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Perícia Psicológica e Social na Esfera Judicial: aspectos legais e processuais (PIZZOL, 2009, p. 23-43) Elaborado por Profa. Ma. Mônica Dantas Considerações teóricas e técnicas sobre a prática da perícia psicológica e social, realizadas nos procedimentos judiciais (Direito de Família, Infância e Juventude) (PIZZOL, 2009, p. 23) OBJETIVO: No ESTADO DE DIREITO, os poderes são exercidos por meio de funções pelas quais o Estado reparte suas atividades; seus órgãos são as diferentes personagens, ou corpos públicos, encarregados de desempenhar as diversas funções do poder. (PIZZOL, 2009, p. 23) QUESTÕES INTRODUTÓRIAS: O Estado Brasileiro é constituído por 3 Poderes: (PIZZOL, 2009, p. 24) O Estado Brasileiro é constituído por 3 Poderes: (PIZZOL, 2009, p. 24) (PIZZOL, 2009, p. 24) Por força constitucional, cabe o dever de desenvolver todo o sistema de justiça. É institucionalizado para o julgamento dos interesses e litígios entre os/as brasileiros/as. (PIZZOL, 2009, p. 24) Para auxiliar o juiz em seu trabalho, elenca o Código de Processo Civil, em seu artigo 139, uma série de profissionais designados “auxiliares da justiça” , entre eles o escrivão, o oficial de justiça e os peritos judiciais. (PIZZOL, 2009, p. 24) O magistrado tem o dever de apreciar qualquer questão em litígio envolvendo cidadãos (pessoas físicas) e/ou pessoas jurídicas (empresas, fundações, autarquias, municípios, etc). (PIZZOL, 2009, p. 24 PARA O JULGAMENTO DAS QUESTÕES, SE VALE DE PROVAS: #Apresentadas ou Requeridas pelas partes; #Requeridas pelo representante do Ministério Público; #Requeridas pelo Juiz. (PIZZOL, 2009, p. 24) Conforme o CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, dentre as provas possíveis de serem produzidas estão: Prova documental (Art. 364 e seguintes); Prova testemunhal (Art. 400 e seguintes); Prova pericial (Art. 420 e seguintes). (PIZZOL, 2009, p. 24) PROVA DOCUMENTAL #Documentos que são juntados pelas partes ao processo, e que serão analisados pelo magistrado; #Quando não é possível demonstrar ou apurar os fatos, por meio da prova documental, a lei faculta que seja produzida a prova testemunhal; (PIZZOL, 2009, p. 24) PROVA TESTEMUNHAL #Em regra, é realizada em juízo, através de audiências, podendo, em casos excepcionais, ser colhida em outros locais, como em hospitais e até mesmo na casa da pessoa; (PIZZOL, 2009, p. 24) PROVA PERICIAL #É elaborada por profissional especialista em alguma área do conhecimento humano, com o objetivo de assessorar o juiz no esclarecimento da questão em litígio. (PIZZOL, 2009, p. 24) LIMITAÇÕES DO JUIZ Muitos são os ramos do conhecimento científico. Utópico seria imaginar que um magistrado possua domínio científico de todas as áreas do saber, para decidir sobre os litígios apresentados à justiça. Daí a necessidade, por parte do magistrado, de ser assessorado por peritos. PIZZOL, 2009, p. 24) É IMPRESCINDÍVEL... Que todos os profissionais que são chamados a desenvolver o relevante trabalho de perito judicial tenham conhecimento técnico e ético sobre o assunto de que vão se ocupar. PIZZOL, 2009, p. 24) PSICOLOGIA & SERVIÇO SOCIAL Entre os profissionais do conhecimento científico, está a psicóloga e a assistente social, cujas profissões, devidamente reconhecidas e regulamentadas, há muito vem contribuindo com a Justiça, desenvolvendo uma série de trabalhos, inclusive a de perícia psicológica e social. (PIZZOL, 2009, p. 25) A PERÍCIA Segundo Figueiredo (1999, p. 55): “a expressão ‘perícia’ é originária do latim peritia, que significa ‘conhecimento’, que por sua vez é adquirido pela experiência”. (PIZZOL, 2009, p. 25) A PERÍCIA Ou seja: Um dos elementos qualificadores da perícia é o conhecimento de um determinado assunto e deve advir da experiência. (PIZZOL, 2009, p. 25) (PIZZOL, 2009, p. 25) ANTIGAMENTE HOJE Os conhecimentos eram repassados mais pela vivência e experiência do que pela aprendizagem acadêmica. A habilidade exigida de um perito deve advir da experiência e principalmente do conhecimento científico. Segundo Ferreira (2007), pode-se realizar a perícia através de vistoria, exame ou avaliação. Os serviços de perícia têm por objetivo elucidar situações, fazer averiguações, etc. (PIZZOL, 2009, p. 25-26) Rangel (1997) explica que há diversos tipos de perícias: # Perícia Judicial; # Perícia Administrativa; # Perícia Extrajudicial; # Perícia Arbitral e # Perícia Interprofissional. (PIZZOL, 2009, p. 26) A perícia é um trabalho técnico- profissional ou artístico, elaborado por quem tem conhecimento sobre o assunto, o qual deverá servir para elucidar uma questão obscura ou duvidosa. (PIZZOL, 2009, p. 26) A PERÍCIA JUDICIAL No Código de Processo Civil (Art. 282, VI) # Cabe à parte, ao ingressar com um pedido de juízo, provar o alegado, conforme manda a lei; # Ao requerido cabe o direito da defesa, ou seja, o direito de contestar os fatos alegados pelo autor, para que o juiz possa fazer o julgamento. (PIZZOL, 2009, p. 27) A PERÍCIA JUDICIAL Na linguagem jurídica, é chamado de DIREITO AO CONTRADITÓRIO: Se contrapor às alegações feitas pelo autor e com as quais o réu não concorda. (PIZZOL, 2009, p. 27) A PERÍCIA JUDICIAL O processo existe para que o juiz, após ouvir as razões das partes com igual atenção, decida a questão. Nada mais correto do que oportunizar, de forma justa, que ambos exponham seus argumentos, para, posteriormente, proferir a decisão conforme a lei e diante dos fatos que ele considerar convincentes. (PIZZOL, 2009, p. 27) A PERÍCIA JUDICIAL A produção de provas pode, e deve ser feita por ambas as partes (geralmente o autor apresenta provas quando ingressa com a ação e/ou no desenrolar do processo & geralmente o réu apresenta provas para contestar). (PIZZOL, 2009, p. 27) A PERÍCIA JUDICIAL O MP (promotor de justiça) também pode requerer a produção de provas, pois é quem acompanha alguns processos representando o interesse da sociedade (ex: questões de família) Podem ser requeridas pelo juiz. (PIZZOL, 2009, p. 27) A PERÍCIA JUDICIAL As partes e o MP, podem requerer a produção de provas, porém, o profissional especializado, deve ser da confiança [do juiz], responder fidedignamente, de forma imparcial e com devido conhecimento técnico. (PIZZOL, 2009, p. 27) A PERÍCIA JUDICIAL Um processo judicial poderá conter documentos que as partes consideram importantes para a causa. Pode inclusive, conter “perícia psicológica ou social”, produzida unilateralmente, feita por algum especialista, com manifestação “x” sobre a questão em discussão... (PIZZOL, 2009, p. 27) A PERÍCIA JUDICIAL ... Maaaaaaas O Juiz poderá receber o referido documento “perícia psicológica ou social”, assim como os demais. PORÉM, tal documento NÃO TEM FORÇA PERICIAL. Entretanto, o juiz pode considerar tal documento como suficiente para elucidar a questão, e assim não solicitar a perícia judicial. (PIZZOL, 2009, p. 27-28) A PERÍCIA JUDICIAL O juiz também pode determinar a perícia judicial realizada por profissional igualmente qualificado, de sua confiança para averiguar a veracidade dos fatos e confrontar as informações. (PIZZOL, 2009, p. 28) A PERÍCIA JUDICIAL GRECO FILHO (2003) aponta que a parte pode juntar PARECERES EXTRAJUDICIAIS, mas essas peças NÃO PERTENCEM, NEM SÃO PERÍCIAS. São apenas para orientar o entendimento do juiz. (PIZZOL, 2009, p. 28) A PERÍCIAJUDICIAL Artigo 332 do Código de Processo Civil: “Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificado neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa”. (PIZZOL, 2009, p. 28) A PERÍCIA JUDICIAL AQUINO (1987): “A perícia judicial é instrumento trazido ao processo para revelar ao juiz a verdade de um fato [...] instrumento que direta ou indiretamente pode justificar os fatos que se investigam [...]” (PIZZOL, 2009, p. 28) A PERÍCIA JUDICIAL Para Rosa (1999, p. 17) se distinguem em relação ao meio em que são produzidas,: # PERÍCIA JUDICIAL: é feita em processo judicial. # PERÍCIA EXTRAJUDICIAL: não é feita em processo judicial. (PIZZOL, 2009, p. 28) A PERÍCIA JUDICIAL ROSA (1999, p. 27): “É atividade técnica e processual, que se materializa no processo através de laudo ou de qualquer outra forma legalmente prevista, na condição de instrumento.” (PIZZOL, 2009, p. 28) A PERÍCIA PSICOLÓGICA E SOCIAL Profissionais de outras áreas do conhecimento, quando são chamados a desenvolver um trabalho de cunho técnico e científico, utilizam o documento chamado “LAUDO”. Ex: Laudo médico, laudo psiquiátrico, laudo contábil, etc. (PIZZOL, 2009, p. 29) A PERÍCIA PSICOLÓGICA E SOCIAL Os estudos afirmam que o juiz pode solicitar estudo social ou avaliação psicológica e social e/ou ainda perícia. Com o objetivo de esclarecer situações conflituosas, cujo resultado determine: vantagens, razão, conquistas ou perdas judiciais, etc. (PIZZOL, 2009, p. 29) A PERÍCIA PSICOLÓGICA E SOCIAL Quando o trabalho da/o psicóloga/o deixa de ser um “estudo psicológico” e toma características de “perícia psicológica”? QUANDO A INVESTIGAÇÃO E O DIAGNÓSTICO DA/O PSICÓLOGA/O OBJETIVA FORMAR PROVAS PARA SUBSIDIAR DECISÕES CONFLITUOSAS. (PIZZOL, 2009, p. 29) A PERÍCIA PSICOLÓGICA E SOCIAL Após a averiguação, estudo e diagnóstico da situação, a/o psicóloga/o deve manifestar- se por meio do “LAUDO PSICOLÓGICO”, e o assistente social através do “LAUDO SOCIAL”. (PIZZOL, 2009, p. 29) A PERÍCIA PSICOLÓGICA E SOCIAL O trabalho da perícia psicológica e social deve considerar todo o conhecimento técnico-operativo, preceitos constantes no Código de Ética e demais normas legais regulamentadas pela profissão. (PIZZOL, 2009, p. 29-30) A PERÍCIA PSICOLÓGICA E SOCIAL OS SERVIÇOS DE PERÍCIA NÃO SÃO PARA EFETUAR INTERVENÇÕES. SÃO para CONHECER e ANALISAR uma situação concreta, e assim EMITIR O PARECER para que a autoridade solicitante tome uma decisão conforme o entendimento técnico demonstrado. (PIZZOL, 2009, p. 30) A PERÍCIA PSICOLÓGICA E SOCIAL Entretanto, caso o perito perceba a possibilidade de acordo, ou a necessidade de intervenção, é preciso demonstrar tais considerações no final do “LAUDO”. (PIZZOL, 2009, p. 30) A PERÍCIA PSICOLÓGICA E SOCIAL E quando a perícia precisa ser feita por EQUIPE MULTIDISCIPLINAR? Tem previsão legal, mas é pouco utilizada. O trabalho deve ser realizado por cada profissional separadamente. Ainda que a coleta de dados e a observação sejam em conjunto, RECOMENDA-SE QUE AO REDIGIR O LAUDO, QUE O PROFISSIONAL O FAÇA INDIVIDUALMENTE . (PIZZOL, 2009, p. 30) RESOLUÇÃO CFESS Nº 557/2009 “Considerando ser inadmissível, juridicamente, que em uma mesma manifestação técnica, tenha consignado o entendimento conjunto de duas áreas profissionais regulamentadas, sem que se delimite o objeto de cada uma, tendo em vista, inclusive, as atribuições privativas de cada profissão” (CFESS, 2009, p. 110-111) LINK: http://www.cfess.org.br/arquivos/LEGISLACAO_E_RESOLUCOES_AS.pdf RESOLUÇÃO CFESS Nº 557/2009 “Resolve [...] Art. 4°. Ao atuar em equipes multiprofissionais, o A.S. deverá garantir a especificidade de sua área de atuação. § 1º: O entendimento ou opinião técnica do A.S. sobre o objeto da intervenção conjunta [...] equipe multiprofissional, deve destacar a sua área de conhecimento separadamente, delimitar o âmbito de sua atuação [...]. § 2º: O assistente social deverá emitir sua opinião técnica somente sobre o que é de sua área de atuação e de sua atribuição legal, para qual está habilitado e autorizado a exercer, assinando e identificando seu número de inscrição no CRESS.” (CFESS, 2009, p. 110-113) LINK: http://www.cfess.org.br/arquivos/LEGISLACAO_E_RESOLUCOES_AS.pdf A PERÍCIA PSICOLÓGICA E SOCIAL As respostas aos quesitos não podem ser evasivas. O PARECER DO PERITO (seu trabalho é de investigar, diagnosticar e concluir com posicionamento técnico,) e a SENTENÇA DA AUTORIDADE (seu trabalho é decidir pelo que julgar certo). O LAUDO deve ser assinado pelo profissional que realizou o trabalho, com o nome completo, número do registro junto ao Conselho Profissional, e sua rubrica em todas as laudas (páginas). (PIZZOL, 2009, p. 31) RESOLUÇÃO CFP N.º 007/2003 QUESTÕES LEGAIS DA PERÍCIA JUDICIÁRIA COM ENFOQUES DIRIGIDOS À PERÍCIA PSICOLÓGICA E SOCIAL Deve-se considerar que as regras que tratam de perícia judicial (Art. 145 e seguintes; Art. 420 e seguintes, do CPC) são comuns a todo e qualquer tipo de pericial judicial. Não basta estar atento somente aos conhecimentos profissionais, é preciso estar atento ÀS REGRAS PROCESSUAIS. (PIZZOL, 2009, p. 31) NOMEAÇÃO DO PERITO (ATIVIDADE PÚBLICA/AUXILIAR DA JUSTIÇA) As partes e o promotor de justiça, podem requerer ao juiz a nomeação de perito no início ou no decorrer do processo. O processo é presidido pelo juiz, somente ele tem o poder de nomear o referido profissional (Art. 145, CPC). (PIZZOL, 2009, p. 31) NOMEAÇÃO DO PERITO (ATIVIDADE PÚBLICA/AUXILIAR DA JUSTIÇA) No Artigo 145, § 1º do CPC, consta que os peritos devem ser escolhidos entre profissionais de nível universitário e devidamente inscrito em seus órgãos de classe. (PIZZOL, 2009, p. 31-32) NOMEAÇÃO DO PERITO (ATIVIDADE PÚBLICA/AUXILIAR DA JUSTIÇA) Nery Junior e Nery (1996, p. 576) “onde não houver profissional habilitado, o juiz poderá servir-se de pessoa de sua confiança para realizar a perícia”. Porém, em Comarcas onde há especialistas, essa não é a melhor opção. EXCETO, quando o juiz tem conhecimento de má conduta profissional/esteja indisponível/esteja fora do pleno exercício profissional. (PIZZOL, 2009, p. 32) MANIFESTAÇÃO DO PERITO (5 DIAS) Conforme Artigo 421, do CPC “o juiz nomeará o perito fixando o prazo para a entrega do laudo”. O Juiz não precisa consultar previamente o perito, pois o perito manifestará justificando se aceitará ou se recusará, somente depois de ser intimado para a nomeação. (PIZZOL, 2009, p. 32) MANIFESTAÇÃO DO PERITO (5 DIAS) Caso o perito NÃO QUEIRA ou NÃO POSSA, desde que o motivo seja legítimo, ele poderá recusar o compromisso no prazo de 5 dias (Art. 146, § único, CPC), contados a partir da data da intimação. (PIZZOL, 2009, p. 32) MANIFESTAÇÃO DO PERITO As questões que acarretam IMPEDIMENTO (Art. 134, CPC): são de ordem OBJETIVA; dizem respeito a processos em que o juiz, o promotor de justiça, o perito, etc FORAM ou SÃO PARTE; quando PARENTES ATÉ 3º GRAU do profissional designado forem partes. Pois pode prejudicar o desenrolar da questão. (PIZZOL, 2009, p. 32) MANIFESTAÇÃO DO PERITO As questões que acarretam a SUSPEIÇÃO: são de ordem SUBJETIVA; dizem respeito a questões de afetividade (Art. 135, CPC); amizade íntima ou inimizade com 1 das partes; Ter recebido benefícios antes ou depois de iniciado o processo; interesse no julgamento em favor de 1 deles. Isso pode interferir na imparcialidade do profissional.(PIZZOL, 2009, p. 32) MANIFESTAÇÃO DO PERITO Caso o profissional já tenha manifestado ou atuado (perícia extrajudicial ou mediação), deverá informar o juiz POR ESCRITO, de que se encontra impedido de atuar como perito judicial no mesmo autos ou sobre os mesmos fatos. O JUIZ É QUEM DECIDIRÁ SOBRE O PEDIDO. (PIZZOL, 2009, p. 32) MANIFESTAÇÃO DO PERITO Aceitando o pedido de impedimento ou suspeição, o juiz nomeará outro profissional. Caso não aceite (isso não é comum), o perito deverá trabalhar com a maior isenção possível. (PIZZOL, 2009, p. 32) MANIFESTAÇÃO DO PERITO Se o perito deixar de manifestar a recusa legítima, ou deixar de entregar o laudo no prazo assinado sem qualquer justificativa, PODERÁ SER PUNIDO CONFORME O DANO QUE CAUSAR (Art. 424, § único, CPC). (PIZZOL, 2009, p. 32) QUESITOS DIRIGIDOS AO PERITO Após a nomeação do perito, o juiz determina a intimação das partes para a apresentação dos quesitos; estas devem se manifestar no prazo de 05 dias (Art. 421, inc. II, CPC). (PIZZOL, 2009, p. 33) QUESITOS DIRIGIDOS AO PERITO Rosa (1999, p. 208): “[...] quesitos são perguntas que se fazem aos peritos e aos assistentes técnicos, que delimitam a função dos peritos e dos assistentes técnicos”. Vendrame (1997, p. 209): “Quesitos são perguntas escritas e articuladas, relativas aos fatos a serem periciados, formuladas ao perito e aos assistentes técnicos”. (PIZZOL, 2009, p. 33) QUESITOS DIRIGIDOS AO PERITO Os QUESITOS são perguntas dirigidas ao perito e assistentes técnicos, para serem respondidas, com o objetivo de melhor elucidação do caso. Os QUESITOS podem ser formulados pelas partes (Art. 421, II, CPC), pelo Ministério Público (Art. 80, CPC), e a critério da autoridade judiciária (Art. 426, II, CPC). (PIZZOL, 2009, p. 33) Partes MP Juiz QUESITOS DIRIGIDOS AO PERITO O PERITO NÃO DEVE FICAR RESTRITO AOS QUESITOS FORMULADOS. Podem surgir fatos novos, e o perito pode e deve levar aos autos tudo o que considerar interessante e que possa contribuir para um julgamento adequado. (PIZZOL, 2009, p. 33) QUESITOS DIRIGIDOS AO PERITO QUESITOS SUPLEMENTARES (COMPLEMENTARES) podem ser formulados pelas partes no decorrer da perícia. É o que prevê o Artigo 425 (CPC), que quando deferidos pelo juiz, os peritos também devem respondê-los. (PIZZOL, 2009, p. 33) MP PRAZO PARA ENTREGA DO LAUDO O perito tem o dever de entregar o laudo no prazo marcado pelo juiz, devendo empenhar-se para concluí-lo no tempo estipulado (Art. 146 e 421, CPC). Havendo motivo justificado, o juiz pode prorrogar o prazo de entrega do laudo (Art. 432, CPC). (PIZZOL, 2009, p. 33) MP HONORÁRIOS DO PERITO (PAGAMENTO) O juiz ao nomear o perito, solicita sua proposta de honorários. Os valores poderão ser depositados em juízo, para serem recebidos após a entrega do laudo. As despesas do perito são pagas pela parte que requer o exame, ou pelo autor, quando o requerimento for de ambas as partes ou determinado pelo juiz. (Art. 33, CPC). (PIZZOL, 2009, p. 33) MP HONORÁRIOS DO PERITO Caso o perito seja servidor do juízo, ou MESMO FUNCIONÁRIO PÚBLICO, não há que se falar em honorários, visto que sua remuneração advém mensalmente do órgão público e o serviço pode ser efetuado em seu horário de trabalho. (PIZZOL, 2009, p. 34) MP HONORÁRIOS DO PERITO Não há motivos reais para que seja o perito a arcar com o ônus de seu trabalho, pois o seu exercício envolve gastos e dispêndio de tempo. (PIZZOL, 2009, p. 34) MP ASSISTENTE TÉCNICO (atividade privada/partes) Assistente Técnico é o profissional indicado e da confiança da parte (atividade privada); Perito é auxiliar da justiça (atividade pública). (PIZZOL, 2009, p. 34) MP ASSISTENTE TÉCNICO (atividade privada/partes) O Assistente Técnico está previsto (Art. 421, § 1º, inc. I, CPC). Não é considerado auxiliar da justiça, por isso, as partes NÃO PODEM alegar impedimento ou suspeição. (PIZZOL, 2009, p. 34) MP ASSISTENTE TÉCNICO (atividade privada/partes) Assistente Técnico é o profissional indicado e da confiança da parte (atividade privada), apresenta um PARECER; Perito é auxiliar da justiça (atividade pública), apresenta um LAUDO. (PIZZOL, 2009, p. 34) MP ASSISTENTE TÉCNICO (atividade privada/partes) O Assistente Técnico é quem fará o PARECER sobre o trabalho e o laudo do perito. Por isso, não pode ter menos conhecimento que o próprio perito. (PIZZOL, 2009, p. 34) MP ASSISTENTE TÉCNICO (atividade privada/partes) Os Assistentes Técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de 10 dias após a apresentação do laudo, independentemente da intimação (Art. 433, CPC). (PIZZOL, 2009, p. 34) MP ASSISTENTE TÉCNICO (atividade privada/partes) O Assistente Técnico pode concordar ou divergir das conclusões do laudo do perito, por meio de um PARECER, que não precisa seguir uma estrutura padrão como o laudo. (BRANDIMILLER, 1996, p. 118). (PIZZOL, 2009, p. 34) MP ASSISTENTE TÉCNICO (atividade privada/partes) Em hipótese alguma o assistente técnico poderá interferir e muito menos atrapalhar a investigação do perito. (PIZZOL, 2009, p. 34) MP ASSISTENTE TÉCNICO (atividade privada/partes) O Código de Processo Civil foi modificado pela Lei nº 8.445/92. Dentre as alterações: Nas provas periciais, não é mais admitido que o Assistente Técnico e o Perito, façam a manifestação em conjunto. (PIZZOL, 2009, p. 34-35) MP X PERÍCIA INFORMAL “Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir apenas na inquirição pelo juiz, do perito e dos assistentes técnicos, por ocasião da audiência de instrução e julgamento a respeito das coisas que houverem informalmente examinado ou avaliado” (Art. 421, § 2º, CPC) (PIZZOL, 2009, p. 35) MP PERÍCIA INFORMAL Rosa (1999, p. 214): “[...] na perícia informal os elementos técnicos [...] que servirão para análise e exame do juiz, chegarão aos autos por via de DEPOIMENTO. [...] baste a opinião dos técnicos levada ao juiz de VIVA VOZ E TOMADA POR TERMO, SEM NECESSIDADE de apresentação de peça escrita, ou seja, do LAUDO. (PIZZOL, 2009, p. 35) MP PERÍCIA INFORMAL Mesmo que a perícia seja feita por meio de audiência, o rito mínimo deve ser cumprido: o Perito deverá ser intimado com antecedência, para tomar ciência do caso, consultar os autos; e indicação prévia dos Assistentes Técnicos das partes. Esse recurso foi criado para resolver casos urgentes, dispensando formalidades. (PIZZOL, 2009, p. 35) MP PERÍCIA INFORMAL A formulação de quesitos nesta situação, é dispensável. A manifestação do Perito é colhida em audiência, e as partes poderão formular perguntas, bem como o Assistente Técnico poderá emitir parecer sobre tais posicionamentos do Perito. (PIZZOL, 2009, p. 35) MP PERÍCIA INFORMAL A manifestação do Perito através de TERMO DE AUDIÊNCIA tem a mesma validade do laudo, e deve ser assinado ao final e em todas as laudas. O PERITO não precisa assinar termo de compromisso (Art. 422, CPC) e nem prestar compromisso com a verdade, pois ele está sendo ouvido na audiência, na condição de PERITO, e não de testemunha (Art. 415, CPC). (PIZZOL, 2009, p. 35-36) MP SUBSTITUIÇÃO DO PERITO Motivos que levam à substituição do perito (Art. 424, CPC): Falta de conhecimento técnico e científico (Ex: não colocar o nº do registro no Conselho, por não ser graduado ou por estar suspenso do exercício da profissão); Incapacidade para a função; Desatenção às regras processuais; Quandodeixa de cumprir o prazo estipulado. (PIZZOL, 2009, p. 35-36) MP SUBSTITUIÇÃO DO PERITO Se o juiz entender que o profissional foi displicente com o dever profissional, poderá comunicar o órgão de classe, fixar multa compatível com o prejuízo causado à parte com o atraso do processo (Art. 424, § único, CPC) “Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o descobrimento da verdade” (Art. 339, CPC). (PIZZOL, 2009, p. 35-36) MP SUBSTITUIÇÃO DO PERITO Caso o perito não se manifeste em 05 dias contados de sua intimação, seu silêncio será entendido pelo magistrado, como aceitação da incumbência. No entanto, se deixar de realizar o trabalho haverá motivo para sua substituição, podendo sofrer com as implicações legais. (PIZZOL, 2009, p. 36-37) MP PERÍCIA POR CARTA PRECATÓRIA (PIZZOL, 2009, p. 37) MP Nem sempre os atos processuais podem ser realizados no juízo que tramita a ação. Nesses casos, o juiz da causa (que atua no processo) solicita ao juiz da Comarca onde a outra parte reside, para fazer a perícia sobre os fatos que necessitam de comprovação ou mais informações, expedindo assim, uma CARTA PRECATÓRIA. PERÍCIA POR CARTA PRECATÓRIA (PIZZOL, 2009, p. 37) MP “Quando a prova tiver de realizar-se por carta, poderá proceder-se à nomeação de perito e a indicação de assistentes técnicos no juízo ao qual se requisitar a perícia” (Art. 428, CPC). PERÍCIA POR CARTA PRECATÓRIA (PIZZOL, 2009, p. 37) MP O juiz deprecado (quem nomeará o perito/de fora) deve informar ao juiz deprecante (aquele que atua na causa/da cidade) a nomeação do perito, para que: As partes sejam intimadas e manifestem sobre um possível impedimento ou suspeição; Se desejam formular quesitos; Se querem indicar seus assistentes técnicos. PERÍCIA POR CARTA PRECATÓRIA (PIZZOL, 2009, p. 37) MP As regras processuais para Cartas Precatórias (Art. 202 e seguintes, CPC), citam que para que o perito possa conhecer plenamente os fatos, devem ser anexadas na Carta Precatória : Cópia da petição inicial, que ensejou o processo; Demais peças necessárias. PERÍCIA POR CARTA PRECATÓRIA (PIZZOL, 2009, p. 37) MP NÃO É POSSÍVEL, a realização de uma perícia psicológica, SEM: Informações sobre o teor da petição inicial, e se possível, da contestação; Endereço onde deverá ser procedido o trabalho. ESCLARECIMENTOS EM AUDIÊNCIA Peritos e Assistentes Técnicos podem ser intimados a comparecer em audiência para prestar esclarecimentos sobre os laudos (Art. 435, CPC). A parte que assim requerer, formulará quesitos (enviadas com antecedência). As respostas dadas, serão colhidas em Termo de Audiência, e apesar de não constarem no laudo, seu teor possui a mesma importância. (PIZZOL, 2009, p. 38) MP IMPORTÂNCIA DA PERÍCIA JUDICIAL “Sentença que reflete a prova pericial – É certo que o Art. 436 do CPC diz que o juiz não está adstrito ao laudo pericial; mas por outro lado, nada impede de tê-lo como fundamento de sua convicção.” (SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, 1993, p. 18.978). (PIZZOL, 2009, p. 38) MP A NOVA PERÍCIA E A SEGUNDA PERÍCIA Caso uma perícia não tenha sido suficientemente esclarecedora, a legislação prevê que ela pode ser complementada, sem se desconsiderar o que já foi apurado (Art. 437, CPC). Tal artigo refere-se à insuficiência e não à invalidação da perícia. (PIZZOL, 2009, p. 39) MP A NOVA PERÍCIA E A SEGUNDA PERÍCIA “A segunda perícia tem por objetivo os mesmos fatos sobre que recai a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu”. (Art. 438, CPC). (PIZZOL, 2009, p. 39) MP IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO “Buscando evitar constrangimentos, favorecimentos, abusos e outras situações semelhantes, a legislação prevê as figuras do impedimento e da suspeição, para que o serviço judiciário não venha a sofrer nenhum prejuízo quando as pessoas que atuam no processo tenham alguma ligação com as que figuram como partes ou interessados na causa.” (PIZZOL, 2009, p. 39) MP IMPLICAÇÕES PENAIS DO TRABALHO DO PERITO “O Perito que, por dolo ou por culpa, prestar informações inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por 02 anos, a trabalhar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer” (Art. 147, CPC). (PIZZOL, 2009, p. 41) MP IMPLICAÇÕES PENAIS DO TRABALHO DO PERITO Nery Júnior e Nery (1996, p. 578): “ocorrendo dano à parte ou interessado, o perito, que por dolo ou culpa causou dano com informações inverídicas deve INDENIZAR o prejudicado. Esta indenização é de ordem civil e deve ser pleiteada em ação própria”. (PIZZOL, 2009, p. 41) MP IMPLICAÇÕES PENAIS DO TRABALHO DO PERITO Artigo 342, Código Penal Brasileiro: Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como testemunha, perito, tradutor, intérprete em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: Pena – reclusão, de 01 a 03 anos, e multa. § 1º Se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito de processo penal: Pena – reclusão, de 02 a 06 anos, e multa. § 2º As penas aumentam-se de um terço, se o crime é praticado mediante suborno. § 3º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença, o agente se retrata ou declara a verdade. (PIZZOL, 2009, p. 41) APRESENTAÇÃO DO LAUDO “Cada perito, em sua especialidade, possui um sistema de trabalho próprio. O instrumental, a forma de apuração, as técnicas aplicadas, os testes, a linguagem adequada formam os meios utilizados para isso, cujo resultado deve transparecer no LAUDO (em forma de peça a ser juntada ao processo) (PIZZOL, 2009, p. 42) CONCLUSÃO “ADMITE-SE QUE NENHUMA ORGANIZAÇÃO QUE TEM INCOMENSURÁVEL ENCARGO DE TRATAR DE QUESTÕES PERTINENTES À FAMÍLIA, À INFÂNCIA E À JUVENTUDE, É CAPAZ DE ATUAR SOZINHO E, PORTANTO, QUE AS PARCERIAS SÃO NECESSÁRIAS E INDISPENSÁVEIS.” (PIZZOL, 2009, p. 43) CONTEÚDO TRABALHADO # A Perícia; # A Perícia Judicial; # A Perícia Psicológica e Social; # Questões Legais da Perícia Judiciária com Enfoques dirigidos à P. Psicológica e Social; # Nomeação do Perito; # Manifestação do Perito; # Quesitos dirigidos ao Perito; # Prazo para entrega do laudo; # Honorários do Perito; CONTEÚDO TRABALHADO # Assistente Técnico; # Perícia Informal; # Substituição do Perito; # Perícia por Carta; # Esclarecimentos em Audiência; # Importância da Perícia Judicial; # A Nova Perícia e a Segunda Perícia; # Impedimento e Suspeição; # Implicações Penais do Trabalho do Perito; # Apresentação do Laudo;
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