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Trabalho ética

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Disciplina: Ética deontológica profissional 
Tema: Ética deontológica profissional dos professores
Docente: Leonilde Almeida 
Discentes:
Alcena Fernandes, nº 9051
Fabrízia Martins, nº 7885
Gilmara Lopes, nº 9231 
Verry Reis, nº 9172 
	
	Nos autores do Trabalho Ética deontológica profissional, declaramos que, salvo fontes devidamente citadas e referidas, o presente documento é fruto do nosso trabalho de grupo, e original.
	
	Cidade da Praia ao 29 de Maio de 2019
	
	Trabalho apresentada à Universidade Jean Piaget de Cabo Verde no âmbito da Disciplina de Ética deontológica profissional, parte dos requisitos para a avaliação da disciplina do Curso de Psicologia.
ConteúdosSumário………………………………………………………………………………………...5
5Introdução
Capítulo 1:
Quatro teóricos
7
1.1
Revisão de Literatura:
7
1.2
Metodologias utilizadas:
15
Capítulo 2:
Apresentação e análises dos resultados
18
2.1.
Entrevistado (E1):
18
2.2.
Entrevistado (E2):
19
Conclusão
20
Referências Bibliográficas
22
Apêndice: A1
23
	Sumário
	Este trabalho enquadra-se no âmbito da disciplina de Ética e Deontologia profissionais, ministrado no curso de Psicologia, pela Universidade Jean Piaget de Cabo Verde, tem como tema Ética Deontológica dos Professores. 
Neste trabalho vamos falar de aspetos de uma pesquisa sobre Ética deontológico dos professores. Partindo do conceito da ética e da deontologia, procura-se entender o que é ser professor, saber qual o papel do professor na formação ética do aluno, conhecer os dilemas dos professores, identificar a formação ética dos professores e ainda explicar o papel de um código deontológico.
Introdução
A ética no ambiente de trabalho é de fundamental importância para o bom funcionamento das atividades da empresa/instituição e das relações de trabalho entre os colaboradores. A ética profissional é um conjunto de atitudes e valores positivos aplicados no ambiente de trabalho. As vantagens repercutem-se no maior nível de produção na Organização, no favorecimento para a criação de um ambiente de trabalho harmonioso, respeitoso e agradável, bem como no aumento do índice de confiança entre os colaboradores.
 Ter ética profissional e adequar-se às normas de conduta de uma Organização são condições cada vez mais valorizadas no reconhecimento dos trabalhadores e no processo seletivo de novos colaboradores. Os colaboradores que conseguem construir relações de qualidade entre os colegas e conquistar a confiança dos líderes, com uma postura de trabalho adequada e resultados concretos, são os que obtêm maior sucesso no desenvolvimento das suas carreiras.
1. Interesse de estudo: 
Escolhemos o tema porque nos despertou um grande interesse, uma vez que permiti-nos conhecer mais sobre a ética deontológica profissional, sendo este está incluído no nosso curso de psicologia. Em que teremos a oportunidade de ter o contacto direto com profissional desta área, que é de grande relevância para enriquecermos os nossos conhecimentos.
2. Formulação do problema: 
- Qual é a forma que os professores encontram para enfrentar os desafios e dilemas no seu dia-a-dia?
3. Especificação dos objetivos
- Objetivo Geral: Compreender de que modo o professor resolve os dilemas e desafios que se lhe colocam.
- Objetivo específico: - Descrever a opinião dos professores sobre a necessidade de um código deontológico.
- Identificar as vantagens e desvantagens que os docentes prevêem para a existência de um código deontológico.
4. Hipóteses
Na sequência do nosso trabalho optamos por analisar a seguinte hipótese: 
 Hipótese: A forma que os professores encontram para enfrentar os desafios e dilemas no seu dia-a-dia é através dos seus valores morais.
Capítulo 1: Quatro teóricos 
1.1 Revisão de Literatura:
· Segundo Baptista (2005) “a ética se refere à reflexão sobre os princípios que devem nortear a ação humana”, enquanto a moral é composta por normas que orientam a nossa conduta. 
· Segundo Monteiro (2005), uma “deontologia ou Ética Profissional é um código de princípios e deveres (com os correspondentes direitos) que se impõem a uma profissão e que ela se impõe a si própria, inspirados nos seus valores fundamentais”.
1.1.1 Ética e deontologia
1.1.1.1 Ética 
 No dia-a-dia, não raras vezes, os conceitos de ética e moral são confundidos, igualados e misturados. Na verdade, ética e moral tocam-se no sentido em que dizem respeito ao ser humano, mas, ao olharmos mais de perto, vemos que as suas diferenças são consideráveis. 
Segundo Baptista (2005), corrobora que a ética se refere à “reflexão sobre os princípios que devem nortear a ação humana”, enquanto a moral é composta por normas que orientam a nossa conduta. 
No entanto, viver numa encruzilhada entre ética e moral não é fácil, já que “a moral define as Boas Formas da conduta, enquanto a ética interroga o sujeito preso nesta moral, interpelando-o exatamente onde ele acredita estar em regra, além de transtornar as certezas daquele que faz tudo o que é conveniente” (Renaud, 2001, p.93). Por essa mesma razão, Renaud afirma que “o agir ético é difícil, porque não é automático encontrar o equilíbrio entre atitudes desordenadas”( (2001, p.37).
E este equilíbrio é ainda mais difícil de atingir quando o tentamos procurar numa sociedade desequilibrada, como é presentemente a que temos. Por essa razão, ser professor e educador, hoje, é cada vez mais desafiante. Temos, por um lado, uma sociedade sem valores de referência, e por outro, professores que tentam concretizar a enorme tarefa “de orientar caminhos de desenvolvimento pessoal num mundo que desejamos cada vez mais humano” (Baptista, 2005, p. 19). 
Sobretudo na profissão de professor, onde parte da função é orientar o caminho individual dos alunos e ajudá-los a formarem-se enquanto humanos e cidadãos, a decisão fundamentada e reflexão tornam-se absolutamente fundamentais. Assim o poderemos inferir da afirmação de Baptista (2005, p.19) “enquanto tarefa permanente, e de constante labor criativo, a ética obriga desde logo, a refletir sobre as finalidades da educação neste tempo difícil em que nos coube ser educadores”. 
1.1.1.2 Deontologia 
 Segundo Monteiro (2005, p.26), uma “Deontologia ou Ética Profissional é um código de princípios e deveres (com os correspondentes direitos) que se impõem a uma profissão e que ela se impõe a si própria, inspirados nos seus valores fundamentais”.
Segundo a Council (2004, p.26), um código de Ética profissional “é uma declaração pública, feita por uma profissão, sobre os seus princípios éticos comuns e como esses princípios devem ser aplicados, para promover as mais elevadas normas de serviço profissional”. Uma deontologia encarada desta forma ajudaria os professores a ter uma noção mais real do que é esperado do seu comportamento enquanto profissionais de educação e informaria a sociedade sobre o que deverá ser exigido de um professor.
Focando-se mais especificamente na imagem do professor, Seiça (2003), 
“Reforça que um código deontológico para os professores teria uma tripla função, contribuiria para preservar ou para melhorar a imagem social da profissão (…); contribuiria também para unir os professores em torno de um ethos comum e, ao mesmo tempo, fornecer-lhes um critério uniforme de avaliação da correcção ética dos procedimentos profissionais; reforçaria a construção da identidade profissional”. (p.24)
Segundo Monteiro (2004, p.68), o agir deontológico na educação é ainda mais complexo do que na maior parte das profissões liberais, primeiramente porque “os critérios da boa educação são culturalmente mais relativos e diversos, quando não opostos” comparativamente com os critérios de “bom serviço” noutras profissões; em segundo lugar porque “a educação é uma dialéctica natureza-cultura, autoridade-liberdade, em que os mais velhos (…) tomam decisões pelos mais novos (…), determinantes da personalidade e do futuro”; e em terceiro porque na educação não há lugar para o “consentimento esclarecido” no sentido em que os alunos geralmente não podem escolher os professores que têm.
Estas questões abrem-nosalgum caminho justificativo para a necessidade de um código deontológico (com todas as suas implicações) ou de um guia ético (de carácter sugestivo).
A dificuldade de encontrar um caminho para a normatização ética da profissão docente encontra-se precisamente na sua aplicação e vivência diária. As éticas aplicadas acabam por não se tornar viáveis por várias razões: em primeiro lugar porque o carácter de imperfectibilidade do ser humano (e a sua subjetividade) impede que este modelo funcione; em segundo lugar porque os professores não têm tempo para refletir devido à sobrecarga de trabalho com que se encontram atualmente; e, em terceiro lugar, este modelo exigiria tempo e disponibilidade mental para reflexão que a maior parte dos profissionais não tem. No caso do código deontológico, ainda que conseguindo chegar a documento único, legalmente válido, por si só não seria uma garantia de cumprimento. Poderia funcionar como uma referência para um agir correcto, mas dificilmente se conseguiria uma mudança de atitude. Para que haja esta mudança visível, esta deve acontecer intrinsecamente, criando uma consciência dos valores que são transmitidos aos alunos.
1.1.2 Ser professor 
Em primeiro lugar, urge colocar a seguinte questão: o que é ser professor? Tentaremos olhar para a profissão do professor através dos seus próprios olhos. Como é que os professores vêem a sua própria profissão? 
Segundo Santos (2007), 
“O professor (...) não pode circunscrever a sua ação à sala de aula, não se pode limitar a transmitir secamente os seus conhecimentos científicos sem mais nada (...). Ele deve, pelo contrário, (...) estar atento às necessidades educativas e pessoais do aluno, para melhor o poder acompanhar e orientar.”( p.106),
O autor refere também que, segundo os resultados da sua investigação, os professores sentem-se na pele de profissionais da educação dentro e fora da escola: “a profissão docente (...) não se esgota no tempo lectivo. Ela transcende as paredes da sala de aula ou mesmo os muros da escola” (Santos, 2007, p.105).
Para os professores entrevistados no estudo empírico realizado por Santos (2007), sobre as representações ético-deontológicas de professores estagiários os indicadores que melhor descrevem, 
“Ser professor” estão divididos em dois grandes campos: o professor enquanto transmissor de conhecimentos e o professor enquanto educador moral e axiológico. Assim, no que diz respeito ao primeiro ponto, encontram-se indicadores como “ensinar conhecimentos e comportamentos relacionando-os com o quotidiano”. (p.104),
“Não assumir sozinho a função de ensinar”, “valorizar a escola”, “partilhar com os outros a nossa experiência”, “estar atento às necessidades pessoais dos alunos” e “ter uma boa relação pessoal com os alunos”. Em relação à visão do professor como educador moral e axiológico, encontram-se indicadores como “ser educador para valores”, “ter perfil próprio”, “aprender todos os dias”, “ser coerente com o que defende e exige”, “sentir o que faz”.
Vem corroborar esta ideia o estudo realizado por Silva (1994), onde os entrevistados atribuem grande importância à seguinte ideia: 
“Ser professor é uma profissão que obriga a um modo particular de ser e de estar, com especial ênfase para o facto de a docência ao mesmo tempo requerer daqueles que a exercem que sintam gosto nisso, prazer, alegria, lhes retribui compensação afetiva, lhes retribui esse gosto, esse prazer, essa alegria”. (p.93)
1.1.3 O papel do professor na formação ética do aluno
Cada vez mais nos parece difícil educar sem valores – e sendo que os professores têm nas suas mãos o poder de educar – não educar para os valores é como não preparar a criança ou o adolescente para o mundo em que viverá. Educar para a tolerância, para o respeito, para a cidadania e democracia torna-se fundamental para a formação de uma consciência ativa e participativa.
 Segundo Seiça (2003),
“Os problemas que afetam hoje as sociedades acabam por ser transpostos para a escola e para o espaço da aula (...). A escola e a aula são reconhecidas como espaços de intervenção ética, isto é, como espaços onde acontece a formação de pessoas, pela interiorização e pela vivência de valores e de normas de ação individuais e coletivas. Ora tal reconhecimento é condição necessária, ainda que não suficiente, para conferir à ação docente um sentido ético”.(p.23)
 Na opinião da autora, a atividade docente possui uma natureza ética, na medida em que é realizada por pessoas, de acordo com princípios e finalidades éticos.
Precisamente devido ao facto de a docência lidar com seres humanos e com a sua formação, propõe-se a trabalhar “um dos aspetos mais delicados do ser humano, o seu carácter. O professor age junto dos alunos para que eles adquiram hábitos, costumes, valores. Para que fortaleçam o carácter, se tornem pessoas que orientem a sua vida para o bem” (Silva, 1994,p.9).
Para além do efeito que a educação tem no próprio indivíduo ao formá-lo, a docência tem uma função humanizadora e socializadora, na medida em que “se dirige ao indivíduo e, por intermédio dos indivíduos, se dirige à configuração da própria sociedade. O professor, agindo junto das jovens gerações está a agir junto daqueles que hão-se vir a ter uma intervenção na própria sociedade, na qual hão-se vir a incorporar” (Cordero cit. Silva, 1994, p.11) e, por esse motivo, a construção da estrutura ética com que os alunos sairão da escola, dependerá grandemente da maneira como o professor encare o seu papel de educador ético e o coloque em prática.
No entanto, os domínios éticos da profissão docente vão para além da relação com os alunos. Estes estendem-se à relação com o saber, com os colegas, com a escola/profissão, com a sociedade, ou até em relação a si próprio, como profissional (Estrela et al. 2009, p.17).
1.1.4 Os dilemas dos professores 
[um dilema é] “uma escolha entre duas ou mais tomadas de decisão, em que, de todos os lados, há obstáculos que tornam difícil saber qual a melhor opção” (Berlak & Berlak cit. Alves, 2005,p.80).
Assim, temos em contexto de transição alguns dilemas frequentes, como por exemplo: optar entre ser um bom profissional ou ter boas relações com os colegas; considerar os conhecimentos adquiridos na formação ou agir intuitivamente e impulsivamente perante a realidade; escolher entre a necessidade de adoptar um estilo autónomo ou a necessidade de pertença ao grupo de professores; ou até, entre se envolver mais na vida da escola ou ser menos activo. No que diz respeito ao contexto de planificação e currículo surgem também algumas questões: entre ser mais autónomo ou manter fidelidade ao currículo externo; cobrir o programa em extensão ou trabalhá-lo em profundidade. Nos contextos de gestão de sala de aula despontam também alguns dilemas – que serão até os mais comuns – como por exemplo: “como punir os alunos?” ou “como manter o controlo da aula?”.
Zabalza (1991, pp. 161-187) propõe-nos uma categorização diferente e que no seu estudo se agrupam em três categorias: 
 - O dilema relacional – disciplinar (Afectividade vs Ordem), em que o professor, por um lado, pondera as relações de actividade e os laços que tem com as crianças e, por outro lado, a exigência de manutenção da ordem para se poder trabalhar. De uma forma geral, este dilema é resolvido pelo professor através da reconceptualização do pólo da ordem;
- O dilema organizativo (Atenção individual vs atenção grupal), em que o professor considera entre conceder a atenção especial a algumas crianças mais necessitadas ou dar uma atenção geral ao grupo turma. A grande questão aqui centra-se no facto de se conseguir conceder mais atenção a um certo grupo de crianças mais necessitadas e evitar que o resto da turma se ressinta. Tal parece uma tarefa impossível, pelo que o professor não dispõe de meios para atender aos necessitados e manter os restantes alunos ocupados. Segundo o autor (idem), a possibilidade de responder a esta questão passaria por duas situações: deixar o grupo turma a trabalhar individualmente e ceder então a atençãoaos mais necessitados. Para tal, o professor necessitará de dispor de vários recursos didácticos para os dois grupos. 
- O dilema da competência própria (Necessidade de um desenvolvimento profissional permanente), em que o professor manifesta uma tensão pessoal permanente para o aperfeiçoamento profissional, desejando saber mais a nível teórico e de técnicas concretas de trabalho com crianças. Este dilema só terá solução se o professor aproveitar as várias oportunidades que se lhe colocam (como cursos de formação, oportunidades de progressão na carreira universitária, entre outras). 
Como se poderá, então delinear uma estratégia de resolução de alguns destes dilemas? Uma das soluções poderá passar por evitar o conflito (que na opinião de Wagner [cit. Cordeiro Alves, 2005,p.88] poderá corresponder a uma supressão de emoções); outra solução poderá ser a estratégia de reorganização social, como um processo deliberativo, um compromisso entre os pólos do conflito; também será possível a escolha entre uma das alternativas do conflito, o que poderá representar uma solução provisória, sem que o dilema tenha sido verdadeiramente resolvido; ou então, a estratégia de negociação, em que a solução do dilema, escapando ao controle total do sujeito, resulta mais dos processos de interacção entre este e o contexto, processos fundamentalmente intuitivos, em que o professor é frequentemente ultrapassado pelas contingências (Alves, 2005,p.88). 
 Talvez porque os dilemas se afiguram como situações difíceis de resolver, é necessário que estes profissionais se sintam à altura do desafio. Para tal, é imprescindível saber de que tipo de formação ou preparação dispõem para lidar com estes problemas. 
1.1.5 Formação ética dos professores
Diariamente, os professores têm que dar provas de competências que não têm sido objeto de formação inicial ou sequer de formação contínua. A ausência de uma disciplina sobre ética e deontologia profissional na formação inicial e contínua dos professores, que permita uma sensibilização e um treino de atitudes e competências relacionadas com a tomada de decisão, faz com que se tenham alimentado mais receios do que considerações fundamentadas. Por esse mesmo motivo, faz sentido pensar na formação a que os professores têm tido acesso e de que forma a ausência de formação nesta área tem influenciado os seus processos de tomada de decisão quando têm que resolver um dilema. A falta de formação nesta área específica e a falta de treino faz com que os professores tomem as suas decisões baseando-se nos seus valores pessoais e na sua experiência, resultando uma interpretação pessoal sobre os limites deontológicos (Santos, 2007, p.40). 
O que outros estudos (Caetano & Silva, 2009) têm revelado é que praticamente não existe formação ética nem na formação inicial de professores, nem na formação contínua. Alguns professores afirmam tratar alguns assuntos relacionados com a ética de uma forma transversal noutras disciplinas, mas a verdade é que não existe um espaço dedicado à exploração de dilemas e de estratégias de resolução, de diálogo e de partilha. Assim, o que se verifica é que, na maior parte das situações, os professores apresentam um conhecimento empírico de ética, aprendido no seu contexto diário ou noutros contextos, mas que, em muitos casos se pode revelar insuficiente.
 Sendo que não existe nenhum guia axiológico pelo qual os professores se possam guiar, nem os próprios professores dispõem de apoios para tomarem decisões fundamentadas, e sendo que o tempo disponível para a procura de informação especializada é reduzida, acabam por depender inteiramente do seu bom senso. Contam com a sua própria capacidade e habilidade para resolver os problemas ou dilemas que têm em mãos.
1.1.6 O papel de um código deontológico
Apesar dos dados sobre regulação ética da profissão indicarem que há professores que consideram que “a formação não dá tudo” (educadora) e que um código deontológico pode ser importante, não é normalmente feita uma relação explícita sobre como a formação pode ser associada a um código, apesar de haver quem, quando questionado sobre a formação valores e os princípios da educação. O código, pelo seu conteúdo, oferecer‑se‑ia como material de for‑
mação sobre o que é e para que serve a profissão de professor e como deve ser desempenhada. Isto, por um lado. Por outro, como diz uma professora do 1º ciclo, “na profissão de professor, tal como na do médico, a questão é a ética”, querendo‑se com isto talvez dizer que o cerne do exercício profissional é o bem do outro. E será por causa de a questão ser a ética que não se vê como não se seja formado para bem lidar com a questão ética.
Outros docentes, pelo facto de haver um código, não sabem “se isso mudaria (…); a base é a formação das pessoas”: não vêm, parece, que uma coisa e a outra se poderiam conjugar. E acrescentam que “mais do que um código, a escola devia ter um centro de recursos, para todos os professores, que as escolas deviam ser dotadas das infraestruturas básicas”.
Quase se poderia dizer que melhores condições de trabalho, uma formação adequada e um melhor funcionamento das escolas tornariam desnecessário o código, não apenas não se estabelecendo uma vantagem para a formação da existência de um código, como se considerando mesmo o código como dispensável. Esta perspetiva padeceria de “uma visão redutora da profissionalidade docente” (Monteiro, 2006, p. 1), subestimando a dimensão deontológica do agir profissional, para além de parecer não partilhar da noção de que o porquê e o para quê
da docência devem ser objeto tanto da formação como do código, dada a “natureza questionadora e questionável da docência” (Seiça, 2003, p. 105) e que, por isto mesmo, o código e a formação poderão alimentar‑se reciprocamente. Mas sendo a questão a ética, voltando àquela docente, estar‑se‑ia próximo da consideração de que “a preparação das novas gerações de cidadãos é uma das finalidades em torno da qual existe um amplo consenso (…) e que a cidadania tem uma dimensão tanto política como social e que uma e outra envolvem uma componente ética” (Howard, 2005, p. 43). 
Segundo Monteiro (2006), 
 “No caso das profissões da educação (…) não está apenas em causa a ética do sujeito, isto é, o respeito da dignidade e direitos do educando, mas está essencialmente em jogo o sujeito ético, ou seja, a formação da consciência moral e o desenvolvimento da capacidade de autonomia e responsabilidade das crianças, adolescentes, jovens, e eventualmente, adultos” (p.6).
 Sendo evidente esta componente ética, a formação de professores como educadores morais devia ocupar os currículos de formação de professores e a questão da regulação ética da profissão não poderia estar ausente desses programas.
1.2 Metodologias utilizadas: 
1.2.1 Classificação da pesquisa
Quanto ao tipo de pesquisa utilizamos a pesquisa qualitativa, do ponto de vista da sua natureza, utilizamos a pesquisa básica, em que de acordo com Marconi & Lakatos (2003, p.51) “objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais”.
Do ponto de vista de seus objetivos, foi utilizada a descritiva, sendo que esta se enquadrou melhor ao tipo de trabalho proposto. Para Marconi & Lakatos (2003, p. 52), tal pesquisa “observa, regista, analisa e ordena os dados, sem manipulá-los, isto é, sem interferência do pesquisador.”
Do ponto de vista dos procedimentos técnicos utilizamos a pesquisa bibliográfica, com objetivo de recolher os dados necessários e colocar o pesquisador em contato direto com todo material já escrito sobre o assunto da pesquisa, também utilizamos o estudo de caso, em que o nosso trabalho foi centrado em uma instituição. E por fim, trata-se de uma abordagem qualitativa, pois permite uma profundidade dos dados com uma riqueza de detalhes, propiciando-nos um grande número de interpretações. 
Como instrumento de pesquisa foi utilizada entrevista semiestruturada. Pois esse não priva o participante de expor as suasconceções permitindo o investigador formular questões além das estabelecidas no guião.
Segundo Marconi e Lakatos (2003), 
“O que diferencia basicamente a entrevista do questionário é que a primeira é sempre realizada face a face (entrevistador mais entrevistado); também pode ou não ser realizada com base em um roteiro de questões preestabelecidas e até mesmo impressas, enquanto o segundo, necessariamente, tem como pré-requisito a elaboração de um impresso próprio com questões a serem formuladas na mesma sequência para todos os informantes.” (p. 106)
Foi utilizada a entrevista, porque permite aprofundamento da perceção dos sentidos em que as pessoas atribuem as suas ações; torna-se flexível porque o contacto direto permite explicitação das perguntas e das respostas. E por outro lado apresenta algumas limitações, em que é menos útil para efetivar generalizações; as respostas podem ser condicionadas pela própria situação da entrevista. 
É uma entrevista semiestruturada encontra-se dividida em quatro partes (Identificação do entrevistado, Dados Académicos e Profissionais, Exercício da função na área de Pedagogia e Desafios na prática profissional) (vide apêndice: A1) 
1.2.2 Participates
Portanto a recolha de dados foi realizada com dois indivíduos, sendo um professor (E1), licenciado em Engenharia Química e Biológica, em 2015 na Universidade de Cabo Verde (UNICV), mas também fez outras formações complementares como a liderança, pedagogia, laboratório, etc. Trabalha no Ensino Secundário como professor já a 3 anos, mas também Presta serviços em outros lugares. E uma professora (E2), licenciada na Universidade de Mindelo em 2012, trabalha a 2 anos no ensino Secundário como professora, com uma vinculação laboral de contrato a prazo e presta serviço em outro lugar. 
1.2.3 Procedimentos de análise de dados
As entrevistas foram analisadas através de análise de conteúdo, com a apreensão dos sentidos que compõe o discurso dos entrevistados. Nesse tipo de análise o material de estudo depois de gravado e transcrito foram organizados e classificados de forma sistemática, passando pelas fases de seleção, codificação e tabulação. 
Na fase de seleção, a redução dos dados consiste em processo de seleção, simplificação, abstração e transformação dos dados originais. Para que essa tarefa seja desenvolvida a contento, foi necessário ter objetivos claros, até mesmo porque estes podem ter sido alterados ao longo do estudo de campo.
 De seguida a fase de categorização, consiste na organização dos dados para que o pesquisador consiga tomar decisões e tirar conclusões a partir deles. E por ultimo a tabulação e interpretação, os dados coletados foram dispostos em tabelas, organizados de acordo com a estruturação anterior, servindo para facilitar sua compreensão e interpretação. Os dados foram classificados pela divisão em subgrupos e reunidos. (vide apêndice A1). Os resultados obtidos foram analisados, criticados e interpretados.
Na análise dos resultados, “O objeto é decomposto em suas partes constitutivas, tornando-se simples aquilo que era composto e complexo”; na síntese, “este objeto decomposto [...] é recomposto constituindo-se a sua totalidade”, permitindo assim uma visão de conjunto (Severino, 2002, p. 193). 
Capítulo 2: Apresentação e análises dos resultados
2.1. Entrevistado (E1): 
- Dados Académicos e Profissionais
Tendo em conta o nosso entrevistado (E1), do sexo masculino é licenciado em Engenharia Química e Biológica, em 2015 na Universidade de Cabo Verde (UNICV), mas também fez outras formações complementares como a liderança, pedagogia, laboratório, etc.
Trabalha no Ensino Secundário como professor já a 3 anos, mas também Presta serviços em outros lugares. O que lhe motivou a escolher essa área é por gostar de partilhar conhecimentos para os outros. 
- Exercício da função na área de Pedagogia
De acordo com as informações elencadas pelo entrevistado, “ Um pedagogo é um verdadeiro líder, a que que motiva seus alunos, aquele que não apenas ensina, mas sim partilha conhecimentos ”; segundo ele, as áreas específicas e vinculadas com educação em que o pedagogo pode trabalhar é a docência, administração, entre outros. E quanto as competências que deverá ter uma pessoa para exercer essa função é “ Ter formação de liderança, pedagogia, ser paciente, saber partilhar conhecimentos, ter domínio no que está a artilhar, etc.” ; e por último sublinha que as dificuldades com as quais se depara ao exercer esse papel são os alunos diferentes. 
Desafios na prática profissional:
Segundo o professor entrevistado (E1), a forma que os docentes encontram para enfrentar os desafios e dilemas no seu dia-a-dia é “ Estar sempre a procura de conhecimentos, levar inovações para aulas, mudar de metodologia caso for necessário “. A sua opinião sobre a necessidade de um código deontológico, refere que “ É necessário que haja formações periodicamente dos códigos deontológico”, e por ultimo quanto as vantagens e desvantagens para a existência de um código deontológico, ele não vê desvantagens, mas sim vantagem “ é que teremos alunos com mais conhecimento não só a nível dos conteúdos, mas também a nível de comportamento”. 
2.2. Entrevistado (E2): 
Dados Académicos e Profissionais
Segundo a nossa entrevista (E1), É licenciada na Universidade de Mindelo em 2012, trabalha a 2 anos no ensino Secundário como professora, com uma vinculação laboral de contrato a prazo e presta serviço em outro lugar. O que lhe motivou a escolher essa área é “ Amor em transmitir conhecimento aos outros”. 
Exercício da função na área de Pedagogia 
Tendo em conta a nossa entrevistada “Um pedagogo ensina e transmite conhecimento”; segundo ela, as áreas específicas e vinculadas com educação em que o pedagogo pode trabalhar é a pedagogia. E quanto as competências que deverá ter uma pessoa para exercer essa função é “as competências didáticas” e por último, quanto as dificuldades com as quais se depara ao exercer esse papel são os recursos insuficientes.
- Desafios na prática profissional:
Segundo a nossa docente entrevistada (E2), Não tem uma forma exata para enfrentarem os desafios e dilemas diárias, mas acredita que esses desafios vão se ultrapassar com as experiencias do dia-a-dia. A sua opinião sobre a necessidade de um código deontológico, refere que “ Estes códigos constituem um instrumento essencial que visa criar um “standard” relativo á forma como os colaboradores de uma instituição, ou os profissionais representados por uma ordem ou sindicato, se devem comportar no exercício das suas funções, correspondendo áquilo que é visto como uma conduta politicamente correta em sociedade e que salvaguarde a boa imagem de uma instituição ou profissão”. 
Conclusão
Os dados recolhidos por meio de entrevistas semiestruturadas revelaram-se bastante objetivos e permitiram, uma vez submetidos a análise, obter uma perspetiva comparativa das conceções dos professores inquiridos acerca do tema em investigação.
- Hipótese: Em relação a nossa hipótese concluímos que ela se confirma, pois, a forma que os professores encontram para enfrentar os desafios e dilemas no seu dia-a-dia é através dos seus valores morais.
- Objetivo Geral: quanto a forma que os docentes encontram para enfrentar os desafios e dilemas no seu dia-a-dia, na perspetiva dos entrevistados os desafios e dilemas vão se ultrapassar com as experiencias do cotidiano, na procura de conhecimentos, levar inovações para aulas, mudar de metodologia caso for necessário, etc.
- Objetivo específico: Segundo a logica do entrevistado (E1), “é necessário que haja formações periodicamente dos códigos deontológico”, enquanto que na ideia do entrevistado (E2) “Estes códigos constituem um instrumento essencial que visa criar um “standard” relativo á forma como os colaboradores de uma instituição, ou os profissionais representados por uma ordem ou sindicato, se devem comportar no exercício das suas funções, correspondendo áquilo que é visto como uma conduta politicamente correta em sociedade e que salvaguarde a boa imagemde uma instituição ou profissão”. 
No que toca a identificação das vantagens e desvantagens que os docentes prevêem para a existência de um código deontológico, de acordo com os nossos entrevistados, eles veem-no como uma vantagem sendo que terão mais alunos com mais conhecimento não só a nível dos conteúdos, mas também a nível de comportamento.
Referências Bibliográficas
Célia, M.R.L.G. Cunha (2011). Ética e deontologia para a docência: ser professor, hoje. Dissertação de Mestrado, Departamento de Educação-Universidade de Aveiro, Portugal.
Caetano, A.P. & Silva, M.L. (2009). Ética profissional e Formação de Professores. Sísifo. Revista de Ciências de educação, (8), pp. 49-60. Acedido Maio 7,2019, em http://sisifo.fpce.ul.pt
Prodanov, C. C.; Freitas, E. C. de. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho académico, (12ª edição). Novo Hamburgo, RS: Feevale, 2013.
Apêndice: A1
Guião de Entrevista – Ética e Deontologia profissional do professor 
O presente formulário é requerido pelos alunos do 2º ano do curso de Psicologia da Universidade Jean Piaget de Cabo Verde, no âmbito da cadeira de Ética e deontologia profissional e destina-se aos docentes, com o objetivo de Compreender de que modo o professor resolve os dilemas e desafios que se lhe colocam. 
I – Identificação do entrevistado
1. Sexo?
2. Idade?
3. Morada?
4. Nacionalidade?
II – Dados Académicos e Profissionais
1. Qual é o seu nível de escolaridade/ formação académica?
2. Onde e quando fez a sua formação?
3. Além de formação inicial, fez outras formações complementares?
3.1. Em que área e por quanto tempo?
4. Há quanto tempo trabalha nessa instituição como professor (a)? 
5. Trabalha exclusivamente nessa escola ou presta serviços em outros lugares?
6. Que tipo de vinculação laboral possui com esta instituição (contrato a termo, a prazo, definitivo)?
7. O que lhe motivou a escolher essa área?
III – Exercício da função na área de Pedagogia 
1. O que faz um pedagogo?
2. Quais são as áreas específicas e vinculadas com educação em que o pedagogo pode trabalhar? 
3. Que competência deverá ter uma pessoa para exercer essa função?
4. Quais são as dificuldades com as quais se depara ao exercer esse papel?
IV – Desafios na prática profissional
1. Qual é a forma que os docentes encontram para enfrentar os desafios e dilemas no seu dia-a-dia?
2. Qual a sua opinião sobre a necessidade de um código deontológico?
3. Quais são as vantagens e desvantagens que preveem para a existência de um código deontológico?
4. Há mais alguma coisa que gostaria de acrescentar a esta entrevista?
Universidade Jean Piaget de Cabo Verde
Campus Universitário da Cidade da Praia
Caixa Postal 775, Palmarejo Grande
Cidade da Praia, Santiago
Cabo Verde
29.5.19

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