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FACULDADE ÚNICA 
DE IPATINGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Paloma Carlean de Figueiredo Souza 
 
Mestre em Letras pela Unimontes (2015). Especialista em Tutoria em Educação a Distância 
(2013). Graduada em Letras com ênfase em Português e Inglês pela Universidade Católi-
ca Dom Bosco (2005). Possui experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Portu-
guesa e Literatura Brasileira. Atua como docente na rede pública desde 2007. 
 
 
 
 
LÍNGUA PORTUGUESA E PRODUÇÃO DE 
TEXTO 
 
1ª edição 
Ipatinga – MG 
2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL 
 
Diretor Geral: Valdir Henrique Valério 
Diretor Executivo: William José Ferreira 
Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos 
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira 
Revisão Gramatical e Ortográfica: Danubia da Costa Teixeira 
Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Carla Jordânia G. de Souza 
 Rubens Henrique L. de Oliveira 
Design: Brayan Lazarino Santos 
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Maria Luiza Filgueiras 
 
 
 
 
 
 
 
© 2021, Faculdade Única. 
 
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza-
ção escrita do Editor. 
 
 
‘ 
 
 
Teodoro, Jorge Benedito de Freitas, 1986 - . 
Introdução à filosofia / Jorge Benedito de Freitas Teodoro. – 1. ed. Ipatinga, 
MG: Editora Única, 2020. 
113 p. il. 
 
Inclui referências. 
 
ISBN: 978-65-990786-0-6 
 
1. Filosofia. 2. Racionalidade. I. Teodoro, Jorge Benedito de Freitas. II. Título. 
 
CDD: 100 
CDU: 101 
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. 
 
 
 
 
 
NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA 
Rua Salermo, 299 
Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG 
Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 
www.faculdadeunica.com.br
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
Menu de Ícones 
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo 
aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. 
Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um 
com uma função específica, mostradas a seguir: 
 
 
 
São sugestões de links para vídeos, documentos científi-
cos (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou 
links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Bibliote-
ca Pearson) relacionados com o conteúdo abordado. 
 
Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações impor-
tantes às quais você deve ter um maior grau de aten-
ção! 
 
São exercícios de fixação do conteúdo abordado em 
cada unidade do livro. 
 
São para o esclarecimento do significado de determi-
nados termos/palavras mostradas ao longo do livro. 
 
Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões 
citadas em cada unidade, associando-as a suas ações, 
seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
SUMÁRIO 
 
A LÍNGUA PORTUGUESA COMO INSTRUMENTO DE INTERAÇÃO SOCIAL
 ................................................................................................................... 8 
 
1.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8 
1.2 FALA E ESCRITA ................................................................................................... 8 
1.3 REGISTRO FORMAL E REGISTRO INFORMAL ..................................................... 10 
1.4 VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS ............................................................................... 12 
1.4.1 Variação histórica ou diacrônica .................................................................... 12 
1.4.2 Variação Linguística Geográfica ou Diatópica ........................................... 13 
1.4.3 Variação Linguística sociocultural................................................................... 14 
1.4.4 Adequação Linguística ..................................................................................... 14 
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 16 
 
TEXTO, CONTEXTO E INTENÇÃO COMUNICATIVA ................................ 22 
 
2.1LINGUAGEM VERBAL ......................................................................................... 22 
2.2 CONCEITUANDO TEXTO .................................................................................... 23 
2.3 ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO .................................................................... 25 
2.4FUNÇÕES DA LINGUAGEM ................................................................................ 25 
2.4.1 Função emotiva ou expressiva ........................................................................ 26 
2.4.2 Função conativa ou apelativa ..................................................................... 26 
2.4.3 Função referencial ou denotativa ................................................................. 27 
2.4.4 Função poética .................................................................................................. 28 
2.4.5 Função metalinguistica ..................................................................................... 28 
2.4.6 Função fática ...................................................................................................... 29 
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 31 
 
TIPOLOGIA TEXTUAL E GÊNEROS DISCURSIVOS ..................................... 36 
 
3.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 36 
3.2 TIPOLOGIA NARRATIVA (NARRAÇÃO) ........................................................... 38 
3.3 TIPOLOGIA DESCRITIVA (DESCRIÇÃO) ............................................................. 39 
3.4 TIPOLOGIA DISSERTATIVA (ARGUMENTATIVA) .............................................. 41 
3.5 TIPOLOGIA INJUNTIVA ...................................................................................... 43 
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 45 
 
 
ELEMENTOS LINGUÍSTICOS TEXTUAIS ...................................................... 51 
 
4.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 51 
4.2 ELEMENTOS DE TEXTUALIDADE .......................................................................... 51 
4.2.1Intencionalidade ................................................................................................. 52 
4.2.2 Aceitabilidade .................................................................................................... 52 
4.2.3 Situacionalidade ................................................................................................. 53 
4.2.4 Informatividade................................................................................................... 53 
4.2.5 Intertextualidade ................................................................................................ 54 
4.3 COERÊNCIA E COESÃO .................................................................................... 56 
4.4 OPERADORES ARGUMENTATIVOS ................................................................... 59 
4.5 O VALOR DA PREPOSIÇÃO E DAS CONJUNÇÕES .......................................... 60 
4.5.1 Preposições .......................................................................................................... 60 
4.5.2 Conjunções .......................................................................................................... 62 
FIXANDO O CONTEÚDO ..............................................................................................63 
 
 
 
 
UNIDADE 
01 
UNIDADE 
02 
UNIDADE 
03 
UNIDADE 
04 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
PRÁTICA DE LEITURA E NOÇÕES DE SEMÂNTICA ................................... 69 
 
5.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 69 
5.2 DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO ............................................................................... 70 
5.3 AMBIGUIDADE E POLISSEMIA ................................................................................. 71 
5.4 A PONTUAÇÃO COMO FATOR DE PRODUÇÃO DE SENTIDO ............................... 74 
5.5 O USO DA VÍRGULA: UMA QUESTÃO IMPORTANTE............................................... 76 
FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................................... 80 
 
PRODUÇÃO DE TEXTOS ........................................................................... 85 
 
6.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 85 
6.2 LINGUAGEM ACADÊMICA ..................................................................................... 85 
6.3 PRINCIPAIS GÊNEROS A SEREM PRODUZIDOS (RESUMO E RESENHA) .................. 88 
6.4 ANÁLISE DE TEXTOS : SELEÇÃO LEXICAL E EFEITO DE SENTIDO ............................ 90 
FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................................... 93 
 
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ................................................. 99 
 
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 100 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 
05 
UNIDADE 
06 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
CONFIRA NO LIVRO 
 
Nesta unidade, serão abordadas as definições de fala e escrita, 
bem como serão discutidos os conceitos de registro formal e in-
formal da língua, variação linguística e a importância da adequa-
ção da linguagem ao contexto de comunicação. 
 
Nesta unidade, serão explicitados conceitos importantes como 
texto , contexto e intenção comunicativa. Além disso, serão apre-
sentados os elementos essências da teoria da comunicação e as 
funções da linguagem. 
 
 
 
Nesta unidade, será discutido o conceito de tipologia textual e a 
importância desse saber para a compreensão e produção de tex-
tos. Serão apresentados os tipos textuais mais usados no dia a dia: 
narração, descrição, injunção e argumentação, acompanhados 
de exemplos e detalhamento de suas principais características. 
 
Esta unidade é dedicada ao estudo dos elementos responsáveis 
pela textualidade, ou seja, os elementos essenciais que garantem 
que um texto seja considerado como tal. Será dado destaque à 
coerência e à coesão por meio dos operadores argumentativos: 
conjunção e preposição. 
 
 
Esta unidade apresentará os conceitos de denotação e conota-
ção, bem como discutirá os fenômenos linguísticos ambiguidade 
e polissemia. Ainda com foco na semântica, será dado devido 
destaque à pontuação como fator de produção de sentido. 
 
Nesta unidade, serão abordadas questões referentes à linguagem 
acadêmica, sobretudo sobre os gêneros textuais resumo e rese-
nha. Com foco na produção autônoma e eficiente de textos, se-
rão analisados exemplos de efeitos de sentidos estabelecidos pelas 
escolhas lexicais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
A LÍNGUA PORTUGUESA COMO 
INSTRUMENTO DE INTERAÇÃO 
SOCIAL 
 
 
 
1.1 INTRODUÇÃO 
Nesta unidade, introduziremos os conteúdos relacionados à Língua Portugue-
sa, com o objetivo de percebê-la como mais poderoso instrumento de comunica-
ção que a sociedade possui. Abordaremos fala e escrita, estabelecendo as dife-
renças entre esses dois processos e a importância deles para a interação social. Par-
tindo do pressuposto que toda linguagem é uma atividade funcional, regulada e 
moldada pelas estruturas sociais, nos contextos de uso e interação, discutiremos os 
níveis de formalidade de acordo com a necessidade de adequação da linguagem 
ao contexto, ou seja, Norma Padrão (Culta) e Norma Não Padrão (coloquial) da 
língua. 
 
1.2 FALA E ESCRITA 
A Língua Portuguesa é, de fato, complexa e não se pode negar que, ao utili-
zá-la, no nosso dia a dia, estabelecemos relações sociais com nós mesmos e com o 
mundo. Desse modo, a língua materna nos oferece importante instrumento de inte-
ração social, desde a nossa infância, momento em que começamos as nossas pri-
meiras formas de comunicação. Antes de termos contato com a modalidade escri-
ta da língua, porém, temos acesso à oralidade, pois, segundo Marcuschi (2008), 
apesar de ser pouco valorizada, em detrimento da escrita, a fala constitui o modo 
de comunicação mais utilizado entre os povos, pois ela está presente na vida hu-
mana desde o momento da gestação, quando a mãe conversa com o bebê. As-
sim que nasce, a criança emite o choro, em seguida, com poucas semanas, come-
ça a balbuciar em resposta aos diálogos que a família realiza ao seu redor. A partir 
de então, com essa interação natural, a criança, concomitante a expressões faciais 
e gestos, desenvolverá a fala, meio pelo qual passará a se comunicar. Desse modo, 
como afirma Marcuschi (2008), a fala é adquirida em contextos espontâneos e in-
formais, contrapondo-se ao processo da aquisição da escrita, que acontecerá mais 
UNIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
tarde e, provavelmente, em um ambiente escolar- local de prestígio social. 
Embora a fala esteja mais presente no nosso cotidiano, uma vez que falamos 
muito mais do que escrevemos, a escrita possui um lugar de destaque, pois “seu 
domínio se tornou um passaporte para a civilização e para o conhecimento.” 
(MARCUSCHI, 2008, p. 21). Em outras palavras, e concordando com o autor, afir-
mamos que a sociedade valoriza mais a escrita por razão desta representar certo 
status, haja vista que muitos estudos sociais associam a escrita e a alfabetização à 
saúde, ao progresso e à riqueza. Por outro lado, doença, regresso e pobreza estão 
associados ao analfabetismo. 
 
 
 
Segundo Marcuschi (2008), embora os usuários de qualquer língua passem 
mais parte do tempo falando que escrevendo, essas duas modalidades- fala e es-
crita- são inerentes às nossas relações sociais diárias ao mesmo tempo em que são 
complementares. 
Se observarmos, durante vinte e quatro horas, a rotina de alguém, inclusive a 
nossa, é possível perceber que utilizamos, diariamente, tanto a fala quanto a escri-
ta, em casa, no trabalho, nas igrejas, na internet e em várias outras esferas de co-
municação. Desse modo, tanto oralidade quanto escrita são imprescindíveis para a 
comunicação e circulação dos saberes na sociedade. 
Ainda sobre fala e escrita, é preciso ressaltar que uma modalidade não é su-
perior à outra, já que ambas são “modos legítimos de representação cognitiva e 
social.” Marcuschi (2008) destaca que é necessário reconhecer a importância de 
fala e escrita e distinguir os papéis de cada uma a depender do contexto de uso 
da língua. O autor também esclarece que a escrita não pode ser definida como 
representação da fala, pois na oralidade, temos alguns fatores que não são possí-
veis de ser representados na escrita, tais como entonação, gestos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
1.3 REGISTRO FORMAL E REGISTRO INFORMAL 
Aula de português 
A linguagem 
na ponta da língua, 
tão fácil de falar 
e de entender. 
 
A linguagem 
na superfície estrelada de letras, 
sabe lá o que ela quer dizer? 
 
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe, 
e vai desmatando 
o amazonas de minha ignorância. 
Figuras de gramática, esquipáticas, 
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me. 
 
Já esqueci a língua em que comia, 
em que pedia para ir lá fora, 
em que levava e dava pontapé, 
a língua, breve língua entrecortada 
do namoro com a prima. 
 
O portuguêssão dois; o outro, mistério. 
Andrade, Carlos Drummond de. Esquecer para Lembrar. R J: Record, 1979 
 
Nesse poema, denominado Aula de Português, Carlos Drummond de 
Andrade apresenta ao leitor as suas inquietações sobre a Língua Portuguesa. Para 
ele, há duas línguas, aquela ensinada na escola, que se baseia em regras 
gramaticais, em certo e errado , normatizada e que, por isso , nos parece estranha; 
e a outra, que é simples, livre de regras e, portanto, mais fascinante e utilizada com 
tanta tranquilidade pelos usuários. De fato, o que o poeta nos diz é que há 
maneiras de se utilizar a língua a depender do contexto. Sem utilizar os termos 
técnicos, Drummond apresenta as diferenças entre a norma culta da língua 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
(padrão) e a norma coloquial (não padrão). 
Apesar de a língua apresentar variedades linguísticas, existe uma tradição 
gramatical, baseada em parâmetros para a escrita ou para situações mais formais 
de fala, que é denominada Norma-padrão. A norma-padrão, portanto, é um 
“conjunto de regras, pautadas em autores consagrados, que impõe uma unidade à 
língua escrita.” (CEREJA; VIANNA; CODENHOTO, 2016, p. 53). 
 
 
 
Primeiramente, devemos levar em consideração que quando o estudante 
chega à escola, ele já é falante da língua materna e, certamente, se comunica 
bem em situações informais e familiares, desse modo, não é necessário que a 
escola o ensine a falar. O que ocorre, porém, é que como os contextos sociais são 
diversificados, esse estudante acessará outros modos de falar, que estão 
relacionados a questões culturais, geográficas e sociais. Diante dessa realidade, é 
função do professor promover o respeito às diversidades linguísticas, sem perder o 
foco no objeto de ensino, que é a comunicação eficiente, independente da 
realidade socio-cultural. Em outras palavras, conhecer e respeitar as variedades 
linguísticas é de grande importância. 
 
 
 
Variedade padrão (língua culta formal) variedade linguística baseada no modo de falar 
e escrever dos grupos sociais de maior prestígio cultural, político e econômico; caracteri-
za-se pelo uso de estruturas frasais mais complexas, pelo vocabulário mais elaborado 
(mais sofisticado) e pela observância às regras da gramática normativa. Variedade não 
padrão (coloquial), variedade mais espontânea, empregada em situações informais do 
dia a dia e caracterizada pelo emprego de frases de estrutura simples, pela pouca (ou 
nenhuma) observância às regras da gramática normativa, pelo vocabulário mais co-
mum e pela presença de frases feitas, expressões populares e gírias (AMARAL et al., 
2013, p. 165).
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
1.4 VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS 
Embora haja a determinação de uma norma padrão, de convenções do uso 
da língua, é importante ressaltar que ela é dinâmica e apresenta variações, segun-
do elementos geográficos, históricas, sociais, entre outros. Desse modo, podemos 
definir variações linguísticas ou variedades linguísticas como “os diferentes modos 
de falar uma língua- relacionados à idade do falante, à sua classe social, ao espa-
ço em que ele se encontra e, ainda, aos objetivos e aos usos específicos que ele faz 
da língua,” (CEREJA; VIANNA; CODENHOTO, 2016, p. 50). 
Para Bortoni-Ricardo (2004), a variação linguística acontece em qualquer 
comunidade de fala, urbana ou rural, pois de acordo com os grupos ou situações 
de comunicação, apresentamos maneiras distintas de falar. Vejamos alguns casos 
de variação linguística: 
 
1.4.1 Variação histórica ou diacrônica 
Algumas palavras ou expressões sofrem modificações ou caem em desuso 
com o passar do tempo, é possível que você já tenha notado em textos mais anti-
gos ou em conversa com pessoas mais idosas. Essa variação na língua, que ocorre 
através do tempo, é chamada de variação histórica ou diacrônica. Para exemplifi-
car a variação histórica ou diacrônica , vejamos um fragmento do texto “Antiga-
mente”, de Drummond (1966): 
 
Antigamente as moças chamavam-se “mademoiselles” e eram todas mimosas e muito 
prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, 
mesmo não sendo rapagões, faziam-lhe pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam lon-
gos meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e 
ir pregar em outra freguesia. 
As pessoas, quando corriam, antigamente, era para tirar o pai da forca, e não caíam de 
cavalo magro. Algumas jogavam verde para colher maduro, e sabiam com quantos paus 
se faz uma canoa. O que não impedia que, nesse entremente, esse ou aquele embarcasse 
em canoa furada. Encontravam alguém que lhes passava a manta e azulava, dando às de 
Vila-Diogo…. 
 
Esse tipo de variação pode ocorrer também por mudanças na ortografia de 
algumas palavras, por acordos ortográficos ou simplesmente pelo uso, já que a lín-
gua é dinâmica. Observe na imagem abaixo como a palavra farmácia era grafada 
antigamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
Figura 1: Exemplo de variação diacrônica 
 
Fonte: Disponível em https://bit.ly/3fjK5Lo. Acesso em: 30 dez. 2020. 
 
1.4.2 Variação Linguística Geográfica ou Diatópica 
A variação linguística geográfica ou diatópica está relacionada ao lugar de 
origem do falante, inclui o uso de determinadas palavras ou expressões regionais, 
independentemente de outros fatores, como idade e escolarização. Além de mani-
festar-se no vocabulário, esse tipo de variação linguística evidencia-se também na 
pronuncia, ou seja, o modo de falar também varia de acordo com a localização 
geográfica, daí os sotaques mineiro, carioca, caipira, nordestino, entre outros. Ve-
jamos, a seguir, trecho de uma crônica em que o autor emprega várias palavras e 
expressões próprias de uma determinada região para demonstrar o fenômeno da 
variação linguística geográfica (regionalismo). 
 
Fui dar um passeio por Rondônia. Lá pelas tantas, comecei a perceber que não estava en-
tendendo a conversa do povo. Eu, que falo o português do centro-oeste mineiro, achei 
toada na fala da região. Cheguei numa beira de porto e pus sentido na prosa em redor. 
Decorei alguma coisa, que divido agora com o leitor. [...] Eis meu relato: 
O regatão saltou do alvarenga onde estava morcegando e berrou: 
— Açaí, cajarana, cupuaçu e pupunha! Loção contra carapaña, mucuim, mutuca e pium. 
Vai levar, patrão? [...] 
Procurei um taxi, mas desanimei ao ouvir o informante dizer: 
— Aqui, BK é só pra quem tá bamburrado. Tu tá? 
E saiu rindo, apontando para mim e falando: 
— Brabo aqui vai de catrai! [...] 
Logo que pude, abri buraqueira (fugi) para não ser forçado a fazer uso de uma assistência 
(ambulância) com destino a um hospício; nem para ser submetido a um baculejo (revista 
policial). Claro! Do jeito que fiquei, talvez pensassem que eu estava bodado (maluco) [...]. 
Logo eu, que sou tão virado (trabalhador)! 
É uma faceta (epa!) da nossa língua...brasileira ou portuguesa? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
Wilson Liberato, in jornal O Pergaminho, 21/10/2000 
 
 
1.4.3 Variação Linguística sociocultural 
A distribuição de bens materiais e culturais influenciam no modo de dizer dos 
grupos de falantes, pois indicam o acesso ou privação de aparatos da cultura, por-
tanto, a variação sociocultural tem a ver com fatores de diversidade. Desse modo, 
leva-se em consideração o grau de escolaridade, a idade, o gênero e, sobretudo, 
o nível socioeconômico. 
Esse tipo de variação linguística não compromete a compreensão entre indi-
víduos, embora o uso de certas variantes possa gerar algum tipo de discriminação, 
o que chamamos de preconceito linguístico. 
É importante ressaltar que, mesmo tendo em vista a necessidade de atingir 
um padrão linguístico eficiente, sobretudo na escrita, a língua não deverá ser obje-
to de discriminação ou preconceito. Afinal, mais importante que aprender a norma 
de prestígio, a norma culta/padrão da língua, é a eficiênciana comunicação, em 
qualquer variedade linguística. 
 
1.4.4 Adequação Linguística 
Para uma comunicação eficiente, é essencial considerar o interlocutor (com 
quem eu estou me comunicando) e o contexto de interação, ou seja, é relevante 
reconhecer se a situação comunicativa demanda maior ou menor formalidade e 
monitoramento. Assim como é preciso observar qual roupa devemos usar nos nossos 
compromissos cotidianos, é fundamental adequarmos a linguagem à situação de 
uso. A essa capacidade de adequar o uso da língua às necessidades impostas pe-
la situação de comunicação chamamos de Adequação Linguística. 
Como exemplo de monitoramento do uso da língua, pensemos na seguinte 
situação: Paulo é promotor de justiça, um homem que dedicou boa parte da sua 
vida a estudar. Em seu trabalho, utiliza uma linguagem formal, culta e objetiva para 
se comunicar, pois a situação comunicativa exige essa formalidade. Em casa, po-
rém, e entre amigos, Paulo utiliza uma linguagem mais informal, porque o contexto 
permite. Desse modo, portanto, Paulo possui a competência comunicativa, porque 
sabe adequar a língua à situação de uso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
Figura 2: Exemplo de inadequação linguística 
 
Disponível em: https://bit.ly/2NXsGNh. Acesso em: 17 mar. 2021. 
 
Cada situação comunicativa indica um tipo de linguagem a ser usada. Não 
se pode usar biquíni ou bermuda para ir ao fórum, é preciso estar adequado, apre-
sentar bom senso, assim também se dá com a língua. Importa salientar que existe a 
variação da linguagem, as gírias, mas nem tudo é legítimo e aceitável. O vale-tudo 
na língua também acarreta confusão. De todo modo é sinal de respeito aceitar os 
modos de falar e se expressar de cada indivíduo ou grupo, ainda que não esteja 
adequado à situação de comunicação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
FIXANDO O CONTEÚDO 
1. (ENEM) Leia o texto abaixo 
 
Cabeludinho 
Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: Este é meu neto. 
Ele foi estudar no Rio e voltou de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela 
preposição deslocada me fantasiava de ateu. Como quem dissesse no Carnaval: 
aquele menino está fantasiado de palhaço. Minha avó entendia dregências verbais. Ela 
falava de sério. Mas todo-mundo riu. Porque aquela preposição deslocada podia fazer 
de uma informação um chiste. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas palavras é 
uma solenidade de amor. E pode ser instrumento de rir. De outra feita, no meio da 
pelada um menino gritou: Disilimina esse, Cabeludinho.Eu não disiliminei ninguém. Mas 
aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia à nossa quadra. Aprendi nessas férias a 
brincar de palavras mais do que trabalhar com elas. Comecei a não gostar de palavra 
engavetada. Aquela que não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais das palavras 
pelo que elas entoam do que pelo que elas informam. Por depois ouvi um vaqueiro a 
cantar com saudade: Ai morena, não me escreve / que eu não sei a ler. Aquele a 
preposto ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro. 
BARROS, M. Memórias inventadas: a infância. São Paulo: Planeta, 2003. 
 
No texto, o autor desenvolve uma reflexão sobre diferentes possibilidades de uso da 
língua e sobre os sentidos que esses usos podem produzir, a exemplo das expressões 
“voltou de ateu”, “disilimina esse” e “eu não sei a ler”. Com essa reflexão, o autor 
destaca: 
a) os desvios linguísticos cometidos pelos personagens do texto. 
b) a importância de certos fenômenos gramaticais para o conhecimento da língua 
portuguesa. 
c) a distinção clara entre a norma culta e as outras variedades linguísticas. 
d) o relato fiel de episódios vividos por Cabeludinho durante as suas férias. 
e) a valorização da dimensão lúdica e poética presente nos usos coloquiais da lin-
guagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
2. (ENEM - Adaptada) Um aspecto da composição estrutural que caracteriza o 
relato pessoal de A.P.S. como modalidade falada da língua é: 
a) predomínio de linguagem informal entrecortada por pausas. 
b) vocabulário regional desconhecido em outras variedades do português. 
c) realização do plural conforme as regras da tradição gramatical. 
d) ausência de elementos promotores de coesão entre os eventos narrados. 
e) presença de frases incompreensíveis a um leitor iniciante. 
 
3. (UFMA) Analise a charge abaixo para responder a questão. 
 
Considerando a fala dos interlocutores, pode-se concluir que: 
a) o uso de “excelência” denota desrespeito, pois o depoente não vê o depu-
tado como autoridade. 
b) o efeito humorístico é provocado pela passagem brusca da linguagem formal 
para a informal. 
c) o uso da linguagem formal e da informal evidencia a classe social a que perten-
cem as personagens. 
d) a linguagem empregada no texto serve apenas para compor as imagens do 
deputado e do depoente. 
e) o pronome “seu” foi usado pelo depoente como sinal de respeito para com o 
parlamentar ilustre. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
 
4. Na representação escrita da conversa telefônica entre a gerente do banco e o 
cliente, observa-se que a maneira de falar da gerente foi alterada de repente 
devido: 
Gerente: Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo? 
Cliente: Estou interessado em financiamento para compra de veículo. 
Gerente: Nós dispomos de várias modalidades de crédito. O senhor é nosso cliente? 
Cliente: Sou Júlio César Fontoura, também sou funcionário do banco. 
Gerente: Julinho, é você, cara? Aqui é a Helena! Cê tá em Brasília? Pensei que você inda 
tivesse na agência de Uberlândia! Passa aqui pra gente conversar com calma. 
 BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004. 
 
a) à adequação de sua fala à conversa com um amigo, caracterizada pela infor-
malidade. 
b) à iniciativa do cliente em se apresentar como funcionário do banco. 
c) ao fato de ambos terem nascido em Uberlândia (Minas Gerais). 
d) à intimidade forçada pelo cliente ao fornecer seu nome completo. 
e) ao seu interesse profissional em financiar o veículo de Júlio. 
 
5. (ENEM - Adaptada) 
 
MANDIOCA — mais um presente da Amazônia 
 
Aipim, castelinha, macaxeira, maniva, maniveira. As designações da Manihot 
utilissima podem variar de região, no Brasil, mas uma delas deve ser levada 
em conta em todo o território nacional: pão-de-pobre — e por motivos óbvios. Rica 
em fécula, a mandioca — uma planta rústica e nativa da Amazônia dissemi-
nada no mundo inteiro, especialmente pelos colonizadores portugueses — é 
a base de sustento de muitos brasileiros e o único alimento disponível para mais de 
600 milhões de pessoas em vários pontos do planeta, e em particular em al-
gumas regiões da África. 
O melhor do Globo Rural, fev. 2005. (fragmento). 
 
De acordo com o texto, há no Brasil uma variedade de nomes para a 
Manihot utilissima, nome científico da mandioca. Esse fenômeno revela que: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
 
a) existem variedades regionais para nomear uma mesma espécie de planta. 
b) mandioca é nome específico para a espécie existente na região amazô-
nica. 
c) “pão-de-pobre” é designação específica para a planta da região amazô-
nica. 
d) os nomes designam espécies diferentes da planta, conforme a região. 
e) a planta é nomeada conforme as particularidades que apresenta. 
 
6. (ENADE- adapatada) Analise a tirinha abaixo: 
 
( ) Considerando a transposição do cartum acima, analise os excertos e marque 
V para verdadeiro e F para falso: 
( ) A concepção de linguagem que a professora revela em sua prática 
disvincula a llingua de seu funcionamento social e histórico. 
( ) No segundo quadrinho, é possível perceber exemplos de variaçãolinguística 
diatópica, ou seja, regionalismos. 
( ) A abordagem da professora, ao se referir a questões de linguagem, 
demonstra respeito com as variedades llinguísticas da língua portuguesa. 
( ) Nessa situação do cartum, a professora poderia ter utilizado os 
conhecimentos linguísticos de que os alunos dispõem para abordar as 
diferenças que ocorrem na língua de acordo com as regiões, ou seja, explicar 
variação linguística geográfica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
a) V,V,V,V 
b) V,F, F,V 
c) F,F,F,F 
d) F,V,V,F 
e) V,V,F,F 
 
7. Leia o fragmento de texto abaixo. 
Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar a mudança 
da língua como um fato. Isso deve significar que a escola deve aceitar qualquer forma 
de língua em suas atividades escritas? Não deve mais corrigir? Não! 
Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não existe 
apenas um português correto, que valeria para todas as ocasiões: o estilo dos contratos 
não é o mesmo dos manuais de instrução; o dos juízes do Supremo não é o mesmo dos 
cordelistas; o dos editoriais dos jornais não é o mesmo dos cadernos de cultura dos mes-
mos jornais. Ou do de seus colunistas. 
POSSENTI, S. Gramática na cabeça. Língua Portuguesa, ano 5, n. 67. 
 
Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único “português correto”. As-
sim sendo, o domínio da língua portuguesa implica, entre outras coisas, saber: 
a) descartar as marcas de informalidade do texto. 
b) reservar o emprego da norma padrão aos textos de circulação ampla. 
c) moldar a norma padrão do português pela linguagem do discurso jornalístico. 
d) adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto. 
e) desprezar as formas da língua previstas pelas gramáticas e manuais divulgados 
pela escola. 
 
8. (UEFS) Leia o texto abaixo para responder a questão. 
A língua sem erros 
 
Nossa tradição escolar sempre desprezou a língua viva, falada no dia a dia, como se fosse 
toda errada, uma forma corrompida de falar “a língua de Camões”. Havia (e há) a crença 
forte de que é missão da escola “consertar” a língua dos alunos, principalmente dos que 
frequentam a escola pública. Com isso, abriu-se um abismo profundo entre a língua (e a 
cultura) própria dos alunos e a língua (e a cultura) própria da escola, uma instituição com-
prometida com os valores e as ideologias dominantes. Felizmente, nos últimos 20 e poucos 
anos, essa postura sofreu muitas críticas e cada vez mais se aceita que é preciso levar em 
conta o saber prévio dos estudantes, sua língua familiar e sua cultura característica, para, a 
partir daí, ampliar seu repertório linguístico e cultural. 
Disponível em: https://bit.ly/3wpei1L. Acesso em: 5 nov. 2020. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
De acordo com a leitura do texto, a língua ensinada na escola: 
 
a) Ajuda a diminuir o abismo existente entre a cultura das classes consideradas he-
gemônicas e das populares. 
b) Deve ser banida do ensino contemporâneo, que procura basear-se na cultura e 
nas experiências de vida do aluno. 
c) Precisa enriquecer o repertório do aluno, valorizando o seu conhecimento prévio 
e respeitando a sua cultura de origem. 
d) Tem como principal finalidade cercear as variações linguísticas que comprome-
tem o bom uso da língua portuguesa. 
e) Torna-se, na contemporaneidade, o grande referencial de aprendizagem do 
aluno, que deve valorizá-la em detrimento de sua variação linguística de origem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
TEXTO, CONTEXTO E INTENÇÃO 
COMUNICATIVA 
 
 
 
2.1 LINGUAGEM VERBAL 
 No processo comunicacional, utilizamos a linguagem para nos expressar. 
Quando o código utilizado é a palavra, seja oral ou escrita, dizemos tratar-se da 
linguagem verbal. Por meio de palavras, expomos aos outros nossos pensamentos, 
ideias e nossas interpretações dos fatos, portanto, empregamos a linguagem verbal 
ao falar com alguém, ao cantarolar uma canção, quando escrevemos e em diver-
sas outras formas de comunicação. Observe, por exemplo, o poema de Prado 
(2015), no qual a autora utilizou-se da linguagem verbal: 
 
Ensinamento 
 
Minha mãe achava estudo 
a coisa mais fina do mundo. 
Não é. 
A coisa mais fina do mundo é o sentimento. 
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, 
ela falou comigo: 
"Coitado, até essa hora no serviço pesado". 
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente. 
Não me falou em amor. 
Essa palavra de luxo. 
 
PRADO, Adélia. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 2015. 
 
Por outro lado, quando pretendemos comunicar algo e o fazemos por meio 
de outros códigos que não sejam palavras, estamos fazendo uso da linguagem não 
verbal. Essas mensagens também fazem parte dos textos que circulam na socieda-
de e são relevantes para o processo comunicacional. São exemplos de linguagem 
não verbal imagens, sinais, expressões faciais, gestos, entre outros. Veja alguns tex-
tos compostos apenas por linguagem não verbal: 
 
 
 
 
UNIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
Figura 3: Exemplo de linguagem não-verbal 
 
Fonte: Educa Mais Brasil. Disponível em https://bit.ly/39jw0tE. Acesso em: 02 dez. 2020. 
 
Há também uma grande variedade de textos que utilizam mais de uma lin-
guagem, compondo uma linguagem mista. Na charge abaixo, por exemplo, para 
que ocorra a compreensão da mensagem, é necessário cruzar as duas linguagens, 
ou seja, relacionar a linguagem verbal (palavras) e a linguagem não verbal (ima-
gem), o que configura uma linguagem mista ou híbrida. 
 
Figura 4: Negligência 
 
Fonte: Disponível em https://bit.ly/39rBD98. Acesso em: 10 dez. 2020. 
 
 
 
2.2 CONCEITUANDO TEXTO 
Seria simplista entendermos a língua apenas como um código que precisa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
ser decodificado, da mesma forma não se pode restringir um texto a apenas um 
conjunto de palavras. 
As atividades de leitura são complexas e o sentido de um texto é construído , 
pois ele se concretiza na interação entre código, interlocutores e situação de co-
municação. Em outras palavras, dizemos que a comunicação ocorre levando-se 
em consideração vários fatores, desse modo, o texto é um processo , e não um 
produto. De acordo com Mendonça (2014, p. online), o que faz com que uma pro-
dução oral ou escrita seja classificada como texto é a “possibilidade de se estabe-
lecer uma coerência global, ou seja, de se (re)construir sentidos a partir de um con-
junto de pistas apresentadas”. 
Seguindo esse viés de pensamento, é necessário pensar no texto como uma 
construção que envolve elementos linguísticos, mas que só se realiza tendo em vista 
os interlocutores (emissor, receptor), os propósitos comunicativos, o gênero discursi-
vo, a esfera social de circulação, suporte, etc. 
Não se pode negar o caráter dialógico e social da linguagem. De acordo 
com Brasil (2004) é muito importante a natureza construcionista, sociointeracional e 
situada da linguagem, pois traz à tona o fato de que ela “não ocorre em um vácuo 
social e que, portanto, textos orais e escritos não têm sentido em si mesmos.” Os sen-
tidos são construídos pelos interlocutores, situados socialmente, levando-se em con-
sideração os elementos do discurso: quem produz o texto, com que finalidade, 
quem recebe, qual o lugar social de cada interlocutor, qual momento o texto foi 
produzido, a partir de quais ideologias. Nessa perspectiva, os significados são con-
textualizados. 
 
 
 
As pessoas sempre comunicam entre si por meio de textos, e não por meio 
de palavras ou frases isoladas. Toda e qualquer produção de linguagem, em última 
instância, possui um emissor, aquele que a produz, um receptor (imediato ou não), 
aquele que a recebe e passa a construir uma compreensão sobre ela, um conteú-
do em si, entre outros elementos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
2.3 ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO 
Com o intuito de estudar a língua em uso,sem dissocia-la da fala e das situa-
ções sociais em que ela ocorre, emerge a teoria da comunicação, proposta pelo 
linguista Roman Jakobson. 
Nessa perspectiva, a língua é considerada como um código utilizado pelos 
sujeitos a fim de se comunicarem por meio de textos. De acordo com Jakobson 
(2007), para que ocorra a comunicação, são essenciais seis elementos, que serão 
descritos a seguir: 
 Emissor ou locutor: é quem produz o texto oral ou escrito; 
 Receptor ou destinatário: aquele a quem o texto se dirige; 
 Mensagem: o texto oral ou escrito que foi produzido pelo emissor; 
 Código: a língua ou os sinais utilizados, que devem ser conhecidos pelos envolvi-
dos na comunicação. 
 Canal: meio físico pelo qual a mensagem é veiculada que permite o estabele-
cimento da comunicação. 
 Referente: o contexto, o assunto, aquilo a que a mensagem faz referência. 
 
Na teoria da comunicação, a depender da proposta ou intento do texto, é 
possível perceber o foco em um desses seis elementos, por exemplo, se o objetivo 
de determinado texto é divulgar um produto ou serviço, a ênfase será dada ao re-
ceptor do texto, possível consumidor do produto. Portanto, segundo os pressupostos 
dessa teoria, organizamos a linguagem de tal modo a atender nossa finalidade 
comunicativa. 
 
 
 
2.4 FUNÇÕES DA LINGUAGEM 
Atualmente, com o avanço dos estudos da linguagem, a língua é vista de 
maneira mais ampla, como um processo dinâmico de interação social, ou seja, 
Para aprofundar seu conhecimento em contextos textuais e intenção comunicativa, su-
giro que visitem a Biblioteca Virtual da Única e acessem o livro “Linguística Textual e Ensi-
no”, disponível em: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
como forma de realizar ações, de atuar sobre o outro por meio da linguagem. Nes-
sa perspectiva, os elementos da linguagem descritos por Jakobson passam a ser 
mais dinâmicos e a comunicação se realiza dando ênfase ao processo de enunci-
ação. Os elementos emissor e receptor passam a ser chamados de interlocutores. 
 
2.4.1 função Emotiva Ou Expressiva 
A ênfase é dada à expressão dos sentimentos, emoções e opiniões do emis-
sor. Há também o reforço ao aspecto subjetivo, pessoal da mensagem. É comum 
em textos que predomine a função emotiva ou expressiva da linguagem algumas 
marcas gramaticais: o uso de verbos e pronomes em primeira pessoa ; frases ex-
clamativas; termos e expressões modalizadoras, haja vista que o objetivo desses tex-
tos é, como o próprio nome já diz, expressar as emoções. 
Exemplo de textos em que há o predomínio da função da linguagem emoti-
va ou expressiva: 
 
Só Hoje 
Jota Quest 
 
Hoje eu preciso te encontrar de qualquer jeito 
Nem que seja só pra te levar pra casa 
Depois de um dia normal 
Olhar teus olhos de promessas fáceis 
E te beijar a boca de um jeito que te faça rir 
(Que te faça rir) 
 
Hoje eu preciso te abraçar 
Sentir teu cheiro de roupa limpa 
Pra esquecer os meus anseios e dormir em paz 
 
Hoje eu preciso ouvir qualquer palavra tua 
Qualquer frase exagerada que me faça sentir alegria 
Em estar vivo 
 
Hoje eu preciso tomar um café, ouvindo você suspirar 
Me dizendo que eu sou o causador da tua insônia 
Que eu faço tudo errado sempre, sempre 
 
Disponível em: https://bit.ly/3lUYleA. Acesso em: 20 dez. 2020. 
 
2.4.2 Função Conativa Ou Apelativa 
Ocorre em textos em que o objetivo é influenciar o receptor, estimulá-lo, por 
meio da linguagem, a aderir a uma ideia, mudar de comportamento, adquirir de-
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
terminado produto. Com foco no receptor, geralmente é um texto claro e objetivo 
que visa à persuasão. Em textos que há o predomínio da função da linguagem co-
nativa ou apelativa, algumas marcas gramaticais são comuns: verbos e pronomes 
em 2ª pessoa (ou 3ª pessoa – você), vocativos, imperativos, perguntas ao interlocu-
tor etc. 
Figura 5: Campanha publicitária do Governo de Santa Catarina 
 
 
Fonte: Disponível em https://bit.ly/3suVs6L. Acesso em: 18 jan. 2020. 
 
2.4.3 Função Referencial Ou Denotativa 
Os textos nos quais há o predomínio da função Referencial ou Denotativa 
apresentam como principal objetivo informar, utilizam uma linguagem denotativa, 
clara e precisa. Pautam-se em dados e colocam em evidência o referente, isto é, o 
foco é o assunto, a mensagem a ser veiculada. Veja o exemplo abaixo: 
 
Senado aprova PEC com 44 bi para novo auxílio emergencial; proposta segue para Câma-
ra 
Um dia após o país registrar novo recorde de mortes pela covid-19, o Senado aprovou nes-
ta quinta-feira (04/03) a PEC Emergencial, proposta de alteração da Constituição que cria 
mecanismos para conter gastos públicos e é um primeiro passo para a volta do auxílio 
emergencial — benefício para proteger os mais vulneráveis durante a pandemia. 
 
Fonte: Disponível em https://bbc.in/3did7Z8. Acesso em: 18 mar. 2021. 
 
O texto estabelece também a possibilidade de o Congresso aprovar estado 
de calamidade quando o país passar por momentos excepcionais como uma pan-
demia, situação em que regras fiscais ficariam suspensas e despesas extraordinárias 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
poderiam ser criadas temporariamente. 
Na quarta-feira, foram registradas 1.910 vítimas fatais do coronavírus, elevan-
do o número total de mortes a 259.271, segundo boletim do Conselho Nacional de 
Secretários da Saúde (Conass). O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística tam-
bém anunciou pela manhã retração de 4,1% da economia em 2020. 
Por ser uma tentativa de alterar a Constituição, a PEC só entra em vigor se for 
aprovada em dois turnos na Câmara dos Deputados, sem qualquer alteração no 
texto do Senado. O presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL), quer votar a 
proposta já na próxima semana. 
 
2.4.4 Função Poética 
A função poética é encontrada em textos que o emissor enfatiza a constru-
ção, a elaboração da mensagem, por meio de palavras que realcem a sonorida-
de. Nesses casos, o mais importante é o jogo de palavras, o trabalho com a lingua-
gem. A função poética ocorre tanto em prosa como em verso. 
Exemplo de função poética: 
 
Autopsicografia 
 
O poeta é um fingidor. 
Finge tão completamente 
Que chega a fingir que é dor 
A dor que deveras sente. 
E os que leem o que escreve, 
Na dor lida sentem bem, 
Não as duas que ele teve, 
Mas só a que eles não têm. 
E assim nas calhas de roda 
Gira, a entreter a razão, 
Esse comboio de corda 
Que se chama coração. 
 
Pessoa, Fernando. Autopsicografia. São Paulo. 1925. 
 
2.4.5 Função Metalinguistica 
Com ênfase no código, a função metalinguística está centrada no processo 
de metalinguagem, que é quando o emissor faz uso de um código para explicar o 
próprio código.. Por exemplo, quando o produtor de um cinema faz um filme con-
tando a própria história do cinema; ou uma crônica discute o processo de produ-
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
ção do gênero textual crônica; uma palavra é utilizada para definir outra; uma tiri-
nha tece considerações sobre o gênero tirinha, etc. 
 
“Catar feijão se limita com escrever: 
 joga-se os grãos na água do alguidar 
 e as palavras na da folha de papel; 
 e depois, joga-se fora o que boiar. 
 Certo, toda palavra boiará no papel, 
 água congelada, por chumbo seu verbo: 
 pois para catar feijão, soprar nele, 
 e jogar fora o leve e oco, palha e eco.” 
 João Cabral de Mello Neto 
 
Figura 6: Exemplo de metalinguagem 
 
Fonte: Disponível em https://bit.ly/3m28575. Acesso em: 21 jan. 2021. 
 
2.4.6 Função Fática 
A função fática da linguagem ocorre quando há a finalidade de estabele-
cer ou manter uma comunicação entre os interlocutores, por isso a ênfase é da-
da ao canal que veicula a mensagem. Desse modo, há função fática nos inícios de 
diálogos, cumprimentos e saudações e qualquer outra forma de testar a comuni-
cação. Em textos escritos, têm muita importância osrecursos gráficos. Veja os 
exemplos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
Figura 7: Recursos gráficos 
 
Fonte: Disponível em https://bit.ly/2O72IXJ. Acesso em: 
30 mar. 2021. 
Diálogos 
 
 
— Tudo bem com você? 
— Sim. E você? 
— Tudo bem! 
— Ah... Até mais tarde. 
— Até mais tarde. 
 
 
É importante destacar que as funções da linguagem se mesclam em um 
mesmo texto. É muito comum, em uma comunicação, aparecer mais de uma fun-
ção, porém uma ganhará mais destaque que a outra a depender do propósito 
comunicativo de quem produz o texto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
FIXANDO O CONTEÚDO 
1. (ENEM 2020) Nessa campanha publicitária, a imagem da família e o texto verbal 
unem-se para reforçar a ideia de que: 
 
 
 
a) a família que adota é mais feliz. 
b) a adoção tardia é muito positiva. 
c) as famílias preferem adotar bebês. 
d) a adoção de adolescentes é mais simples. 
e) os filhos adotivos são companheiros dos pais 
 
2. Leia o fragmento de texto abaixo: 
 
Desabafo 
 
[...] Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje. Simplesmente 
não dá. Não tem como disfarçar: esta é uma típica manhã de segunda-feira. A começar 
pela luz acesa da sala que esqueci ontem à noite. Seis recados para serem respondidos 
na secretária eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar que venceram ontem. Es-
tou nervoso. Estou zangado. 
 
CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento). 
 
 
Nos textos em geral, é comum a manifestação simultânea de várias funções da lin-
guagem, com o predomínio, entretanto, de uma sobre as outras. No fragmento da 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
crônica “Desabafo”, a função da linguagem predominante é a emotiva ou expres-
siva, pois: 
 
a) o discurso do enunciador tem como foco o próprio código. 
b) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito. 
c) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da mensagem. 
d) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos demais. 
e) o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da comunicação. 
 
3. Leia a canção de Geraldo Vandré: 
 
Pequeno concerto que virou canção 
Não, não há por que mentir ou esconder 
A dor que foi maior do que é capaz meu coração 
Não vai nunca entender de amor quem nunca soube amar 
Ah, eu vou voltar pra mim 
Seguir sozinho assim 
Até me consumir ou consumir toda essa dor 
Até sentir de novo o coração capaz de amor 
 
 
Na canção de Geraldo Vandré, tem-se a manifestação da função poética da 
linguagem, que é percebida na elaboração artística e criativa da mensagem. 
Pela análise do texto, entretanto, percebe-se, também, a presença marcante 
da função emotiva ou expressiva, por meio da qual o emissor: 
 
a) imprime à canção as marcas de sua atitude pessoal, seus sentimentos. 
b) transmite informações objetivas sobre o tema de que trata a canção. 
c) busca persuadir o receptor da canção a adotar um certo comportamento. 
d) procura explicar a própria linguagem que utiliza para construir a canção. 
e) objetiva verificar ou fortalecer a eficiência da mensagem veiculada. 
 
 
4. (ENEM 2020) Leia o texto abaixo para responder a questão. 
 
Vou-me embora p'ra Pasárgada foi o poema de mais longa gestação em toda a minha 
obra. Vi pela primeira vez esse nome Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e 
foi num autor grego. [...] Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas” ou 
“tesouro dos persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um pais de 
delícias, como o de L'invitation au Voyage, de Baudelaire. Mais de vinte anos depois, 
quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desâ-
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
nimo, da mais aguda sensação de tudo o que eu não tinha feito em minha vida por mo-
tivo da doença, saltou-me de súbito do subconsciente este grito estapafúrdio: “Vou-me 
embora p'ra Pasárgada!” Senti na redondilha a primeira célula de um poema, e tentei 
realizá-lo, mas fracassei. Alguns anos depois, em idênticas circunstâncias de desalento e 
tédio, me ocorreu o mesmo desabafo de evasão da “vida besta”. Desta vez o poema 
saiu sem esforço como se já estivesse pronto dentro de mim. Gosto desse poema porque 
vejo nele, em escorço, toda a minha vida; [...] Não sou arquiteto, como meu pai deseja-
va, não fiz nenhuma casa, mas reconstruí e “não de uma forma imperfeita neste mundo 
de aparências”, uma cidade ilustre, que hoje não é mais a Pasárgada de Ciro, e sim a 
“minha” Pasárgada. 
 
BANDEIRA. Minerário de Pasárgada Rio de Janeiro Nova Fronteira, Brasília INL, 1984 
 
Os processos de interação comunicativa preveem a presença ativa de múltiplos 
elementos da comunicação, entre os quais se destacam as funções da lingua-
gem. Nesse fragmento, a função da linguagem predominante é: 
 
a) emotiva, porque o poeta expõe os sentimentos de angústia que o levaram à 
Criação poética. 
b) referencial, porque o texto informa sobre a origem do nome empregado em um 
famoso poema de Bandeira. 
c) metalinguística, porque o poeta tece comentários sobre a gênese e o processo 
de escrita de um de seus poemas. 
d) poética, porque o texto aborda os elementos estéticos de um dos poemas mais 
conhecidos de Bandeira. 
e) apelativa, porque o poeta tenta convencer os leitores sobre sua dificuldade de 
compor um poema. 
 
Texto para as questões 5 e 6 (adaptadas do ENEM) 
 
Canção do vento e da minha vida 
O vento varria as folhas, 
O vento varria os frutos, 
O vento varria as flores... 
E a minha vida ficava 
Cada vez mais cheia 
De frutos, de flores, de folhas. 
[...] 
O vento varria os sonhos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
E varria as amizades... 
O vento varria as mulheres... 
E a minha vida ficava 
Cada vez mais cheia 
De afetos e de mulheres. 
O vento varria os meses 
E varria os teus sorrisos... 
O vento varria tudo! 
E a minha vida ficava 
Cada vez mais cheia 
De tudo. 
BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. 
 
 
5. Predomina no texto a função da linguagem: 
 
a) fática, porque o autor procura testar o canal de comunicação. 
b) metalinguística, porque há explicação do significado das expressões. 
c) conativa, uma vez que o leitor é provocado a participar de uma ação. 
d) referencial, já que são apresentadas informações sobre acontecimentos e fatos 
reais. 
e) poética, pois chama-se a atenção para a elaboração especial e artística da 
estrutura do texto. 
 
6. Na estruturação do texto, destaca-se: 
a) a construção de oposições semânticas. 
b) a apresentação de ideias de forma objetiva. 
c) o emprego recorrente de figuras de linguagem, como o eufemismo. 
d) a repetição de sons e de construções sintáticas semelhantes. 
e) a inversão da ordem sintática das palavras. 
 
7. Analise o texto abaixo e identifique qual é a função da linguagem predominan-
te: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 
 
a) Fática, pois o foco está no receptor do texto. 
b) Poética, já que a ênfase é dada à elaboração da mensagem. 
c) Metalinguística, uma linguagem sendo explicada por ela mesma.. 
d) Conativa, pois pretende persuadir o receptor da mensagem. 
e) Referencial, pois objetiva informar. 
 
8. Leia a notícia abaixo: 
 
Dados preliminares divulgados por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) 
apontaram o Aquífero Alter do Chão como o maior depósito de água potável do plane-
ta. Com volume estimado em 86 000 quilômetros cúbicos de água doce, a reserva sub-
terrânea está localizada sob os estados do Amazonas, Pará e Amapá. “Essa quantidade 
de água seria suficiente para abastecer a população mundial durante 500 anos”, diz 
Milton Matta, geólogo da UFPA. Em termos comparativos, Alter do Chão tem quase o 
dobro do volume de água do Aquífero Guarani (com 45 000 quilômetros cúbicos). Até 
então, Guarani era a maior reserva subterrânea do mundo, distribuída por 
Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. 
(Época, N° 623, 26 de Abril, 2010)Essa notícia, publicada em uma revista de grande circulação, apresenta resul-
tados de uma pesquisa científica realizada por uma universidade brasileira. Nes-
sa situação específica de comunicação, a função referencial da linguagem 
predomina, porque o autor do texto prioriza: 
 
a) as suas opiniões, baseadas em fatos. 
b) os aspectos objetivos e precisos. 
c) os elementos de persuasão do leitor. 
d) os elementos estéticos na construção do texto. 
e) o canal de comunicação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
TIPOLOGIA TEXTUAL E GÊNEROS 
DISCURSIVOS 
 
 
3.1 INTRODUÇÃO 
Os textos, sejam orais ou escritos , estão inseridos no nosso cotidiano e fazem 
parte das nossas ações no trabalho, na convivência familiar, nos relacionamentos 
virtuais, enfim, em todas as esferas sociais , utilizamos textos para nos comunicar. Eles 
são veiculados pela oralidade, nas mensagens via internet, nos livros, sites, nos mu-
ros e até os corpos já são considerados suportes de circulação de textos. Desse 
modo, vivemos imersos em um universo textual, mesmo quando não nos damos 
conta disso. 
Em uma sociedade onde a cultura escrita está tão presente, é necessário 
lançar mão de diferentes competências e habilidades para ler, compreender e 
produzir textos, já que os tipos e gêneros textuais requerem habilidades comunicati-
vas específicas. Assim como é necessário adequar a linguagem ao contexto, ao ler 
um poema usamos estratégias diferentes de quando vamos ler um manual de ins-
truções, ou seja, cada texto que circula na sociedade foi produzido com um obje-
tivo, e veiculado em determinado suporte, segue algumas regras e, portanto, exige 
uma forma de ser recebido. Nessa perspectiva, o texto é abordado como lugar de 
interação, em que, dialogicamente, autor e leitor, por meio de texto, se constituem. 
 
 
 
Com ênfase na produção e recepção de texto, é importante recorrer às 
considerações teóricas de Marcuschi (2008) sobre a distinção entre tipo e gêneros 
textuais. Os termos tipo textual e gênero textual diferenciam- se, uma vez que gêne-
ro está relacionado à funcionalidade dos textos na sociedade, enquanto tipologia 
baseia-se em questões de ordem estrutural da língua. Conforme estabelecido por 
Marcuschi (2008) apud Durães (2018, p. 34-35): 
UNIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
 
[...] o gênero textual pauta-se, basicamente, na utilidade da língua 
como instrumento comunicativo, ou seja, a língua é um veículo de 
representações, concepções, valores socioculturais e de instrumento 
de intervenção social; já o tipo, leva em consideração a língua, nu-
ma perspectiva formal e estrutural – de natureza linguística. 
 
Observe, no Quadro 1, a relação entre tipos e gêneros textuais, estabelecida 
pelo autor. 
 
Quadro 1: Relação entre tipos e gêneros textuais 
TIPOS TEXTUAIS GÊNEROS TEXTUAIS 
Construtos teóricos definidos por proprie-
dades linguísticas intrínsecas. 
Realizações linguísticas concretas definidas 
por propriedades sociocomunicativas. 
Constituem sequências linguísticas ou 
sequências de enunciados e não são tex-
tos empíricos. 
Constituem textos empiricamente realizados 
cumprindo funções em situações comunicati-
vas. 
Sua nomeação abrange um conjunto limi-
tado de categorias teóricas determinadas 
por aspectos lexicais, sintáticos, relações 
lógicas, tempo verbais. 
Sua nomeação abrange um conjunto aberto 
e praticamente ilimitado de designações 
concretas determinadas pelo canal, estilo, 
conteúdo, composições e função. 
Designações teóricas dos tipos: narração, 
argumentação, descrição, injunção e ex-
posição. 
Exemplos de gêneros: telefonema, sermão, 
carta comercial, carta pessoal, romance, 
bilhete, aula expositiva, bula de remédio, ba-
te-papo virtual, resenha, piada, etc. 
Fonte: Adaptado por DURÃES (2018, p. 35) de Marcuschi. 
 
Analisando o quadro acima, é possível verificar que os tipos de texto são de-
finidos predominantemente por suas características linguísticas, por isso, eles são 
caracterizados por um conjunto de traços que formam uma sequência, e não um 
texto. Um mesmo texto pode conter narração, descrição e argumentação, o que 
vai definir a sua tipologia é a predominância da sequência. Pode-se dizer, portan-
to, que o tipo textual se encaixará nos propósitos comunicativos da mensagem, ele 
designa um tipo de sequência teoricamente definida pelo teor linguístico da com-
posição (MARCUSCHI, 2008). 
Os tipos textuais se definem por seus objetivos, finalidade, estrutura, determi-
nados por elementos sintáticos, semânticos, lexicais. Há cinco tipos textuais, sempre 
presentes nas comunicações cotidianas. Nesta unidade, veremos mais detalhada-
mente o tipo narrativo (ato de contar história, com personagens, tempo, espaço, 
narrador); o tipo descritivo (ato de descrever um personagem, local, com adjetiva-
ções, qualidades) e argumentativo (ato de expor e defender um ponto de vista, 
utilizando-se de argumentos, evidências baseadas na razão e no raciocínio.) 
É importante destacar que os tipos textuais se mesclam, por exemplo, ao es-
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
crever uma carta ao prefeito reclamado da situação das ruas do seu bairro, você 
irá defender um ponto de vista e para isso irá argumentar, mas no seu texto, prova-
velmente, haverá parágrafos que descrevem as condições em que a rua se en-
contra e parágrafos que apresentam narrativa. 
 
 
 
3.2 TIPOLOGIA NARRATIVA (NARRAÇÃO) 
Narrar consiste em contar uma história, seja real ou fictícia, situada em de-
terminados tempo e lugar, envolvendo personagens. A narração realiza-se a partir 
da perspectiva de um narrador e objetiva responder aos seguintes questionamen-
tos: O que aconteceu? Com quem? Onde? Como? Quando? Por que aconte-
ceu? 
Geralmente toda narrativa apresenta um enredo, que é a história em si, o 
conjunto encadeado dos fatos, linear ou não, de acordo com o desejo de quem 
produz a narrativa. Todo enredo supõe um conflito. Destaca-se que uma narrativa 
pode oferecer um enredo linear – quando os fatos estão em ordem cronológica ou 
um enredo não linear – quando a historia é interrompida por uma volta ao passado 
e não segue uma ordem cronológica. 
Narrar, portanto, consiste em construir o conjunto de ações que constitui a 
história- o enredo- e relacionar essas ações aos personagens- seres que praticam 
atos ou sofrem os fatos. 
Chama-se foco narrativo o estudo do posicionamento do narrador perante a 
narração. Em textos narrados pela perspectiva da primeira pessoa, ou seja, quando 
o narrador faz parte do enredo, tem-se uma narrador personagem. Por outro lado, 
nos casos em que o narrador não participa do fato narrado e apenas serve de elo 
entre a narrativa e o ouvinte /leitor , tem-se o foco narrativo em terceira pessoa e 
um narrador –observador. 
Em algumas situações, com o foco narrativo em terceira pessoa, o narrador é 
denominado onisciente, pois tem acesso ao lado psíquico de seus personagens, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
prevendo suas ações como se lhes percorresse a mente e a alma. 
Veja os exemplos que seguem. No texto 1, a narradora relata sobre a sua 
experiência, portanto é narradora/personagem e o foco narrativo está em primeira 
pessoa. 
Segue trecho do relato “Docência: uma experiência de encanto, superação 
e sucesso”. 
 
“Nutri o sonho de ser professora desde a infância, nas brincadeiras, a professora só poderia 
ser eu e mais ninguém. Ao finalizar o Ensino Fundamental, tinha nítida a certeza do que eu 
queria ser: professora. Meu primeiro desafio foi fazer meus pais acreditarem no meu sonho, 
pois de família simples e conservadora, a possibilidade de ser uma grande professora não 
era considerada real. Meu pai acreditava que estudar até a 4ª série era o suficiente pra 
mim.” 
Marilene Nunes, 
professora e coordenadora do curso de Pedagogia da Faculdade Única de Ipatinga. 
 
Já no texto 2, trecho do conto “A Mentira” é possível observarque o narrador 
não participa das ações, portanto ele é um narrador observador e o foco narrativo 
está em terceira pessoa. 
 
“João chegou em casa cansado e disse para a mulher, Maria, que queria tomar um banho, 
jantar e ir direto para a cama. Maria lembrou a João que naquela noite eles tinham ficado 
de jantar na casa de Pedro e Luísa. João deu um tapa na testa, disse um palavrão e decla-
rou que de maneira nenhuma, não iria jantar na casa de ninguém. Maria disse que o jantar 
estava marcado há uma semana e seria uma falta de consideração com Pedro e Luísa, que 
afinal eram seus amigos, deixar de ir. João reafirmou que não ia. Encarregou Maria de tele-
fonar para Luísa e dar uma desculpa qualquer. Que marcassem o jantar para a noite se-
guinte. 
Maria telefonou para Luísa e disse que João chegara em casa muito abatido, até com um 
pouco de febre, e que ela achava melhor não tirá-lo de casa naquela noite. Luísa disse que 
era uma pena, que tinha preparado uma Blanquette de Veau que era uma beleza, mas 
que tudo bem. Importante é a saúde e é bom não facilitar. Marcaram o jantar para a noite 
seguinte, se João estivesse melhor.” 
 
3.3 TIPOLOGIA DESCRITIVA (DESCRIÇÃO) 
A descrição é um processo de caracterização que exige sensibilidade e 
perspicácia, pois, por meio dela se oferece ao interlocutor uma imagem, uma es-
pécie de fotografia do que é descrito. A tipologia textual descritiva consiste em 
apresentar detalhes, características de uma pessoa, de determinado objeto, de um 
animal ou até mesmo de uma cena , sem se preocupar com a progressão tempo-
ral. Os textos em que predomina a descrição são, geralmente, compostos por mui-
tos adjetivos, já que a finalidade é caracterizar, colocar em destaque os aspectos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
do objeto descrito. Em textos descritivos, podem aparecer verbos que exprimem 
ação, mas o foco não é indicar uma progressão temporal, como acontece nos tex-
tos narrativos. 
O ato de descrever pode ser feito de dois modos: de modo objetivo- quan-
do descreve-se o objeto, ação, as pessoas, utilizando uma linguagem comum e 
em sentido denotativo, ou seja, sentido literal da palavra. Nesse tipo de descrição, 
os detalhes são apresentados tal qual a realidade: forma, cor, tamanho, peso, chei-
ro, etc. 
A descrição feita de modo subjetivo acontece por meio de uma linguagem 
mais pessoal, produto da impressão que se tem do objeto, ação, ou ser descrito. A 
descrição subjetiva é também conhecida como impressionista ou psicológica, já 
que nela se reflete o estado de espírito do autor do texto e o objeto descrito apre-
senta as impressões pessoais de quem o descreve. 
Veja, no trecho abaixo, a descrição objetiva que Aluísio Azevedo faz de uma 
personagem: 
 
Não vinha em traje de domingo; trazia casaquinho branco, uma saia que lhe deixava ver o 
pé sem meia num chinelo de polimento com enfeites de marroquim de diversas cores. No 
seu farto cabelo, crespo e reluzente, puxado sobre a nuca, havia um molho de manjericão 
e um pedaço de baunilha espetado por um gancho. E toda ela respirava o asseio das bra-
sileiras e um odor sensual de trevos e plantas aromáticas. Irrequieta, saracoteando o atrevi-
do e rijo quadril baiano, respondia para a direita e para a esquerda, pondo à mostra um fio 
de dentes claros e brilhantes que enriqueciam a sua fisionomia com um realce fascinador. 
 
AZEVEDO, Aluísio de. O Cortiço. São Paulo: Editora Scipione, 1995. 
 
No trecho abaixo, têm-se um exemplo de descrição subjetiva de uma perso-
nagem, haja vista que as impressões do autor sobre a pessoa descrita ficam eviden-
tes. 
 
Não era uma mulher, era uma sílfide, uma visão de poeta, uma criatura divina. Era loura; 
tinha os olhos azuis, que buscavam o céu ou pareciam viver dele. Os cabelos, desleixa-
damente penteados, faziam-lhe em volta da cabeça, um como resplendor de santa; 
santa somente, não mártir, porque o sorriso que lhe desabrochava os lábios era um sorriso 
de bem-aventurança, como raras vezes há de ter tido a terra. 
Um vestido ranço, de finíssima cambraia, evolvia-lhe o corpo, cujas formas, aliás, dese-
nhava, pouco para os olhos, mas muito para a imaginação. 
 
ASSIS, Machado de. A chinela turca. Rio de Janeiro: Editora Aguilar. 1986. 
 
Os dois trechos apresentados acima são exemplos de tipologia descritiva. 
Vejamos quais as características apresentadas por eles que os fazem ser classifica-
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
dos como tal. Todos os enunciados são simultâneos, ou seja, tudo acontece ao 
mesmo tempo. Não há nenhuma transformação de estado e seria possível inverter 
a posição dos enunciados sem que o entendimento fosse comprometido. 
 
3.4 TIPOLOGIA DISSERTATIVA (ARGUMENTATIVA) 
A tipologia textual dissertativa configura-se em estruturas em que o autor faz 
uma exposição de ideias, de pontos de vista, fundamentados em argumentos e 
raciocínios, por meio dos quais ele procura convencer o leitor acerca de determi-
nado tema. Os textos dissertativos costumam apresentar três partes fundamentais: 
a introdução (parte do texto em que o autor apresenta, em linhas gerais, o tema 
que será abordado); o desenvolvimento ( a partir da exposição de argumentos, o 
autor apresenta o seu ponto de vista com a finalidade de defendê-lo) e a conclu-
são (o autor sintetiza o ponto de vista defendido no desenvolvimento, afirmando 
seu o posicionamento). 
A dissertação é utilizada quando o objetivo é defender uma tese, ou seja, 
uma ideia e, consequentemente convencer o interlocutor sobre algum ponto de 
vista. Para isso, o produtor do texto dissertativo deve apresentar hipótese e, no fio 
do discurso, justificar a hipótese utilizando-se de estratégias argumentativas. 
A tipologia dissertativa pode ter caráter expositivo ou argumentativo a depender 
do objetivo do produtor do texto. Ele será dissertativo / expositivo quando a ênfase 
for dada à reflexão e ao raciocínio por meio da apresentação de dados, conceitos 
que levem ao leitor a informação ou conhecimento pretendido. Já nos textos 
dissertativos de caráter argumentativo o autor objetiva comprovar o que afirma e 
utiliza estratégias argumentativas, tais como citações, dados, argumento de autori-
dade, exemplos e outros. 
Como já foi dito anteriormente, o texto dissertativo constitui-se em três 
etapas, cada uma delas com funções bem definidas que, somadas, oferecem ao 
leitor uma visão de totalidade. Observe com mais detalhes cada uma dessas par-
tes: 
A introdução é a parte ou momento do texto em que a ideia central, a tese, 
é apresentada. A ideia principal representa o ponto de partida para a organização 
textual, é a partir dela que o leitor adere ou não ao texto, por isso, essa etapa exige 
capacidade de síntese e clareza na exposição da temática. É na introdução que 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
 
se apresenta ao interlocutor um contato direto com os elementos que encami-
nharão a argumentação, para que o texto obtenha maior objetividade, rigor e 
credibilidade. 
O desenvolvimento é a parte ou momento do texto em que são inseridos e 
articulados novos argumentos. As informações apresentadas na introdução 
são analisadas, debatidas em confronto com outras informações do meio a que 
pertence o tema. É no desenvolvimento que outras vozes são trazidas para reforçar 
o ponto de vista do autor. 
Esse movimento argumentativo pode se dar por meio de sustentação, refu-
tação ou negociação e os tipos de argumentos utilizados podem ser: argumento de 
autoridade, argumentos por exemplificação, argumentos de princípios, relação de 
causa e consequência e outras estratégias argumentativas. 
A conclusão é a parte ou momento do texto em que será sintetizado o que 
há de mais relevante no conteúdo desenvolvido. O objetivo é apresentar as consi-
derações finais sobre a temática discutida. 
Veja o exemplo de um texto dissertativo, “Olhares que buscam o Brasil”,re-
dação do ENEM escrita pela estudante Caroline Lopes dos Santos. 
 
Quadro 2: Análise de um texto dissertativo 
 
Introdução: o autor intro-
duz a discussão e apresen-
ta seu ponto de vista. 
Ao despontar como potência econômica do século XXI, o 
Brasil tem cada vez mais atraído os olhares do mundo, cha-
mando a atenção da mídia, de grandes empresas e de ou-
tros países. Contudo, é outro olhar não menos importante que 
deveria começar a nos sensibilizar mais: o olhar marginalizado 
e cheio de esperança daqueles que não têm dinheiro, dos 
famintos e desempregados ao redor do globo. São pessoas 
com esse perfil que majoritariamente contribuem para o 
crescente volume de imigrantes no país, e o que se vê é uma 
ausência de políticas públicas eficientes para receber e inte-
grar essas pessoas à sociedade. 
Desenvolvimento: o autor 
desenvolve argumentos 
para justificar seu ponto de 
vista. 
 
 
Não parece que a solução seja simplesmente deixar que imi-
grantes pouco qualificados continuem entrando no país de 
forma irregular e esperar que eles, sozinhos, encontrem um 
ofício para se sustentar. O governo ainda não percebeu que 
a regularização desses imigrantes e a inserção dos mesmos 
no mercado de trabalho formal poderiam servir como opor-
tunidades para o país arrecadar mais impostos e possíveis 
futuros cidadãos, ou seja, novos contribuintes para a deficitá-
ria Previdência Social. 
Visando aproveitar tais benefícios, o governo poderia come-
çar a implantar, nas regiões por onde chegam os imigrantes, 
mais órgãos e agências que oferecessem serviços de regulari-
zação do visto e da carteira de trabalho, posto que ainda há 
muita deficiência de controle nesse setor. Além disso, nos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
destinos finais desses imigrantes poderiam ser oferecidos cur-
sos de português e cursos qualificantes voltados para os 
mesmos. Isso facilitaria muito a inserção dessas pessoas no 
mercado de trabalho formal e poderia inclusive suprir a alta 
demanda por mão-de-obra em setores como o da constru-
ção civil, por exemplo. 
Conclusão: o autor reto-
ma a argumentação e 
finaliza o texto. 
 
Nesse sentido, é preciso que atitudes mais energéticas sejam 
tomadas a fim de que o país não deixe escapar essa oportu-
nidade: a de transformar o problema da imigração crescente 
em uma solução para outros. A questão merece mais aten-
ção do governo, portanto, pois não deve ser a toa que o 
Brasil, além de ser conhecido pela hospitalidade, também o é 
pelo modo criativo de resolver problemas. Prestemos mais 
atenção aos olhares que nos cercam; deles podem vir novas 
oportunidades. 
Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3m815FQ. Acesso em: 20 mar. 2021. 
 
3.5 TIPOLOGIA INJUNTIVA 
É um texto instrucional, que indica procedimentos a serem realizados. O obje-
tivo pode ter caráter persuasivo ou apenas instrutivo. São exemplos de textos in-
juntivos as receitas, os manuais de instruções, as bulas de remédios, etc. As marcas 
linguísticas predominantes nesse tipo de texto são: verbos no modo imperativo, ou 
no infinitivo, linguagem acessível, uma vez que a finalidade é instruir. 
 
Exemplo de texto injuntivo: 
 
Manual de Instruções SUPER MIXER MARKOCH 
 
RECOMENDACÕES E ADVERTÊNCIAS IMPORTANTES: 
 
 Antes de utilizar o aparelho, leia atentamente todas as instruções de uso, pois elas 
são necessárias para um perfeito funcionamento de seu produto, e para sua se-
gurança: 
 Antes de ligar o plugue na tomada, verifique se a voltagem do aparelho é com-
patível com a da rede elétrica local. 
 Este aparelho foi produzido para fins domésticos; sua utilização comercial acarre-
tará a perda da garantia. 
 Desligue o aparelho da tomada sempre que não estiver utilizando o mesmo. 
 Para evitar choques elétricos, nunca use o aparelho com as mãos molhadas, não 
molhe o corpo do aparelho e não o mergulhe em água. 
 Para evitar acidentes, não permita que crianças utilizem o produto ou mesmo 
pessoas que desconheçam suas instruções de uso. 
 Sempre que colocar o aparelho de lado, mesmo que por breves instantes, desli-
gue-o. 
 Não utilize extensões auxiliares para aumentar o comprimento do cabo plugue. 
 Nunca permita que o cabo plugue se encoste a superfícies quentes. 
 Nunca transporte ou desligue o produto puxando pelo cabo plugue. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
 Nunca use o produto com o cabo plugue ou plugue danificados, ou ainda se o 
produto apresentar mau funcionamento. Leve-o a uma Assistência Técnica Autori-
zada MARKOCH. 
 Para não perder a garantia, evitar problemas técnicos e risco de acidentes ao 
usuário, não permita que sejam feitos consertos e/ou trocas de peças em casa; 
caso seja necessário, leve o produto a uma Assistência Técnica Autorizada 
MARKOCH. 
 
 
Alguns teóricos apresentam outras tipologias textuais, tais como dialogal e 
preditiva, porém as tipologias abordadas nesta unidade são as consideradas mais 
importantes, haja vista que estão presentes nos diversos gêneros textuais/discursivos 
que circulam na sociedade. É importante ressaltar que um único texto pode conter 
mais de uma tipologia, pois elas se mesclam e se completam. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
 
FIXANDO O CONTEÚDO 
1. (ENEM 2019) Leia o trecho da canção abaixo: 
 
Blues da piedade 
Vamos pedir piedade 
Senhor, piedade 
Pra essa gente careta e covarde 
Vamos pedir piedade 
Senhor, piedade 
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem 
 
CAZUZA. Cazuza: o poeta não morreu. Rio de Janeiro: Universal Music, 2000 (fragmento). 
 
 
Todo gênero apresenta elementos constitutivos que condicionam seu uso em 
sociedade. A letra de canção identifica-se com o gênero ladainha, essencial-
mente, pela utilização da sequência textual: 
 
a) expositiva, por discorrer sobre um dado tema. 
b) narrativa, por apresentar uma cadeia de ações. 
c) injuntiva, por chamar o interlocutor à participação. 
d) descritiva, por enumerar características de um personagem. 
e) argumentativa, por incitar o leitor a uma tomada de atitude. 
 
2. (ENEM 2020) Leia o texto abaixo; 
 
Caminhando contra o vento, 
Sem lenço e sem documento 
No sol de quase dezembro 
Eu vou 
O sol se reparte em crimes 
Espaçonaves, guerrilhas 
Em cardinales bonitas 
Eu vou 
Em caras de presidentes 
Em grandes beijos de amor 
Em dentes, pernas, bandeiras 
Bombas e Brigitte Bardot 
O sol nas bancas de revista 
Me enche de alegria e preguiça 
Quem lê tanta notícia 
Eu vou 
 
VELOSO, C. Alegria, alegria. In: Caetano Veloso. São Paulo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
 
É comum coexistirem sequências tipológicas em um mesmo gênero textual. Nes-
se fragmento, os tipos textuais que se destacam na organização temática são: 
 
a) descritivo e argumentativo, pois o enunciador detalha cada lugar por onde pas-
sa, argumentando contra a violência urbana. 
b) dissertativo e argumentativo, pois o enunciador apresenta seu ponto de vista 
sobre as notícias relativas à cidade. 
c) expositivo e injuntivo, pois o enunciador fala de seus estados físicos e psicológi-
cos e interage com a mulher amada. 
d) narrativo e descritivo, pois o enunciador conta sobre suas andanças pelas ruas 
da cidade ao mesmo tempo que a descreve. 
e) narrativo e injuntivo, pois o enunciador ensina o interlocutor como andar pelas 
ruas da cidade contanto sobre sua própria experiência. 
 
3. Leia atentamente o texto e analise as informações: 
 
[...] Vovó me contava uma ou duas histórias, acariciava minha face, beijava a minha 
testa e imediatamente a esfregava com um lencinho perfumado , que mantinha sempre 
enfiado dentro da manga esquerda para espanar ou esmagar os micróbios, e apagava 
a luz. Mesmo no escuro, ela continuava a cantarolar, não era em cantarolar, nem mur-
murar, nem mesmo um zumbir baixinho, como posso dizer, ela fazia surgir de dentro dela 
própria uma voz distante, onírica , um som cor de nozes, escuro e agradável , que lenta-
mente se transformava num eco, num tom, um matiz,

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