Buscar

TDAH - APOIANDO PAIS E ESCOLAS 2019 (1)

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRANSTORNO DO 
DÉFICIT DE ATENÇÃO/ 
HIPERATIVIDADE 
 
 
 
Apoiando Escolas e Famílias 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Moira 
Sampaio 
Rocha 
Terapeuta 
Ocupacional 
 
37991318627 
37998467087 
 
 
2 
 
 
TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E 
HIPERATIVIDADE 
 
APOIANDO ESCOLAS E FAMÍLIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
MG - 2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Sumário 
Parte I – Compreendendo o TDAH ................................................................................ 04 
Parte II – Curso clínico do TDAH ................................................................................... 31 
Parte III – Pais: assumindo responsabilidades .............................................................. 38 
Parte IV – Os critérios diagnósticos ............................................................................. 45 
Parte V – Como o TDAH se apresenta: os predomínios clínicos .................................. 51 
Parte VI – O TDAH na infância ...................................................................................... 66 
Parte VII – Comorbidades e distúrbios correlatos ao TDAH ......................................... 73 
Parte VIII – Lidando com o diagnóstico de TDAH ........................................................ 79 
Parte IX – Princípios para educação de crianças e adolescentes com TDAH ............. 82 
Parte X – Pais: como cuidar de si próprios .................................................................... 88 
Parte XI – Conduzindo a vida com TDAH .................................................................... 91 
Parte XII – TDAH e adolescência ................................................................................ 116 
Parte XIII – Rumo a escola com o pé direito ................................................................ 121 
Parte XIV – TDAH em mulheres ................................................................................... 172 
Parte XV – TDAH em adultos ....................................................................................... 179 
Parte XVI – Escalas para avaliação em crianças e adolescentes ............................... 210 
Parte XVII – Triagens para rastreio do TDAH ............................................................... 218 
Parte XVIII – Textos complementares .......................................................................... 229 
Referências Bibliográficas ............................................................................................ 240 
4 
 
 
 
 
PARTE I – COMPREENDENDO O TRANSTORNO 
DO DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE 
 
 
5 
 
 
CONCEITO E PANORAMA GERAL SOBRE O TDA/H 
 
 
 
O Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade – TDA/H – se constitui em um 
transtorno neurobiológico de predisposição genética não hereditária. Atualmente, é um 
dos transtornos, ligados às dificuldades de aprendizagem, mais estudados pelo meio 
científico. 
Crianças e adolescentes inquietos, desorganizados, desatentos, com dificuldades em 
iniciar e em finalizar suas tarefas escolares e domésticas, brigam constantemente com 
amigos e irmãos, desafiam os pais e têm imensas dificuldades em obedecer a regras e 
atender aos limites de convívio social. Alguns se envolvem em graves acidentes e em 
brincadeiras onde as consequências não são previamente pensadas. Outras crianças e 
adolescentes são excessivamente tímidas, sonhadoras e caladas chegando a passarem 
despercebidas por professores em suas dificuldades de aprendizagem. 
Em casa, a dinâmica familiar se torna agitada, os atritos entre os pais são mais 
acentuados em função das dificuldades em se educar este tipo de criança/adolescente. O 
quarto é geralmente muito bagunçado, a perda de objetos e materiais escolares é 
frequente, as brigas entre irmãos são exacerbadas, os limites são pouco atendidos e 
desafiar aos pais é algo comum. 
O diagnóstico do TDA/H é multidisciplinar e exige profissionais habilitados e experientes 
no assunto. Este transtorno atinge hoje cerca de 3% a 5% das crianças em idade escolar 
segundo estudos publicados em 2010 pela ABDA – Associação Brasileira do Déficit de 
Atenção. 
 
6 
 
“O TDA/H é modernamente considerado como um transtorno do 
neurodesenvolvimento que acomete as funções executivas (atributos do córtex 
pré-frontal e suas conexões) responsáveis pela manutenção da atenção, 
planejamento e controle motor e de impulsos, modulação do afeto e monitorização 
do próprio comportamento. As funções executivas compreendem os processos 
responsáveis por focalizar, regular, gerenciar e integrar todas as funções 
cognitivas, emoções e comportamentos, visando tanto à realização de tarefas 
como a solução ativa de problemas novos.” 
(Boaisk, 2007, p.28). 
Os danos provocados pelo TDAH atingem não apenas o convívio social como também a 
aprendizagem acadêmica sendo hoje considerado fator importante que pode levar à 
repetência e abandono escolar. Pessoas com TDA/H não são facilmente motivadas e 
evitam tarefas que requerem esforço mental prolongado e concentrado, no entanto 
quando diante de tarefas que lhes provocam paixão extremada exibem alto nível de 
concentração e uma aprendizagem absolutamente normal. 
Nas pessoas com TDAH ocorrem problemas no funcionamento de certas áreas do 
cérebro que comandam o comportamento inibitório (freio), a capacidade de executar 
tarefas de planejamento, a memória de trabalho (entre outras funções), determinando 
que o indivíduo apresente sintomas de desatenção, agitação (hiperatividade) e 
impulsividade. 
Não se trata apenas de uma questão de estar desatento ou hiperativo. Não se trata 
apenas de um estado temporário que será superado, de uma fase normal da infância. 
Não é causado por falta de disciplina ou controle parental, assim como não é sinal de 
algum tipo de maldade da criança. 
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade altera drasticamente a vida familiar. 
Há mais tensão e mais discussão. A competição entre irmãos é terrível e interminável. O 
barulho é constante. A hora do jantar nem sempre é divertida e comer fora pode se tornar 
algo impraticável. Conflitos matrimoniais são seriamente exacerbados, divórcio e 
separações são comuns. 
7 
 
Os pais sentem-se desencorajados e deprimidos; os irmãos sentem-se constrangidos, 
negligenciados e enraivecidos. 
Todos os membros da família são afetados. Mas a primeira pessoa seriamente afetada é 
a mãe! Ela aprende, desde muito cedo, que paciência requer muita prática. 
Não há nenhum sinal exterior, nas crianças com TDA/H, de que algo esteja fisicamente 
errado com o sistema nervoso central ou com seu cérebro. 
Não existe nenhum teste médico para qualquer doença ou dano cerebral ligado ao 
TDA/H. 
Todas as culturas e grupos étnicos possuem crianças com TDA/H. 
Estudos indicam que menos da metade das crianças com TDA/H são diagnosticadas ou 
propriamente tratadas e que aproximadamente 1/6 são tratadas com medicamentos. 
O TDA/H não é apenas a hiperatividade ou distração do momento ou incapacidade de 
conseguir realizar o trabalho diário, mas um relativo enfraquecimento na maneira como o 
comportamento é organizado e dirigido rumo ao mundo do amanhã. 
A criança com TDA/H tem o controle inibitório pobre, tem dificuldade em manter a 
atenção e finalizar o que inicia. 
Pais e professores frequentemente descrevem as crianças com TDA/H das seguintes 
maneiras: 
 “Meu filho parece não ouvir!” 
 “Minha criança não termina tarefas que lhe são designadas!” 
 “Meu filho sonha acordado!” 
 “Minha filha perde coisas com frequência!” 
 “Minha criança não consegue se concentrar e se distrai com frequência!” 
 “Meu filho não consegue trabalhar de forma independente sem supervisão!” 
8 
 
 “Minha filha requer mais direcionamento!” 
 “Ele muda de uma atividade incompleta para outra!” “Ela é frequentemente confusa ou parece estar num nevoeiro!” 
Tudo isso se refere a problemas relacionados à atenção e concentração. O TDA/H é 
estudado e percebe-se uma dificuldade significativa com o prestar atenção, em dividir 
a atenção ou persistência de esforço. Pessoas com TDA/H têm problemas para fixar a 
atenção em coisas por mais tempo que outras. Elas lutam, às vezes com tenacidade, 
para manter sua atenção em atividades mais longas que as usuais, especialmente 
aquelas mais maçantes, repetitivas ou tediosas. Tarefas escolares desinteressantes, 
atividades domésticas extensas, e palestras longas são problemáticas, assim como 
leituras extensas sobre assuntos desinteressantes , prestar atenção a explicações 
sobre assuntos desinteressantes e finalizar projetos extensos. 
Crianças com TDA/H irão ficar atrás de outras, na capacidade de atenção, algo em 
torno de 30% ou mais. Isso significa que uma criança de 10 anos com TDA/H, por 
exemplo, pode ter um período de atenção equivalente ao de outra de 7 anos de idade 
sem o TDA/H. Isso irá exigir que outros participem, auxiliando a guiar, supervisionar e 
estruturar seu trabalho e seu comportamento. 
Interessantemente, pesquisas mostram que crianças com TDA/H não têm problemas 
para filtrar informações – distinguir o importante do irrelevante naquilo que são 
solicitadas a fazer. 
Crianças com TDA/H provavelmente se sentem chateadas ou perdem o interesse por 
seu trabalho mais rapidamente que crianças sem TDA/H. Isso as leva a buscar 
intencionalmente algo a mais para fazer. Algo que seja mais divertido, interessante, 
estimulante e ativo. São procuradoras de estímulos. 
Crianças com TDA/H parecem atraídas pelos aspectos mais recompensadores, 
divertidos e reforçativos em qualquer situação. 
9 
 
Crianças com TDA/H têm claras dificuldades em adiar gratificações. Preferem 
gratificações menores, mais simples e mais imediatas em vez de optarem por 
gratificações maiores e mais relevantes em longo prazo. 
Reduzir a estimulação torna as crianças com TDA/H mais agitadas e menos atentas. 
Adicionar cores aos trabalhos de crianças e adolescentes com TDA/H reduz seus 
erros durante trabalhos. Deveríamos, então, tentar especificamente aumentar as 
inovações, a estimulação ou a diversão nas tarefas solicitadas às pessoas com 
TDA/H. Deveríamos especificar também que certas recompensas ou consequências 
desejáveis podem ser conquistadas imediatamente caso a atividade seja completada, 
em vez de serem adiadas. Poderíamos também dividir a atividade em pequenos 
segmentos, permitindo que a criança com TDA/H faça pausas mais frequentes 
enquanto trabalha. 
 
A dificuldade para controlar impulsos 
Pais e professores descrevem, geralmente, crianças com TDA/H como respondendo à 
perguntas sem pensar, antes mesmo que as questões tenham sido finalizadas e 
querendo que seus desejos se realizem de uma hora para outra. 
Crianças com TDA/H têm muitos problemas em esperar pelas coisas. 
Revezar-se em jogos, prepara-se para o almoço ou para o recreio na escola, ou 
apenas esperar até que alguma atividade ( missa, por exemplo) termine, pode torná-
las impacientes e irritadas. 
Um problema importante observado no TDA/H é a diminuição da capacidade de 
inibição do comportamento ou do controle de impulsos. Crianças com TDA/H 
apresentam problemas consideráveis para conter suas respostas frente a uma 
situação e para pensar antes de agir. São excessivas e falam alto e com frequência 
monopolizam as conversações. 
10 
 
Os profissionais percebem que as crianças com TDA/H, geralmente, fazem 
comentários sem pensar e sem levantar a mão em sala de aula e iniciam tarefas ou 
testes sem ler as instruções com devido cuidado. Elas são descritas, frequentemente, 
com pessoas que não sabem dividir o que têm com os outros e que tomam posse de 
coisas que desejam e que não lhes pertencem. 
Correndo muitos riscos 
 A impulsividade observada no TDA/H pode também ser diagnosticada pela grande 
quantidade de riscos corridos. Falhar em considerar antecipadamente as 
consequências danosas que podem resultar de uma ação pode explicar porque 
pessoas com TDA/H – em particular crianças com TDA/H, algumas delas também 
opositivas – são propensas a mais acidentes que outras. Elas simplesmente não 
pensam nas prováveis consequências. 
 1988 – Pete Jensen – Medical College of Georgia – “Crianças com TDA/H são 
aproximadamente duas vezes mais propensas a apresentar traumas 
requerendo suturas, hospitalização ou grandes e dolorosos procedimentos” 
 Russel Barkeley – Univesity of Massachusets Medical School – “Adolescentes 
e adultos com TDA/H se evolvem 4 vezes mais em acidentes de carro e 
apresentam 7 vezes mais probabilidade de se envolver com duas ou mais 
colisões de carro do que jovens e adultos sem TDA/H” 
 “Jovens com TDA/H têm 4 vezes mais probabilidades de causar acidentes e 
são 2 vezes mais propensos a receber multas de transito e recebem 4 vezes 
mais multas em média em 2 anos de experiência como motoristas com carteira 
de habilitação: excesso de velocidade e não respeitar a sinalização de transito. 
 “Maior probabilidade de correr riscos ingerindo bebidas alcoólicas, fumando 
cigarros e usando drogas ilegais”. 
 
 
11 
 
Problemas para controlar dinheiro 
A impulsividade diminui o controle sobre o dinheiro e sobre o cartão de crédito. Compram 
o que veem e desejam sem pensar se têm condições de adquirir no momento. 
Pensamento Impulsivo 
A impulsividade não está limitada às ações, pois também afeta o pensamento. Há um 
maior número de pensamentos não ligados à tarefa. Isso é uma evidência clara de que 
aqueles com TDA/H acham mais difícil concentrar-se em seu trabalho e inibir 
pensamentos que não se relacionam à tarefa em mãos. 
Comportamento Excessivo 
Irrequieto, sempre em pé, sempre em movimento, age como se fosse movido por um 
motor, está constantemente escalando tudo, não consegue ficar sentado quieto, fala 
demais, geralmente produz zumbidos ou sons estranhos. Estas são as descrições 
familiares! 
Elas definem o movimento excessivo ou a hiperatividade, que é a terceira característica 
do TDA/H. 
Esta característica pode aparecer como inquietação, impaciência, ritmo desnecessário ou 
outros movimentos e também como conversa excessiva. É um comportamento difícil de 
ignorar. Os pais que veem seus filhos trocando de assento, batendo as mãos ou os pés, 
brincando com os objetos próximos e ritmando e tornando-se impacientes e frustrados, 
durante os períodos de espera, sabem que tal comportamento não é normal. Os 
professores que também observam tais comportamentos em sala de aula, sabem que 
esse comportamento não é típico da maioria das crianças. 
Pesquisas indicam que os meninos com TDA/H são significativamente mais ativos que os 
meninos sem TDA/H a despeito da hora do dia, incluindo finais de semana e enquanto 
dormiam. As maiores diferenças ocorreram em ambientes escolares. 
12 
 
Crianças com TDA/H têm maiores dificuldades em sair de uma atividade com maior 
movimento para uma atividade mais calma. 
Crianças com TDA/H falam aproximadamente 20% a mais do que as crianças sem 
TDA/H. 
 
A Hiperresponsividade 
 
Elas são muito mais propensas a responder às coisas a seu redor em qualquer situação, 
quando comparadas a crianças sem TDA/H da mesma idade. Seu comportamento ocorre 
de forma rápida, vigorosa e facilmente liberado em situações em que outras crianças se 
tornariam mais inibidas. Seu nível maior de atividade realmente parece em grande parte, 
derivado de sua maior taxa de comportamento desinibido em resposta frente a uma dada 
situação. 
Isso significa que a hiperatividade e a impulsividade observadas em crianças com TDA/H 
são parte do mesmo problema subjacente – um problema com a inibição de 
comportamento. 
O que as pessoas com TDA/H enfrentam é que além de desviarem sua atenção mais que 
outras pessoas sem TDA/H, elas têm umtrabalho maior para retornar a atenção à tarefa 
que estavam fazendo antes de sua atenção ser desviada. Elas têm dificuldade em inibir 
respostas frente às coisas ao seu redor. Portanto, elas desviam a atenção mais do que 
os outros e não conseguem resistir à tentação de abandonar uma tarefa desinteressante 
em torça de algo mais interessante e também mais estimulante. 
 
 
 
13 
 
Dificuldade em seguir instruções 
 
As instruções têm pouco impacto sobre o comportamento de crianças com TDA/H. Elas 
sofrem completamente de uma incapacidade em seguir completamente as instruções e 
aderir às regras se comparadas a outras crianças de sua idade. O comportamento guiado 
por regras é falho nestas crianças. 
O resultado dessa desatenção é que outras pessoas têm sempre que lembrar às 
crianças com TDA/H o que elas devem fazer. 
A impressão geral em relação aos outros, na melhor das hipóteses, é a de que a pessoas 
com TDA/H é imatura e não tem autodisciplina e organização ou pior, pode dar a parecer 
que a pessoa com TDA/H é intencionalmente preguiçosa, desmotivada e indiferente ou 
está tentando evitar suas responsabilidades. 
 
Fazendo um trabalho inconsistente 
Em alguns casos ou em determinadas vezes, essas crianças parecem ser capazes de 
completar o trabalho estabelecido, facilmente, sem ajuda. Outras vezes, ou em outros 
dias, elas não conseguem terminar nada ou completam muito pouco de seu trabalho e 
podem até não fazer muito, mesmo que sejam supervisionadas de perto. 
O problema aqui não é o fato de elas não poderem fazer o trabalho, mas elas não podem 
manter um padrão consistente de produtividade de trabalho como as outras. 
Crianças com TDA/H parecem não aprender com os erros passados. 
Apresentam menos discurso interiorizado ou privado. Psicólogos denominaram a 
habilidade de usar a linguagem para controlar o comportamento de: comportamento 
guiado por regras. A pessoa com TDA/H é constantemente controlada pela promessa do 
que lhe parece mais recompensador no momento. 
14 
 
Em algumas circunstâncias o TDA/H pode ter vantagens sobre as pessoas guiadas por 
regras por não ter medo de quebrar regras e criar. A criatividade é uma das maiores 
características das pessoas com TDA/H. 
Crianças com TDA/H são mais emocionais, por não inibirem suas primeiras reações face 
a uma situação, não se dão tempo para separa sentimentos de fatos. 
Existe outro lado, entretanto: aqueles com TDA/H serão demasiadamente passionais e 
emocionais em suas ações. Podendo fazer o que fazem com muito mais sucesso do que 
outras pessoas nas artes performáticas (música, artes cênicas) ou nas humanidades 
(escrever poesias ou ficção), nas quais a expressão emocional é uma vantagem. Nas 
áreas em que é desejável convicção apaixonada como em negociações e vendas a, 
pessoas com TDA/H podem brilhar! 
Crianças com TDA/H têm problemas com automotivação. Elas não podem criar 
motivação individual, interna ou intrínseca tão bem como os outros e por esse motivo, 
não podem persistir em atividades, planos, objetivos ou instruções tão bem quanto os 
outros quando existe somente um pequeno incentivo ou motivação no ambiente ou em 
uma tarefa para ajudá-los a se manter motivados. Quanto mais enfadonha e não 
recompensadora uma tarefa, mais duro será para eles conseguirem o que as crianças 
normais fazem: criar a própria motivação para que permaneçam envolvidas na tarefa. 
Elas precisam de fontes externas de motivação! 
 
Fragmentando e Recombinando a Informação 
 
Com essa habilidade mental, podemos inicialmente decompor e analisar mensagens e 
informações que recebemos da mesma forma que podemos analisar gramaticalmente 
uma sentença. Secundariamente, podemos recombinar essas partes em um número 
praticamente infinito de formas e então escolher a mensagem de saída ou 
comportamento que poderia ser o mais adaptativo ou de melhor êxito naquele momento. 
15 
 
Essa habilidade nos dá incríveis poderes de resolver problemas, imaginação e 
criatividade. 
Se o TDA/H envolve um déficit na habilidade de inibir o comportamento e esperar antes 
de responder, então aqueles com TDA/H não devem ser tão bons nesse processo. 
Outros estudos apontam que crianças com TDA/H não avaliam ou exploram objetos tão 
bem quanto às outras crianças da mesma idade. 
Desenvolvimento da Inibição 
Não possuímos o incrível poder de inibir nosso comportamento logo que nascemos ou 
durante o início do desenvolvimento. Estudos com crianças indicam que ele começa a se 
desenvolver ao fim do primeiro ano de vida e continua pelos próximos 20 a 30 anos. 
Idade de surgimento Habilidades Mentais 
1 ano Inibir e retardar respostas 
2 – 4 anos Prolongar a imagem mental de um 
evento 
2 – 4 anos Desenvolver autoconsciência 
2 – 4 anos Desenvolver um senso de passado 
2 – 4 anos Desenvolver um senso de tempo 
2 – 4 anos Desenvolver a imaginação 
2 – 4 anos Desenvolver um senso de futuro 
(prevenção) 
2 – 4 anos Trocar mensagens com os outros sobre 
o futuro 
16 
 
2 – 4 anos Inibir emoções 
2 – 4 anos Separar sentimentos de fatos 
2 – 4 anos Desenvolver uma perspectiva social 
2 – 4 anos Desenvolver a objetividade 
2 – 4 anos Regular emoções para cumprir objetivos 
2 – 4 anos Criar motivação para cumprir objetivos 
3 – 5 anos Internalizar a linguagem 
3 – 5anos Seguir regras dadas por outros 
3 – 5 anos Seguir regras próprias 
3 – 5 anos Criar regras próprias 
3 – 5 anos Trocar regras com os outros 
3 – 5 anos Diminuir o controle de comportamento 
através dos eventos do momento 
3 – 5 anos Aumentar o controle de comportamento 
pelo senso de futuro 
3 – 5 anos Organizar o comportamento direcionado 
ao futuro 
7 – 12 anos Tomar o mundo como separado de 
nossa mente 
7 – 12 anos Recombinar as partes de novas ideias 
7 – 12 anos Desenvolver a criatividade 
17 
 
 
A Conexão Neurológica 
 
A habilidade de inibir nosso comportamento é controlada por toda uma porção do nosso 
cérebro, numa área conhecida como córtex frontal. 
Essa área é menos ativa em pessoas com TDA/H. É a porção frontal do cérebro que nos 
dá poderes para o autocontrole e a capacidade de direcionar nosso comportamento para 
o futuro. O TDA/H envolve problemas do desenvolvimento e funcionamento da área 
frontal do cérebro. 
Aqueles com TDA/H são menos sensíveis às consequências de suas ações, pois têm 
problemas ao conectar consequências com seus próprios comportamentos devido ao 
atraso do tempo entre o comportamento e a consequência. 
Isto significa que, para ajudar as pessoas com TDA/H, devemos torná-los mais 
responsáveis e não menos. Devemos planejar consequências mais imediatas, mais 
frequentes e mais salientes do que normalmente fazemos em qualquer situação. 
 
O que causa o TDA/H? 
 
A maioria das crianças com TDA/H não apresenta evidência nenhuma de lesão cerebral. 
Métodos científicos têm sugerido que o TDA/H seja o resultado de anormalidades no 
desenvolvimento do cérebro e que essas anormalidades estejam relacionadas mais a 
fatores genéticos do que ambientais. 
A região frontal do córtex (região fronto-orbital) é uma das mais desenvolvidas nos seres 
humanos se comparada a de outros animais, e acredita-se que seja a responsável pela 
18 
 
inibição do comportamento, pela manutenção da atenção, pelo emprego do autocontrole 
e pelo planejamento para o futuro. 
Alguns cientistas sugeriram que alguns neurotransmissores se encontram diminuídos em 
pessoas com TDA/H. 
A atividade elétrica do cérebro de crianças com TDA/H é menor que a observada em 
crianças sem TDA/H particularmente sobre a área frontal. 
Suas respostas refletiram um padrão menos maduro de atividades elétricas no cérebro. 
Administrando-se medicamentos estimulantes à criança com TDA/H, tais diferenças eram 
reduzidas. 
Quanto mais ativas as regiões cerebrais, mais sangue é necessário. Crianças com 
TDA/H apresentam menor fluxo sanguíneo na região frontal do cérebro particularmenteno núcleo caudado – estrutura importante na conexão das regiões frontais do cérebro e 
estruturas medianas conhecidas como Sistema Límbico. O núcleo caudado é constituído 
por inúmeros feixes de fibras nervosas, região conhecida como Corpo Estriado. Esta 
região é importante na inibição do comportamento e na manutenção da atenção. 
O Sistema Límbico ao qual está conectada é responsável por diversas atividades 
humanas dentre as principais estão o controle das emoções, a motivação e a memória. 
Através dessas conexões e pontes, o Sistema Límbico – na região mediana do cérebro – 
envia sinais à região frontal, que envia seus próprios sinais de volta, para baixo do 
Sistema Límbico como forma de regular e controlar o comportamento e a emoção. 
Quando foram administradas medicações estimulantes semelhantes às usadas para 
tratar o TDA/H, o fluxo sanguíneo dessas áreas de baixa atividade sofreu aumento 
próximo aos níveis normais. 
Há um exame chamado PET SCAN – tomografia por emissão de pósitrons. Nesse 
procedimento, injeta-se na corrente sanguínea, glicose radioativa, o açúcar usado como 
combustível pelas células nervosas de nosso cérebro. Um aparelho de PET SCAN faz 
fotografias do cérebro na medida em que ele utiliza a glicose. Adultos com TDA/H 
19 
 
apresentavam menor atividade cerebral particularmente na área frontal. O baixo nível de 
atividade foi temporariamente reduzido quando esses adultos tomaram drogas 
estimulantes similares às usadas para tratar crianças com TDA/H. 
Esse mesmo estudo feito com adolescentes com TDA/H verificou redução da atividade 
do lobo frontal mais do lado esquerdo do que do direito. 
Lembre-se: a área do cérebro que não é ativa como deveria é a porção que inibe o 
comportamento, retarda respostas a situações e auxilia na manutenção da inibição (e 
consequentemente da atenção) por longos períodos de tempo. Quanto menos ativos 
esse centros inibitórios, mais ativo e menos inibido será o comportamento de uma 
criança. 
 
A estrutura do cérebro 
 
Estudos recentes apontam que a região frontal direita, diversas estruturas do gânglio 
basal (o estriado e o globo pálido) e certas regiões do lado direito do cerebelo eram 
significativamente menores em crianças com TDA/H. 
O Núcleo Caudado é levemente maior do lado direito do que no esquerdo particularmente 
nos meninos. 
Corpo caloso menor. O corpo caloso é um grande feixe de fibras nervosas que conectam 
os hemisférios cerebrais permitindo que os dois se comuniquem. 
Outros estudos apontaram redução de atividade significativa na região frontal direita 
durante tarefas que necessitam de inibição. 
Todos estes estudos levaram à conclusão de que o TDA/H surge provavelmente a partir 
dessas regiões cerebrais menores e menos ativas: córtex direito pré-frontal, gânglio basal 
e cerebelo direito. 
20 
 
Outras causas: 
 
Agentes do meio ambiente: 
 Substâncias consumidas durante a gestação: 
1- Nicotina de fumo de cigarro consumida durante a gestação se mostrou como 
causa significativa de anormalidades de desenvolvimento no núcleo caudado 
e regiões frontais do cérebro de crianças. Assim, algumas evidências 
científicas sugerem que a exposição ao fumo de cigarro se relaciona a um 
maior risco de problemas de comportamento semelhantes àqueles de pessoas 
com TDA/H. 
2- Pesquisas indicam que crianças nascidas de mães alcoolistas têm maiores 
probabilidades de apresentarem problemas de comportamento como 
hiperatividade e falta de atenção e mesmo TDA/H clínico. 
Obs: Tenha em mente, entretanto, que todos esses estudos proporcionam 
meramente evidências de associação entre tais substâncias e o TDA/H e 
associações podem ser enganosas. 
Conclusão: as mães aumentam o risco de seu filho ter TDA/H pelo hábito de fumar e 
pelo consumo de bebidas alcoólicas durante a gestação e esse risco pode ser ainda 
maior se a mãe tiver TDA/H. 
3- Exposição ao chumbo: evidências específicas de que níveis altos de chumbo 
no organismo de crianças jovens podem estar associados a maior risco de 
comportamento hiperativo e desatenção. Especialmente quando a exposição 
ao chumbo ocorrer entre os 12 e os 36 meses de idade. 
4- Hereditariedade e TDA/H 
Familiares biológicos de uma criança com TDA/H apresentavam problemas 
psicológicos dos mais diversificados – particularmente depressão, alcoolismo, 
21 
 
transtornos de conduta ou comportamento antissocial e hiperatividade – do que 
familiares de crianças sem TDA/H 
 Mais de 25% dos parentes de 1º grau das famílias de crianças com TDA/h 
também apresentavam TDA/H. 
 Se um gêmeo apresenta TDA/H as chances de outro apresentar são de 
80% a 90%. 
 Em um estudo da Universidade do Colorado foi verificado que quando um 
dos gêmeos idênticos tem TDA/H 79% dos irmãos gêmeos idênticos 
também apresentavam TDA/H. 
 
 
O TDA/H seria simplesmente uma forma extrema de um traço humano normal? 
 
A explicação genética do TDA/H tem uma importante implicação que pode ser facilmente 
negligenciada: O TDA/H pode representar simplesmente uma forma extrema de um traço 
humano, e não uma condição patológica em muitos casos. O TDA/H parece mais 
determinado pela genética do que por fatores ambientais. Sabendo disso, o TDA/H deve 
ser encarado da mesma forma que nosso peso, altura, inteligência, habilidade de leitura, 
citando apenas alguns dos inúmeros traços (não todos) geneticamente determinados. O 
traço de inibição do comportamento ou autocontrole representa uma dimensão de um 
continuum das habilidades humanas e varia de acordo com o quanto de nós herdamos, 
com o quanto diferenciamos em peso, altura, inteligência ou habilidade de leitura. Todo 
traço considerado “anormal’ é, simplesmente o reflexo de uma linha muito tênue no 
continuum”. Infelizmente, quando enquadramos indivíduos na extremidade inferior ou 
final desse continuum devido a um determinado traço, estamos rotulando-os como 
portadores de um transtorno. 
22 
 
Todos nós apresentamos certo grau desse traço de TDA/H e aqueles diagnosticados 
como tendo TDA/H simplesmente representam o extremo. 
Entender que o TDA/H é apenas uma forma extrema de um traço que todos possuímos e 
algo pelo qual as pessoas “passam naturalmente” ajudaria a todos a encarar o TDA/h 
numa perspectiva mais bondosa. 
 
Os Mitos: o que não causa TDA/H 
 
 Não é algo que eles comem: açúcar não causa TDA/H, terapia de megavitaminose 
(B3, C, piridoxina) não reduz o TDA/H, aumentar a ingestão de minerais não reduz 
o TDA/H. 
 Hormônios não têm relação com o TDA/H: não houve nenhuma confirmação de 
alguma relação entre deficiência dos hormônios da tireóide e hiperatividade ou 
TDA/H. Nenhum outro hormônio se mostrou relacionado ao TDA/H. 
 Enjoo e TDA/H: o Sistema Vestibular não aprece estar envolvido de nenhuma 
forma com o controle do impulso, na medida da atenção ou na regulação ou nível 
de atividade. 
 Fungos: não há relação entre a sensibilidade aos fungos e o TDA/H. 
 Má condução da paternidade/maternidade ou família caótica podem causar 
TDA/H? Teorias que culpam, o meio ambiente como maior responsável pelo 
TDA/H não receberam apoio na literatura científica. Alguns escritores afirmaram 
que o comportamento hiperativo resulta do fraco controle dos pais sobre as 
crianças. Crê-se que pais muito permissivos não fornecem treinamento, estrutura 
ou disciplina suficientes, Nenhum estudo apóia tal ponto de vista. Pesquisas 
mostram que pais de crianças com TDA/H dão mais ordens e são mais 
governantes com seus filhos. Crianças com TDA/H eram menos submissas a 
23 
 
ordens e diretivas de sue pais, mais teimosas, negativas e menos capazes do que 
as crianças sem TDA/H para manter-se submissas com o passar do tempo sob as 
ordens dos pais. 
Pesquisas indicam que os comportamentos negativos das mães ocorria como 
resposta ao comportamento difícil das crianças e não como causa dele. 
Estudos apontam que pais de crianças com TDA/H são maissuscetíveis a 
apresentar problemas como alcoolismo e uso de drogas, comportamento 
antissocial e depressão além de terem apresentado problemas escolares e 
hiperatividade quando crianças. 
Problemas psiquiátricos nos membros das famílias de crianças com TDA/H 
ocorriam mais frequentemente apenas em um subgrupo composto de crianças que 
também apresentavam problemas sérios de comportamento agressivo, desafiador 
e antissocial. 
Os problemas com os pais e familiares estão ligados ao desenvolvimento do 
comportamento agressivo e antissocial nas crianças e não ao TDA/H. 
Todas essas evidências tornam altamente improvável que qualquer causa 
meramente social, como “má condução da paternidade” ou vida familiar disruptiva 
ou estressante crie TDA/H na criança. Ao contrário, as pesquisas sugerem que 
crianças com TDA/h podem gerar estresse em seus pais causando uma vida 
familiar algo disruptiva. 
Nos casos em que os cuidados paternais são pobres e a vida familiar disruptiva 
influencia as crianças, isto parece ser um dos agentes contribuintes para o 
comportamento agressivo e desafiador, mas não para o TDA/H. 
 
 Excesso de TV causa TDA/H? Nenhum estudo foi capaz de provar que 
crianças com TDA/H assistem mais TV que as outras sem TDA/H. Ver 
muita TV não causa TDA/H. 
24 
 
 
Quem tem risco de apresentar TDA/H 
 
Mesmo antes de uma criança nascer, certas características paternas ou familiares 
aumentam as chances de que a criança possa apresentar TDA/H. O que aumenta essa 
probabilidade? 
 Pais que apresentam TDA/H são mais propensos a terem crianças com 
TDA/H devido aos fatores hereditários. 
 Toda história familiar de TDA/H aumenta as chances de uma criança ter 
TDA/H. 
 Ter um irmão com TDA/H aumenta a probabilidade que outra criança na 
família venha a ter TDA/H em 25% a 35%. Os cientistas estimam que o 
risco é de aproximadamente 13 a 17% para em meninas e 27% a 30% para 
meninos, independente do sexo do irmão com TDA/H. 
Outros fatores de risco familiares associados com desenvolvimento inicial e persistente 
do TDA/H são: 
 Menor grau de instrução da mãe; 
 Menor status socioeconômico dos pais; 
 Pais solteiros; 
 Abandono da família pelo pai 
Obs: Não causam TDA/H, mas se associam a um maior risco. 
 
 
25 
 
 
Características da Gravidez 
 
 Mães que apresentam complicações durante a gravidez têm maior probabilidade 
de gerar crianças com TDA/H; 
 O TDA/H da gestante pode levar a poucos cuidados pré-natais e gerar 
complicações. A causa seria genética e as associações agravariam o caso; 
 Existem poucas evidências de que essas complicações causem de fato o TDA/H: 
 Complicações: 
 Número de cigarros que a mãe fumava por dia 
 Mães com convulsões; 
 Número de internações hospitalares durante a gestação; 
 Problemas respiratórios na criança durante ou após o parto; 
 Peso e saúde da placenta inspecionada após o parto 
 Estudos de bebês prematuros e de baixo peso têm mostrado 
frequentemente que essas crianças apresentam notadamente, maiores 
probabilidades de desenvolver TDA/H mais tarde na infância – 5 a 7 vezes 
maior que na população em geral. Esses bebês apresentam alto risco de 
hemorragia cerebral. Mais de 40% dos bebes que apresentavam pequenos 
sangramentos cerebrais foram descobertos como sendo TDA/H mais tarde 
na infância. 
 
 
26 
 
 
Características da Infância e dos Primeiros anos 
 
Algumas características do desenvolvimento inicial das crianças que podiam ser 
prognosticadas como de maior risco para o aparecimento tardio de TDA/H, são: 
 Retardos no desenvolvimento motor; 
 Menor tamanho da cabeça ao nascimento e aos 12 meses de idade; 
 Líquido amniótico corado por mecônio (fezes do intestino do feto) 
 Sinais de lesão nervosa após o nascimento; 
 Problemas respiratórios após o nascimento; 
 Crianças excessivamente ativas na infância; 
 Crianças com a atenção curta para a idade; 
 Crianças com maiores dependências dos cuidados dos pais. 
Obs: Estas não são causas de TDA/H, são mais provavelmente sinais precoces do 
próprio TDA/H. 
 
Características dos anos Pré-escolares 
 
Entre 2 e 5 anos o desenvolvimento de sintomas precoces e persistentes de 
hiperatividade e no contato com outras crianças é sinal de uma criança de risco para o 
TDA/H. 
27 
 
Crianças novas com excessiva desatenção e dificuldades emocionais como ira frequente, 
explosões de temperamento ou predisposição para se tornar facilmente descontroladas 
podem exibir maior probabilidade de apresentar TDA/H com o crescimento. 
Crianças mais jovens, cujo temperamento inicial é negativo e dependente, têm maior 
probabilidade de serem diagnosticadas, mais tarde, como sendo TDA/H. 
Temperamento: padrões de características de personalidades iniciais e persistentes 
incluindo: nível de atividade, grau e intensidade de resposta, diminuição da persistência 
da atenção, demanda de outras pessoas, qualidade de humor (irritabilidade ou rapidez de 
enfurecer-se ou exibir emoção), adaptabilidade ou capacidade de ajustar-se a mudanças 
e ritmicidade ou regularidade dos períodos de sono e despertar, comer e eliminação 
(controle dos intestinos e bexiga). 
As características abaixo são especialmente prognósticos da continuidade do TDA/H 
mais tarde na infância: 
 Hiperatividade; 
 Alta intensidade; 
 Desatenção; 
 Humor negativo; 
 Baixa adaptabilidade 
Em uma pesquisa 50% das crianças com problemas precoces de comportamento ainda 
eram hiperativas ou apresentavam um diagnóstico formal de TDA/H no ensino 
fundamental. 
Campbell verificou que há casos em que a hiperatividade precoce e o comportamento 
desafiador se combinam a outros fatores da vida da criança existindo aí maior 
probabilidade do desenvolvimento de TDA/H: 
 Personalidade dos pais; 
28 
 
 Problemas psicológicos ou psiquiátricos que podem interferir com os cuidados 
paternais e educação da criança. 
Um estilo negativo, crítico e autoritário da mãe em controlar uma criança mais nova com 
hiperatividade é, provavelmente, mais prognóstico de problemas persistentes anos mais 
tarde. 
ATENÇÃO: o comportamento e o temperamento das crianças pode ser melhorado ou 
piorado pelo tipo de ambiente. 
Os problemas dos pais não causam TDA/H, mas: 
 Exacerbam sintomas; 
 As reações dos pais asseveram a persistência dos sintomas mais graves de 
TDA/H; 
 Aumentam os riscos do desenvolvimento do TDO – Transtorno Desafiador- 
opositor 
Estudos e pesquisas sugerem que é possível identificar crianças com risco de 
desenvolver um padrão inicial e persistente de sintomas antes de iniciar a pré-escola 
(Educação Infantil) e talvez até precocemente aos 2 ou 3 anos. 
Os fatores discutidos a seguir, em ordem decrescente de importância, parecem mais 
úteis como prognóstico potencial de aparecimento precoce e persistente de TDA/H nas 
crianças: 
1- Aparecimento precoce de alto nível de atividade e de demanda na infância ou nos 
anos pré-escolares de uma criança; 
2- Comportamento crítico/autoritário dos pais nos anos iniciais da criança quando 
combinados ao item 1; 
3- História familiar de TDA/H; 
4- Fumo e uso de bebida alcoólica durante a gravidez ou má saúde da mãe; 
29 
 
5- Número de complicações maior que o normal durante a gravidez, especialmente, 
parto prematuro e/ou baixo peso ao nascimento associado a pequenos 
sangramentos cerebrais; 
6- Pai ou mãe solteira com menor grau de instrução que o normal (o que pode ser 
indicativo de possíveis sintomas de TDA/H nos pais); 
7- Má saúde da criança e retardos de desenvolvimento e de linguagem; 
Obs: a forma como os pais educam e controlam a criança pode contribuir para a 
persistência do TDA/H. 
Uma vez desenvolvidos os sintomas de TDA/H em uma criança, sua severidade e o 
quanto deles persistirá se relaciona parcialmente com a maneira como os pais controlam 
a criança. 
 
O Que Esperar: A Natureza do Transtorno 
 
O TDA/H pode tornaro dia a dia um grande desafio. Parece criar relações adversas entre 
a criança com TDA/H e todos à sua volta. As rotinas mais comuns de um dia normal 
parecem um campo de batalhas. 
A incidência de TDA/H é de 3 a 5% nas crianças. Existem variados graus do transtorno 
na população: limítrofe, leve, moderado e severo. 
Tipicamente, as pessoas hoje são diagnosticadas com TDA/H quando seus sintomas 
ocorrem com mais frequência e em maior magnitude do que em 93% dos indivíduos da 
mesma idade e sexo. 
O TDA/H é um transtorno neurologicamente determinado com prováveis causa genética 
e encontrado no mundo inteiro. Não diagnosticar, não que dizer que o transtorno não 
existe! 
30 
 
O transtorno é 3 vezes mais comum em meninos do que em meninas: 1 a 3% de 
meninas contra 3 a 8% de meninos. 
Estudos em diversos países demonstram a existência de TDA/H em: 
 Nova Zelândia: 2-7% 
 Alemanha: 4% 
 Índia: 5-29% 
 China: 6-9% 
 Japão: 7-8% 
 Holanda: 1-3% 
 Brasil: 5-6% 
Dado que 50 a 60% dessas crianças continuarão a ter a doença sob a forma completa na 
vida adulta, o TDA/H deve estar presente em aproximadamente 2-3% dos adultos. 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
 
PARTE II - CURSO CLÍNICO 
DO TDAH 
 
 
32 
 
 
O TDAH SE MODIFICA AO LONGO DO DESENVOLVIMENTO 
 
 
Crianças pré-escolares com TDA/H 
 
Crianças com padrão persistente de TDA/H, nessa faixa etária, são descritas pelos pais 
como impacientes, sempre a “toda”, agindo como se dirigidos por um motor, 
frequentemente subindo pelas paredes e se intrometendo nas coisas. Persistentes em 
suas vontades, necessitadas de atenção paternal e geralmente instáveis quanto à sua 
curiosidade pelo ambiente. Os pré-escolares com TDA/H geram um desafio definitivo as 
habilidades de manejo de uma criança por parte de seus pais, particularmente por suas 
mães. Requerem monitoramento mais frequente. Exibem também tristeza, tornam-se 
irritadas com rapidez e têm baixa adaptação. Desobediência às instruções são comuns. 
Meninos são desafiadores e opositivos. Os ataques de birra, os ataques de mau 
comportamento são mais frequentes e mais intensos. 
Colocar uma criança com TDA/H numa creche pode trazer muita angústia para os pais, 
pois poderão receber muitas reclamações do comportamento do filho(a). Pais relatam a 
dificuldade em encontrar babás o que limita a mobilidade dos pais. 
Idade escolar 
 
A escola será a área de maior impacto pra suas incapacidades. Habilidades como sentar 
quieto, atender, escutar, obedecer, inibir um comportamento impulsivo, cooperar, brincar 
de maneira adequada e interagir de forma agradável com outras crianças são essenciais 
para conquistar uma carreira acadêmica de sucesso. 
33 
 
Na idade escolar observa-se em crianças com TDA/H: 
 Performance educacional irregular 
 Dificuldades em fazer lições de casa 
 Dificuldades de comportamento 
Em casa, não aceitam tarefas domésticas e responsabilidades como as outras crianças. 
Precisam de ajuda em tarefas simples como se vestir e tomar banho. 
Em atividades sociais são toleradas ou expulsas e a rejeição começa a aparecer nos 
anos escolares. 
Oprimidas, intrometidas e com aversão a outros, as crianças com TDA/h que tentam 
aprender habilidades sociais mais apropriadas tornam-se confusas pela rejeição de seus 
pares e mais tarde desenvolverão baixa autoestima. 
Nem todas as crianças com TDA/H têm baixa autoestima, algumas têm uma imagem 
irrealisticamente positiva de si próprias em relação aos outros. Super estimam suas 
habilidades e capacidade de obter êxito em uma tarefa. 
Muitas crianças com TDA/H colocarão a culpa por seus fracassos em seus pais, 
professore ou pares devido a limitação de sua autoconsciência. 
Entre os 7 e os 10 anos, ao menos 30-50% desenvolverão sintomas de transtorno de 
conduta e de comportamento antissocial como: mentir, praticar pequenos furtos e resistir 
à autoridade. 
25% ou mais podem apresentar problemas de brigas com outras crianças. 
Aqueles que não desenvolveram outros transtornos psiquiátricos acadêmicos, ou sociais 
até essa altura representam a minoria e terão provavelmente melhores resultados na 
adolescência. 
34 
 
Nesta faixa etária, a maioria das crianças será submetida a estudos, à medicação e mais 
da metade participará de algum tipo de terapia. 30 a 45% receberá assistência extra ou 
especial na área educacional. 
 
 
Adolescentes com TDA/H 
 
70 a 80% das crianças diagnosticadas como tendo TDA/H continuarão provavelmente a 
demonstrar sintomas na adolescência. 
25 a 35% dos adolescentes demonstrarão comportamento antissocial ou transtorno de 
conduta. 
Até 30% podem experimentar ou abusar de drogas álcool ou maconha. 
58% repetirão no mínimo 1 ano na escola e serão suspensos ou expulsos de escolas ao 
menos 3 vezes mais que os que não têm TDA/H. 
Aproximadamente 35% dos adolescentes com TDA/H abandonam a escola sem concluí-
la. 
Seus níveis de desempenho estão abaixo do normal em matemática, leitura e ortografia. 
As fontes de ansiedade típicas da adolescência – identidade, aceitação pelo grupo, 
namoro, desenvolvimento físico – surgem como segunda fonte de necessidades e 
ansiedades em adolescentes com TDA/H. 
Adolescentes com TDA/h podem começar suas relações sexuais mais precocemente, 
usando provavelmente, menos métodos de controle de natalidade. 
38% - índice de gravidez na adolescência em jovens com TDA/H. 
35 
 
Mais de 15% de jovens com TDA/H são tratadas para doenças sexualmente 
transmissíveis por volta dos 19 anos. 
Maior risco de problemas de direção de veículos. 3 a 7 vezes mais multas por excesso de 
velocidade e acidentes automobilísticos. 
 
Adultos com TDA/H 
 
50 a 65% das crianças com TDA/H continuam a apresentar sintomas quando atingem a 
vida adulta. 
Embora sejam suficientes, seu nível de instrução e seu status sócio econômico tendem a 
ser inferiores se comparado aios dos irmãos. 
20 a 45% apresentam comportamento antissocial que traz problemas. 
25% apresentam diagnóstico de personalidade antissocial. 
Apenas 10 a 20% das crianças com TDA/H atingem a vida adulta livres de qualquer 
diagnóstico psiquiátrico com bom desempenho sem sintomas significativos da doença. 
25% se tornam persistentemente antissociais na vida adulta. Adultos com de TDA/H 
cometeram 4 vezes mais atos de agressão física contra outras pessoas. 
Mudam de trabalho mais frequentemente e são dispensados do trabalho em 
consequência de seu comportamento e fraco autocontrole. 
Desempenho em ocupações é marcado por problemas significativos no que diz respeito: 
supervisão, pontualidade, prazos, escalas de trabalho, persistência, produtividade no 
cumprimento das funções designadas. 
Como as crianças, os adultos apresentam problemas consideráveis de desatenção, fraca 
inibição, dificuldades de resistir à distração, fraco autocontrole, fraca autodisciplina. 
36 
 
|Impacientes e sempre “a mil”, necessitam sempre de uma ocupação. Sensação interna 
de impaciência, tensão e agitação. 
O que torna os adultos diferentes é o impacto desses sintomas sobre a atuação em 
situações adultas em que lidam com responsabilidades de adultos. 
O primeiro passo é instruir-se sobre o Transtorno. A medicação será usada em alguns 
casos. E são necessárias estratégias de controle do comportamento em casa e no 
trabalho: aumentar a confiança nos superiores, dividir o trabalho em passos menores, 
determinar objetivos mais em curto prazo. 
Quanto mais leve for o TDAH na infância, maiores as chances de superá-lo. 
 
OS SINTOMAS DE TDA/H NA INFÂNCIA SE ALTERAM CONFORME A SITUAÇÃO 
 
 Onde a criança se encontra 
 O que lhe é pedido 
 Quem cuida da criança 
 
Quanto menos restritivo for o ambiente e menos exigente a tarefa solicitada, menos 
distinguíveis serão as crianças com TDA/H. Crianças com TDA/H são mais submissas e 
menos disruptivas com seus pais do que com suas mães. 
Crianças com TDA/H se saem melhorno início do ano letivo quando os professore, 
colegas, salas de aula são novos para elas. Comportam-se melhor em casa de pessoas 
que não veem frequentemente. Materiais escolares mais coloridos, brilhante, altamente 
estimulantes, alegres, divertidos ou diferentes do formato habitual auxiliam a criança a 
obter melhor desempenho. 
37 
 
Saem-se melhor quando prometidas recompensas como dinheiro imediatamente após a 
conclusão da tarefa. 
Em encontros individuais parecem menos ativas, menos desatentas e menos impulsivas. 
Em situações de grupo podem apresentar o seu pior. Trabalham de modo mais eficiente 
quando supervisionadas de perto e quando as instruções são repetidas com maior 
frequência. Parecem se sair melhor nas tarefas escolares no período da manhã. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
 
 
PARTE III – PAIS: ASSUMINDO 
RESPONSABILIDADES 
 
39 
 
A busca pela avaliação profissional 
 
 
Uma avaliação por profissionais de saúde deve ser buscada quando a criança apresentar 
os seguintes comportamentos: 
 A criança na Educação Infantil se comporta de maneira diferente dos colegas, 
mais agitado, menos atento, mais impulsivo e mais difícil de ser controlado. 
 A hiperatividade, a falta de atenção, a falta de controle das emoções, a 
agressividade, a excitabilidade se tornam difíceis de controlar e de serem 
ignorados. 
 Os métodos educacionais não estão surtindo efeito. 
 Os pais compreendem a necessidade contínua de auxiliar seu filho mais que 
outros pais precisam auxiliar os filhos. 
 A equipe da escola aponta dificuldades da criança. 
 Na verdade, é no ambiente escolar, geralmente, durante o primeiro ou segundo 
ano do Ensino Fundamental que a grande maioria dos pais toma conhecimento de 
que seu filho tem um problema de comportamento e que necessita de atenção. 
A avaliação por uma equipe multiprofissional deve ser buscada diante das seguintes 
condições: 
1 – A criança exibe vivacidade, desatenção e impulsividade bem maior do que outras 
crianças da mesma idade há no mínimo seis meses. 
2 – Há alguns meses outros pais têm sugerido que seu filho tem um autocontrole mais 
precário ou é muito mais ativo, impulsivo e desatento se comparado às crianças 
normais. 
40 
 
3 – é necessário muito mais de seu tempo e energia para conduzir a criança e mantê-
la segura do que outros pais. 
4 – Outras crianças não gostam de brincar com seu filho e o evitam por seu 
comportamento hiperativo, emocional ou agressivo. 
5 – Um membro da creche ou professor da escola informa que seu filho tem 
apresentado problemas significativos de comportamento há vários meses. 
6 – Você perde o controle com seu filho(a) frequentemente, sente-se como no limite 
para usar disciplina física ou para agredir a criança, fica extremamente fadigado, 
exausto ou mesmo deprimido na tarefa de conduzir e educar seu filho(a). 
 
Que profissional procurar? 
 
 Profissional que entenda o máximo sobre TDA/H: Pediatra, Psicólogo, 
Terapeuta Ocupacional, Psiquiatra Infantil, Neuropediatra, Neuropsicólogo. 
 Encontrar alguém que esteja familiarizado com a literatura científica e 
substanciosa sobre o TDA/H. 
 
Preparando-se para a Avaliação 
 
Sente-se e faça uma lista de respostas ao questionário a seguir. Isto torna mais rico e 
mais rápido o processo de avaliação: 
1. O que mais o preocupa sobre seu filho? Em casa? Na escola? Com a vizinhança? 
Com os colegas? Com os outros familiares? (Liste os maiores problemas e os que 
ocorrem com maior frequência). 
41 
 
2. Liste a existência de problemas nas seguintes áreas: 
 Problemas de saúde 
 Problemas de inteligência 
 Problemas no desenvolvimento motor e coordenação 
 Problemas nos órgãos dos sentidos 
 Problemas nas habilidades de aprendizado acadêmico 
 Problemas de ansiedade e medo 
 Presença de depressão 
 Presença de agressão voltada a terceiros 
 Presença de hiperatividade 
 Presença de déficits na atenção 
 Presença de comportamento antissocial 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
ESQUEMA DE RASTREIO PARA ENCAMINHAMENTO À AVALIAÇÃO 
MULTIPROFISSIONAL 
 
3 -Nome da criança: ____________________________ Idade: ____________ 
Data: __/___/__ Responsável pelo preenchimento: ____________________ 
Instruções: Seu filho tem problemas em se submeter a instruções, ordens ou regras em 
qualquer uma dessas situações? Caso afirmativo circule o SIM e marque o número que 
descreve quão severo é o problema. 
Situações Sim/Não Leve Severo 
 
Tarefas sim não 1 2 3 4 5 6 7 8 9 
Brincar sozinho 
Brincar com outras crianças 
Hora das Refeições 
Vestir e Despir 
Lavar-se e tomar banho 
Quando você está ao 
telefone 
 
Assistindo à televisão 
Quando há convidados em 
casa 
 
Quando você visita a casa 
43 
 
de terceiros 
Em locais públicos 
Quando o pai está em casa 
Quando solicitado a executar 
tarefas domésticas 
 
Quando solicitado a fazer a 
lição de casa 
 
Na hora de dormir 
No carro 
Com uma babá 
 
4 - Informe com clareza e verdade sobre a presença de problemas familiares: 
 
 Alcoolismo 
 Uso de drogas 
 Conflitos matrimoniais 
 Uso excessivo de disciplina 
 Maus tratos 
 Punição fixista 
 
 Suspeita de abuso sexual 
 Problemas pessoais 
 Problemas financeiros 
 Problemas com outros filhos 
 Problemas de saúde 
 
Obs: Não falar sobre esses problemas pode levar a erros de diagnóstico. 
 
44 
 
5- Peça aos professores de seu filho que descreva os problemas que ocorrem na 
escola. 
6 – Escreva o que sabe sobre a gestação e desenvolvimento de seu filho: 
 Problemas durante a gravidez 
 Problemas no parto 
 Peso da criança ao nascimento 
 Problemas logo após o parto 
 Problemas de saúde 
 Atrasos no desenvolvimento 
Os componentes mais importantes de uma avaliação são: 
1. A entrevista com os pais da criança 
2. O exame clínico 
3. A conclusão e os resultados nas escalas de comportamento preenchidas pelos 
pais 
4. Uma entrevista com os professores da criança 
5. O preenchimento de escalas de comportamento preenchidas pelos professores 
6. Testes de Q.I. para habilidades e realização acadêmica. 
7. Observações diretas sobre o comportamento da criança na escola durante o 
trabalho escolar. 
Obs.: Um profissional experiente saberá que o comportamento de seu filho na clínica 
não é similar ao comportamento típico em outros locais. 
 
45 
 
 
 
PARTE IV – OS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS 
 
 
 
46 
 
 
DSM-V 
Critérios diagnósticos para o TDAH segundo o DSM V - Manual diagnóstico e estatístico 
de transtornos mentais da American Psychiatric Association. 
Segundo o DSM V, o TDAH se classifica entre os transtornos do neurodesenvolvimento, 
que são caracterizados por dificuldades no desenvolvimento que se manifestam 
precocemente e influenciam o funcionamento pessoal, social, acadêmico ou pessoal. São 
cinco os critérios diagnósticos (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013): 
 
CRITÉRIO A – Um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade 
que interfere com o funcionamento ou desenvolvimento. Em ambos os domínios seis (ou 
mais) dos seguintes sintomas devem persistir por pelo menos seis meses, em um grau 
que é inconsistente com o nível de desenvolvimento, e tem um impacto negativo 
diretamente sobre as atividades sociais e acadêmico-profissionais. Para adolescentes e 
adultos mais velhos (17 anos ou mais), pelo menos cinco sintomas são obrigatórios: 
 
1. DESATENÇÃO: 
 
a) Muitas vezes, deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido na 
escola, no trabalho ou durante outras atividades. 
 
b) Muitas vezes tem dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas 
(por exemplo, tem dificuldade em permanecer focado duranteas palestras, conversas ou 
leitura longa). 
 
47 
 
c) Muitas vezes parece não escutar quando lhe dirigem a palavra (por exemplo, a mente 
parece divagar, mesmo na ausência de qualquer distração óbvia). 
 
d) Muitas vezes, não segue instruções e não termina tarefas domésticas, escolares ou no 
local de trabalho (por exemplo, começa tarefas, mas rapidamente perde o foco e é 
facilmente desviado). 
 
e) Muitas vezes tem dificuldade para organizar tarefas e atividades (por exemplo, 
dificuldade no gerenciamento de tarefas sequenciais, dificuldade em manter os materiais 
e os pertences em ordem, é desorganizado no trabalho, tem má administração do tempo, 
não cumpre prazos). 
 
f) Muitas vezes, evita, não gosta, ou está relutante em envolver-se em tarefas que exijam 
esforço mental constante (por exemplo, trabalhos escolares ou trabalhos de casa ou para 
os adolescentes mais velhos e adultos: elaboração de relatórios, preenchimento de 
formulários, etc). 
 
g) Muitas vezes perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (por exemplo, 
materiais escolares, lápis, livros, ferramentas, carteiras, chaves, documentos, óculos, 
telefones móveis). 
 
h) É facilmente distraído por estímulos externos. 
 
48 
 
i) É muitas vezes esquecido em atividades diárias (por exemplo, fazer tarefas escolares, 
adolescentes e adultos mais velhos: retornar chamadas, pagar contas, manter 
compromissos). 
 
2. HIPERATIVIDADE-IMPULSIVIDADE: 
 
a) Frequentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira. 
 
b) Muitas vezes levanta-se ou sai do lugar em situações que se espera que fique sentado 
(por exemplo, deixa o seu lugar na sala de aula, no escritório ou outro local de trabalho, 
ou em outras situações que exigem que se permaneça no local). 
 
c) Muitas vezes, corre ou escala em situações em que isso é inadequado (Em 
adolescentes ou adultos, esse sintoma pode ser limitado a sentir-se inquieto). 
 
d) Muitas vezes, é incapaz de jogar ou participar em atividades de lazer calmamente. 
e) Não para ou frequentemente está a “mil por hora” (por exemplo, não é capaz de 
permanecer ou fica desconfortável em situações de tempo prolongado, como em 
restaurantes e reuniões). 
f) Muitas vezes fala em excesso. 
g) Muitas vezes deixa escapar uma resposta antes da pergunta ser concluída (por 
exemplo, completa frases das pessoas; não pode esperar por sua vez nas conversas). 
h) Muitas vezes tem dificuldade em esperar a sua vez (por exemplo, esperar em fila). 
49 
 
i) Muitas vezes, interrompe ou se intromete os outros (por exemplo, intromete-se em 
conversas, jogos ou atividades, começa a usar as coisas dos outros sem pedir ou receber 
permissão). 
 
CRITÉRIO B – Vários sintomas de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade devem 
estar presentes antes dos 12 anos de idade. 
 
CRITÉRIO C – Vários sintomas de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade devem 
estar presentes em dois ou mais contextos (por exemplo, em casa, na escola ou trabalho, 
com os amigos ou familiares; em outras atividades). 
 
CRITÉRIO D – Há uma clara evidência de que os sintomas interferem ou reduzem a 
qualidade do funcionamento social, acadêmico ou ocupacional. 
 
CRITÉRIO E – Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso da 
esquizofrenia ou outro transtorno psicótico, e não são melhor explicados por outro 
transtorno mental (por exemplo, transtorno de humor, transtorno de ansiedade, transtorno 
dissociativo, transtorno de personalidade). 
Atualmente não há uma classificação do transtorno em relação aos sintomas. Os 
tradicionais subtipos de TDAH (predominantemente desatento, predominantemente 
hiperativo-impulsivo e combinado) (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2000) 
são considerados como apresentações no DSM-5 (AMERICAN PSYCHIATRIC 
ASSOCIATION, 2013). Essa alteração deve-se aos resultados de inúmeras pesquisas 
que refletem que a manifestação dos sintomas pode variar de acordo com a idade em 
que o diagnóstico é considerado (BIEDERMAN ET AL., 2000; VAN LIER ET AL., 2007; 
LARSSON ET AL., 2011; DOPFNER ET AL., 2014), diferente do sentido do termo 
50 
 
“subtipo”, que se refere a uma condição invariável. Estudos anteriores descreveram um 
declínio geral da severidade dos sintomas de hiperatividade-impulsividade ao longo do 
desenvolvimento (VAN LIER ET AL., 2007; LARSSON ET AL., 2011), enquanto que para 
os sintomas de desatenção os resultados são inconclusivos, a redução (BIEDERMAN ET 
AL., 2000), a estabilidade (DOPFNER ET AL., 2014) e o aumento desses sintomas 
(LARSSON ET AL., 2011) têm sido relatados. Dessa forma, estima-se que até 70% das 
crianças diagnosticadas com TDAH na infância continuam a exibir níveis 
desenvolvimentalmente inapropriados de desatenção e, em menor grau, sintomas de 
hiperatividade-impulsividade durante a adolescência e na vida adulta (BIEDERMAN ET 
AL., 1998; FARAONE ET AL., 2. 
 
ATENÇÃO 
 
 Não existem exames laboratoriais ou medidas de valor diagnóstico para o TDA/H, assim 
como exames de sangue, urina, estudo de cromossomos, EEGs, média de respostas 
evocadas, ressonância magnética e tomografia computadorizada (TC) não devem ser 
usadas como rotina na avaliação de pessoas com TDA/H. 
 
51 
 
 
 
PARTE V - COMO O TDAH SE APRESENTA 
OS PREDOMÍNIOS CLÍNICOS 
 
 
 
52 
 
 
Predomínios e características do TDAH 
 
 
Atualmente, são apontados predomínios de TDA/H: 
• TDAH predominantemente desatento 
• TDAH predominantemente hiperativo/impulsivo 
• TDAH predominantemente combinado 
Há um leque de variáveis onde a desatenção é o núcleo básico unificador deste tipo de 
funcionamento cerebral. 
 
ALTERAÇÕES DA ATENÇÃO 
 
• Sintoma mais importante. É a condição para o diagnóstico 
• Forte tendência à dispersão (sempre presente) 
• Dificuldade em manter-se concentrado em uma mesma atividade por um tempo 
prolongado 
• Desvios frequentes do pensamento 
• Lapsos de atenção 
• Dificuldades nos relacionamentos e na organização devido à desatenção 
53 
 
• Dificuldade na canalização de esforços na viabilização de trabalhos com prazos e 
metas pré-estabelecidos 
• Podem apresentar-se hiperconcentrados em atividades ou assuntos que lhes 
despertem o interesse espontâneo ou paixão compulsiva 
• Na verdade há uma INSTABILIDADE da atenção! 
• Crianças com TDA/H do tipo predominantemente desatento: são mais passivas, 
mais medrosas, mais apreensivas que outras crianças sobre as coisas, mais 
sonhadoras, mais espaçosas, agem como se estivessem sempre em confusão 
mental e não muito atentas ao que está acontecendo à sua volta, são letárgicas, 
indolentes ou morosas, parecem se desviar de suas vidas diárias participando 
apenas de metade dos eventos à sua volta, perdem muito da informação, parecem 
fora de sintonia, cometem mais erros que outras crianças ao seguir instruções 
orais ou escritas, aparentemente calmas enquanto trabalham ainda que 
mentalmente “não estejam por inteiro” não processando completamente a tarefas 
e as instruções, exibem menos problemas nos relacionamentos, tem piores 
resultados nos testes que envolvem velocidade perceptivo-motora ou coordenação 
mão-olho e velocidade, cometem mais erros em testes de memória, têm mais 
problemas em recordar consistentemente informações aprendidas com o passar 
do tempo. 
IMPULSIVIDADE 
 
• Pequenas coisas despertam grandes emoções 
• Ao captar um pequeno sinal reage automaticamente sem avaliar as 
características do que gerou o sinal. Na pessoa TDAH isto gera: sofrimento, culpa, 
angústia e cansaço. 
• A criança acaba por receber rótulos desagradáveis: mal educada, má, agressiva, 
estraga prazeres, egoísta, irresponsável, autodestrutiva. 
54 
 
• A impulsividade pode se manifestar como: agressividade, descontrole alimentar, 
uso de drogas, gastos demasiados, vício em jogos, tagarelice, incontrolável. 
HIPERATIVIDADE FÍSICA E MENTAL 
 Quando crianças, as pessoas com TDA/Hiperatividademovem-se sem parar em 
sala de aula, em casa ou no parque, andam aos pulos. Em ambientes fechados 
mexem em vários objetos ao mesmo tempo, derrubam objetos no ímpeto de vê-los 
todos ao mesmo tempo. 
 Recebem os rótulos de: bicho carpinteiro, elétricas, desengonçadas, pestinhas, 
diabinhos, desajeitadas 
 Nos adultos, a hiperatividade se manifesta de forma menos exuberante. A 
hiperatividade não cessa, na fase adulta. O que ocorre é uma adequação formal 
da hiperatividade à idade adulta. 
 
O TRAÇO TDAH 
 
O TDAH varia grandemente em intensidade, nas características e na forma como se 
manifesta. Pessoas levemente TDAHs podem não ter problemas causados pelas 
características do transtorno na mesma intensidade que as pessoas inegavelmente 
TDAHs. 
É o grau do sofrimento e os prejuízos acarretados às suas atividades cotidianas que 
definirão se irá necessitar de apoio por meio de tratamento. 
Pode não ser possível fechar um diagnóstico, mas pode-se ver claramente os traços 
TDAHs. Um esboço das características TDAHs em pessoas levemente TDAHs. 
55 
 
Um adulto levemente TDAH não terá muitos problemas no trabalho. Quando sob 
pressão e desafio, consegue sair-se melhor ainda. É dotado de alto grau de 
criatividade, energia e entusiasmo. 
Certamente, os traços TDAH caem mal em alguém que trabalhe em funções 
burocráticas, rotineiras e repetitivas. 
 
Inteligência 
Crianças com TDAH ficam em média 7 a 10 pontos abaixo nos testes de inteligência mais 
provavelmente devido ao reflexo dos problemas impostos pelo TDA/H nas habilidades de 
realizar teste do que na própria inteligência. 
Desempenho na escola 
Uma área de grande dificuldade para crianças com TDA/H é a performance acadêmica – 
a quantidade de trabalho escolar que elas são capazes de realizar e sua conduta geral na 
sala de aula. 
A maioria das crianças TDA/H encaminhadas para tratamento via mal na escola. 
Apresentam no mínimo dois problemas com o trabalho escolar: 
1- Não conseguem fazer o mesmo que outras crianças. Não fazem o que seria 
esperado por suas conhecidas habilidades e, portanto, terão notas menores e 
repetências mais frequentes. 
2- Seu nível de habilidade está abaixo de crianças sem TDA/H e pode abaixar mais 
durante os anos escolares. 
 Cerca de 40% ou mais das crianças com TDA/H são colocadas em programas de 
Educação Especial para pessoas com deficiências de aprendizado ou para crianças com 
transtorno comportamental. São mais suscetíveis de apresentar deficiência no 
aprendizado. Um Transtorno de Aprendizagem é uma discrepância significativa entre a 
inteligência de uma criança e seus outros scores em testes de desempenho acadêmico. 
56 
 
Entre 20 a 30% das crianças com TDA/H apresentam ao menos um tipo de Transtorno de 
Aprendizagem, em matemática, leitura ou ortografia. Ambos os transtornos têm uma 
grande predisposição hereditária. 
Essas crianças com TDA/H apresentarão, provavelmente, mais problemas específicos de 
desenvolvimento da fala do que crianças sem TDA/H. Crianças com TDA/H terão, 
provavelmente, problemas de expressão de linguagem de fluência na linguagem. 
 
Outras habilidades mentais 
 
Crianças com TDA/H também tendem a ser menos hábeis no uso de estratégias 
complexas e habilidades organizacionais para resolver problemas intelectuais e sociais. 
Sua impulsividade é uma desvantagem para eles na maioria das situações de resolução 
de problemas. Elas também usam estratégias menos eficientes de procura em suas 
memórias quando necessitam pensar sobre como reagir a uma situação (percepção 
tardia). 
Elas têm problemas na memória de operação que é lembrar-se de fazer algo, 
especialmente em um momento posterior. Seus problemas aparecem quando necessitam 
refletir sobre um problema. São menos organizadas ou exibem maiores dificuldades em 
se planejar. 
 
Desenvolvimento físico 
 
 Apresentam mais problemas de desenvolvimento físico 
 Apresentam mais problemas médicos logo após o nascimento e problemas de 
saúde geral durante a infância. 
57 
 
 Coordenação motora mais pobre, especialmente a coordenação motora fina 
 Atrasos nas habilidades adaptativas: responsabilidade de cuidar de si mesmo no 
dia a dia, interagir com outros e se tornar independentes. Dificuldades em realizar 
de forma independente e autônoma tarefas como: vestir, tomar banho, alimentar-
se, ir ao banheiro bem como de linguagem e habilidades interpessoais (dividir, 
cooperar, manter promessas, seguir ordens e dedicar-se a segurança pessoal, 
além das habilidades relacionadas a tornar-se membro independente e autônomo 
da comunidade (lidar com dinheiro, transações comerciais, utilizar recursos da 
comunidade). 
 Crianças com TDA/H encontram-se abaixo do desempenho esperado a despeito 
de sua inteligência normal. 
 
Problemas emocionais e comportamentais 
 
 Mais dependentes e difíceis de se cuidarem devido ao temperamento geral. 
 Até 45% das crianças com TDA/H apresentam ao menos algum outro transtorno 
psiquiátrico acompanhando o TDA/H 
 Existem mais sintomas de ansiedade e depressão. 
 Há maior presença de T.D.O. – Transtorno de desafio e oposição. 
 Até 2/3 delas podem ser bem teimosas e discutir com seus pais mais que outras 
crianças, são também agressivas em relação aos outros, podem se tornar 
rapidamente irritadas, atacar verbalmente ou mesmo fisicamente os outros mais 
do que outras crianças da mesma idade. 
58 
 
 Esses problemas de conduta podem evoluir para formas mais severas de 
comportamento antissocial: mentir, roubar, brigar, fugir de casa, destruir 
propriedades e outros comportamentos delinquentes ou criminosos. 
 Até 45% podem evoluir para um diagnóstico mais severo de transtorno de conduta. 
 
Como crianças com TDAH lidam com outras crianças 
 
 Em geral, não se dão muito bem com seus pares. 
 Provocam comportamento autoritário por parte de seus pares quando trabalham 
juntos devido ao comportamento desatento, disruptivo, desligado, imaturo e 
provocativo. 
 São menos capazes de cooperar e dividir. 
 O desenvolvimento das trocas sociais que permite o estabelecimento de amizades 
é prejudicado. 
 Tem poucos parceiros ou nenhum amigo para brincar. 
 
O contexto da família de uma criança com TDA/H 
 
A família é o contexto social mais imediato a uma criança com TDA/H. Relatos de outros 
inseridos neste sistema social são determinantes sobre qual criança será encaminhada, 
diagnosticada e tratada. 
É preciso saber: 
 Como a criança afeta os pais? 
59 
 
 Como a criança afeta os irmãos? 
 Como os pais afetam a criança? 
 Como os irmãos afetam a criança? 
 Como a criança afeta outros membros da família e vice-versa? 
 Como a família se organiza? 
 Existem problemas conjugais que comprometem o relacionamento com a criança? 
 O casamento é fonte de amor e energia? 
 Os pais trabalham fora? O trabalho é fonte de stress ou de energia e amor? 
As interações Pais-filhos-irmãos-criança TDA/H mostram-se mais negativas e 
estressantes para todos os membros da família. Existe aproximadamente 40% de chance 
de que ao menos um dos pais de uma criança com TDA/H também apresente o 
problema. 
Cria-se um ciclo vicioso: 
1 – Pais que estão tendo problemas pessoais frequentemente percebem seu filho com 
TDA/H exibindo um comportamento ainda mais disruptivo e com mais dificuldade para 
ser conduzido do que pais sem os mesmos problemas. 
2 – Essas percepções afetam o modo como os pais reagem ao comportamento da 
criança resultando, por vezes, em punições severas desnecessárias ou uma irritabilidade 
geral em relação à criança, a despeito do que ela faz. 
3- A criança também recebe muito menos encorajamento, elogios e carinhos do que do 
contrário receberia. 
4 – Esse tratamento da criança influencia o modo como ela se comporta em relação aos 
pais, talvez aumentando o nível de rebeldia, teimosia, argumentação e conflito geral. 
60 
 
5 – Pode reforçara visão dos pais de que a criança é um problema ou é difícil de 
manejar. 
6- O ciclo começa novamente. 
 
O relacionamento pais – filho com TDA/H pode afetar a severidade dos problemas de 
uma criança e as percepções dos pais de como é estressante educar esse seu filho. 
 
As Interações de Crianças com TDA/H e suas Mães 
 
Iniciam mais interações do que outros meninos quando trabalhando com suas mães 
necessitando também de mais ajuda. Necessitam de mais atenção, mais conversa e 
solicitam mais intensamente a ajuda de suas mães. As mães controlam mais o 
comportamento e se envolvem mais no autocontrole de seus filhos. 
Crianças com TDA/H são menos submissas, mais negativas, mais capazes de se abster 
de tarefas e menos capazes de persistir em concordar com as diretrizes impostas para 
suas mães. Mas dão mais ordens, são mais negativas, as vezes menos responsivas às 
interações de seu filho. 
 
As Interações de Crianças com TDA/H com seus Pais 
Crianças com TDA/H se comportam melhor com os pais (sexo masculino). Elas são 
menos negativas e persistem mais nas tarefas quando com seus pais. Pais falam menos 
e impõem mais rapidamente uma consequência para atos bons ou ruins. Pais são mais 
intimidadores. 
Esta discrepância no comportamento dos filhos com TDA/H com relação ao pai e a mãe 
frequentemente causam problemas conjugais. 
61 
 
 
 
 
 
Interações com os Irmãos 
 
O conflito é maior do que o normal. Crianças com TDA/H argumentam mais, divertem-se 
mais disruptivamente, gritam mais com seus irmãos e são mais suscetíveis a 
encorajarem-se por um comportamento inapropriado ou danoso. 
Irmãos irritam-se mais, sentem-se cansados e exasperados. Sentem inveja e ciúmes do 
irmão com TDA/H. 
 
Como o TDA/H afeta as interações entre pais e filhos 
 
Tanto o comportamento da criança com TDA/H como as tentativas dos pais em controlar 
esses comportamentos contribuem para o crescente aumento no conflito nas relações 
familiares. 
Quando uma criança com TDA/H é colocada em uma classe há um aumento das ordens, 
aumenta da repressão e a da disciplina sobre a criança. Em grupo com outras crianças, 
no início as crianças também tentam dar mais ordens à criança com TDA/H e se as 
ordens falham, elas acabam por se afastar da criança com TDA/H. 
Reação dos Pais: 
1- Tentam ignorar o comportamento da criança 
62 
 
2 – Frustração e exasperação dos pais 
3 – Disciplina física ou outra forma de punição 
Os pais relatam depressão, baixa autoestima e pouca satisfação em suas tarefas 
paternas. 
 
 
Problemas psiquiátricos dos pais 
 
Pais de crianças com TDA/H têm maior probabilidade de apresentar problemas 
psicológicos e psiquiátricos: 
 Estresse paternal: pais apresentam maior estresse, mães apresentam maior baixa 
autoestima, maior isolamento social, mais depressão, maior autocensura. Quanto 
maior os problemas da criança maior o estresse familiar e maior a probabilidade 
de um divórcio. 
 Transtornos psiquiátricos: 15 a 20% das mães, 20 a 30% dos pais e 26% dos 
irmãos e irmãs de crianças com TDA/H podem apresentar TDA/H ao mesmo que 
seus filhos e irmãos. O risco entre parentes biológicos é de 25 a 33%. 
 Pais de criança com TDA/H são também suscetíveis a experimentar uma 
variedade de outros transtornos psiquiátricos: 
 Problemas de conduta, comportamento antissocial: 25 a 28% 
 Alcoolismo: 14 a 25% 
 Alteração de humor ou reação excessiva ao desapontamento: 10 a 27% 
 Esses comportamentos estão mais relacionados à agressividade e 
comportamento antissocial e não tanto com o TDA/H dessa criança. 
63 
 
ESCOLA CASA e AMIGOS 
TDAH de apresentação hiperativo/impulsivo 
ESCOLA 
A escola exige que ele fique parado, se concentre, se organize, se relacione bem, e 
aprenda temas que ele considera chatos. É o ambiente mais detestado pelos hiperativos. 
O desempenho escolar é irregular apesar de o Q.I. ser o mesmo do seus colegas. 
Algumas crianças com TDAH são brilhantes, outras estão na média e algumas abaixo da 
média. Mas qualquer que seja o Q.I. elas não conseguem usá-lo plenamente para 
aprender. 
Como grupo, as crianças TDAH realmente apresentam uma tendência maior para ter 
dificuldades de aprendizagem (10 a 15% têm dificuldades de aprendizagem além do 
TDAH). 
A interação com o professor tem um papel decisivo. 
LAR 
Em casa, ela vai constantemente desconcertar seus pais, é uma fonte de constante 
barulho, tumultos, quebra objetos com frequência e a competição com os irmãos é 
anormal. A disciplina é um grande problema para os pais, a criança não se lembrará ou 
não conseguirá cumprir as regras e quando solicitada a fazer mesmo as menores coisas 
se irrita e dá grandes crises de birra. Normalmente é desleixada e seu quarto é uma 
grande bagunça. 
Ela não consegue chegar ao fim de nenhuma tarefa. Pedir que faça duas ou três coisas 
seguidas é causa perdida! 
A família se sente deprimida e esmagada pelo comportamento difícil e os pais ficam 
constantemente a procurar o que fizeram de errado com o filho! 
 
64 
 
COLEGAS 
Os frequentes lapsos de autocontrole dificultam a sua participação nos jogos nos quais 
seja necessário seguir regras e se conter. Muitas vezes ele é mandão e fisicamente 
agressivo, tem dificuldade em compartilhar e não presta atenção ao que os colegas 
querem fazer. Os colegas não querem voltar para brincar e aos poucos ele deixa de ser 
convidado para ir às festas nas casas dos colegas. Acrescente-se a isso a tendência a 
ficar superexcitado em grupos e agir de maneira boba, fazendo barulhos estúpidos. 
Quando as brigas acontecem ele sempre culpa os outros pelo problema. 
O resultado de tudo isso é que a criança hiperativa termina isolada e muitas vezes é 
forçada a brincar com crianças mais novas do que ela. O grau de maturidade da criança 
hiperativa é bem menor do que a maturidade das crianças de sua idade, as crianças mais 
novas farão dele um líder. E isso agrada a criança com hiperatividade. 
Algumas crianças hiperativas se darão bem com crianças mais velhas do sexo oposto, 
mas a prova de fogo é se relacionar bem com as crianças do mesmo sexo e da mesma 
idade! 
TDAH – de apresentação desatenta 
Escola 
Não apresentará comportamentos destrutivos. A maioria é do sexo feminino. A menina 
fica apagada, em silêncio, no fundo da sala de aula, sem que ninguém a perceba. 
Ela é sonhadora e desligada, não termina a lição a tempo, não acompanha o que ocorre 
em sala de aula. 
Sua desatenção passa despercebida porque ela é educada, tenta ser cooperativa, faz 
pouco barulho e não causa problemas. 
Seus esquecimentos e desorganização são vistos como sinal de capacidade intelectual 
limitada e não como sinais de TDAH. 
65 
 
Nas primeiras séries, não são diagnosticadas por causa do temperamento gentil e 
educado. 
 
LAR 
Em geral, não é perturbadoramente agressiva, nem barulhenta. Pode ter um 
temperamento conciliatório e ser de fácil convivência. Algumas são na verdade passivas 
demais, podem parecer desmotivadas e lentas para processar informações. Não 
escutam, mesmo quando você lhe dirige diretamente a palavra. Esquecidas e distraídas, 
tem problemas para finalizar e organizar tarefas. Precisam ser monitoradas 
constantemente para que se saiba o que fez e o que não fez. 
 
Colegas 
Não deixam má impressão, o problema é na maioria das vezes elas não deixam 
impressão nenhuma! Ficam à margem da atividade e só participam se forem convidadas. 
Em atividades em grupo, a distração e o esquecimento podem colocá-la em situações 
embaraçosas. São tolerantes e relaxadas, são boas ouvintes, sabem acomodar os 
interesses dos outros e muitas vezes deixam os colegas conduzirem os jogos. 
 
 
 
 
66 
 
 
 
PARTE VI - TDAH NA INFÂNCIA 
 
 
 
67 
 
 
O TDAH na infância 
 
Como distinguir uma criança com TDAH de uma criança normal, visto que distração, 
impulsividade e hiperatividade são também características comuns

Continue navegando