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4
Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES
Centro de Ciências Sociais Aplicadas – CCSA
Curso: Direito Noturno - 1° Período
Disciplina: Metodologia da Pesquisa e do Trabalho Jurídico
Professor:
Acadêmico: 
FICHAMENTO
BARBOSA, Rui. Oração aos moços. Rio de Janeiro (RJ): Editora Casa de Rui Barbosa, 1999.
Evidencia-se na obra "Oração aos moços" um discurso caloroso de Rui Barbosa aos Formandos da Faculdade de Direito, em São Paulo, no ano de 1920, no qual o autor não pode comparecer devido complicações de saúde, utilizando-se dessa exposição para estar presente em espírito e assim transmitir uma mensagem de esperança a esses jovens. “Mas, recusando−me o privilégio de um dia tão grande, ainda me consentiu o encanto de vos falar, de conversar convosco, presente entre vós em espírito; o que é, também, estar presente em verdade. ˮ (p.11)
É notório o tom de carinho que o paraninfo usa para tratar a turma, pedindo o consentimento para chamá-los de filhos, estabelecendo um lanço de ternura com esses jovens. “Não, filhos meus (deixai−me experimentar, uma vez que seja, convosco, este suavíssimo nome) [...]ˮ (p.13) Além de acreditar que eles são instrumentos para um futuro iluminado. 
Entre vós, porém, moços, que me estais escutando, ainda brilha em toda a sua rutilância o clarão da lâmpada sagrada, ainda arde em toda a sua energia o centro de calor, a que se aquece a essência d’alma. Vosso coração, pois, ainda estará incontaminado; e Deus assim o preserve. (p. 14)
Apresentando uma ótica de dicotomia de forças que regem a ira. “Ora deriva da tentação infernal, ora de inspiração religiosa. ˮ (p.19). Rui Barbosa incita a luta contra o mal através desse sentimento. “Só o mal é o que o inflama em ódio. Porque o ódio ao mal é amor do bem, e a ira contra o mal, entusiasmo divino. ˮ (p.18). Dando-o a um caráter positivo em certas circunstâncias. “[...]porque esta virtude compreende dois atos: um é reprimir a ira, quando é desordenada; outro, excitá−la, quando convém. ˮ (p.19)
Expõe sua história de vida, esperando que os formandos tirem algo do seu discurso, admitindo que pode ter errado em sua carreira, mas sempre se doou por inteiro. 
Estou−vos abrindo o livro da minha vida. Se me não quiserdes aceitar como expressão fiel da realidade esta versão rigorosa de uma de suas páginas, com que mais me consolo, recebei−a, ao menos, como ato de fé, ou como conselho de pai a filhos, quando não como o testamento de uma carreira, que poderá ter discrepado, muitas vezes, do bem, mas sempre o evangelizou com entusiasmo, o procurou com fervor, e o adorou com sinceridade. (p.22)
Argumenta que em certos momentos deve-se abandonar a crença total na ciência e utilizar-se das experiências como forma de embasamento. “Que se feche, pois, alguns momentos o livro da ciência; e folheemos juntos o da experiência. ˮ (p.25). Além disso, Ruy reafirma a importância do ofício e da religião na fomentação moral do homem, deixando evidente os pilares que considera essenciais ao ser.
Oração e trabalho são os recursos mais poderosos na criação moral do homem. A oração é o íntimo sublimar−se d’alma pelo contacto com Deus. O trabalho é o inteirar, o desenvolver, o apurar das energias do corpo e do espírito, mediante a ação contínua de cada um sobre si mesmo e sobre o mundo onde labutamos. (p.26-27)
Prosseguindo no cenário do exercício da advocacia, Rui expõe uma ótica de dureza e cansaço, fixando aos ouvintes como é imprescindível jamais negar a atenção a quem os buscam. “O trabalho, pois, vos há de bater à porta dia e noite; e nunca vos negueis às suas visitas, se quereis honrar vossa vocação. ˮ (p.28). Cabe reconhecer, no entanto, como urge a dedicação de horas ao descanso, buscando sempre manter uma rotina controlada que garanta a integridade física e mental do advogado. “Não invertais a economia do nosso organismo: não troqueis a noite pelo dia, dedicando este à cama, e aquela às distrações. ˮ (p.29)
O autor esclarece um fato determinante para o crescimento do saber: é necessário compreender que o ato da leitura não é suficiente para alcançar o real conhecimento, uma vez que é preciso praticar a reflexão do conteúdo absorvido e produzir novas ideias. 
Vulgar é o ler, raro o refletir. O saber não está na ciência alheia, que se absorve, mas, principalmente, nas idéias próprias, que se geram dos conhecimentos absorvidos, mediante a transmutação, por que passam, no espírito que os assimila. Um sabedor não é armário de sabedoria armazenada, mas transformador reflexivo de aquisições digeridas. (p. 32)
Lamenta o fato do conjunto de normas brasileira favorecer um certo agrupamento que detém o poder, largando a maioria a sua própria sorte, ou seja, não cumpre o sua real função de atuar sob toda esfera social. 
[...] num país onde a lei absolutamente não exprime o consentimento da maioria, onde são as minorias, as oligarquias mais acanhadas, mais impopulares e menos respeitáveis, as que põem, e dispõem, as que mandam, e desmandam em tudo; a saber: num país, onde, verdadeiramente, não há lei, não o há, moral, política ou juridicamente falando. (p.35-36)
Outro ângulo analisado é a estrutura de governo norte-americana, na qual o poder judiciário possui soberania em relação aos demais. “Soberania tamanha só nas federações de molde norte−americano cabe ao poder judiciário, subordinado aos outros poderes nas demais formas de governo, mas, nesta, superior a todos. ˮ (p.37)
Ganha configuração real, em sua visão, a necessidade então de atender as minorias, já que são tão mal defendidos pelos órgãos governamentais, mesmo sendo dotados de direitos como qualquer outro cidadão. “Mas o direito dos mais miseráveis dos homens, o direito do mendigo, do escravo, do criminoso, não é menos sagrado, perante a justiça, que o do mais alto dos poderes. ˮ (p.42)
Traz diversos eventos históricos a discussão, desde a invasão paraguaia ao território brasileiro e a guerra civil dos Estados Unidos até combates e conflitos do velho continente, com uma perspectiva crítica aprofundada de cada momento e líder. 
Era o velho continente que principiava a expiar a velha política, desalmada, mercantil e cínica, dos Napoleões, Metternichs e Bismarcks, num ciclone de abominações inenarráveis, que bem depressa abrangeria, como abrangeu, na zona das suas tremendas comoções, os outros continentes, e deixaria revolvido o orbe inteiro em tormentas catastróficas, só Deus sabe por quantas gerações além dos nossos dias. (p.48)
Finaliza convocando os moços a uma movimentação para reforma, em busca um horizonte próspero na vida nacional, com instituições justas ao povo brasileiro.
Mãos à obra da reivindicação de nossa perdida autonomia; mãos à obra da nossa reconstituição interior; mãos à obra de reconciliarmos a vida nacional com as instituições nacionais; mãos à obra de substituir pela verdade o simulacro político da nossa existência entre as nações. Trabalhai por essa que há de ser a salvação nossa. (p.50)
Montes Claros, 22 de abril de 2016.

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