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In our Soul

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Ficha Técnica 
 
Título: IN OUR SOUL 
Autor: Rafael de Matos 
 
Capa e Paginação: Rafael Matos 
Ilustração de Capa: Carolina Lecoq 
Ilustrações de Fundo: Carolina Lecoq 
Texto: Rafael de Matos 
Revisora de Texto: Patrícia Dedeiras 
Produção Editorial: 
Edição de Imagem: Carolina Lecoq 
 
Apoio à Publicação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Agradecimentos 
 
Quero, antes de mais, agradecer à equipa que trabalhou comigo na realização deste livro, fruto de 
grande trabalho e dedicação por parte de todos. 
Deixo também um agradecimento especial ao meu grande amigo e colega Pedro dos Santos, pelo 
apoio e suporte incondicional na elaboração deste projeto e no meu crescimento como escritor e 
poeta. 
Um especial agradecimento à minha mãe, que contribuiu significativamente para o conteúdo 
deste livro. O mesmo é também fruto da tua alma. 
Além dos agradecimentos mencionados, quero ainda agradecer a todos os que desacreditaram e 
disseram que não seria capaz de chegar onde cheguei. Sem vocês não seria possível. 
Sei que quando até as pessoas mais próximas duvidam de nós, é difícil manter a faísca elevada e 
a motivação para continuar, mas não é impossível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
Índice 
 
Prefácio ......................................................................................................................................6 
A ti .............................................................................................................................................7 
25 de abril? ................................................................................................................................9 
Meu céu ................................................................................................................................... 10 
Olha! Olha! .............................................................................................................................. 12 
Cup of Tea ............................................................................................................................... 13 
Nós somos a sociedade! ........................................................................................................... 14 
Rosa vermelha ......................................................................................................................... 16 
O que é que te vai parar? ........................................................................................................ 17 
Escrevo .................................................................................................................................... 19 
Sem descrição .......................................................................................................................... 21 
És arte ...................................................................................................................................... 23 
Eu nunca vou desistir. ............................................................................................................. 24 
I’m the king of the world ........................................................................................................ 26 
Tenho andado a pensar ........................................................................................................... 28 
A falta que me fazes ................................................................................................................ 30 
Consegues ouvir isto? .............................................................................................................. 31 
O DIABO BRINCA COMIGO ............................................................................................... 33 
Tu e só tu ................................................................................................................................. 34 
Artista da minha tela............................................................................................................... 35 
Genuinamente feliz.................................................................................................................. 37 
Águas paradas morrem ........................................................................................................... 38 
Quem me dera voar! ............................................................................................................... 39 
TÃO SIMPLES ....................................................................................................................... 41 
MY LOVE ............................................................................................................................... 42 
Gritos de loucura ..................................................................................................................... 43 
Eu nunca serei o que tu queres que eu seja ............................................................................ 44 
Não é apenas uma flor ............................................................................................................. 46 
Noite ......................................................................................................................................... 47 
“You can’t do this”.................................................................................................................. 48 
5 
 
Água que cais ........................................................................................................................... 49 
Vinho que amadureceu ........................................................................................................... 50 
Rain.......................................................................................................................................... 52 
Em Apneia ............................................................................................................................... 53 
Sem ninguém ........................................................................................................................... 55 
Mãe .......................................................................................................................................... 57 
Rosa de pétalas negras ............................................................................................................ 58 
Vida Opulenta ......................................................................................................................... 59 
Agora já não consigo parar ..................................................................................................... 60 
Elegância ................................................................................................................................. 63 
14-12-90 ................................................................................................................................... 64 
Poetas?! .................................................................................................................................... 66 
 
 
6 
 
Prefácio 
 
Rafael Matos, autor do presente livro, tem 22 anos, é presidente do grupo informal de jovens Next 
Station e estudante de enfermagem. 
Desde pequeno que gosta de escrever e que ambiciona ter um livro escrito por si. Começou a 
escrever poemas aos 18 anos e, apesar de nunca os ter publicado, a escrita tornou-se na terapia que 
o autor precisava. Entre os muitos concursos literários em que participou, Rafael Matos ganhou, 
recentemente, o “Antologia de Poesia Portuguesa Contemporânea “Entre o Sono e o Sonho” - 
Volume XI” e Coletânea de Cartas de Amor "Três Quartos de um Amor", Vol. III da Chiado 
Books. 
“IN OUR SOUL” é uma obra formada por um conjunto de poemas escritos pelo autor durante os 
últimos 2 anos. Cada poema está enquadrado nos sentimentos e vivências do poeta, de forma a 
motivar o leitor nostemas abordados ao longo da obra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
A ti 
 
Uma janela. 
Um cigarro. 
Uma jarra. 
Um espelho. 
A infinita plenitude do mar! 
Um suspiro. 
Um Ai! 
Existe um braço que com outro façam mais que dois? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
 
 
 
9 
 
25 de abril? 
 
Liberdade em Portugal! 
O feriado que todos conhecem, 
O feriado que todos festejam. 
Mas será real? 
Racismo. 
Homofobia. 
Bullying. 
Xenofobia. 
Machismo. 
Escravidão. 
Obsessão. 
Excessos. 
Desumanização. 
Zonas de Conforto. 
Liberdade? 
Onde? 
 
 
10 
 
Meu céu 
 
Meu céu, meu lindo céu. 
Deixas-me sem palavras. 
O meu corpo transborda ambição para te alcançar… 
Minha alma dita que serei capaz! 
Faça chuva, 
Faça sol. 
Todos te desejam, 
Mas poucos chegam até ti. 
Começo a ganhar asas nesta jornada; 
Mas ainda não são fortes para a ti chegar, 
Talvez… 
Um dia. 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
Olha! Olha! 
 
Olha! O Sol Azul é o céu tão fogoso. 
O mar ondulado e a chuva prateada. 
O vento que rodopia, dança, canha, chora, sibila 
Olha! Vês como ele se movimenta? 
Aprende a vivê-lo. 
Não lutes contra o vento. 
Deixa-o passar pelos cabelos, 
Pelo rosado das faces, 
Pela escuridão dos teus olhos. 
Corre pelas suas ondas, 
Dança a sua dança, 
Acompanha levemente o seu movimento. 
Assim, quando ele rodopiar… 
Decerto não cairás. 
 
13 
 
Cup of Tea 
 
Cor de canela, 
Sabor a conforto, 
Vapor quente de uma alma. 
Começa a gelar… 
Não tens açúcar, 
Mas deixas-me cheio de amor. 
Coração cheio, talvez… 
Vapor que preenche o ar, 
O meu ar. 
Permites-me viver tão intenso, 
Sentir o teu cheiro… o teu sabor. 
Oh… esse sabor! 
Dá me esperança pela manhã. 
 
14 
 
Nós somos a sociedade! 
 
“A sociedade” … o que todos dizem. 
A sociedade é homofóbica. 
A sociedade é racista. 
A sociedade que rouba os mais pobres. 
A sociedade é corrupta. 
A sociedade é machista. 
A sociedade criou caixas nas quais nos temos que colocar. 
A sociedade criou o “normal”. 
A sociedade coloca rótulos nas pessoas. 
A sociedade mata, peca! 
A sociedade é a sociedade. 
A sociedade somos nós. 
Não te queixes! 
Não apontes o dedo! 
Não sejas só garganta e impõe-te! 
Luta por uma sociedade melhor! 
Porque a “sociedade”? 
A sociedade somos nós. 
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16 
 
Rosa vermelha 
 
Eu olho para ti como olho para uma rosa… 
Rosa vermelha, cor da paixão, 
Espinhos que picam, 
Quem se aproxima do teu coração. 
És dona da minha prosa. 
O teu peito é onde os meus lábios ficam; 
O teu olhar prende-me; 
O meu pulso acelera. 
Respiração fica suspensa quando os teus espinhos ficam presos; 
Presos na minha pele, 
Não fazes ferida, 
Arrepias! 
Rosa vermelha, cor de sangue… 
Não magoas. 
Amas, amas intensamente minha alma. 
 
 
 
 
17 
 
O que é que te vai parar? 
 
A minha partida? 
Eu não posso morrer. 
Porque quando eu morrer a minha chance de mostrar quem sou morre; 
Porque quando eu morrer a minha chance de mudar o mundo morre; 
Porque quando eu morrer a minha chance de ser quem quero ser morre; 
Porque quando eu morrer os meus sonhos morrem comigo. 
Mas se eu morrer as coisas boas não serão as únicas que levo comigo, 
Levo também as más. 
Por isso se eu morrer a mágoa irá comigo. 
Quando eu morrer a dor irá comigo. 
Quando eu morrer a tristeza irá comigo. 
Porque quando eu morrer o sofrimento irá comigo, 
Mas porque haveria eu de morrer? 
Porque haveria de deixar este mundo, se apesar de todo o esforço no final terei um universo lá 
fora à minha espera? 
Só para acabar com o sofrimento? 
Dói tanto, e assim que essa dor começa, a vontade de terminar vem acumular no meu ser. 
A vontade de esmagar o que me aparece à frente é gigante. 
A vontade de magoar é tão grande. 
Mas porquê? Qual é a necessidade? 
 
18 
 
 
19 
 
Escrevo 
 
Escrevo… 
Porque quero ser livre. 
Vejo, olho, sinto o prazer do pensar. 
Escrevo… 
Porque tenho cartão de identidade, 
Certidão de nascimento. 
Escrevo… 
Porque respiro, vivo, sinto. 
Escrevo… 
Porque faço parte do espetáculo. 
Sou ator, 
Sou público, 
Sou palmas, 
Sou azedume. 
Contente, descontente. 
Escrevo… 
Porque procuro felicidade. 
Desesperada, não tenho fronteiras. 
Escrevo… 
Porque existo. 
Sou intemporal. 
20 
 
Sou estética, 
Sou estrutura. 
Escrevo… 
Porque sou Contemporâneo, Medieval, Moderno. 
Antiguidade. 
Escrevo… 
Porque gosto de cores. 
Paisagens, esculturas, pedras, hieróglifos. 
Escrevo… 
Porque sou sensível, 
Porque estou vivo… 
Na Terra dos vivos. 
Escrevo… 
Porque sei que vou ficar na História, 
Como os “grandes homens”. 
Não pretenderei ouvir de uma janela com vidraças recostadas, 
“Ave Caesar”. 
 
21 
 
Sem descrição 
 
Sem descrição o que eu vejo em ti, 
Como eu te vejo, 
Como eu te sinto, 
O que eu sinto por ti. 
É amizade, 
Amor, 
Carinho. 
Quando olhei para ti a primeira vez, 
Nunca tinha visto tal beleza, 
Genuinidade. 
O que tu és, o que nós somos, 
E o que eu sinto por ti… 
Ahhhhh 
Sem descrição. 
 
22 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
És arte 
 
Pintas-me todos os dias! 
O teu toque é gesto de delicadeza, 
O teu sorriso é como o um pincel. 
Pinta os meus lábios todas as vezes que me olhas! 
Olhar de desejo, de amor sem fim… 
Alegria das aguarelas e dos tons pastéis. 
Pintas o azul do teu céu, 
Que deixaste ser o nosso céu. 
Com um puxão do teu corpo contra o meu, 
Numa mistura de tintas, 
Pintaste as estrelas! 
Tornaste o universo teu, 
E a galáxia nossa. 
És a arte da minha vida. 
És a arte de quem tu és. 
És a arte do meu rosto. 
 
24 
 
Eu nunca vou desistir. 
 
Nunca irei parar, 
Mesmo quando me fizerem cair, 
Eu irei levantar-me, 
Porque nada, nem ninguém me irá deixar em baixo. 
Seja uma pessoa, 
Um acontecimento, 
Ou uma doença, 
Eu darei sempre a volta por cima, 
Como tenho dado sempre. 
Irei correr, andar e nunca parar. 
Irei saltar as barreiras independentemente da sua altura, 
Serei sempre o visionário do século, 
E o campeão das décadas. 
A besta do ringue e o animal do otimismo. 
E nunca irei desistir. 
 
25 
 
 
26 
 
I’m the king of the world 
 
Eu sou o rei do mundo, 
E sou gay! 
Eu sou o rei do mundo, 
E sou mulher! 
Eu sou o rei do mundo, 
E sou pobre! 
Eu sou o rei do mundo, 
E sou cego! 
Eu sou o rei do mundo, 
E tenho uma doença psiquiátrica. 
Eu sou o rei do mundo, 
E sou estrangeiro! 
Eu sou o rei do mundo, 
E sou budista! 
Eu sou o rei do mundo, 
E sou escuro! 
Eu sou o rei do mundo, 
Independentemente das minhas características, 
Porque todos nós podemos ser o rei do mundo. 
27 
 
Eu sou o rei do mundo, 
E eu sou eu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
Tenho andado a pensar 
 
Tenho andado a pensar… 
A pensar na tua salvação. 
Tudo isso que sabes criticar, 
Mas sem realmente teres noção. 
Tu sabes falar, 
Mas não conheces compreensão. 
Sem te amares, 
Machucas o meu coração. 
Eu estive a pensar… 
Pensar na tua salvação. 
Tenho andado a evitar 
A tua solidão, 
Mas descobrir que me basta olhar… 
Basta-me olhar para a tua autodestruição. 
29 
 
 
30 
 
A falta que me fazes 
 
Nem sabes... 
Quando tu vais, 
Eu fico sem nada. 
 
Tu não te abres... 
Num monte podre de Olivais, 
Nunca foste amada. 
 
Nem sabes... 
Que quando voltaste, 
Eu fiquei com tudo. 
 
Meu coração abanaste; 
Minha alma revoltaste; 
Sinto-me um Sortudo. 
 
 
31 
 
Consegues ouvir isto? 
 
Silêncio. 
Silêncio de um mar, 
Silêncio de uma alma, 
Silêncio de uma voz, 
Silêncio de um abraço, 
Silêncio de uma dor, 
Silêncio de uma mágoa, 
Silêncio. 
Simplesmente silêncio.Consegues ouvir isto? 
Silêncio de ajuda, 
Silêncio de amor, 
Silêncio de tristeza, 
Silêncio de um pai, 
Silêncio de um filho, 
Silêncio. 
Consegues ouvir isto? 
Silêncio. 
Simplesmente silêncio. 
32 
 
 
 
33 
 
O DIABO BRINCA COMIGO 
 
Ei! TU! Sim eu lembro-me de ti! 
Eras tão pequeno. Tão frágil. 
Foi fácil manejar-te. 
Manejar-te como se fosses um bocado de plasticina. 
Foste amassado por todos na verdade. 
Deus. O que raio foi isso? 
Ai… a minha barriga, dói tanto. 
Porquê? 
Oh… tu esmurraste de novo esse pedaço de plasticina. 
Porque fazes isso? 
Porque me esmurraste como se fosse um pedaço dessa estúpida plasticina? 
Tentas espremer-me como se fosses fazer sumo de laranja. 
Não sai nada. 
Isso irrita-te não irrita? 
Desiste. 
Não vais conseguir. 
Não vais conseguir magoar-me para te sentires melhor. 
Desiste! 
Porque eu nunca o farei. 
 
 
34 
 
Tu e só tu 
 
Isso é quase tão bom como tu. 
Mas é só quase, 
Porque nada, nem ninguém, 
É tão bom como tu. 
 
És doce, mas amarga ao mesmo tempo, 
Tudo porque eles não te conhecem, 
Não, como eu conheço. 
 
És luz e escuridão, 
Nada do que eles tentaram fazer escravidão. 
E isso tudo porque… 
 
Isso é quase tão bom como tu. 
Mas é só quase, 
Porque nada, nem ninguém, 
É tão bom como tu. 
 
 
 
 
35 
 
Artista da minha tela 
 
Quente como o sol. 
Iluminada como a lua. 
Limpas-me a alma 
Como o pincel passa na tela. 
Acredito mesmo, 
Estamos escritos nas estrelas! 
Destinados a estar juntos, 
Destinados a olhar um pelo outro! 
As nossas rotas cruzaram-se, 
E as nossas mãos juntaram-se. 
A única mulher que eu amo… 
A única mulher que amei. 
Tu, bonequinha! 
Que me enches a alma, o coração… 
És a minha vida, a minha salvação… 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
37 
 
Genuinamente feliz 
 
Hoje eu estou genuinamente feliz! 
Feliz por ser quem sou, 
Feliz por estar onde estou! 
Hoje eu estou feliz por todas as felicidades, 
E por todas as tristezas! 
Não me arrependo de quem sou, 
Não me arrependo do que fiz. 
Estou onde estou. 
Estou onde sempre quis estar. 
 
38 
 
Águas paradas morrem 
 
Águas paradas morrem. 
Ficam estagnadas no mesmo sítio, 
Sem vida e sem deslumbre; 
Criam sujidade e desespero, 
Desespero de vida e de luminosidade. 
É como um mar poluído, 
Fica sem vida. 
Diferente das profundezas do meu oceano, 
Transporta vida e vontade de viver, 
Mas se parar, estagna. 
Se estagna perde o deslumbre, 
Se perde o deslumbre cria sujidade e desespero, 
Perde a vida porque fica parado, 
E parar é morrer. 
 
 
39 
 
Quem me dera voar! 
 
Quem me dera sonhar, 
Para te poder aliviar. 
Quem me dera ser rio, 
Para te poder encaminhar. 
Quem me dera ter uma ilha, 
Onde te pudesse levar, 
Para que aos teus pés, 
Os leões se pudessem deitar. 
Há em ti algo de sublime, 
Ligeiro como a nuvem, 
Que passa e não voa, 
Que voa e não morre. 
Quem me dera ser amor, 
Para te poder levar. 
Quem me dera ser uma chaminé 
De orvalho lavrado, 
Para te poder amar, beijar… 
Quem me dera ser o sol, 
Onde pudesse queimar. 
Que mais te dizer? 
Só que amor é amor. 
40 
 
 
 
 
41 
 
TÃO SIMPLES 
 
Tão simples o que eu vou dizer. 
Danças todas as noites, 
Agarrada aos meus ombros. 
Fazes me arrepiar com o teu toque, 
Arrepiar com o teu olhar. 
Arrepias só por existires. 
É tão simples quanto isso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desenho a Caneta de Ponta Fina (2019) 
42 
 
MY LOVE 
 
Can I put my hands in your ass and pull you close to me? 
Can I hold you tightly against my body and feel your chest? 
Can I press my lips against yours? 
Can I run my tongue around your neck? 
Just get in all fours for me and let me drive you like you’re a Harley Davidson. 
Maybe just walk your way with the force of the rain? 
Spend my hands on this tight bend? 
The floor is wet… ups let it slip, but it does not hurt, right? 
I feel your breath as if it were the noise of the engine, it becomes difficult to control. 
Oh my love… 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
Gritos de loucura 
 
Gritos de loucura, 
Quando falo contigo… 
Gritos de loucura, 
Quando te peço para ficares… 
Gritos de loucura, 
Quando me dirijo a ti… 
Gritos, gritos de loucura, 
Quando fico verborreico… 
Loucura ou pedidos de ajuda? 
Uma mistura dos dois! 
Não sei o que fazer contigo, 
Como agir, falar ou pensar… 
Gritos de loucura, 
Quando fico indeciso… 
Gritos de loucura, 
Quando me deixas sem resposta… 
Gritos! 
Loucura! 
Gritos de loucura! 
44 
 
Eu nunca serei o que tu queres que eu seja 
 
Porque haveria de te deixar ganhar? 
Porque haveria de ser algo que eu não sou? 
Ligar ao que dizes? 
Engolir o que tu pensas? 
Contaminar-me com o teu ódio e rancor? 
Porquê? 
Eu sou mais forte do que isso. 
Eu sou daquelas bestas de pessoas que nada, nem ninguém irá parar, 
Muito menos pessoas ou coisas como tu, 
Que precisam de falar mal para se sentirem bem, 
Que precisam de tristeza para serem felizes, 
Que precisam de fraqueza para serem fortes. 
Eu nunca serei o que tu queres que eu seja, mas sim o que eu fiz de mim. 
 
 
 
 
45 
 
 
 
 
 
46 
 
Não é apenas uma flor 
 
Saiu de uma semente. 
Semente mulher, semente bonita, 
Mas não era apenas uma semente, 
Era uma vida cheia de riquezas. 
Cheia de alegrias, 
Foi regada e tratada, 
Mas não foi apenas com água, 
Foi com amor e carinho. 
Depois brotou, 
Mas não brotou simplesmente. 
Brotou com força! Com vida! 
Depois cresceu… 
Cresceu com saudade. 
Tornou-se flor… 
Com pétalas de ferro! 
Flor… que não é apenas uma flor. 
 
 
 
47 
 
Noite 
 
Céu azul, 
Azul escuro. 
Repara em como repito a última palavra de cada linha. 
Linha de estrelas, 
Estrelas unidas, 
Unidas pelos Deuses, 
Deuses do Olimpo, 
Olimpo do meu teto, 
Teto que olho com atenção, 
Atenção para não me perder, 
Perder na escuridão, 
Escuridão da noite, 
Noite que me acalma, 
Acalma a dor. 
Nunca esperei que te amasse de tal forma, 
Noite. 
 
 
 
48 
 
“You can’t do this” 
 
Diz-me que eu não consigo fazer algo! 
Diz-me que eu não posso fazer algo! 
Diz-me que eu não sou capaz de algo! 
Diz-me que não é normal! 
Diz-me que me vão gozar! 
Diz-me que não serei aceite! 
Diz-me que não serei ninguém! 
Diz-me que não alcançarei algo! 
Diz-me que não irei bater o recorde! 
Diz-me que vou parar por aqui! 
Diz-me que não serei ninguém! 
Diz-me que não conseguirei mudar! 
Diz-me que o meu sonho é impossível! 
Diz-me que não sou ninguém! 
Eu eu vou provar que estás errado. 
 
 
 
 
 
49 
 
Água que cais 
 
Cais sobre o seu corpo. 
Cais sobre o seu rosto, 
Lavas-lhe as lágrimas, 
E beijas os seus lábios. 
Ela vê a tua transparência nas suas mãos. 
Consome-la, 
Cada gota no seu peito, 
Cada caminho que percorres já ela o tem percorrido. 
Costas de ferro… 
Sorriso destruidor… 
Nem tu lhe consegues limpar a força que ela tem! 
Oh água que cais… 
Cais sobre ela e todos te invejam. 
Água que cais, 
Cais sobre o seu corpo, 
Cais sobre o seu rosto, 
Lavas-lhe as lágrimas, 
E beijas os seus lábios. 
Desenho a Grafite (2018) 
50 
 
Vinho que amadureceu 
 
Tempo que passou. 
Escorreu entre os seus dedos, 
E nem deu por isso. 
Estagnou durante anos, 
Ninguém deu por ele, 
Ficou em silêncio por décadas. 
Já era anterior a Salazar! 
10, 20, 30 anos? 
Quem saberá? 
Só ele próprio. 
Teve uvas como antepassados, 
Pisadas em sofrimento. 
Foi produto de uma sociedade 
Melancólica, ritualista, sem liberdade, 
Liberdade de satisfação ou prazer. 
Amargou e com o tempo adoçou. 
Vinho que bebo hoje. 
Foi sofrido e com paciência deu frutos. 
Vinho esse que… 
Amadureceu. 
 
51 
 
 
52 
 
Rain 
 
Chove lá fora, 
Masestá frio cá dentro. 
Chove lá fora, e chove cá dentro. 
Não entendo… 
Como pode estar frio se chove lá fora? 
Como chove cá dentro se só lá fora é que deveria chover? 
Devia estar aconchegante, 
Quente… 
Mas não está. 
Está frio… 
Continua frio… 
E não aquece. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
53 
 
Em Apneia 
 
Sufocaste-la até à morte. 
Sem qualquer pingo de amar. 
Alma em corte. 
Já nada restava para salvar. 
 
Roubaste-lhe o sorriso. 
Caíram-lhe as lágrimas. 
Pulmões sem ar. 
Sangue a escorregar, 
Pelo seu rosto liso. 
Com essas tuas sátiras. 
 
Ela foi. 
Tu ninguém ficaste. 
Ela foi alguém. 
Pessoa do bem. 
Tu nada depois, 
Além de um traste. 
 
Desenho em Caneta de Feltro e Lápis de 
Cor (2017) 
54 
 
 
55 
 
Sem ninguém 
 
Sem ninguém, mas com tudo. 
És velho cheio de rugas. 
Sábio que afirma nada saber. 
Sorriso triste? 
Não! Dizes sorrindo. 
Sorriso de quem viveu. 
 
Olhos encovados! 
Há quanto tempo não comes? 
Deves passar fome! 
Passar fome? Eu? 
Estou cheio, na verdade. 
Cheio de paz interior. 
 
E tu? Passas fome? 
Não. 
Não? Então porque desconheces o que eu conheço? 
És ignorante no mundo interior. 
 
Não sou sábio. Mas sou mestre. 
Mestre da vida. 
Mestre da morte. 
Mestre de ti. 
 
 
 
 
56 
 
 
57 
 
Mãe 
 
Olho-te sempre tão ternamente! 
Como um dia claro, 
Caloroso, 
Agitado, 
Transparente. 
Beijo-te tão docemente! 
Nesta paisagem agreste, 
Com este calor tão quente. 
Olho as tuas mãos, 
Vejo o teu rosto! 
Olho os teus olhos, 
Vejo o teu amor! 
És tu, Mãe! 
Que choras… 
Ao me veres partir. 
Que ris… 
Ao me veres sorrir. 
Que sofres… 
Ao me veres sofrer. 
És tu, Mãe! 
 
58 
 
Rosa de pétalas negras 
 
Será que fui usado? 
Usado pela tua beldade. 
Dei-te a minha lealdade. 
Com medo de ser abusado. 
Pétalas negras… 
Baleadoras de alma! 
Caule cheio de espinhos, 
Espinhos de ferro. 
Entreguei… 
Magoei… 
Sobrevivi. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
59 
 
Vida Opulenta 
 
Vida opulenta onde me deito esquecida, 
Onde fico sentada a relembrar, 
Este vazio que jamais parará 
Esse amor perdido, que um dia encontrará. 
 
Vida, prisão, alegria, esquecimento. 
Andar perdido e não acordar. 
Como a alvura do céu ao se erguer, 
Como uma lágrima que rola ao escurecer. 
 
Ao amanhecer ainda recordo, 
Como “Ele” … 
Nascera, 
Crescera, 
Vivera, 
Voara, 
Mas, “morrera”. 
 
 
 
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Agora já não consigo parar 
 
Vocês duvidaram de mim. 
Aqui criaram um motim. 
 
Eu provei-vos errados. 
Por todos estes enormes prados. 
 
Deitaram-me fora, 
Para um contentor imundo. 
Hoje chegou a hora, 
De vos meter no fundo. 
 
Nunca mais duvidem, 
Porque quando eu me levantar, 
Estas forças que em mim residem, 
Irão vos matar. 
 
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63 
 
 Elegância 
 
Elegância acima de tudo! 
Sem ganância, 
Sem dinheiro. 
Mulher simples… 
Que sabe amar, 
Que sabe chorar, 
Mas elegância. 
Elegância acima de tudo! 
Quando o seu corpo se move, 
Parece uma cobra a rastejar, 
Parece um pavão no seu estar, 
Mas com elegância. 
Elegância acima de tudo! 
Não demora até te conquistar, 
Não demora até te devorar, 
Não demora a ter elegância. 
Elegância! 
Elegância acima de tudo! 
 
 
64 
 
14-12-90 
 
A purpura cintilante, 
De um sorriso. 
Um olhar mágico… 
De cristal. 
O linho tecido de… 
De um ar balbuciar. 
Um olhar cortês, 
De um amar… 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Poetas?! 
 
Dizem que os poetas fingem, 
Fingem tão fortemente, 
Que chegam a fingir que é dor, 
A dor que na verdade sentem. 
 
Dizem que os poetas, 
São como os pintores! 
Balbuciando tintas, 
Trocadas com as cores, 
Mas ninguém sabe 
O que vai na paleta de ilusões. 
 
Dizem que os poetas, 
São com os palhações, 
Que fazem rir, 
Que fazem chorar, 
Que fazem troça ou 
Que fazem soluçar. 
Tão pouca gente, 
Sabe o que é criar, 
Quando o palhaço faz rir, 
E lhe apetece chorar.

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