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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – PÓS-GRADUAÇÃO EM CINEMA E LINGUAGEM AUDIVIUAL TCC – TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO. Fernanda de Araújo Miranda A REPRESENTAÇÃO DA IMAGEM PELO CINEMA Cuiabá – MT ABRIL DE 2020 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – PÓS-GRADUAÇÃO EM CINEMA E LINGUAGEM AUDIVIUAL TCC – TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO. Fernanda de Araújo Miranda A REPRESENTAÇÃO DA IMAGEM PELO CINEMA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para conclusão do Curso de Pós- Graduação em CINEMA E LINGUAGEM AUDIOVISUAL Professor Orientador: Prof. Dra Cristina Fonseca Silva Rennó Cuiabá – MT ABRIL DE 2020 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – PÓS-GRADUAÇÃO EM CINEMA E LINGUAGEM AUDIVIUAL TCC – TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO. Fernanda de Araújo Miranda A REPRESENTAÇÃO DA IMAGEM PELO CINEMA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para conclusão do Curso de Pós- Graduação em CINEMA E LINGUAGEM AUDIOVISUAL Professor Orientador: Prof. Dra Cristina Fonseca Silva Rennó Aprovada em: ........... / ...................... / .............. Nota: ........ ( ...............) Dedicatória Dedico este trabalho: primeiramente ao Senhor Jesus Cristo que através da sua abundante graça tem salvo a minha vida em tantos momentos, aos meus pais: José Gilmar de Miranda e Edinalva de Araújo Sousa de Miranda, por terem me apoiado sempre, os meus irmãos, Gilmara e Fernando, que alegram a minha vida, ao meu marido, Silvio Cesar de Lima, que tem sido um exemplo quando o assunto é dedicação e comprometimento com os estudos. Agradecimentos Agradeço em especial a todos amigos e irmãos na fé que sempre estão orando por mim, na graça e força do senhor Jesus Cristo. Resumo A representação da imagem como forma de representar o mundo se deu desde os primórdios da humanidade por meio de diversas linguagens. Este artigo tem o objetivo de compreender a linguagem do cinema por meio da história de sua origem até a contemporaneidade. Assim, pretende-se desenvolver um estudo da linguagem cinematográfica, através dos gêneros cinematográficos que se desenvolveram através dos tempos, estando esta permeada por questões políticas, sociais e econômicas que compuseram essa trajetória histórica da imagem em movimento. Palavras-chave: Imagem, Cinema, Linguagem. Abstract The representation of the image as a way of representing the world occurred since the dawn of humanity through different languages. This article aims to understand the language of cinema through the history of its origin to the present day. Thus, it is intended to develop a study of cinematographic language, through the cinematographic genres that have developed over time, which is permeated by political, social and economic issues that made up this historical trajectory of the moving image. Keywords: Image, Cinema, Language. SUMÁRIO 1. Escolha do tema.........................................................................................01 2. Problematização.........................................................................................01 3.Justificativa..................................................................................................02 4. Objetivos Gerais.........................................................................................02 5. Objetivos específicos.................................................................................03 6. Fundamentação teórica..............................................................................03 7. Metodologia de pesquisa...........................................................................04 8. Introdução...................................................................................................04 9. A Representação e A Imagem...................................................................05 10. As Origens do Cinema: O Primeiro Cinema...........................................07 11. Vanguardas dos Anos 1920.....................................................................10 12. Expressionismo Alemão..........................................................................11 13. Impressionismo Francês..........................................................................13 14. Montagem Soviética.................................................................................14 15.Surrealismo................................................................................................16 16. Nouvelle Vague.........................................................................................18 17.Cinema Hollywodiano................................................................................20 18. Western......................................................................................................22 19.Cinema Noir................................................................................................24 20. O Gênero Musical......................................................................................25 21. Conclusão..................................................................................................28 22. Referências Bibliográficas.......................................................................29 1 1. ESCOLHA DO TEMA A temática de cinema é extremamente fascinante do ponto de vista teórico e prático. Após um mergulho no universo da arte cinematográfica durante a pós-graduação ampliando meus conhecimentos técnicos e teóricos, refleti sobre a possibilidade de fazer um trabalho que contemplasse esta temática. No entanto ponderei que a temática de criar uma linha do tempo da história do cinema mundial seria demasiado amplo, além de ser enfadonho dado a diversos trabalhos que já trilharam este caminho. Deste modo, pensei em tecer um recorte a partir desta temática que levantassem debates ao trazer questões sociais a partir dos principais gêneros cinematográficos da história do cinema mundial. A compreensão da sociedade, a identificação de ideologias, significados e sentidos produzidos pela obra cinematográfica passa pela construção do objeto desta pesquisa. Assim, do ímpeto criativo e do entusiasmo por conhecer melhor estes gêneros, bem como por difundir este conhecimento produzido, surge esta pesquisa. 2. PROBLEMATIZAÇÃO Os gêneros cinematográficos contêm uma perspectiva histórica relativa a um dado contexto de tempo e espaço. Sendo assim, a perspectiva histórica permite que seja feita uma análise de questões sociais. No entanto, esta perspectiva histórica é produzida por uma linguagem artística particular estruturada através do anteparo imagético o qual conforma significados e sentidos peculiares promovidos pela produção cinematográfica em si. Desta feita, a reflexão e debate desta pesquisa gira em torno do uso do cinema como linguagem a partir de seus gêneros cinematográficos enquanto um objeto de análise potente para desvelar problemas e discussões sociais da nossa sociedade. 2 A linguagem artística do cinema torna-se um objeto privilegiado como fonte de análise e consequentemente de produção de conhecimento quando empregada com fins de análise científica. A partir da relação entre produção cinematográfica e tempo histórico retratado ou produzido é possível analisar os filmes como ferramenta de aproximação de contextos históricos reais e particulares, bem como possibilidade de criação de realidade inventadas ou fictícias. Desta forma esta pesquisa pretende responder como os gêneros do cinema e seus filmes respectivos podem explicarcontextos e questões sociais. 3. JUSTIFICATIVA A partir desta pesquisa pretende-se difundir o estudo histórico-social do cinema como possibilidade de ferramenta para debates atuais da sociedade contemporânea. Com base na perspectiva sociohistórica de reconstrução da História do cinema mundial com base em estudos feitos neste campo de estudo faz-se um exame de fenômenos sociais, bem como contextos sociais específicos de cada tempo-espaço histórico. Inicialmente traça-se discussões mais filosóficas sobre a questão da imagem e sua representação, após isso, faz-se o contexto das origens do cinema. As ideias, invenções e técnicas presentes que possibilitaram a produção dos primeiros filmes. Em seguida apresenta-se os momentos históricos do cinema que representam gêneros cinematográfico específicos. É importante destacar como os Estados Unidos consegue a hegemonia da arte cinematográfica com grandes investimentos na área do cinema o que é um reflexo presente até os dias de hoje. Deste modo, pode-se afirmar que a relevância desta pesquisa é levantar a discussão social do cinema seja para o uso didático como para fins de conhecimento geral. 4. Objetivo Geral • Traçar um histórico do cinema mundial a partir de uma abordagem didática. 3 5. Objetivos Específicos • Discorrer sobre as principais técnicas que deram origem a arte cinematográfica; • Discutir sobre a origem do cinema; • Refletir sobre os principais gêneros cinematográficos; • Identificar questões sociais presentes nas obras cinematográficas destacadas; • Contextualizar historicamente cada gênero cinematográfico. 6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A constituição de uma obra audiovisual representa uma realidade, seja uma realidade concreta, a partir de fatos reais ou imaginária, com base em ideias fictícias. No entanto, qualquer que seja o tipo de realidade que seja produzida representa um momento histórico e por consequência retrata relações e contextos sociais. Desta forma, o filme pode ser um objeto de análise histórica e social. Cinema e História, enfim, estão destinados a uma parceria que envolve intermináveis possibilidades. O cinema enquanto forma de expressão será sempre uma riquíssima fonte para compreender a realidade que o produz, e neste sentido um campo promissor para a História, aqui considerada enquanto área de conhecimento. Como meio de representação, abre para esta mesma História possibilidades de apresentar de novas maneiras o discurso e o trabalho dos historiadores [e/ou sociólogos], para muito além da tradicional modalidade de literatura que se apresenta sob a forma de livro. (BARROS, 2008: p.80). Assim sendo, a relação entre cinema e história não é uma ideia nova, no entanto é uma abordagem que pode propiciar uma infinidade de caminhos a serem traçados. No limite em que se estabelece um fio condutor entre o social e a representação imagética por definição, tem-se a possibilidade de verificar aspectos científicos que apoiam a construção da pesquisa. Como também, se torna possível “examinar a fundo o cinema como veículo de ideologias formadoras das grandes massas da população e que pode ser utilizado, com plena consciência de causa, como meio de propaganda.” (NÓVOA, 2008: p. 25). 4 7. METODOLOGIA DE PESQUISA A Metodologia é uma sistematização rigorosa de toda a ação empreendida pelo pesquisador para desenvolver, conforme a aplicação de um determinado método, um trabalho de pesquisa. Conforme os modelos de abordagens e delimitações, Cervo e Bervian (1983) que classificam as pesquisas em: a) pesquisa bibliográfica; b) pesquisa descritiva e c) pesquisa experimental. Nesta pesquisa, pode ser compreendida como uma pesquisa descritiva pois visa discussão mais pormenorizada, específica e original do tema. Pode se considerar também uma pesquisa qualitativa pois, não envolve a quantificação dos dados e sim, a análise do fenômeno em questão. Para realizar a coleta de dados, será feita uma pesquisa bibliográfica. A elaboração do projeto a partir da pesquisa bibliográfica exploratória que possa discorrer sobre as origens do cinema bem como seus principais gêneros cinematográficos centrada nas contribuições teóricas de vários autores e artigos publicados sobre a temática da história do cinema mundial. Assim como, pode-se considerar uma pesquisa ou revisão bibliográfica pois foi realizada uma coleta de dados com base em pesquisas acadêmicas, sendo livros ou artigos de autores que já pesquisaram sobre a temática estudada. Esta revisão bibliográfica compreende uma análise dos gêneros cinematográfica sob uma ótica social de modo a verificar correspondências com debates sociais levantados nestes filmes dentro de um determinado tempo histórico. 8. INTRODUÇÃO O processo de representação da imagem passou por várias fases até chegar ao cinema contemporâneo. Inicia-se este percurso com a discussão sobre a representação da imagem e a evolução das formas de representação imagéticas. Na segunda parte, inicia-se a parte da contextualização histórica e social dos diferentes momentos que o cinema percorreu. 5 Tendo como base as principais fases do cinema mundiais, inicia-se com o primeiro cinema dos irmãos Lumière, e em seguida por Georges Méliès passando pelos principais movimentos no cinema como construtivista Russo de Serguei Eisenstein e Lev Kulechov, o expressionismo alemão de Fritz Lang e Friedrich Wilhelm Murnau, a Nouvelle Vague, o cinema Hollywodiano, passando pelos principais movimentos de cinema experimental modernos e da contemporaneidade. Os filmes são uma continuação na tradição das projeções de lanterna mágica, nas quais, já desde o século XVII, um apresentador mostrava ao público imagens coloridas projetadas numa tela, através do foco de luz gerado pela chama de querosene, com acompanhamento de vozes, música e efeitos sonoros. Muitas placas de lanterna mágica possuíam pequenas engrenagens que permitiam movimento nas imagens projetadas. O uso de mais de um foco de luz nas apresentações mais sofisticadas permitia ainda que, com a manipulação dos obturadores, se produzisse o apagar e o surgir de imagens ou sua fusão. O cinema tem sua origem também em práticas de representação visual pictórica, tais como os panoramas e os dioramas, bem como nos "brinquedos ópticos" do século XIX, como o taumatrópio (1825), o fenaquistiscópio (1832) e o zootrópio (1833). (MASCARELLO, 2016, p.18) A história do cinema encerra uma série de elementos que fizeram parte da sua constituição, que vai da projeção de imagens, uso de elementos e artefatos ópticos, da montagem, roteiro, cenários e figurinos. A REPRESENTAÇÃO E A IMAGEM A representação consiste, em um primeiro momento, na reprodução da realidade, com a finalidade principal de compreender o mundo e seus sentidos e significados, bem como forma de registrar, guardar aquilo que pode não estar mais presente no futuro. Etimologicamente, representar é trazer de novo algo que não está mais presente. Representar, dizia, tem vários sentidos. Em primeiro lugar, entende-se por este termo aquilo por meio de que se conhece algo e nesse sentido o conhecimento é representativo e representar significa ser aquilo por meio de que se conhece alguma coisa. Em segundo lugar, entende-se por representar o fato de se conhecer alguma coisa conhecida a qual conhece- se outra coisa e neste sentido a imagem representa aquilo de que é imagem, no ato da lembrança. Em terceiro lugar, entende-se por 6 representar causar o conhecimento da maneira como o objeto causa o conhecimento. (ABBAGNANO, 1970, p. 820-821) Assim o mundo pode ser representado pelo desejo de conhecer algo, a partir da experiência sensível e por meio desta reprodução tornar a terceiros uma experiência desconhecida em conhecida. Isto significa que uma pintura, fotografia ou filme remetea uma experiência experimentada que pode ser remetida àqueles que não experimentaram a partir daquela representação. É como se crianças que brincam de polícia e bandido chegassem a um ponto em que já não sabem onde terminou a representação e começou a realidade. Mas, no caso das crianças, há sempre o mundo adulto à volta delas, as pessoas que lhes dizem: "Não façam tanto barulho" ou "É hora de ir para a cama". Para o homem primitivo, não existe outro mundo para estragar a ilusão, porque todos os membros da tribo participam nas danças cerimoniais e nos ritos, com seus fantásticos jogos de simulação. Todos eles aprenderam o seu significado através das gerações anteriores e estão de tal modo absorvidos nesses jogos que têm escassas probabilidades de, colocando-se a uma certa distância, analisarem seu comportamento numa perspectiva crítica. Todos nós alimentamos crenças que consideramos axiomáticas, tanto quanto os "primitivos" consideram as deles — usualmente a tal ponto que nem mesmo estamos cônscios delas, a menos que deparemos com pessoas que as questionam. (GOMBRICH, p.17, 2000) Assim, a imagem é uma forma de representar o mundo, suas formas, objetos, ideias, sentidos, sentimentos, sensações e por meio deste registro passar a frente para a humanidade. Neste sentido, a ideia inicial de quem representa a partir de uma percepção visual, a princípio, a partir de um código que, posteriormente, é passível da interpretação do outro. Assim, os elementos que permeiam o cotidiano se tornam referência para serem representados através de imagens. O desenho foi a primeira forma de representar as imagens, posteriormente a fotografia através da evolução da tecnologia que permitiu manipular a imagem através das lentes e negativos fílmicos. Finalmente, o cinema através do movimento dado a imagem por meio de sequências combinadas, cortes e montagens e a transmissão de proporções extensas, permitem o transporte a uma dimensão para além do real. O mais notável nisso tudo é que, enquanto uma arte como o cinema produz um efeito de continuidade em eventos que reconhecidamente não são contínuos, nem contíguos, escondendo as elipses através das quais ele condensa o fluir do tempo e do espaço, a emissão ao vivo de televisão 7 introduz uma descontinuidade em eventos que são efetivamente contínuos. (MACHADO, 1995, p.107). Assim, a representação imagética se transformou através das épocas a partir da manipulação de técnicas e tecnologias dando novos contornos a imagem estática e unidimensional. AS ORIGENS DO CINEMA: O PRIMEIRO CINEMA A imagem em movimento, que ficou conhecida como cinema é inaugurada na primeira metade do século XX, de uma maneira pasteurizada, por estar imerso sob diversos movimentos, estilos e formas presentes na cultura daquele contexto, como lanterna mágica, teatro popular, revistas, ilustrações entre outros. (MASCARELLO, 2006) Os aparelhos que projetavam filmes apareceram como mais uma curiosidade entre as várias invenções que surgiram no final do século XIX. Esses aparelhos eram exibidos como novidade em demonstrações nos círculos de cientistas, em palestras ilustradas e nas exposições universais, ou misturados a outras formas de diversão popular, tais como circos, parques de diversões, gabinetes de curiosidades e espetáculos de variedades. (COSTA, 2006, p. 17) No entanto sabe-se que “se é possível estabelecer uma data de nascimento para o cinema, essa data ficou marcada como sendo em 28 de dezembro de 1895 numa apresentação realizada pelos irmãos Lumière em Paris. Porém, sabe-se que Thomas Edison já fazia experimentos com a imagem em movimento pouco antes dos Lumière”. (SVOLENSKI, 2016, p.1) A partir desta invenção, o cinema tem sido um campo de criação e produção artística intensa, onde permeiam diversos movimentos e correntes artísticas com diferentes estilos, que por sua vez tem características específicas. Desde o seu surgimento, o cinema tem atraído milhares de realizadores e espectadores. E muitos desses realizadores buscam um diferencial em se tratando de produção de imagem. Os primeiros filmes produzidos para o cinema tinham caráter de diversão popular e não eram vistos como espetáculos sofisticados, nem encarados como formas narrativas que devessem seguir o modelo de artes nobres como o teatro ou a literatura. Portanto, é possível perceber que, com o nascimento do cinema, a 8 preocupação era o divertimento e uma forma de entretenimento barato e diferente, considerando a época de sua criação. (SVOLENSKI, 2016, p.1-2) O advento do cinema ocorre a partir de uma série de tentativas de colocar a imagem em movimento, tendo como base as primeiras câmeras fotográficas. Neste contexto, o empresário Edison, investiu em uma câmera que possibilitasse colocar quadros em movimento (motion picture). Assim, o quinetógrafo e o quinetoscópio foram inventados, com tecnologias que possibilitavam assistir a ação visual por um tela. (MASCARELLO, 2006) O artista e ilusionista francês, George Meliès, foi um dos maiores expoentes com potencial inventivo e revolucionário no que se refere a criação de dispositivos que possibilitaram a projeção de imagens em movimento. Através “[...] desses meios de projeção de imagens animadas para o divertimento e emoção da plateia continuaria inexplorado se não fosse a vontade de alguns visionários como o artista de teatro e mágico George Méliès, que enxergou no cinematógrafo o poder ilusório e a capacidade de manipular a plateia através da confusão do real com o imaginário”. (CUNHA, 2011, p.4) Le Voyage dans la Lune, de Méliès, é uma ficção científica completa, feita no início do século XX, há sete anos da invenção do cinematógrafo. Nela já se vê uma linguagem cinematográfica em formação. Um grupo expedicionário entra em um foguete que é impulsionado por uma catapulta gigante até a lua, encontra um mundo paralelo no qual guarda-chuvas se transformam em cogumelos, enfrentam habitantes lunares que desaparecem como mágica diante da tela e voltam à duras penas para casa, ou seja, a Terra. Tudo isso ocorre em dez minutos. Era compreensível e até esperado a reação perplexidade e entusiasmo da plateia. Com Méliès, o cinematógrafo, que era um experimento científico, deixou de representar apenas uma realidade fosca e opaca, como a chegada de um trem à estação ou a saída de operários de uma fábrica, e passou a criar realidades alternativas, universos próprios, com regras e convenções coerentes somente dentro de suas lógicas internas. O cinema, desde sua gênese, abraçava a ficção. (CUNHA, 2011, p.4-5) Desta forma, Meliès trouxe para o cinema a linguagem da ficção e da fantasia, ao criar experimentos e truques que superaram a mera filmagem de uma cena cotidianas e convencionais, como as obras fílmicas pioneiras dos irmãos Lumière. 9 Com relação a questões sociais e culturais que estão no contexto da invenção do cinema, compreendendo a sociedade de consumo americana e o “american way of life” baseada, entende que o cinema não à toa chamado de indústria do cinema, também faz parte do mesmo processo e sistema baseado no lucro e no capital. Muitas vezes sua produção tem um quê de industrial; arregimentando em torno de si todo um complexo de estruturas sociais, políticas e econômicas - difundindo hábitos e costumes e influenciando a sociedade. Insere-se no mundo da máquina como um instrumento de coerção moral mas isso não o descaracteriza como arte. Segundo George Sadoul: “é impossível estudar a história do Cinema como arte, sem evocar os seus aspectos industriais. E a indústria é inseparável da sociedade, da sua economia, da sua técnica”. E se o cinema é uma indústria o filme é uma arte. (SILVA, 2004, p.3) Neste sentido, é importante ressaltar que o componente artístico não pode ser renegado, mas precisa ser relativizado, pois está imerso em umcontexto social político e econômico que envolve disputa de ideologia e consequentemente de poder. Assim, o cinema está para a sociedade americana tal qual a religião estava para a sociedade europeia do século anterior, ele representa um modelador do inconsciente coletivo - através de seus heróis, de suas sagas, de seu glamour, ele criou uma simbologia e uma forma de se relacionar com o público que conduz o receptor a internalização desse significado. Tem uma missão civilizatória, narrando e atualizando o mito “América para os americanos”, estabelecendo um código de ética próprio e cumprido uma função expansionista ao conquistar novas fronteiras culturais. (SILVA, 2004, p.3) Ao colocar os Estados Unidos como uma nação heroica, vitoriosa e superior a todas as outras através das narrativas cinematográficas, o cinema hollywoodiano, enquanto um meio de comunicação de massa, foi capaz de moldar a consciência de um povo, como também de povos que estavam submissos politicamente e economicamente a esta potência imperialista. O “Nascimento de uma nação” deixa claro e evidente que o negro tem o seu lugar na sociedade americana, o de servir o branco. Outra marca evidente da exclusão racial no filme está na não utilização de atores negros para representarem os principais personagens negros. Esse detalhe nos revela que: 1) aos negros americanos estava interditada as condições ou oportunidade de ingressar na indústria cinematográfica por questões evidentemente racistas e; 2) ao mostrar um filme, no qual a maioria dos 10 personagens negros são interpretados por atores brancos, o cineasta nos passa a imagem de uma “nação branca” – o que aliás parece ser seu intento, seu ideal de nação. Neste aspecto o nosso diretor está apenas de acordo com as teorias racialistas de sua época que saudavam a superioridade da raça braça em detrimento das raças inferiores – onde se inseria obviamente a raça negra. A tentativa de construir uma ideia de nação branca não foi exclusividade norte-americana, perpassando políticas como na Argentina, em Cuba e no próprio Brasil. Porém, os negros norte- americanos lutaram fortemente contra esse ideal excludente, fundando em 1910 a National Association for the Advancement of Colored People (NAACP), a mais importante organização de luta pelos direitos civis negros no país; e defenderam sua cultura negra através do Jazz e do Blues, que nos anos 20 se transformaram em linguagem crítica contra a exclusão do negro. (SILVA, 2004, p.7-8) Este processo de submissão de povos, considerados inferiores culturalmente também se expressou na superioridade entre raças, sendo a raça branca como superior a negra. A partir de uma série de mecanismos internos a própria narrativa fílmica, como a escolha de papéis e personagens, os negros foram marginalizados o que corroborou para a construção de uma nação que tem o padrão da raça branca. O período do primeiro cinema pode ser dividido em duas fases. A primeira corresponde ao domínio do "cinema de atrações" e vai dos primórdios, em 1894, até 1906-1907, quando se inicia a expansão dos nickelodeons e o aumento da demanda por filmes de ficção. A segunda vai de 1906 até 1913- 1915 e é o que se chama de "período de transição", quando os filmes passam gradualmente a se estruturar como um quebra-cabeça narrativo, que o espectador tem de montar baseado em convenções exclusivamente cinematográficas. É o período em que a atividade se organiza em moldes industriais. Há interseções e sobreposições entre o cinema de atrações e o período de transição, uma vez que as transformações então ocorridas não eram homogêneas nem abruptas. (MASCARELLO, 2006, p. 25). 11. VANGUARDAS DOS ANOS 1920 A linguagem do cinema é múltipla e diversa, incluindo inúmeras possibilidades de ser realizada. O experimentalismo foi uma marca da década de 1920, que significa romper com as representações e modelos tradicionais das expressões artísticas já estabelecidas e consagradas, a partir de novas técnicas e conceitos que não tem o prestígio e a credibilidade dos movimentos artísticos tradicionais. 11 Ainda nos anos de 1920, surgem movimentos de vanguarda, denominados AvantGard. Onde muitos dos realizadores desse cinema experimental são artistas ligados a movimentos da arte como dadaísmo, futurismo entre outros. Movimentos que provocam os valores da burguesia e o próprio conceito de arte. Dentre eles podemos destacar o alemão Hans Richter com Ritmo 21 (1921) e que em 1947 ganha em Veneza o prêmio pela Melhor Contribuição Original ao Progresso da Cinematografia pelo filme Dream’s That Money Can Buy (1947), Man Ray com Retorno a razão (1926), Marcel Duchamp com Anèmic Cinema (1926), Fernand Legèr com Ballet Mecânico (1924) e Luiz Buñuel e Salvador Dali com Um cão andaluz (1929) entre outros. Onde a representação da imagem estética se converte em angústias existenciais e o suporte se torna apenas um aparato técnico para demostrar essas angústias. Experimentações com movimento, planos e ângulos inusitados, sem narrativa linear, ou seja, sem história a ser contada e sim imagens aleatórias descrevendo apenas o que um artista transformaria em pintura. (SVOLENSKI, 2016, p.4) 12. EXPRESSIONISMO ALEMÃO O expressionismo alemão está inserido em um contexto de pós-guerra, quando a Alemanha saiu perdedora da Primeira Guerra Mundial e entrou numa crise econômica e política sem precedentes. Dada esta conjuntura, este movimento tentou representar aquele momento histórico específico daquela sociedade. As características que predominam ao expressionismo alemão são: o pessimismo, subjetividade, emoções a flor da pele, alucinações, escuridão, uso de sombras, relação temporal anacrônica na qual não é possível definir o tempo passado como presente, passado ou futuro, temáticas que abordam dor, morte e angústia. República de Weimar, 1920. Dois anos depois de perder a Primeira Guerra Mundial, que receberia, por suas dimensões catastróficas, o título de "a guerra para acabar com todas as guerras", o povo alemão horrorizava novamente o mundo, desta vez com um filme. Era O gabinete do dr. Caligari (Robert Wiene, 1920), que, com seu enredo de pesadelo e com os cenários mais bizarros criados até então, tornou-se imediatamente um clássico, recolocou o país no circuito cultural internacional e provocou discussões a respeito das possibilidades artísticas e expressivas do cinema. Relacionando-se com um dos movimentos de arte mais importantes da época - o Expressionismo -, o filme indicou novas relações entre filme e artes gráficas, ator e representação, imagem e narrativa (Robinson 2000, p.7). Seu conceito revolucionário surpreendeu e atraiu o público intelectual que até então raramente havia dado atenção ao cinema, e a curiosidade gerada em torno dele ajudou a reabrir o mercado externo cinematográfico que estava fechado para a Alemanha desde o começo da guerra. (CÁNEPA, 2006, p.55) 12 O filme Gabinete do Dr Caligari de Robert Wiene (1920) foi um marco no expressionismo francês, trazendo as características como morbidez, suspense através de imagens, personagens, figurinos, escuros, pinturas faciais expressivas e fastasmagóricas. A linguagem estética do filme remete ao contexto político da República de Weimar, retratando através dos personagens as autoridades da Alemanha como responsáveis pela entrada da Alemanha na guerra e por sua consequente derrota. Fonte:https://www.archdaily.com.br/br/01-87650/cinema-e-arquitetura-o-gabinete-do- doutor-caligari/1354382903-69cabinet-du-dr-caligari-08-g 13 14. IMPRESSIONISMO FRANCÊS O impressionismo é, inicialmente, uma corrente ou movimento artístico relacionado ao campo da pintura. Os adeptos a este movimento, chamados impressionistas, discordavam da estética e parâmetros da pintura tradicional, assim, criaram uma outra forma de exprimir as formas,a luz, os traços que compunham a pintura figurativa clássica. A partir da descoberta do jogo de luz, perceberam que determinados tipos de pinceladas poderiam causar um efeito visual diferenciado no qual de longe as imagens pareceriam mais nítidas. (Mauro & Scalon, 2012) Ainda sob o contexto da Primeira Guerra Mundial, que mergulhou em uma grave crise econômica toda a Europa, atingindo a indústria cinematográfica de maneira devastadora. A França, neste contexto, assistiu a falência de suas empresas cinematográfica que eram fonte de renda para o país, sendo a França o maior país exportador de filmes. Os Estados Unidos tomam a frente das exportações de filmes. Diante de uma conjuntura de crise na economia e especificamente na indústria cinematográfica, nasce o Impressionismo Francês (MAURO & SCALON, 2012). A eclosão da Primeira Guerra Mundial iria modificar por completo o curso da história do cinema. Quando as companhias cinematográficas europeias se viram forçadas a reduzir sua produção, uma grande leva de filmes americanos foi importada para suprir a demanda do mercado europeu. A partir desse momento, os Estados Unidos se tornariam o maior fornecedor de filmes do mercado cinematográfico do mundo, posição que ocupam até hoje. É nesse contexto histórico, de crise da indústria cinematográfica europeia, que surge o movimento impressionista francês. Em face da hegemonia americana, a França tenta reformar a sua produção e imprimir às imagens fílmicas um poder de expressão que só se realizará na forma de uma arte. Até então considerado um espetáculo essencialmente popular, o cinema deveria adquirir um novo estatuto, o de uma arte tão legítima quanto a literatura, o teatro, a pintura, a música. De início, foram poetas como Guillaume Apollinaire e Blaise Cendrars, além de outros artistas e críticos, que começaram a perceber o cinema não mais como um simples entretenimento, mas como uma rica fonte de inspiração. Mas foi com a adesão do poeta, dramaturgo e crítico de teatro Louis Delluc, ao qual se uniriam o escritor Mareei Uherbier, o também poeta Jean Epstein e os cineastas Abel Gance e Germaine Dulac, que o ideal se realizou. Eles não somente fizeram filmes e escreveram sobre cinema, como constituíram o chamado Impressionismo francês. (MARTINS, 2006, p.89) 14 Fonte:https://bocadoinferno.com.br/criticas/2012/07/a-queda-da- casa-de-usher-1982/ Os filmes que se destacaram neste movimento cinematográfico foram, dentre outros, Napoleão (1927) do diretor Abel Gance, no qual a partir de um jogo de câmeras, causou a fragmentação da imagem em três partes, possibilitando representar momentos diferentes, porém simultâneos. Outro filme de grande relevância neste contexto foi, A Queda da Casa de Usher (1929), do diretor Jean Epstein em uma adaptação do romance de Edgar A. Poe. Mais uma vez a utilização do jogo de câmeras possibilita um efeito dramático, por ocasião da câmera lenta. Aliado a esta técnica, utiliza a fotografia e iluminação a partir do uso de velas causando uma impressão sombria. (MAURO & SCALON, 2012) 14. MONTAGEM SOVIÉTICA O construtivismo russo se encontra no contexto da Revolução Socialista de 1917, contexto esse, que provocou diversas mudanças sociais e políticas que alteraram radicalmente aquela sociedade. O maior expoente, deste movimento foi Sergio Eisenstein que dialogou com os ideais socialistas e 15 promoveu experimentações no campo da técnica cinematográfica. Suas maiores obras foram A Greve (1924), O Encouraçado Potemkin (1925) e Outubro (1927). (JÚNIOR, 2017) Fonte: https://troikamental.blogspot.com/2011/08/o-encouracado-potemkin.html Neste período, a arte construtivista alinhava-se ao movimento e à intensidade da vida urbana e industrial. Para os construtivistas, o construtivismo deveria representar o próprio meio ao qual o artista vive com cabos, fios, máquinas, planos e contraplanos da cidade e da indústria. O caráter materialista das obras era, para os artistas, uma maneira de desvendar as estruturas formais, novas e lógicas dos materiais. Além disso, sustentavam que a produção de objetos socialmente úteis e, sobretudo, a objetividade dos processos de fabricação, mostraria novas formas e significados para a arte. A expansão do construtivismo entre os artistas russos ajudou a reconhecer o cinema como arte construtivista, encontrando nele também a expressão de uma arte revolucionária em consonância ao pensamento da esquerda revolucionária. Considera-se mesmo, que o construtivismo constitui na arte as extensões de transformações mais profundas da cultura social e política da época. (JÚNIOR, 2017, p. 68). O cinema construtivista veio a dialogar com o contexto sócio-cultural do mundo que se encontrava em meio a transformações e rupturas sociais e políticas radicais, o que significou um certo realismo na representação https://troikamental.blogspot.com/2011/08/o-encouracado-potemkin.html 16 imagética, na busca pela objetividade e pela expressão da arte como reprodução da realidade concreta. 15. SURREALISMO O movimento surrealista se iniciou em 1924, tendo como maior influência “linguagem simbolista e da revolução romântica, promotor da explosão dos sentidos e seguidor da livre associação das ideias e do inconsciente, sob o ditado do Desejo”. (MENDONÇA, 2008, p.97) Proporcionando uma infinita multiplicidade imagética, o Cinema amplia nosso referencial de informação visual tornando maior a área do sensível em nossa consciência / inconsciência. Destaque-se o fato de o Cinema ser a permanência do registro de uma ausência que encantou. Isso traduz uma outra forma de descobrimento, pois um novo plano de realidade é estabelecido pelo registro de uma visualização. E é nessa área que nos deparamos com o principal objeto desse texto: “Quando Fala o Coração” (Spellbound, 1945). Para este filme, o mestre do suspense, Alfred Hitchcock (1899-1980), fez questão de contratar o já famoso surrealista, Salvador Dalí (1904-1989), consagrado pintor que encontrou no Cinema uma criativa e funcional expressão, tanto com o sucesso de “Um Cão Andaluz” (Um Chien Andalou,1929) quanto na concepção de “A Idade do Ouro” (L’age d’Or, 1930), filmes que consagraram Luís Buñuel (1900-1983) como o maior representante da escola surrealista no cinema. No filme de Hitchcock, o personagem interpretado por Gregory Peck, John Ballantine, é acusado de um crime, apesar de ser inocente, tema recorrente na obra do autor. Porém, devido a uma amnésia, o próprio John começa a duvidar de si mesmo. Com a ajuda de um psicanalista, a interpretação de um estranho sonho e algumas outras pistas colhidas no decorrer do filme, John provará sua inocência. A contribuição de Dali consiste justamente na composição estética do sonho mencionado, por isso iremos nos deter nesta sequência. (MENDONÇA, 2008, p.99) 17 Fonte: http://www.cinemaepipoca.com.br/psicose/ O cinema surrealista acaba por se constituir uma série de características que vão do non-sense até o suspense, a partir das referências que se baseia, elementos desfigurados e por vezes sem ligação direta criam as sensações ao público que vão além da mera narrativa, de um final esperado ou facilmente decifrável. A narrativa surrealista faz com que o enredo seja entrelaçado por questões que fazem que a história seja surpreendente e constantemente em movimento. KJ Surrealismo, como movimento de vanguarda que se desenvolve durante os primórdios da terceira década do século passado e alcança o apogeu por volta de 1933, baseia seus princípios na crença de que existe uma realidade superior, à qual se chega por associações de coisas aparentemente desconexas ou, então, pelos chamados processos oníricos, ou seja, da decifração dos significados enigmáticos que se elaboram nos sonhos. (CANIZAL, 2006, p.143) http://www.cinemaepipoca.com.br/psicose/18 O surrealismo no cinema sofre influências diretas do movimento surrealista da pintura, ou seja, sua relação com a imagem feita por uma espécie de recorte e colagens, o que resultou no cinema da técnica de montagem conhecida como (miseen-scène). A sucessão de imagens que remete a memória cria um novo sujeito, e uma nova relação com o objeto, a preocupação com o que a imagem proporcionará como sentidos e emoções e sobretudo os sonhos, a partir de uma tentativa de tentar reproduzí-los em imagens e sons. A questão do inconsciente trabalhada pela Psicanálise é acionada pelo cinema surrealista como forma de inspiração. 16. NOUVELLE VAGUE O termo que ficou conhecido como "nouvelle vague" está atrelado a um momento histórico do cinema francês, no final da década de 1950, do qual uma geração de cineastas jovens, carregando a ideia de que estes eram responsáveis pela produção de filmes feitos às pressas, sem o rigor estético e artístico que necessitava o cinema da época, no entanto, estes foram os pioneiros na produção do longa-metragem. (MARIE, 2003) Eles haviam estabelecido profundas regras para "filmes de qualidade" que haviam atingido o apogeu no final dos anos 30. Trata-se de um cinema baseado em três princípios: o primado do diretor-dialógico; tomadas em estúdio com uma equipe técnica pesada que controla os sindicatos mais corporativos; e atores experientes e populares, que o público revê de filmes em filmes (Jean Gabin, Martine Carol, Bourvil). São esses princípios sacrossantos que o jovem crítico François Truffaut ataca com uma violência extrema em seu artigo "Une certaine tendance du cinéma français" (MARIE, 2003, p.170) Isto poderia ser definido como uma aversão a este tipo de cinema, que era regido por normas rígidas, quanto aos atores, diretores e a toda parte mais técnica, seja da filmagem até a finalização. Diegues considerava que "a síntese da nouvelle vague estaria na própria definição de anticinema: a valorização temática intimista, substituindo os valores funcionais (imagem, câmera, montagem etc.) pela supervalorização, a hipertrofia da descrição meio social, meio psicológica, meio ética." Ressaltava ele que os jovens cineastas franceses procuravam caminhos próprios, mas sem compromisso manifesto, destacando no conjunto de novos cineastas Louis Malle, Edouard Molinaro, Claude Chabrol, Michel 19 Boisrond e Roger Vadim. Carlos Diegues terminava o artigo deixando claro que sua análise dizia respeito aos filmes exibidos no Brasil e que os outros cineastas dessa nova geração continuavam inéditos por aqui. (BRUM, 2013, p.198). Assim, a Nouvelle Vague, embora não tenha sido considerada um movimento ou grupo pelos cineastas que receberam a determinada alcunha, pode ser concebido como um acontecimento ou momento dentro da história do cinema mundial que encerrou um conjunto de características próprias que simbolizaram as inquietações de jovens cineastas franceses daquele contexto. A Nouvelle Vague é, por conseguinte, um fenômeno cinematográfico paradoxal, pois constitui um conjunto mais ou menos delimitável que liga autores, acontecimentos, trabalhos, ideias e concepções de direção. Mas, de certa maneira, é difícil enumerar as características marcantes comuns que unem autores e obras. O próprio François Truffaut chegou a dizer, de maneira um pouco provocante, em 1962, que o único traço comum aos autores da Nouvelle Vague era a prática do bilhar elétrico. (MARIE, 2003, p.167-168). Fonte: https://br.pinterest.com/pin/542754192573490541/?lp=true https://br.pinterest.com/pin/542754192573490541/?lp=true 20 17. O CINEMA HOLLYWODIANO Quando pensamos em cinema, não é raro que as primeiras imagens que venham a nossa mente sejam sequências de um blockbuster, como “Titanic”, ou cenas de um filme clássico em preto-e-branco, tal qual “Casablanca”, ou o glamour do tapete vermelho desfilado por atrizes e atores na entrada da cerimônia do Oscar, ou ainda uma figura emblemática do meio, vide Steven Spielberg e Charles Chaplin. Todas essas ideias estão associadas a um campo em comum, ligadas ao passado e ao presente de uma instituição de grande escopo mundial, a um padrão de fazer cinema: Hollywood. (CUNHA, 2011, p.4-5). O conceito de cinema de uma forma ampla e abrangente está diretamente associada ao cinema americano especificamente ao estilo hollywoodiano de fazer cinema, seja de filmes mais comerciais e atuais como filmes mais antigos considerados clássicos do cinema mundial. O poderio econômico americano utilizou o cinema, como forma de comunicação de massa, de forma a disseminar sua cultura, valores e ideologia para o mundo. Investimentos milionários em estúdios, atores, diretores, tecnologia de ponta demonstradas por meio dos efeitos especiais que provocam fascínio sobretudo nos filmes de ação, aventura e terror. A simples associação (e fusão) quase instantânea da ideia de “cinema” com o “cinema hollywoodiano”, e todo o universo simbólico atrelado a ele, na mente de muitas pessoas demonstra o grande poder que essa indústria cultural vem acumulando e reafirmando ao longo das décadas, na medida em que se formou, mudou e continua modificando o seu caráter e sua estrutura, de um punhado de estúdios semi-profissionais assentado em um distrito ao Sul da Califórnia a um conglomerado empresarial bilionário de grande visibilidade mundial comandado por corporações financeiras. (CUNHA, 2011, p.5). A transformação do cinema em uma indústria lucrativa promove modelos de fazer fílmico de caráter universal, escamoteando uma série de construções sociais baseadas em ideias norte-americanos que por sua vez são naturalizados e tidos como verdadeiros, assim são desejados e tidos como um ideal a ser alcançado pelo público. O cinema, como nenhum outro meio de comunicação, tem a capacidade de galvanizar a atenção do público, exacerbar as emoções, por meio da manipulação do espaço e do tempo em forma de imagens, e transmitir conteúdo simbólico. Posto dessa forma, é notória a carga de poder 21 simbólico acumulada por Hollywood, como instituição cultural, que adquire uma função importante na acumulação dos meios de informação e de comunicação. (CUNHA, 2011, p.6) Os discursos reproduzidos pelos filmes hollywoodianos impõem os valores da sociedade norte-americana a partir de uma série de padrões encontrados nas narrativas de seus filmes, como a mocinha indefesa e casta, o herói representado pelo homem branco, o vilão representado pelos negros, indígenas e latino-americanos. E, sobretudo, os ideais burgueses de competição, livre-comércio, de liberdade individual, traduzidos pelo american way-of-life. Fonte:https://mag.sapo.pt/cinema/atualidade-cinema/artigos/o-que-aconteceu-aos- atores-de-e-tudo-o-vento-levou Ainda que hajam movimentos do cinema norte-americano que criticam este tipo de narrativa e por sua vez construam outros tipos de narrativas, o cinema hollywoodiano é hegemônico. 22 18. WESTERN Para muitos, o Western é considerado o gênero cinematográfico norte- americano por excelência. Com os primeiros filmes em que aparecem cowboys datando da virada do século XIX para o século XX, o Western inclui-se entre os primeiros gêneros de filmes narrativos da história. Se, ao longo do século passado, Hollywood tornou-se a indústria do cinema hegemônico, certamente os índios, bandidos e mocinhos do Velho Oeste deram uma grande contribuição para o sucesso desse cinema entre o público norte-americano e mundial. (MASCARELLO, 2006, p.159). O western é um gênero cinematográfico hollywoodiano de origem norte- americana, a qual se consagrou mundialmente a partir de elementos centrais como personagens que lutam entre si, o mocinho e o bandido e a contextualização espacial em ambiente de rural de cidade do interior. Fonte: https://revistamoviement.net/os-brutos-tamb%C3%A9m-amam-an%C3%A1lise-c4a07133fac 23 O gênero é o pioneiro nas narrativas ideológicas hollywoodianas, criando uma imagem mítica do povo americano, do imperialismo por meio das colonizações e tomadas de territórios. Ao lançarmos um olhar panorâmico sobre o gênero, notamos que ele retrata um mundo em que as forças da civilização travam uma batalha sem fim com as forças da natureza (com os índios também, como "elementos da natureza"). Como ritual fundador dos Estados Unidos, o Western projeta um cenário de recursos naturais infinitos e de paisagens sem limites visíveis, numa opção estética que "naturaliza" (no sentido de Roland Barthes, em que o mito transforma o ideológico em algo aparentemente natural) as políticas oficiais de expansão e conquista territorial e do Destino Manifesto. (MASCARELLO, 2006, p.162). O pano de fundo para os conflitos sociais se desenvolve a meio a paisagem desértica, árida e isolada do western. Por meio de categorias opostas se constroem os personagens e os contextos sociais. E é nessas extensas paisagens de pequenas e isoladas comunidades que o embate mitológico entre o civilizado e o selvagem se desenrola. São várias as oposições a expressar esse embate: cultura versus natureza, Leste versus Oeste, o verde e o deserto, a América e a Europa, a ordem social e a anarquia, o indivíduo e a comunidade, a cidade e as terras selvagens, o cowboy e o índio, a professorinha e a dançarina/prostituta do saloon etc. (MASCARELLO, 2006, p.163) O período histórico e social que os filmes de gênero western se desenvolvem são contextos de guerras, por isso, as narrativas destes filmes têm a finalidade de reforçar ideologicamente os princípios e valores sociais norte-americanos baseados na democracia e na religião cristã. O período histórico a que o gênero se refere é o das guerras contra os índios, mas também coincide com os anos seguintes à Guerra Civil americana e se estende até o começo do século XX, quando o oeste dos EUA ainda estabelecia os códigos de lei e ordem que se tornariam a base para as condições sociais contemporâneas. (MASCARELLO, 2006, p.163). A narrativa do western é construída a partir de padrões sociais bem demarcados que prescindem valores igualmente sociais que reforçam as estruturas hegemônicas, patriarcais, brancas, religiosas que por consequência pressupõe relações monogâmicas e heterossexuais. No plano da política, estas narrativas expressam o direito à propriedade privada, o livre comércio, a 24 hierarquia, a lei do mais forte dentre tantos outros ideais que constroem a cultura política e social da nação norte-americana. A estrutura básica dessas narrativas consistia, segundo Slotkin, em "um indivíduo, geralmente uma mulher, suportando passivamente os golpes do mal, esperando ser resgatado pela graça de Deus" (1996, p. 94) por um homem branco. Dessa estrutura, emergia a mulher branca como símbolo dos valores da civilização cristã - a repressão sexual, o casamento monogâmico heterossexual e o direito à propriedade. Em termos míticos, ela é o que Slotkin denomina a "mulher redentora" (1998, p. 206), casta, dócil, compreensiva, confiável e bastião da civilização; dali, também emerge a significação mítica do homem branco. Nessas narrativas, ele domina as artes da guerra e da sobrevivência na selva, alcança o cativeiro, mata os índios e conduz a mulher de volta para a colônia. Sua ação violenta e individual é justificada pelo resgate simbólico dos valores mais elevados da civilização cristã e ele encontra sua redenção. Outro aspecto que surge das narrativas do cativeiro é o de apresentar o indígena e a natureza como obstáculos na construção de uma sociedade superior, calcada no puritanismo (lembremos que os primeiros colonizadores da América do Norte fugiram de perseguição religiosa e política, acreditando-se predestinados a construir um novo éden, que irradiaria a palavra divina para o resto do globo). (MASCARELLO, 2006, p.159) 19. O CINEMA NOIR O cinema noir, apesar do nome francês, é um gênero cinematográfico norte-americano de estilo de filmes policiais. Este gênero é fortemente influenciado pela estética do expressionismo alemão, representada pela escuridão e pelo ambiente sombrio, bem como pela questão do sonho e do inconsciente sendo estes herança da psicanálise. Na década de 1940, um determinado tipo de cinema ganha contornos específicos nos Estados Unidos, diferenciando-se dos filmes de gângsteres, gênero que se destacava desde a década de 20. Com base na expressão “novela escura”, que fazia alusão às obras literárias com elementos de mistério, atmosfera sombrias, sonhos, etc., criou-se o termo noir. Os franceses, referindo-se por sua vez a alguns filmes policiais americanos das décadas de 40 e 50, forjaram a expressão film noir. Geralmente se compreende o neonoir a partir de refilmagens que iniciaram após a década de 60, servindo também para a atualização do gênero. (AUGUSTI, 2008, p.74) 25 Fonte:https://www.louisville.com/content/louisville-palace-summer-film-series-presents- film-noir No filme noir, o bem e o mal se confundem, os assassinos são geralmente simpáticos e os policiais corruptos. Os ladrões são bons companheiros e pais de famílias e não raro seu único defeito é não cumprirem a lei. A vítima aparece também como suspeita e muitas vezes é também criminosa. Protagonistas são bêbados, assassinos ou ladrões. O herói também não é honesto e sofre como o bandido. (AUGUSTI, 2008, p.74) O gênero noir é composto por um ambiente de angústia e inversão das estruturas narrativas e dos personagens tradicionais, o que promove uma atmosfera de suspense e incerteza. Há também a estruturação de um tipo de personagem bem característico, a femme fatale, como a mulher sedutora que induz o herói a fazer coisas que te beneficiam. 20. O GÊNERO MUSICAL A utilização da tecnologia do som no cinema permitiu a invenção do gênero musical, e consequentemente uma nova forma de construir a lógica das 26 narrativas por meio da quebra da encenação feita de diálogos para apresentações que envolvem canto e dança. O final da década de 1920 foi marcado pelo surgimento do som no cinema. O fato de os filmes se tornarem sonoros trazia em si uma ideia de naturalismo, de aproximar a representação cinematográfica da realidade. Graças ao advento da tecnologia sonora surgiu um novo gênero cinematográfico tipicamente norte-americano: o Musical. Paradoxalmente à intenção original de sua criação, o som foi utilizado por este novo gênero como um recurso que afastava os filmes da realidade – o que acontecia, por exemplo, quando os personagens começavam a cantar e dançar, interrompendo o desenvolvimento convencional da narrativa. Esse afastamento da realidade, proposto pelo musical, trouxe para o cinema de entretenimento uma maior liberdade e flexibilidade criativa, acarretando inúmeras descobertas e contribuições para a linguagem cinematográfica. (SOUZA, 2005, p.5) O contexto histórico que se desenvolveu este gênero foi o final dos anos 1920, o qual ocorreu a crise de 1929 que abalou economicamente o mundo. Assim o gênero foi considerado apolítico por não fazer crítica aquele dado momento histórico, no entanto pode ser considerado uma forma de alento e esperança já que a sociedade passava por uma crise sem precedentes. O gênero musical, como consequência da revolução provocada pelo cinema sonoro, surgia, assim, em um período nada promissor da história norte- americana. A Grande Depressão abalou os Estados Unidos e o mundo e, como em todo momento de crise, as pessoas precisavam de algo que lhes trouxesse a esperança de dias melhores. A resposta era encontrada no cinema, principalmente o cinema espetáculo, de entretenimento. Assim, apesar de rotulado como “escapista”, o gênero musical pode ser visto como uma forma de apelo social. Numa época em que a realidadejá era sofrida o bastante, havia uma ideologia por trás do musical do período de crise: a ideologia da esperança. (SOUZA, 2005, p.13-14) 27 Fonte: http://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-111493/ Os espetáculos da Broadway representaram uma influência direta ao gênero musical, ainda que possuam uma estrutura diferente, pois são construídos a partir de peças teatrais, serviram como fonte de inspiração para filmes com a mesma proposta, o uso do canto e da dança, durante a encenação. Num período em que se procurava testar histórias e formas narrativas que funcionassem no cinema sonoro, os espetáculos musicais da Broadway também tornaram-se uma rica fonte. Representavam, a princípio, uma forma de adaptação fácil para o cinema sonoro, por possuírem números de canto e dança estruturados dentro de uma narrativa. Esse tipo de adaptação fez com que, nos primeiros anos, alguns filmes fossem considerados “teatro filmado”. Com o passar do tempo, a Broadway continuou a ser uma fonte inspiradora, mas os filmes musicais acabaram conquistando um espaço próprio, ao desenvolver uma linguagem que não mais imitava o show teatral, mas que o transcendia, criando soluções imagéticas possíveis de serem realizadas apenas pelo cinema. (SOUZA, 2005, p.13) 28 21. CONCLUSÃO Observamos a longa trajetória do cinema, constituída a partir de questões, ideias e ideais sociais e políticos e econômicos. Desde sua constituição, é imprescindível constatar que a comunicação de massa operada pelo cinema estava a serviço de interesses políticos dos países hegemônicos. A construção da ideia de nação, dos valores, do comportamento remete aos filmes em momentos determinados. Se o cinema hollywoodiano surge com a ideia de disseminar valores morais ao povo americano como sendo superior aos outros do resto do mundo, o construtivismo russo surge como forma de sustentação e disseminação da ideologia socialista, o expressionismo alemão surge como forma de demonstrar e exprimir o momento histórico de crise econômica pela qual passava a Alemanha, na década de 1920. Desta forma, as linguagens, estilos, técnicas se desenvolvem de formas múltiplas através dos tempos, cada qual com sua finalidade e propósito. No entanto, o cinema, carrega uma linguagem universal, a de transmitir mensagens, a partir de histórias que se desenvolvem através de imagens em movimento. 29 22. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo. Editora Mestre Jou, 1970. AUGUSTI, Alexandre Rossato. Cinema noir: uma avaliação do gênero na perspectiva do hedonismo. Verso e Reverso, 32(79):73-82, janeiro-abril. 2018. BARROS, José D´Assunção. 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