homem] seria apragmática. 
Ex. 2: German scientists discovered a new type of stem-cell on Friday. 
Na sexta-feira, cientistas alemães descobriram um novo tipo de 
célula-tronco. 
Neste exemplo, a transposição do adjunto adverbial de tempo do fim 
da sentença no texto-fonte para o início da sentença no texto-alvo não era 
obrigatória. No entanto, a partir de observações de textos jornalísticos, 
parece que, em português do Brasil, prefere-se colocar os adjuntos 
adverbiais de tempo e lugar no início das sentenças, ao contrário do inglês 
americano, em que os adjuntos adverbiais aparecem com mais frequência 
no final das sentenças. 
1.3.1.2 Modulação 
A modulação ocorre quando a palavra do texto-fonte muda de classe 
gramatical ao ser traduzida para a língua-alvo. 
Ex. 1: Introducing the concept of gene. 
Introdução ao conceito de gene. 
Neste exemplo, a palavra [introducing], um verbo no gerúndio, é 
modulada para um substantivo na língua de chegada. 
A modulação também ocorre quando um verbo no gerúndio é 
traduzido para o infinitivo ou vice-versa. 
Ex. 2: Connecting the cables. 
Como conectar os cabos. 
1.3.1.3 Equivalência 
O procedimento de equivalência é dividido em duas subcategorias – 
equivalência de expressões idiomáticas, ditados e provérbios; e equivalência 
funcional. 
A equivalência de expressões idiomáticas, ditados e provérbios ocorre 
quando há, na língua de chegada, uma expressão idiomática, ditado ou 
provérbio com o mesmo valor semântico e que use os mesmos símbolos ou 
alusões da expressão idiomática da língua-fonte. 
Ex. 1: Not all that glitters is gold. 
Nem tudo que reluz é ouro. 
Ex. 2: Better late than never. 
Antes tarde que nunca. 
Ex. 3: Can you give me a hand? 
Você pode me dar uma mão? 
Nos dois primeiros exemplos, provérbios populares ingleses foram 
traduzidos pelos correspondentes na língua portuguesa, que utilizam os 
mesmos símbolos e possuem o mesmo valor semântico dos provérbios da 
língua-fonte. No exemplo 3, a expressão idiomática [to give a hand] foi 
traduzida pela sua correspondente em português, que utiliza igualmente o 
mesmo referente [mão] e possui o mesmo valor semântico. 
A equivalência funcional ocorre quando a expressão idiomática, provérbio ou 
ditado da língua-fonte não possui correspondente na língua-alvo com os 
mesmos símbolos e referentes, mas utiliza outros para chegar ao mesmo 
valor semântico. Possuem, portanto, a mesma função semântica. 
Ex. 4: The one who sleeps with dogs wakes up with fleas. 
Quem se junta aos porcos, farelo come. 
Ex. 5: The squeeky wheel gets the grease. 
Quem não chora não mama. 
No exemplo 4, o ditado popular foi traduzido por outro com a mesma 
estrutura lógico-sintática, porém com outros referentes. No exemplo 5, o 
ditado traduzido por equivalência funcional não possui a mesma estrutura 
sintática, mas expressa o mesmo valor semântico-funcional. 
1.3.1.4 Sinonímia 
A sinonímia é utilizada quando o tradutor traduz um elemento lexical 
do texto-fonte por um sinônimo na língua-alvo. 
Ex. 1: My uncle used to play the accordion we he was young. 
Meu tio tocava sanfona quando era jovem. 
Neste exemplo, o tradutor decidiu utilizar um sinônimo para [accordion], 
sanfona, no lugar de acordeon. 
Ex. 2: Chelsea won the championship on the last round. 
O Chelsea venceu o certame na última rodada. 
Neste exemplo, o tradutor decidiu utilizar o sinônimo certame no lugar da 
tradução imediata para championship, campeonato. 
1.3.1.5 Paráfrase 
A tradução por paráfrase ocorre quando o tradutor decide utilizar 
estruturas mais longas e menos diretas para expressar, no texto-alvo, 
elementos do texto-fonte. O eufemismo geralmente é construído a partir de 
paráfrases. 
Ex. 1: In my opinion, the President lied about the corruption scandal. 
Na minha opinião, o presidente faltou com a verdade em relação 
ao escândalo de corrupção. 
Neste exemplo, o tradutor decidiu usar uma estrutura parafrástica 
eufemística para expressar o verbo [to lie] do texto-fonte. 
A paráfrase também ocorre quando uma estrutura sintática da língua-
fonte precisa ser traduzida por uma estrutura mais longa na língua-alvo. 
Ex. 2: How proficient are you in Chinese? 
Como você avalia seu grau de proficiência em chinês? 
Aqui o tradutor utilizou uma estrutura parafrástica, portanto mais longa, 
para expressar o mesmo valor semântico da estrutura sintética da língua-
fonte. 
1.3.2 Domesticação do estilo 
Os procedimentos de domesticação do estilo pressupõem mudanças na 
estrutura estilística do texto-fonte para que se adeque à estrutura estilístico-
pragmática da língua-alvo. 
1.3.2.1 Omissão 
A omissão é utilizada quando o tradutor decide não traduzir para o texto-
alvo algum item lexical ou estrutura do texto-fonte. 
Ex.: Capoeira, an interesting blend of dance and martial arts, is facing 
gradual revival in Brazil. 
A capoeira está passando por uma gradual revitalização no Brasil. 
Aqui o tradutor decidiu omitir o aposto relacionado à capoeira no texto-alvo, 
talvez por considerar que o público-leitor do texto traduzido não necessitava 
da explicação dada no texto-fonte. 
1.3.2.2 Explicitação 
O procedimento de explicitação é utilizandoquando o tradutor decide 
acrescer ao texto-alvo alguma informação não expressa no texto-fonte. 
Ex.: The IRS may collect over 2 billion dollars in taxes this year. 
Este ano, a Receita americana deve arrecadar mais de 2 bilhões 
de dólares em impostos. 
Neste exemplo, o tradutor decidiu explicitar a informação de que se tratava 
da Receita dos Estados Unidos, já que tal informação, subentendida no texto 
original, daria a impressão, no texto-alvo, de que se tratava da Receita 
Federal brasileira. 
Ex. 2: Elite Squad was the Golden Bear Award-Winner in 2008. 
O filme Tropa de Elite foi o vencedor do Urso de Ouro do Festival 
de Cinema de Berlim em 2008. 
Neste exemplo, o tradutor explicitou o item lexical filme e a informação de 
que o prêmio foi concedido no Festival de Cinema de Berlim. 
1.3.2.3 Generalização e especificação 
Os procedimentos de generalização e especificação ocorrem quando o 
tradutor utiliza, para traduzir um determinado item lexical do texto-fonte, 
hiperônimos e hipônimos, respectivamente. 
Ex. 1: When I opened the door, my palmtop was not there anymore. 
Quando abri a porta, meu computador não estava mais lá. 
Neste exemplbo, o tradutor utilizou generalização do termo palmtop, pois 
usou o hiperônimo computador. 
Ex. 2: The famous Brazilian “farofa” is made with fried flour and 
sausages. 
A famosa farofa brasileira é feita com farinha de mandioca e linguiça. 
Aqui o tradutor decidiu especificar o tipo de farinha utilizada através de um 
hipônimo, farinha de mandioca. O uso desse recurso pode ter ocorrido 
porque o tradutor, de posse da informação que faltava no texto-fonte, 
considerou que era seu dever incluí-la no texto-alvo. 
1.3.2.4 Compensação 
Compensação é a tentativa, por parte do tradutor, de utilizar o mesmo 
recurso estilístico usado no texto-original, porém com referentes ou símbolos 
diferentes. A compensação é ibidem quando ocorre no mesmo lugar 
(parágrafo ou período) onde o recurso estilístico reproduzido do texto-
original se encontra; e alibi quando o tradutor, vendo-se impossibilitado de 
reproduzir o mesmo recurso estilístico do texto-original no mesmo lugar em 
que aparece, decide fazê-lo em outro parágrafo ou outro período do texto-
alvo. A compensação é utilizada geralmente quando há, no texto-fonte, 
incidências de jogos de palavras, rimas e anedotas. 
Ex.: “You sit here and car.” 
“OK, what kind of car am I?” 
“A 280-Zit.” 
“Você fica aqui e finge que é um carro” 
“Tá certo, e que tipo de carro eu sou?” 
“Um Mercedes Classe A-cne.” 
No diálogo acima, retirado de um filme de comédia americano, dois irmãos 
estavam conversando sobre a promissora carreira de modelo de Kate, a 
irmã. A menina queria treinar para o próximo trabalho que iria realizar, o de 
modelo numa exposição de automóveis. Para tanto, ela pede que o irmão 
finja ser um carro (…you sit here and car.), a fim de que possa fazer as 
poses de modelo. O irmão adolescente pergunta a Kate que tipo de carro ele 
seria, ao que ela responde 280-Zit, uma alusão ao Datsun 280Z, um carro 
luxuoso conhecido do público norte-americano, acrescido do jogo de palavra 
[Z  zit], uma alusão ao fato de o irmão ser um adolescente cheio de acnes. 
Ao traduzir, o tradutor, vendo-se impossibilitado de usar o mesmo referente 
para produzir o jogo de palavras, decidiu usar o Mercedes Classe-A, um 
carro igualmente luxuoso e conhecido do público-leitor brasileiro, com o qual 
poderia construir a polissemia utilizando a palavra acne, mantendo assim a 
comicidade do texto original. 
1.3.2.5 Reconstrução 
O procedimento de reconstrução pressupõe mudanças na ordem 
sintática e na estrutura estilística de toda a sentença (reconstrução sintática) 
ou na estrutura lógico-semântica da sentença (reconstrução semântica) a 
fim de manter o valor semântico do texto-fonte. 
Ex. 1: We examined the patients after taking the prescribed medicine 
and came to the conclusion that the substances utilized are 
harmless. 
Os pacientes foram examinados após tomarem a medicação 
prescrita e chegou-se à conclusão de que as substâncias 
utilizadas são inofensivas. 
Neste exemplo, a voz ativa do texto-fonte foi reconstruída para a voz 
passiva no texto-alvo. 
Ex. 2: Specialists are convinced that the WTC Twins were demolished 
rather than crashed down by the airplanes. 
Os especialistas estão convencidos de que a causa da queda das 
torres gêmeas foi implosão, e não a colisão com os aviões como 
antes se pensava. 
Neste exemplo, o tradutor reconstruiu sintaticamente todo a oração 
subordinada objetiva indireta, substantivando os verbos demolish e crash, 
acrescentando o substantivo causa, o verbo-cópula ser e o predicativo do 
sujeito, além de uma oração adverbial no final do período. Esse tipo de 
construção mais nominalizada que verbalizada é muito comum em textos 
jornalísticos no Brasil. No inglês, a tendência parece ser inversa – os jornais 
em língua inglesa, de acordo com nossa observação, parecem preferir a 
verbalização. 
Ex. 4: The father arrived, hugged his daughter and kissed her in the 
mouth. 
Ao chegar, o pai deu um abraço em sua filha e a beijou na testa. 
No exemplo 4, o tradutor decidiu reconstruir semanticamente o período e 
substituiu o referente boca por testa. Ao ser indagado sobre o porquê da 
escolha, o tradutor em questão afirmou que, no Brasil, é muito incomum um 
pai dar um beijo na boca de sua filha de 15 anos e preferiu usar uma 
estrutura semântica que não chamasse a atenção dos leitores, mais 
“neutra”. 
Ex. 5: Oh, your test was not bad at all, Alex. 
Alex, sua prova está muito boa. 
No exemplo 5, o tradutor decidiu reconstruir o vetor de sentido negativo do 
texto-fonte e transformá-lo num texto-alvo com vetor de sentido positivo, 
utilizando para tanto o procedimento de reconstrução semântica. 
1.3.2.6 Equivalência estilística 
A equivalência estilística, também conhecida como melhoria, é usada quando 
o tradutor inclui no texto padrões retóricos relacionados com a tipologia 
textual a qual o texto pertence. Esse recurso é utilizado geralmente para 
explicitar características estilísticas da tipologia textual não presentes no 
texto-fonte. 
Ex.: The little girl said she was carrying a basket of food to her 
grandmother. 
A menininha disse que estava levando uma cesta de doces para 
a vovozinha. 
Neste exemplo, o tradutor utiliza o procedimento de equivalência estilística 
para traduzir basket of food por cesta de doces e grandmother por 
vovozinha. Após identificar que o texto-fonte pertence à tipologia textual 
conto infantil, o tradutor decidiu explicitar, no texto-alvo, padrões retóricos 
pertencentes a essa tipologia que não estavam explícitos no texto-fonte. 
1.3.2.7 Mudança de registro 
A mudança de registro ocorre quando o tradutor decide traduzir um 
texto com registro informal para linguagem formal (ou neutra) ou vice-
versa. 
Ex.: Hey, asshole, I’m going to bust your head all over this fucking 
parking lot! 
Ei, seu babaca, eu vou estourar seus miolos por toda essa droga 
de estacionamento! 
Neste exemplo, o tradutor evitou utilizar palavras ofensivas de baixo calão e 
decidiu “neutralizar” o registro do texto. No entanto, essa decisão nem 
sempre cabe ao tradutor. As agências de tradução que prestam serviços de 
tradução para dublagem e legendagem de material áudio-visual, por 
exemplo, possuem regras estritas de uso de palavras de baixo calão e 
coloquialismos. Os tradutores que trabalham para tais agências precisam 
seguir os manuais de estilo fornecidos pelas empresas. 
1.3.2.8 Mudança de complexidade/fluidez estilística 
O procedimento de mudança de complexidade/fluidez estilística é mais 
amplo, e sua observação pressupõe a análise de todo o texto traduzido. A 
mudança na complexidade estilística do texto é alcançada através do uso de 
outros procedimentos tradutórios domesticadores do sistema linguístico, do 
estilo e da realidade extralinguística. Esseprocedimento é utilizado quando, 
por alguma razão, o tradutor ou o cliente consideram que o texto original é 
complexo ou simples demais estilística ou semanticamente e o público-leitor, 
por essa razão, não o aceitaria naturalmente. 
1.3.2.9 Adaptação 
O procedimento de adaptação também só pode ser observado a partir 
de uma análise de todo o texto traduzido e é alcançado através de outros 
procedimentos descritos neste trabalho. A adaptação ocorre, por exemplo, 
quando um texto originalmente escrito para o público adulto é traduzido 
para ser publicado para o público infantil, ou quando o texto-fonte foi escrito 
originalmente para o cinema e é traduzido para ser publicado como 
romance. A adaptação pressupõe mudanças profundas no estilo do texto, 
adaptando-o ao novo contexto editorial e/ou ao público ao qual se destinará 
a tradução. 
1.3.3 Domesticação da realidade extralinguística. 
Os procedimentos de domesticação da realidade extralinguística 
implicam mudanças ou substituições dos itens culturais e referências 
exóforas presentes no texto-fonte. 
1.3.3.1 Transferência 
Transferência é a substituição de um item cultural do texto-fonte num 
item cultural de mesma função no texto-alvo. 
Ex. 1: Mount McKinley has the height of 135 Statues of Liberty. 
O Monte McKinley possui a altura equivalente a 165 estátuas do 
Cristo Redentor. 
Neste exemplo, o tradutor decidiu substituir a referência à Estátua da 
Liberdade por uma referência mais próxima do público-alvo, já que muito 
mais brasileiros têm idéia aproximada da altura do monumento ao Cristo 
Redentor que da Estátua da Liberdade novaiorquina. 
Ex. 2: My daughter is going to throw a great party at her Sweet 16. 
Minha filha vai dar uma grande festa nos seus 15 anos. 
No exemplo 2, o tradutor decidiu substituir o referente à festa de debutantes 
aos 16 anos nos EUA e Inglaterra pela referência à tradição latina de 
celebrar o começo da idade adulta aos 15 anos. 
Ex. 3: Jesus é o Cordeiro de Deus. 
Jesus é a Foca de Deus. (tradução da Bíblia para a língua Ynuit) 
No exemplo 3, os tradutores da Bíblia para a língua Ynuit dos esquimós 
habitantes do Norte do Canadá e Groenlândia expressam sua preferência 
pela domesticação através de transferência de itens culturais dos judeus 
palestinos para itens conhecidos de fácil compreensão dos esquimós que 
possuem as mesmas importância e função nas duas culturas. 
1.3.3.2 Explicação 
O procedimento de explicação é utilizado quando o tradutor 
acrescenta, no texto-alvo, um aposto elucidando a composição ou função de 
um determinado elemento da cultura a que pertence o texto-fonte. A 
explicação pode vir entre parênteses ou entre vírgulas (explicação 
intratextual), ou em nota de rodapé, nota do tradutor (NdT), nota de fim de 
livro ou no prefácio (explicação paratextual). As edições da Bíblia para 
estudo contêm muitas explicações paratextuais sobre termos-chave das 
línguas dos originais para acrescentar elucidações sobre polissemias e 
implicações não expressas pela tradução. 
1.3.2.3 Ilustração 
O procedimento de ilustração é utilizado quando o tradutor acrescenta ao 
texto formas gráficas, ícones ou desenhos/fotos para tornar clara a tradução 
do texto-fonte. Este procedimento é geralmente utilizado em manuais 
técnicos, em que fotos dos aparelhos, botões, substâncias ou materiais 
referidos no texto-fonte aparecem ao lado de seus referentes. 
As descrições dos procedimentos técnicos de tradução independem de 
qualquer julgamento quanto à legitimidade ou à adequação de uso. O 
emprego de cada procedimento é altamente dependente do contexto 
tradutório e das personagens envolvidas no contrato de tradução. Cabe aos 
pesquisadores de tradução, principalmente aos que realizam pesquisas 
cognitivas através de protocolos verbais e textuais, investigar como e por 
que os procedimentos são utilizados nos mais diversos contextos 
tradutórios, tanto em tradução técnica como em tradução literária. 
Por fim, é possível dizer que as fronteiras entre os procedimentos não são 
estáticas e por vezes podem se apresentar congruentes. Procedimentos de 
transposição e reconstrução podem se confundir em determinadas situações, 
os limites da adaptação e da mudança de registro podem não se apresentar 
claros, os procedimentos de paráfrase e explicitação podem, em 
determinados contextos, ser considerados congruentes, dentre muitos 
outros problemas de análise detectados. Cabe ao pesquisador e ao crítico de 
tradução estabelecer essas fronteiras onde a tabela aqui apresentada possui 
hiatos. 
Abstract: This article presents a new, recategorized and enlarged table of 
translation procedures based on the previous works of Barbosa (1990) and 
Lanzetti (2006). The procedures were categorized according to the 
translation paradigms proposed by Schleiermacher (2001a & b), namely – 
the foreignizing and domesticing translation paradigms. Based on this 
recategorization, we redefine existing translation procedures and include 
others as of the analysis of translations done by translators in training and 
professional translators collected within the years of 2006 and 2008. 
Key words: translation, translation procedures, Schleiermacher 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BARBOSA, Heloisa Gonçalves. Procedimentos técnicos da tradução: uma 
nova proposta. Campinas: Pontes, 1990 
CATFORD, J. C. A linguistic theory of translation. Oxford: Oxford University, 
1965 
LANZETTI, Rafael. Domesticação e Estrangeirização nas Estratégias e 
Procedimentos Tradutórios de Tradutores Aprendizes. Rio de Janeiro: UFRJ, 
Faculdade de Letras. Dissertação de Mestrado do Programa Interdisciplinar 
de Lingüística Aplicada, 2006 
NEWMARK, Peter. Approaches to translation. Oxford: Pergamon, 1981 
NIDA, Eugene. Toward a science of translating: with special reference to 
principles and procedures involved in Bible translating. Leiden: Brill, 1964 
___________ . Principles of translation as exemplified by Bible translating. 
In: BROWER, Reuben A. On translation. Nova Iorque: Oxford University, 
1966 
SCHLEIERMACHER, Friedrich E. Über die verschiedenen Methoden des 
Übersezens, 2001a. In: HEIDERMANN, Werner (org.) Antologia: Clássicos da 
teoria da tradução. Vol. 1: alemão-português. Florianópolis: Editora UFSC, p. 
27-86, 2001a 
SCHLEIERMACHER, Friedrich E. Sobre os diferentes métodos de tradução. 
Trad.: Margarete von Mühlen Poll, 2001b. In: HEIDERMANN, Werner (org.) 
Antologia: 
Clássicos da teoria da tradução. Vol. 1: alemão-português. Florianópolis: 
Editora UFSC, p. 26-87, 2001 
VÁZQUEZ-AYORA, G. Introducción a la traductología: curso básico de 
traducción. Washington: Georgetown University, 1977 
VINAY, J.-P. e DARBELNET, J. Stylistique comparée du français et de 
l’anglais: méthode de traduction. Paris: Didier, 1977 
 Edições 
o Edição número 7 – 2009 
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MÉTODOS EM TRADUÇÃO 
TRADUÇÃO COMUNICATIVA 
Tem como objectivo tornar a mensagem mais acessível ao destinatário. 
A tradução, segundo este método, realiza-se na perspectiva do 
destinatário. É, portanto, mais um ofício que uma arte. 
Características mais relevantes: 
- é melhor que o original, na medida em que ganha em força e clareza, 
embora perca em estilo; 
- permite corrigir ou melhorar o enunciado, dando esclarecimentos em 
notas de rodapé. 
- suprime ambiguidades ou faltas de clareza 
- elimina repetições; 
- elimina ou clarifica a gíria; 
- normaliza o estilo do autor;TRADUÇÃO SEMÂNTICA 
 
Tem como objectivo recriar o texto respeitando o preciso sentido das 
palavras. Este tipo de tradução preserva o estilo do autor. 
Características mais marcantes: 
- é inferior ao original, pois perde em clareza na transmissão da 
mensagem; 
- as correcções e aperfeiçoamentos são inadmissíveis; 
- não requer adaptações culturais. 
 
TRADUÇÃO INTERPRETATIVA 
 
Tem como objectivo transmitir uma mensagem, após a apreensão 
global do sentido. Permite reformulações, criando equivalentes 
contextuais inéditos. Defende a tradução livre, desde que se respeitem as 
intenções do texto de partida. 
O texto é encarado como um todo (não se traduzem palavras, mas 
um discurso determinado por uma situação, num contexto preciso). 
A tradução é um acto de comunicação e de (re-) criação. 
O sentido depende de factores linguísticos, extra-linguísticos e 
situacionais, visto que o processo interpretativo se realiza ao nível da 
língua em situação. 
Este método pressupõe duas fases: 
http://www.prof2000.pt/users/ttf/entradametodos.htm
1. Interpretação global da mensagem; 
2. (Re-)criação do texto na língua de chegada. 
Na consecução desta 2
a
 fase, dever-se-ão ter em conta os seguintes 
aspectos: 
- clareza de ideias; 
- correcção ortográfica; 
- pontuação; 
- correcção gramatical; 
- selecção adequada do vocabulário; 
- nível de língua. 
 
Vantagens deste método: 
- os alunos associam palavras à intenção comunicativa; 
- privilegia a espontaneidade, a capacidade comunicativa, mais do 
que a correcção gramatical. 
 
Inconvenientes deste método: 
- dificuldades linguísticas grandes, quer na língua de partida, quer na 
de chegada. 
TRADUÇÃO COM BASE NA ANÁLISE DO DISCURSO 
 
Tem como objectivo atender à globalidade do texto. Traduzir textos e 
não palavras ou frases. 
Principais conceitos: 
- Coesão, isto é, a articulação entre as frases gramatical e lexicalmente; 
- coerência, isto é, unidade nocional e lógica do texto. 
Propriedades de um texto: 
- estilo; 
- intenção do texto; 
- intenção do tradutor; 
- tipo de texto; 
- correcção formal e lexical; 
- nível de língua; 
- função da linguagem; 
- pontuação; 
- contexto epocal, situacional e referencial; 
- sexo e idade do autor; 
- situação do leitor; 
- grau de formalidade/generalidade; 
- características pragmáticas. 
Conclusão: 
 Antes de escolher o método deve proceder-se à seguinte análise: 
Tradução - Acto de comunicação 
 
 
 
 
 Autor 
 
 
 
 
Destinatário 
 
 
 
 
Contexto 
situacional: 
- Quem fala? 
- A quem fala? 
- Qual o objectivo? 
- Qual o contexto? 
TRADUÇÃO - DEFINIÇÕES 
«A tradução boa é a que capta fielmente, a 
cem por cento, tudo exactamente como lá 
está, sem a preocupação do resultado 
estético em Português, que nesses casos 
pode não ser equivalente, nem se 
aproximar do resultado estético na língua 
original. (... traduzir) é conseguir um texto 
equivalente; quando nos restringimos 
cegamente ao original, obtém-se um texto 
La traduction, c'est une succession 
continuelle de prises de décision. 
- En traduction écrite, 1'emploi du terme 
technique exact est un impératif. 
- La traduction de textes techniques ne se 
ramène pas exclusivement à la recherche 
de correspondances pré-établies de termes 
que diz o mesmo, talvez, mas que não está 
dotado dos mesmos encantos orquestrais 
que o original tem, portanto, não dá o 
mesmo prazer na leitura.» 
(Expresso, 16-5-87) 
 
 
 
Faire que ce qui était énoncé dans une 
langue le soit dans une autre, en tendant à 
1'équivalence sémantique et expressive 
des deux énoncés. 
Fondement didactique de Ia traduction 
technique, Christine Durieux 
 
techniques. 
- II n'y a pas une traduction idéale; il est 
très souvent possible d'exprimer un même 
message de différentes façons. 
- On ne traduit pas une succession de 
mots, mais un message, des mots 
successifs pris isolément qui le composent. 
- On ne traduit pas pour comprendre, mais 
on comprend pour traduire. 
- II y a 1'antériorité de la compréhension 
par rapport au passage à la langue 
d'arrivée. 
Fondement didactique de Ia traduction 
technique, 
Christine Durieux 
Em nenhum caso, repetimos, será possível 
uma tradução sem objectivo bem definido 
e é este que, em todos os casos, determina 
a estratégia a adoptar para que tal 
objectivo seja obtido da melhor maneira 
possível nas circunstâncias de chegada. 
Não é o texto de partida o factor 
determinante, não o é a fidelidade a este, 
mas a "fidelidade" ao objectivo, à intenção 
ao destino que se dá ao texto de chegada. 
O factor central de cada tradução é o texto 
de chegada. 
Esboço de uma Teoria da Tradução, Hans 
Vermeer 
 
 
A tradução consiste em reproduzir na 
Podemos estabelecer, portanto, como regra 
fundamental da tradução a interpretação 
que o receptor, dentro da sua situação, 
deverá apreender da mensagem. Esta 
teoria opõe-se frontalmente à tradicional 
tradução à letra. 
Esboço de Uma Teoria da Tradução, Hans 
Vermee 
 
 
 
A tradução é pois a passagem de um texto 
original, redigido numa língua de chegada. 
Tem por fim dar a conhecer ao leitor o que 
foi escrito numa língua estrangeira. Para 
isso, o tradutor terá obviamente de 
língua receptora a mensagem da língua de 
origem, por meio do equivalente mais 
próximo e mais natural, primeiramente no 
que diz respeito ao sentido, em seguida no 
que concerne ao estilo. 
La traduçtion; théorie et méthode, C: Taber e E. 
A. Nida, Londres, Ailiance Biblique 
Universelle, 1971 
compreender para traduzir. 
Programa de Técnicas de Tradução, Ministério 
da Educação e Cultura, 10-10-79 
. 
 
 PROPOSTA DE ACTIVIDADE 
1- Ler atentamente os conceitos apresentados nos documentos 
2- Deduzir as semelhanças e diferenças entre eles. 
3- Apresentar as conclusões. 
 
 
Tradutor e Intérprete 
Natureza do Trabalho 
Os tradutores e os intérpretes são os profissionais responsáveis pela transposição de textos 
ou discursos de uma língua para outra, permitindo que pessoas que escrevem e falam em línguas 
diferentes possam comunicar entre si. Apesar da maioria das pessoas julgar que ambos traduzem, 
na realidade não é isso que acontece: em regra, enquanto o tradutor traduz textos escritos, o 
intérprete interpreta discursos orais. 
Os tradutores são os profissionais que traduzem textos de revistas, livros e documentos de 
diferentes géneros, sejam estes de natureza literária, técnica ou científica. Para tal, lêem e 
estudam o texto original, apreendem o seu sentido geral e, em seguida, procedem à sua tradução, 
procurando respeitar com a máxima fidelidade possível as ideias e o pensamento nele presentes e 
aplicando a terminologia mais correcta. Estes profissionais fazem também a tradução de 
legendas de filmes, de peças de teatro, de desenhos animados e de programas audiovisuais, para 
que estes possam ser sonorizados, dobrados ou legendados. Os tradutores que se dedicam à 
legendagem de audiovisuais são também designados de marcadores de legendas. 
Os intérpretes transpõem um discurso oral emitido numa língua para outra língua e funcionam 
como elo de ligação entre pessoas que comunicam verbalmente entre si em idiomas diferentes. 
As principais modalidades de interpretação existentes são a interpretação de acompanhamento, a 
http://www.prof2000.pt/users/ttf/index.html
interpretação judicial e a interpretação de conferência. O intérprete de acompanhamento é o 
profissional que, acompanhando determinada pessoa, interpreta em ambos os sentidos os 
diálogos que esta estabelece com interlocutores que comunicam numa outra língua. A 
interpretação judicial, por seu lado, é a interpretação que é realizada no âmbito de um julgamento 
e a interpretação de conferência é a que tem lugar em reuniões multilíngues formais, 
designadamente congressos, seminários, conferências, mesas-redondas, encontrosou jornadas. 
 
Os intérpretes de conferência recorrem a dois métodos de trabalho distintos, consoante o tipo de 
reunião: a interpretação consecutiva e a interpretação simultânea. A interpretação consecutiva é o 
método mais adequado para as conversações que envolvem um número reduzido de idiomas e de 
participantes, tais como pequenas reuniões técnicas entre especialistas. Nestes casos, o intérprete 
de conferência encontra-se junto do orador, ouvindo a sua intervenção e tirando apontamentos; 
em seguida, interpreta integralmente numa outra língua o discurso ocorrido, como se este fosse 
seu (isto é, na primeira pessoa do singular). O modo simultâneo, por seu lado, é o método mais 
adequado para encontros que envolvem um largo número de participantes, garantindo a 
transposição quase imediata dos discursos orais. No modo simultâneo, a equipa de intérpretes 
instala-se em cabinas (existem sempre, pelo menos, dois intérpretes por cada cabina), junto de 
um microfone e com auscultadores, e ouve as intervenções faladas numa determinada língua, 
transmitindo-as em outras línguas, ao ritmo a que são proferidas, para os ouvintes na sala. A 
interpretação simultânea permite que os participantes num dado encontro multilíngue possam 
ouvir e falar a sua própria língua durante toda a reunião. 
Quer os tradutores quer os intérpretes necessitam de conhecer profundamente as línguas com as 
quais trabalham, principalmente a sua própria língua. Conhecer a cultura dos países onde essas 
línguas são faladas é também indispensável, nomeadamente no que se refere à sua actualidade 
política, económica e social. É-lhes exigido, ainda, o respeito pelo sentido, estilo e espírito do 
que traduzem ou interpretam. Os manuais técnicos, por exemplo, exigem ao tradutor o domínio 
aprofundado de termos e expressões técnicas, sob pena de induzir em erro quem os lê. A 
tradução de um poema requer um conhecimento profundo do seu autor, das respectivas obras e 
da sua cultura: a linguagem poética baseia-se muito em imagens e metáforas e o tradutor tem que 
saber reproduzi-las de forma perceptível e, simultaneamente, manter as suas características 
literárias. 
Os intérpretes, por seu lado, devem ter uma certa espontaneidade de expressão, dado que a 
linguagem oral é, normalmente, mais informal que a escrita. Assim, é-lhes necessário conhecer 
expressões quotidianas e de gíria existentes nos idiomas que dominam e que grande parte das 
pessoas utiliza quando fala. Devem ter, ainda, uma grande capacidade de concentração e de 
memória, treino auditivo e rápida compreensão dos discursos orais, de forma a não perderem 
nenhuma informação: nas conferências, por exemplo, a maioria das pessoas não se lembra que as 
suas intervenções estão a ser interpretadas, falando muito rapidamente (sobretudo se estiverem a 
ler). Como agravante, os intérpretes nunca têm a hipótese de voltar a ouvir o que foi dito. É 
essencial, por isso, que também tenham excelentes faculdades de análise e de síntese, de forma a 
que, preservando a continuidade e o sentido dos discursos orais, consigam manter o ritmo da 
intervenção, sem perder informação. 
Nos últimos anos, a inovação tecnológica tem trazido algumas modificações ao desempenho 
destes profissionais. Os tradutores, por exemplo, viram as suas tarefas facilitadas com a ajuda do 
computador: Graças a ele, é-lhes possível trabalhar o texto com mais facilidade e podem instalar 
software de apoio à sua actividade, como programas informáticos de tradução, dicionários 
electrónicos e bases de dados terminológicas. Este tipo de software é bastante útil nas traduções 
de textos que utilizam expressões muito técnicas e cujas terminologias não são muito familiares 
ao tradutor. O Serviço de Tradução da Comissão Europeia, por exemplo, é um grande utilizador 
de ferramentas informáticas linguísticas para a tradução assistida por computador. As 
ferramentas que usa vão desde a tradução automática até aos dicionários terminológicos, 
passando pelos sistemas de memórias de tradução, os quais gerem uma base de dados de frases 
traduzidas anteriormente. O desenvolvimento informático levou também ao aparecimento de 
software específico para a tradução e marcação de legendas, permitindo que estas duas tarefas 
possam ser realizadas simultaneamente. 
Tradutor e Intérprete 
ONDE PODEM TRABALHAR? 
De uma forma geral, os tradutores podem trabalhar para editoras livreiras, centros de 
documentação, gabinetes de tradução, empresas ligadas à actividade turística e ao comércio 
internacional e organismos estatais. Normalmente, a actividade destes profissionais é exercida 
individualmente e em regime liberal (como trabalhadores independentes). Existem, todavia, 
tradutores por conta de outrém nas entidades acima referidas e outros que optam por trabalhar 
em conjunto e montam empresas ou gabinetes, com vista a prestar serviços às organizações que 
necessitam ocasionalmente de trabalhos de tradução. Nos últimos anos, estes gabinetes têm tido 
uma procura crescente devido ao aparecimento das televisões privadas que necessitam de 
especialistas para a legendagem de filmes, programas e espectáculos estrangeiros. Mais 
recentemente, a televisão por cabo - com programas legendados em português - veio também 
criar mais hipóteses de trabalho. No mercado de trabalho internacional, os nossos tradutores têm 
algumas hipóteses de trabalho (ainda que reduzidas) nas grandes organizações internacionais 
multilíngues que utilizam o português como língua de trabalho, entre as quais se destacam as 
instituições comunitárias. Estas organizações, além de empregarem tradutores permanentes, 
recorrem também a tradutores independentes externos. 
Tal como os tradutores, os intérpretes são procurados tanto por organismos nacionais e 
organizações internacionais como por outras entidades que necessitam de recorrer 
ocasionalmente aos seus serviços. As suas hipóteses de trabalhar como trabalhadores por conta 
de outrém no mercado nacional são, no entanto, muito mais difíceis, uma vez que praticamente 
não existem entidades empregadoras nacionais que tenham intérpretes a tempo inteiro ao seu 
serviço, sendo os intérpretes de conferência particularmente afectados por esta situação. Em 
Portugal, os serviços dos intérpretes de conferência que trabalham como profissionais liberais 
são procurados por instituições públicas e entidades privadas que organizam conferências 
internacionais no país e no estrangeiro (empresas, ministérios, organizações e associações 
patronais, sindicais e profissionais, etc.). 
No mercado internacional, as oportunidades de trabalho dos intérpretes de conferência resumem-
se às organizações internacionais com sede no estrangeiro onde as suas línguas de trabalho são 
necessárias. As organizações internacionais que têm o português como língua de trabalho não 
são muitas, mas existem algumas que necessitam de intérpretes com o português como língua 
passiva (língua a partir da qual interpretam para outros idiomas). De entre as potenciais entidades 
empregadoras de intérpretes de conferência de língua portuguesa, destacam-se as instituições da 
União Europeia, o Conselho da Europa e as instituições das Nações Unidas. Tal como acontece 
com os tradutores, estas organizações recrutam os intérpretes de conferência mediante concurso. 
Como também precisam de recorrer a serviços externos de interpretação, estas organizações 
criam, ainda, possibilidades de trabalho aos intérpretes de conferência que trabalham como 
independentes, regra geral, submetendo-os a um teste. 
No nosso país, o acesso às actividades de tradução e de interpretação não está por enquanto 
regulamentado, pelo que nada impede que pessoas sem a qualificação apropriada exerçam estas 
actividades. De facto, quem necessita de serviços de tradução e de interpretação opta, por vezes, 
por contratar pessoas que, apesar de saberem falar ou escrever correctamente na língua maternae 
em línguas estrangeiras, não são competentes para assegurar o elevado nível de qualidade e rigor 
destes serviços, pois não detêm as capacidades pessoais nem os conhecimentos técnicos e 
linguísticos que são exigidos. Apesar do mercado de trabalho dos tradutores e dos intérpretes 
especializados não estar saturado - existe procura de serviços de qualidade -, esta situação traz-
lhes dificuldades, pois têm de enfrentar uma mão-de-obra não qualificada que lhes retira algumas 
oportunidades de trabalho. 
Em Portugal, a localização geográfica destes profissionais centra-se nos grandes centros urbanos 
(com destaque para Lisboa e Porto), pois é aí que existe maior necessidade dos seus serviços. No 
plano internacional, a procura de tradutores e intérpretes de língua portuguesa localiza-se 
principalmente em Bruxelas, dado que é nesta cidade belga que está situada a maioria das 
instituições da União Europeia onde o português é uma das línguas oficiais de trabalho. 
 
Tradutor e Intérprete 
CURSOS 
Os cursos superiores existentes na área da tradução e da interpretação são, nomeadamente, os 
seguintes: 
A- Ensino Público: 
1- Bacharelato + Licenciatura 
 - Tradução 
http://www.prof2000.pt/users/ttf/perfilentrada.htm
 . Escola Superior de Educação de Faro da Universidade do Algarve 
 . Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria 
2- Bacharelato 
- Tradução e Relações Internacionais 
 .Escola Superior de Educação de Castelo Branco do Instituto Politécnico de Castelo Branco 
B- Ensino Particular e Cooperativo 
1- Licenciaturas: 
- Tradução 
 . Instituto Superior de Línguas e Administração (Lisboa e Leiria) 
- Tradutores e Intérpretes 
 . Univ. Autónoma de Lisboa Luís de Camões 
 . Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (Lisboa) 
- Tradução e Interpretação em Línguas Modernas 
 . Instituto Superior de Línguas e Administração (Santarém) 
- Ciências da Tradução e Cultura Comparada 
 . Instituto Superior de Línguas e Administração (Vila Nova de Gaia) 
2- Bacharelato + Licenciatura 
- Tradução e Interpretação 
 . Instituto Superior de Assistentes e Intérpretes (Porto) 
 Fonte: Guia de Acesso ao ETradutor e Intérprete 
 
COMPLEMENTO DE FORMAÇÃO 
Apesar de incluírem matérias consideradas úteis para o exercício das actividades de 
tradução e de interpretação, a opinião das associações profissionais que representam os 
tradutores e os intérpretes de conferência é a de que, de uma forma geral, estes cursos precisam 
de ser complementados com uma formação prática adequada às necessidades do mercado de 
trabalho, aos requisitos impostos pelas organizações internacionais e à complexidade das funções 
inerentes a estas profissões. De acordo com estas associações, quem queira ser um profissional 
especializado em tradução e/ou interpretação deve complementar o máximo possível a sua 
formação, nomeadamente através da frequência de intercâmbios universitários em países 
estrangeiros e da realização de cursos de aperfeiçoamento, no país e no estrangeiro. 
Em Portugal, e na área da tradução, além dos cursos acima referidos, existem, ainda, cursos em 
Línguas e Literaturas Modernas, com opções curriculares em Tradução. Quem pretenda 
aprofundar os seus conhecimentos técnicos e linguísticos tem ao seu dispor diversas formações 
em Tradução (cursos de especialização, pós-graduações, mestrados, etc.), destinadas a 
diplomados na área e/ou a tradutores profissionais. Além da formação académica, os estudantes e 
os profissionais desta área devem recorrer também à auto-aprendizagem, procurando obter 
conhecimentos por outras vias. Com esse objectivo, devem-se equipar com todos os meios 
formativos auxiliares possíveis, designadamente livros e dicionários de consulta e de 
investigação, bem como software de apoio a trabalhos de tradução. 
A necessidade de complementar a formação académica também é comum aos intérpretes, mas é 
na área da interpretação de conferência que ela é maior. De acordo com as associações 
profissionais portuguesas que representam os intérpretes de conferência, a preparação académica 
óptima para o exercício desta profissão consiste numa licenciatura seguida de uma pós-
graduação ou uma especialização em interpretação de conferência. Em Portugal, a única oferta 
formativa que existe a este nível é o Curso de Especialização em Interpretação de Conferência, 
ministrado pelo Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do Minho. 
A escolha das línguas de trabalho deve ser muito bem pensada e feita de acordo com as 
necessidades do mercado de trabalho e com o trajecto profissional que se pretende percorrer. Um 
primeiro factor a ter em conta é que as oportunidades de trabalho são tanto maiores quanto maior 
o número de línguas com as quais se trabalha: quem domine mais do que uma língua estrangeira 
pode, à partida, aceitar mais trabalhos do que aquele que só conhece apenas uma língua 
estrangeira. Por outro lado, deve-se procurar obter uma combinação linguística menos vulgar. Na 
área da tradução, o mercado de trabalho está sobretudo saturado de profissionais que dominam 
somente o inglês e/ou o francês, pelo que é aconselhável saber trabalhar com outras línguas. Na 
área da interpretação, e apesar de alguma saturação, esta combinação linguística continua a ser a 
mais procurada. Contudo, é conveniente - embora não seja indispensável - poder trabalhar com 
duas línguas activas (línguas para as quais se interpreta) e dominar pelo menos mais uma 
terceira, passiva. 
No mercado de trabalho internacional, e sobretudo para quem deseje vir a ser intérprete de 
conferência, a combinação linguística mais procurada nos intérpretes de língua portuguesa é o 
inglês, o francês e uma terceira língua estrangeira menos habitual. Atendendo às necessidades 
das instituições europeias, esta terceira língua pode ser o alemão, o dinamarquês, o neerlandês 
(que compreende o holandês e o flamengo), o sueco, o grego ou o finlandês. No plano 
internacional, em geral, existe também uma procura crescente de intérpretes que trabalhem com 
as línguas faladas na Europa central e oriental (russo, polaco, checo, húngaro, etc.) e com aquelas 
que registam uma crescente projecção internacional, tais como o árabe, o chinês ou o japonês. 
Tendo em conta que são chamados a trabalhar sobre os mais diversos temas, é fundamental que 
tanto os tradutores como os intérpretes desenvolvam, além das suas competências linguísticas, a 
sua cultura geral. Os textos que traduzem ou os discursos que interpretam podem ser dedicados a 
áreas tão diversas como economia, agricultura, direito, engenharia, informática ou medicina e é 
importante que estes profissionais estejam familiarizados com a terminologia utilizada no âmbito 
dessas matérias, de forma a compreenderem com facilidade o que é dito ou escrito e a 
preservarem o seu sentido. É essencial, por isso, que tenham curiosidade intelectual, que 
investiguem sobre o maior número possível de assuntos e procedam a uma actualização diária de 
conhecimentos. As expressões e os termos técnico-científicos devem ser alvo de uma pesquisa 
mais atenta, pois são muito específicos e não são utilizados na linguagem comum. Além disso, à 
medida que o conhecimento científico vai evoluindo, é habitual surgirem novas palavras. Em 
Portugal, as áreas de medicina, engenharia, economia e direito são aquelas em que existe uma 
maior quantidade de trabalhos de tradução e de interpretação, pelo que o conhecimento da 
linguagem utilizada nestas áreas pode constituir uma importante mais-valia no mercado de 
trabalho. 
 
nsino Superior - Candidatura/98TRADUTORES E INTÉRPRETES 
Condições de Trabalho 
Os tradutores desenvolvem habitualmente a sua actividade num gabinete, em casa ou nas 
instalações da entidade contratante, onde reúnem os seus instrumentos de trabalho, tais como um 
computador (preferencialmente com correioelectrónico e Internet), modem, fax, livros, 
dicionários e outros utensílios e documentação que considerem necessários à sua actividade 
profissional. O seu ritmo de trabalho é flexível e a sua carga horária semanal é variável, dado que 
estes profissionais gerem o seu tempo em função do número de trabalhos e dos prazos de 
conclusão e entrega dos mesmos. Um dos aspectos que distingue claramente a sua actividade da 
dos intérpretes é o facto de que, ao contrário destes, os tradutores dispõem de tempo suficiente 
para proceder às consultas bibliográficas necessárias à obtenção de um texto final técnica e 
linguisticamente correcto. 
A actividade de interpretação, por seu lado, encontra-se associada a uma forte componente de 
imprevisibilidade, o que obriga o intérprete a preocupar-se sobretudo com a mensagem essencial 
do discurso transposto e não tanto com a sua transposição integral. Esse factor leva também a 
que esta profissão seja muito exigente do ponto de vista físico e mental, pois o intérprete 
necessita de estar altamente concentrado e de acompanhar o ritmo das intervenções, ouvindo e 
falando ao mesmo tempo. Por esta razão, a resistência física e uma boa saúde constituem 
requisitos importantes para quem pretenda exercer esta profissão. Ser intérprete significa, ainda, 
estar disponível para se ausentar de casa, pois é uma profissão com um elevado índice de 
http://www.prof2000.pt/users/ttf/perfilentrada.htm
mobilidade geográfica. Por outro lado, podem desenvolver a sua actividade nos mais diferentes 
ambientes de trabalho: quando fazem interpretação consecutiva podem trabalhar ao ar livre, 
enquanto na interpretação simultânea trabalham em cabinas (as quais devem reunir determinadas 
condições técnicas e estar preparadas para acolher, pelo menos, duas pessoas). 
A flexibilidade de horário dos intérpretes varia muito em função do tipo de serviço que prestam. 
Uma equipa de intérpretes de conferência, por exemplo, pode ser chamada para trabalhar numa 
conferência de imprensa com uma duração de apenas 45 minutos, no período da manhã, e ser 
solicitada para interpretar uma delegação durante uma visita, no período da tarde. Em 
conferência, os intérpretes possuem horários mais rígidos, acompanhando os ritmos das sessões 
de trabalho (máximo 2 x 3,5 horas/dia), geralmente intervaladas com pausas para refeições e 
café. 
 
Tradutor e Intérprete 
Remunerações 
 Os preços cobrados pelos tradutores são determinados em função do idioma (uns são mais bem 
cotados que outros, consoante se tratem de línguas vivas ou línguas mortas) e do tipo de 
linguagem que se está a traduzir (corrente, literária ou técnica). O pagamento total do serviço é 
efectuado com base no número de linhas ou de páginas traduzidas. Os valores normalmente 
cobrados por estes profissionais são os seguintes: 
Tipo de Linguagem: Por página (30 linhas, 60 caracteres cada) 
Literária Corrente: Técnica: 
 de 1.940$00 a 3.000$00 de 5.400$00 a 8.550$00 de 6.000$00 a 9.750$00 
 Fonte: Associação Portuguesa de Tradutores (APT) 
Os preços cobrados nas traduções para legendagem variam entre os 2,50 € e os 5 € por cada 
minuto de audiovisual televisivo. Caso se trate de legendagem para cinema, o valor pago varia 
entre os 20 € e os 30 € por cada dez minutos. As revisões de textos obedecem à tabela de preços 
praticada para as traduções. São ainda cobradas importâncias extraordinárias, quando os 
trabalhos necessitam de ser executados e entregues num período inferior a 48 horas (+50%) e 
quando se realizam traduções a partir de gravações (+30%). As retribuições dos tradutores com 
vínculo à função pública (por exemplo, que trabalham em ministérios) são muito variáveis, pois 
dependem da carreira e do escalão em que estão integrados. No mercado internacional, e embora 
estes valores variem, os tradutores que prestam serviços externos às instituições comunitárias 
podem ganhar cerca de 2000/2500 €. Caso sejam funcionários permanentes, o seu vencimento-
base em início de carreira ronda, normalmente, os 3500/4000 € mensais. 
http://www.prof2000.pt/users/ttf/perfilentrada.htm
Tal como os tradutores, os intérpretes que trabalham nas instituições comunitárias são 
normalmente bem remunerados. Os intérpretes de conferência independentes que são recrutados 
pelas organizações internacionais para prestação de serviços são pagos segundo uma tabela de 
honorários constante de acordos negociados pela Associação Internacional de Intérpretes de 
Conferência (AIIC). Segundo essa tabela, recebem uma retribuição líquida na ordem dos 
250/300 € por cada dia de trabalho, embora este valor varie ligeiramente consoante a experiência 
profissional e a instituição a que se presta serviços. Além disso, recebem ajudas de custo para 
fazer face às despesas de alojamento, transporte e alimentação. 
No mercado nacional, a quase totalidade dos intérpretes é profissional independente, pelo que os 
honorários cobrados variam mais. Os profissionais com maior experiência, porém, tendem a ter 
como referência os honorários praticados pelas organizações internacionais, dependendo as 
ajudas de custo dos valores negociados com o cliente. Apesar dos serviços prestados pelos 
intérpretes poderem ser considerados caros, tal não significa que os seus rendimentos mensais 
sejam elevados, pois as suas oportunidades de trabalho não surgem todos os dias - o mesmo 
acontece com os tradutores. 
 
Tradutor e Intérprete 
Perspectivas 
Actualmente, as profissões de tradutor e de intérprete desempenham um papel importante no 
funcionamento das sociedades modernas, dado que estas necessitam cada vez mais de comunicar 
entre si, em virtude de fenómenos generalizados como a internacionalização da economia, a 
rapidez da circulação da informação pelo mundo ou o crescimento da concertação entre países 
perante questões mundiais (como a defesa do ambiente ou o respeito pelos direitos humanos, por 
exemplo). Neste contexto, o mercado de trabalho para os tradutores e intérpretes é bastante 
variado e apresenta boas perspectivas, havendo uma série de possibilidades de trabalho a 
considerar. 
Contudo, as novas exigências do mercado de trabalho, aliadas ao crescente número de pessoas 
que conhecem e utilizam línguas estrangeiras, têm conduzido a uma crescente especialização 
destas profissões. Deste modo, quem inicia uma carreira de tradutor e/ou de intérprete deverá 
contar com um mercado de trabalho exigente e cujo acesso não é garantido pelo mero 
conhecimento de línguas estrangeiras. Deverá adquirir, por isso, técnicas especializadas em 
tradução e/ou interpretação e é essencial que invista em conhecimentos técnicos e conhecimentos 
gerais, através, por exemplo, de estágios curriculares e profissionais no país e no estrangeiro e de 
um esforço constante na investigação e na auto-formação. 
O domínio aprofundado de um maior número possível de línguas estrangeiras é, entre outros, um 
trunfo importante que pode aumentar as hipóteses de trabalho. Apesar do inglês e do francês 
continuarem a ser línguas bastante requisitadas, a oferta dos que trabalham com esses idiomas é 
elevada, pelo que é aconselhável estudar outras línguas, nomeadamente as utilizadas 
http://www.prof2000.pt/users/ttf/perfilentrada.htm
oficialmente na União Europeia, bem como as que se prevêem vir a sê-lo, com a integração de 
novos membros comunitários. 
 
BOM TRADUTOR É AQUELE QUE: 
 
 A- CONHECIMENTOS PRÉVIOS 
1- Possui conhecimentos profundos da língua de partida e da língua de chegada; 
2- Possui conhecimentos igualmente profundos da cultura e civilização dos países 
considerados (parâmetros extra-linguísticos) 
3- Tem uma cultura geral razoavelmente vasta; 
4- Sabe documentar-se - (Pesquisa documental ou temática em livros especializados 
(direito, política, sociologia…), obras de divulgação, catálogos, artigos de jornais 
… ) e (Pesquisa terminológica na língua de origem e de chegada (bancos de dados 
terminológicosque podem ser solicitados a outros tradutores)) 
5- Sabe manusear bem os dicionários: bilingues e unilingues 
B- RECEPÇÃO DO TEXTO: 
6 - Analisa o discurso: dados sobre o autor, o/os tema(s) tratado(s), a época da 
redacção, as circunstâncias históricas, a intenção do autor, o público alvo, o tipo de 
texto… 
7- Analisa os aspectos linguísticos: traduz-se uma mensagem e não palavras (o 
sentido e não as palavras) daí ser necessário: 
- limitar e clarificar a situação descrita pelo autor; 
- analisar o estilo e o nível ou níveis de língua; 
- delimitar elementos de sentido (unidades de sentido); 
- neutralizar as polissemias, pelo contexto ou situação; 
http://www.prof2000.pt/users/ttf/perfilentrada.htm
 
C- PRODUÇÃO DO TEXTO 
8- Toma decisões (o tradutor é um criador; tem de reformular uma mensagem de 
um texto de partida numa linguagem inteligível, precisa, idiomática e inédita na 
língua de chegada); 
 
D- VERIFICAÇÃO/AVALIAÇÃO DA TRADUÇÃO: 
9- Faz uma leitura em voz alta do texto de chegada a alguém que não conheça o texto 
de partida (eliminação de interferências, ambiguidades …); 
10- Compara traduções entre si e/ou em relação ao texto de partida (verifica o 
funcionamento das duas línguas) 
TRADUTORES E INTÉRPRETES 
Existem várias entidades que podem fornecer informações adicionais sobre esta profissão, 
nomeadamente: 
Associação Portuguesa de Tradutores (APT), R. de Ceuta, 4-B, Gar. 5, 2795 Linda-a-Velha, Tlf. 
(01) 4198255. 
E-mail: apt@mail.telepac.pt Web site: http://www.apt.pt 
 
Associação Profissional dos Intérpretes de Conferência de Portugal (APROFIC), Apartado 1117, 
1053-001 Lisboa. 
E-mail: aproficportugal@hotmail.com e aiicportugal@hotmail.com 
 
Associação Portuguesa. de Intérpretes de Conferência (APIC), Apartado 12091, 1057 Lisboa 
Codex. 
 
Sindicato Nacional da Actividade Turística, Tradutores e Intérpretes (SNATTI), R. do Telhal, 4 - 
3.º Esq.º, 1150 Lisboa, Tlf. (01) 3467170/3423298. 
mailto:apt@mail.telepac.pt
mailto:apt@mail.telepac.pt
http://www.apt.pt/
http://www.apt.pt/
mailto:aproficportugal@hotmail.com
mailto:aiicportugal@hotmail.com
 
Associação Internationale des Interprètes de Conférence (AIIC), 10, Avenue de Sécheron, Ch - 
1202 Genève, Suisse, Tlf. (00.41.22) 9081540, 
E-mail: aiic@compuserve.com Web site: http://www.aiic.net 
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EM QUADRINHOS: O DESAFIO PARA 
TRADUTORES-MARAVILHA 
Eduardo de Carvalho Cassimiro 
1 
Resumo: O objetivo deste trabalho é estabelecer uma relação entre as 
variantes lingüísticas e as identidades dos personagens, mediante a tradução 
— para o português — da história em quadrinhos ―The Challenge of the 
Gods Begins‖, cuja protagonista é a super-heroína Mulher--Maravilha. Os 
trabalhos de Preti (1982), Cortiano (1991), Passarelli (1995), Bakhtin 
(1997), Eguti (1999), Sayão (2001), Arrojo (2002), Barbosa (2004), 
Cassimiro (2004), Gusman (2005) e outros constituem a fundamentação 
teórica dos autores. Os resultados parecem demonstrar que o apoio teórico 
(oriundo dos estudos de sociolingüística, gêneros textuais, histórias em 
quadrinhos, teorias e procedimentos técnicos de tradução e língua 
portuguesa) pode contribuir para o aprimoramento da percepção de como as 
variantes lingüísticas e imagéticas são usadas na construção da identidade 
dos personagens. 
Palavras-chave: tradução, história em quadrinhos, variante lingüística, 
identidade, Mulher-Maravilha. 
Abstract: This paper aims at establishing a relation between linguistic 
variation and character identity through the translation — into Portuguese — 
of the comic book story ―The Challenge of the Gods Begins‖, starred by 
superheroine Wonder Woman. The authors‘ theoretical bases are the studies 
by Preti (1982), Cortiano (1991), Passarelli (1995), Bakhtin (1997), Eguti 
(1999), Sayão (2001), Arrojo (2002), Barbosa (2004), Cassimiro (2004), 
Gusman (2005) and other scholars. The evidence seems to warrant the 
conclusion that the theoretical support (on sociolinguistics, genres, comics, 
translation theory and technical procedures) may help university students 
refine their skills in discerning to what extent images and linguistic 
variations can contribute to the establishment of a character‘s identity in 
comics. 
Keywords: translation, comics, linguistic variation, identity, Wonder 
Woman. 
1 Graduando do Curso de Letras, Tradutores Intérpretes. 
 
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1 
mailto:aiic@compuserve.com
http://www.aiic.net/
http://www.prof2000.pt/users/ttf/perfilentrada.htm
INTRODUÇÃO 
Este trabalho, que tem como tema As identidades e as variantes lingüísticas nas 
HQs, consiste na tradução de trechos da história em quadrinhos ―The Challenge of the Gods 
Begins‖, cuja protagonista é a super-heroína Mulher-Maravilha. A análise da caracterização 
dos personagens considera as variantes lingüísticas e imagéticas que compõem a aludida 
aventura quadrinhística e apresenta a justificativa das opções tradutórias. 
O referencial teórico utilizado — que abrange estudos de sociolingüística, 
estilística, teoria e procedimentos técnicos de tradução, histórias em quadrinhos, gêneros 
textuais e língua portuguesa — vem dos trabalhos de Preti (1982), Cortiano (1991), Passarelli 
(1995), Bakhtin (1997), Eguti (1999), Sayão (2001), Arrojo (2002), Barbosa (2004), 
Cassimiro (2004), Gusman (2005) e outros. 
O trabalho está dividido em dois capítulos: o primeiro, dedicado à 
contextualização, à fundamentação teórica e à apresentação da tradução sugerida; e o 
segundo, a algumas justificativas das decisões tradutórias do autor. 
1 - Tem Início o Desafio ao Tradutor 
1.1 — As ―encarnações‖ da Mulher-Maravilha 
A Detective Comics, mais conhecida como DC Comics, é, de acordo com o site 
Wikipedia2, uma editora norte-americana que figura entre as duas maiores do mundo — no 
que diz respeito à publicação de histórias em quadrinhos de super-heróis — e detentora dos 
direitos autorais de ícones como Super-Homem, Mulher-Maravilha, Batman, Lanterna Verde, 
Novos Titãs, Legião de Super-Heróis e muitos outros.3 
O Universo DC é um ambiente fictício e compartilhado em que ocorre a 
esmagadora maioria das histórias publicadas pela DC Comics e compõe-se de seres cujas 
características e superpoderes são os mais diversificados: voam, são capazes de erguer 
incontáveis toneladas, suportam muito mais que tiros de canhão ou explosões nucleares, 
2 Enciclopédia virtual, cujo endereço é www.wikipedia.org. (Acesso em 10/10/05.) 
3 A única concorrente à sua altura é a editora Marvel Comics, cujos personagens mais famosos são Capitão 
América, Thor, X-Men, Hulk, Homem-Aranha, Demolidor, Homem de Ferro e outros. 
 
Page 3 
2 
dentre tantos outros feitos admiráveis. Constam de seus cenários lugares reais como a 
Califórnia, Nova Iorque e o Brasil, além de inúmeros outros, fictícios, como o planeta 
Krypton, a cidade submersa de Atlântida, a Ilha Paraíso, a cidade de Gotham e até um Monte 
Olimpo peculiar. Diversos dos seus eventos históricos correspondem aos ocorridos no mundo 
real, mas nem todos. 
Essa mistura de superpoderes com mundo real, confirma Gusman (2005, p. 7), 
levou a editora a criar, em seus 70 anos, literalmente milhares de personagens que 
conquistaram gerações de admiradores em todo o planeta. Pode-se, portanto, incluir entre as 
façanhas dos heróis a notável repercussão que têm, já faz muito tempo, em vários outros 
meios de comunicação, expressão e entretenimento, ou seja, de manifestação cultural, além 
das aventuras impressas4. 
É nesse contexto que se destaca a Mulher-Maravilha, que Cassimiro (2004, p. 55) 
define como 
[uma] super-heroína, originária da Ilha Paraíso, filha da rainha Hipólita — logo, 
princesa das amazonas —, agraciada pelos deuses gregos (do Olimpo) com 
superpoderes, que veio ao mundo dos homens como embaixadora da mensagem de 
paz fundamentada na filosofia olimpiana. Chama-se Diana, também conhecidacomo 
Diana de Themyscira ou Princesa Diana de Themyscira, e é dotada de 
incomensurável força sobre-humana, do poder de vôo, de supervelocidade e 
invulnerabilidade; exímia guerreira (treinada em todos os antigos métodos gregos de 
combate corpo a corpo), capaz de desviar e rechaçar qualquer tipo de projétil ou raio 
(inclusive relâmpagos) com seus indestrutíveis braceletes de prata e possuidora do 
inquebrável Laço da Verdade (forjado do cinturão da deusa Gaia), o qual compele 
todo aquele que por ele é envolvido a dizer a verdade. [A personagem] é sinônimo 
de perfeição (também por causa da sua inigualável beleza física), independência e 
supremacia feminina. [É a] maior e mais poderosa super-heroína dos quadrinhos (na 
mesma categoria do Super-Homem). Essa campeã dos deuses olimpianos é ainda 
chamada de a Princesa Amazona. 
O autor (op. cit.) explica que, referente à semântica e ao estilo, necessário se faz 
este destaque: há, por exemplo, vários níveis de força sobre--humana no Universo DC. Esse é 
um dos parâmetros que ajudam a determinar qual personagem é ―páreo‖ para outro. Por isso, 
naquele glossário, nas notas enciclopédicas de personagens como Super-Homem e Mulher- 
Maravilha, o substantivo força é duplamente adjetivado (incomensurável força sobre-humana 
e incomensurável força sobre-humana, respectivamente). Por ser a força deles sobre-humana, 
poderia parecer desnecessário ou redundante o uso de mais um adjetivo, mas, diante do 
exposto, entendemos que não seja. 
4 Até Gilberto Gil, que compôs Super-Homem, A Canção, fez, na letra, uma nítida referência a um trecho de 
Super-Homem, O Filme (ou Super-Homem I): “Quem sabe o Super-Homem venha nos restituir a glória, 
mudando, como um deus, o curso da História, por causa da mulher?” 
 
Page 4 
3 
Moretti e Barroso (1991, p. 3) acrescentam que a Princesa Amazona foi criada, 
em 1941, pelo renomado psicólogo William Moulton Marston (1893–1947) — que usou o 
pseudônimo de Charles Moulton — para expressar as suas teorias sobre o relacionamento 
entre homem e mulher. Vale ressaltar que foi o idealizador da personagem quem aperfeiçoou 
o sistema de testes para o detector de mentiras. O primeiro ilustrador (desenhista) da super- 
heroína foi H. G. Peters. 
Rimmels (1996, p. 49) afirma que, a respeito da criação da Mulher-Maravilha, 
Marston escreveu isto: ―As fortes qualidades do sexo feminino têm sido menosprezadas. A 
solução óbvia é criar uma personagem feminina com toda a força de um super-homem, mas 
com o fascínio de uma bela mulher.‖ 
Na década de 1970, fez muito sucesso, em todo o mundo, o seriado live action 
―Mulher-Maravilha‖ (Wonder Woman) — desenvolvido exclusivamente para a televisão e 
estrelado por Lynda Carter. Num dos seus episódios — pertencente à primeira temporada, 
intitulado ―A Última Nota de Dois Dólares‖ —, o major Steve Trevor5 refere-se à 
protagonista com estas palavras: ―Ela é um assombro: forte, destemida e cheia de compaixão! 
Todas as virtudes da feminilidade, sem nenhum dos vícios.‖ 
O fato de várias versões da origem da princesa amazona terem sido contadas nas 
histórias em quadrinhos, nos desenhos animados e até mesmo nessa série televisiva é 
confirmado por Moretti e Barroso (1991, p. 3), que também reconhecem como a versão 
―definitiva‖ daquela que é considerada a maior super-heroína de todos os tempos a sua 
reformulação — proposta, em 1987, pelo argumentista e desenhista George Pérez. É 
exatamente uma história dessa última ―encarnação‖ da Mulher-Maravilha que nos serve de 
objeto de estudo neste trabalho. 
5 Segundo o site Wikipedia, o personagem fictício era um oficial do serviço secreto norte-americano por quem a 
versão original da super-heroína nutria uma paixão platônica. No seriado televisivo, foi interpretado por Lyle 
Waggoner. 
Estátua (esculpida por Tim Bruckner) baseada na ―nova‖ Mulher-Maravilha, de George Pérez 
 
Page 5 
4 
Acima, algumas das várias ―encarnações‖ quadrinhísticas da Mulher-Maravilha 
Versão original da Mulher- 
-Maravilha, no traço de H. 
G. Peters (1941) 
Versão da Mulher-Maravilha constante do Guia de Estilo da DC 
Comics (de 1982) 
A nova Mulher-Maravilha, de 
George Pérez: mais poderosa, e 
nada de salto alto! (1987) 
Versão da Mulher-Maravilha da Era de Bronze dos quadrinhos 
(1978) 
 
Page 6 
5 
Acima, as principais ―encarnações‖ televisivas da Mulher-Maravilha 
Lynda Carter, no papel da 
super-heroína, em cena da 
primeira temporada do 
seriado Mulher-Maravilha 
(1976) 
Lynda Carter, no papel da Princesa 
Amazona, trajando o uniforme escolhido 
para a segunda e a terceira temporadas 
do seriado, as quais foram intituladas As 
Novas Aventuras da Mulher-Maravilha 
(1977-1979) 
A Mulher-Maravilha do desenho animado Superamigos 
(1973-1984) 
A Mulher-Maravilha do 
(recente) desenho animado 
Liga da Justiça 
(2005) 
 
Page 7 
6 
Em entrevista a Mangels (1987, p. 99–101), Pérez referiu-se especificamente a 
―The Challenge of the Gods Begins‖, afirmando tratar-se da primeira parte de um arco de 
histórias no qual Diana teve de provar por que ela é tão necessária ao mundo dos homens 
quanto as amazonas são essenciais à sobrevivência da humanidade. Nessa seqüência de 
aventuras, ficou esclarecido aquilo que era imprescindível para a consolidação da origem da 
―nova‖ Mulher-Maravilha, de modo que, ao final, definiram-se estes detalhes: quem ela é, 
quem era a Diana de quem a jovem amazona herdou esse nome, por que usa um uniforme 
inspirado na bandeira norte--americana, o que a torna tão ímpar (e não apenas mais uma 
super-heroína) e qual é a sua missão na Terra. 
Ainda à luz dessa entrevista concedida pelo aclamado George Pérez, tais histórias 
encadeadas chamariam a atenção quanto ao aspecto visual, uma vez que, nelas, a protagonista 
se depararia com criaturas da mitologia olimpiana, inclusive, é óbvio, os deuses. O 
argumentista (op. cit.) salientou que teve de ler muitos livros e artigos sobre mitologia, dos 
quais vários eram relacionados às histórias em quadrinhos. Baseou-se mormente na tese 
Wonder Woman from an Amazon Mythology Perspective, de John Palmer, em que este 
almejou estabelecer a consonância da Mulher-Maravilha com parte da mitologia grega, a fim 
de que os mitos ―funcionassem‖ na revista WONDER WOMAN. 
Na aludida matéria, Pérez também admitiu que grande parte desse último 
referencial teórico serviu de esteio para a sua recriação da extraordinária super-heroína, 
permitindo-lhe não só evitar conflitos com o mito das amazonas consolidado em outras 
aventuras quadrinhísticas por autores daquela época, como também não entrar em 
contradição com as lendas formadas muitos anos antes de o artista ter de trabalhar com essas 
mulheres. A pesquisa ajudou-o a arquitetar um meio perspicaz de manter as suas amazonas 
―fiéis‖ às origens mitológicas ao mesmo tempo em que guardavam algumas peculiaridades. 
Eram, por conseguinte, as amazonas da DC, com raízes mitológicas baseadas nas histórias 
escritas por Hesíodo e outros, porém suficientemente independentes, de forma que ele (op. 
cit.) pudesse criar as suas aventuras sem estar irrestritamente condicionado àqueles mitos. Por 
fim, quanto aos deuses, Pérez teve de redesenhá-los, pois queria que a revista recebesse um 
tratamento visual diferente: decidiu ―construir‖ novos deuses porque queria que fossem os da 
Mulher-Maravilha, exclusivamente, ao contrário do que acontecia com os deuses das histórias 
dos Novos Titãs. Cassimiro (2004, p. 54) define Novos Titãs como um grupo de jovens heróis 
— com base de operações em Nova Iorque — que constitui uma força formidável em prol da 
justiça. Os seus membros mais famosos são Asa Noturna, Moça-Maravilha, Estelar, Mutano, 
Ravena e Ciborgue, entre outros. 
 
Page 8 
7 
Acima, os deuses olimpianos de George Pérez (no traço de Phil Jimenez): 
1) Possêidon; 2) Zeus; 3) Hades; 4) Dionísio; 5) Apolo; 6) Hera; 7) Héstia; 8) Hermes; 
9) Afrodite; 10) Ártemis;

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