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Promoção da Cultura empreendedora através da Educação

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Universidade Católica de Moçambique, Faculdade de Educação e Comunicação
Curso: Doutoramento em Inovação Educativa, Nampula, Dezembro de 2017
Módulo: Desenvolvimento Curricular e Inovação
Docente: Profª. Drª. Albertina Ribáuè
Doutorando: Hermínio Abílio Muchave
Promoção da Cultura empreendedora através da Educação
Resumo
O estudo é resultado das pesquisas teorias científicas realizada no âmbito do trabalho referente ao Módulo de Gestão Estratégica e Empreendedorismo, para fins avaliativos. O foco é abordar sobre a Promoção da Cultura empreendedora através da Educação. Esta pesquisa busca reconhecer a educação como a única forma de promover a cultura empreendedora nos diferentes níveis de ensino. A metodologia adoptada foi a pesquisa bibliográfica, que permitiu constatar que a difusão da cultura empreendedora deve ser uma tarefa que começa nos primeiros anos da escolaridade das crianças, e desta forma ganhar a sua progressão quanto elevados forem os níveis alcançados. 
Palavras-chave: educação, empreendedorismo, inovação, emprego e inclusão social.
1. Introdução 
Na presente era da globalização, da informação e das novas tecnologias vindo a ocorrer diversas mudanças com impactos no mercado de trabalho, e cujas consequências resultam num crescente número do desemprego e nas mínguas salariais em alguns casos, o que tem favorecido a balança da pobreza extrema[footnoteRef:1] e da exclusão social[footnoteRef:2]. [1: Caracterizada pela privação severa das necessidades básicas humanas, onde se incluem, alimentação, acesso a água potável, saneamento básico, saúde e segurança, educação e informação, ou seja, o acesso a um conjunto de bens e serviços.] [2: Impossibilidade de participação em diversos domínios da cidadania.] 
A realidade do nosso país mostra que existem tantas pessoas com formações sejam elas superiores ou de outros níveis que sejam, mas deparam-se com dura realidade de falta de emprego. Foi nesta sequência que se escolheu o presente tema de abordagem, Promoção da Cultura empreendedora através da Educação, e porque o empreendedorismo é uma palavra de premente que tem-se destacado em várias esferas nos últimos anos. Constitui um instrumento potenciador da criação de emprego para além de que possibilita a inclusão social. 
Com este tema, a ideia é destacar a educação como um pilar na sociedade no desencadear de um empreendedorismo de sucesso, o que requer intervenções não apenas em instituições de ensino no seu todo – da creche ao ensino superior, mas também para todos os profissionais e demais cidadãos, incluindo as crianças e jovens uma vez que o empreendedor é uma pessoa sonhadora e os sonhos devem ser cultivados ainda na meninice. 
Neste percurso, é necessário realçar que ensinar é um ofício de mudanças e de cada vez mais amplas e diferentes probabilidades. Para Tardif (2004), o ensino é:
Um trabalho baseado em interacções entre pessoas e, por isso, complexo e desafiador. Se num passado recente acreditava-se que ensinar era transmitir informações, hoje, “ensinar é desencadear um programa de interacções com um grupo de alunos, a fim de atingir determinados objectivos educativos relativos à aprendizagem de conhecimentos e à socialização” (p. 118). 
Os professores têm a difícil tarefa de motivar seus alunos a quererem aprender novos conhecimentos, procedimentos e atitudes que favoreçam a vida na sociedade. Motivá-los a querer aprender a seleccionar conhecimentos para agir adequadamente em situações que se apresentam no quotidiano do trabalho e no convívio familiar, comunitário e planetário, não é tarefa fácil. Essa abrangência e profundidade dos conhecimentos exigidos no contexto actual tem representado um imenso desafio às instituições de ensino superior, responsáveis pela educação formal dos indivíduos. 
2. Educação em Empreendedorismo
O conceito de empreendedorismo tem vindo a ser largamente divulgado no mundo no geral e em Moçambique em particular, nomeadamente nestes últimos anos. Para Dornelas (2005), o termo empreendedorismo é conhecido e referenciado há muitos anos, não sendo, portanto, algo novo ou desconhecido.
Como afirma Cantillon, (1759, cit. em Gonçalves 2009), o termo empreendedor (entrepreneur) surgiu na França por volta dos séculos XVII e XVIII, com vista a designar indivíduos capazes de estimular o desenvolvimento económico seguindo novas e melhores formas de agir (p. 4). O autor ainda destaca os economistas Joseph Schumpeter (1950) e Kenneth Knight (1967), entre outros, que estiveram na preocupação com o papel do empreendedor e o impacto da sua actuação na Economia. E em 1970, Peter Drucker ampliou estas reflexões descrevendo os empreendedores como aqueles que aproveitam as oportunidades para criar as mudanças (p. 5). 
Nos últimos anos, a preocupação com a criação de pequenas e médias empresas sustentáveis e sustentadas e a necessidade de travar o actual crescimento da falência de empreendimentos estão nos motivos para a popularidade do termo empreendedorismo, uma vez que os que não empreendem sucumbem, daí que paradigmas globalização, sustentabilidade, competitividade, a economia do conhecimento, e outros recentes, impõem a definição de estratégias sobre como usar o empreendedorismo para desenvolver capacidades, características e qualidades empresariais.
O empreendedorismo corresponde a qualquer tentativa de criação de um novo negócio ou novo empreendimento por um indivíduo, grupo de indivíduos ou organização existente, que se pode traduzir no auto-emprego, numa nova unidade empresarial ou na expansão de um negócio existente (Baganha et al., 2005). 
O empreendedorismo pode ser visto como um processo dinâmico e instigante a partir do qual indivíduos identificam constantemente um leque de oportunidades económicas, e reagem as mesmas desenvolvendo, criando ou produzindo e vendendo bens e serviços. Isto é notório devido ao reconhecimento já há algum tempo que o emprego para toda a vida não existe, sendo cada vez mais necessário identificar meios e habilidades únicas que permitam a criação do próprio negócio e, consequentemente, a criação de novos e mais qualificados postos de trabalho.
Para Dornelas (2003, cit. em Gonçalves 2009), actualmente o empreendedorismo 
É um campo multifacetado e complexo com várias aplicações: Empreendedorismo do negócio (Empreendedor start-up); Empreendedorismo corporativo (Intra-empreendedor); Empreendedorismo social (maximizar retornos sociais em vez de maximizar o lucro); Empreendedorismo feminino (fomentar a criação de negócios geridos por mulheres). O empreendedor corporativo (ou intra-empreendedor, empreendedor interno ou indivíduo empreendedor no seio de uma organização), o empreendedor de start-up (que cria novas empresas ou novos negócios) e outros tipos de empreendedores (sociais, por exemplo) são pessoas que se destacam onde quer que trabalhem e por isso o seu comportamento, bem como as formas de aprender a se comportar como um, devem ser compreendidos e adquiridos (p. 5).
Por conseguinte, torna-se necessária a existência de formação que promova e facilite a adopção de atitudes empreendedoras que conduzam, por um lado, à criação de novas unidades de negócio e, pelo outro, à criação de mais, e mais qualificados, postos de trabalho, sendo desejável que os mesmos venham a ser ocupados por pessoas com atitudes e competências intraempreendedoras.
Com a dinâmica e exigências que nos colocam dia após dia, um facto curioso trazido por Toffler e Toffler, (1999, cit. em Goncalves 2009), é que os analfabetos do futuro não serão aqueles que não sejam capazes de ler ou escrever, mas sim os que não sejam capazes de aprender, desaprender e reaprender (p. 5). 
É necessário que se cultivem as competências de aprendizagem ao longo da vida, onde o sistema educativo deverá estimular uma cultura mais empreendedora, a desenvolver nos jovens desde o ensino escolar. Não obstante, o fomento do empreendedorismo deverá ser realizado numa perspectiva de igualdade através da integração da perspectiva de género tanto nas estratégias de educação e formação, comono acesso e na participação no mercado.
Um dos principais motivos é o facto do Sistema educativo não promover o espírito empreendedor, uma vez que não prepara os alunos para tirarem partido das novas oportunidades de negócio e não promove a criatividade nem o pensamento inovador. Nisto, nota-se que o espírito empreendedor é algo que deve ser cultivado ainda nos primeiros anos da escolaridade, com uma linguagem simples e uma pedagogia empreendedora fascinante.
2.1 A linguagem e o processo da Pedagogia Empreendedora
A pedagogia empreendedora merece destaque logo no primeiro ABC da criança. Ela apoia-se a uma linguagem simples, a partir talvez de duas questões básicas: Qual é o seu sonho? Nesta questão saber-se-á o que o aluno deseja ser. Qual é o caminho que irá utilizar para que ele se torne realidade? E aqui envolvem-se todos os procedimentos necessários para a concretização. Estes exercícios transformam a mentalidade dos menores a ter ideia de empreendedorismo, isto é, de sonhar e se organizar para tornar os seus sonhos em uma realidade. 
Dolabela, F. & Filion (2013), estruturam os sonhos em três níveis: sonho colectivo, que é o sonho que a sociedade, ou partes desta, constrói implícita ou explicitamente sobre o futuro; o sonho estruturante, tem a capacidade de dar origem a um projecto de vida e; o sonho de actividade, que permite ao empreendedor conceber e estruturar projectos que irão produzir o sonho estruturante.
Com o tempo, o sonho estruturante molda os alunos em empreendedores locais, mas nos primeiros anos, o objectivo é fazer com que estes adquiram o reforço positivo através da realização de tarefas simples, facilmente alcançáveis. A pedagogia empreendedora é delineada para desenvolver melhores níveis de liberdade e segurança em si mesmo para se fazer escolhas. Na formulação de um sonho estruturante e de um específico sonho de actividade, e na tentativa de concretiza-los as crianças aprendem a dominar um processo de actividades: como desenhar e implementar projectos e o que é necessário para o sucesso. 
Os exercícios pedagógicos segundo Fayolle, Gailly et al. (2005, cit. em Dolabela & Filion, 2013), convidam as crianças a pensar de forma projectiva e sistémica, em níveis crescentes de complexidade, em relação ao seu nível inicial, um processo que vai influenciar as decisões sobre as actividades futuras. A avaliação de programas de educação empreendedora mostra que há um efeito sobre a intenção empreendedora, visto que influencia o controlo comportamental percebido (p. 159).
O ciclo de aprendizagem empreendedora, que resulta do processo do sonho estrutura-se em etapas, começa com a cultura e os valores de uma determinada sociedade e com sonhos colectivos implícitos ou explícitos. Em seguida, é expresso por meio de exercícios de imaginação sobre um sonho estruturante que apresente uma imagem que se deseja vivenciar, se tornar no futuro. As pessoas então desenvolvem uma imagem de algo que poderia ser realizada – um sonho de actividade – que conduzirá à realização de um sonho estruturante, seguidamente os indivíduos procuram implementar o sonho de actividade e, para o efeito procuram identificar e aprender o que for necessário. 
A realização de um, ou de vários sonhos de actividades, contribuirá para a realização de um sonho colectivo. O aprendizado acontece, passa-se a uma nova situação e o ciclo começa novamente. A natureza da relação entre estes momentos determinará se um carácter empreendedor está nascendo e quão intenso será. 
Figura 1: O processo ciclo de aprendizagem empreendedora.
Fonte: Dolabela & Filion, (2013).
Este exercício de aprendizagem produz conhecimento de várias formas: saber ser, se tornar, projectar e implementar actividades, como fazer, saber gerenciar, saber aprender, e saber como conviver e fazer uso adequado do capital humano. Este conhecimento é próprio ao empreendedorismo, que será adquirido em uma realidade de realização de sonhos, em que a facilidade de aprendizado do aluno será paulatinamente maior. 
2.2 A metodologia da Pedagogia Empreendedora
Para o melhor sucesso, a metodologia da pedagogia empreendedora deve ter a sua génese no ensino primário com o intuito de oferecer às crianças e jovens um terreno mais fértil para a expressão das suas ideias e criatividades empreendedoras. A pedagogia empreendedora deve cingir-se na apresentação de um plano de aprendizagem aos alunos com dois objectivos na base da abordagem: a formulação de sonhos e a sua implementação.
O programa, com uma aula de duas horas por semana durante 35 semanas por ano, como é o caso dos nossos programas de ensino primário, deve fazer parte do currículo dos alunos desde o início, devendo ser estendido ao ensino médio usando os mesmos princípios e, em algumas escolas, pode até começar na creche e garantir que seja um processo contínuo que desagua no ensino superior com a formação de empreendedores profissionais.
A tarefa pedagógica de cada ano escolar consistiria no ciclo de “sonhar um sonho e buscar a realização do mesmo”. Sonhar nesse sentido significa uma concepção de futuro, um desejo que pode dar significado à vida. Ao fim de cada ano os alunos fazem apresentações individuais do que fizeram para formular o sonho, estruturar e para realizá-lo. Este processo deve ser acompanhado pelos resultados e das actividades que ainda precisa fazer para que o sonho aconteça, para além dos problemas que se deparou com eles e as lições aprendidas que irão torná-lo mais fácil da próxima vez.
Na pedagogia empreendedor o aluno é estimulado a gerar conhecimentos sobre si mesmo, sobre o que deseja realizar no futuro e como construir os caminhos para isso. Assim o aluno é autor de si mesmo e aprende, como faz o empreendedor real, a buscar os conhecimentos necessários à realização do seu sonho. 
2.3 Empreendedorismo na universidade 
À medida que a sociedade vai se organizando a partir do conhecimento adquirido, o mercado de trabalho vai se transformando, gerando demandas por um novo tipo de profissional. Essa sociedade começa a esperar mais das Universidades em termos de contribuições ao processo de desenvolvimento económico e social. No contexto, as demandas da sociedade crescem constantemente e a capacidade das Instituições de Ensino Superior de responderem ao mercado acaba desequilibrando-se.
Segundo Audy (2006): 
O conceito de Universidade Empreendedora emerge como uma resposta às novas demandas da sociedade. Mas este conceito é ainda muito controverso no meio académico, apresenta grandes desafios e envolve uma série de outros conceitos relevantes associados, tais como inovação, criatividade e risco. A busca por uma Universidade mais flexível e com capacidade de adaptação às mudanças é um desafio que muitas instituições estão enfrentando (p. 57). 
Parece que foi reflexionando, em futuras transformações nas pessoas e em sua visão institucional, que as universidades têm-se visto obrigadas a colocar a disciplina de Empreendedorismo como uma das ferramentas por explorar. O empreendedorismo oferta graus elevados de concretização pessoal. 
Os valores do nosso ensino não sinalizam para o empreendedorismo, estando voltados, em todos os níveis, para a formação de profissionais que irão buscar emprego no mercado de trabalho. Assim, o emprego assume um valor fundamental na formação da nossa sociedade (Dolabela, 1999). 
Para Drucker (2000), o empreendedorismo não é nem arte, nem ciência, ele é, sim, uma prática. Nas palavras do autor, há uma necessidade de se aproximar a universidade com as empresas, formando empreendedores e não empregados durante um determinado período lectivo, enaltecendo para além de outros conteúdos, os conceitos sobre empreendedorismo, características dos empreendedores e a importância dos empreendedores para o desenvolvimento da sociedade. Este processo transforma o aluno passivo em activo, colaborando na construção de seu aprendizado. 
Muito se tem falado sobre instituições empreendedoras, seu papel e impacto na sociedade. As Universidades por exemplo, ultimamente se destacam na promoçãoe a indução de programas voltados para a divulgação do empreendedorismo. Seu impulso pode ser dado de diversas formas, a destacar acções que mostrem que a organização cria novos desafios e acções, sem medir esforços para obter resultados positivos. 
Trabalhar Empreendedorismo na universidade é convidar os alunos para que os mesmos realizem seus desejos e, consequentemente sintam-se motivados para o aprendizado, para a sala de aula e para a vida (Dolabela, 1999). 
A universidade deve ser uma organização que compreende investir em seus próprios recursos internos todo o potencial indispensável para sua evolução, que busca continuadamente actualizar sua identidade, de acordo com as mudanças em seu ambiente externo e que faz uso da criatividade, da inovação, do empreendedorismo e da experimentação para desenvolver e aprimorar seu fazer pedagógico, buscando sempre adequá-lo ao cenário dinâmico externo.
2.4 Buscando a realização do sonho 
A dinâmica da pedagogia empreendedora abrange o ciclo de aprendizagem empreendedora como ilustrado na figura, os sonhos e a busca pela sua realização. Quando envolvidos em acções relacionadas à concretização do sonho, os alunos vão reflectir sobre o quanto o sonho é realizável, sobre o ambiente e sobre si mesmo. Eles vão procurar, de forma auto-suficiente, aprofundar o seu conhecimento e sua percepção sobre o ambiente que envolve o sonho. 
Este exercício pode explicar muito bem por quê o nível de ansiedade geralmente é alto nos empreendedores, pois precisam continuamente aprender e tomar decisões sobre coisas a serem realizadas e que têm consequências sobre o que eles se tornarão. Em simultâneo, eles estão conquistando conhecimento e habilidades. Assim que os sonhos alteram, o indivíduo sofre também alterações e mudanças constantes que demandam decisões que geram consequências epistemológicas e efeitos ontológicos, sobretudo no início da carreira. 
Dolabela & Filion (2013), dizem que empreendedores em potencial que não aprendem a ser dinâmicos, habilidosos, entre outras qualidades, de forma harmoniosa têm dificuldades de permanecer como empreendedores, já que estão em um estado contínuo de desequilíbrio (p. 163). 
A realização de sonhos conduz a outras maiores realizações, e este movimento dinâmico indica que a formulação de um sonho e a busca pela sua realização é um processo interminável, uma vez que deve absorver e reflectir as mudanças que ocorrem na vida do idealista e no ambiente. Um movimento em espiral ascendente, em que todas as partes estão inter-relacionadas em uma relação de causa e efeito, cujo molda gradualmente o sistema empreendedor de cada pessoa. 
Como o empreendedorismo é um campo de acção, os autores acrescentam ainda que, “a conexão entre o sonho e a busca pela sua realização é a essência do processo. O valor do que é projectado reside na sua implementação e realização final” (p.164). Isto leva a entender a característica principal dos empreendedores que são orientados para a acção, e na educação, poucas são áreas ligadas à gestão da educação que exigem tanta reflexão sobre as actividades de implementação, e poucas são orientadas para a acção dessa forma. 
Desta forma, a criatividade é necessária, e os empreendedores têm que aprender muito sobre o que significa ser criativo, uma vez que é por meio dela que se articulam e se tornam diferentes. Isto se torna explícito no processo de sonhar. A expressão desta diferenciação conduz à inovação, fazendo-se o que é único. 
2.5 A escola como uma representação e um microcosmo da sociedade
A utilização dos sistemas de ensino em sua estratégia de implementação, a pedagogia empreendedora dá maior apreço à escola como representante da comunidade. As escolas são tidas como instituições para se adquirir a capacidade de construir e lidar com o futuro. No entanto, a escola torna-se uma representante do microcosmo da sociedade que pode secundar a criar o futuro pretendido. 
Na pedagogia empreendedora a comunidade tem o dever de participar activamente como aprendiz e entidade que proporciona todo o apoio, sendo fonte da educação e participando da definição dos objectivos educacionais. O sonho colectivo no processo de construção do futuro da comunidade exige pensamento projectivo a respeito de cenários que geralmente estão distantes dos modelos e estruturas existentes. É fundamental que os membros da comunidade desenvolvam uma relação de reflexão acerca de um futuro provável e desejável para a sua realidade. 
Nas palavras de Dolabela & Filion, (2013), 
A pedagogia empreendedora proporciona aos sonhos colectivos um ambiente relacionado com a concepção colectiva de formas de viver, de ser e de trabalhar o que implica novas formas de conhecimento. O primeiro nível de preocupação é a educação que prepara para a vida, mais do que para uma ocupação ou trabalho específico (p. 154).
Nesta ordem, o ambiente de aprendizagem tem a missão de criar estímulos e desenvolver a confiança e a auto-estima do aluno, colocando-o aluno em um sistema de aprendizagem cuja tenha uma relação coesa entre este e o mundo em que está inserido. Uma educação considerável deve levar em conta o background cognitivo, emocional e social do aluno. A evolução dos alunos na formação de novas identidades deve ser gradual e coerente com o seu passado, sem rejeitá-lo. 
Criar novas identidades de modo progressivo é fundamental para reduzir as diferenças existentes entre os alunos e o mundo ao seu redor. O conhecimento que as crianças adquirem vai ajudá-los a projectar e realizar sonhos estruturantes individuais, estimulando-os a manifestar aptidões criativas à medida que aumenta o seu nível de autoconfiança.
2.6 Educação para o empreendedorismo e inclusão social
A questão da inclusão social é muito falada em diferentes países. Tomando como referência a União Europeia, a promoção do desenvolvimento das pessoas e sua inclusão na sociedade através da aquisição de novas competências, desenvolvendo o empreendedorismo e promovendo a flexibilidade do mercado de trabalho são considerados factores estratégicos para o desenvolvimento sustentável. 
Para Costa & Carvalho (2011), este tipo de desenvolvimento demanda acções estratégicas capazes de promover um novo modelo de competitividade na arena económica e gerando novas oportunidades que podem gerar novos postos de trabalho e reduzir o desemprego. Este novo modelo requer novas competências e aprendizagem ao longo da vida, no sentido de garantir a flexibilidade, segurança e a inclusão social em simultâneo (p. 5).
Os autores ainda citam Hansemark (1998), quando afirma que a educação para o empreendedorismo pode ser definida como a educação com o objectivo de criar um novo produto ou serviço, com valor económico, particularmente dirigido a pequenas empresas, ao auto-emprego e ao desenvolvimento de novas competências. Por sua vez Aiub (2002) elenca que esta educação promove a criação de ambientes que estimulam comportamentos sociais voltados para o desenvolvimento da capacidade de geração de auto-emprego. 
Como não basta um empreendedorismo munido apenas de conhecimentos técnicos profissionais, é preciso criar um estímulo ao espírito empresarial e incentivar a ambição de ser um empreendedor para que possa ser sustentável. Com o objectivo de melhorar a gestão das competências individuais que visam a promoção sustentável dos negócios, de acordo com Dornelas (2005, Bueno, 2005 e GesEntrepreneur, 2007, cit. em Gonçalves, 2009), o perfil de um empreendedor compreende:
As competências técnicas e de gestão, para além das características individuais: determinado, enérgico e pró-activo, hábil, flexível, criativo, perceptível, autónomo, independente, impaciente, líder, responsável, optimista, competitivo, versátil (adapta-se à mudança), autoconfiante e transmissor de confiança, capacidade de correr riscos calculados, capacidade de iniciativa, capacidade de tomar decisões, capacidade de interagir com terceiros, capacidade de identificar oportunidades, capacidade de transformar ameaças em oportunidades, orientação para o objectivo(normalmente o lucro), procura a eficácia e eficiência, disposição para aceitar sugestões/críticas, disposição para aprender, necessidade de realização, espírito positivo em relação à mudança, etc. (p. 5)
Os módulos de formação para desenvolvimento dessas categorias centram-se essencialmente no desenvolvimento das competências de gestão, incluindo o financiamento, contabilidade, tecnologias de informação e comunicação, marketing, recursos humanos ou de outras áreas funcionais.
Na realidade do país, é mais que urgente e obrigatório que as instituições de ensino pensem assim de modo a evitar situações de desadaptação que por seu turno podem originar exclusão social. Nisto, como afirmam Costa & Carvalho (2011), que as instituições de ensino superior deverão estar preparadas para este desafio, oferecendo formação, através de programas curriculares e ou extracurriculares e de cursos breves destinados a este novo público, salvaguardando o seu papel no apoio à criação do próprio emprego.
Não há sombra de dúvida que o emprego é a melhor segurança contra a pobreza e exclusão social, face à crise, a criação de emprego não garante postos de trabalho para todos, sendo necessário uma intervenção directa no que concerne às políticas de promoção da criação do próprio emprego. 
Já na recta final desta abordagem sobre a promoção da cultura empreendedora através da educação, é necessário que se evidencie o desenvolvimento do capital humano, acto que conta com o envolvimento não só dos professores, mas também de outras pessoas preocupadas com o desenvolvimento juvenil – em particular, os pais e aqueles que trabalham com desenvolvimento social.
O espírito empreendedor é cultivado ainda menor, na Educação Básica, os alunos mostram que estão determinados a aplicar os seis passos do processo de sonhar, como exposto na figura 1. No ensino médio, o programa quando bem desenvolvido e maturo for pode levar à criação de empreendimentos autênticos, onde os estudantes vendem seus produtos em feiras escolares no final do ano lectivo.
O que de sustentável trás a pedagogia empreendedora é a inovação central que consiste envolvimento da comunidade no desenvolvimento de sonhos colectivos e no debate sobre o tipo de mundo que pretendem viver. Isso contribui claramente para a maior legitimidade das instituições públicas em um país onde há um aumento de consciência da necessidade de melhorar a qualidade de vida, a segurança pessoal, a igualdade de oportunidades e inclusão social.
Esta abordagem permitiu que se fizesse um olhar diferente a nível daquilo que é o papel da educação no desenvolvimento do espírito empreendedor, que sem dúvida permite a reflexão dos alunos dos seus diferentes níveis sobre si mesmos, sobre o seu futuro, além de fortalecerem a sua invenção, lhes dando ferramentas para melhor satisfazer o seu desejo de conquista. Neste contexto, as instituições de ensino – sejam elas primárias, secundárias ou superiores podem ter um papel significativo na educação para o empreendedorismo difundindo o desenvolvimento de competências e de metodologias que possibilitem que alunos se tornem mais empreendedores, ao mesmo tempo que se desenvolva uma cultura mais empreendedora a nível organizacional.
Referências bibliográficas 
Audy, J. L.N. & Morosini, M. C. (orgs.). (2006). Inovação e Empreendedorismo na 
 Universidade. Porto Alegre: Edipucrs.
Baganha, M. et al. (2005). Portugal GEM 2004 Report. Lisboa: GEM – Global 
 Entrepreneurship Monitor.
Costa, M. T. G. & Carvalho, L. C. (2011). A educação para o empreendedorismo como 
 facilitador da inclusão social: um caso no ensino superior. Revista Lusófona De 
 Educação, 19(19). Acesso em: 
 <http://revistas.ulusofona.pt/index.php/rleducacao/article/view/2844>. Acesso em: 06 
 dec. 2017.
Dolabela, F. (1999). O Segredo de Luísa. São Paulo: Cultura Editores. 
Dolabela, F. & Filion, L. J. (2013). Fazendo revolução no Brasil: a introdução da pedagogia 
 empreendedora nos estágios iniciais da educação. Revista de Empreendedorismo e 
 Gestão de Pequenas Empresas, v.3, n.2, 2013.
Drucker, P. (2000). Inovação e espírito empreendedor. São Paulo: Pioneira.
Gonçalves, V. (2009). Empreendedorismo: do ensino básico ao ensino superior. 
 Departamento de Tecnologia Educativa e Gestão da Informação da Escola Superior de 
 Educação do Instituto Politécnico de Bragança. 
Tardif, Maurice e LESSARD, Claude (orgs.). (2004). Saberes docentes e formação 
 profissional. Petrópolis: Vozes.
Ambiente
Cultura social
Aprendizage,
Etapa 1
Sonho colectivo
Etapa 2
Sonho estruturante 
Etapa 3
Sonho de actividade 
Etapa 6
Contribuição para a realização do sonho colectivo
Etapa 5
Impementação do sonho estruturante
Etapa 4
Implementação do sonho de actividade
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