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Jornal de Brasília 06.07.2020

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S E G U N DA- F E I R A
6 de julho de 2020
Ano 48, nº 15.764
w w w . j o r n a l d e b ra s i l i a . c o m . b r
Assinaturas: 0800-612221
R$1
6
Olavistas e
m i l i ta res
deixam MEC
vazio de novo
Atacado pela ala
ideológica, Renato
Feder desiste de
ser ministro 9
R E P RO D U Ç Ã O
Fo ra m - s e
as duas
p o l egad a s
a mais
Martha Rocha, a
primeira Miss
Brasil, morre no
Rio aos 87 anos 3
S e b rae - D F
mostra que
é possível
se reerguer
Valdir Oliveira diz
como pequenas
empresas podem
superar a crise
GABRIEL JABUR/AGÊNCIA BRASÍLIA
B i c h i n h os
ta m b é m
e stão
s of re n d o
ONG do Distrito Federal
diz que, na quarentena,
disparou o número de
pessoas que abandonam
seus animais de
estimação. Problema
atinge o país inteiro. 9
CONFINAMENTO ELEVOU
NÚMERO DE DIVÓRCIOS
NEM O AMOR ESCAPA
Em Brasília, escritórios de advocacia registraram aumento de 30% nas separações de casais
durante a pandemia. Muitos não teriam sabido lidar com o convívio durante o dia inteiro. 2
Jornal de BrasíliaBrasília, segunda-feira, 6 de julho de 20202
C I DA D E S .
Pandemia impacta em divórcios
CRISES FAMILIARES
Escritórios de advocacia
acreditam em uma média de
30% de casos de separação nos
quatro meses iniciais da doença
VÍ
TO
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BR
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SÍ
LI
A
Convívio por 24
horas fez com
que casais
decidissem
seguir rumos
diferentes em
suas vidas no
isolamento social
Preço da assinatura (DF e GO):
A N UA L : R$ 260,00 – SEMESTRAL: R$ 135,00
Vendas avulsas (DF e GO): R$ 1,00
Vendas avulsas (Outros Estados): R$ 3,00
C l a s s i f i cad os :
(61) 3343-8008
Dep. Comercial:
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Atendimento ao leitor : (61) 3343-8012 e 3343-8134
Atendimento ao assinante: (61) 3253-9257 e 3254-3947
A Editora Jornal de Brasília Ltda. não comercializa diretamente os exemplares do jornal ao público, fazendo-o unicamente por meio de bancas de jornais devidamente credenciadas e com a empresa juridicamente constituída que, por sua vez, revendem os exemplares por meio de vendedores
avulsos, com idade acima de 16 anos, conforme norma legal vigente, por ela diretamente contratados. As assinaturas são vendidas diretamente na sede social da empresa ou por intermédio das pessoas físicas ou jurídicas para isso au to r i zad a s .
Sucursal São Paulo:
(11) 5097-6777
Sucursal Rio de Janeiro:
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D I R E TO R- S U P E R I N T E N D E N T E
Renato Matsunaga
EDITOR CHEFE - IMPRESSO
Rudolfo Lago (rudolfo.lago@grupojbr.com)
Editora JORNAL DE BRASÍLIA Ltda.
CNPJ - 13.846.483/0001-91
TELEFONE GERAL: (61) 3343-8000
ENDEREÇO: SIG/Sul - Qd. 01 - Lote 765
Brasília - DF - CEP.: 70.6 1 0 - 41 0
EDITORA EXECUTIVA - IMPRESSO
Vanessa Lippelt (vanessa.lippelt@grupojbr.com)
Ricardo Nobre (ricardo.nobre@grupojbr.com)
Grace Perpetuo (grace.perpetuo@grupojbr.com)
Tatiane Barbosa (tatiane@grupojbr.com)
EDITOR EXECUTIVO - ON LINE
Miguel Alves (miguel.alves@grupojbr.com)
Telefones: (61) 3343-8000 e 3343-8100
E-mail: re d acao @ g r u p o j b r.c o m
EDITOR CHEFE - ON LINE
Lindauro Gomes (lindauro.gomes@grupojbr.com)
Fundado em 10 de dezembro de 1972
S A I BA MAIS
» Para Allan Nunes Guerra, presidente da
Associação de Notários e Registradores
(Anoreg), um dos motivos para a diferença entre
os números dos advogados e dos cartórios se dá
pela demora desde o início da solicitação nos
escritórios até a efetivação do pedido nos
cartórios. De acordo com ele, os aumentos
registrados em escritórios refletirão nos
cartórios depois de aproximadamente 60 dias.
» “Quando um casal decide que vai se divorciar,
primeiro procura os advogados, depois reúne a
documentação e só aí leva para o cartório. Esse
reflexo vai chegar somente nos próximos
m es es”, entende.
» De acordo com a Anoreg/DF, em abril foram 105
pedidos nos ofícios do DF – mais de 50% a
menos que em abril do ano passado, quando 249
divórcios foram registrados.
VÍTOR MENDONÇA
re d acao @ g r u p o j b r.c o m
Apesar dos cartórios do Distrito Federal regis-trarem baixos índices de pedidos de divórcio– segundo último levantamento feito em
abril – escritórios de advocacia especializados em
família relatam aumento nestas solicitações em
pelo menos 30%.
No escritório Célia Arruda Advogados Asso-
ciados, especialista em Direito da Família, o
crescimento de 30% dos pedidos de divórcio
tem por razão o desgaste dentro das casas, em
decorrência do novo coronavírus. O confina-
mento devido à pandemia, segundo Célia, ma-
ximizou divergências que existiam no relacio-
namento anteriormente. “Na rotina em que
os clientes viviam antes, o fato de sair pra tra-
balhar ou a relação com os filhos ia fazendo
com que a tomada de decisão pelo divórcio fos-
se postergada. Com o isolamento, esses espa-
ços de alívio ficaram escassos, e o convívio se
tornou muito forte”, afirmou.
A especialista explica que a maioria dos ca-
sos que tem recebido são de casamentos con-
servados há pelo menos 20 anos. Depois de tan-
to tempo, acordos extrajudiciais ou processos
surgem. Quando há filhos, as principais ques-
tões a serem discutidas são guarda, convivên-
cia e pensão alimentícia. Com relação aos côn-
juges, há opção de continuar ou não com o no-
me adotado em casamento, além da verifica-
ção se há necessidade ou não de fixação de pen-
são. Esta última será baseada no tempo de rela-
cionamento e no grau de dependência finan-
ceira entre as partes.
“Fiz um divórcio durante a pandemia, por
exemplo, em que a senhora tem 72 anos. Com
essa idade, ela e o marido são de uma outra ge-
ração, e ela não trabalhava fora, era completa-
mente dependente do marido, e eles viveram
juntos há mais de 40 anos. Nesse caso em espe-
cial, a pensão é essencial para ela”, explicou a
advogada. Quando o casal que está se divor-
ciando é novo, com menos de 30 anos, não tive-
ram filhos e cada qual tem condições de se sus-
tentar, a pensão não cabe.
Mesmo número
Outro escritório de advocacia que também
teve média de crescimento em 30% nos pedidos
de divórcio foi o Marques e Fernandes, onde a
advogada Isabella Marques trabalha. Segundo
ela, a inovação do divórcio virtual tem sido
uma das chaves nos acordos extrajudiciais que
tem feito. “Como eles [cônjuges] não querem
nem se ver pessoalmente, esse é um meio que a
justiça e os cartórios encontraram de fazer a
separação de uma maneira mais rápida. Se
morarem em cidades distintas, essa opção
também pode ajudar”, afirmou.
Na página que administra em uma rede
social sobre questões jurídicas, a advogada
Isabella Marques afirma que recebeu
muitas mensagens e dúvidas com rela-
ção ao tema. “Na pandemia, recebi
muitas mensagens. Com aproxima-
ção, as pessoas passam mais tem-
po em casa na família. Muitos
não souberam lidar com o
convívio durante quase o
dia inteiro.”
Jornal de Brasília Brasília, segunda-feira, 6 de julho de 2020 3C I DA D E S
Existem duas formas de se en-
carar um momento de crise co-
mo o que estamos vivendo. As
pessoas podem ficar se lamen-
tando, ou buscar alternativas
para, mesmo na dificuldade,
tentar tirar o melhor proveito.
Esse parece ser o melhor cami-
nho, não? E, nesse sentido, como
o Sebrae pode ajudar?
No Sebrae, nós procuramos sem-
pre apoiar no caminho do empre-
endedorismo, que é o nosso cam-
po. A discussão sobre a questão de
saúde, a gente se coloca fora dela. A
gente não tem competência nem
conhecimento para travar discus-
são em torno disso. Então, qual é a
nossa grande contribuição? Agora,
o governo anuncia a abertura de
praticamente tudo em Brasília. En-
tão, novamente, como é que a gen-
te pode ajudar aos micro e peque-
nos empresários para esse novo
movimento, essa nova construção
que eles vão ter que fazer. É assim
que o Sebrae se comporta.
E como o Sebrae pode ajudar
neste momento os micro e pe-
quenos empresários?
A primeira medida importante é
a nossa própria transformação di-
gital. Não faz sentido a gente pre-
gar isso e não fazer. A gente precisa
neste momento fazer um grande
movimento de transformação di-
gital. O Sebrae-DF passou a atender
de forma remota, e com isso, as
"Juntos, nós
vamosvencer
essa crise"
RUDOLFO LAGO
r u d o l fo. l ago @ g r u p o j b r.c o m
A crise da pandemia do novo coronavírus criou uma nova realidade, que exige de todos re-siliência, criatividade e reinvenção. A encruzilhada em que vivemos aponta para duas ati-tudes, que levam a dois caminhos. A primeira atitude é ficar lamentando as perdas de
oportunidades que vieram com os novos tempos. Essa atitude leva ao caminho do fracasso. A se-
gunda atitude é buscar da melhor forma se adaptar aos novos tempos, na verdade acelerando
alternativas que, mesmo sem a pandemia, já estavam postas. Esse é o espírito que pode levar ao
caminho do sucesso. Assim, diante da covid-19, a seção brasiliense do Serviço Brasileiro de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-DF) primeiro se reinventou para poder dar subsídio aos
pequenos empreendedores da cidade para que se reinventassem também. Com a pandemia, o
Sebrae-DF deixou de dar consultoria presencial aos empresários, ela passou a ser somente remo-
ta. E, por incrível que pareça, em vez de diminuir, o percentual de atendimento cresceu 5%. Nesta
entrevista ao Jornal de Brasíla, o superintendente do Sebrae-DF, Valdir Oliveira, explica e deta-
lhe todos os serviços que estão sendo oferecidos aos micro e pequenos empresários do DF para
que saiam melhores e mais fortes da crise.
nossas duas grandes intervenções,
que são de consultoria e de capaci-
tação nós passamos a fazer através
desses instrumentos, dessas ferra-
mentas que vão nortear o novo
mercado. Nós passamos a oferecer
todo o nosso portfólio de capacita-
ção a partir de ensino à distância e
de ferramentas simples, como o
Whatsapp. Nesse momento de
pandemia, nós nos esforçamos
muito com orientações, dicas que
são muito importantes. Nós de-
mos quatro grandes conselhos pa-
ra que nossos empreendedores pu-
dessem passar por esse momento
de pandemia.
Que conselhos foram esses?
Primeiro: renegociação de dívi-
das. É muito importante, principal-
mente do custo fixo. Então, olhe
seu custo fixo, veja aquilo que você
pode renegociar, para ajustar seu
novo fluxo de caixa. Segunda dica
que é muito importante: foco no ti-
me. E isso é importante porque a
empresa não é formada só do em-
presário e dos seus interesses. Ago-
ra, neste momento de crise, é im-
portante que o time esteja todo
unido. E que cada um no time con-
siga compreender que é parte da
solução, e não parte do problema.
O terceiro grande conselho que a
gente deu foi: conectividade. Não
perca a conectividade com o seu
cliente. Isso é fundamental. Se você
não está em rede social: não se
BRENO ESAKI/ CEDOC
preocupe: pegue o telefone e ligue
para o seu cliente. Você precisa sa-
ber como ele está consumindo, co-
mo está se comportando. Porque é
ele quem vai proporcionar a reto-
mada do seu negócio. E, como ele
está mudando os seus hábitos de
consumo, é importante que você
saiba disso para você ajustar o seu
n e g ó c i o.
E o último conselho: crédito. Pa-
ra ter acesso a crédito, você precisa
ter um cadastro atualizado. Corra
para o seu banco, entre em contato
com seu gerente, veja se seu cadas-
tro está atualizado. Porque aí nós
vamos lhe preparar - e a partir de
agora é que vamos fazer isso - para
este novo momento, que é o novo
mercado. Por isso é que o Sebrae es-
tá lançando 30 mil horas de consul-
toria gratuita para os nossos em-
preendedores. Em dois grandes fo-
cos: financeiro, porque ele precisa
reajustar as finanças da sua empre-
sa, a realidade mudou, e, principal-
mente no marketing digital, para
que ele possa se ajustar ao novo
mercado. Aquele que quer operar
com e-commerce, se utilizar dos
serviços de delivery, aquele que
quer fazer um modelo de relacio-
namento nas redes sociais, como
deve compreender o Instagram, o
Facebook, Whatsapp, como canais
de negócio.
E como os micro e pequenos
empresários podem ter acesso a
ENTREVISTA VALDIR OLIVEIRA
todo esse conteúdo?
Através dos nossos canais digi-
tais e de atendimento remoto. Eles
podem procurar através do telefo-
ne 0800-5700800. Ou nosso canal
de atendimento no Whatsapp
3362-1701. Ou www.df.sebrae.br,
através do banner "Fale com o Se-
brae". Tem uma novidade que nós
lançamos que é fantástica e que to-
dos terão aceso e, importante, tudo
gratuito: oficinas por Whatsapp. Já
colocamos em funcionamento 23
oficinas e já atendemos a 1.063 pe-
quenos empresários nos últimos
30 dias em oficinas através do
Whatsapp. A oficina vai de 9h até as
18h, parando duas horas para al-
moço, monitorada por um espe-
cialista do Sebrae. Dos 1.063 partici-
pantes, nós fizemos uma pequisa,
93% aprovaram e recomendam que
outros façam. Então, isso é a trans-
formação digital.
Como o próprio Sebrae se re-
novou no sentido de se tornar
mais digital e conseguir passar
todo esse conteúdo para o seu
público?
O mais importante foi a gente
compreender no primeiro instan-
te, quando o governo decretou o
isolamento social, que era impor-
tante que fizéssemos o isolamento
de forma rigorosa, mas que não
perdêssemos essa conectiivade
com o cliente. Aí, nós estruturamos
nossa equipe para que ela conti-
nuasse esse trabalho de atendi-
mento com o segredo da conectivi-
dade. Então, no primeiro instante,
com a conectividade, a gente en-
tendeu qual era a nova necessida-
de do nosso pequeno empresário.
A gente compreendeu como ele es-
tava buscando as novas orienta-
ções, eles que iam antes fisicamen-
te no Sebrae, como estavam bus-
cando, como a gente podia chegar
neles. Quando nós descobrimos tu-
do isso, nós passamos a desenvol-
ver oficinas, formas de orientação,
enfim, nós conseguimos desenvol-
ver modelos de capacitação e de
consultoria, que são as duas trans-
formações que a gente faz em ne-
gócios e em empreendedores na
forma digital, na forma que eles
precisavam. Nós entendemos a ne-
cessidade deles no primeiro ins-
tante, adaptamos de forma muito
rápida, com ferramentas de que a
gente precisava, e conseguimos de
forma rápida também. E sabe qual
foi a nossa surpresa? Nós fizemos
um comparativo com esse período
no ano passado e neste ano do nos-
so atendimento no Sebrae. No ano
passado, a gente tinha um atendi-
mento presencial e um atendi-
mento remoto. Este ano, nós esta-
mos só com o atendimento remo-
to. E qual não foi nossa surpresa de
descobrir que nós crescemos em
5% o nosso atendimento. Com toda
essa situação que a gente está vi-
vendo, dos negócios fechados, dos
negócios quebrando, dos negócios
em dificuldade, dos negócios sem
perspectiva, crescemos em 5% o
nosso atendimento. Sabe por quê?
Porque empreendedor não desiste
nunca. Essa á característica dele. O
empreendedor não se entrega na
primeira barreira. E, nós do Se-
brae-DF, existimos para ser parcei-
ros desse empreendedor. Enquan-
to ele acreditar nele, nós vamos
acreditar e apostar nele também. E,
assim, nós transformamos o Se-
brae nos dois primeiros meses des-
ta crise, e conseguimos junto dos
nossos empreendedores e fazer to-
da essa transformação, que tem
nos trazido um prazer enorme.
Não só porque consolida o novo Se-
brae neste momento. Mas porque
a gente está vendo que os nossos
empreendedores estão construin-
do essa volta por cima, e nós esta-
mos ajudando eles nisso. Porque
nós temos uma certeza disso tudo:
a gente não entende desse negócio
de vírus, de doença, isso os médi-
cos, os pesquisadores é que enten-
dem. Mas a gente tem uma certeza:
isso tudo vai passar.
Jornal de BrasíliaBrasília, segunda-feira, 6 de julho de 20204 C I DA D E S
E-commerce tem lucro de 56%
ESTUDO
Estilo de venda alavancou faturamento de produtos de beleza, móveis e eletro e l et rô n i c os
A loja Mundo
Pluto, de
M a rc i a
Mendonça,
descobriu o
u n i ve rs o
on-line para a
venda de
produtos para
os pets, em
i s o l a m e nto
com seus
d o n os
PEDRO MARRA
re d acao @ g r u p o j b r.c o m
Vender pela internet tem sidouma boa saída durante a pan-demia do novo coronavírus.
Um estudo feito pelo Movimento
Compre&Confie em parceria com
a Associação Brasileira de Comér-
cio Eletrônico (ABComm) eviden-
cia essa realidade, tendo em vista
que esse estilo de comercializaçãogerou faturamento de 56,8% a mais
nos cinco primeiros meses de 2020
em comparação com igual perío-
do do ano passado.
Apesar da queda no valor do tí-
quete médio – de R$ 420,78 para R$
398,03 –, o aumento do faturamen-
to foi possível porque houve cresci-
mento de 65,7% no número de pe-
didos, de 63,4 bilhões para 105,06
bilhões. As três categorias que re-
gistraram as maiores variações de
crescimento foram Beleza e Perfu-
maria, que apurou alta de 107,4%,
com faturamento de R$ 2,11 bilhões
no período; Móveis, com alta de
94,4% e faturamento de R$ 2,51 bi-
lhões; e Eletroportáteis, com 85,7%
e faturamento de R$ 1,02 bilhão.
Nova realidade
Dona do Mundo Pluto, loja de
móveis para pets, Márcia Mendon-
ça, 34 anos, é uma das microempre-
sárias que aproveitou o isolamen-
to social para fortalecer as vendas
pelo e-commerce. Desde 2017 à
frente do negócio, ela reconhece
que teve facilidade para utilizar es-
sa plataforma de vendas pois é for-
mada em marketing com especia-
lização em gestão empreendedora
de negócios.
"Acredito que as minhas expe-
riências profissionais tem ajudado
bastante e msm assim sempre bus-
co mais conhecimento quando te-
nho alguma dificuldade. Em Brasí-
lia temos um público com mais co-
nhecimento, então muitos se
adaptaram facilmente às vendas
online. E a venda online é uma rea-
lidade já. Quem não usava teve que
aprender e pelo jeito gostaram, en-
tão digo que boa parte vai perma-
necer com esse hábito", opina Már-
cia.
Segundo ela, os produtos que
mais têm saído são arranhadores,
circuitos de parede e banheiros
(um móvel para colocar a caixa de
areia dentro). "Com a convivência
mais próxima e diária com os pets,
os donos têm percebido mais as
necessidades dos bichinhos e estão
investindo no bem estar deles.
Também tem o fator da troca de in-
vestimento. Antes gastava-se com
muitos outros produtos que no
isolamento não são necessários.
Com isso, sobra uma verba para
cuidar do membro pet da família.
"Márcia detalha ainda as estraté-
gias que tem adotado para atrair
clientes. "Temos investido em post
patrocinado. Fizemos parceria
com Cat Influencer, promoção e
criamos uma seção “Qual a boa da
semana?”, onde destacamos um
produto com desconto semanal-
mente, assim podemos dar vazão
aos que ficam mais parados", con-
ta.
Na opinião do Rodrigo Bandeira,
vice-presidente da ABComm, os
empresários que não souberem se
especializar no e- c o mm e r ce t e rã o
dificuldade durante e após a pan-
demia. “A capacitação faz muita di-
ferença sim. Mas tem a questão cul-
tural do negócio, pois temos o mi-
cro e o pequeno empreendedor
que nunca se especializaram. Isso
mostra que são bons consumido-
res, mas não são bons vendedores.
Pedimos comida pelo d el iv er y, po r
exemplo. Então somos praticantes
do consumo, mas não tão engaja-
dos em empreender”.
"O E-COMMERCE É O
FUTURO, QUEM NÃO
ESTIVER LÁ, NÃO
ESTARÁ NO MERCADO.
É UM MERCADO NOVO
QUE ASSUSTA
INICIALMENTE, MAS A
PANDEMIA AJUDOU
MUITOS
EMPREENDEDORES A
ENTENDER A
N E C E S S I DA D E . ”
ADRIANA RIBEIRO, dona da
Afro&Cia Ponto Chic
Na pandemia,
começou o
d e l i ve r y
Outra microempresária que não
quis ficar para trás neste período é
Adriana Ribeiro, 41 anos, dona da
Afro & Cia Ponto Chic, inaugurada
em 2005 no Riacho Fundo I.
Além do salão com 24 funcioná-
rios, voltado para cabelos afros, ela
vende produtos para fios cachea-
dos, que renderam lucro de 30% ao
negócio dela.
"A gente não tinha trabalho de
d e l iv e r y e vendia só na loja física.
Acredito que é uma grande ajuda
no momento de pandemia, mas
uma comodidade a mais para nos-
sos clientes que estão cada dia mais
conectados com a internet e não
desgrudam do celular em tempo
algum", brinca.
"O e-commerce é o futuro, quem
não estiver lá, não estará no merca-
do. Por isso tenho uma equipe que
tem capacitação para essa área. É
um mercado novo que assusta ini-
cialmente, mas a pandemia aju-
dou muitos empreendedores a en-
tender a necessidade”, alerta Adria-
na.
André Dias, diretor executivo do
Compre&Confie, afirma que a mu-
dança de comportamento do con-
sumidor ao passar a comprar mais
na internet deve permanecer mes-
mo com o fim da pandemia. Uma
nova realidade que veio para ficar.
S A I BA MAIS
» Entre as regiões do país, a
Centro-Oeste teve alta de 47,1%
e participação de 6,6% no
faturamento deste ano.
» Em primeiro, está o Nordeste,
com alta de 60,9% sobre o
desempenho de 2019. A região
respondeu por 15,3% da receita
no período de janeiro a maio de
2020.
» Numa projeção futura, o
vice-presidente do Sindicato do
Comércio Varejista do DF
(Sindivarejista-DF), Sebastião
Abritta, considera uma
tendência nas vendas por
e-commerce, ainda mais
durante a pandemia.
» “Com esse isolamento social
mudou um pouco o tipo de
consumo no comércio de
B ra s í l i a”, comenta Abritta.
“Se vendeu muito
equipamento para exercícios
em casa, em função do
fechamento das academias,
por exemplo”.
R E P RO D U Ç Ã O/ I N STA G R A M
SAÚDE.
Jornal de Brasília Brasília, segunda-feira, 6 de julho de 2020 5
Coronavírus atual é versão
mais contagiosa do que original
ESTUDO
Depois de deixar a China e entrar na
Europa, variante do vírus tornou-se
dominante e talvez "mais transmissível"
RONALDO SCHEMIDT / AFP
Os pesquisadores analisaram, primeiramente, dados de 999 pacientes hospitalizados por covid-19 e observaram que aqueles com a variante tinham mais partículas virais
" E S TA M O S
TESTEMUNHANDO UM
TRABALHO CIENTÍFICO
EM TEMPO REAL: ESSA
É UMA DESCOBERTA
INTERESSANTE QUE
AFETA POTENCIALMENTE
MILHÕES DE PESSOAS,
MAS CUJO IMPACTO
FINAL AINDA NÃO É
CONHECIDO.
DESCOBRIMOS ESSE
VÍRUS HÁ SEIS MESES E
APRENDEREMOS MUITO
MAIS NOS PRÓXIMOS
SEIS MESES."
ESPECIALISTAS da Universidade
de Yale, EUA
A variante do novo coronavírusdominante infecta célulascom mais facilidade do que o
que apareceu na China, o que pro-
vavelmente o torna mais contagio-
so entre os seres humanos, embora
isso ainda deva ser confirmado, re-
vela um estudo publicado na últi-
ma quinta-feira (2) na revista Cell.
"Parece que o vírus se replica me-
lhor e pode ser mais transmissível,
mas ainda estamos na etapa de
tentar confirmar isso. Existem ge-
neticistas de vírus muito bons tra-
balhando nisso", disse Anthony
Fauci, diretor do Instituto de Doen-
ças Infecciosas dos Estados Unidos
à revista Jama na quinta-feira.
Depois de deixar a China e entrar
na Europa, uma variante do novo
coronavírus, que constantemente
sofre mutações como qualquer ví-
rus, tornou-se dominante e foi essa
versão europeia que se estabeleceu
nos Estados Unidos. A variante cha-
mada D614G refere-se a uma única
letra no DNA do vírus, em um local
onde controla a entrada nas célu-
las humanas.
Pesquisadores rastreiam muta-
ções genéticas no coronavírus em
todo o mundo. Aqueles que se-
quenciam o genoma do vírus o
compartilham em um banco de
dados internacional (Gisaid), um
tesouro de mais de 30 mil sequên-
cias contabilizadas até o momen-
t o.
O novo estudo, realizado pelas
universidades Sheffield e Duke
Universities e pelo Laboratório Na-
cional Los Álamos, estabeleceu em
abril que o D614G é dominante e
mais tarde determinou que a mu-
tação tornava o vírus "mais trans-
missível".
Os resultados do estudo já ha-
viam sido publicados on-line em
um site de pré-publicação científi-
ca. Essa afirmação atraiu críticas
porque a equipe não demonstrou
que a mutação foi a causa de ter se
tornado dominante. A versão do ví-
rus poderia ter se beneficiado de
outros fatores ou do acaso. Por es-
sas críticas, os cientistas realizaram
trabalhos e experimentos adicio-
nais, a pedido dos editores da pu-
blicação especializada Cell.
Um vírus mais eficiente?
Os pesquisadores analisaram,
primeiramente, dados de 999 pa-
cientes britânicos hospitalizados
por covid-19 e observaram que
aqueles com a variante tinham
mais partículas virais, mas isso não
mudou a gravidade de sua doença.
Por outro lado, experimentos de la-
boratório mostraram que a varian-
te é três a seis vezes mais capaz de
infectar células humanas. "Parece
provável que seja um vírus mais
eficiente",diz Erica Ollmann Saphi-
re, que conduziu um desses experi-
mentos no Instituto de Imunolo-
gia La Jolla.
No entanto, um experimento in
vitro não pode reproduzir a dinâ-
mica real de uma pandemia. Por-
tanto, a conclusão mais estrita é
que, embora o coronavírus atual-
mente em circulação seja provavel-
mente mais "infeccioso", não é ne-
cessariamente mais "transmissí-
vel" entre humanos. Em qualquer
cenário, "essa variante é agora a
pandemia", diz Nathan Grau-
baugh, da Universidade de Yale,
junto com colegas em um artigo
separado. "O D614G não deve alte-
rar nossas medidas de restrição ou
piorar as infecções individuais",
acrescenta.
A conclusão dos especialistas é
que "estamos testemunhando um
trabalho científico em tempo real:
essa é uma descoberta interessante
que afeta potencialmente milhões
de pessoas, mas cujo impacto final
ainda não é conhecido. Descobri-
mos esse vírus há seis meses e
aprenderemos muito mais nos
próximos seis meses", concluem.
Jornal de BrasíliaBrasília, segunda-feira, 6 de julho de 20206
POLÍTICA.
Feder anuncia que não
quer comandar o MEC
PRESSÃO CONSERVADORA
Secretário de Educação é rejeitado por olavistas e militares do governo
R E P RO D U Ç Ã O
Renato Feder usou as redes sociais para se defender dos ataques que sofreu antes de assumir o cargo
S A I BA MAIS
» Após o presidente ter
confirmado a escolha de
Renato Feder a aliados,
setores da base de Jair
Bolsonaro entraram em
campo para tentar revertê-la.
De acordo com pessoas
ligadas a militares do Planalto,
líderes de grandes igrejas
evangélicas ligaram para o
presidente questionando-o
sobre a decisão.
» Um dos principais nomes da
bancada evangélica, o
deputado Sóstenes
Cavalcante (DEM-RJ)
escreveu na sexta em uma
rede social que a escolha do
novo ministro é do presidente,
mas que "minha única
observação é que o escolhido
só não deve ser um
ideologicamente 'neutro', tem
que ser um conservador de
raiz! Que Deus ilumine nosso
presidente nesta escolha!".
Defesa pela privatizaçaõdo ensino
Em recente entrevista ao jornal
O Estado de S.Paulo, Renato Feder
havia dito que não acredita mais
na visão de que é preciso extiguir o
Ministério da Educação e a privati-
zar a rede de ensino no Brasil. On-
tem, pelas redes sociais, reforçou o
posicionamento mais uma vez. "Es-
crevi um livro quando tinha 26
anos de idade. Hoje, mais maduro
e experiente, mudei de opinião so-
bre as ideias contidas nele."
Na mesma sequência de mensa-
gens, o secretário de Educação do
Paraná comemorou um dado inco-
mum: a transferência de alunos de
10 mil famílias das escolas particu-
lares para o ensino público no esta-
do. A migração foi um efeito da
pandemia de covid-19 e da crise
econômica que se intensificou nes-
te ano. Para o secretário, porém,
"não existe melhor prova do que is-
so de que estamos em um bom ca-
m i n h o. "
Feder é formado em administra-
ção, tem mestrado em economia e
já dirigiu escolas. Contando com
Decotelli, o secretário de educação
paranaense seria o quarto minis-
tro da Educação no governo Bolso-
naro, que já está procurando outro
nome para o cargo.
I ta m a raty
vira ‘bunker ’
de olavistas
Mais de duas toneladas de
materiais de combate ao coro-
navírus foram doadas pelo em-
baixador chinês Yang Wanming
ao Brasil, na última quinta-feira
(2). A cerimônia online contou
com a presença de parlamenta-
res e assessores do governo. A
ausência do chanceler Ernesto
Araújo, porém, provocou incô-
modo, especialmente por se tra-
tar de um parceiro comercial
importante para o país.
Essa postura do chanceler
tem desagradado a políticos
aliados e a integrantes do pró-
prio governo, que buscam con-
vencer Jair Bolsonaro a desmon-
tar um dos últimos bunkers
ideológicos da sua gestão como
saída para melhorar a péssima
imagem que o mundo tem hoje
do seu governo.
O presidente da Frente Parla-
mentar Brasil-China, deputado
Fausto Pinato (PP-SP), não per-
doou a falta de Araújo no encon-
tro organizado há dois meses. O
chanceler foi representado pelo
diretor da Agência Brasileira de
Cooperação, embaixador Ruy
Pereira. "Apareceram três diplo-
matas. Um representando o Ita-
maraty; outro, o Ministério da
Saúde e um terceiro, a Vice-Presi-
dência. O senhor Ernesto Araújo
não foi", contou Pinato, que par-
ticipou da videoconferência.
"Esse cara vai quebrar o País. A
Europa e Israel já o criticaram. Es-
tamos sendo mal vistos na ques-
tão do meio ambiente e ele aju-
da. Tem que buscar investimen-
tos fora, botar esses embaixado-
res para trabalhar, mas ele só fica
preso na parte ideológica."
Ba st i d o res
Nos bastidores, o vice-presi-
dente, Hamilton Mourão, e a
mistra da Agricultura, Tereza
Cristina, são vistos como chan-
celeres paralelos. Tanto é assim
que a ministra procurou o em-
baixador chinês na quarta-feira
(1), assumindo uma interlocu-
ção para resolver o problema de
frigoríficos que tiveram a venda
suspensa para a China.
A pressão para a substituição
do chanceler não é de hoje, mas
se intensificou com a demissão
de Abraham Weintraub do Mi-
nistério da Educação. A avalia-
ção de parlamentares e da ala
mais moderada do governo,
que vê seu trabalho prejudicado
pelas ações do Itamaraty, é que
seria o momento oportuno para
Bolsonaro se livrar dos repre-
sentantes do olavismo.
PREJUÍZO PARA O PAÍS
O secretário de Educação do Pa-raná, Renato Feder, avisou quenão vai ser ministro da Educa-
ção após convite do presidente Jair
Bolsonaro. O chefe do Planalto foi
pressionado pela ala ideológica do
governo e por militares para não co-
locar Feder no comando do MEC.
"Agradeço ao presidente Jair Bol-
sonaro, por quem tenho grande
apreço, mas declino do convite re-
cebido. Sigo com o projeto no Para-
ná, desejo sorte ao presidente e
uma boa gestão no Ministério da
Educação", escreveu Renato Feder
em suas redes sociais. Ele relatou
que recebeu o convite de Bolsona-
ro para ser ministro na noite da úl-
tima quinta-feira (2).
Alas ligadas ao escritor Olavo de
Carvalho e aos militares no gover-
no pressionam o presidente Jair
Bolsonaro a reverter o convite feito
ao secretário. Com isso, ele ficou de
fora antes mesmo de ser anuncia-
do oficialmente e é o segundo cota-
do da pasta que cai sem nunca ter
sido ministro efetivamente.
A pasta do MEC está sem titular
desde a saída de Abraham Wein-
traub, no último dia 18, após o go-
verno ser pressionado a fazer um
gesto de trégua ao Supremo Tribu-
nal Federal (STF). O ex-ministro cha-
mou integrantes da Corte de "vaga-
bundos" em uma reunião ministe-
rial. Bolsonaro chegou a escolher o
economista Carlos Alberto Decotel-
li para a pasta. O governo, porém,
pediu que ele deixasse o cargo após
questionamentos a seu currículo.
Reaç ão
Antes de anunciar o "não" ao
convite de Bolsonaro, o secretário
Renato Feder usou as redes sociais
para reagir à pressão de alas liga-
das ao escritor Olavo de Carvalho e
aos militares no governo federal.
Pelo Twitter, o paranaense publi-
cou uma série de mensagens on-
tem com seu currículo e se defen-
deu de ataques que recebeu.
Uma das respostas dadas por ele
foi à suposta divulgação de livros
com "ideologia de gênero" — um te-
ma caro a bolsonaristas — no Para-
ná. "Não existe nenhum material
com esse conteúdo aprovado ou dis-
tribuído pela Secretaria", escreveu.
Os militares também foram sur-
preendidos com o convite do presi-
dente e querem um nome ligado a
eles. Dessa forma, a nomeação de
Renato Feder era uma dúvida no
Palácio do Planalto.
O paranaense também escreveu
no Twitter ontem que gostaria de
ser avaliado pelos índices da Educa-
ção no Paraná, e não por manifesta-
ções feitas no passado. Em 2007, Fe-
der escreveu um livro defendendo
a extinção do MEC e a privatização
da rede de ensino no Brasil.
Jornal de Brasília Brasília, segunda-feira, 6 de julho de 2020 7POLÍTICA
PROSPECÇÃO
O desembarque inesperado do presidente da
Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (foto ), ao Recife,
teve um quê de mistério e indica busca de apoio para a
PEC que pode lhe permitir disputar novamente a
eleição para presidente da Casa, um drible que está na
filado plenário. Ele esteve com o governador Paulo
Câmara (PSB), a vice-governadora e presidente
nacional do PCdoB, Luciana Santos, e deputados da
oposição ao presidente Jair Bolsonaro. Maia também
passou na residência do deputado federal Luciano
Bivar (PSL), presidente da sigla e inimigo de Bolsonaro.
PSB e PSL têm bancadas fortes no Congresso Nacional.
PCdoB pode puxar partidos de oposição para a pauta.
CELSO PUPO/ FOTOARENA/AE
E S P L A N A DA Leandro MazziniCom equipe DF, SP, RJ e PE re p o r tage m @ c o l u n aes p l a n ad a .c o m . b r
Blogueiro bolsonarista deixa prisão
ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS
O ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) Alexandre de Moraes
mandou soltar da prisão neste do-
mingo o blogueiro bolsonarista
Oswaldo Eustáquio, investigado
no inquérito que apura o financia-
mento de atos antidemocráticos
no país.
Moraes determinou que Eustá-
quio não use redes sociais, 'aponta-
das como meios da prática dos cri-
mes ora sob apuração', além de
proibir que o investigado fique a
menos de 1 quilômetro da Praça
dos Três Poderes ou das residências
dos ministros do STF.
Pela decisão, Eustáquio também
não pode manter contato com ou-
tros investigados no processo e
mobilizar ou integrar manifesta-
ções de 'cunho ofensivo' a Poderes
ou que incitem 'animosidade das
Forças Armadas'. Ele também fica
proibido de sair do Distrito Federal
sem autorização da Justiça.
O blogueiro foi preso em 26 e ju-
nho, em Campo Grande, no Mato
Grosso do Sul. Na última terça-feira
(30), Moraes prorrogou por cinco
dias a prisão temporária.
Em depoimento à Polícia Federal
prestado na quinta-feira, Eustá-
quio, disse que 'fez parte do gover-
no executivo federal de transição
do atual presidente da República
até 31 de janeiro de 2019'. O bloguei-
ro não detalhou quem o teria con-
vidado para trabalhar na gestão do
governo Jair Bolsonaro, nem quan-
do iniciou seu trabalho com a equi-
pe de transição.
"Verifico estar demonstrado o
risco à investigação e a necessidade
de restrição à atuação de OSWAL-
DO EUSTÁQUIO FILHO com relação
aos fatos aqui investigados", afir-
mou Mores na decisão.
A Polícia Federal vê indícios de
envolvimento do blogueiro com
ações de 'potencial lesivo conside-
rável'. Ele é apontado como parte
do 'núcleo produtor de conteúdo'
na investigação. Para a polícia, suas
publicações instigam uma parcela
da população a 'impulsionar o ex-
tremismo do discurso de polariza-
ção e antagonismo, por meios ile-
gais, a Poderes da República', se-
gundo manifestação citada na de-
c i s ã o.
Paulo Goyaz, um dos advogados
de defesa de Eustáquio, disse que a
decisão de Moraes é perigosa e cria
'jurisprudência de censura à im-
prensa'. O blogueiro foi detido no
mesmo inquérito que levou à pri-
são a extremista de direita Sara Gi-
romini, solta após dez dias de pri-
são provisória.
S A I BA MAIS
» Oswaldo Eustáquio negou à
Polícia Federal que tivesse
participado de manifestações
antidemocráticas e incentivado
atos contra instituições como o
STF e Congresso Nacional. Ele
atribuiu a infiltrados ofensas
dirigidas ao ministro Alexandre
de Moraes, relator do inquérito
dos atos antidemocráticos.
R E P RO D U Ç Ã O
Eustáquio não poderá usar redes
sociais e nem chegar perto do STF
Voz do
p ovo
Uma sondagem
nacional exclusiva
da Coluna
E s p l a n ad a / Pa ra n á
Pesquisas, há dois
meses, indicou que
77% dos brasileiros
são contra Maia
tentar brecha para
3º mandato.
Aval oficial
Com o aval do TCU, agora oficialmente José
Dirceu voltou a receber como deputado federal
aposentado, mesmo cassado e condenado pela
Justiça. São R$ 30 mil/mês.
At ra sad o n a
O comando da Caixa teve ordens para, agora, salvar
empresários que pediram crédito – e esperam há três
meses a liberação. Mas muita gente já quebrou.
Sem noção
Circula por whatsapp há uma
semana folder sobre a “M a n i festaç ão
N ac i o n a l ” em frente ao QG do
Exército dia 19 de julho, às 9h, pela
“intervenção militar com Bolsonaro
no Poder”, uma “nova Constituição”, e
“criminalização do Comunismo”.
Avisa que movimentos de Brasília,
Goiás, Ceará, Rio, São Paulo e Paraná
já aderiram.
Peso do malhete
A TV Globo, que não dorme no
ponto e sabe bater pênalti, prepara
o bote no Flamengo. É tido como
certo no Congresso que vai
‘caducar ’ a Medida Provisória que
liberou o time para negociar
transmissões dos jogos.
V i l ão
Antes herói da companheirada, o
senador Humberto Costa (PT-PE) vai
virar vilão. A direção nacional do PT já
‘s u ge r i u ’ entrega de todos os cargos
que a legenda ocupa no governo de
Paulo Câmara (PSB). São mais de 400
no governo de Pernambuco.
Cova cavada
Aplauso para a desistência da
ministra do TCU Ana Arraes em ser a
relatora da compra dos respiradores
com suspeita de superfaturamento
pela Prefeitura do Recife, reduto do
PSB de sua família. Mas oposicionistas
do alcaide Geraldo Julio (PSB)
apostam como certa a condenação
pelo tribunal administrativo.
Planos A e B
João Pessoa poderá ter dois candidatos que já passaram pelas mãos
Justiça paraibana. Um deles é o ex-governador Ricardo Coutinho. Se não
conseguir a legenda, pode indicar a esposa, Amanda Rodrigues. Eles são
réus na Justiça e com bens bloqueados.
Mais um
Cícero Lucena é o nome do
Progressistas para governador em
2022. O ex-governador também foi
citado nos crimes de organização
criminosa, formação de quadrilha,
fraude de licitação e
superfaturamento de obras. E
abolvido em todas as acusações.
Vai explodir
Os bancos privados, prevendo
uma bolha no mercado de crédito,
não facilitam. Barraram
empréstimos a muitas empresas
grandes e médias. Os que ousam
assinar contrato, pagam até 65%
(!!) em apenas 3 anos sobre o
capital injetado na conta.
Res i stê n c i a
Pais de alunos em Brasília estão resistindo à volta às aulas. Folder online
circula com a frase “Nenhum aluno na Escola, todos com vida em casa”.
Tem mercado
A Cyrela comprou o prédio que era de Eike Batista no Flamengo, no Rio.
Retrofitou e vendeu a R$ 18 mil o metro quadrado. Um apartamento de 150
m² saiu a R$ 3 milhões.
ES P L A N A D E I R A
• Louvre Hotels Group – Brazil inaugura Tulip Inn Rio de Janeiro
Ipanema, com foco no hóspede executivo e lazer.
• O site Vakinha registra mais de R$ 15 milhões de arrecadação em
campanhas criadas na pandemia.
• Plataforma VidaClass oferece consultas, descontos em farmácias e
seguro hospitalar.
• Grupo SOS DENTAL, através da Odontocase, passou a exportar para
Estados Unidos.
• Ambev e Z-Tech fecham parceria com o app Get In para auxiliar
reabertura de bares e restaurantes.
• Correios e Serasa fecharam parceria que facilita baixa de restrições
f i n a n c e i ra s .
Jornal de BrasíliaBrasília, segunda-feira, 6 de julho de 20208
POLÍTICA.
Jovens empresários
A RT I G O S
Ter acesso ao ensino superior éainda o sonho de inúmerosjovens brasileiros e, estatisti-
camente, o de empreender tam-
bém. Esse movimento a favor da
educação, sobretudo, empreen-
dedora, colabora para um país ca-
da vez mais competitivo, sob pa-
tamares do desenvolvimento
econômico e social.
Quando colocamos os jovens
no papel de protagonistas, conse-
guimos ver ainda mais o valor
deste movimento. Se pararmos
para analisar as empresas unicór-
nio ou até mesmo as que já estão
consolidadas no mercado e são
atrativas do ponto de vista do
consumidor, provavelmente, ve-
remos um jovem à frente dela.
Existem estudos que apontam
que pessoas estão atingindo a
marca do primeiro milhão antes
de completar 30 anos, isso já faz
parte da mudança no mundo dos
negócios.
Segundo uma pesquisa realiza-
da pela Fundação Telefônica Vivo,
em parceria com o Ibope, 60% dos
jovens têm como propósito de vi-
da empreender. Acredito que pre-
cisamos voltar os olhos para esta
realidade. Quando falamos deste
perfil dentro do empreendedo-
rismo, afetamos diversos pata-
mares que vão além do lucro, pois
alcançamos, aos poucos, uma
equidade de oportunidades, a
possibilidade de uma mudança
social e o desenvolvimento de so-
luções inovadoras para proble-
mas, tanto aqueles mais supér-
fluos como os estruturais.
Portanto,penso que precisa-
mos criar um ambiente que,
além de valorizar, também fo-
mente essa atitude entre os jo-
vens. Eu, como jovem, acredito
que realmente o Brasil tem a ca-
pacidade de aproveitar muito
mais do potencial da juventude, e
se tornar um berço para novos
negócios.
O mercado está cada vez mais
aquecido e a disputa por mentes
brilhantes não para. O empreen-
dedorismo é o estopim para nos-
sa história, afinal, foi a audácia de
grandes empreendedores que
deu à luz a grandes avanços no
nosso país.
ANA BEATRIZ CESA, presidente da
Brasil Júnior, instância que
representa as empresas juniores
b ra s i l e i ra s
CHARGE C O M E N TA R I O S
DO
M á s ca ra s
Para que? Bolsonaro acha que
não precisa usar.
HECTOR ALFREDO, PELO FACEBOOK,
SOBRE A MATÉRIA “DF recebe mais
de 556 mil máscaras cirúrgicas do
Min. da Saúde”
Vac i n a
Bolsonaro deve ser o primeiro a
t e s t a r.
JUSTINA DOIT, PELO FACEBOOK, SOBRE
A MATÉRIA “Anvisa libera testes de
vacina chinesa contra o novo
coronavírus; UnB participará da
p es q u i sa”
F l a m e n go
Facada nas costas da torcida!
ALAN ALAN SIQUEIRA, PELO
FACEBOOK, SOBRE A MATÉRIA “Sede
do Flamengo é pichada após
anúncio de cobrança por
transmissão de jogo”
I l u são
A ratazana está levando a econo-
mia ladeira abaixo, segue engana-
do só os iludidos.
FATIMA SOUSA, PELO FACEBOOK,
SOBRE A MATÉRIA “Guedes: abril foi
fundo do poço, maio teve ligeira
recuperação e junho acelerou”
C o n c u rs os
Como tem gente safada nesse
país. A maioria de estourando de
estudar, as vezes prejudicando a
própria saúde, e os vagabundos de
sempre comprando e achando ata-
lhos nas mãos de outros vagabun-
dos bem posicionados.
LIMA LIMA, PELO FACEBOOK, SOBRE A
MATÉRIA “Máfia dos concursos:
PCDF cumpre quatro mandados de
p r i são”
N o rd este
E se fosse o Nordeste?
NILTON ABINO, PELO FACEBOOK,
SOBRE A MATÉRIA “Liberação de
Recursos para SC ainda depende de
levantamentos dos estragos”
Nova advocacia
A nova advocacia é mais céle-re, mais ágil, mais inteligen-te, ligada e colaborativa. Na
pandemia não há lugar para rou-
pas caras nem caras e bocas, nem
fotão no fórum nem ninguém
melhor do que ninguém. A advo-
cacia mudou, a Justiça mudou, as
pessoas mudaram e todo mundo
só pensa em sobreviver a esse mo-
mento caótico que igualou cada
ser vivente sobre a Terra.
Instinto? Pode ser, mas vou
mais longe: empatia.
Desta vez estamos mais ocupa-
dos com o que podemos fazer uns
pelos outros do que uns contra os
outros.
Ensinamos o que sabemos, ain-
da que sem perceber. E gostamos
de sermos referência, inspiração,
m o d e l o.
Mais ainda: nos acostumamos
a ajudar, a dar a mão para quem
está longe, do outro lado da tela,
precisando comer, viver, respirar:
tememos estar no lugar de quem
sofre e por isso entendemos que
sem empatia morreremos todos.
Quanto tempo durará a pande-
mia? Quando as vacinas começa-
rão a ser comercializadas? Como
meu corpo reagirá à covid?
Cada vez mais rostos conheci-
dos passam para o lado de lá e isso
nos preocupa e nos torna mais
humildes, cientes de que pode
acontecer o pior com qualquer
um e rezamos para que não che-
gue em nossa casa.
As pessoas estão mais genero-
sas, essa é a realidade. A morte nos
ensina lições que a vida jamais
imaginou conhecer.
Ser imortal não é mais uma ver-
dade – sim, nos achamos imortais
quando deixamos de ver o outro,
de nos preocupar com quem não
conhecemos “por não ser proble-
ma nosso”.
Esquecemos que tudo que vai,
volta, o que damos, recebemos, o
que semeamos, brota e dá frutos
que colhemos à exaustão.
A nova humanidade me mara-
vilha mas não me surpreende: é
feita de gente como eu, como vo-
cê, como cada um que respira e
crê num amanhã melhor.
Quando tudo isso terminar,
que a empatia tenha sido incor-
porada por cada um de nós como
uma verdadeira fonte da vida.
PATRICIA GARROTE, es c r i to ra ,
advogada e autora
C A RTA S DOLEITOR
Há esperança?
Um retrato dos retratos cruéis
da realidade brasileira pode ser
delineado pela principal reivindi-
cação dos responsáveis pelas
crianças de comunidades da peri-
feria, sem aulas há mais de três
meses, e que consiste no escanca-
ramento da necessidade premen-
te do restabelecimento da distri-
buição de merenda escolar, na
medida que tal recurso constitui
a única refeição substancial diá-
ria de muitos dos alunos.
A prioridade seguinte, confor-
me transparecido pela imprensa,
consiste na expectativa da ação
de iniciativas humanitárias que
visam à concessão de cestas bási-
cas de sustento diário das respec-
tivas famílias.
Acidentalmente, no decorrer
das eventuais entrevistas, é lem-
brada a dificuldade de acesso das
crianças a plataformas digitais
que permitam cobrir as lacunas
de conteúdos pedagógicos cujas
perdas certamente se tornam, a
esta altura, irreversíveis, repre-
sentando um lamentável déficit
c o g n i t i v o.
Infelizmente, é o que temos ho-
je.
Há esperança de modificação
do cenário, mesmo a longo pra-
zo?
PAULO ROBERTO GOTAC, Rio de
Ja n e i ro
Frentes políticas
A história política do século
passado nos trouxe uma série de
exemplos de frentes pela esquer-
da (trabalho) para enfrentar a di-
reita (o capital).
São inúmeras as variáveis, cau-
sam muitas polêmicas e dificul-
dades de se visualizar.
No Brasil de 2020 se vive esse
imbróglio. A direita apoiou a ul-
tradireita (uma frente antipetis-
ta) que está conduzindo o país pa-
ra o caos, tragédia anunciada pa-
ra todos. Tanto para a direita
quanto para a esquerda não há
meio termo: tirar ou não Bolsona-
ro? Nesse interim, uma agravante
no processo decisório: Covid-19
mata milhões. Quem cede? O PT
tem limites. Republicanos: demo-
cracia, Estado de Direito, sobera-
nia do voto. Economia e futuro
dependem dessa decisão. A bola
está com a direita, avança ou re-
cua na tragédia Bolsonaro?
ANTONIO NEGRÃO DE SÁ, Rio de
Ja n e i ro
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As charges, artigos e comentários publicados nesta página são
a opinião de seus autores. E não refletem necessariamente a
opinião deste jornal
ca r ta s @ g r u p o j b r.c o mCARTAS PARA A REDAÇÃO:
Jornal de BrasíliaBrasília, segunda-feira, 6 de julho de 20209
BRASIL.
Bichos também sofrem
MUNDO ANIMAL
Abandono e maus-tratos de cães, gatos e até cavalos aumentam na pandemia
D I V U LG A Ç Ã O
Mel, doente de
câncer, foi
encontrada em
Planaltina com
seus quatro
filhotinhos. Ela
é um triste
retrato do que
está ocorrendo
em meio à
pa n d e m i a .
Uma mulher perde o empregoe decide deixar 27 gatos paratrás em um apartamento. Em
outra família, os filhos querem que
os pais se desfaçam de um cachor-
ro por medo que o bicho contami-
ne os humanos da casa com a co-
vid-19. Já seis cavalos são abandona-
dos à própria sorte em um mesmo
domingo. E 11 filhotes de um coe-
lho de estimação iam para a panela
por falta de recursos financeiros
para sustentá-los.
Os relatos são verdadeiros, de di-
ferentes ONGs espalhadas pelo Bra-
sil, e mostram um retrato que se in-
tensificou durante a pandemia do
novo coronavírus: o abandono ani-
mal e os maus-tratos. Justificativas
como desemprego, diminuição da
renda, mudança de casa por conta
da pandemia, término do casa-
mento causado pelo distancia-
mento social e até medo de con-
trair o novo coronavírus dos bi-
chos são justificativas das pessoas.
Não existem dados oficiais sobre
o abandono no Brasil, mas ONGs e
instituições ouvidas pela reporta-
gem têm registros parecidos du-
rante a pandemia e apontam para
um aumento de até seis vezes no
número de abandonos. Que não se
resumem a cachorros e gatos, mas
também a outros bichos, como ca-
valos e coelhos.
No Distrito Federal, a Associação
Protetora dos Animais (ProAnima),
registrou nos últimos três meses
um crescimento de 60% na
quantidade de pessoas
que querem se desfazer
dos seus próprios bi-
chos de estimação. A
organização acredita
que o distanciamento
social, que motivou as
pessoas a se isolarem
emcasa, contribuiu para
esse cenário.
"Achamos que é porque todos os
familiares estão em casa, em am-
biente antes tranquilo e que pas-
sou a ser difícil de suportar, e cul-
pam os bichos, e o que percebemos
é que o animal muda de comporta-
mento quando o ritmo da casa mu-
da", apontou Mara Moscoso, 50
anos, diretora da ProAnima.
Mara aponta que tem recebido
aumento nos relatos de maus tra-
tos durante o distanciamento so-
cial, principalmente em famílias
com histórico de violência domés-
tica. Também surgiram denúncias
de pessoas que querem se livrar
dos bichos por medo de que pas-
sem covid-19 aos parentes.
"As pessoas querem que idosos
se desfaçam de animais, pois como
a covid começou na China por um
animal, acham que gatos e cachor-
ros transmitem. Também tinha
gente passando álcool em gel nos
cachorros. Pedimos até para o nos-
so veterinário e um infectologista
fazerem um vídeo explicando que
não existe trabalho científico
no mundo que comprove
que cão e gato passa-
ram covid para huma-
nos", disse Mara.
Além disso, mudou
também a justificati-
va e forma como os do-
nos procuram a insti-
tuição. Em um cenário
normal, quase 100% deles são
demovidos da ideia pela ONG. Du-
rante a pandemia, porém, os pro-
prietários de animais procuram a
ProAnima decididos a se desfaze-
rem dos bichinhos. "É uma imposi-
ção, que se não pegarmos os bi-
chos, vão jogar na rua."
A Associação Brasileira Protetora
dos Animais da Bahia apontou que
quase todos os dias ninhadas são
largadas no abrigo. "Os animais são
abandonados debilitados, com
pulgas e carrapatos, verminoses e
anêmicos, com problemas de pele
e desnutrição. Se forem idosos, são
entregues com doenças crônicas",
disse Alexandre Costa, coordena-
dor da ONG.
Adote um filhotinho da Mel
A mais recente ação da ProAni-
ma é o carinho e o cuidado que a
instituição vem dedicando à cade-
la Mel. Ela foi encontrada em Pla-
naltina do DF há duas semanas
abandonada na rua, recém-pari-
da, apática e muito fraca, num dia
de muito frio. Foi acolhida por uma
moradora da cidade que a encon-
trou e posteriormente diagnostica-
da com anemia profunda e com tu-
mores mamário e venéreo (TVT).
É uma cadela extremamente do-
ce e educada, provavelmente já te-
ve um lar. Está amamentando qua-
tro filhotes que em breve estarão
disponíveis para adoção.
A ProAnima está fazendo uma
campanha de arrecadação de re-
cursos para pagar as despesas na
clínica veterinária, para as sessões
de quimioterapia da Mel e para va-
cinar e castrar a mãe e os filhotes.
É importante esclarecer que a
ProAnima não tem abrigo, não
acolhe e não resgata animais. A
ONG estimula o acolhimento dos
bichinhos em lares temporários
até que a adoção seja efetuada e,
enquanto isso, ajuda nas despesas
de alimentação, tratamento veteri-
nário, etc. Daí a importância das
doações.
Se você deseja colaborar com a
campanha para ajudar a custear o
tratamento da Mel ou adotar um
filhote dela, os contatos são: proa-
nima@proanima.org.br; Insta-
gram: @proanimadf ou Facebook:
ProAnima
S A I BA MAIS
» Segundo o Instituto Pet Brasil (IPB), a população pet no Brasil é
de cerca de 140 milhões de animais, entre cães, gatos, peixes,
aves e répteis e pequenos mamíferos. A maioria é de cachorros,
com 54,2 milhões de bichos, e gatos, com 23,9 milhões).
» Desses, 3.9 milhões — 2,7 milhões de cães e 1,2 milhões de
gatos — estão em condição de vulnerabilidade, vivendo sob
tutela de famílias abaixo da linha de pobreza ou nas ruas, mas
recebendo cuidados de pessoas.
60%
DE CRESCIMENTO NO
NÚMERO DE PESSOAS
QUE QUEREM SE
DESFAZER DE BICHOS
NO DF
Morre em
Niterói a 1ª
Miss Brasil
Morreu no último sábado, aos
87 anos, a baiana Martha Rocha,
a primeira Miss Brasil. Nascida
em Salvador, ela morava em Ni-
terói, região metropolitana do
Rio de Janeiro, e teve insuficiên-
cia respiratória.
"A vida dela foi muito sofrida
nos últimos anos, ela estava aca-
mada há muito tempo e não
conseguia andar. Morreu sem
muito sofrimento. Ela já estava
cansada. Rodeado de pessoas
que cuidavam dela", disse o filho
Álvaro Piano ao site G1. "Esses úl-
timos meses a gente só se falava
através de contatos telefônicos.
Sinto falta da minha mãe, mas
ela descansou. Fica na memória
uma pessoa que, apesar da fama
toda, ela era super simples, brin-
calhona, moleca", contou.
"Adorava natureza. Viveu 12
anos em Volta Redonda perto do
meu irmão. Saiu de lá porque a
saúde dela começou a se deterio-
rar. Trouxe ela para Niterói há 6
anos”, completou Álvaro. O corpo
da ex-miss foi enterrado ontem.
Maria Martha Hacker Rocha
foi eleita Miss Brasil em junho
de 1954, no primeiro ano de rea-
lização do concurso no país. No
Miss Universo daquele ano, ela
ficou em 2º lugar, atrás da ameri-
cana Miriam Stevenson. Uma
lenda dizia que ela só perdeu o
título por "duas polegadas" do
quadril, fato que ela mesmo des-
mentiu.
Martha teve três filhos e foi ca-
sada com o banqueiro portu-
guês Álvaro Piano, que morreu
em um desastre aéreo, e com Ro-
naldo Xavier de Lima. Nas redes
sociais, em 2019, ela divulgou
que, por questões financeiras,
estava vivendo num lar de ido-
sos em Volta Redonda, no Sul
Fluminense. Segundo seu rela-
to, a ex-modelo perdeu todo o
seu dinheiro para o cunhado.
MARTHA ROCHA
R E P RO D U Ç Ã O
Martha Rocha tinha 87 anos e
estava bastante doente
Jornal de BrasíliaBrasília, segunda-feira, 6 de julho de 202010 BRASIL
PRONTIDÃO E AMOR
O futuro não é dos fracos ou dos fortes. O futuro e a vitória
são dos que estão prontos.
Se você não está pronto para enfrentar a adversidade e
até mesmo o ânimo para prosseguir com a rotina e a vida,
muito menos estará para servir aqueles que já estão
p ro ntos .
Prontidão é uma ferramenta poderosa para esses dias
em que tudo acontece muito rápido e não temos real
perspectiva do amanhã. Não confunda prontidão com
per feição.
Pessoas prontas não perdem oportunidades, não reclamam
destas, mas criam circunstâncias para produzi-las.
Permita-se a estar pronto.
Mensagem do Pastor Adriano Mendes
G I L B E RT O AMARAL Com Lia Dinorahg i l b e r toa m a ra l .c o m . b r
Assembleia
da ONU
Mais uma vez o
Brasil, como sempre
acontece todos os
anos, será o primeiro
a discursar, em
setembro, na
abertura da
Assembleia Geral da
ONU. O presidente
Jair Bolsonaro (foto)
deve estar pensando
na sua oratória, só
não tem certeza se o
evento será de fato
realizado por conta da
pandemia do novo
c o ro n av í r u s .
P i o n e i ro
Oswaldo Aranha (foto) — que foi ministro de
Relações Exteriores de Getúlio Vargas, levando o
Brasil à Segunda Guerra Mundial ao lado dos
Aliados, e depois chefe da delegação brasileira na
ONU — teve papel relevante nas negociações
que levaram à criação da organização.
Novos voos
As operações aéreas no Aeroporto de Brasília estão sendo intensificadas neste mês com a
retomada de novos voos e mais frequências diárias. São 12 novos destinos nacionais partindo
da capital federal. A perspectiva é de um crescimento de 640% em relação ao mês de abril, que
apresentou o pior fluxo de passageiros dos últimos 25 anos. Ainda não há previsão de
retomada de viagens para o exterior.
Campus Party
Nos dias 9, 10 e 11 de julho, acontecerá em mais de 50
países, simultaneamente, uma edição totalmente digital
e gratuita da Campus Party. Serão 24 horas ininterruptas
de palestras e experiências virtuais, além da realização
de um hackathon global, o Reboot the Planet, que tem
como objetivo desenvolver soluções tecnológicas que
ajudem a atingir as metas traçadas dos 17 Objetivos de
Desenvolvimentos Sustentáveis propostos pela ONU.
ITBI e custos cartorários
A Caixa Econômica Federal anunciou a inclusão, a partir de hoje, do valor do Impostos sobre
a Transmissão de Bens Imóveis e os custos cartorários para novos contratos de financiamento
imobiliário assinados em todas as suas agências no país. Até então, o mutuário precisava arcar
com essas despesas sozinho. Além disso, o banco público anunciou que o registro de imóveis
passará a ser eletrônico, o que deve reduzir o tempo de espera de 45 para cinco dias.
Romanceem Veneza
No dia 10 de julho acontecerá o lançamento do livro A
Gôndola Vermelha, romance de estreia da jornalista
Andreia Salles (foto). A obra conta o relacionamento tórrido
entre uma aristocrata e um gondoleiro, numa Veneza do
século XVI. Tudo começa em um Carnaval de máscaras e,
por vezes, possibilita ao leitor sentir o balanço das gôndolas
e a brisa de um passeio no Gran Canale, ao mesmo tempo
que fala da história de Veneza da época, tanto da vida de
pessoas comuns quanto da alta sociedade.
Queda acentuada
Em decorrência da crise causada pelo coronavírus, as
vendas do comércio brasiliense registraram queda de
11,63% no mês de maio, quando comparado com abril. O
setor de serviços também apresentou redução. Caiu
15,81% em relação ao mês anterior. Já o turismo, que
engloba agências, artigos de viagem, hotel e serviços de
turismo, teve recuo de 52,02% em maio. Hotéis,
academias, eventos, bares e restaurantes foram alguns
dos segmentos mais prejudicados, o que agrava a crise
com demissões, falências e prejuízos.
Museus online
A busca por alternativas possíveis de
entretenimento aumentou neste período de
isolamento e muitas atividades tiveram que ser
reinventadas. Programas culturais como shows e
cinemas passaram a ser feitos de forma online,
para incentivar a população a ficar em casa. Uma
opção que tem sido muito procurada é a visita
virtual aos museus. O Oscar Niemeyer (MON)
teve um aumento de 1.200% entre março e abril,
em comparação com o mesmo período em 2019.
Para quem quer conhecer novos lugares e
períodos da história, o Museu Van Gogh e a Casa
de Anne Frank, em Amsterdã, são ótimas opções
por meio do Google Arts & Culture.
Prejuízo pela...
O Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA
está pedindo ao Congresso U$ 1,2 bilhão em
fundos de emergência, para compensar as taxas
que não foram recolhidas em razão de uma
redução do número de processos, por conta da
pandemia. Houve, praticamente, uma
paralisação nos serviços e era evidente que o
apuro financeiro viria.
...paralisação de visto
A USCIS pediu esse valor para manter as
suas operações e sem essa ajuda ficaria sem
fundos para funcionar durante o verão
americano. Desde março, alguns processos
vêm sendo suspensos, inclusive os de urgência
em ações consulares, onde as pessoas pagam
uma taxa extra para que o pedido fosse
atendido em até 15 dias e, certamente, isso
reduziu ainda mais a receita deles.
ECONOMIA.
Jornal de Brasília Brasília, segunda-feira, 6 de julho de 2020 11
Um escárnio contra os pobres
PENTE-FINO DO TCU
Servidores com altas aposentadorias e até mortos podem ter recebido o auxílio de R$ 600
RICARDO MORAES/REUTERS
Quem mais precisa do auxílio se aglomerou para conseguir o benefício
“Maior crise
é a moral”,
diz ministro
Durante o julgamento do dia 1º,
três ministros também protesta-
ram sobre os achados da área téc-
nica do TCU. "A maior crise que a
gente enfrenta é a crise moral e es-
se caso mostra bem isso", disse o
ministro Augusto Sherman.
Na semana retrasada, a Justiça
do Rio Grande do Sul tentou bar-
rar a veiculação pelo programa
Fantástico, da TV Globo, de nomes
de beneficiários que receberam
indevidamente a ajuda do gover-
no. A reportagem apresentava a
comerciante gaúcha Ana Paula
Brocco como exemplo dos que
não tinham direito ao auxílio. Ela
foi à Justiça, mas a decisão, consi-
derada censura prévia, foi derru-
bada em recurso da emissora a
tempo da exibição.
O relatório do TCU será enviado
ao Congresso Nacional e à Casa Ci-
vil da Presidência. O monitora-
mento do auxílio emergencial é
uma das medidas do TCU para veri-
ficar os gastos públicos durante a
pandemia.
S A I BA MAIS
» Atores, cantores e até um
vencedor do Big Brother Brasil
solicitaram o auxílio
emergencial de R$ 600
concedidos pelo governo
durante a pandemia do novo
coronavírus. A maior parte, no
entanto, afirma que nunca fez o
pedido e teve os dados usados
de forma fraudulenta.
» Esse tipo de crime já tinha sido
denunciado pelo jornalista
William Bonner, 56 anos, que
afirmou em maio, que o CPF do
filho, Vinícius Bonemer, 22,
tinha sido usado também para
pedido do auxílio.
» Agora, também parecem ter sido
vítimas da fraude nomes como o
da cantora Manu Gavassi, 27,
dos atores Thammy Miranda, 37,
e Theo Becker, 43, do humorista
Batoré, 60, e do ex-BBB Cezar
Lima, que ganhou R$ 1,5 milhão
no programa em 2015. Dessas,
apenas a solicitação feita em
nome de Thammy foi rejeitada
pelo governo.
Mais de 8 milhões de
pagamentos indevidos
O Tribunal de Contas da União(TCU) decidiu enviar ao Minis-tério Público Federal (MPF)
uma lista com os beneficiários que
supostamente cometeram fraudes
para receber indevidamente o au-
xílio emergencial de R$ 600 do go-
verno federal. Os auditores identi-
ficaram pagamentos para aposen-
tados, servidores e até mortos.
Diante das graves irregularida-
des, o ministro relator do processo,
Bruno Dantas, decidiu enviar os
"casos mais escandalosos" ao MPF
para que os beneficiários sejam
processados criminalmente.
O auxílio emergencial é um be-
nefício financeiro destinado a tra-
balhadores informais, microem-
preendedores individuais (MEI),
autônomos, desempregados e pes-
soas de baixa renda e tem por obje-
tivo fornecer proteção emergen-
cial no período de enfrentamento
à crise causada pela pandemia do
novo coronavírus.
“Re p u g n a ntes”
Entre as irregularidades identifi-
cadas pelo TCU, há, por exemplo,
aposentados da Justiça Federal e do
Banco Central na lista do socorro
do governo. Pessoas com aposenta-
dorias que vão de R$ 25 mil a até R$
50 mil por mês. Caberá ao MPF in-
vestigar cada situação e, eventual-
mente, processá-los criminalmen-
te caso se confirme o dolo.
"Essa decisão se dirige apenas ao
grupo de pessoas repugnantes, in-
sensíveis e desprovidas de senso de
ética, empatia e solidariedade com
os que verdadeiramente depen-
dem desses R$ 600 para comprar
comida para si e para suas famí-
lias", disse Bruno Dantas.
No julgamento do caso, ocorrido
na última quarta-feira (1º), Dantas
afirmou que a área técnica respon-
sável (Secretaria de Previdência) ve-
rificou a existência de pagamentos
a 17 mil pessoas que faleceram, 235
empresários com faturamento ele-
vado, servidores, dentre outros. Os
números foram obtidos após cru-
zamento com mais de 70 bases de
dados disponíveis.
Res sa rc i m e nto
O plenário acompanhou o voto
do relator, que também determi-
nou aos ministérios envolvidos,
particularmente o da Cidadania,
que conduza ações para o ressarci-
mento dos valores pagos indevida-
mente.
Essa proposta não foi diferente
daquela dada em um outro proces-
so envolvendo o Ministério da De-
fesa, que já recuperou R$ 16 mi-
lhões até meados de junho pagos
indevidamente a 25 mil militares
que receberam a ajuda emergen-
cial. Ainda faltam cerca de 28 mil
oficiais a devolverem os recursos
aos cofres públicos.
Situação similar está em anda-
mento com os casos envolvendo
pessoas de alta renda, parentes de
empresários ou de servidores que
tiveram o nome aprovado pelo go-
verno para a ajuda.
A proposta de Dantas é que esca-
pem da devolução somente aque-
les que comprovarem terem sido
alvo de fraudes ou que, ao contrá-
rio, tenham como demonstrar o di-
reito ao recurso. Segundo o relató-
rio da área técnica do TCU, os valo-
res pagos indevidamente podem
chegar a R$ 1,3 bilhão caso não se-
jam interrompidos logo.
17
MIL MORTOS PODEM
ESTAR ENTRE OS
BENEFICIÁRIOS
Segundo o TCU, conforme infor-
mações consolidadas de abril, fo-
ram pagos, somente no primeiro
mês de vigência do socorro do go-
verno, R$ 35,8 bilhões a 50,2 mi-
lhões de beneficiários. Em 2019, so-
mente com o Bolsa Família, foram
gastos R$ 32,5 bilhões. Em maio de
2020, foram pagos R$ 41 bilhões a
58,5 milhões de beneficiários, con-
siderando pagamentos da primei-
ra e segunda parcelas.
Um desses relatórios de monito-
ramento já havia apontado que
cerca de 8,1 milhões de pessoas po-
deriam ter recebido indevidamen-
te o auxílio emergencial, por erro
de inclusão. Outros 2,3 milhões de
pessoas poderiam ter tido o auxílio
emergencialnegado indevida-
mente, neste caso por erro de ex-
c l u s ã o.
Além dos problemas com os pa-
gamentos, o TCU também apontou
"falta de diretriz" do governo nas
despesas com saúde por causa,
principalmente, da inexistência de
coordenação das ações federais
com a dos governadores.
Uma primeira triagem do TCU
no auxílio emergencial de R$ 600
identificou 17 mil mortos entre os
beneficiários. Os recursos gastos
com mortos chega a R$ 11 milhões.
Os estados onde mais mortos re-
ceberam a ajuda foi São Paulo
(2.674), seguido de Minas (1.761),
Ceará (1.512), Bahia (1.358), Pernam-
buco (1.308) e Maranhão (1.299). Os
seis estados concentraram 58% (R$
6,4 milhões) dos pagamentos a
mortos no país.
Além dos casos de óbitos, os au-
ditores também identificaram o
recebimento de R$ 97,7 milhões
por 134,2 mil servidores (federais,
estaduais e municipais), embora
tenham estabilidade de emprego e
não sofreram cortes de jornada e
salário. Aposentados pelo INSS
também ganharam recursos do
governo – 221,3 mil receberam R$
141,6 milhões. (Julio Wiziack, Folha-
press)
Jornal de BrasíliaBrasília, segunda-feira, 6 de julho de 202012
ECONOMIA.
Angústia e desesperança em
uma Buenos Aires confinada
PA N D E M I A
Estudo constata que ânimo caiu acentuadamente na cidade após cem dias de dista n c i a m e nto
JUAN MABROMATA / AFP
Ansiedade, angústia e depres-são são alguns do impactosdo confinamento em Buenos
Aires, um dos mais longos do mun-
do. A quarentena ultrapassa cem
dias e entrou em uma fase mais ri-
gorosa esta semana, devido ao au-
mento exponencial dos casos de
c o r o n av í r u s .
A pandemia não poderia ter
acontecido em um momento pior
para a Argentina. Após dois anos de
recessão, a economia do país regis-
trou uma queda de 26,4% em abril.
"Hoje surtei e comecei a limpar
tudo freneticamente!! Me virei de
uma vez e dei de cara na porta. Es-
tou entrando em um poço cada vez
mais escuro e profundo, cheio de
crianças pisando em mim", escre-
veu Maria em uma conversa com
as amigas. A professora, 42 anos, vi-
ve entre aulas virtuais e seus três fi-
lhos pequenos.
No mesmo grupo do WhatsApp,
Lídia, que mora sozinha, anuncia:
"Vou beber um vinho agora". "Que-
ro pegar covid, assim não toco
mais no meu computador", diz
Graciela, professora de pré-escola,
que passa horas no Zoom com seus
alunos pequenos, pais ansiosos e
diretores exigentes.
A vida passa em compasso de es-
A médica e presidente da Asso-
ciação Psicanalítica Argentina
(APA) diz que as consultas são di-
versas, mas coincidem em angús-
tia, depressão, distúrbios do sono,
insônia", diz Claudia Borensztejn, .
Os mais resilientes mantêm au-
las virtuais de ioga, meditação,
dança e ginástica, como suporte
para atravessar o confinamento.
Ainda assim, 53,5% disseram apoiar
a extensão do confinamento até 17
de julho, convencidos de que a me-
dida "salva vidas", como reitera o
presidente Alberto Fernández.
Em um país que cultiva amiza-
des e laços familiares, "é grande a
saudade do abraço, apesar da tec-
nologia disponível, faz falta o con-
tato físico e sentar perto um do ou-
tro", diz Esteban Korovsky, enge-
nheiro industrial de 30 anos.
pera com a quarentena obrigató-
ria iniciada na Argentina em 20 de
março e endurecida a partir de 1º
de julho em Buenos Aires e arredo-
res. A região concentra mais de 90%
dos mais de 67 mil casos e 1.363
mortes e é lar de quase um terço
dos 44 milhões de argentinos.
"É muito difícil separar o efeito
do confinamento da crise econô-
mica e das incertezas sobre o traba-
lho no futuro", diz a psicóloga Ali-
cia Stolkiner, professora de Saúde
Pública e Saúde Mental da Faculda-
de de Psicologia da UBA e da Uni-
versidade de Lanús.
Em muitos casos, os auxílios es-
Em um país
que cultiva
amizades e
laço s
familiares, "é
grande a
saudade do
abraço, apesar
da tecnologia
d i s p o n í ve l “
Alguns adolescentes se tornaram
mais noturnos para ocupar os espa-
ços sem a presença de adultos. "Que-
ro ver meus netos, quero abraçá-los,
ter a vida familiar de antes. Isso me
deixa muito triste", admite Virginia
Barrientos, de 76 anos. "Quando a vó
vai sair do telefone celular?" per-
gunta um menino à sua mãe.
"A angústia nem sempre é uma
doença. Como uma pessoa não vai
S A I BA MAIS
» O governo espanhol
anunciou ontem que vai
retomar o confinamento
para os moradores da
região de Galícia, no
noroeste da Espanha, por
causa do aumento de
novos casos do novo
c o ro n av í r u s .
» Ao menos, 70 mil pessoas
ficaram em quarentena na
cidade de La Marina até
sexta-feira. De acordo com
as autoridades locais, a
exceção é só para os
trabalhadores de cidades
vizinhas, mas terão que
comprovar o motivo da
sa í d a .
» O aumento de novos casos,
segundo autoridades de
saúde, aconteceu por
causa dos bares reabertos
na região, que levou ao
acumulo de pessoas nos
l o ca i s .
» A Galícia foi a primeira
região da Espanha a sair do
confinamento no início de
junho. No sábado, a região
da Catalunha a também
anunciou o confinamento
de 200 mil pessoas.
» No total, a Espanha
registrou, até o momento,
205 mil casos confirmados
do novo coronavírus, com
28 mil mortes.
Maioria apoia extensão do confinamento
tatais de quase 3% do PIB são insufi-
cientes.
Tristeza e ansiedade
Após cem dias de confinamento
parcial, o ânimo caiu acentuada-
mente, de acordo com um estudo
do Observatório Social da Universi-
dade Nacional de La Matanza
(UNML) realizado entre 27 e 29 de
junho em Buenos Aires e periferia.
Em um país famoso por ter qua-
se 200 psicólogos para cada 100 mil
habitantes, a pesquisa revelou que
43,8% dos entrevistados disseram
que precisavam de atendimento
psicológico devido à tristeza, de-
sesperança, ansiedade, angústia e
instabilidade emocional.
Eles também apresentam intole-
rância ao confinamento, senti-
mento de solidão e pensamentos
de morte. Psicólogos realizam ses-
sões virtuais e associações de tera-
peutas oferecem "cuidado e escuta"
gratuitos. As ligações para a linha
direta de prevenção do suicídio do-
braram.
No final de março, 80,7% disse-
ram que estavam de bom ou muito
bom humor e apenas 5,2% estavam
de mau ou muito mau. Agora, as ta-
xas estão em 39,5% e 34,4%, respecti-
vamente.
se angustiar em um momento de
luto, de perda? Como pode não per-
ceber a incerteza, se não houver cer-
teza sobre o planejamento do futu-
ro, sabe-se que nada jamais será co-
mo antes?", alerta Alicia Stolkiner.
Segundo a analista, "há uma par-
te importante do mal-estar que vai
além da quarentena, causada pela
situação de catástrofe global. Isso
altera a vida de todos".
Jornal de Brasília Brasília, segunda-feira, 6 de julho de 2020 13
S A I BA MAIS
» Após inúmeros problemas
relatados por torcedores com a
plataforma MyCujoo, o
Flamengo liberou a transmissão
da semifinal da Taça Rio pelo
canal oficial no YouTube.
» Rubro-negros vinham indicando
diversos obstáculos com o
aplicativo, desde login até
adquirir ingressos.
» Diante do cenário, a diretoria
resolveu, então, exibir o jogo ao
vivo na FlaTV.
Surpresas e protestos
na volta da Fórmula 1
GP DA ÁUSTRIA
A Fórmula 1 abriu a temporada
de 2020 com uma vitória tranquila
de Valtteri Bottas, da Mercedes,
mas com muita emoção para o res-
tante dos pilotos.
O finlandês conquistou sua oita-
va vitória na carreira e ficou à frente
de seu companheiro de equipe,
Lewis Hamilton, durante toda a cor-
rida. Hamilton chegou a se aproxi-
mar do líder algumas vezes, mas
não ameaçou a vitória de Bottas.
“Lewis foi muito rápido hoje,
mas eu consegui gerenciar tudo.
Não há melhor maneira de come-
çar a temporada”, disse Bottas.
Apesar de terminar em segundo
na pista, Hamilton ficou apenas na
quarta posição, fora do pódio. O
britânico recebeu uma polêmica
punição de cinco segundos por evi-
tar a ultrapassagem de Alexander
Albon, da Red Bull Racing (RBR). Al-
bon acabou saindo da pista e per-
deu a possibilidade de pontuar.
A segunda colocação ficou com
Charles Leclerc. Largando na séti-
ma posição, o monegasco de 22
anos fez uma boa corrida e acele-
rou no fim, mesmo com uma Fer-
rari com muitosproblemas e lon-
ge de ser a ideal.
Quem completou o pódio foi
Lando Norris, da McLaren. O piloto
largou em quarto e, e após um due-
lo com Sergio Perez, da Racing
Point, recuperou a posição.
Além das ultrapassagens, aban-
donos e de surpresas, o GP da Áus-
tria também foi marcado por um
protesto anti-racismo. Vestindo
uma camisa com a frase end racism
(fim ao racismo, em inglês), os pilo-
tos se reuniram em duas filas e se
ajoelharam. Hamilton, único piloto
negro da Fórmula 1, utilizou a cami-
sa com a frase Black Lives Matter (Vi -
das negras importam, em inglês).
A Fórmula 1 volta no próximo
fim de semana, no mesmo circuito
de Spielberg, na Áustria.
Fla e Flu na disputa pela Taça Rio
CARIOCA
Vitória do Rubro-negro e empate do
Tricolor colocaram os times na final
do campeonato
Sem sustos, o Flamengo confir-mou o seu enorme favoritis-mo dentro de campo e está na
final da Taça Rio, o segundo turno
do Campeonato Carioca. Na tarde
de ontem, no Maracanã vazio, a
equipe superou o Volta Redonda
por 2 x 0, com dois gols de Bruno
Henrique.
O adversário do Flamengo na de-
cisão será o Fluminense, que empa-
tou sem gols com o Botafogo e
avançou por ter melhor campanha
na fase de grupos. O jogo será dis-
putado na quarta-feira no Maraca-
nã. Na final, não haverá vantagem
do empate para ninguém e, caso o
confronto termine empatado, a de-
cisão acontecerá nos pênaltis. O
mando de campo será definido por
sorteio. Caso conquiste a Taça Rio, o
Flamengo será declarado campeão
estadual, porque também venceu
a Taça Guanabara primeiro turno
— e tem a melhor campanha geral.
Mais solto no jogo, o Flamengo
conseguiu passar pela forte marca-
ção do Volta Redonda com passes
rápidos para marcar o primeiro gol
aos 21 minutos. Filipe Luís tocou pa-
ra Gabriel, que de primeira acionou
Bruno Henrique pelo lado esquer-
do da área. Uma bela assistência.
Bruno passou o pé direito na bola e
tocou no lado oposto do goleiro.
Na volta do intervalo, antes dos
dois minutos, Gerson finalizou den-
tro da área, mas parou na excelente
defesa de Douglas. Aos quatro, po-
rém, o goleiro não conseguiu evitar
o gol. Gabriel deu nova assistência
perfeita. Desta vez ele tocou em pro-
fundidade para Bruno Henrique,
que driblou o goleiro e tocou rastei-
ro para fazer o segundo.
O Flamengo seguiu dominando
totalmente a partida e só não am-
pliou por conta de repetidas defe-
sas do goleiro adversário. Ele evi-
tou, pelo menos dois gols em chu-
tes de Gabriel e Michael.
A primeira boa chance do Volta
Redonda no segundo tempo sur-
giu aos 22 minutos, quando Saulo
Mineiro foi lançado atrás do setor
defensivo e chutou de esquerda pa-
ra fora. Apesar de continuar no ata-
que, o Flamengo diminuiu o ritmo.
Nem precisava forçar.
Sem emoção
Fluminense e Botafogo fizeram
um jogo sem muitas emoções na
tarde de ontem. Melhor para o time
tricolor, que garantiu vaga na final
da Taça Rio com o empate sem gols.
Por ter realizado melhor campa-
nha na fase de grupos, o Fluminen-
se tinha a vantagem do empate.
Antes da bola rolar, jogadores de
Fluminense e Botafogo posaram
juntos com uma faixa dizendo:
"Respeitem nossa história". Os dois
clubes eram contrários a retomada
do Campeonato Carioca neste mo-
m e n t o.
ALEXANDRE DURÃO/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO
Na tarde de
ontem, no
M a raca n ã
va z i o,
F l a m e n go
superou o
Volta Redonda
por 2 x 0, com
gols de Bruno
Henrique
MARK THOMPSON /POOL/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
GP da Áustria foi marcado por protesto anti-racismo na manhã de ontem
Mesmo tendo a vantagem do
empate, o Fluminense começou a
partida em cima do Botafogo e as-
sustou logo aos três minutos. Nenê
cobrou falta na marca do pênalti e
Nino desviou com muito perigo
Gatito Fernández só acompanhou.
Depois de muito tempo sem con-
seguir chegar com perigo, o Flumi-
nense voltou a assustar aos 37 mi-
nutos em chute de Yago pela linha
de fundo. Logo depois, Nenê co-
brou falta e viu a bola passar ras-
pando a trave de Gatito Fernández.
Na volta do intervalo, o Botafogo
chegou logo aos sete minutos em
finalização de Pedro Raul por cima
do gol. Em uma das melhores
oportunidades, Fred recebeu de
Wellington Silva e chutou "masca-
do". A bola passou perto da trave.
Precisando da vitória para se
classificar, o Botafogo só não abriu
o placar aos 26 minutos porque a fi-
nalização de Bruno Nazário explo-
diu na trave. Nos minutos finais, o
Botafogo partiu com tudo para ci-
ma e o Fluminense passou a explo-
rar o contra-ataque. Em um desses
lances, Evanilson foi travado por
Marcelo Benevenuto na hora do
chute. Aos 45, o atacante tricolor
cabeceou e Gatito Fernández espal-
mou para escanteio.
Jornal de BrasíliaBrasília, segunda-feira, 6 de julho de 202014
CARLOS ALBERTO JR.
rote i r i c es @ g m a i l .c o m
“T
o the worm that first gnawed at the cold flesh of my cadaver I dedicate as a fond remembran -
ce these posthumous memoirs.” A frase que você acabou de ler é a versão em inglês da
famosa e surreal dedicatória do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado
de Assis: “Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como
saudosa lembrança estas memórias póstumas”. A monumental obra — lançada origi-
nalmente em 1881 — ganhou em junho uma nova edição em inglês pela Penguin, com tradução
da norte-americana Flora Thomson-DeVeaux, que agora vive no Brasil. Nos EUA, The Posthumous
Memoirs of Brás Cubas esgotou nas primeiras 24 horas após o lançamento. Nesta entrevista — ori -
ginalmente do meu podcast, Roteirices —, Flora fala do inesperado sucesso e dos desafios de ver-
ter Machado ao inglês.
“Espero que o
Machado seja
lido em toda a
sua plenitude”
Flora, qual sua relação com o
Brasil e com o português? Qual
chegou primeiro à sua vida?
Olha, nenhum dos dois estava na
minha vida antes de eu entrar na
faculdade. Eu cresci na Virgínia
[EUA], sou de lá; estudei espanhol
no Ensino Médio — e, quando en-
trei na faculdade, só sabia vaga-
mente que queria fazer algo de Hu-
manas. Pensei que talvez a literatu-
ra latino-americana figurasse, mas
não era a prioridade. E acabei cain-
do num open house do departa-
mento — em Princeton — e o povi-
nho, muito simpático, chegou lá
com panfletos, falando que ia ser
superfácil aprender português, já
que eu já falava espanhol — es sa s
mentiras.
Até porque todo mundo que
fala português certamente fala
espanhol, não é? [risos]
Ah, sim: uma vez que você fala es-
panhol, é um pulo — são seis sema-
nas. Então primeiro foi a língua;
antes disso, tinha tido pouquíssi-
mo contato com o Brasil, o que dirá
com a literatura brasileira. Passei o
primeiro semestre sofrendo com a
língua, um pouco indignada com
aquele pessoal simpático...
Mas você já tinha lido algum
autor brasileiro naquela época?
Não. A minha porta de entrada
para a literatura latino-americana
foi [Jorge Luis] Borges.
E qual foi o primeiro livro bra-
sileiro, de autor brasileiro, an-
tes de você começar a dominar o
português?
PAULA SCARPIN
Cara, não me lembro, porque a
gente foi tendo contato com a lite-
ratura através das aulas de língua.
Trechos de obras.
Trechos. A gente chegou a ler Dois
Irmãos [romance de Milton Ha-
toun] e fiquei muito chateada, por-
que era muito vocabulário; eu pre-
ciso voltar a ler Dois Irmãos já como
falante de português, porque é
muita planta, muita coisa, tinha
que ficar abrindo o dicionário toda
hora... Mas o primeiro livro que
realmente me impactou foi a bio-
grafia que o Ruy Castro escreveu da
Carmen Miranda. Traduzi e me
apaixonei. Foi muito difícil — eu lia
cada frase 15 vezes —, mas acabei me
apaixonando, não só pela prática
da tradução, como também por to-
do aquele mundo da música brasi-
leira dos anos 30. Carmen continua
uma grande paixão na minha vida.
O português que você apren-
deu na universidade era o brasi-
leiro?
Era misturado. A primeira pro-
fessora de português que eu tive
era uma norte-americana que ti-
nha sotaque meio baiano, meio
pernambucano, porque estudava
Luiz Gonzaga. Depois, tive aula
com uma inglesa que estudou em
Coimbra, então peguei um pouco
do sotaque

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