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Panorama Histórico - politicas de ações afirmativas no Brasil

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POLÍTICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS DE CORTE RACIAL NO BRASIL: UM PANORAMA HISTÓRICO
Mito da democracia racial – está fortemente impregnado no imaginário do coletivo e faz uso da Miscigenação brasileira, para sustentar o discurso de dominação política no intuito de desmobilizar as reivindicações que propunham mudanças nesse setor. Esse mito traz consigo a confusão de discursos: aqueles que defendem ser a desigualdade econômica a causa primordial do racismo.
Políticas afirmativas – não tem a intenção de impedir a convivência pacifica e sim garantir que grupos historicamente discriminados tenham acesso igualitário às oportunidades, promovendo a sua inserção nos mais diferentes estratos sociais. Se surgem conflitos e divergências não são frutos delas, mas reflexo daquilo que está mais profundamente enraizado em nossa estrutura social brasileira.
Surgimento – discriminação positiva; se apresenta mais conhecidamente nas políticas de cotas. As ações não são apenas às cotas raciais, é uma das formas possíveis das ações afirmativas. As ações são resultados de diversos eventos como: discussões éticas e jurídicas contemporâneas, fim da Segunda Guerra Mundial e a vitória sobre o nazismo, descolonização da Ásia e África, fluxos imigratórios, novas correntes de pensamento (culturalismo e multiculturalismo). Estes acontecimentos históricos intensificaram o questionamento do racismo. O negro deixa de ser objeto de curiosidade para as ciências sociais para ser um ator social, cercado de relações que o desqualifica pela sua condição social.
No Brasil – surgimento no final do século XX, resultado de transformações decorrentes ao período final da 2ª GM, 1945. O final da guerra é importante pois foi quando intelectuais, comunidade cientifica e dirigentes políticos concordam em ser urgente entender as origens do racismo para evitar outros conflitos que tenham como base eugenia e o extermínio étnico. Quando o racismo se torna problema científico e político, busca por superar o racismo se tornou o principal vetor político dessa época. Em 1945 foi criada a ONU – para garantir a paz no mundo e criar um espaço aberto de diálogo entre os dirigentes políticos das diversas nações e junta dela veio a Unesco, para ampliar as atividades. A Unesco busca um novo mundo pós-guerra baseado na negação dos preceitos raciais. Em 1950 se tem a Primeira Declaração sobre Raça – é menos fator biológico e mais um mito social e, como mito, causou severas perdas de vidas humanas e muito sofrimento em anos recentes. Os movimentos sociais e as pressões políticas surgiram de baixo para cima. A Unesco teve um papel importante no questionamento do conceito raça.
Globalização – século XX. Acabou estreitando os espaços resultou numa difusão midiática de manifestações de minorias sociais, guerras civis, atentados e novas proposições de paz pelo mundo. Pobreza, guerra e desigualdade nos países que permaneceram social e economicamente subdesenvolvidos são parte das publicações das notícias internacionais. Acontecimentos locais foram divulgados pelas mídias locais, resultou numa maior consciência social deste processo, tecnologização, existência do contexto local e multiplicidade de tradições e culturas. O particular foi se desenvolvendo pelo movimento generalizante do global.
Descolonização – minorias étnicas reivindicam reconhecimento identitário e espaço para suas tradições culturais e que fossem entendidas em pé de igualdade com a modernidade. Cultura e tradição são ressiginificados e valorizados.
Multiculturalismo – projeto emancipatório, reconhecimento da diversidade, resistência à homogeneização cultural. É determinante para a emergência das ações afirmativas pois, as culturas minoritárias são frequentemente discriminadas – movimentos particulares. Luta dos movimentos antirracistas e reconhecimento das identidades étnicas caracterizam as reivindicações que normalmente são agrupadas no ideal multicultural. O Multiculturalismo surge nos EUA, década de 1960, pela luta dos direitos civis pelos negros americanos.
Ações afirmativas no Brasil – não apenas assimilação, mas produto de diversas referências mundiais. Seriam resultado de uma ‘globalização’ (7roudometof, 2005): processam-se localmente e a partir de uma lógica estrutural própria as influências culturais e politicas globais. Local e global podem ser conceitualmente opostos, mas na realidade são extremamente ramificados e interdependentes.
Contexto brasileiro – questão racial marca o pensamento social brasileiro desde sua fecundação. A raça se apresenta como um dramático dilema. Ideal do branqueamento – a partir dos nos 1920 e 1930, como solução. 
Culturalismo – coloca como positiva a história da miscigenação e considera as contribuições da cultura africana para a formação social brasileira.
· A Unesco em 1949 patrocina diversas pesquisas sobre o negro no Brasil, convencida de que seríamos um exemplo de convivência pacifica multirracial para o mundo.
· Obra de FREYRE – valoriza o fato de a sociedade brasileira ser etnicamente misturada, nosso patrimônio inestimável, coloca isso como um indicador de tolerância racial. Esse ideal de tolerância tem servido de base para o “mito racial” ou “mito da democracia racial brasileira”, que se firmou de forma imposta politicamente, pela “proibição social, ou até institucional, de se falar em racismo e preconceito racial” (tens um caras la, 8). Esses mitos são combatidos pelo Movimento Negro no brasil e muito questionado no final do século XX.
· Pelo IBGE foi possível demonstrar que as desigualdades econômicas e sociais entre brancos e negros são resultados das “diferenças de oportunidades de vida e formas de tratamento peculiares a esses grupos sociais” (Guimarães, 2008:74).
Em 1978 surge o Movimento Negro Unificado – MVU. Que ataca sobre o discurso nacional de democracia racial. Reintroduz a ideia de raça, reivindica uma origem africana para identificar os negros. Período do orgulho negro, consciência negra e da negritude. África e ritos africanos: ícones para a conquista de reconhecimento identitário negro, posicionamento político e status quo. Marcação da diferença em relação a outros grupos como busca identitária, busca da história do negro brasileiro e reconstrução de sua origem africana – primordial.
Década de 1940 – organizações que promovem a mobilização negra e valorização da cultura afro-brasileira surge.
Constituição de 88 – primeira vez reconhece que a sociedade brasileira é multiétnica e que as raízes dos diferente grupos e formas de viver devem ser respeitadas, racismo como crime.
· Pela globalização um grupo de negros começou a pensar em termos internacionais. Brasil recebeu influências da resistência negra americana e seus estilos – dança de rua, Black Power, expressões musicais – hip hop, funk, soul, bob Marley da Jamaica e os dreads, assimilados como elementos característicos da expressão Negra.
Ano de 2010, no censo, a partir destes movimentos de orgulho negro, houve um aumento na autodeclaração de preto e pardos, resultando numa população negra como mais da metade do Brasil, 50,7.
· O conceito de raça pelo movimento negro é uma discussão de que deve ser nomeada, para evidenciar o problema do racismo. Este conceito é forma de mediação de reinvindicações políticas, negros em um projeto comum de ação.
Década de 1990: movimento negro virou um ator envolvido nas ações políticas raciais, na formulação. Chegou nos anos 2000 ocupando cargos e em espaços governamentais.
· As ações afirmativas ferem o princípio de isonomia que tem por base o tratamento igual a todos, pois legitima a diferença, de forma a mostrar que isonomia é biológica porque somos todos diferentes e tais diferenças podem ser reforçadas no intuito de se garantir manutenção das estruturas de poder e distinção social. Estão para discutir a não-discriminação e a igualdade de direitos trabalho e educação, áreas em que se concentram para dar a inserção social das minorias.
Ações afirmativas: São programas e medidas especiais adotadas e orientadas pelo Estado ou por organizações privadasobjetivando a correção de desigualdades e a promoção da igualdade de condições. A ação afirmativa tem como objetivo promover a representação de certos grupos e pessoas, geralmente nas áreas do trabalho, cultura e educação, redistribuindo as oportunidades.
Políticas afirmativas: São políticas orientadas e planejadas pela agenda das ações afirmativas, são a tentativa de fazer valer, na prática, a garantia de direitos e proteção das minorias étnicas, raciais ou de gênero, usando por vezes o recurso da discriminação positiva.
Discriminação positiva: É definida como um tratamento deliberadamente desigual entre candidatos, favorecendo pessoas de grupos que tenham sido vítimas habituais de discriminação. Ou seja, a discriminação positiva significa selecionar e recrutar pessoas de grupos previamente em situação de desvantagem, objetivando acelerar o processo último que é tornar a sociedade mais igualitária.
Igualdade de oportunidades/igualdade de condições: A igualdade de oportunidades é a base de diversos programas que têm como objetivo assegurar a proibição da desigualdade. No entanto, somente uma política de proibição da discriminação pode ser insuficiente, por isso a necessidade de se estabelecer determinadas medidas que garantam o cumprimento formal dessa igualdade. Assim, a ideia de igualdade de condições passa a ser entendida como mais completa que a de igualdade de oportunidades, para abarcar as novas demandas de igualdade.
· Recrutamento de minorias e intervenções pelas ações afirmativas teve início no EUA na década de 1960. O presidente Kennedy quis que o governo federal empreendesse uma ação afirmativa para garantir que os candidatos empregados não tivessem sofrido nenhuma discriminação (raça, credo, cor, origem) no processo seletivo (Kellough, 2006, 12). Assim houve proibição e tal ação e encorajamento para empregar as minorias.
Novo Panorama Liberal - A proibição da discriminação como vedação da desigualdade não é suficiente, os juristas que defendem as ações afirmativas dizem ser necessário uma justiça compensatória, para corrigir os efeitos que permaneceram da discriminação racial pelas políticas de subjugação de grupos e/ou indivíduos.
· O Estado deve não apenas ser contra a discriminação - atitude negativa, também seguir com uma atitude positiva para garantir os direitos sociais, culturais e econômicos a toda população.
· As ações afirmativas se deram no sentido de mostrar que apenas a garantia de liberdade individual não promoveria êxito social dos negros e quando bem direcionada promove outros debates públicos que reivindiquem a ampliação dos benefícios por parte do Estado.
Primeiras medidas no Brasil – ação afirmativa de cunho racial, em 1968, no governos de Costa e Silva, ter de se empregar trabalhadores de cor, porcentagem mínima, para corrigir o problema de discriminação racial no mercado de trabalho. Porém, esta lei não é formalmente elaborada.
Em 1983, projeto de lei pelas políticas afirmativas. O deputado federal Abdias Nascimento com lei de ações compensatórias para as populações negras. Projeto não teve aprovação no congresso nacional. Era para ter vagas reservadas nos concursos públicos, bolsas de estudos, eliminação da pratica de discriminação nas empresas privadas, inclusão positiva da família afro-brasileira no sistema de ensino e introdução nos conteúdos escolares da história das civilizações africanas e africano no Brasil. (Moehlecke, 2002, 14). Estas foram as primeiras idealizações de políticas afirmativas de pessoas que já estavam inseridas em setores do Governo Federal, apesar de na o concluídas.
No ano de 1986 em SP no governo de Franco Montoro foi criado o Conselho de participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra, para desenvolver e efetivar políticas para inserção social da população negra. No RJ em 1991 no governo de Leonel Brizola é criada a Secretaria de Defesa e Promoção das Populações Negras, que se tornou extinta no mandato do governador Marcello Alencar, em 1994 (Santos, 2009, 15).
IBGE – quesito cor nas pesquisas em 1976 revelavam as desigualdades racial, foram censuradas pela ditadura. No censo de 1970 o quesito cor foi excluído por ter se verificado nos censos de 1940, 1950 e 1960 relações de desigualdade pela cor.
· Movimento Negro nesse período lutava em prol de denúncia do mito da democracia racial, não apenas para integrar o negro à sociedade brasileira e pressionar o poder público para que os problemas raciais fizessem parte da agenda política brasileira.
Ano de 1988, ano de cem anos da abolição, criada a Fundação Cultural Dos Palmares, vinculada ao ministério da cultura com função de promover e preservar a cultura afro-brasileira, teve diversas manifestações que reivindicavam o reconhecimento das desigualdades raciais no país.
· Enfrentamento da questão racial vem forte nos anos 1990. Entregue um documento para o FHC que trazia a atual situação da população negra no pais e algumas medidas, propostas de ação para a superação do racismo e as desigualdades raciais. Então em 20 de novembro de 1995 o presidente institui por decreto o GTI População Negra – composto por 8 representantes da sociedade civil oriundo do MV e 10 governamentais, ligado ao ministério de justiça. Órgão responsável por ações de combate à discriminação racial, visando o desenvolvimento e a participação social da população negra, prioridade para desenvolver pesquisas e incentivar para o desenvolvimento social e econômico dessa população, de forma que as medidas políticas estivessem de acordo com a realidade dos negros e das relações raciais no país.
· O GTI realizou dois seminário sobre a temática de ações afirmativas e elaborou 46 propostas de políticas afirmativas tangendo áreas como educação, saúde, trabalho e comunicação, algumas foram implementadas, com poucos recursos financeiros e impacto social restrito.
Em 1996 – I Programa Nacional Dos Direitos Humanos; ações afirmativas para o acesso dos negros aos cursos profissionalizantes, à universidade e às áreas tecnológicas, formulação de políticas compensatórias que promovessem social e economicamente a população negra.
Em 2001 – aprovadas políticas de ação afirmativa de recorte racial, tendo como base o sistema de cotas e a necessidade de se ampliar a representação dos negros em diversos setores sociais. Discriminação positiva no ministério também, nesse ano uma licitação para ter cotas para negros nos serviços terceirizados do Tribunal. Ano de marco para o debate público das questões raciais no país.
Em 2002 – II PNDH, definiu formalmente o termo afrodescendente como oficial.
Governo LULA – o tema igualdade racial ganhou mais espaço nas esferas institucionais e governamentais. Políticas afirmativas destinadas à educação tendo como base demandas por reconhecimento com intuito valorativo/identitário e redistributivo. Corrigir os resultados das oportunidades desiguais para suprir as carências socioeconômicas dos negros. Política com destaque: lei n. 10.639, para incluir no currículo a temática da História e Cultura Afro-brasileira, ProUni e o apoio às ações afirmativas nas universidades públicas.

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