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PLANEJAMENTO URBANO- ZOONING

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16
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ 
CENTRO DE TECNOLOGIA – DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÀO EM ENGENHARIA URBANA 
 DANIELA KUNZ
PLANEJAMENTO URBANO & ZONING: FLEXIBILIDADE DO MODELO DE ZONING PARA A COMPETITIVIDADE DAS CIDADES
MARINGÁ
2020
 DANIELA KUNZ
PLANEJAMENTO URBANO & ZONING: FLEXIBILIDADE DO MODELO DE ZONING PARA A COMPETITIVIDADE DAS CIDADES
Resenha crítica apresentada como requisito para obtenção da nota parcial da disciplina Planejamento dos Sistemas Urbanos do curso de pós-graduação em Engenharia Urbana, da Universidade Estadual de Maringá.
Discente: Prof. Dr. Igor J. B. Valques.
MARINGÁ
2020
PLANEJAMENTO URBANO & ZONING: FLEXIBILIDADE DO MODELO DE ZONING PARA A COMPETITIVIDADE DAS CIDADES
DANTAS, Maria G. A. Planejamento Urbano & Zoning: flexibilidade do modelo de zoning para a competitividade das cidades. João Pessoa: UFPB, 2003. 255 p.
Resultante de uma tese de doutorado dividida em quatro partes, esta obra consta de uma análise de zoning e dos regulamentos construtivos usados como ferramenta de implantação do planejamento do urbanismo moderno do mundo.
Neste primeiro livro, correspondente ao capitulo inicial da tese, a autora critica o modelo de controle urbanístico que vem sendo adotado pela maioria das grandes cidades brasileiras, concluindo que este seria mais prejudicial que benéfico, e procura alternativas para ele. A autora também examina a aplicação dos controles urbanísticos a partir da perspectiva de quem está sujeito a eles, ou seja, os construtores e empreendedores, e não dos seus instituidores, que seriam os urbanistas e o poder público. 
No que tange à estrutura da obra, esta é dividida em nove capítulos e conclusão. Através de uma linguagem bastante acessível, o livro primeiramente sintetiza a história do surgimento do urbanismo moderno e posteriormente concentra-se na discussão dos instrumentos do zoneamento (taxa de ocupação, coeficiente de aproveitamento e separação dos edifícios através dos afastamentos). Por fim, a autora reúne uma série de críticas sobre o modelo urbanístico apresentado e reúne um conjunto de opiniões que apontam novas maneiras de exercer um controle urbanístico. 
Capítulo 1: Planejamento Urbano e zoning
No primeiro capítulo do livro, Dantas nos apresenta o surgimento da ciência de planejamento das cidades que ocorre em 1910 batizada de Urbanismo e também nos mostra como os conceitos do Urbanismo Moderno foram gerados e difundidos através da Carta de Atenas de 1933, elaborada durante o IV Congresso Internacional de Arquitetura Moderna, realizada na cidade de Atenas. O principal instrumento de planejamento divulgado nessa Carta era o modelo de zooning que já vinha sendo utilizado em várias cidades do mundo. Apesar de muito utilizado, esse modelo apresentava muitos opositores que o julgavam como rígido, inviabilizando implantações de infraestruturas, afastando as atividades empresariais dos centros e consequentemente reduzindo os empregos.
	Diante disto, podemos nos questionar, qual tipo de urbanismo era utilizado antes do modelo de zooning ser difundido no mundo? Dantas nos responde esse questionamento apresentando diferentes modelos de urbanismos no decorrer dos séculos, inicialmente com as cidades gregas e romanas. No século V a.C, na Grécia, surge um dos primeiros urbanistas, Hipodamos de Mileto, com o planejamento da cidade de Mileto em forma de tabuleiro. Posteriormente, de 400 d.C até 1500 d.C as cidades eram projetadas em volta de castelos, igrejas ou edifícios importantes, com arranjo de ruas informais. Já durante o Renascimento (1300 a 1530), com a explosão dos valores artísticos, aparecem esforços no planejamento das cidades, com avenidas mais amplas e ruas regulares. 
	No Brasil, as primeiras cidades adotam forma irregular, já que a na época de colonização não se tinha uma preocupação com o núcleo urbano e sim com o caráter imediatista de sacar o máximo de riquezas do local. Nas cidades coloniais brasileiras, as instituições principais, Igreja e Estado, ocupavam a praça, comércio e finanças localizavam-se no centro e as moradias circundavam a área, formando os bairros residenciais. 
	
Capítulo 2: Os problemas das cidades e as soluções
Com o início da Revolução Industrial em 1760, grandes transformações econômicas e sociais acontecem. Há um salto no crescimento econômico e o modo de vida se transforma, as populações passam a ter acesso à bens industrializados, se deslocam para os centros urbanos, causando o êxodo rural e um grande crescimento demográfico. Como primeiro país industrializado, podemos citar a Inglaterra, que entre 1801 e 1901, teve sua população aumentada de 9 para 32 milhões.
Para resolver os problemas decorrentes dessa urbanização desenfreada, surgem seis linhas de pensamento e ação: As ideias dos tratadistas, as ideias dos utopistas, as ideias dos especialistas urbanos e funcionários do governo, as ideias dos higienistas, as ideias de Marx e Engels e as ideias pragmáticas do urbanismo moderno.
Os tratadistas se preocupavam em propor soluções para problemas técnicos e construtivos das edificações e viam na casa unifamiliar isolada, o ideal impossível de ser alcançado, por questões de economia urbana e por essa solução ser excessivamente cara. Como primeiro tratadista da época, Vitrúvio preconizou que era preciso evitar as construções de adobe (tijolo cru, seco ao sol) e passar a construir sobre pilares de pedra, para que assim as construções tivessem vários pisos, abrigando uma grande quantidade de pessoas. 
As ideias dos utopistas seguiam alguns movimentos socialistas que procuravam inventar formas mais justas de organizar a sociedade. O inglês Thomas Morus em 1516, fez grande sucesso com sua obra “Utopia”, descrevendo um estado imaginário situado numa ilha, uma Inglaterra ideal, governada por uma assembleia eleita, responsável por evitar os desequilíbrios sociais e garantir a igualdade dos cidadãos. Já o utopista Tommasso Campanella, escritor da obra cidade do Sol (1602), acreditava que a sociedade deveria se basear na comunidade de bens e esposas e ser governada por sacerdotes e filósofos. Outro utopista, o francês Charles Fourier, estabeleceu normas e regulamentos construtivos que surpreendentemente viriam a ser adotadas pelo Urbanismo Modernista, como: Taxa de ocupação e zoneamento, Recuos laterais e de fundos, Gabarito e Densidade. 
Sendo a Inglaterra, o país onde se inicia a Revolução Industrial e consequentemente os primeiros inconvenientes em relação ao apinhamento das cidades, e lá que se criam as primeiras legislações sanitárias. Em 1848, a lei de 31/08/1848 institui o General Board of Health que cria o Local Board of Health, com várias atribuições de ordem higiênica, como: esgoto, limpeza urbana, regulamento de casas de aluguel, pavimentação e abastecimento de água. Os funcionários do Board of Health, passam então a ter livre acesso aos edifícios e terrenos para inspecionar, medir, nivelar, estabelecer os limites dos terrenos, etc. Entretanto, esses profissionais muitas vezes despreparados para a complexidade das tarefas do Urbanismo faziam mal uso dos instrumentos de Planejamento e acabavam sendo alvos de grupos de extrema direita que queriam o afrouxamento nas normas urbanísticas ou de grupos extremistas da esquerda que criticavam as estradas, os esquemas de tráfego, ampliações urbanas, etc.
Os higienistas surgem na mesma época em que as epidemias ocasionavam a morte de milhares de pessoas na Europa no século XIX. Estes pensadores acreditavam que os prédios podiam emitir odores fedorentos que seriam os provocadores das doenças e por esse motivo eram contra as construções contíguas, tipologia habitacional predominante nas cidades europeias. A autora seleciona as ideias do higienista Ildefonso Cerdá, citando seus conceitos sobre vento, ar e sol, que podem ser aproveitados até hoje para adaptação ao conforto ambiental das zonas tropicais, como o Brasil. 
Já as ideias de Marx e Engels passam a ser conhecidas em1848 com a obra “O Manifesto”, onde os mesmos denunciam a miséria do proletariado urbano nas cidades industriais inglesas, considerando que a problemática do alojamento (habitação) é apenas uma parte de um problema global e que somente uma revolução social seria capaz de resolver.
Por fim, a autora nos apresenta as ideias pragmáticas que surgem a partir do rompimento de Marx como o Urbanismo Utópico dos socialistas, dando margem ao cunho utilitário do Urbanismo técnico-científico, nos quais se inclui a reforma de Paris empreendida por Haussmann. Outro pensador que Dantas destaca é Ebenezer Howard, que através do seu livro “Cities of tomorrow” propõe uma combinação de propriedade coletiva da terra com uma produção agrícola e industrial de pequena escala, em uma cidade jardim de população máximo de 32.000 habitantes. Suas ideias conseguiram ser implantadas em três cidades inglesas. 
Capítulo 3: A utopia realizada – O Urbanismo Modernista
	Sem dúvidas, todas as transformações econômicas e sociais ocorridas durante o século XIX juntamente com a insatisfação popular, motivaram o aparecimento de uma ciência, que mais tarde, em 1910, passa a se chamar Urbanismo. A expansão urbana na época acontecia sem nenhum controle e onde se tentava criar normas e regulamentos para resolver os problemas decorrentes desse crescimento desordenado, ocorriam choques entre os interesses públicos e privados.
	Na cidade de Nova York, em 1879, acontece então um concurso para elaboração do projeto de uma casa-modelo que tivesse uma alta densidade de habitação. O projeto vencedor propôs um tipo de edifício (Dumbbell’s Apartaments) que correspondia ao máximo benefício do construtor em detrimento as demandas higiênicas. Seguindo esse exemplo, a cidade passa a ter quadras inteiras com esse tipo de edificação, sem nenhuma preocupação com sol, vento, orientação, etc.
	Estes acontecimentos chamaram a atenção dos arquitetos e urbanistas do mundo todo, que reunidos em Atenas em 1933, num Congresso Internacional de Arquitetura Moderna, elaboraram um documento denominado de Cartas de Atenas. Este documento continha os princípios básicos do Urbanismo Modernista e tinha como principal mentor o arquiteto suíço Le Corbusier.
	A carta de Atenas, consagrou as ideias da corrente urbanista do pensamento funcionalista estabelecendo o “zoning”, uma divisão da cidade em zonas separadas por atividades: habitar, trabalhar, circular e recrear, com o objetivo de proteger o uso residencial da presença nociva dos demais usos. Várias cidades ao redor do mundo passaram então a consolidar suas legislações e planos com base nas ideias do zoning. Dantas nos fornece uma lista dessas cidades, algumas inclusive, utilizando esse modelo antes mesmo da Carta de Atenas, como Franfurt, Chicago e Nova York. 
	No Brasil, o modelo de zoning teve seus primeiros seguidores já na década de 30 em São Paulo, com os brasileiros Prestes Maia e Anhala Melo, que concordavam que esse modelo era imprescindível para a organização da cidade. Em 1947, com a criação do Departamento de Urbanismo da cidade de São Paulo, Anhala Melo, aplica formalmente os planos baseados nas novas ideias do zoneamento. Já a cidade de Recife, com o decreto 374 de 1936, passa a adotar o zoning modernista através dos parâmetros de uso e ocupação do solo, dividindo a cidade em três zonas. 
Capítulo 4: O zoning na prática
	A partir da década de 30, os urbanistas estabeleceram que para as cidades crescerem de forma saudável, em lugar de favorecer o crescimento ao redor de um único centro, deveriam possibilitar o crescimento por agregação de novos núcleos, como se as cidades fossem compostas por pequenas comunidades autossuficientes. Dentro de cada um desses núcleos, o comércio deveria ser separado das residências e de outras atividades, como recomendado na Carta de Atenas. 
Entretanto, esse modelo de zoning acabou restringindo a construção de equipamentos de comércio e serviços em áreas necessárias para a cidade, incluindo escolas e hospitais, fazendo com que a escassez de terrenos tornasse esses empreendimentos muito mais caros. Dantas nos apresenta como exemplo a cidade de Recife, no estado de Pernambuco, que depois do decreto nº 374 não possibilitava a mixagem dos usos habitacionais e comerciais, a não ser onde essas tipologias eram consolidadas, como no centro principal. 
Segundo Dantas, ainda na cidade de Recife, o zoning não conseguia ser apreendido em sua plenitude, demonstrando ainda um apego a urbanística tradicional. A autora chama esse fato de “colcha de retalhos”, onde as normas novas baseavam-se em princípios velhos, mantendo intactas as normas velhas totalmente dissociadas da realidade. O controle das alturas das edificações pode ser citado como exemplo, onde os prédios comerciais no centro só podiam ter 12 metros de altura e os residenciais poderiam ter altura equivalente a uma vez e meia a largura da rua. 
Não se compreende, entretanto, o porquê aos prédios comerciais eram imputadas alturas mais baixas e com menor potencial construtivo, já que essas limitações só atingiam as construções mais ricas ou os empreendimentos empresariais. Estas restrições ao invés de pôr ordem na cidade, causavam dificuldades as empresas, rechaçavam empreendimentos e acabaram criando um desajuste entre o modelo de zoning e a dinâmica urbana. 
	Para resolver os casos omissos do zoning e não paralisar o desenvolvimento da cidade, em 1983 foi criada em Recife, uma Comissão Especial de Acompanhamento do Plano de Uso e Ocupação do Solo – CEAP, que dentre diversas atribuições, se encarregava de analisar e dar aprovação sobre a instalação de usos e atividades consideradas especiais. A autora cita então os estudos de Medina, um pesquisador que acompanhou a atuação dessa Comissão nas solicitações de pessoas físicas e jurídicas para as concessões de alvarás de localização durante um período de nove anos, de 1983 a 1992. As investigações de Medina mostraram que que as solicitações aumentaram de vinte para trezentos, no período de nove anos, e que a maioria se constituíam de pessoas jurídicas.	
	Através dos estudos de Medina e das opiniões de empresários e profissionais da área do Urbanismo, constatou-se que as normativas municipais de controle e uso do solo estão conseguindo prejudicar a economia no Brasil.
Capítulo 5: Evolução dos conceitos de regulamentos construtivos
	Além do conceito de zoning, o Urbanismo Modernista impôs o conceito de prédios separados uns dos outros para “evitar a tuberculose” e permitir que o verde penetrasse na cidade, o que resultou no estabelecimento dos regulamentos construtivos. Esses regulamentos geralmente restringem-se a uma área e a um aspecto de construção, e o conjunto desses regulamentos formam os códigos que tem caráter geral. No Brasil, as prefeituras criam os Códigos de Obras Municipais que visam satisfazer os requisitos de higiene e habitabilidade.
	Estes regulamentos construtivos sempre se preocuparam com a ocupação do lote e nunca com a ocupação da quadra, gerando dessa forma, um mal aproveitamento do terreno e causando um prejuízo na comodidade do prédio e da viabilidade dos empreendimentos. Um lote mal aproveitado se soma a vários outros de igual problema, ocasionando a cidade dispersa, onerando cada vez mais o custo de implantação das infraestruturas. 
	Outro ponto importante citado por Dantas é que os regulamentos construtivos manifestam total desprezo pelo “ideal de beleza”. Inclusive, encontram-se na Carta de Atenas, nos seus pontos de doutrina as bases do desprezo pela harmonia e forma, afirmando que o Urbanismo não pode mais estar subordinado às regras de um esteticismo gratuito. Com isso, na maioria das cidades, vemos regulamentos construtivos que impõem separações incompatíveis com o tamanho do lote, com uma total despreocupação com as questões arquitetônicas da quadra, gerando um quadro estético caótico na cidade. 
	Como forma de limitar o crescimento vertical exagerado e desordenado nas cidades de Nova York e Chicago, o arquiteto Ernest Flagg, em 1898, sugeriu quea planta básica dos edifícios abrangesse o tamanho da rua ou o total do lote, e as torres que desta se erguessem, ocupassem somente um quarto do tamanho total do local de construção. Esse regulamento construtivo passou a ser adotado e é chamado atualmente de Taxa de Ocupação. 
	Com a intenção de evitar a especulação com terrenos foram criados os Índices de aproveitamento (relação entre a área de construção e a área do terreno). Enquanto nos Estados Unidos, na cidade de Nova York, o índice de aproveitamento chegava a alcançar 10 a 18, na Europa esse mesmo índice chegava a no máximo 2. 
	Com o advento das novas tecnologias do concreto e do aço, as construções passaram a crescer verticalmente, possibilitando dessa forma o aumento da densidade populacional, mas impossibilitando a penetração do sol nas edificações. Por esse motivo, a Carta de Atenas, estabeleceu o afastamento, exigindo que cada moradia tivesse no mínimo duas horas diárias de exposição solar. 
	Para Dantas, analisando-se as legislações urbanas brasileiras, não se encontra nenhum motivo que justifique a adoção de regulamentos construtivos como recuos, taxas de ocupação, coeficiente de aproveitamento e gabaritos de altura, que muitas vezes inviabilizam a construção dentro do lote, provocando a falta de comodidade da construção e/ou mal aproveitamento do espaço urbano. Esses fatores fragmentam a cidade, desperdiçam recursos públicos e privados e inviabilizam a implantação de infraestruturas, prejudicando a qualidade de vida em vez de melhorá-la.
Capítulo 6: Evolução dos conceitos de densidade e gabarito
	Algumas legislações urbanas, determinam uma relação entre a altura dos edifícios e a largura da rua, estabelecendo uma equação na qual o gabarito aumenta conforme aumenta a largura da rua. Entretanto, isso demonstra uma má interpretação dos princípios do Urbanismo Moderno da Carta de Atenas, que propôs romper com a superposição de usos e se desvincular do limite de altura e da contiguidade das edificações, itens típicos da cidade clássica europeia, que possuíam no máximo seis pavimentos.
	A insistência nas legislações urbanas brasileiras em impor índices urbanísticos compatíveis com a cidade clássica da Europa, com alturas baixas de edificações, juntamente com os índices compatíveis com os da Carta de Atenas, tem gerado um urbanismo deturbado, onde há um descontrole total sobre a densidade urbana. 
	O higienista Ildefonso Cerdá, ao projetar a ampliação de Barcelona, em 1855, foi um dos primeiros urbanistas a se preocupar com a densidade ideal e seguiu as recomendações do francês Michel Levy, o qual pregava que, para viver em boas condições higiênicas dentro de uma cidade, era necessário um mínimo de 40m² por pessoa, ou seja, 250 habitantes/hectare.
	Novos materiais, como o concreto e aço, possibilitaram a construção de aranha-céus e o elevador viabilizou o funcionamento desses prédios. Antes de ser inventado, a altura dos edifícios era limitado a capacidade humana de subir escadas, com no máximo seis pavimentos. Em 1892, o templo maçônico desenhado por Daniel Burnham e John Root, tinha 32 andares e 90 metros de altura, sendo considerado o prédio mais alto do mundo, por muitos anos. 
	Enquanto na Europa as construções mais imponentes eram públicas, nos Estados Unidos, nas cidades de Chicago e Nova York os edifícios mais altos eram construídos por seus proprietários. Com esse aumento na verticalidade dos edifícios, passou-se a se ter uma preocupação com a escassez de regulamentos que poderiam permitir que o proprietário usurpasse a luz do seu vizinho e com os regulamentos mais severos que poderiam impedir o desenvolvimento comercial e provocar uma queda no valor da propriedade.
	A constatação de que só é possível chegar a altas densidades aumentando o gabarito das edificações é tão óbvia na Carta de Atenas, que em um dos capítulos há evidentes alusões de que, devido a incapacidade de se ultrapassar 6 pavimentos, havia capacidade também de ultrapassar a densidade de 300 habitantes por hectare.	
Capítulo 7: A importância da densidade
	Apesar da maioria dos urbanismos serem a favor de altas densidades urbanas, sobretudo por baratear a implantação de infraestruturas, há a ideia generalizada de que a alta qualidade de vida só possa ser alcançada com a baixa densidade. Alguns autores, entretanto, não concordam com essa ideia, como Mascaró, que chama a atenção para a necessidade de compatibilizar a altura das edificações com a densidade ideal, incluindo locais de áreas verde e equipamentos comunitários em proximidade. 
	Evidentemente, não se deve forçar um aumento na densidade construindo inúmeras casinhas individuas, próximas umas das outras, em lotes mínimos, como acontece em muitos locais no Brasil. Esse tipo de construção resulta em uma baixa qualidade de vida, com alta densidade populacional.
	Dada a importância da densidade, Dantas resume nesse capitulo as ideias de diversos autores, como: Carlos Nelson dos Santos, Jane Jacobs, John Palen, Célson Ferarri, Frank Lloyd,Lewis Muford, Le Corbusier e José Ressano Lamas. Todos defendem a alta densidade e admitem que baixas densidades trazem desvantagens como tamanho excessivo de áreas urbanas, aumento dos custos com transporte e diminuição dos contatos humanos. 
	Exemplificando as altas densidades ao redor do mundo, a autora nos apresenta os números de diversos países, inclusive do Brasil. Primeiramente, na França, em cidades como Estrasburgo, as densidades brutas oscilam entre 173 e 277 habitantes por hectare. Já na cidade de Londres, na Inglaterra, a densidade demográfica varia de 100 habitantes/ha para casas unifamiliares, até 420 habitantes/ha no caso de apartamentos com até 9 andares. Nos Estados Unidos temos os aranha-céus, que comportam o comércio e serviços da cidade, com uma densidade altíssima e um subúrbio de casas unifamiliares com baixa densidade. 
	No Brasil, tem-se uma densidade média global de 75 habitantes por hectare, número baixo comparado a outros países. O desconhecimento dos problemas relacionados à baixa densidade, ou a falsa ideia de que à alta densidade corresponde a uma baixa qualidade de vida, estimula a falta de políticas e legislações urbanas, gerando vários problemas econômicos e sociais. 
	O fato da densidade das cidades brasileiras estarem bem abaixo das cidades europeias se deve a inúmeros fatores, dentre eles: Do sistema de produção do espaço urbano, o loteamento, criado pela iniciativa privada, que acaba deixando vazios populacionais entre um e outro; Dos baixos coeficientes de utilização estipulados pelos planejadores, por temor que a ocupação possa superar a capacidade de suporte da infraestrutura; Da incapacidade de compatibilizar as normas de Plano de Uso do Solo da cidade com loteamentos consolidados; Dos regulamentos construtivos que são estabelecidos visando apensas questões de higiene, descuidando na comodidade, racionalidade e barateamento das construções e do Plano estabelecer um limite máximo de potencial construtivo para cada terreno e não determinar o limite inferior. 
	Tudo isso acaba gerando um círculo vicioso, onde não se aumenta o coeficiente de aproveitamento e a densidade, porque não se tem infraestrutura, e não se consegue colocar infraestruturas porque as densidades são muito baixas. 
Capítulo 8: As insatisfações com o Urbanismo Modernista e as críticas ao zoning
As principais críticas feitas atualmente ao Urbanismo Moderno, de modo geral ao modelo de zoning, atacam pontos como: a excessiva rigidez, que acaba dificultando a adaptação a processos de mudança; a desvantagem de misturar a cidade com o campo; a monotonia dos ambientes criados e a dificuldade das relações sociais, que prejudica a vida nas cidades. 
Arquitetos, urbanistas, economistas urbanos, sociólogos e diversos outros profissionais em todo o mundo vem criticando esse modelo através de publicações que focalizam seus aspectos negativos, não só no âmbito econômico, mas atingindo a vida pessoal. 
No Brasil, autores como Carlos Nelson do Santos, Cláudio Brandão Nina e AndréaHafez relataram casos onde o modelo não funcionou, como na cidade de São Paulo, onde uma escola de inglês precisou sair do imóvel onde estava locada por cinco anos, porque aquele local da cidade deixou de permitir a instalação de estabelecimentos de ensino de acordo com a Lei de Uso do Solo e Zoneamento da cidade.
Em contraposição, vem surgindo ao redor do mundo algumas alternativas ao zoning tradicional, como o space zoning, modelo criado nos Estados Unidos. Esse novo modelo de zoneamento é extremamente efetivo na permanente proteção de grandes áreas abertas, além de não requerer gastos para adquirir os direitos de desenvolvimento, não sacrifica terras aproveitáveis do empreendedor.
	As reações contrárias ao zoning no Brasil surgiram em Salvador, com a regularização de quatro mil empresas que funcionavam em fundo de quintais ou garagens de residências. Esta lei pôs em prática a superposição de usos comerciais e residenciais condenada pelo Urbanismo Modernista do Zoning. O projeto foi aprovado por unanimidade na câmera de vereadores de Salvador em 1994, permitindo o que antes era proibido, o uso simultâneo de funções.
	A cidade de Recife juntamente com Salvador foi uma das primeiras cidades brasileiras a romper com o modelo de separação de usos do zoning tradicional em 1995, aprovando sua própria lei de Regulamentação do Uso do Solo onde consistia na mistura dos usos em quatro áreas da cidade. Apesar do rompimento com a separação do uso, não houve grandes mudanças, exceto as relativas às tentativas de melhorar os aspectos estéticos, com a finalidade de romper a monotonia dos blocos. 
Capítulo 9: Do combate à especulação à criação de empregos
O período histórico posterior a Carta de Atenas, pode ser dividido em duas etapas. De 1949 a 1973, considerado o período de pleno emprego, a produção industrial mundial progrediu em um ritmo extraordinariamente rápido, onde os países industrializados conheceram o emprego pleno. O planejamento urbano nessa época consistia em gerir o crescimento especial das cidades, preservando o meio ambiente, distribuindo os custos entre os investidores públicos, agentes econômicos e as famílias.
No Brasil, o período foi marcado pela liderança de Juscelino Kubitschek, que em 1956, ao assumir a liderança do país, anunciou um dinâmico programa de governo, com as metas de alcançar em apenas cinco anos o progresso equivalente a cinquenta anos. Através desse programa, consolidou-se um grande desenvolvimento industrial no país com a implantação de uma poderosa indústria automobilística e a nação passou por uma fase de grande otimismo e confiança nas potencialidades do país.
A segunda fase, de 1974 em diante, é considerada o período do desemprego. No Brasil, o modelo de desenvolvimento econômico passa a enfrentar dificuldades com a volta da inflação e o PIB tem forte queda, permanecendo em níveis menor que 6%. O presidente do país nesta época, Ernesto Geisel, optou por não interromper o processo de consolidação da base industrial de substituição das importações, em setores considerados estratégicos, entretanto, a economia brasileira continuou se desenvolvendo em ritmo lento, insuficiente para atender as demandas de emprego.
Nos anos seguintes, esse cenário não mudou e muitos desses desempregados encontraram colocação no setor de serviços ou se juntaram ao contingente de desempregados, fato cada vez mais preocupante em nosso país. 
Conclusão
A cidade moderna, criada a partir da Revolução Industrial, carecia de princípios e normas urbanísticas que se generalizaram no mundo todo através da Carta de Atenas em 1933. Os ideais das diversas correntes de ação como tratadistas, higienistas, utopistas e tantas outras, propuseram soluções para os problemas enfrentados na época: Acabar com as doenças que eram causadas pela contiguidade das edificações e pela fata de sol; incluir a natureza na cidade; separar as residências das demais atividades perniciosas e ordenar o tráfego urbano através da hierarquia das vias.
	A legislação urbanística moderna da Carta de Atenas surgiu, portanto, a partir das demandas sociais diante da nova cidade industrial, que passava a ter uma nova lógica de produção e reprodução tanto para o capital produtivo como para a força de trabalho. A questão da produção da cidade capitalista tinha de incorporar os custos sociais de reprodução como habitação, transporte urbano e infraestrutura, como saneamento. No Brasil, a construção de Brasília apostava nessas ideias, na modificação e reestruturação da sociedade brasileira a partir desse novo espaço, tornando-a “mais igualitária, mais justa, mais confortável para os seus habitantes”.
	Embora os princípios do zoning e os regulamentos construtivos terem se generalizado no mundo todo, passando a ser adotado pela maioria dos urbanistas dos países ocidentais, no caso brasileiro, esse modelo de urbanismo não funciona, isso porque as questões socioeconômicas da população são completamente desconsideradas.
	Este estudo tornou evidente que no Brasil foi um equívoco a ruptura completa com o modelo urbanístico da cidade clássica para a adoção do Urbanismo Modernista proposto na Carta de Atenas. Ambicionando modernizar as suas cidades, os planos diretores insistiram na separação dos usos em zonas residenciais, comerciais, áreas de lazer e etc., em total desconformidade com a realidade dos espaços urbanos nacionais, especialmente os de extração popular. Por outro lado, para as populações pobres, a realidade das ocupações irregulares, sem acesso a projetos executivos e, por isso, sem alvarás, em desconformidade com as leis urbanas, lançou-os, do ponto de vista institucional, na “informalidade” definitiva. 
Brandão (2014) em seu trabalho, nos mostra como é curioso observar que as favelas, os loteamentos clandestinos, as invasões de áreas ociosas e outros assentamentos das cidades, que foram as “soluções” encontradas pelos pobres para nela viverem (relativamente próximos dos locais de trabalho e dos serviços urbanos), são transformados em problemas para a municipalidade, porque não conferem com a cidade ideal almejada. Questiona-se então, qual o urbanismo adequado para esta cidade moderna, principalmente nas cidades dos países em desenvolvimento?
Passaram-se quase 87 anos desde a elaboração da Carta de Atenas, muitos fenômenos novos emergiram durante esse tempo e exigem uma revisão da carta que a complemente com um documento a ser analisado interdisciplinarmente em uma discussão internacional que inclua intelectuais e profissionais, institutos de pesquisas e universidades de todos os países.
A mescla de usos no setor urbano seria o ideal, pois tornaria os espaços coletivos mais atrativos e seguros. Um bairro, por exemplo, que ofereça à população diversidade de comércio, bares, restaurantes e lazer irá gerar um trafego maior de pessoas, tornando lugares sem atrativos, próprios locais de passagem mais vivos e seguros. Ao privilegiar a separação dos usos dos espaços, esse urbanismo ignora a indispensável interação entre eles, arrancando a vitalidade dos espaços misturados para propô-los homogêneos e monótonos
Finalizando, a autora nos fornece neste livro um texto bastante explicativo e bem fundamentado, seja em relação a excelente quantidade de informação trazida, ou quanto a plausível linha temporal criada. Fato é que o texto traça um roteiro muito nítido dos acontecimentos, recheado de informações pertinentes sobre autores e suas obras, isso tudo sem tornar-se tedioso. 
É, portanto, um guia excelente para estudantes, arquitetos, engenheiros e professores de Arquitetura e Urbanismo e aos demais responsáveis das cidades: planejadores, políticos, legisladores e aqueles que estão submetidos à legislação urbana, como proprietários, empresários e construtores.	
Daniela Kunz, Engenheira civil e Discente do curso de Pós-graduação em Engenharia Urbana da Universidade Estadual de Maringá.
REFERÊNCIAS
BRANDÃO, L. Da cidade moderna às contemporâneas: notas para uma crítica do urbanismo modernista. Revista Territórios &Fronteiras, Cuiabá, vol. 7, n. 1, jan.-jun., 2014. Disponível em: <http://www.ppghis.com/territorios&fronteiras/index.php/v03n02/article/view /316/206>. Acesso em: 08 mar. 2020.
DANTAS, Maria G. A. Planejamento Urbano & Zoning: flexibilidade do modelo de zoning para a competitividade das cidades. João Pessoa: UFPB, 2003. 255 p.

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