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ESPÍRITO SANTO PERÍCIAS DE ACIDENTES DE TRÂNSITO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO – FAVENI SUMÁRIO 1 RISCOS, PERIGOS E ACIDENTES .................................................. 3 1.1 Direção defensiva ........................................................................ 4 1.2 O veículo ..................................................................................... 5 1.2.1. Manutenção Periódica e Preventiva ........................................... 5 1.2.2. Funcionamento do veículo ....................................................... 6 1.2.3. Pneus ....................................................................................... 7 1.2.4. Cinto de segurança .................................................................. 8 1.2.5. Suspensão ............................................................................. 10 1.2.6. Direção ................................................................................... 11 1.2.7. Sistema de Iluminação ........................................................... 11 1.2.8. Freios ..................................................................................... 12 1.3 O condutor ................................................................................. 13 1.4 Via de trânsito ........................................................................... 18 1.4.1. Fixação da Velocidade ........................................................... 19 1.4.2. Curvas .................................................................................... 20 1.4.3. Declives ................................................................................. 21 1.4.4. Ultrapassagem ....................................................................... 21 1.4.5. Estreitamento de pista ........................................................... 22 1.4.6. Acostamento .......................................................................... 22 1.4.7. Condições do piso da pista de rolamento .............................. 23 1.4.8. Trechos escorregadios ........................................................... 24 1.4.9. Sinalização ............................................................................. 25 1.4.10. Calçadas ou Passeios Públicos ........................................... 25 1.4.11. Árvores/vegetação ............................................................... 26 1.4.12. Cruzamentos entre vias ....................................................... 27 1.5. O ambiente ............................................................................. 28 1.5.1. Chuva ..................................................................................... 28 1.5.2. Aquaplanagem ou hidroplanagem ......................................... 29 1.5.3. Neblina ou cerração ............................................................... 30 1.5.4. Vento ...................................................................................... 31 1.5.5. Fumaça proveniente de queimadas ....................................... 32 1.5.6. Condição de luz ..................................................................... 32 2 ASPECTOS CONCEITUAIS SOBRE OS ACIDENTES DE TRÂNSITO 34 2.1 O que é um acidente de trânsito? ............................................. 34 2.2 Dinâmica de um acidente .......................................................... 35 2.3 Fatores contribuintes nos acidentes .......................................... 36 2.4 Investigação dos acidentes ....................................................... 38 2.5 Para combater os acidentes ...................................................... 40 3 A PERÍCIA NO ACIDENTE DE TRÂNSITO ..................................... 42 3.1 Benefícios da perícia ................................................................. 42 3.2 Da preservação de local de acidente de tráfego ....................... 43 3.3 A Perícia de Acidentes de Trânsito ........................................... 45 4 BIBLIOGRAFIA ................................................................................ 49 1 RISCOS, PERIGOS E ACIDENTES Fonte: paraibahoje.files.wordpress.com Em tudo o que fazemos há uma dose de risco: seja no trabalho, quando consertamos alguma coisa em casa, brincando, dançando, praticando um esporte ou mesmo transitando pelas ruas da cidade. Quando uma situação de risco não é percebida, ou quando uma pessoa não consegue visualizar o perigo, aumentam as chances de acontecer um acidente. Os acidentes de trânsito resultam em danos aos veículos e suas cargas e geram lesões em pessoas. Nem é preciso dizer que eles são sempre ruins para todos. Mas todos podem ajudar a evita-los e colaborar para diminuir: O sofrimento de muitas pessoas, causados por mortes e ferimentos, inclusive com sequelas físicas e/ou mentais, muitas vezes irreparáveis; Prejuízos financeiros, por perda de renda e afastamento do trabalho; Constrangimentos legais, por inquéritos policiais e processos judiciais, que podem exigir o pagamento de indenizações e até mesmo prisão dos responsáveis. Custa caro para a sociedade brasileira pagar os prejuízos dos acidentes: estima-se em 10 bilhões de reais, todos os anos, que poderiam ser aproveitados, por exemplo, na construção de milhares de casas populares para melhorar a vida de muitos brasileiros. Por isso, é fundamental a capacitação dos motoristas para o comportamento seguro no trânsito, atendendo a diretriz da “preservação da vida, da saúde e do meio ambiente” da Política Nacional de Trânsito. 1.1 Direção defensiva Direção defensiva, ou direção segura, é a melhor maneira de dirigir e de se comportar no trânsito, porque ajuda a preservar a vida, a saúde e o meio ambiente. Mas, o que é a direção defensiva? É a forma de dirigir, que permite reconhecer antecipadamente as situações de perigo e prever o que pode acontecer com o condutor, com seus acompanhantes, com o seu veículo e com os outros usuários da via. Para isso, é necessário aprender os conceitos da direção defensiva e usar este conhecimento com eficiência. Dirigir sempre com atenção, para poder prever o que fazer com antecedência e tomar as decisões certas para evitar acidentes. A primeira coisa a aprender é que acidente não acontece por acaso, por obra do destino ou por azar. Na grande maioria dos acidentes, o fator humano está presente, ou seja, cabe aos condutores e aos pedestres uma boa dose de responsabilidade. Toda ocorrência trágica, quando previsível, é evitável. Os riscos e os perigos a que estamos sujeitos no trânsito estão relacionados com: Os Veículos; Os Condutores; As Vias de Trânsito; O Ambiente; O Comportamento das pessoas. Vamos examinar separadamente os principais riscos e perigos. 1.2 O veículo Fonte: viatrolebus.com.br O veículo dispõe de equipamentos e sistemas importantes para evitar situações de perigo que possam levar a acidentes, como freios, suspensão, sistema de direção, iluminação, pneus e outros. Outros equipamentos são destinados a diminuir os impactos causados em casos de acidentes, como os cintos de segurança, o “air-bag” e a carroçaria. Manter esses equipamentos em boas condições é importante para que eles cumpram suas funções. 1.2.1. Manutenção Periódica e Preventiva Todos os sistemas e componentes do veículo se desgastam com o uso. O desgaste de um componente pode prejudicar o funcionamento de outros e comprometer a sua segurança. Isso pode ser evitado, observando a vida útil e a durabilidade definida pelos fabricantes para os componentes, dentro de certas condições de uso. Para manter o veículo em condições seguras, crie o hábito de fazer periodicamente a manutenção preventiva. Ela é fundamental para minimizar o risco de acidentes de trânsito. Deve-se respeitar os prazos e as orientaçõesdo manual do proprietário e, sempre que necessário, usar profissionais habilitados. Uma manutenção feita em dia evita quebras, custos com consertos e, principalmente, acidentes. 1.2.2. Funcionamento do veículo Fonte: portaldotransito.com.br O próprio condutor pode observar o funcionamento de seu veículo, seja pelas indicações do painel, ou por uma inspeção visual simples: Combustível: deve-se observar o indicado no painel é suficiente para chegar ao destino; Nível de óleo de freio, do motor e de direção hidráulica: deve-se observar os respectivos reservatórios, conforme manual do proprietário; Nível de óleo do sistema de transmissão (câmbio): para veículos de transmissão automática, deve-se analisar o nível do reservatório. Nos demais veículos, procure vazamentos sob o veículo; Água do radiador: nos veículos refrigerados a água, analisar o nível do reservatório de água; Água do sistema limpador de para-brisa: deve-se verificar o reservatório de água; Palhetas do limpador de para-brisa: deve-se trocar, se estiverem ressecadas; Desembaçador dianteiro e traseiro (se existirem): deve-se verificar se estão funcionando corretamente; Funcionamento dos faróis: deve-se verificar visualmente se todos estão acendendo (luzes baixa e alta); Regulagem dos faróis: deve-se fazer através de profissionais habilitados; Lanternas dianteiras e traseiras, luzes indicativas de direção, luz de freio e luz de ré: inspeção visual. 1.2.3. Pneus Fonte: www.carrosblog.com Os pneus têm três funções importantes: impulsionar, frear e manter a dirigibilidade do veículo. Deve-se conferir sempre: Calibragem: deve-se seguir as recomendações do fabricante do veículo, observando a situação de carga (vazio e carga máxima). Pneus murchos têm sua vida útil diminuída, prejudicam a estabilidade, aumentam o consumo de combustível e reduzem a aderência em piso com água. Desgaste: o pneu deverá ter sulcos de, no mínimo, 1,6 milímetros de profundidade. A função dos sulcos é permitir o escoamento de água para garantir perfeita aderência ao piso e a segurança, em caso de piso molhado. Deformações na carcaça: observar sempre se os pneus não têm bolhas ou cortes. Estas deformações podem causar um estouro ou uma rápida perda de pressão. Dimensões irregulares: não se deve usar pneus de modelo ou dimensões diferentes das recomendadas pelo fabricante para não reduzir a estabilidade e desgastar outros componentes da suspensão. Pode-se identificar outros problemas de pneus com facilidade. Vibrações do volante indicam possíveis problemas com o balanceamento das rodas. O veículo puxando para um dos lados indica um possível problema com a calibragem dos pneus ou com o alinhamento da direção. Tudo isso pode reduzir a estabilidade e a capacidade de frenagem do veículo. Não se pode esquecer que todas estas recomendações também se aplicam ao pneu sobressalente (estepe), nos veículos em que ele é exigido. 1.2.4. Cinto de segurança O cinto de segurança existe para limitar a movimentação dos ocupantes de um veículo, em casos de acidentes ou numa freada brusca. Nestes casos, o cinto impede que as pessoas se choquem com as partes internas do veículo ou sejam lançados para fora dele, reduzindo assim a gravidade das possíveis lesões. Para isso, os cintos de segurança devem estar em boas condições de conservação e todos os ocupantes devem usá-los, inclusive os passageiros dos bancos traseiros, mesmo as gestantes e as crianças. Deve-se fazer sempre uma inspeção dos cintos: Verificar se os cintos não têm cortes, para não se romperem numa emergência; Conferir se não existem dobras que impeçam a perfeita elasticidade; Testar o travamento para ver se está funcionando perfeitamente; Verificar se os cintos dos bancos traseiros estão disponíveis para utilização dos ocupantes. Uso correto do cinto: Ajustar firmemente ao corpo, sem deixar folgas; A faixa inferior deverá ficar abaixo do abdome, sobretudo para as gestantes. A faixa transversal deve vir sobre o ombro, atravessando o peito, sem tocar o pescoço; Não se deve usar presilhas. Elas anulam os efeitos do cinto de segurança. Fonte: www.tvsolcomunidade.com.br Transporte as crianças com até dez anos de idade só no banco traseiro do veículo, e acomodadas em dispositivo de retenção afixado ao cinto de segurança do veículo, adequado à sua estatura, peso e idade. Alguns veículos não possuem banco traseiro. Excepcionalmente, e só nestes casos, pode-se transportar crianças menores de 10 anos no banco dianteiro, utilizando o cinto de segurança. Dependendo da idade, elas deverão ser colocadas em cadeiras apropriadas, com a utilização do cinto de segurança. Se o veículo tiver “air bag” para o passageiro, é recomendável que você o desligue, enquanto estiver transportando a criança. O cinto de segurança é de utilização individual. Transportar criança, no colo, ambos com o mesmo cinto, poderá acarretar lesões graves e até a morte da criança. As pessoas, em geral, não têm a noção exata do significado do impacto de uma colisão no trânsito. Sabe-se que, segundo as leis da física, colidir com um poste, ou com um objeto fixo semelhante, a 80 quilômetros por hora, é o mesmo que cair de um prédio de 9 andares. 1.2.5. Suspensão Fonte: dl.painel.solidweb.com.br A finalidade da suspensão e dos amortecedores é manter a estabilidade do veículo. Quando gastos, podem causar a perda de controle do veículo e seu capotamento, especialmente em curvas e nas frenagens. Por isso, deve-se verificar periodicamente o estado de conservação e o funcionamento deles, usando como base o manual do fabricante e levando o veículo a pessoal especializado. 1.2.6. Direção A direção é um dos mais importantes componentes de segurança do veículo, um dos responsáveis pela dirigibilidade. Folgas no sistema de direção fazem o veículo “puxar’ para um dos lados, podendo levar o condutor a perder o seu controle. Ao frear, estes defeitos são aumentados. Deve-se verificar periodicamente o funcionamento correto da direção e fazer as revisões preventivas nos prazos previstos no manual do fabricante, com pessoal especializado. 1.2.7. Sistema de Iluminação Fonte: g1.globo.com O sistema de iluminação de seu veículo é fundamental, tanto para o condutor enxergar bem o seu trajeto, como para ser visto por todos os outros usuários da via e assim, garantir a segurança no trânsito. Sem iluminação, ou com iluminação deficiente, o condutor poderá ser causa de colisão e de outros acidentes. Confira o que se deve evitar e as principais ocorrências: Faróis queimados, em mau estado de conservação ou desalinhados: reduzem a visibilidade panorâmica e o condutor não consegue ver tudo o que deveria; Lanternas de posição queimadas ou com defeito, à noite ou em ambientes escurecidos (chuva, penumbra): comprometem o reconhecimento do veículo pelos demais usuários da via; Luzes de freio queimadas ou com mau funcionamento (à noite ou de dia) o condutor freia e isso não é sinalizada aos outros motoristas. Eles vão ter menos tempo e distância para frear com segurança; Luzes indicadoras de direção (pisca-pisca) queimadas ou com mau funcionamento: impedem que os outros motoristas compreendam a manobra e isso pode causar acidentes. Deve-se verificar periodicamente o estado e o funcionamento das luzes e lanternas. 1.2.8. Freios O sistema de freios desgasta-se com o uso do seu veículo e tem sua eficiência reduzida. Freios gastos exigem maiores distâncias para frear com segurança e podem causar acidentes. Os principais componentes do sistema de freios são: sistema hidráulico, fluido, discos e pastilhas ou lonas, dependendo do tipo de veículo. Verifique aqui as principais razões de perda de eficiência e como inspecionar: Nível de fluidobaixo: deve-se observar o nível do reservatório; Vazamento de fluido: observar a existência de manchas no piso, sob o veículo; Disco e pastilhas gastos: verifique com profissional habilitado; Lonas gastas: verifique com profissional habilitado. Quando se atravessa locais encharcados ou com poças de água, utilizando veículo com freios a lona, pode ocorrer a perda de eficiência momentânea do sistema de freios. Observando as condições do trânsito no local, deve-se reduzir a velocidade e pisar no pedal de freio algumas vezes para voltar à normalidade. Nos veículos dotados de sistema ABS (central eletrônica que recebe sinais provenientes das rodas e que gerencia a pressão no cilindro e no comando dos freios, evitando o bloqueio das rodas) verificar, no painel, a luz indicativa de problemas no funcionamento. Ao dirigir, deve-se evitar utilizar tanto as freadas bruscas, como as desnecessárias, pois isto desgasta mais rapidamente os componentes do sistema de freios. É só dirigir com atenção, observando a sinalização, a legislação e as condições do trânsito. 1.3 O condutor Fonte: observatorio.acp.pt Como evitar desgaste físico relacionado à maneira de sentar e dirigir A posição correta ao dirigir evita desgaste físico e contribui para evitar situações de perigo. O condutor deve seguir as orientações: Dirigir com os braços e pernas ligeiramente dobrados, evitando tensões; Apoiar bem o corpo no assento e no encosto do banco, o mais próximo possível de um ângulo de 90 graus; Ajustar o encosto de cabeça de acordo com a altura dos ocupantes do veículo, de preferência na altura dos olhos; Segurar o volante com as duas mãos, como os ponteiros do relógio na posição de 9 horas e 15 minutos. Assim enxerga melhor o painel, acessa melhor os comandos do veículo e, nos veículos com “air bag”, não impede o seu funcionamento; Procurar manter os calcanhares apoiados no assoalho do veículo e evitar apoiar os pés nos pedais, quando não os estiver usando; Utilizar calçados que fiquem bem fixos aos seus pés, para que possa acionar os pedais rapidamente e com segurança; Colocar o cinto de segurança, de maneira que ele se ajuste firmemente ao corpo. A faixa inferior deve passar pela região do abdome e a faixa transversal passar sobre o peito e não sobre o pescoço; Ficar em posição que permita enxergar bem as informações do painel e verificar sempre o funcionamento de sistemas importantes como, por exemplo, a temperatura do motor. Uso correto dos retrovisores Quanto mais o condutor enxerga o que acontece à sua volta enquanto dirige, maior a possibilidade de evitar situações de perigo. Nos veículos com o retrovisor interno, deve-se sentar na posição correta e ajustá-lo numa posição que dê ao condutor uma visão ampla do vidro traseiro. Não se deve colocar bagagens ou objetos que impeçam a visão através do retrovisor interno; Os retrovisores externos, esquerdo e direito, devem ser ajustados de maneira que, sentado na posição de direção, o condutor enxergue o limite traseiro do veículo e com isso reduza a possibilidade de “pontos cegos” ou sem alcance visual. Se não conseguir eliminar esses “pontos cegos”, antes de iniciar uma manobra, deve-se movimentar a cabeça ou o corpo para encontrar outros ângulos de visão pelos espelhos externos, ou através da visão lateral. Deve-se ficar atento também aos ruídos dos motores dos outros veículos e só fazer a manobra se estiver seguro de que não vai causar acidentes. O problema da concentração: telefones, rádios e outros mecanismos que diminuem a atenção ao dirigir Como tomamos decisões no trânsito? Muitas coisas que fazemos no trânsito são automáticas, feitas sem que pensemos nelas. Depois que aprendemos a dirigir, não mais pensamos em todas as coisas que temos que fazer ao volante. Este automatismo acontece após repetirmos muitas vezes os mesmos movimentos ou procedimentos. Isso, no entanto, esconde um problema que está na base de muitos acidentes. Em condições normais, nosso cérebro leva alguns décimos de segundo para registrar as imagens que enxergamos. Isso significa que, por mais atento que você esteja ao dirigir um veículo, vão existir, num breve espaço de tempo, situações que você não consegue observar. Fonte: fotos.jornaldocarro.estadao.com.br Os veículos em movimento mudam constantemente de posição. Por exemplo, a 80 quilômetros por hora, um carro percorre 22 metros, em um único segundo. Se acontecer uma emergência, entre perceber o problema, tomar a decisão de frear, acionar o pedal e o veículo parar totalmente, vão ser necessários, pelo menos, 44 metros. Se o condutor estiver pouco concentrado ou não puder se concentrar totalmente na direção, o tempo normal de reação vai aumentar, transformando os riscos do trânsito em perigos no trânsito. Alguns dos fatores que diminuem a concentração e retardam os reflexos: Consumir bebida alcóolica; Usar drogas; Usar medicamento que modifica o comportamento, de acordo com seu médico; Ter participado, recentemente, de discussões fortes com familiares, no trabalho, ou por qualquer outro motivo; Ficar muito tempo sem dormir, dormir pouco ou dormir muito mal; Ingerir alimentos muito pesados, que acarretam sonolência. Ingerir bebida alcoólica ou usar drogas, além de reduzir a concentração, afeta a coordenação motora, muda o comportamento e diminui o desempenho, limitando a percepção de situações de perigo e reduzindo a capacidade de ação e reação. Outros fatores que reduzem a concentração, apesar de muitos não perceberem isso: Usar o telefone celular ao dirigir, mesmo que seja viva voz; Assistir televisão a bordo ao dirigir; Ouvir aparelho de som em volume que não permita ouvir os sons do seu próprio veículo e dos demais; Transportar animais soltos e desacompanhados no interior do veículo; Transportar, no interior do veículo, objetos que possam se deslocar durante o percurso. Nós não conseguimos manter nossa atenção concentrada durante o tempo todo enquanto dirigimos. Constantemente somos levados a pensar em outras coisas, sejam elas importantes ou não. Deve-se forçar a concentração no ato de dirigir, acostumando-se a observar sempre e alternadamente: As informações no painel do veículo, como velocidade, combustível, sinais luminosos; Os espelhos retrovisores; A movimentação de outros veículos à frente, à traseira ou nas laterais; A movimentação dos pedestres, em especial nas proximidades dos cruzamentos; A posição de suas mãos no volante. O constante aperfeiçoamento O ato de dirigir apresenta riscos e pode gerar grandes consequências, tanto físicas, como financeiras. Por isso, dirigir exige aperfeiçoamento e atualização constantes, para a melhoria do desempenho e dos resultados. O condutor dirige um veículo que exige conhecimento e habilidade, passa por lugares diversos e complexos, nem sempre conhecidos, onde também circulam outros veículos, pessoas e animais. Por isso, o condutor tem muita responsabilidade sobre tudo o que faz no volante. É muito importante para o condutor, conhecer as regras de trânsito, a técnica de dirigir com segurança e saber como agir em situações de risco. Deve- se procurar sempre revisar e aperfeiçoar seus conhecimentos sobre tudo isso. Dirigindo ciclomotores e motocicletas Fonte: www.moto.com.br Um grande número de motociclistas precisa alterar urgentemente sua forma de dirigir. Mudar constantemente de faixa, ultrapassar pela direita, circular em velocidades incompatíveis com a segurança, circular entre veículos em movimento e sem guardar distância segura têm resultado num preocupante aumento no número de acidentes envolvendo motocicletas em todo o país. São muitas mortes e ferimentos graves que causam invalidez permanente e que poderiam ser evitados, simplesmente com umadireção mais segura. Ao uma motocicleta ou um ciclomotor, deve-se pensar nisso e não deixe de seguir as orientações abaixo: Regras de segurança para condutores de motocicletas e ciclomotores: É obrigatório o uso de capacete de segurança para o condutor e o passageiro; É obrigatório o uso de viseiras ou óculos de proteção; É proibido transportar crianças com menos de 7 anos de idade; É obrigatório manter o farol aceso quando em circulação, de dia ou de noite; As ultrapassagens devem ser feitas sempre pela esquerda; A velocidade deve ser compatível com as condições e circunstâncias do momento, respeitando os limites fixados pela regulamentação da via; Não circule entre faixas de tráfego; Utilize roupas claras, tanto o condutor quanto o passageiro; Solicite ao “carona” que movimente o corpo da mesma maneira que o condutor para garantir a estabilidade nas curvas; Segure o guidom com as duas mãos. Regras de segurança para ciclomotores: O condutor de ciclomotor (veículo de duas rodas, motorizados, de até 50 cilindradas) deve conduzir este tipo de veículo pela direita da pista de rolamento, preferencialmente no centro da faixa mais à direita ou no bordo direito da pista sempre que não houver acostamento ou faixa própria a ele destinada; É proibida a circulação de ciclomotores nas vias de trânsito rápido e sobre as calçadas das vias urbanas. 1.4 Via de trânsito Via pública é a superfície por onde transitam veículos, pessoas e animais, compreendendo a pista, a calçada, o acostamento, a ilha e o canteiro central. Podem ser urbanas ou rurais (estradas ou rodovias). Cada via tem suas características, que devem ser observadas para diminuir os riscos de acidentes. 1.4.1. Fixação da Velocidade Fonte: www.infonet.com.br O condutor tem a obrigação de dirigir numa velocidade compatível com as condições da via, respeitando os limites de velocidade estabelecidos. Embora os limites de velocidade sejam os que estão nas placas de sinalização, há determinadas circunstâncias momentâneas nas condições da via – tráfego, condições do tempo, obstáculos, aglomeração de pessoas – que exigem que você reduza a velocidade e redobre sua atenção, para dirigir com segurança. Quanto maior a velocidade, maior é o risco e mais graves são os acidentes e maior a possibilidade de morte no trânsito. O tempo que se ganha utilizando uma velocidade mais elevada não compensa os riscos e o estresse. Por exemplo, a 80 quilômetros por hora você percorre uma distância de 50 quilômetros em 37 minutos e a 100 quilômetros por hora você vai demorar 30 minutos para percorrer a mesma distância. 1.4.2. Curvas Fonte: cdn.papodehomem.com.br Ao fazermos uma curva, sentimos o efeito da força centrífuga, a força que nos “joga” para fora da curva e exige um certo esforço para não deixar o veículo sair da trajetória. Quanto maior a velocidade, mais sentimos essa força. Ela pode chegar ao ponto de tirar o veículo de controle, provocando um capotamento ou a travessia na pista, com colisão com outros veículos ou atropelamento de pedestres e ciclistas. A velocidade máxima permitida numa curva leva em consideração aspectos geométricos de construção da via. Para segurança e conforto, deve-se acreditar na sinalização e adotar os seguintes procedimentos: Diminuir a velocidade, com antecedência, usando o freio e, se necessário, reduzir a marcha, antes de entrar na curva e de iniciar o movimento do volante; Começar a fazer a curva com movimentos suaves e contínuos no volante, acelerando gradativamente e respeitando a velocidade máxima permitida. À medida que a curva for terminando, retorne o volante à posição inicial, também com movimentos suaves; Procure fazer a curva, movimentando o menos que puder o volante, evitando movimentos bruscos e oscilações na direção. 1.4.3. Declives Fonte: farm2.staticflickr.com O condutor percebe que à frente tem um declive acentuado: antes que a descida comece, ele deve testar os freios e manter o câmbio engatado numa marcha reduzida durante a descida. Nunca se deve descer com o veículo desengrenado. Porque, em caso de necessidade, não se terá a força do motor para ajudar a parar ou a reduzir a velocidade e os freios podem não ser suficientes. Não desligue o motor nas descidas. Com ele desligado, os freios não funcionam adequadamente, e o veículo pode atingir velocidades descontroladas. Além disso, a direção poderá travar, se você desligar o motor. 1.4.4. Ultrapassagem Onde há sinalização proibindo a ultrapassagem, não ultrapasse. A sinalização é a representação da lei e foi implantada por pessoal técnico que já calculou que naquele trecho não é possível a ultrapassagem, porque há perigo de acidente. Nos trechos onde houver sinalização permitindo a ultrapassagem, ou onde não houver qualquer tipo de sinalização, só se deve ultrapassar se a faixa do sentido contrário de fluxo estiver livre e, mesmo assim, só se deve tomar a decisão considerando a potência do seu veículo e a velocidade do veículo que vai à frente. Nas subidas só ultrapasse quando já estiver disponível a terceira faixa, destinada a veículos lentos. Não existindo esta faixa, siga as mesmas orientações anteriores, mas considere que a potência exigida do seu veículo vai ser maior que na pista plana. Para ultrapassar, acione a seta para esquerda, mude de faixa a uma distância segura do veículo à sua frente e só retorne à faixa normal de tráfego quando puder enxergar o veículo ultrapassado pelo retrovisor. Nos declives, as velocidades de todos os veículos são muito maiores. Para ultrapassar, tome cuidado adicional com a velocidade necessária para a ultrapassagem. Lembre-se que você não pode exceder a velocidade máxima permitida naquele trecho da via. Outros veículos podem querer ultrapassá-lo. Não dificulte a ultrapassagem, mantendo a velocidade do seu veículo ou até mesmo reduzindo- a ligeiramente. 1.4.5. Estreitamento de pista Qualquer estreitamento de pista aumenta riscos. Pontes estreitas ou sem acostamento, obras, desmoronamento de barreiras, presença de objetos na pista, por exemplo, provocam estreitamentos. Assim que o condutor enxergar a sinalização ou perceber o estreitamento, deve redobrar sua atenção, reduzir a velocidade e a marcha e, quando for possível a passagem de apenas um veículo por vez, aguardar o momento oportuno, alternando a passagem com os outros veículos que vêm em sentido oposto. 1.4.6. Acostamento É uma parte da via, mas diferenciada da pista de rolamento, destinada à parada ou estacionamento de veículos em situação de emergência, à circulação de pedestres e de bicicletas, neste último caso, quando não houver local apropriado. É proibido trafegar com veículos automotores no acostamento, pois isso pode causar acidentes com outros veículos parados ou atropelamentos de pedestres ou de ciclistas. Pode ocorrer em trechos da via um desnivelamento do acostamento em relação à pista de rolamento, um “degrau” entre um e outro. Nestes casos, deve-se redobrar a atenção. O condutor deve se concentrar no alinhamento da via e permanece a uma distância segura do seu limite, evitando que as rodas caiam no acostamento e isso possa causar um descontrole do veículo. Se precisar parar no acostamento, o condutor deve procurar um local onde não haja desnível ou ele esteja reduzido. Se for extremamente necessário parar, primeiro se deve reduzir a velocidade, o mais suavemente possível para não causar acidente com os veículos que venham atrás e sinalizar com a seta. Após parar o veículo, sinalizar com o triângulo de segurança e o pisca-alerta. 1.4.7. Condições do piso da pista de rolamento Fonte: www.autoescolateles.com.br Ondulações, buracos, elevações, inclinações ou alterações do tipo de piso podem desestabilizar o veículo e provocar a perda do controle.Passar por buracos, depressões ou lombadas pode causar desequilíbrio no veículo, danificar componentes ou ainda fazer o condutor perder a dirigibilidade. Ainda, o condutor pode agravar o problema se usar incorretamente os freios ou se fizer um movimento brusco com a direção. Ao perceber antecipadamente estas ocorrências na pista, deve-se reduzir a velocidade, usando os freios. Mas, deverá evitar acioná-los durante a passagem pelos buracos, depressões e lombadas, porque isso vai aumentar o desequilíbrio de todo o conjunto. 1.4.8. Trechos escorregadios Fonte: upload.wikimedia.org O atrito do pneu com o solo é reduzido pela presença de água, óleo, barro, areia ou outros líquidos ou materiais na pista e essa perda de aderência pode causar derrapagens e descontrole do veículo. O condutor deve ficar sempre atento ao estado do pavimento da via e procure adequar sua velocidade a essa situação. Além de evitar mudanças abruptas de velocidade e frenagens bruscas, que tornam mais difícil o controle do veículo nessas condições. 1.4.9. Sinalização Fonte: icetran.org.br A sinalização é um sistema de comunicação para ajudar o condutor a dirigir com segurança. As várias formas de sinalização mostram o que é permitido e o que é proibido fazer, advertem sobre perigos na via e também indicam direções a seguir e pontos de interesse. A sinalização é projetada com base na engenharia e no comportamento humano, independentemente das habilidades individuais do condutor e do estado particular de conservação do veículo. Por essa razão, o condutor deve respeitar sempre a sinalização e adequar o seu comportamento aos limites de seu veículo. 1.4.10. Calçadas ou Passeios Públicos As calçadas são para o uso exclusivo de pedestres e só podem ser utilizadas pelos veículos para acesso a lotes ou garagens. Mesmo nestes casos, o tráfego de veículos sobre a calçada deve ser feito com muitos cuidados, para não ocasionar atropelamento de pedestres. A parada ou estacionamento de veículos sobre as calçadas retira o espaço próprio do pedestre, levando-o a transitar na pista de rolamento, onde evidentemente corre o perigo de ser atropelado. Por essa razão, é proibida a circulação, parada ou estacionamento de veículos automotores nas calçadas. O condutor também deve ficar atento em vias sem calçadas, ou quando elas estiverem em construção ou deterioradas, forçando o pedestre a caminhar na pista de rolamento. 1.4.11. Árvores/vegetação Fonte: www.odiariodemogi.net.br Árvores e vegetação nos canteiros centrais de avenidas ou nas calçadas podem esconder placas de sinalização. Por não ver essas placas, os motoristas podem ser induzidos a fazer manobras que tragam perigo de colisões entre veículos ou do atropelamento de pedestres e de ciclistas. Ao notar árvores ou vegetação que possam estar encobrindo a sinalização, o condutor deve redobrar sua atenção, até reduzindo a velocidade, para poder identificar restrições de circulação e com isso evitar acidentes. 1.4.12. Cruzamentos entre vias Em um cruzamento, a circulação de veículos e de pessoas se altera a todo instante. Quanto mais movimentado, mais conflito haverá entre veículos, pedestres e ciclistas, aumentando os riscos de colisões e atropelamentos. É muito comum, também, a presença de equipamentos como “orelhões”, postes, lixeiras, banca de jornais e até mesmo cavaletes com propagandas, junto às esquinas, reduzindo ainda mais a percepção dos movimentos de pessoas e veículos. Assim, ao se aproximar de um cruzamento, independentemente de existir algum tipo de sinalização, o condutor deve redobrar a atenção e reduzir a velocidade do veículo. É indispensável que o condutor lembre-se sempre de algumas regras básicas: Se não houver sinalização, a preferência de passagem é do veículo que se aproxima do cruzamento pela direita; Se houver a placa PARE, no sentido de direção do condutor, ele deve parar, observar se é possível atravessar e só aí movimentar o veículo; Numa rotatória, a preferência de passagem é do veículo que já estiver circulando na mesma; Havendo sinalização por semáforo, o condutor deverá fazer a passagem com a luz verde. Sob a luz amarela você deverá reduzir a marcha e parar. Com a luz amarela, você só deverá fazer a travessia se já tiver entrado no cruzamento ou se esta condição for a mais segura para impedir que o veículo que vem atrás colida com o seu. Nos cruzamentos com semáforos, o condutor deve observar apenas o foco de luz que controla o tráfego da via em que você está e aguardar o sinal verde antes de movimentar seu veículo, mesmo que outros veículos, ao seu lado, se movimentem. 1.5. O ambiente Algumas condições climáticas e naturais afetam as condições de segurança do trânsito. Sob estas condições, o condutor deverá adotar atitudes que garantam a sua segurança e a dos demais usuários da via. 1.5.1. Chuva Fonte: nerdpai.com A chuva reduz a visibilidade de todos, deixa a pista molhada e escorregadia e pode criar poças de água se o piso da pista for irregular, não tiver inclinação favorável ao escoamento de água, ou se estiver com buracos. É bom ficar alerta desde o início da chuva, quando a pista, geralmente, fica mais escorregadia, devido à presença de óleo, areia ou impurezas. E, tomar ainda mais cuidado, no caso de chuvas intensas, quando a visibilidade é ainda mais reduzida e a pista é recoberta por uma lâmina de água podendo aparecer muito mais poças. Nesta situação, o condutor deve redobrar sua atenção, acionar a luz baixa do farol, aumentar a distância do veículo à sua frente e reduzir a velocidade até sentir conforto e segurança. Evitar pisar no freio de maneira brusca, para não travar as rodas e não deixar o veículo derrapar, pela perda de aderência. Se o veículo tem freios ABS (que não deixa travar as rodas), deve-se aplicar a força no pedal mantendo-o pressionado até o seu controle total. No caso de chuvas de granizo (chuva de pedra), o melhor a fazer é parar o veículo em local seguro e aguardar o seu fim. Ela não dura muito nestas circunstâncias. Ter os limpadores de para-brisa sempre em bom estado, o desembaçador e o sistema de sinalização do veículo funcionando perfeitamente aumentam as suas condições de segurança e o seu conforto nestas ocasiões. O estado de conservação dos pneus e a profundidade dos seus sulcos são muito importantes para evitar a perda de aderência na chuva. 1.5.2. Aquaplanagem ou hidroplanagem Fonte: autos.culturamix.com Com água na pista, pode ocorrer a aquaplanagem, que é a perda da aderência do pneu com o solo. É quando o veículo flutua na água e você perde totalmente o controle sobre ele. A aquaplanagem pode acontecer com qualquer tipo de veículo e em qualquer piso. Para evitar esta situação de perigo, o condutor deve observar com atenção a presença de poças de água sobre a pista, mesmo não havendo chuva, e reduzir a velocidade utilizando os freios, antes de entrar na região empoçada. Na chuva, aumenta a possibilidade de perda de aderência. Neste caso, o condutor deve reduzir a velocidade e aumentar a distância do veículo à sua frente. Quando o veículo estiver sobre poças de água, não é recomendável a utilização dos freios. Assim, deve-se segurar a direção com força para manter o controle de seu veículo. O estado de conservação dos pneus e a profundidade de seus sulcos são igualmente importantes para evitar a perda de aderência. 1.5.3. Neblina ou cerração Fonte: www.kraftseg.com.br Sob neblina ou cerração, o condutor deve imediatamente acender a luz baixa do farol (e o farol de neblina se tiver), aumentar a distância do veículo à sua frente e reduzir a sua velocidade, até sentir mais segurança e conforto. Não se deve usar o farol alto porque ele reflete a luz nas partículas de água, e reduz ainda mais a visibilidade. O condutordeve lembrar-se que nestas condições o pavimento fica úmido e escorregadio, reduzindo a aderência dos pneus. Caso sinta muita dificuldade em continuar trafegando, o ideal é parar em local seguro, como um posto de abastecimento. Em virtude da pouca visibilidade, na neblina, geralmente não é seguro parar no acostamento. Deve-se usar o acostamento somente em caso extremo e de emergência e utilizar, nestes casos, o pisca-alerta. 1.5.4. Vento Fonte: g1.globo.com Ventos muito fortes, ao atingir o veículo em movimento, podem deslocá- lo ocasionando a perda de estabilidade e o descontrole, que podem ser causa de colisões com outros veículos ou mesmo capotamentos. Há trechos de rodovias onde são frequentes os ventos fortes. O condutor deve acostumar-se a observar o movimento da vegetação às margens da via. É uma boa orientação para identificar a força do vento. Em alguns casos, estes trechos encontram-se sinalizados. Notando movimentos fortes da vegetação ou vendo a sinalização correspondente, deve-se reduzir a velocidade para não ser surpreendido e para manter a estabilidade. Os ventos também podem ser gerados pelo deslocamento de ar de outros veículos maiores em velocidade, no mesmo sentido ou no sentido contrário de tráfego ou até mesmo na saída de túneis. A velocidade deverá ser reduzida, adequando-se a marcha do motor para diminuir a probabilidade de desestabilização do veículo. 1.5.5. Fumaça proveniente de queimadas A fumaça produzida pelas queimadas nos terrenos à margem da via provoca redução da visibilidade. Além disso, a fuligem proveniente da queimada pode reduzir a aderência do piso. Nos casos de queimadas, o condutor deve redobrar sua atenção e reduzir a velocidade. Deve ligar a luz baixa do farol e, depois que entrar na fumaça, não parar o veículo na pista, já que com a falta de visibilidade, os outros motoristas podem não vê-lo parado na pista. 1.5.6. Condição de luz A falta ou o excesso de luminosidade podem aumentar os riscos no trânsito. Ver e ser visto é uma regra básica para a direção segura. Neste caso o condutor deve: Farol Alto ou Farol Baixo Desregulado A luz baixa do farol deve ser utilizada obrigatoriamente, mesmo em vias com iluminação pública. A iluminação do veículo à noite, ou em situações de escuridão, por chuva ou em túneis, permite aos outros condutores, e especialmente aos pedestres e aos ciclistas, observarem com antecedência o movimento dos veículos e com isso, se protegerem melhor. Usar o farol alto ou o farol baixo desregulado ao cruzar com outro veículo, pode ofuscar a visão do outro motorista. Por isso, deve-se manter sempre os faróis regulados e, ao cruzar com outro veículo, acionar com antecedência a luz baixa. Quando ficamos de frente a um farol alto ou um farol desregulado, perdemos momentaneamente a visão (ofuscamento). Nesta situação, deve-se procurar desviar a visão para uma referência na faixa à direita da pista. Quando a luz do farol do veículo que vem atrás refletir no retrovisor interno, o condutor deve ajustá-lo para desviar o facho de luz. Penumbra (ausência de luz) A penumbra (lusco-fusco), é uma ocorrência frequente na passagem do final da tarde para o início da noite ou do final da madrugada para o nascer do dia ou ainda, quando o céu está nublado ou se chove com intensidade. Sob estas condições, tão importante quanto ver, é também ser visto. Ao menor sinal de iluminação precária acenda o farol baixo. Inclinação da Luz Solar Fonte: conteudo.imguol.com.br No início da manhã ou no final da tarde, a luz do sol “bate na cara”. O sol, devido à sua inclinação, pode causar ofuscamento, reduzindo sua visão. Nem é preciso dizer que isso representa perigo de acidentes. O condutor deve procurar programar sua viagem para evitar estas condições. O ofuscamento pode acontecer também pelo reflexo do sol em alguns objetos polidos, como garrafas, latas ou para-brisas. Em todas estas condições, deve-se reduzir a velocidade do veículo, utilizar o quebra-sol (pala de proteção interna) ou até mesmo um óculos protetor (óculos de sol) e procurar observar uma referência do lado direito da pista. O ofuscamento também poderá acontecer com os motoristas que vêm em sentido contrário, quando são eles que têm o sol pela frente. Neste caso, o condutor deve redobrar sua atenção, reduzir a velocidade para seu maior conforto e segurança e acender o farol baixo para garantir que seja visto por eles. Nos cruzamentos com semáforos, o sol, ao incidir contra os focos luminosos, pode impedir que se identifique corretamente a sinalização. Nestes casos, reduzir a velocidade e redobrar a atenção é essencial, até que se tenha certeza da indicação do semáforo. 2 ASPECTOS CONCEITUAIS SOBRE OS ACIDENTES DE TRÂNSITO 2.1 O que é um acidente de trânsito? Fonte: s3.amazonaws.com A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, em sua NBR 10697, define acidente de trânsito como todo evento não premeditado de que resulte dano em veículo ou na sua carga e/ou lesões em pessoas e/ou animais, em que pelo menos uma das partes está em movimento nas vias terrestres ou áreas abertas ao público. Pode originar-se, terminar ou envolver veículo parcialmente na via pública. Do ponto de vista do órgão de trânsito, cabem algumas ponderações. As áreas abertas ao público (estacionamentos de shopping centers, etc.) não se incluem em sua jurisdição. Por outro lado, os acidentes não premeditados não são os únicos a lhe interessarem, pois acidentes de trânsito intencionais, como uma pessoa que tenta o suicídio jogando-se à frente de um ônibus, também acarretam o envolvimento de sua equipe operacional no atendimento da ocorrência, além, é claro, dos ônus, sentimental e material, que qualquer acidente impõe às famílias das vítimas e à sociedade como um todo. 2.2 Dinâmica de um acidente É comum algumas pessoas atribuírem um caráter de fatalidade à ocorrência de um acidente de trânsito e, como tal, impossível de ser prevenido. Percebe-se a fragilidade dessa posição ao se entender a lógica de um acidente. A ocorrência de um acidente de trânsito resulta da interação de fatores adversos presentes na via pública (sítio do acidente). Estes fatores adversos podem estar relacionados com a via propriamente dita, com o ambiente, com os veículos e, também, ao próprio comportamento perigoso das pessoas, na direção dos veículos ou andando a pé. Assim, uma situação de risco culminará em um acidente de trânsito se houver uma relação perversa de alguns desses fatores. Exemplificando com apenas dois fatores adversos em um local da via: um motorista dirigindo em excesso de velocidade e um pedestre atravessando a via fora da faixa de travessia. Se esses dois comportamentos perigosos não coincidirem no tempo, nada acontecerá, mas se forem simultâneos no local, haverá o atropelamento. Ocorrido o acidente e conhecidos os dois fatores contribuintes através da investigação em campo, o técnico poderá propor medidas de segurança (instalação de radar, colocação de gradis etc.) para evitar que novos acidentes similares a este aconteçam no local. Logo, para cada fator adverso percebido em um acidente existe a possibilidade de aplicação de medidas corretivas que impedirão ou dificultarão seu surgimento em situações futuras. Por isso, conhecer os fatores mais comuns nos acidentes que acontecem em determinado ponto crítico de segurança, ou em uma via perigosa, é condição necessária para se determinar as medidas preventivas adequadas, que poderão reduzir o número de sinistros nestes locais. Esses fatores adversos, que na verdade constituem as causas dos acidentes, costumam ser denominados fatores contribuintes nos acidentes de trânsito e eles podem ser conhecidos por meio de um trabalho de investigação dos acidentes nos próprios locais onde eles ocorrem. Fonte: static.vix.com2.3 Fatores contribuintes nos acidentes Costuma-se classificar os fatores contribuintes em três grupos: humanos; da via e/ou meio ambiente e veiculares. Fatores humanos são ações arriscadas do indivíduo no trânsito, quer na condição de condutor de veículo que pode se envolver em um acidente, quer na de pedestre arriscando-se a ser atropelado. Estes comportamentos indevidos acabam, isolados ou juntamente com outros fatores, induzindo à ocorrência do acidente. Desrespeitar o sinal vermelho, dirigir com excesso de velocidade, não sinalizar intenção de manobra e dirigir alcoolizado são exemplos de fatores humanos que contribuem para que o acidente aconteça. Normalmente, são erros cometidos pelos usuários da via e, em sua maioria, constituem infrações de trânsito. Os fatores citados são bastante objetivos, não oferecendo dificuldades para serem levantados. No entanto, existem fatores humanos de outra ordem, mais subjetivos, aqui chamados de indiretos, que estão na raiz dos primeiros e que refletem aspectos ligados à formação insatisfatória do envolvido (imperícia, inabilitação, inexperiência etc.) ou às suas condições físicas / psicológicas desfavoráveis (cansaço, sonolência, estresse, agressividade, euforia, pressa, desatenção etc.) e que são mais difíceis de serem identificados, por necessitarem de entrevistas com os envolvidos. No entanto, seu conhecimento pode ser desejável, já que eles potencializam o cometimento de erros no trânsito por parte dos seus usuários. Fonte: www.abcdoabc.com.br Fatores da via e/ou meio ambiente são características inseguras da via e/ou do ambiente no momento do acidente, que podem ter contribuído para a sua ocorrência. Os aspectos inseguros podem estar ligados às características geométricas da via (deficiências de projeto), à incorreção da sinalização implantada (idem), ao estado dessa sinalização (problemas de manutenção), ao estado do pavimento, às condições climáticas etc. Assim, placa mal posicionada, faixa de pedestres inexistente, semáforo com defeito, buraco na pista, curva acentuada, obra na pista, chuva intensa etc. são exemplos de fatores relacionados com a via / meio ambiente, que contribuem para a ocorrência dos acidentes de trânsito. Fatores veiculares são aqueles decorrentes de falhas no desempenho dos veículos envolvidos no acidente, normalmente provocadas pelo seu mal estado de conservação. Farol desregulado provocando ofuscamento, estouro de pneu e deficiência no freio são exemplos de fatores contribuintes para o acidente, de ordem veicular. Entre todos, o fator veicular é o de mais rara caracterização, considerando a dificuldade de identificação de eventuais falhas do veículo danificado no acidente. Também, a atuação do órgão de trânsito em relação aos fatores desse tipo que são eventualmente levantados é bastante restrita. 2.4 Investigação dos acidentes Fonte: santiagonews.com.br O levantamento dos fatores contribuintes nos acidentes só é possível a partir de um trabalho de investigação de acidentes em campo desenvolvido pelo órgão de trânsito, pois os boletins de ocorrência elaborados pela Polícia não abrangem esses dados. É claro que a investigação em campo dos acidentes não se limita ao levantamento dos fatores contribuintes, uma vez que outras informações de interesse à segurança do trânsito também são obtidas, como dados sobre os acidentes propriamente (tipo, localização, horário), características dos veículos envolvidos, perfil das vítimas e dos condutores. Também é feita a verificação do uso de equipamentos (cinto de segurança, capacete, cadeirinhas para o transporte de crianças) e de procedimentos de segurança pelas vítimas, importante para subsidiar análises e as eventuais implementações de campanhas ou práticas de fiscalização, tendo em vista a diminuição da severidade das lesões provocadas pelos acidentes. Fonte: s2.glbimg.com O número de acidentes a ser investigado deverá ser compatível com a violência no trânsito e levar em conta uma escala de prioridades com base na gravidade desses eventos. Ainda sob a lógica da prevenção de acidentes, não importa ao órgão de trânsito a questão da culpabilidade, de responsabilidade dos policiais e autoridades jurídicas, e sim, tão somente, o diagnóstico das causas do acidente, que permita a proposição de medidas corretivas. Para o trabalho de levantamento das informações em campo, devem-se padronizar os procedimentos para o desenvolvimento das seguintes atividades: o acionamento imediato dos técnicos quando da ocorrência do acidente; o deslocamento rápido até o local do acidente; uma prática de troca de informações com os demais agentes envolvidos (policial militar, operador do órgão de trânsito, Corpo de Bombeiros, testemunhas) e o levantamento dos dados em campo, utilizando-se de uma planilha que sirva de check list e facilite o registro das informações, complementado com fotografias do local e dos veículos envolvidos. Já no escritório, os técnicos deverão analisar os dados levantados, elaborar o relatório sobre o acidente, encaminhá-lo às áreas competentes e providenciar o armazenamento digital dos dados. Quando o relatório for relativo a um acidente que causa impacto na mídia, ele deve também ter a finalidade de subsidiar a direção do órgão a prestar esclarecimentos à sociedade e, neste caso, sua confecção e divulgação devem ser muito rápidas. Fonte: politicaemfoco.net.br A obtenção dos fatores contribuintes em campo, a análise desses fatores, mais a eventual proposição de medidas de segurança, são atividades desenvolvidas individualmente para cada acidente de trânsito. No entanto, os fatores contribuintes de diversos acidentes podem ser agrupados por local, via ou região, para uma avaliação mais abrangente de eventuais medidas de segurança. 2.5 Para combater os acidentes Qualquer política de redução de acidentes de trânsito não pode prescindir de um banco de dados de acidentes confiável e atualizado. Assim, todos os acidentes registrados pela Polícia ou, pelo menos, todos os que provocam vítimas, devem constar do banco de acidentes do órgão de trânsito. Esta ferramenta é indispensável para poder avaliar corretamente a situação da violência no trânsito e acompanhar sua evolução enquanto as medidas de segurança forem sendo implementadas para reduzir o número de acidentes. Considerando a importância já destacada nos itens anteriores do conhecimento dos fatores contribuintes nos acidentes para a definição de medidas preventivas, o órgão de trânsito deve ter uma equipe com a atribuição específica de desenvolver um trabalho de investigação em campo dos acidentes de trânsito, para propiciar o conhecimento desses fatores. Fonte: www.autobodymagazine.com.mx As duas ferramentas citadas fornecerão os subsídios necessários para combater os acidentes de trânsito. Considerando ainda que ter esses subsídios não é condição suficiente para se encontrar as medidas corretivas mais eficazes, é desejável, também, conhecer as experiências bem sucedidas (ou mal sucedidas) no combate aos acidentes de trânsito em outras cidades, para balizar a adoção de medidas de segurança. 3 A PERÍCIA NO ACIDENTE DE TRÂNSITO Conforme já exposto, acidentes são acontecimentos evitáveis causados por uma somatória de fatores relacionados ao ser humano, ao ambiente e ao veículo. Ao reconstituir um acidente todos estes fatores são investigados em busca de evidências objetivas da contribuição de cada um deles como causa ou agravamento de um sinistro. No fator humano é investigado desde a habilitação e treinamento do condutor até suas condições de saúde e de atenção no momento do acidente. Avalia-se no fator ambiente o clima e as condições da via, inclusive com relação a traçado e sinalização. Quanto ao veículo, uma inspeção criteriosa verifica se existem defeitospré-existentes que poderiam ter contribuído para o acidente. Fonte: www.lja.mx 3.1 Benefícios da perícia A reconstituição de um acidente se inicia à partir da elaboração de um parecer técnico preliminar ou, fundamentado em levantamentos do local do acidente, inspeção dos veículos envolvidos, ou mesmo de apenas um deles, entrevista com os condutores e testemunhas e análise dos registros oficiais como boletins de ocorrência e laudos da polícia científica quando disponíveis. O parecer apontará as possíveis causas e responsabilidades, possibilitando ao envolvido no acidente decidir a respeito da viabilidade e conveniência da elaboração do Relatório de Reconstituição Técnico-Científica, onde são determinadas velocidades, trajetórias, forças e deformações envolvidas e análises mais aprofundadas sobre todos os fatores contribuintes, o humano, o veículo e o meio ambiente. O grau de certeza técnica nas conclusões de um parecer de reconstituição de acidente depende da qualidade e precisão dos dados e informações obtidos na investigação. A ausência de informações ou registros oficiais pode inviabilizar a realização da perícia. A perícia surge com a necessidade da prova material para auxiliar o juiz na solução e elucidação dos vários delitos surgidos na sociedade como um todo, e como não poderia deixar de ser, as ocorrências de tráfego também necessitam dos exames periciais. Isso se dá pelo motivo da lei processual penal brasileira vigente expressar com muita clareza a legalidade da perícia sempre que a infração penal deixar vestígios, conforme artigo 158 do Código de Processo Penal: Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Além disso, a lei determina que os peritos deverão elaborar o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados. 3.2 Da preservação de local de acidente de tráfego É importante deixar bem claro que nos casos de acidentes sem vítimas e com testemunhas do ocorrido, as partes envolvidas devem deslocar os veículos para não obstruir a passagem dos outros carros, sob pena, inclusive, de infração e aplicação de multa pelo agente da autoridade de trânsito (art. 178 do CTB). Entretanto, se o acidente for mais complexo e houver divergência entre os envolvidos sobre quem foi o responsável pela colisão, ou houver vítimas, os condutores e envolvidos devem aguardar os agentes de trânsito, peritos, e socorristas, se for o caso (art. 176 do CTB). Fonte: 1.bp.blogspot.com A perícia, em locais de acidentes de tráfego, significa registrar os veículos, destroçados, as posições, as situações, a natureza das avarias, as condições operacionais dos veículos, suas posições de imobilizações, os cadáveres, se houver, as manchas em geral, os vestígios de solo (as marcas de derrapagem, frenagem e outras deixadas no pavimento), os demais elementos que podem se desprender das carrocerias, o estado do solo, as sinalizações, etc.; e a partir da complexidade de todos os elementos levantados, processa-los, e através de dedução e indução lógicas, fazer a recomposição do evento, e contar através da dinâmica o modo como ocorreu o evento, bem como, formular juízo técnico de valor confiável. O levantamento de local de acidente de trânsito para posterior redação do laudo pericial efetuado por perito é instrumento imprescindível nos processos judiciais envolvendo ocorrências dessa natureza, uma vez que a partir do trabalho inicial de levantamento é que resultará a definição da causa determinante para um acidente. Cabe ao perito, responsável pelo levantamento, um cuidado especial no uso dos termos técnicos referentes a esse tão importante procedimento, para que nos laudos periciais se evite ambiguidade de termos, termos inexistentes ou até mesmo ausência de dados que possam ser ignorados por não se conhecer a maneira adequada de se relatar. 3.3 A Perícia de Acidentes de Trânsito Fonte: www.tjac.jus.br Um acidente de trânsito é uma síntese da física das colisões. Como estudado na escola os movimentos e as velocidades de bolas de bilhar, em um exemplo amplamente usado nas aulas de física básica, pode-se determinar, na grande maioria dos casos, as velocidades dos veículos envolvidos em sinistros, a partir de suas trajetórias e sinais característicos. Um acidente pode ser definido como todo o evento casual que gera transtornos, prejuízos e ferimentos. É buscando determinar a real existência de um acidente, verificada pela sua inevitabilidade; ou a existência de uma colisão entre dois corpos (ou mais) causados pela imprudência, imperícia ou outros fatores que poderiam ser observados e assim, que trabalha o perito em acidente de trânsito. A opinião pública tende a pré-julgar os envolvidos em função da gravidade do acidente, sua repercussão, condição econômica dos envolvidos, entre outros fatores. Mas, nem sempre isso corresponde à realidade do ocorrido. Por exemplo: quando nos deparamos com uma colisão entre um automóvel e um objeto fixo, como um poste. Normalmente observamos os estado de destruição do veículo e de pronto concluímos: “também... devia estar voando baixo.” Nem sempre essa afirmação é correta. Estudos comprovam que em colisões deste tipo, mesmo a baixas velocidades, os danos causados pela rigidez dos corpos e pela transferência de energia, são de grande monta. Em outras palavras, para que haja ferimentos graves, inclusive fatais em colisões contra postes e árvores, não é necessário que o veículo esteja desenvolvendo alta velocidade. A 50km/h os danos decorrentes já são muito grandes e severos, com perda total do veículo. Fonte: www.zero48tv.com.br Outro fato pré-julgado que ocorre com frequência são nos atropelamentos. A primeira ação vai ser dizer que o culpado é o motorista. Isso também nem sempre procede. Muitas vezes ocorre o contrário. É o pedestre que “atropela” o veículo, com ações intempestivas e imprevisíveis ao condutor, atravessando a via em postos sem visibilidade e inapropriados, por exemplo. Em acidentes de trânsito, são três os fatores contribuintes estudados: o viário, o veicular e o humano. Através da investigação e estudo de cada um destes fatores pelos vestígios deixados no contato entre corpos, o perito inicialmente reconstrói o sinistro, para depois transformá-lo em um modelo matemático baseado em leis da física. Analisada a dinâmica do evento, e a partir dos dados obtidos no processo de investigação e/ou estudo, passa o perito a determinar as velocidades dos corpos e os fatores causadores da colisão. Obtidos os resultados, estuda-se então a inevitabilidade do acidente, fato mais importante na determinação do resultado. Este estudo também é baseado em modelos matemáticos que levam em conta o tempo de reação dos envolvidos e as distâncias e tempos necessários para se evitar a colisão. Esta inevitabilidade consiste na resposta a perguntas do tipo: Se o veículo A (cuja velocidade era 50% superior ao limite permitido para o local) estivesse animado com a velocidade permitida, conseguiria parar antes da colisão e assim evitá-la? Se os resultados matemáticos comprovarem que ele conseguiria parar, então o evento poderia ser evitado, restando culpado o condutor do veículo A. Em caso contrário, ressalvando-se o estudo de outros fatores, pode-se admitir que o condutor do veículo A não teve culpa no ocorrido, pois mesmo se estivesse trafegando à velocidade permitida, conseguiria prever o embate e parar seu veículo evitando o sinistro. Por exemplo: um veículo atropela um pedestre que estava atravessando a via no meio da quadra, entre os veículos estacionados. O perito analisa os vestígios, como posição final dos corpos, marcas e rastros na via, imagens, danos, etc. após, determinaa velocidade em que o veículo trafegava. A partir disto, verifica se na velocidade máxima permitida poderia evitar a colisão, baseando-se em seu tempo de reação e na distância em que visualizou o pedestre. Se mesmo dentro dos limites de velocidade, pela distância de visibilidade, não pudesse evitar, o embate, logo ele não pode ser culpado pelo atropelamento, restando comprovado que o ato de atravessar a rua intempestivamente, foi do pedestre. Outra atuação do perito em acidentes de trânsito se dá em casos que envolvam veículos com e sem seguro. Algumas vezes, há um acordo entre as partes para que o veículo segurado seja responsabilizado pelo acidente, lesando-se assim a seguradora. Através da análise dos vestígios, o perito pode determinar quem foi o real culpado pelo acidente, com um grau de certeza elevado. Cabe ressaltar que acidentes, em sua essência (onde não há culpados devido a imprevisibilidade e inevitabilidade) são raros. Via de regra há um fator causador, que, em alguns casos, pode não ser os envolvidos diretamente. Um acidente pode ser ocasionado por uma falha na via de tráfego, decorrente da falta de manutenção ou falhas de projeto e/ou planejamento do órgão com jurisdição sobre a via. Como em uma curva de rodovia em que o veículo durante uma chuva aquaplana e é jogado para a outra pista, vindo a colidir com um veículo em sentido contrário. Qual foi o fator causador do embate? Quem deve ser responsabilizado pelo ocorrido? Se o veículo estivesse a baixa velocidade, iria aquaplanar de igual forma? Ou imaginemos um cruzamento entre duas vias em que há uma placa, ou outro objeto fixo, implantado pelo órgão com jurisdição sobre a via – ou autorizado por este – que reduza a distância de visibilidade dos veículos. Neste local ocorrem muitos acidentes, mas serão os condutores culpados, ou os responsáveis serão os que implantaram ou deixaram implantar os sinais? Todas estas perguntas são respondidas no trabalho pericial do acidente de trânsito. 4 BIBLIOGRAFIA ALVES, Vilson Rodrigues. Acidentes de trânsito e responsabilidade civil. Bookseller, 2002. ARAGÃO, Ranvier Feitosa. Acidentes de trânsito: análise da prova pericial. São Paulo: Millennium, 2009. ARAUJO, Julyver Modesto de. Trânsito - Reflexões Jurídicas. Vol. 1. São Paulo: Letras Jurídicas, 2009. DE ALMEIDA, Lino Leite; ESPINDULA, Alberi. Manual de perícias em Acidentes de trânsito. 2011. FRANZ, Cristine Maria; SEBERINO, José Roberto Vieria. A história do trânsito e sua evolução. Joinville (SC):[sn], 2012. HOFFMANN, Maria Helena; CRUZ, Roberto Moraes; ALCHIERI, João Carlos. Comportamento humano no trânsito. Casa do Psicólogo, 2003. LUZ, Valdemar Pereira da. Trânsito e Veículos - Responsabilidade Civil e Criminal. 7ª ed. J. H. Mizuno, 2017. MARÍN, Letícia; QUEIROZ, Marcos S. A atualidade dos acidentes de trânsito na era da velocidade: uma visão geral. 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