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DIREITOS DA PERSONALIDADE - DIREITO CIVIL

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DIREITOS DA PERSONALIDADE.
1- CONCEITO.
A personalidade é o pressuposto de todos os outros direitos.
Os direitos da personalidade representam uma categoria jurídica fundamental para o reconhecimento da personalidade jurídica, garantindo o pleno exercício da capacidade jurídica. São direitos subjetivos e essenciais para o desenvolvimento e a manutenção da pessoa humana em diversos aspectos (nome, privacidade, imagem, integridade, etc.)
- Art. 5° CF. 
Tais direitos devem ser observados sob a ótica constitucional, uma vez que são espelhos infraconstitucionais dos direitos e garantias fundamentais. Orientando-se pelo princípio da operabilidade e com o objetivo de potencializar os valores constitucionais, deve-se considerar que a relação dos direitos da personalidade com os direitos e garantis fundamentais é meramente exemplificativa. 
Há uma cláusula geral de direitos da personalidade; que é revelada no ordenamento jurídico nacional a partir do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (art. 1°, III, CF). É a cláusula geral de tutela da personalidade humana.
Enunciado n° 274 CJF. Os direitos da personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, inc. III, da Constituição (princípio da dignidade da pessoa humana). Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da ponderação.
 
2- CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE. 
Art. 11 CC. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
Os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis; possuem caráter indisponível, ou seja, não é possível a limitação voluntária do exercício destes.
2.1- Indisponibilidade. 
Os direitos da personalidade são indisponíveis; não podem ser transmitidos definitivamente, inter vivos ou causa mortis; e também não podem ser renunciados, uma vez que são bens fora do comércio jurídico. 
Tal indisponibilidade é relativizada; os direitos da personalidade podem sofrer limitação voluntária, restrita e transitória. Exemplos: cessão do direito à imagem; doação de um dos órgãos humanos duplos, etc.
Enunciado n° 04 CJF. O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral.
2.2- Absolutidade.
Os direitos da personalidade são absolutos porque possuem eficácia contra todos (erga omnes). Todas as pessoas devem respeitar os atributos da personalidade, porque a violação de tais direitos gera ato ilícito (art. 187 CC).
2.3- Extrapatrimonialidade. 
Os direitos da personalidade não possuem economicidade em sua essência. Caso essa característica seja violada, é cabível indenização. E, em caso de cessão de uso, um valor deve ser pago. Pode-se, portanto, dizer que os direitos da personalidade possuem um caráter patrimonial mediato. 
2.4- Inerência.
Os direitos da personalidade são inatos (inerentes) ao ser humano, pois são preexistentes à ordem jurídica. 
2.5- Imprescritibilidade.
Os direitos da personalidade não são extintos pelo não exercício. Porém, a pretensão de responsabilidade civil pela violação do direito (reparação pecuniária do dano sofrido) prescreve no prazo de 03 anos (art. 206 CC).
Assim, não há prazo para pretensão do livre exercício (a ação preventiva é imprescritível); mas há prazo para a pretensão indenizatória.
2.6- Vitaliciedade.
Não se pode falar em transmissão dos direitos da personalidade em caso de morte do titular. Em regra, somente o titular do direito da personalidade pode ajuizar ação em caso de sua violação. Mas a lei permite que os herdeiros prossigam em ação iniciada pelo de cujus, ainda em vida, desde que não seja uma ação envolvendo pedido personalíssimo (Exemplo: medicamento de alto custo).
O parágrafo único do art. 12 do Código Civil legitima o cônjuge sobrevivente, os ascendentes, os descendentes e os colaterais até o 4° grau como lesados reflexos, para requerer medidas pelo morto. Isso não significa transmissão do direito; a norma somente autoriza a tutela da personalidade do morto por outra pessoa que, indiretamente, sofre pela tentativa de dano ao morto (efeito em ricochete ou oblíquo). Trata-se de legitimação ordinária ou autônoma; o lesado indireto defende direito próprio em nome próprio. Não se fala, portanto, em substituição processual ou legitimidade extraordinária. 
OBS.: O dispositivo legal não inclui o companheiro no rol, mas a doutrina o considera por isonomia constitucional. 
OBS.: Quando falar em morto, deve-se considerar o morto e o ausente, sendo admitida a morte presumida do art. 7° CC. 
OBS.: O parágrafo único do art. 20 do Código Civil prevê especificamente sobre lesados indiretos em casos de direito à imagem, trazendo rol mais restrito que o do art. 12 CC, qual seja: cônjuge, ascendentes e descendentes. 
Enunciado n° 275 CJF. O rol dos legitimados de que tratam os arts. 12, parágrafo único, e 20, parágrafo único, do Código Civil também compreende o companheiro.
3- TUTELA JURISDICIONAL.
Art. 12 CC. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
O art. 12 CC torna possível a proteção dos direitos da personalidade por meio de medida preventiva (inibitória) ou repressiva (de fazer, não fazer ou de dar). 
Com a ideia de tutela preventiva dos direitos da personalidade, o art. 12 do Código Civil determina regra muito importante, deixando de lado o binômio lesão-sanção que caracteriza a tutela repressiva. Com a prevenção, o dano e seu alargamento pode ser evitado.
Porém, se o dano for concretizado, a solução é a reparação (tutela repressiva), materializada, em regra, pelo arbitramento de danos morais, em uma evidente tentativa de compensação. 
Tais danos morais podem ser cumulados com os danos materiais ou, ainda, com os danos estéticos.
Súmula 37 STJ. São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
Súmula n° 387 STJ. É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.
4- CLASSIFICAÇÃO.
Os direitos da personalidade protegem a personalidade sobre os aspectos físico, psíquico e intelectual. É realizada a análise dos três pilares da personalidade e seus respectivos desdobramentos:
- Integridade física: corpo vivo, corpo morto e autonomia do paciente. 
- Integridade psíquica ou moral: imagem, privacidade, honra e nome.
- Integridade intelectual.
4.1- Integridade física.
Trata-se da tutela ao corpo humano, vivo ou morto, além de tecidos, órgãos e partes suscetíveis de separação e individualização. É o direito da proteção corporal.
> Tutela ao corpo vivo.
Art. 13 CC. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial.
De acordo com o caput do art. 13 CC, ninguém pode dispor do corpo de forma que provoque sua diminuição permanente, salvo se houver exigência médica. A exigência médica indicada é aquela que se relaciona com situações de emergência (exemplos: retirada do apêndice, vesícula, siso; transplante de órgãos; etc.)
O transplante de órgãos, de acordo com o art. 199, parágrafo 4° da Constituição Federal, é regulado pela Lei n° 9.434/97, que exige o preenchimento alguns requisitos para o procedimento médico em vida. São eles:
a) Gratuidade: O contrato é neutro, porque é desprovido de economicidade; não se pode vender órgãos. 
b) Duplicidade dos órgãos: O transplante deve ser relacionado a órgãos dúplices ou regeneráveis, ou seja, partes do corpo cujaretirada não signifique risco de vida (na continuidade) para o doador.
c) Beneficiários: O beneficiário deve ser o cônjuge (ou companheiro), parentes consanguíneos até o quarto grau ou qualquer outra pessoa. 
Enunciado n° 276 CJF. O art. 13 do Código Civil, ao permitir a disposição do próprio corpo por exigência médica, autoriza as cirurgias de transgenitalização, em conformidade com os procedimentos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e a consequente alteração do prenome e do sexo no Registro Civil.
> Tutela ao corpo morto. 
Art. 14 CC. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
Há a possibilidade de disposição do corpo morto após a vida, para fins altruísticos ou de pesquisa, desde que de forma gratuita. Este ato é revogável em vida, a qualquer momento; e não se fala em indenização por quebra de expectativa de direito. 
A validade do transplante pós-morte depende do preenchimento aos seguintes requisitos:
a) Gratuidade: O contrato é desprovido de economicidade, ou seja, não se pode vender os órgãos.
b) Limites: Todos os órgãos aproveitáveis podem ser doados; assim, não há limites quanto aos órgãos doáveis.
c) Impossibilidade de escolha do beneficiário: Não se pode escolher o receptor dos órgãos, uma vez que existe uma fila (organizada em ordem de emergência; princípio da universalidade da saúde).
d) Impossibilidade do transplante pós morte em caso de indigência ou não identificação: Não se pode realizar o transplante pós-morte quando se tratar de pessoas não identificadas ou indigentes; o corpo do indigente, porém, pode ser utilizado para pesquisas científicas.
e) Morte cerebral: Há a necessidade de morte encefálica para que seja permitido o transplante dos órgãos.
f) Consentimento da família do doador: É necessário o consentimento da família do doador, se não houver negativa deste em vida. 
 
Enunciado n° 277 CJF. O art. 14 do Código Civil, ao afirmar a validade da disposição gratuita do próprio corpo, com objetivo científico ou altruístico, para depois da morte, determinou que a manifestação expressa do doador de órgãos em vida prevalece sobre a vontade dos familiares, portanto, a aplicação do art. 4º da Lei n. 9.434/97 ficou restrita à hipótese de silêncio do potencial doador.
Enunciado n° 402 CJF. O art. 14, parágrafo único, do Código Civil, fundado no consentimento informado, não dispensa o consentimento dos adolescentes para a doação de medula óssea prevista no art. 9º, § 6º, da Lei n. 9.434/1997 por aplicação analógica dos arts. 28, § 2º (alterado pela Lei n. 12.010/2009), e 45, § 2º, do ECA.
OBS.: Não é permitido o chamado ‘testamento vital’ no Brasil. Ou seja, não é possível deixar em testamento os órgãos para determinadas pessoas. 
> Autonomia do paciente.
Art. 15 CC. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
A autonomia do paciente também é chamada de livre consentimento informado. 
Baseando-se nas informações fornecidas pelo médico (que possui o dever de informação), o paciente manifesta, de forma autônoma, o seu consentimento sobre o tratamento, considerando que ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou intervenção cirúrgica.
OBS.: O paciente é sujeito de direito (e não objeto).
4.2- Integridade psíquica ou moral.
Com base no ponto de vista psíquico, existem quatro direitos da personalidade: imagem, privacidade, honra e nome.
4.2.1- Imagem.
Art. 5°, CF. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
(...)
X- são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Art. 20 CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
A imagem é protegida juridicamente porque nela consistem as particularidades que identificam uma pessoa no cenário social. Essa identificação vai além dos traços fisionômicos; assim, apesar de a imagem ser um bem jurídico uno, é possível ser dividida em:
- Imagem-Retrato: São as características fisionômicas de uma pessoa (elementos físicos identificadores. É um pôster da pessoa, uma foto. 
- Imagem-Atributo: É uma característica que identifica socialmente uma pessoa. Trata-se de um qualitativo social. É, por exemplo, quando uma pessoa é considerada muito gentil ou muito chata. 
- Imagem-Voz: É o timbre sonoro identificador. Exemplos: Lombardi, Cid Moreira, etc.
Para que se utilize a imagem de alguém, é necessário o seu consentimento; a sua autorização é indispensável, expressa ou tacitamente (um sorriso para foto, por exemplo). Mesmo que seja em local público. 
a) Imagem em local público. 
Não se pode afirmar de forma absoluta que o fato de estar em um local público significa, por si só, a relativização da imagem. Tal relativização ocorre desde que não haja individualização da imagem (close); se o foco da imagem ou da gravação for uma pessoa determinada, essa pessoa deve autorizar, ainda que forma tácita, a veiculação de sua imagem, sob pena de violação ao bem jurídico. 
b) Pessoas públicas em locais públicos.
Uma pessoa pública (pessoa que trabalha com a exposição constante da própria imagem) também possui direito de proteção à imagem, uma vez que é um direito da personalidade e qualquer pessoa (viva) o possui. Ocorre, porém, a mitigação desse direito por causa da atividade profissional que exerce.
A relativização do direito à imagem sempre se dá no limite da atividade profissional exercida e com foco em questão informativa, sem desvio de finalidade. Não é possível, por exemplo, a veiculação da imagem de uma pessoa pública em propaganda sem a sua autorização. 
A utilização da imagem para fins comerciais necessita de autorização, sob pena de caracterização de dano presumido; essa regra aplica-se, inclusive, às pessoas públicas.
Súmula n° 403 STJ. Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais.
OBS.: A relativização ocorre em locais públicos, não é possível invasões de privacidade para obtenção de fotos. 
OBS.: As pessoas que acompanham pessoas públicas em locais públicos sofrem a mesma flexibilização quanto à imagem. As pessoas que estão ao lado de pessoas públicas concordam de forma tácita com a divulgação da sua imagem, uma vez que negócios jurídicos devem ser interpretados de acordo com a boa fé e os usos e costumes do lugar (art. 113 CC).
c) Administração da justiça ou Manutenção da ordem pública. 
É desnecessária a autorização para hipóteses de veiculação da imagem com o objetivo de colaborar para a administração da justiça ou para a manutenção da ordem pública. É o caso da publicação de fotos de fugitivos ou foragidos, com a finalidade de receber informações para a realização das buscas.
4.2.2- Vida privada ou privacidade. 
Art. 5° CF. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XII- é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas,de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
Art. 21 CC. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.
Trata-se dos aspectos mais particulares da pessoa. Relaciona-se a um bem jurídico personalíssimo, qual seja: o direito de estar só, de se manter só, de guardar para si aquilo que é seu. 
É cláusula pétrea dos direitos da personalidade, porque a norma é inviolável. Assim deve ser considerado em questões objetivas. Porém, a doutrina vem mitigando essa situação e afirma que a privacidade pode ser dividida em dois aspectos:
a) Intimidade: São informações particulares, valores que dizem respeito somente ao titular; aspectos que pertencem somente a uma pessoa e a mais ninguém. 
b) Segredo ou sigilo: São os dados identificadores de alguém que se relacionam somente ao seu titular. Exemplo: número de telefone, conta bancária, etc. 
A intimidade é blindada, o segredo não é. O segredo pode ser relativizado quando existir interesse público, como ocorre nos casos de quebra de sigilo telefônico ou bancário em persecuções penais. Essa constatação é doutrinária. 
4.2.3- Honra. 
Relaciona-se ao prestígio social. Trata da proteção contra falsas imputações de fatos inconvenientes que podem abalar a reputação do titular.
- Direito à reputação social, à boa fama.
Honra subjetiva: É o que a pessoa pensa sobre ela mesma.
Honra objetiva: É o outros pensam sobre uma pessoa. O prestígio de alguém diante da sociedade.
4.2.4- Nome.
É o direito à identificação. É o elemento que designa a pessoa na sociedade.
É o elemento individualizador da pessoa física ou jurídica. 
Em regra, o nome é composto pelo prenome (primeiro nome) e pelo sobrenome/apelido de família (patronímico). Estes são os elementos essenciais. 
Art. 16 CC. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.
O nome ainda pode conter o agnome (partícula diferenciadora e acessória), sendo necessário para diferenciar pessoas com prenomes e sobrenomes iguais. Exemplos: Júnior, Neto, Segundo, etc.
Há limites para a escolha do nome:
a) Impossibilidade de escolhe de nome que venha a expor o titular ao ridículo (art. 55, Lei n° 6.015/73 – Lei dos Registros Públicos).
b) Todo registro público deve ser feito na língua portuguesa (art. 13 CF), sendo proibido o registro de nome estrangeiro (não são incluídos aqui os que já estão incorporados, como David, por exemplo).
Art. 17 CC. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
- Responsabilidade objetiva. 
É necessária autorização para utilização do nome em propaganda comercial, ainda que seja o nome de pessoa pública.
Art. 18 CC. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
Enunciado n° 278 CJF. A publicidade que divulgar, sem autorização, qualidades inerentes a determinada pessoa, ainda que sem mencionar seu nome, mas sendo capaz de identificá-la, constitui violação a direito da personalidade.
O Código Civil também protege o cognome (pseudônimo/apelido), que é a designação dada a alguém devido a alguma particularidade pessoal que é utilizado para atividades lícitas. A proteção é igual à conferida ao nome, inclusive sendo possível a averbação no registro civil. Exemplo: Luiz Inácio Lula da Silva.
Art. 19 CC. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
Com relação ao nome, existe o princípio da imutabilidade relativa, sendo possível a sua alteração nos seguintes casos:
a) Casamento (art. 1565, parágrafo 1°, CC).
b) União Estável (art. 57, LRP).
c) Dissolução do casamento (art. 1578 CC) ou dissolução da união estável.
d) Aquisição de nacionalidade brasileira (Estatuto do estrangeiro)
e) Em razão de fundada coação ou ameaça decorrente de colaboração com proteção de crime (art. 58 LRP); inserção no programa de proteção a testemunhas – Lei n° 9.807/99.
f) Adoção. 
g) Nome vexatório, que expõe a pessoa ao ridículo (art. 55 LRP).
h) Substituição por apelido público notório (art. 58 LRP).
i) Modificação no primeiro ano depois da maioridade através de decisão judicial (art. 56 LRP).
A jurisprudência criou outras possibilidades:
a) Homonímia depreciativa.
b) Transexualidade. 
c) Viuvez. 
- Enunciado n° 276 CJF. 
> Direito de Resposta.
A Lei n° 13.188/15 dispõe sobre o direito de resposta ou retificação do ofendido em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação. Ao ofendido, nessa situação, é garantido o direito de resposta ou retificação, gratuito e proporcional ao agravo. 
OBS.: Se a matéria atentar, ainda que por erro de informação, contra a honra, a intimidade ou a reputação de nome, marca ou imagem de uma pessoa física ou jurídica, identificada ou passível de identificação, é possível exigir o direito de resposta ou de retificação. 
Diante da lesão, o ofendido terá o prazo decadencial de 60 dias para exercitar o seu pedido de direito de resposta, contados da data da divulgação, publicação ou transmissão da matéria ofensiva. O pedido do exercício do direito de resposta será realizado através de correspondência encaminhada, com aviso de recebimento, diretamente ao veículo de comunicação social ou, inexistindo pessoa jurídica constituída, a quem por ele responda, independente de quem seja o responsável intelectual pelo agravo. 
OBS.: Se a matéria for continuada e ininterrupta, o prazo é contado da data em que começou. 
O pedido de exercício de direito de resposta pode ser exercido pelo ofendido, pelo representante legal do ofendido incapaz ou da pessoa jurídica, bem como pelo cônjuge, descendente, ascendente ou irmão do ofendido que esteja ausente do país ou tenha falecido depois do agravo, mas antes que tenha passado o prazo decadencial de 60 dias. 
4.3- Direito à integridade intelectual.
Os direitos da personalidade no aspecto intelectual são aqueles decorrentes da criação. Trata-se de proteção ao elemento criativo típico da inteligência humana: proteção intelectual, direitos autorais e propriedade industrial. 
Outras hipóteses de direitos da personalidade enquadradas no âmbito intelectual: proteção da liberdade religiosa, proteção da liberdade sexual e a liberdade de pensamento. 
OBS.: O STF decidiu, na ADI n° 4815, que não é necessária autorização prévia da pessoa para escrever uma biografia não autorizada. Trata-se de uma hipótese de respeito à liberdade de expressão, ao direito de informação e à liberdade de produção artística, literária, histórica e cultural. Decidir de forma contrária, segundo o STF, configuraria censura prévia.
O biografado está impedido de proibir a publicação da biografia, porém, nada o impede de ajuizar eventual ação indenizatória, se ficar comprovado o abuso no direito de biografar, provocando lesão concreta à direito da personalidade. 
5- DIREITOS DA PERSONALIDADE DA PESSOA JURÍDICA. 
Os direitos da personalidade foram criados para proteger a personalidade da pessoa física. Porém, o ordenamento jurídico confere personalidade à pessoa jurídica e estende os direitos da personalidade, que são cabíveis, para esses entes.
Art. 52 CC. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Enunciado n° 286 CJF. Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos.
É possível a tutela ao nome, a honra objetiva, a privacidade (segredo) da pessoa jurídica, não sendo possível, por exemplo, a proteção ao corpo vivo. 
Possuindo tais direitos, a violação dos mesmos pode ensejar danos morais ou patrimoniais. 
Súmula n° 227 STJ. A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

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