Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AUDITORIA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE AULA 1 Profª Eliana Fortunato Reynaldo 2 CONVERSA INICIAL Nada melhor do que saber para onde se vai quando sabemos de onde viemos. Nesta aula abordaremos a história e a evolução de serviço de auditoria, desde o momento em que se criou o serviço até as ações que foram sendo incluídas nas legislações vigentes. Para tanto voltaremos no tempo para compreender porque chegamos até aqui na trajetória do Sistema Único de Saúde (SUS). Estudaremos a importância das legislações para validar as ações e para que se possa verificar as conformidades nos serviços de saúde com relação a o que se tem nos contratos, garantindo assim o bom uso das verbas públicas, bem como garantindo para a população os princípios do SUS, com qualidade e resolutividade nas ações de saúde. Conhecer a história é entender o contexto do que se está buscando entender. Então comecemos com “E tudo começou assim...”. CONTEXTUALIZANDO Um paciente, Sr. Miguel, estava sendo tratado de insuficiência renal na Unidade Básica de Santa Tereza. Estava indo bem até que um dia começou a passar mal. Sua família, muito preocupada, o leva a um Hospital com atendimento de Emergência. Ele foi atendido rapidamente e internado, tratado adequadamente, realizou hemodiálise e outros procedimentos. Após o internamento, Sr. Miguel foi encaminhado à Unidade Básica Santa Tereza para acompanhamento e também encaminhado ao centro de hemodiálise. TEMA 1 – HISTÓRICO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO BRASIL Começamos em 1500 com a colonização, onde a medicina ainda era realizada por curandeiros que se utilizavam de ervas e plantas. Com a vinda da família real ao Brasil, e se iniciam a delegação das atribuições sanitárias às juntas municipais e o controle de navios e saúde dos portos. O início da Saúde Pública no Brasil ocorreu em 1808. De 1889 até 1930, sem um modelo sanitário implantado, as cidades eram constantemente ameaçadas pelas epidemias. Dentre as doenças que acometiam a população 3 estavam a varíola, a malária, a febre amarela e a peste bubônica. Esta causou muitos transtornos não somente para a saúde da população, como também para o comércio, pois os navios não queriam mais atracar nos portos do Rio de Janeiro. Nesta época, Oswaldo Cruz foi nomeado como Diretor do Departamento Federal de Saúde Pública, e se propôs a erradicar a epidemia de febre amarela da cidade do Rio de Janeiro. Oswaldo Cruz criou um grupo de 1.500 pessoas que iniciaram a desinfecção no combate ao vetor da febre amarela, o mosquito. A população não ficou muito contente com a maneira de atuação de Oswaldo Cruz, com a queima de pertences, roupas e colchões dos doentes. Menos contente ficaram quando, em 1904, foi instituída a vacina obrigatória contra a varíola. Houve muitas revoltas pela maneira arbitrária de ação, porém este modelo denominado de campanhista obteve sucesso no controle das epidemias, erradicando a febre amarela na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo. Em 1910 surgiram as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs), onde parte da população recebia auxílio no atendimento à saúde em sua aposentadoria ou pensão, bem como na aquisição de medicamentos com preços baixos, consultas médicas, entre outras ações. Em 1930 foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, e entre este ano e 1945 o Brasil vive a “Era Vargas”, na qual foram criados os Institutos de Assistência Privada (IAPs), que garantiam a assistência médica à população que fazia contribuição. Nestes institutos foram incorporadas as CAPs, e o controle da contribuição sai da responsabilidade dos empregadores e empregados e vai para o governo. No ano de 1953 foi criado o Ministério da Saúde, com a Lei nº 1.920/1953, que desdobrou o então Ministério da Educação e Saúde em dois ministérios distintos: Ministério da Saúde e o Ministério da Educação e Cultura. Em 1967 é criado o Instituto Nacional da Previdência Social (INPS), em que as medidas eram focadas no individual e não no coletivo. Com estas medidas dedicadas ao indivíduo, verbas foram investidas em estabelecimentos privados, sem avaliação prévia sobre a real necessidade da população, acarretando em muitas fraudes por investimento ou aquisição de equipamentos de maneira errada ou desnecessária. 4 Em 1974, com a criação do Instituto Nacional de Assistência e Previdência Social (INAMPS), buscou-se uma forma de controle, avaliação e auditoria –aliás, o serviço de auditoria na estrutura do INAMPS era ainda muito rudimentar e sem autonomia, sem um funcionamento ativo. Em 1978 é criada a Coordenação de Controle e Avaliação, que controlava, acompanhava e monitorava as contas hospitalares por meio de Guias de Internação Hospitalar. Com a promulgação da Constituição Federal em 1988, se determinou que é dever do estado garantir a toda a população a saúde, foi então criado o SUS – Sistema Único de Saúde – e em 1990 o funcionamento deste Sistema é aprovado, pelo Congresso Nacional pela Lei Orgânica da Saúde, a Lei nº 8080/1990. TEMA 2 – AIH E APAC Em 1983, as Guias de Internação Hospitalar foram substituídas pela Autorização de Internação Hospitalar (AIH). Com a criação desta ferramenta da auditoria, começaram a ocorrer ações in loco nos hospitais. A AIH tem como finalidade registrar os atendimentos de acordo com a internação e com o código internacional de diagnósticos (CID). Ela vai gerar relatórios que serão utilizados pelos gestores para fins de pagamentos e também de indicadores de saúde. A AIH é um documento gerado no Sistema de Informação Hospitalar do SUS (SIH/SUS) que autoriza uma internação e assegura que as despesas médico hospitalares sejam pagas em conformidade com os valores estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Este atendimento é gratuito e não pode haver cobrança de nenhuma forma ao usuário. Após a criação da AIH ocorreu a criação da Autorização de Procedimentos de Alta Complexidade (APAC). A APAC é gerada no Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS). Existe o Sistema de Gerenciamento da Tabela Unificada de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS (SIGTAP), que possui todas as informações necessárias para os procedimentos que precisam de APAC. Alguns exemplos destes procedimentos são: a hemodiálise, a tomografia computadorizada, a ressonância magnética, o cateterismo, biópsias guiadas, entre outros 5 Saiba mais Leia a Carta SUS, que é enviada aos pacientes após internação, disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/maio/06/modelo-cartasus- aih.pdf>. TEMA 3 – SISTEMA NACIONAL DE AUDITORIA Em 1988, com a promulgação da Constituição Federal, foram criadas algumas regras de monitoramento, controle e avaliação das ações de saúde. E o artigo 197 diz: São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao poder público dispor, nos termos da lei sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. Em 1990 foi criada a Lei Orgânica da Saúde nº 8.080/1990, “onde se previu a necessidade da criação do Sistema Nacional de Auditoria (SNA), para acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde.” Esta lei, no art. 4º traz como objetivo importante a regulamentação do Sistema Único de Saúde: O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu sistema de auditoria, a conformidade à programação aprovada da aplicação dos recursos repassados a Estados e Municípios. Constatada a malversação, desvio ou não aplicação dos recursos, caberá ao Ministério da Saúde aplicar as medidas previstas em lei. Em 1993, com a extinção do INAMPS, foi criada a Lei nº 8.689/1993, a qual instituiu o Sistema Nacional de Auditoria (SNA).A intenção era reforçar as ações de controle, avaliação e auditoria para detectar onde ocorreram as fraudes com as verbas da saúde e para um melhor controle e uso das verbas públicas. Esta lei foi regulamentada pelo Decreto nº 1.651/1.995, prevendo um controle interno e externo das ações e serviços de saúde. Esta lei também prevê que a auditoria deve analisar vários dados e informações como indicadores de saúde, prontuários de pacientes, conformidade do que foi contratado com relação aos serviços de saúde e procedimentos, análise dos sistemas de informação em saúde (hospitalar e ambulatorial). 6 A auditoria tem ainda como função a verificação da necessidade da realização de procedimentos previstos nas AIH, verificação dos gastos com procedimentos de alto custo, entre outras ações. O Decreto nº 1.651/1995 regulamenta o SNA, e conforme o art. 2º: Art. 2º. O SNA exercerá sobre as ações e serviços desenvolvidos no âmbito do SUS as atividades de: I - controle da execução, para verificar a sua conformidade com os padrões estabelecidos ou detectar situações que exijam maior aprofundamento; II - avaliação da estrutura, dos processos aplicados e dos resultados alcançados, para aferir sua adequação aos critérios e parâmetros exigidos de eficiência, eficácia e efetividade; III - auditoria da regularidade dos procedimentos praticados por pessoas naturais e jurídicas, mediante exame analítico e pericial. Parágrafo único. Sem embargo das medidas corretivas, as conclusões obtidas com o exercício das atividades definidas neste artigo serão consideradas na formulação do planejamento e na execução das ações e serviços de saúde. Essas atividades são importantes para acompanhar e monitorar as ações e serviços desenvolvidos no âmbito do SUS. Este decreto prevê, no art. 6º que “é competência do SNA a avaliação técnico-científica, contábil, financeira e patrimonial do Sistema Único de Saúde, e que isso ocorrerá com uma descentralização das ações e serviços e que essa descentralização ocorre nas três esferas de governo: Nacional, Estadual e Municipal.” O SNA foi descentralizado em 1996, em que a legislação cita que para que o município tenha uma gestão plena, ele precisa ter um sistema de auditoria estruturado, organizado e atuante, acompanhando, monitorando e avaliando os serviços de saúde ambulatoriais e hospitalares. DENASUS De acordo com o Portal da Saúde, do Ministério da Saúde: O Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS) é o componente federal e coordenador do Sistema Nacional de Auditoria (SNA), cujas competências em cada esfera de governo são regulamentadas pelo Decreto nº 1.651/1995. Além de exercer atividades de auditoria e fiscalização especializada no âmbito do SUS, constante na Política Nacional de Gestão Estratégica e Participativa do SUS (ParticipaSUS), o Denasus utiliza a auditoria como instrumento de gestão que contribui não apenas para a alocação e utilização adequada dos recursos, mas, 7 sobretudo, para garantir o acesso e a qualidade da atenção à saúde oferecida aos cidadãos. O Decreto nº 5.841, de 2006, trazia a integração do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS) na estrutura da Secretaria de Gestão Estratégica. Ainda em novembro de 2006 foi criado o Decreto nº 5.974/2006, que definiu uma nova estrutura do Ministério da Saúde, porém manteve as ações do DENASUS juntamente com a Secretaria de Gestão Estratégica. O Decreto nº 7.336, de 19 de outubro de 2010 ainda mantém o Departamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas como um órgão singular com várias ações específicas, entre elas a definição de uma política de regulação em saúde, avaliação das ações de regulação assistencial nas três esferas de governo, avaliação da qualidade e da quantidade das ações e serviços prestados ao SUS, acompanhamento e avaliação da transferência de recursos financeiros nos níveis federal, estadual e municipal, entre outras ações. Por esta definição do decreto, temos o organograma do Ministério da Saúde e nela aparece o DENASUS da seguinte forma: Figura 1: Organograma do Ministério da Saúde Fonte: <http://sna.saude.gov.br/organograma.cfm>. 8 Para compreender melhor esta dinâmica devemos entender que o DENASUS exerce atividades de auditoria e fiscalização especializada no âmbito do SUS. A missão do DENASUS é “Realizar auditoria no SUS, contribuindo para qualificação da gestão, visando melhoria da atenção e do acesso às ações e aos serviços de Saúde", ao passo que sua visão é "Ser referência em auditoria, reconhecido pela construção do SNA e sua contribuição para a universalização do acesso e qualidade da atenção à saúde do SUS". TEMA 4 – PACTO PELA SAÚDE Ainda em 1996, o Ministério da Saúde criou o primeiro Manual de Normas de Auditoria, regulamentando as ações da auditoria, e para que ocorra o cumprimento das normas relativas ao SUS com qualidade das ações e serviços de saúde. Em 2003 foi aprovada a Lei nº 10.683/2003, que cita como competência do Ministério da Saúde a fiscalização do SUS. Essas ações tem a participação ativa do serviço de auditoria. Em 22 de fevereiro de 2006 foi lançado o documento com as diretrizes do Pacto pela Saúde – Consolidação do Sistema Único de Saúde, publicado na Portaria/GM. Este pacto foi dividido em três dimensões, de acordo com a Portaria 399/2016: I – O PACTO PELA VIDA: O Pacto pela Vida está constituído por um conjunto de compromissos sanitários, expressos em objetivos de processos e resultados e derivados da análise da situação de saúde do País e das prioridades definidas pelos governos federal, Estaduais e municipais. Significa uma ação prioritária no campo da saúde que deverá ser executada com foco em resultados e com a explicitação inequívoca dos compromissos orçamentários e financeiros para o alcance desses resultados II – O PACTO EM DEFESA DO SUS: O Pacto em Defesa do SUS envolve ações concretas e articuladas pelas três instâncias federativas no sentido de reforçar o SUS como política de Estado mais do que política de governos; e de defender, vigorosamente, os princípios basilares dessa política pública, inscritos na Constituição Federal III – O PACTO DE GESTÃO DO SUS O Pacto de Gestão estabelece as responsabilidades claras de cada ente federado de forma a diminuir as competências concorrentes e a tornar mais claro quem deve 9 fazer o quê, contribuindo, assim, para o fortalecimento da gestão compartilhada e solidária do SUS. TEMA 5 – AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE COMPLEMENTAR Um órgão importante na regulação em saúde é a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a qual é responsável pela regulação dos planos de saúde privados. Ela é a agência reguladora e está vinculada ao Ministério da Saúde. A ANS foi criada pela Lei nº 9.961, em 28 de janeiro de 2000, “visando a regulação da assistência privada e garantindo a qualidade do atendimento bem como garantindo a integralidade do cuidado aos seus usuários. ” A regulação tem como objetivo a criação de normas, e com isso garantir que ocorra o controle e a fiscalização de planos de saúde privados para assegurar o interesse público. Um outro marco na saúde do Brasil é a criação do Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011. Este teve importância na regulamentação da Lei nº 8.080/1990, pois dele se esperava que ao realizar a regulamentação desta lei, fosse feita a organização do SUS e o planejamento de saúde. No artigo 2o, para efeito deste Decreto, considera-se: I - Região de Saúde - espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos de Municípios limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde;II - Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde - acordo de colaboração firmado entre entes federativos com a finalidade de organizar e integrar as ações e serviços de saúde na rede regionalizada e hierarquizada, com definição de responsabilidades, indicadores e metas de saúde, critérios de avaliação de desempenho, recursos financeiros que serão disponibilizados, forma de controle e fiscalização de sua execução e demais elementos necessários à implementação integrada das ações e serviços de saúde; III - Portas de Entrada - serviços de atendimento inicial à saúde do usuário no SUS; IV - Comissões Intergestores - instâncias de pactuação consensual entre os entes federativos para definição das regras da gestão compartilhada do SUS; V - Mapa da Saúde - descrição geográfica da distribuição de recursos humanos e de ações e serviços de saúde ofertados pelo SUS e pela iniciativa privada, considerando-se a capacidade instalada existente, os investimentos e o desempenho aferido a partir dos indicadores de saúde do sistema; 10 VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e serviços de saúde articulados em níveis de complexidade crescente, com a finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde; VII - Serviços Especiais de Acesso Aberto - serviços de saúde específicos para o atendimento da pessoa que, em razão de agravo ou de situação laboral, necessita de atendimento especial; e VIII - Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica - documento que estabelece: critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais produtos apropriados, quando couber; as posologias recomendadas; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos gestores do SUS. Auditoria: definições Auditoria, conforme definido pela ParticipaSUS: “A auditoria é um instrumento de gestão para fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), contribuindo para a alocação e utilização adequada dos recursos, a garantia do acesso e a qualidade da atenção à saúde oferecida aos cidadãos. ” A auditoria é uma forma de verificar a conformidade das ações e dos serviços de saúde, para garantir a qualidade das ações em saúde e que se tenha ações com resolutividade. A cada legislação criada pelo Ministério da Saúde, a cada contrato firmado entre o gestor e o prestador, a cada acompanhamento, monitoramento e avaliação em saúde dos serviços e ações de serviços de saúde há o intuito de melhorar a qualidade da assistência em saúde. NA PRÁTICA Vamos retornar ao relato apresentado na seção “Contextualizando”, no início desta aula: “Um paciente, Sr. Miguel, estava sendo tratado de insuficiência renal na Unidade Básica de Santa Tereza. Estava indo bem até que um dia começou a passar mal. Sua família, muito preocupada, o leva a um Hospital com atendimento de Emergência. Ele foi atendido rapidamente e internado, tratado adequadamente, realizou hemodiálise e outros procedimentos. Após o internamento, Sr. Miguel foi encaminhado à Unidade Básica Santa Tereza para acompanhamento e também encaminhado ao centro de hemodiálise.” Com base no texto, qual das alternativas a seguir apresenta informações corretas? 11 1. O médico solicita ao pessoal do hospital que ligue para a Unidade Básica Santa Tereza, solicitando a AIH do Sr. Miguel, afinal ele já estava sendo tratado naquela Unidade. 2. O médico preenche o Laudo Médico e pede ao pessoal do hospital que solicite imediatamente a liberação da AIH, senão não poderá internar o paciente, pois o Hospital não receberá pelos procedimentos executados. 3. O hospital preenche o laudo de solicitação de Autorização de Internação Hospitalar e solicita a liberação à Unidade Autorizadora a AIH. Assim o paciente poderá ser atendido e o hospital tem a garantia de receber pelos procedimentos prestados Gabarito: A Instituição deve preencher o laudo de solicitação de Autorização de Internação Hospitalar em todos os campos. A AIH de paciente eletivo deve ser emitida, autorizada pelo gestor local antes da internação e tem validade por até 15 dias. A AIH de paciente em Urgência/Emergência em Hospital de Referência deve ser solicitada em até 48 horas após o internamento pelo hospital. Todo este procedimento deve ser realizado para que o hospital possa receber pelos procedimentos realizados. Portanto, a alternativa correta é 3. FINALIZANDO A saúde no Brasil desde a colonização mudou muito em todos os aspectos, tanto com inovações científicas como tecnológicas. Com este crescimento, a maneira de atendimento também foi mudando, assim foi criado, depois de muitas tentativas, o SUS que conhecemos hoje, que busca atender à população da melhor maneira. Para isto, conta com instituições e serviços de saúde próprios ou contratados. Muitas ferramentas e dispositivos são utilizados para que se possa ter um SUS com universalidade, igualdade e equidade. Dentre as ferramentas estão o cadastro dos usuários, dos profissionais, das unidades, dos serviços de saúde, enfim de tudo o que é necessário para fazer o sistema funcionar. Com toda esta complexidade, surge a necessidade de controle e de monitoramento, e com eles a auditoria, a qual busca verificar o andamento dos serviços buscando controle e aprimoramento. 12 REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto n. 1.651, de 28 de setembro de 1995. Diário Oficial da União, Poder executivo, Brasília, DF, 2 out. 1995. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1995/d1651.htm>. Acesso em: 10 mar. 2017. _____. Decreto n. 7.508, de 28 de junho de 2011. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 29 jun. 2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7508.htm>. Acesso em: 15 mar. 2017. _____. CONASS – Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Assistência de Média e Alta Complexidade no SUS. Brasília: CONASS, 2007. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/colec_progestores_livro9.pdf>. Acesso em 29 mar. 2017. _____. Ministério da Saúde. Auditoria do SUS: orientações básicas, Brasília- DF, 2011. Disponível em: <http://sna.saude.gov.br/download/LivroAuditoriaSUS_14x21cm.pdf>. Acesso em: 29 mar. 2017. _____. Ministério da Saúde. Curso Básico de Regulação, Controle, Avaliação e Auditoria do SUS. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/curso_regulacao_SUS_1ed_eletro nica.pdf>. Acesso em: 29 mar. 2017. _____. Ministério da Saúde. Diretrizes operacionais: Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão. 1ª edição, Brasília, DF, 2006. _____. Ministério da Saúde. Portaria GM 399 de 22 de fevereiro de 2006. Diário Oficial da União, 11 mar. 2005. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt0399_22_02_2006.html >. Acesso em: 9 mar. 2017. MELO, B. M; VAITSMAN, J. Auditoria e avaliação no SUS. São Paulo em perspectiva, São Paulo, v. 22, p. 152-164, 2008. SNA – SISTEMA NACIONAL DE AUDITORIA. Disponível em: <sna.saude.gov.br>. 13 DATASUS – DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA DO SUS. Disponível em: <http://www.datasus.gov.br/>. Acesso em: 29 mar. 2017. MENICUCCI, T. M. G. História da reforma sanitária brasileira e do Sistema Único de Saúde: mudanças, continuidades e a agenda atual. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, jan./mar., 2014, p. 77-92. AUDITORIA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE AULA 2 Profª Eliana Fortunato Reynaldo 2 CONVERSA INICIAL A regulação em saúde é importante tanto para os municípios pequenos quanto para o Ministério da Saúde, pois ela é o sistema que gerencia o atendimento aos usuários do SUS. Desde consultas, exames e internamentos simples a atendimentos especializados e de alta complexidade, os quais podem necessitar ser realizados em outrosmunicípios ou até em outros estados. CONTEXTUALIZANDO O sr. Luiz, paciente de uma cidade do interior, busca atendimento ambulatorial, e é atendido na Unidade Básica de Saúde. O médico solicita alguns exames, aos quais o sr. Luiz se submete e retorna com os resultados à unidade de saúde. Ao analisar os resultados, o médico observa a necessidade de atendimento especializado e exames mais específicos para o diagnóstico, tratamento e possível internação. Os exames e o atendimento especializado necessários não estão disponíveis no município. Como o sr. Luiz vai resolver o seu problema já que ele não tem condições financeiras de custear as despesas? TEMA 1 – CONCEITOS E DIRETRIZES Tudo se inicia com a Constituição Federal de 1988: “Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Em 2006 houve um pacto no campo da gestão do sistema e da atenção à saúde entre o Ministério da Saúde (MS) o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) e os três gestores do SUS, que se uniram e criaram o documento intitulado “Pacto pela Vida”. De acordo com a Portaria 399/2006: A implantação desse Pacto, nas suas três dimensões - Pacto pela Vida, Pacto de Gestão e Pacto em Defesa do SUS - possibilita a efetivação de acordos entre as três esferas de gestão do SUS para a reforma de aspectos institucionais vigentes, promovendo inovações nos processos e instrumentos de gestão que visam alcançar maior efetividade, eficiência e qualidade de suas respostas e ao mesmo tempo, 3 redefine responsabilidades coletivas por resultados sanitários em função das necessidades de saúde da população e na busca da equidade social. O que nos interessa neste assunto é o “Pacto de Gestão”, que de acordo com a Resolução nº 399/2006, em seu anexo II, é definido da seguinte maneira: Estabelece Diretrizes para a gestão do sistema nos aspectos da Descentralização; Regionalização; Financiamento; Planejamento; Programação Pactuada e Integrada – PPI; Regulação; Participação Social e Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Do pacto de gestão o que nos interessa é a regulação, então vamos a ela. “Regular” pode ser definido como: Sujeitar às regras; dirigir; regrar; encaminhar conforme a lei; esclarecer e facilitar por meio de disposições; regulamentar; estabelecer regras para; regularizar; estabelecer ordem, parcimônia; acertar; comparar; estar conforme; trabalhar ou funcionar com acerto, precisão, regularidade; servir de regra; dirigir‐se, guiar‐se, orientar‐se. No sistema de saúde, a regulação é definida como, “regulamentação, fiscalização e controle da produção de bens e serviços em setores da economia, incluindo a saúde. ” Para que possamos entender melhor o assunto, algumas definições são necessárias. Elas foram retiradas do material do Ministério da Saúde, o Pacto pela Saúde, volume 1, de 2006. São elas: Regulação da Atenção à Saúde - tem como objeto a produção de todas as ações diretas e finais da atenção à saúde, dirigida aos prestadores de serviços de saúde, públicos e privados. As ações da Regulação da Atenção à Saúde compreendem a Contratação, a Regulação do Acesso à Assistência ou Regulação Assistencial, o Controle Assistencial, a Avaliação da Atenção à Saúde, a Auditoria Assistencial e as regulamentações da Vigilância Epidemiológica e Sanitária. Contratação - conjunto de atos que envolvem desde a habilitação dos serviços/prestadores até à formalização do contrato na sua forma jurídica. Regulação do Acesso à Assistência ou Regulação Assistencial - conjunto de relações, saberes, tecnologias e ações que intermediam a demanda dos usuários por serviços de saúde e o acesso a estes. Complexo Regulador - estratégia da Regulação Assistencial, consistindo na articulação e integração de Centrais de Atenção Pré-hospitalar e Urgências, Centrais de Internação, Centrais de Consultas e Exames e Protocolos Assistenciais com a contratação, controle assistencial, avaliação, programação e regionalização. Os complexos reguladores podem ter abrangência intramunicipal, municipal, micro 4 ou macrorregional, estadual ou nacional, devendo esta abrangência e respectiva gestão, serem pactuadas em processo democrático e solidário, entre as três esferas de gestão do SUS. Auditoria Assistencial ou Clínica – processo regular que visa aferir e induzir qualidade do atendimento amparada em procedimentos, protocolos e instruções de trabalho normatizados e pactuados. Deve acompanhar e analisar criticamente os históricos clínicos com vistas a verificar a execução dos procedimentos e realçar as não conformidades. Princípios do SUS – diretrizes previstas no artigo 198 da Constituição Federal e obedecem aos seguintes princípios: I - universalidade - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema - Engloba ações de promoção, proteção e recuperação da saúde III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática; VIII - participação da comunidade; IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo: a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico; XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população; XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos. De acordo com o SUS de A a Z do Ministério da Saúde: 5 O SUS é um sistema de saúde, regionalizado e hierarquizado, que integra o conjunto das ações de saúde da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, onde cada parte cumpre funções e competências específicas, porém articuladas entre si, o que caracteriza os níveis de gestão do SUS nas três esferas governamentais. Ou seja, cada uma das três esferas do SUS – federal, estadual e municipal – é definida por um representante: ministro da saúde, secretário estadual e secretário municipal da saúde. TEMA 2 – REGULAÇÃO DA ATENÇÃO À SAÚDE Conforme vimos na definição, a Regulação da Atenção à Saúde tem como objeto a produção de todas as ações diretas e finais da atenção à saúde, dirigida aos prestadores de serviços de saúde, públicos e privados. As ações da Regulação da Atenção à Saúde compreendem a Contratação, a Regulação do Acesso à Assistência ou Regulação Assistencial, o Controle Assistencial, a Avaliação da Atenção à Saúde, a Auditoria Assistencial e as regulamentações da Vigilância Epidemiológica e Sanitária. De acordo com a Diretoria de Regulação Sanitária (DIREG): A atividade de Regulação da Atenção à Saúde, explicitada nas diretrizes de Universalidade, Integralidade e Equidade da Atenção, consiste em umaorganização de estruturas, tecnologias e ações dirigidas aos prestadores privados, gerentes e profissionais, de modo a viabilizar o acesso do usuário aos serviços de saúde, adequando à complexidade de seu problema aos níveis tecnológicos exigidos para uma resposta humana, oportuna, ordenada, eficiente e eficaz. Dirigindo-nos às diretrizes do SUS encontramos que todo cidadão brasileiro tem o direito à saúde de maneira universal, com integralidade e equidade. Em outras palavras, todos podem ter acesso à assistência à saúde, em todos os níveis de complexidade, desde a atenção básica, para que as enfermidades não se estabeleçam, até a cura, tratamento e recuperação quando a doença já se estabeleceu. E para que isto ocorra de maneira igual em um país tão grande, deve haver a descentralização dos serviços de forma regionalizada e hierarquizada. A estrutura institucional e decisória do SUS é realizada por gestor, comissão intergestores e colegiado participativo. Nacionalmente é realizado pelo Ministério da Saúde, pela Comissão Tripartite e pelo Conselho Nacional. Nos estados, é responsabilidade da secretaria estadual, do Conselho Bipartite e do 6 Conselho Estadual, e nos municípios é gerido pela secretaria municipal, pelo Conselho Bipartite e pelo Conselho Municipal. A Portaria nº 1.559, de 1 de agosto de 2008, do Ministério da Saúde, que institui a Política Nacional de Regulação do Sistema Único de Saúde – SUS, em seu art. 2º, inciso II, sobre a Regulação da Atenção à Saúde, estabelece: II - Regulação da Atenção à Saúde: exercida pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, conforme pactuação estabelecida no Termo de Compromisso de Gestão do Pacto pela Saúde; tem como objetivo garantir a adequada prestação de serviços à população e seu objeto é a produção das ações diretas e finais de atenção à saúde, estando, portanto, dirigida aos prestadores públicos e privados, e como sujeitos seus respectivos gestores públicos, definindo estratégias e macrodiretrizes para a Regulação do Acesso à Assistência e Controle da Atenção à Saúde, também denominada de Regulação Assistencial e controle da oferta de serviços executando ações de monitoramento, controle, avaliação, auditoria e vigilância da atenção e da assistência à saúde no âmbito do SUS; [...] No art. 4º da mesma portaria, encontramos: Art. 4º - A Regulação da Atenção à Saúde efetivada pela contratação de serviços de saúde, controle e avaliação de serviços e da produção assistencial, regulação do acesso à assistência e auditoria assistencial contempla as seguintes ações: I - cadastramento de estabelecimentos e profissionais de saúde no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - SCNES; II - cadastramento de usuários do SUS no sistema do Cartão Nacional de Saúde - CNS; III - contratualização de serviços de saúde segundo as normas e políticas específicas deste Ministério; IV - credenciamento/habilitação para a prestação de serviços de saúde; V - elaboração e incorporação de protocolos de regulação que ordenam os fluxos assistenciais; VI - supervisão e processamento da produção ambulatorial e hospitalar; VII - Programação Pactuada e Integrada - PPI; VIII - avaliação analítica da produção; IX - avaliação de desempenho dos serviços e da gestão e de satisfação dos usuários - PNASS; X - avaliação das condições sanitárias dos estabelecimentos de saúde; XI - avaliação dos indicadores epidemiológicos e das ações e serviços de saúde nos estabelecimentos de saúde; e XII - utilização de sistemas de informação que subsidiam os cadastros, a produção e a regulação do acesso. 7 Vídeo Assista ao vídeo “Simpósio acadêmico em saúde – São Paulo com Dr. Arthur Chioro Reis”. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=sJui3nLrfdU&list=PLGSJM4lvyfwg9xzdNi fOqCMc9PduXJqKb>. TEMA 3 – REGULAÇÃO DE SISTEMAS DE SAÚDE Os sistemas de saúde existem desde que quando se buscou formas de proteção e tratamento de doenças. Sistema de Saúde, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) é: “Um conjunto coerente de diversos componentes inter-relacionados seja setorial ou intersetorial, que produzem um efeito na população. A configuração do sistema de saúde é influenciada por seus objetivos e seus valores fundamentais”. Os Sistemas de Serviço de Saúde são definidos pela OMS da seguinte maneira: Os Sistemas de Serviços de Saúde podem ser compreendidos como uma combinação de recursos, organização, financiamento e gerência que visam oferecer serviços de saúde para uma população. Desta forma os Sistemas de Serviços de Saúde são sistemas sociais que se propõem e se organizam com o intuito de prestar assistência à saúde a uma população definida. De acordo com estas definições, percebemos que os Sistemas de Serviço de saúde estão inseridos nos Sistemas de Saúde. De acordo com a Portaria nº 1.559/2008, art. 2, inciso I: Regulação de Sistemas de Saúde: tem como objeto os sistemas municipais, estaduais e nacional de saúde, e como sujeitos seus respectivos gestores públicos, definindo a partir dos princípios e diretrizes do SUS, macrodiretrizes para a Regulação da Atenção à Saúde e executando ações de monitoramento, controle, avaliação, auditoria e vigilância desses sistemas [...] No art. 3º, encontramos a Regulação de Sistemas de Saúde efetivada pelos atos de regulamentação, controle e avaliação de sistemas de saúde, regulação da atenção à saúde e auditoria sobre sistemas e de gestão contempla as seguintes ações: 8 I - Elaboração de decretos, normas e portarias que dizem respeito às funções de gestão; II - Planejamento, Financiamento e Fiscalização de Sistemas de Saúde; III - Controle Social e Ouvidoria em Saúde; IV - Vigilância Sanitária e Epidemiológica; V - Regulação da Saúde Suplementar; VI - Auditoria Assistencial ou Clínica; e VII - Avaliação e Incorporação de Tecnologias em Saúde. TEMA 4 – REGULAÇÃO DO ACESSO À ASSISTÊNCIA A Lei nº 8080/1990 “tem como uma das diretrizes fundamentais a descentralização de ações e serviços de saúde”. A gestão descentralizada de ações de serviços em saúde deve ser capaz de garantir o acesso aos pacientes em todas as esferas e níveis de atenção. A regulação do acesso remete diretamente às diretrizes do SUS, e é definida, pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde, no livro Regulação em Saúde, da seguinte maneira: “Estabelecimento de meios e ações para a garantia do direito constitucional de acesso universal, integral e equânime, independente de pactuação prévia estabelecida na PPI e/ou da disponibilidade de recursos financeiros”. De acordo com a Portaria nº 1.559/2008, art. 2º, inciso III: III - Regulação do Acesso à Assistência: também denominada regulação do acesso ou regulação assistencial, tem como objetos a organização, o controle, o gerenciamento e a priorização do acesso e dos fluxos assistenciais no âmbito do SUS, e como sujeitos seus respectivos gestores públicos, sendo estabelecida pelo complexo regulador e suas unidades operacionais e esta dimensão abrange a regulação médica, exercendo autoridade sanitária para a garantia do acesso baseada em protocolos, classificação de risco e demais critérios de priorização. Art. 5º - A Regulação do Acesso à Assistência efetivada pela disponibilização da alternativa assistencial mais adequada à necessidade do cidadão por meio de atendimentos às urgências, consultas, leitos e outros que se fizerem necessários contempla as seguintes ações: I - regulação médica da atenção pré-hospitalar e hospitalar às urgências; II - controle dos leitos disponíveis e das agendas de consultas e procedimentos especializados; III - padronização das solicitações de procedimentos por meio dos protocolos assistenciais; e IV - o estabelecimento de referências entre unidades de diferentes níveis de complexidade,de abrangência local, intermunicipal e interestadual, segundo fluxos 9 e protocolos pactuados. A regulação das referências intermunicipais é responsabilidade do gestor estadual, expressa na coordenação do processo de construção da programação pactuada e integrada da atenção em saúde, do processo de regionalização, do desenho das redes. TEMA 5 – COMPLEXOS REGULADORES E CENTRAIS DE REGULAÇÃO De acordo com a Portaria nº 1.559/2008, art. 7º: A área técnica da regulação do acesso será estabelecida mediante estruturas denominadas Complexos Reguladores, formados por unidades operacionais denominadas centrais de regulação, preferencialmente, descentralizadas e com um nível central de coordenação e integração. Pela definição do Ministério da Saúde, no Livro 10: Regulação em Saúde, temos que: Os complexos reguladores são considerados uma das estratégias da regulação de acesso, consistindo na articulação e na integração de centrais de Atenção às Urgências, centrais de internação, centrais de consultas e serviços de apoio diagnóstico e terapêutico, implantadas sob a orientação de protocolos clínicos e linhas de cuidado previamente definidos. Estes complexos reguladores realizam a logística da rede de Atenção à Saúde, garantindo a racionalização dos fluxos, contra fluxos de informações, produtos e usuários nas Redes de Atenção à Saúde. A abrangência destes complexos reguladores pode ser municipal, micro ou macrorregional, estadual ou nacional, sendo que tal abrangência e sua gestão dever ser pactuadas nas três esferas de gestão do SUS, de maneira solidária e democrática. A implantação destes complexos reguladores busca formar uma rede integrada de informações, a fim de facilitar e agilizar o atendimento à população, principalmente em situações em que há risco iminente de morte. O objetivo destes complexos é a melhoria no atendimento e controle no serviço que vem sendo prestado. Os objetivos dos complexos reguladores, de acordo com Ministério da Saúde no Livro 10: Regulação em Saúde, são: a. organizar e garantir o acesso dos usuários às ações e serviços do sistema de saúde mais adequado e oportuno, com base nos protocolos clínicos e linhas de cuidado; 10 b. organizar a oferta de ações e serviços de saúde e adequá-la às necessidades e demandas da população; c. oferecer a melhor alternativa assistencial disponível para as demandas dos usuários, considerando a disponibilidade assistencial do momento; d. otimizar a utilização dos recursos disponíveis; e. subsidiar o processo de controle e avaliação; f. subsidiar o processo da Programação Pactuada e Integrada (PPI). Dentro dos Complexos Reguladores do Livro 10: Regulação em Saúde temos ainda: Regulação das Referências: em que é papel do gestor estadual identificar o usuário, monitorar o cumprimento dos termos pactuados, identificar pontos de desajuste, intermediar processos regulatórios, prestar apoio técnico e intermediar acordos entre os gestores municipais. Centrais de marcação de consultas e serviços de apoio diagnóstico e terapêutico: avaliam a necessidade do usuário no atendimento especializado. Central de internação hospitalar: deve visualizar os leitos oferecidos pelas unidades executantes e gerenciar a disponibilidade de vagas. Unidade solicitante: são as unidades que executam procedimentos de especialidades; podem ser hospitais, clínicas ou centros especializados. Reguladores: são coordenadas pelas secretarias municipais ou estaduais de saúde e fazem a interface entre a rotina clínica e a gestão dos serviços, Gestores: deve ser estabelecido quem fará a gestão, que pode ser realizada pela secretaria municipal ou estadual de saúde ou até por ambas trabalhando em conjunto. Coordenadores: devem ser designados pelo gestor; são profissionais responsáveis pela administração da central de regulação, o que inclui desde a negociação com os prestadores de serviço e a relação com os profissionais de saúde, até aspectos epidemiológicos da sua região. As centrais de regulação agem sobre os recursos disponíveis, como consultas de apoio diagnóstico e terapêutico, quando não há agenda ou recursos, mas há a necessidade de atendimento. Há ainda a central de internações, que age nos casos de internações de urgência, e também a central 11 de regulação de urgência, que age nos casos de intervenção imediata que necessitem de atendimento ambulatorial ou de internação. Existe a Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (CNRAC) que busca atender os usuários em serviços não oferecidos em seu município ou estado. O atendimento realizado por estados diferentes da origem do usuário é financiado pelo Fundo de Ações Estratégicas e Compensação (Faec). FINALIZANDO Com a regulação, o SUS permite que os usuários sejam atendidos de acordo com seus princípios e diretrizes, ou seja, universalidade, integralidade e equidade. Todos os níveis de atendimento são unificados para oferecer qualidade em serviço contratada desde o primeiro atendimento, seja na Undade Básica ou na Unidade de Urgência/Emergência, até o internamento e procedimentos de alta complexidade, tudo sob monitoramento em todas as fases e esferas envolvidas. NA PRÁTICA Vamos retornar ao relato apresentado na seção “Contextualizando”, no início desta aula: “O sr. Luiz, paciente de uma cidade do interior, busca atendimento ambulatorial, e é atendido na Unidade Básica de Saúde. O médico solicita alguns exames, aos quais o sr. Luiz se submete e retorna com os resultados à unidade de saúde. Ao analisar os resultados, o médico observa a necessidade de atendimento especializado e exames mais específicos para o diagnóstico, tratamento e possível internação. Os exames e o atendimento especializado necessários não estão disponíveis no município”. Como o sr. Luiz vai resolver o seu problema já que ele não tem condições financeiras de custear as despesas? Assinale a alternativa correta. (As respostas com comentários estão na próxima página). 1. O sr. Luiz deve conversar com o médico e pedir para que este o trate em sua cidade mesmo, pois não tem condições de buscar atendimento especializado em outro município. 12 2. O sr. Luiz desiste do atendimento, afinal de contas já está idoso e não acredita que possa haver solução para o seu problema. Mesmo assim, busca se informar sobre o atendimento, e o posto de saúde o atende, porém, não dá muita atenção, afinal, ele mesmo disse que acha que não adianta. 3. O sr. Luiz, após conversar com o médico, é instruído pelos atendentes do posto de saúde a aguardar informações sobre sua consulta. O médico faz uma solicitação, a qual é encaminhada à Central de Regulação, que procura qual município oferece os exames e o atendimento especializado. Os procedimentos são agendados e o sr. Luiz é levado por condução da prefeitura para realizar seu tratamento. 13 Respostas Comentários: 1. Resposta incorreta. De acordo com a Constituição Federal “saúde é direito de todos e dever do Estado”, o município tem obrigação de atender o sr. Luiz em suas necessidades de saúde. Podemos ainda nos basear em algumas diretrizes do SUS: a universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência, e a integralidade de assistência, que engloba ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. Deve haver um contrato com a Secretaria Estadual de Saúde para encaminhamento, via Central de Regulação, para outros estabelecimentos de saúde que possam oferecer apoio diagnóstico e terapêutico ao sr. Luiz. 2. Resposta incorreta. Novamente citamos a Constituição Federal: “saúde é direito de todos e dever do Estado”, o município tem obrigação de atender o Sr. Luiz nas suas necessidades de saúde. 3. Resposta correta. O município, por meio da Central de Regulação, irá buscarlocais que possam atender o sr. Luiz a fim de oferecer apoio diagnóstico e terapêutico. REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto n. 1.651, de 28 de setembro de 1995. Diário Oficial da União, Poder executivo, Brasília, DF, 2 out. 1995. Disponie em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1995/d1651.htm>. Acesso em: 10 mar. 2017. _____. Decreto n. 7.508, de 28 de junho de 2011. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 29 jun. 2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7508.htm>. Acesso em: 15 mar. 2017. _____. CONASS – Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Assistência de Média e Alta Complexidade no SUS. Brasília: CONASS, 2007. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/colec_progestores_livro9.pdf>. Acesso em 29 mar. 2017. _____. Ministério da Saúde. Auditoria do SUS: orientações básicas, Brasília- DF, 2011. Disponível em: <http://sna.saude.gov.br/download/LivroAuditoriaSUS_14x21cm.pdf>. Acesso em: 29 mar. 2017. _____. Ministério da Saúde. Curso Básico de Regulação, Controle, Avaliação e Auditoria do SUS. Disponível em: 14 <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/curso_regulacao_SUS_1ed_eletro nica.pdf>. Acesso em: 29 mar. 2017. _____. Ministério da Saúde. Diretrizes operacionais: Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão. 1ª edição, Brasília, DF, 2006. _____. Ministério da Saúde. Portaria GM 399 de 22 de fevereiro de 2006. Diário Oficial da União, 11 mar. 2005. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt0399_22_02_2006.html >. Acesso em: 9 mar. 2017. DATASUS – DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA DO SUS. Disponível em: <http://www.datasus.gov.br/>. Acesso em: 29 mar. 2017. MELO, B. M; VAITSMAN, J. Auditoria e avaliação no SUS. São Paulo em perspectiva, São Paulo, v. 22, p. 152-164, 2008. MENICUCCI, T. M. G. História da reforma sanitária brasileira e do Sistema Único de Saúde: mudanças, continuidades e a agenda atual. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, jan./mar., 2014, p. 77-92. SNA – SISTEMA NACIONAL DE AUDITORIA. Disponível em: <sna.saude.gov.br>. AUDITORIA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE AULA 3 Prof.a Eliana Fortunato Reynaldo 2 CONVERSA INICIAL Com as diretrizes do SUS e sua descentralização, o controle em saúde é realizado em cada esfera. Cabe aos municípios a verificação da demanda de atendimentos, capacidade pública e busca pela complementação. Consequentemente, estão inclusos cadastramentos, credenciamentos, contratos, contratualizações, oferta de serviço, controle, autorizações, monitoramento e avaliações. Processos burocráticos que fazem com que o serviço seja bem executado e controlado, oferecendo um bom atendimento aos usuários. CONTEXTUALIZANDO A administração de uma cidade percebe o tamanho das filas em busca de especialistas médicos, sobretudo, a necessidade de enviar pacientes em ambulâncias – quase que diariamente – para cidades vizinhas ou à capital, em busca de atendimento especializado. Na cidade, existem atendimentos públicos e privados, porém, somente o público atende aos pacientes SUS. O que deve ser feito para que o atendimento seja realizado de forma adequada e atenda aos usuários do SUS da cidade? TEMA 1 – CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE A contratação de prestadores de serviços de saúde é definida pela Política Nacional de Regulação do Sistema Único de Saúde (SUS). “Quando da insuficiência de serviços no setor público se busca a contratação de forma complementar dos serviços de saúde privados, dando-se preferência a entidades filantrópicas e sem fins lucrativos.” Essa preferência é determinada pelo artigo 199, inciso 1 da Constituição Federal (Brasil, 1988). A regulação na área da saúde tem como objetivo apoiar a organização do sistema de saúde brasileiro, otimizar os recursos disponíveis, qualificar a atenção e o acesso da população às ações e serviços dessa área. Essa ação regulatória abrange tanto o setor público quanto o privado. De acordo com o Manual de Orientações para Contratações de Serviços de Saúde (Brasil, 2007): “existem duas funções para a criação de vínculos formais realizados entre gestores e prestadores de serviço de saúde, que são: estabelecer uma ferramenta formal de compromisso entre as partes no aspecto 3 qualiquantitativo e garantir a legalidade dos recursos financeiros. E para que este vínculo seja efetivo as partes deverão cumprir as regras da legislação pertinente às Licitações e aos Contratos Administrativos”. A complementação dos serviços de saúde, quando legitimamente necessários, devem constar no Plano Estadual de Saúde – PES ou Plano Municipal de Saúde – PMS e devem estar detalhados na Programação Anual de Saúde – PAS. Deve haver formalização jurídica por meio de instrumento contratual, que irá estabelecer de forma clara e objetiva os direitos e deveres de cada parte, por isso, são obrigatoriamente observados os ditames constitucionalmente impostos de acordo com a Lei n. 8.666/1993 (Brasil, 1993). Os tipos de instrumentos contratuais utilizados no SUS são: complementares, por meio de o convênios; o contrato administrativo. ou parcerias, por meio de o termo de parceria; o contrato de gestão. O convênio, de acordo com o Manual de Orientações para Contratações de Serviços de Saúde (Brasil, 2007): É um acordo ou outro instrumento que ordene a transferência de recursos financeiros provenientes de valores monetários autorizados, designados como dotações orçamentárias que são consignadas nos Orçamentos Fiscais da Seguridade Social da União e que tenha de um lado um órgão ou entidade da administração pública federal, seja direta ou indireta e de outro lado, órgão ou entidade da administração pública estadual, distrital ou municipal, direta ou indireta, ou ainda, entidades privadas sem fins lucrativos, e que busquem a execução de programa de governo que envolvem a realização de projeto, atividade, serviço, aquisição de bens ou evento de interesse recíproco, em regime de mútua cooperação. De acordo com a Lei n. 8.666/93 (Brasil, 1993), que regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal institui normas para licitações e contratos da administração pública, art. 116, parágrafo 1º “prevê que a entidade pública interessada em firmar convênio apresente um plano de trabalho deverá conter, no mínimo, as seguintes informações: Identificação do objeto a ser executado. 4 Metas a serem atingidas. Etapas de execução. Plano de aplicação dos recursos financeiros: o cronograma de desembolso; o previsão de início e fim da execução do objeto, assim como das etapas programadas. Contrato administrativo, de acordo com a Lei n. 8.666/93 (Brasil, 1993), art. 2º, parágrafo único: “é todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades de Administração pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada”. De acordo com nota do Tribunal de Contas da União, em seu manual de licitação: as disposições contratuais devem estar em harmonia com os termos da proposta vencedora, com o ato convocatório da licitação ou com a autorização para contratação direta por dispensa ou inexigibilidade de licitação. Prevalece no contrato administrativo o interesse da coletividade sobre o particular. Essa superioridade, no entanto, não permite que a Administração ao impor vontade própria ignore direitos do particular que com ela contrata. (Brasil, 2010) As contratações de serviços de saúde podem ser realizadas por: 1. licitações, 2. credenciamentos e 3. contratos administrativos. As licitações são exigências constitucionais, previstas no art. 37, XXI, da Constituição e na Lein. 8.666/93: É um procedimento administrativo formal, em que a Administração Pública convoca, por meio de edital ou aviso, interessados em apresentar propostas para contratação de prestação de serviços de saúde, e que se sujeitem às condições fixadas no instrumento convocatório. Não é sigilosa, é pública e acessível aos cidadãos. (Brasil, 1993) Após a apresentação das propostas, é escolhida a mais vantajosa ao interesse público, respeitando os princípios da livre concorrência e da igualdade. 5 De acordo com a Lei 8.666/93 (Brasil, 1993), art. 3º, a licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. Toda licitação deve ser conduzida por comissão designada pelo gestor, formada por três membros, no mínimo. Pelo menos dois deles precisam ser servidores qualificados, pertencentes aos quadros permanentes dos órgãos da administração responsáveis pela licitação. Essa comissão pode ser permanente, quando a designação abranger a realização de licitações por período determinado; e especial, quando for o caso de licitações específicas. As licitações têm duas fases: a interna ou preparatória e a externa ou executória. Os procedimentos têm início com o planejamento e prosseguirão até a assinatura do respectivo contrato. De acordo com o art. 22 da Lei n. 8.666/93 (Brasil, 1993), “os modelos de licitação são: concorrência, tomada de preços, convite, pregão, concurso e leilão”. Mas, para que elas ocorram, deve existir um edital de licitação, instrumento pelo qual a administração do SUS tornará público o desejo de contratar. Nesse edital, deverá constar as condições de contratação e, ainda, convocará os interessados a apresentarem suas propostas. Existem algumas exceções nas licitações. De acordo com a Lei n. 8.666/93 (Brasil, 1993), cujo art. 2º: determina à Administração Pública a obrigatoriedade de promover certames licitatórios sempre que necessitar contratar serviços ou adquirir bens, quando da contratação das entidades prestadoras de serviços de saúde ambulatorial ou hospitalar, deverão ser observadas as normas. Essa mesma lei admite hipóteses de licitação dispensada, dispensável e de inexigibilidade de licitação. Para saber mais a respeito do assunto estudado neste tema, acesse o link a seguir: BRASIL. Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 22 jun. 1993. Disponível em: 6 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666cons.htm>. Acesso em: 8 mar. 2017. TEMA 2 – CADRASTAMENTO E CREDENCIAMENTO DOS ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE O credenciamento trata-se de procedimento administrativo no qual convocam-se interessados para obter credenciamento como prestadores de serviço ou obter benefícios sobre um negócio futuro a ser ofertado. Também, quando a diversidade de serviços prestados for imprescindível para a satisfação do interesse coletivo ou quando a quantidade de potenciais interessados for superior ao que foi ofertado. Ainda, se por razões de interesse público a licitação não for recomendada. Contudo, isso só acontecerá desde que observadas condições anteriormente definidas e divulgadas em edital. No SUS, o direito de prestar serviços de saúde é concedido após a celebração de contrato, no qual os princípios do SUS devem ser observados. O credenciamento de prestadores de serviços de saúde deverá obedecer às seguintes etapas, de acordo com o Manual de Orientações para Contratações de Serviços de Saúde (Brasil, 2007): Chamamento público com a publicação do regulamento (edital). Inscrição. Cadastro (Certificado de Registro Cadastral – CRC) das entidades privadas interessadas. Habilitação. Assinatura do termo contratual. Publicação do extrato do contrato no diário oficial do ente contratante ou jornal local de grande circulação. Portanto, deve acontecer um chamamento público, ato pelo qual o gestor torna público o interesse de complementar a rede assistencial de saúde aos prestadores de serviços hospitalares ou ambulatoriais, oferecendo a possibilidade de contratação por meio de credenciamento. 7 A finalidade do chamamento público é o credenciamento de todos os prestadores que atendam aos requisitos exigidos no edital (Brasil, 2010). Cada contratação é única e específica, por isso, o chamamento tem de expressar todos os elementos daquela necessidade momentânea. Detalhe importante: o regulamento do chamamento público deverá estar disponível a todos em diários oficiais, em jornal diário de grande circulação, inclusive por meio eletrônico, e conter o prazo para inscrição. De acordo com Decisão 656/1995 do Tribunal de contas da União (TCU), sobre a legalidade do credenciamento, tendo-se posicionado positivamente, com fundamento no art. 25 da Lei n. 8.666/93 (Brasil, 1993) e desde que respeitados os princípios da administração pública e os seguintes requisitos: 1. Ampla divulgação, inclusive por meio de convites a interessados do ramo que gozem de boa reputação profissional. 2. Fixar critérios e exigências mínimas para que os interessados possam credenciar-se, de modo que os profissionais, clínicas e laboratórios que vierem a ser credenciados tenham, de fato, condições de prestar um bom atendimento, sem que isso signifique restrição indevida ao credenciamento. 3. Fixar, de forma criteriosa, a tabela de preços que remunerará os diversos itens de serviços médicos e laboratoriais e os critérios de reajustamento, bem como as condições e prazos para o pagamento dos serviços faturados. 4. Consignar vedação expressa do pagamento de qualquer sobretaxa em relação à tabela adotada ou do cometimento a terceiros (associação de servidores, por exemplo) da atribuição de proceder ao credenciamento e/ou intermediação do pagamento dos serviços prestados. 5. Estabelecer hipóteses de descredenciamento para aqueles que não estejam cumprindo regras e condições fixadas para o atendimento, para sejam imediatamente excluídos do rol de credenciados. 6. Permitir o credenciamento, a qualquer tempo, de qualquer interessado, pessoa física ou jurídica, a qual preencha as condições mínimas exigidas. 7. Prever a possibilidade de denúncia do ajuste, a qualquer tempo, pelo 8 credenciado, bastando notificar a administração com a antecedência fixada no termo. 8. Possibilitar que os usuários denunciem qualquer irregularidade verificada na prestação dos serviços e/ou no faturamento. 9. Fixar as regras que devam ser observadas pelos credenciados no atendimento (por exemplo: proibição de exigir ao credenciado que o usuário assine fatura ou guia de atendimento em branco). De acordo com a Portaria n. 1.034, de 5 de maio de 2010 (Brasil, 2010), “os contratos administrativos são o instrumento utilizado para oficializar a relação entre o poder público e a iniciativa privada, quando da oferta de complementação de assistencial”. O contrato é regido por regras de direito público, por isso ocorre um “desnivelamento das partes” na sua celebração, o que não demonstra privilégio para a administração púbica, pois o fim imediato deve ser o interesse público. Nesses contratos, algumas cláusulas são necessárias em função da lei de licitações; outras são acessórias ou recomendáveis, em função da legislação própria do SU, e ainda há as estabelecidas nas legislações locais. As cláusulas necessárias devem estar destacadas no ato convocatório. A falta delas pode resultar em nulidade. Elas estão dispostas no art. 55, inciso I, alínea XIII, parágrafo 2° da Lei n. 8.666/93(Brasil, 1993). São elas: 1. A vinculação ao Regulamento/Edital. 2. O objeto do contrato conterá as especificações, inclusive quanto à quantidade a ser contratada, de forma clara e sucinta. 3. O regime de execução dos serviços nos contratos de saúde levará em conta a caracterização do objeto, considerando a natureza dos serviços a serem prestados, se ambulatorial ou hospitalar. 4. A previsão de valores de remuneração e as condições de pagamento. 5. A previsão dos prazos de início e de término do contrato de prestação de serviços. 6. O crédito pelo qual correrá a despesa, com a classificação funcional 9 programática e da categoria econômica. 7. A previsão das obrigações e das responsabilidades das partes. 8. A previsão de penalidade administrativa, no caso de inexecução total ou parcial do contrato. 9. A rescisão, quando os serviços não forem executados de acordo com o contrato. 10. A legislação aplicável à execução do contrato, especialmente aos casos omissos. 11. A obrigação do contratado de se manter, durante toda execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, bem como de todas as condições de habilitação e qualificação exigidas. 12. O foro. As cláusulas recomendáveis, são as que visam otimizar a relação contratual. Elas devem atender às normas do Ministério da Saúde e das secretarias de saúde das esferas nas quais será realizado o contrato. Este, de acordo com o Manual de Orientações para Contratações de Serviços de Saúde (Brasil, 2007), deverá conter ao menos: 1. a identificação do prestador pelo código do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES); 2. a obrigatoriedade do prestador manter cadastro dos usuários, assim como prontuários que permitam o acompanhamento, o controle e a supervisão dos serviços; 3. o compromisso do órgão ou entidade executora apresentar, na periodicidade ajustada, relatórios de atendimento e outros documentos comprobatórios da execução dos serviços efetivamente prestados ou colocados à disposição; 4. a obrigatoriedade do órgão ou entidade executora manter registros contábeis específicos para fins de acompanhamento e avaliação dos recursos obtidos com o programa; 10 5. a previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, mediante indicadores de resultado; 6. a obrigação dos serviços de saúde utilizarem o Sistema Cartão Nacional de Saúde – Cartão SUS e prestarem informações aos gestores do SUS nos padrões definidos pelas normas e regulamentos instituídos pelo Ministério da Saúde; 7. a não divulgação sob nenhuma forma dos cadastros e arquivos referentes às unidades de saúde, aos profissionais de saúde e aos usuários do SUS que vierem a ter acesso; 8. que o sistema de regulação, controle e avaliação do gestor público seja a unidade responsável pela organização do fluxo dos usuários do SUS; 9. responsabilidades do prestador quanto aos eixos de assistência, gestão, avaliação e, quando couber, de ensino e pesquisa. Existe ainda o documento descritivo que, de acordo com o Manual de Orientações para Contratações de Serviços de Saúde (Brasil, 2007) é o documento de operacionalização das ações e serviços planejados de assistência à saúde, com as respectivas metas qualitativas e quantitativas. Identifica, quando couber, metas relacionadas à gestão, avaliação, ensino e pesquisa, anexado ou parte integrante do termo contratual ou contrato. Deverá constar também a caracterização da instituição, sua missão na rede, a capacidade instalada e utilização, a definição de oferta e fluxo de serviços. Se a contratualização for realizada para atendimento hospitalar, deve ser considerada a Política Nacional de Atenção Hospitalar – PNHOSP e tem de ser pactuada regionalmente entre gestores do SUS. A rescisão contratual pode ocorrer por alguns motivos, como o descrito no Manual de Orientações para Contratações de Serviços de Saúde (Brasil, 2007): 1. A não realização das ações e serviços de saúde contratados. 2. A cobrança de quaisquer serviços, direta ou indiretamente ao usuário. 3. Mudança da capacidade operativa do estabelecimento de saúde, sem acordo prévio. 4. Paralisação da prestação do serviço, sem justa causa e prévia comunicação à administração. 11 5. Não atendimento de determinações regulares da autoridade designada para acompanhar e fiscalizar a execução do contrato, bem como a dos superiores. 6. O não repasse dos recursos financeiros, definido no instrumento contratual pelo gestor da saúde, além do prazo permitido (90 dias). Gráfico 2 – Fluxograma de contratação dos serviços de saúde Fonte: Brasil, 2007, p. 71. TEMA 3 – PROGRAMAÇÃO E PROCESSO DE AUTORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO EM SAÚDE A regulação do processo de autorização deve ser feita em cada esfera de governo e são realizados por complexos reguladores que de acordo com a Portaria n. 1.559, de 1º de agosto de 2008 (Brasil, 2008): 2º – São atribuições do Complexo Regulador: I – Fazer a gestão da ocupação de leitos e agendas das unidades de saúde; II – Absorver ou atuar de forma integrada aos processos autorizativos; III – Efetivar o controle dos limites físicos e financeiros; IV – Estabelecer e executar critérios de classificação de risco; e V – Executar a regulação médica do processo assistencial. 12 De acordo com o Pacto pela Saúde (Brasil, 2006), são atribuídas responsabilidades gerais para a gestão do SUS. Por exemplo, ao município cabe a responsabilidade da integralidade da atenção à saúde, feita de forma solidária entre o estado e a União. Devem respeitar as diversidades locais e trabalhar com equidade. Devem assumir integralmente a gerência de toda a rede pública de serviços de atenção básica, englobando: as unidades próprias e as transferidas pelo estado ou pela União. Ainda, de acordo com o Pacto pela Saúde (Brasil, 2006), aos municípios cabe desenvolver, por meio da identificação das necessidades, um processo de planejamento, regulação, programação pactuada e integrada da atenção à saúde e monitoramento e avaliação. Eles devem organizar e pactuar o acesso a ações e serviços de atenção especializada, com base nas necessidades da atenção básica. Isso configura a rede de atenção, por meio dos processos de integração e articulação dos serviços de atenção básica com os demais níveis do sistema, ao tomar por base o processo da programação pactuada e integrada da atenção à saúde. Para isso, deve pactuar e fazer o acompanhamento da referência da atenção que ocorre fora de seu território, em cooperação com o estado, Distrito Federal e com os demais municípios envolvidos no âmbito regional e estadual. Todo município que dispõe de serviços de referência intermunicipal precisa garantir essas referências de acordo com a programação pactuada e integrada da atenção à saúde. Sobre as responsabilidades no planejamento e programação, os municípios devem formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo permanente de planejamento participativo e integrado de base local e ascendente, orientado por problemas e necessidades em saúde, com a constituição de ações para a promoção, a proteção, a recuperação e a reabilitação em saúde, construindo nesse processo o Plano Municipal de Saúde. Deve ainda assumir a responsabilidade pela coordenação e execução das atividades de informação, educação e comunicação no âmbito local; deve elaborar a programação da atenção à saúde, incluída a assistência e a vigilância em saúde, em conformidade com o Plano Municipal de Saúde. TEMA 4 – MONITORAMENTO DA PRODUÇÃO AMBIENTAL E HOSPITALAR Os municípios têm a responsabilidade no monitoramento e fiscalização dos recursos financeiros provenientes de fundos e de convênios. Eles devem 13 realizar o monitoramento e avaliação das ações de vigilância em saúde dentro de sua jurisdição, por meio da utilizaçãode indicadores de desempenho epidemiológicos e operacionais. Quando necessário, são utilizadas referências em outro município ou estado, por isso, deve haver o controle de acordo com pactuação de integração e, se houver a necessidade, a autorização previa. No âmbito financeiro, precisa-se definir a programação físico-financeira por estabelecimento de saúde, verificar o funcionamento das solicitações, autorizações, produções tanto dos estabelecimentos próprios quanto dos contratados e ainda realizar os pagamentos. De acordo com o volume 1 do livro Diretrizes operacionais: pactos pela vida, em Defesa do SUS e de Gestão (Brasil, 2006): em relação à regulação deve operar o complexo regulador dos serviços presentes no seu território, de acordo com a pactuação estabelecida, a) realizando a cogestão com o estado e outros municípios, das referências intermunicipais. Deve executar o controle do acesso do seu munícipe no âmbito do seu território, que pode ser feito por meio de centrais de regulação, executar o controle do acesso do seu munícipe no âmbito do seu território, que pode ser feito por meio de centrais de regulação: aos leitos disponíveis, às consultas, às terapias e aos exames especializados; planejar e executar a regulação médica da atenção pré-hospitalar às urgências, conforme normas vigentes e pactuações estabelecida. Elaborar contratos com os prestadores de acordo com a política nacional de contratação de serviços de saúde e em conformidade com o planejamento e a programação pactuada e integrada da atenção à saúde; Monitorar e fiscalizar os contratos e convênios com prestadores contratados e conveniados, bem como das unidades públicas; Monitorar e fiscalizar a execução dos procedimentos realizados em cada estabelecimento por meio das ações de controle e avaliação hospitalar e ambulatorial; Monitorar e fiscalizar e o cumprimento dos critérios nacionais, estaduais e municipais de credenciamento de serviços; Implementar a avaliação das ações de saúde nos estabelecimentos de saúde, por meio da análise de dados e indicadores e verificação de padrões de conformidade; Implementar a auditoria sobre toda a produção de serviços de saúde, públicos e privados, sob sua gestão, tomando como referência as ações previstas no Plano Municipal de Saúde e em articulação com as ações de controle, avaliação e regulação assistencial; Realizar auditoria assistencial da produção de serviços de saúde, públicos e privados, sob sua gestão; Elaborar normas técnicas, complementares às das esferas estadual e federal, para o seu território. (Brasil, 2006) TEMA 5 – AVALIAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE O Programa Nacional de Avaliação de Serviços de Saúde – PNASS, foi instituído no SUS pela Portaria GM n. 382, de 10 março de 2005 (Brasil, 2005), considerando a necessidade de: 1. Criar mecanismos de controle, avaliação dos padrões de qualidade e resolubilidade de atenção à saúde nas estruturas do Sistema Único de Saúde – SUS. 14 2. Avaliar os serviços de saúde do SUS visando conhecer em diferentes dimensões e de forma mais completa e abrangente possível a realidade desses serviços. 3. Ampliar a avaliação dos serviços de saúde, priorizando, em primeiro momento, os hospitais, serviços ambulatoriais especializados e de alta complexidade. 4. A importância de conhecer as condições e relações de trabalho dos profissionais e a satisfação dos usuários nos estabelecimentos de saúde. 5. Da interação das ações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA e do Departamento Nacional de Auditoria do SUS – DENASUS vinculadas a este processo. O PNASS avalia as ações dos serviços de saúde e busca saber sobre a satisfação dos usuários SUS. “Busca ainda avaliar a eficiência, eficácia e efetividade das estruturas, processos e resultados relacionados ao risco, acesso e satisfação dos cidadãos frente aos serviços públicos de saúde na busca da resolutividade e qualidade”. De acordo com o Manual de Orientações e Contratações dos Serviços de Saúde – SUS (Brasil, 2007), temos que os objetivos específicos do PNASS são: 1. Fomentar e incentivar a implantação de dispositivos da humanização e qualificação da atenção e gestão. 2. Incentivar a cultura avaliativa dos gestores para os serviços de saúde. 3. Fomentar a cultura avaliativa nos estabelecimentos de saúde. 4. Ser instrumento de apoio à gestão do SUS. 5. Produzir conhecimento qualitativo da rede de serviços de saúde. 6. Implementar padrões de conformidade dos serviços de saúde. 7. Incorporar indicadores de produção para avaliação de serviços de saúde. 8. Aferir a satisfação dos usuários do SUS. 9. Conhecer as condições e relações de trabalho dos profissionais nos estabelecimentos de saúde. 10. Identificar oportunidades e possibilidades de melhoria da qualidade local. 15 11. Possibilitar a observação de experiências exitosas para melhoria da qualidade. 12. Disponibilizar os resultados para conhecimento público. 13. O PNASS define alguns riscos relacionados à qualidade, que serão utilizados como causas de penalidades com prazo para correção e que são definidos como: a. Imprescindíveis – são os exigidos em normas, que não havendo o cumprimento aponta uma necessidade de intervenção urgente. b. Necessários – estes também são exigidos em normas, porém não havendo o seu cumprimento acarreta riscos mediatos, havendo um prazo para o cumprimento pelo serviço c. Recomendáveis – não são exigidos por normas e acrescentam um padrão de qualidade no serviço prestado. De acordo com o Manual de Orientações para Contratação de Serviços de Saúde (Brasil, 2007), “o PNASS deve ser realizado a cada dois anos, onde uma equipe designada pelo gestor, se utiliza de observação, análise documental e/ou de prontuários, análise de indicadores e entrevistas com usuários e colaboradores”. NA PRÁTICA A administração de uma cidade percebe o tamanho das filas em busca de especialistas, a necessidade de enviar pacientes em ambulâncias a cidades vizinhas e até mesmo à capital em busca de atendimento especializado. Na cidade existem atendimentos públicos e privados, porém, somente o público atende aos pacientes SUS. O que deve ser feito para que o atendimento seja realizado de forma adequada e que atenda aos usuários do SUS da cidade? 1. O gestor municipal pode simplesmente contratar o hospital de seu colega, pois sabe que ali estão os melhores profissionais da região, afinal de contas ele quer o melhor para as pessoas de sua cidade. 2. O gestor municipal convoca todos os serviços que trabalham na cidade para uma reunião e ali discutem quem e como fariam os atendimentos, afinal ele iria dividir entre todos o serviço. Buscando sempre o melhor atendimento à população. 16 3. O gestor municipal deve abrir licitação onde oferece a todos os serviços igualdade de participação. Afinal todos tem o direito de participar. Comentário: deve haver licitação com todas as etapas a serem cumpridas, desde o chamamento público ao credenciamento, no qual todos que oferecem o serviço solicitado podem participar. Com todas as etapas cumpridas, é garantido o atendimento necessário aos pacientes e o ressarcimento do serviço aos prestadores. SÍNTESE Em um município, quando existe, e normalmente existe, a necessidade de contratação de serviços de saúde como complementação ao serviço público de saúde, é criado um processo de busca destes serviços. Após a contratação é necessário a divisão e encaminhamento de demanda a ser executada. Esta prestação de serviços deve ser acompanhada, monitorada e fiscalizada, para que todo atendimento seja realizado de maneira adequada e satisfatória ao usuário do SUS. 17 REFERÊNCIAS BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Regulação em Saúde. Brasiĺia, DF: CONASS, 2007. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/colec_progestores_livro10.pdf>.
Compartilhar